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Caso apresentado:
Um contingente de servidores públicos do município A,
inconformado com a política salarial adotada pelo governo municipal, decidiu, após ter
realizado paralisação grevista sem qualquer sucesso, tomar providencias para fazer valer
um suposto direito a reajuste de 15% sobre o vencimento básico percebido. O referido
valor corresponderia a um aumento remuneratório real, equiparando ao reajuste obtido,
nos últimos três anos, por diversas classes profissionais.
Os servidores públicos procuraram a entidade sindical
correspondente e esta decidiu ajuizar, na justiça comum, ação ordinária a fim de
satisfazer a pleito apresentado. Dada a premência do tempo em ver reconhecido, pelo
Judiciário, o reajuste de 15%, a entidade sindical formulou, na própria petição inicial,
pedido de antecipação de tutela, sob a alegação de que, na situação, estavam em jogo
verbas de caráter nitidamente alimentar, a que reforçaria a necessidade de um
provimento judicial mais célere.
Ao fazer uma primeira análise, a juiz do feito decidiu indeferir a
pedido de tutela antecipada.
Após pedido de reconsideração formulado pela entidade sindical, o
juiz decidiu reverter seu primeiro posicionamento e optou por deferir o pedido de tutela
antecipada, determinando a imediata implementação em folha de pagamento do reajuste
de 15% sobre a vencimento básico dos servidores públicos.
Inconformado com a decisão judicial, a município decidiu contratar
serviços advocatícios para promover as medidas cabíveis e reverter a situação o quanto
antes, em virtude do iminente impacto orçamentário do reajuste concedido. O advogado
tentou, por todos os modos possíveis, suspender a decisão que concedeu a tutela
antecipada no tribunal de justiça competente, sem ter obtido êxito. A antecipação de
tutela continua mantida, em toda sua extensão, e o mérito da ação ainda não foi
apreciado.
Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC-
MC 4, assim decidiu: "Medida cautelar deferida, em parte, por maioria de votos, para se
suspender, "ex nunc", e com efeito vinculante, até o julgamento final da ação, a
concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, que tenha por pressuposto a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do Art. 1º da Lei nº. 9.494, de 10/9/1997,
sustando-se, igualmente "ex nunc", os efeitos futuros das decisões já proferidas, nesse
sentido".
Estruturação da peça:
- Resumo dos fatos: Ação ordinária proposta por sindicato de
servidores públicos a fim de obter reajuste salarial com pedido de antecipação de tutela
(deferida pelo juiz de primeiro grau).
- Ação: Reclamação – artigo 102, I, “l”, CF/88, artigos 13 e 14, II,
Lei nº. 8.038/90 e artigos 156 a 162 do RISTF.
Obs. Pedido de liminar para cassar a decisão proferida.
- Competência: Supremo Tribunal Federal – artigo 102, I, “a”,
CF/88.
- Legitimidade Ativa: Município A.
- Legitimidade Passiva: Juízo monocrático da seção judiciária do
Estado.
- Fundamentos: art. 1º da Lei 9.494/97 e art. 5º da Lei 4.348/64.
Não é cabível tutela antecipada e concessão de liminar visando ao aumento ou extensão
de vantagens de servidor público. Ainda, artigos 5º, II, 37, 61 e 167 da CF/88
(legalidade orçamentária, separação entre os poderes).
- Outros requisitos formais da peça: concessão de medida liminar,
requisição de informações da autoridade que praticou o ato impugnado, no prazo de dez
dias, nos termos do art. 14, I da Lei nº. 8.038/90, intimação do sindicato, intimação do
sindicato, intimação do membro do Ministério Público, nos termos do art. 16 da Lei nº.
8.038/90, ao final ratificação da liminar deferida para garantir a autoridade da decisão
proferida pela STF. Valor da causa. Nesses termos, pede e espera deferimento. Local e
data. Advogado/OAB.
Sugestão de resolução:
I – DOS FATOS
II - DO DIREITO
DA LIMINAR
III - DO PEDIDO
Local e Data.
Advogado/OAB
Questão nº 1.
O Presidente da República, no exercício de suas atribuições,
assinou um tratado internacional sobre comércio e assumiu, perante os demais chefes de
Estado signatários, o compromisso de colocá-lo imediatamente em vigor no Brasil por
ato unilateral do Executivo.
Tomando por base esta situação hipotética, redija um texto acerca
da disciplina constitucional para a incorporação dos tratados e convenções
internacionais à ordem jurídica brasileira, abordando o papel do Executivo e do
Legislativo nesse processo, assim como sobre a posição hierárquica desses tratados no
nosso sistema de direito interno.
RESPOSTA:
Os tratados internacionais são pactos ou acordos celebrados entre
dois ou mais sujeitos da comunidade internacional e podem ser incorporados ao
ordenamento jurídico brasileiro.
Anteriormente à Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados
internacionais, segundo o Supremo Tribunal Federal, incorporavam no ordenamento
jurídico brasileiro como normas infraconstitucionais, com status de lei ordinária. Nesse
sentido, por maioria de votos, manifestou-se o Pretório Excelso (ADI 1480-3/ML Rel.
Min. Celso de Mello, RTJ 83:809; RO em HC 79.785-3/RJ, Rel. Min. Moreira Alves,
DJ de 22.11.2002; HC 72.131-1/RJ, Rel Min. Marco Aurélio, DJ de 01.8.2003).
Após a Emenda Constitucional nº 45/2004 houve a possibilidade de
“constitucionalização de tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos”,
ou seja, utilizando-se do mesmo sistema de aprovação de uma emenda constitucional
pode-se elevar um tratado internacional sobre direitos humanos que o Brasil faça parte
para o status de norma constitucional. Esta é a previsão do § 3º do artigo 5º da CF/1988,
onde se lê:
Questão nº 2.
Após coletar a assinatura de 25 colegas seus, um senador
apresentou uma proposta de emenda constitucional (PEC) que foi acolhida pela Mesa
Diretora do Senado Federal e submetida à discussão e votação, em dois turnos, na Casa.
No primeiro turno, a PEC obteve 65% dos votos dos membros do Senado, e, no
segundo turno, obteve 55%.
Em face dessa situação hipotética, redija um texto dissertativo em
resposta às seguintes perguntas:
- O senador, ao apresentar a PEC, obedeceu ao trâmite previsto na
Constituição Federal?
- A PEC seguiu o adequado procedimento de discussão e votação
no Senado Federal, ou deveria ter sido votada em sessão conjunta?
- Em face da votação obtida no primeiro e segundo turnos, ela pode
ser considerada aprovada pelo Senado?
- É adequado dizer que compete ao presidente da República
sancionar as PECs, mas que não lhe cabe promulgar e fazer publicar as emendas
constitucionais?
RESPOSTA:
As emendas constitucionais são mecanismos de mudança da
CF/1988. Elas estão disciplinadas no art. 60, onde se lê:
Questão nº 3.
Em face da competência concorrente prevista na Constituição
Federal, determinado estado da Federação editou lei que versa sobre educação e cultura.
O Procurador-Geral da República ingressou com uma ação direta
de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal alegando que a lei estadual não
respeitava as normas estabelecidas pela Lei federal nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional).
Tomando por base o sistema de repartição de competências
adotado pela Constituição, redija um texto sobre o exercício da competência
concorrente pelos estados-membros e pela União, comentando qual o campo de atuação
de cada um desses entes.
De igual maneira, comente se a ação impetrada pelo Procurador-
Geral da República é adequada, e se o mesmo tem legitimidade para propor a ação.
RESPOSTA
Competência, em sentido estrito, é a faculdade juridicamente
atribuída a uma entidade ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir
decisões. Pode ainda ser considerada como a capacidade de distribuir poder.
Na Constituição Federal vigente, na repartição de competências
entre as entidades federativas, há o princípio da predominância do interesse, segundo o
qual à União caberão as matérias e questões de predominante interesse geral, ao passo
que aos Estados ficarão as matérias e assuntos de interesse regional, e aos Municípios,
as questões de predominante interesse local.
Os poderes da União são enumerados nos arts. 21 e 22; os Estados
ficam com os poderes remanescentes (Art. 25, § 1º); e os Municípios ficam com os
poderes indicados genericamente no art. 30 e incisos da Constituição Federal de 1988.
Alguns poderes podem ser delegados, como o poder da União para legislar a respeito de
certas matérias. Nesse caso, o art. 22, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988
autoriza a delegação da atribuição legislativa aos Estados, mediante lei complementar.
Em determinadas áreas, permite-se a atuação concorrente entre União, Estado, Distrito
Federal e Municípios — art. 24 e 30, II da Constituição Federal de 1988.
O artigo 24 da CF/1988 estabelece que:
RESPOSTA
A Ação Direta de Inconstitucionalidade Supridora da Omissão ou
Por Omissão (ADIN/ADI-SO/PO) tem por objetivo pleitear a regulamentação de uma
norma constitucional. Há a omissão do legislador que deixa de criar a lei necessária à
aplicabilidade e eficácia de normas constitucionais ou do administrador que não adota
as providências necessárias para tornar efetiva a medida constitucional. Existe uma
norma constitucional de eficácia limitada ainda não regulamentada.
Possuem legitimidade para propor tal ação as pessoas indicadas no
art. 103, I a IX, da CF/1988 e art. 2º da Lei no 9.868/99. Saliente-se que as Mesas das
Assembléias Legislativas e da Câmara Legislativa, os Governadores dos Estados e do
Distrito Federal, e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional
devem demonstrar a pertinência temática (interesse) para propor a ação direta de
inconstitucionalidade, por isso são denominados de autores especiais ou interessados.
Por outro lado, o Presidente da República, as Mesas do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional não
necessitam demonstrar interesse especial para a propositura da ação de
inconstitucionalidade, por isso são denominados de autores universais ou neutros.
A competência para julgar a ADI/SO é do STF (Art. 102, I, “a”, da
CF/88). O quorum de instalação é de oito Ministros (2/3 de seus membros – art. 22 da
Lei nº 9.868/99) e o quorum de aprovação é de maioria absoluta, ou seja, pelo menos
seis dos onze Ministros do STF devem manifestar-se pela inconstitucionalidade (Art. 97
da CF/88 e art. 23 da Lei nº 9.868/99).
Os efeitos de tal ação estão previstos no § 2º do art. 103 da
CF/1988, onde se lê:
Questão nº 5.
Um governador de estado decidiu decretar intervenção em
município situado no território de seu estado sob a alegação de que não foi aplicado o
mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino,
conforme exige a Constituição Federal.
Diante dessa situação hipotética, discorra sobre a intervenção em
municípios, respondendo às seguintes perguntas:
- A intervenção poderia se realizar pelo estado-membro, ou deveria
ter sido decretada apenas pela União?
- É adequado dizer que a citada intervenção, para se concretizar,
depende de prévia autorização judicial?
- Qual a forma pela qual a intervenção deverá se concretizar
(resolução, decreto legislativo, decreto governamental, lei estadual ou lei federal,
decisão judicial)?
- No caso apresentado, é necessário que o Poder Legislativo
estadual aprecie o ato de intervenção? Se sua resposta for afirmativa, essa apreciação
deve ser a priori ou a posteriori?
RESPOSTA
No Estado Federal, a autonomia dos entes federativos (Estados,
Distrito Federal e Municípios) tem como característica a capacidade de autoconstituição
e normatização, autogoverno e auto-administração. No entanto, admite-se o afastamento
dessa autonomia política com o objetivo de preservar a existência e a unidade da própria
federação por meio da intervenção.
A intervenção é medida excepcional e só deve ocorrer nos casos
previstos expressamente na Constituição (Arts. 34 e 35 da CF/88).
Na atualidade, a União poderá intervir nos Estados-membros e no
Distrito Federal, enquanto os Estados-membros somente poderão intervir nos
Municípios localizados em seus respectivos territórios.
Infere-se que a União não pode intervir diretamente nos Municípios
brasileiros, salvo se localizados em Território Federal (Art. 35, “caput”, da CF/88).
Cumpre lembrar que atualmente não existem Territórios Federais.
Sobre o tema intervenção devem ser observados do art. 34 ao art.
36 da CF/1988 que estabelecem:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal,
exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão
estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr
termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o
livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a)
suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar
aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,
dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de
lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância
dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa
humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo
exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I
- deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas
devidas, na forma da lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo
exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - o Tribunal de
Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou
para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: I - no caso do art.
34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo
coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal
Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; II - no
caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição
do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou
do Tribunal Superior Eleitoral; III de provimento, pelo Supremo
Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da
República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à
execução de lei federal. § 1º - O decreto de intervenção, que
especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que,
se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no
prazo de vinte e quatro horas. § 2º - Se não estiver funcionando o
Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro
horas. § 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV,
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela
Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a
execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao
restabelecimento da normalidade. § 4º - Cessados os motivos da
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes
voltarão, salvo impedimento legal.”.