O crescimento do uso precoce do álcool tem sido motivo de
preocupação recentemente. O consumo de bebidas alcoólicas é algo comum na nossa cultura. Trata-se de uma droga lícita, ou seja, permitida pelo nosso ordenamento jurídico. Tal cultura quando praticada por adolescentes não deve ser desconsiderada, nem considerada algo normal. Além disso, a propaganda dirigida ao público jovem é mais intensa hoje, e segundo um estudo europeu, a exposição à publicidade de bebidas alcoólicas tem um forte impacto no consumo entre os jovens, sendo que esta constitui a principal causa de morte e incapacidade entre jovens do sexo masculino com idades entre os 15 e os 24 anos em quase todas as regiões do mundo. De acordo com o investigador Hilson Cunha Filho, do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, da Universidade Nova de Lisboa, a exposição à publicidade ao álcool pode aumentar em 50% o risco deste tipo de comportamento, quando comparado com jovens que não veem publicidade sobre bebidas alcoólicas. O investigador chamou também a atenção para as novas formas de publicidade, nomeadamente digital, que tem aumentado, apontando que a indústria se tem aproveitado desta ferramenta, já que não há regulação e "atinge muito mais violentamente os jovens". Existem ainda produtos desenvolvidos especialmente para essa faixa etária. Um exemplo, são os sumos com álcool que, aparentemente fracos, contêm quantidade de álcool mais elevada que a cerveja. Propagandas exibidas em canais abertos, muitas vezes no intervalo de programas infantis, exprimem a ideia de que o álcool é algo bom e prazeroso, o que sabemos não ser verdade. Os adolescentes também sentem necessidade de ingerir álcool para se inserir num grupo de amigos e seguir o que eles fazem procurando aceitação, mesmo que isso corresponda a ter que abandonar seus próprios princípios, e até a educação que seus pais lhe deram. Alguns jovens tem uma boa opinião formada, e recusam consumir álcool, e consideram errado beber só para agradar os seus amigos. Por vezes, alguns pais, exigem que os filhos se afastem desses amigos o que por vezes não resulta, e acaba por fazer com que os filhos queiram integrar-se nesses grupos problemáticos. Por outro lado, muitos pais incentivam seus filhos a beberem, principalmente por essa falta de conceção de que o álcool também é uma droga. Além disso o uso do álcool funciona como um propulsor para o uso de outras substâncias como a maconha ou a cocaína. O facto é que a família da criança ou adolescente não pode permitir que o mesmo use bebida alcoólica, conforme está expresso nas leis de todos os países. Portanto, a família deve estabelecer um diálogo no qual o jovem possa compreender os riscos do uso do álcool, além de dar o bom exemplo. A escola deve inserir o adolescente e sua família nos projetos sociais que visem o combate ao uso de drogas. E o governo deve fornecer os subsídios necessários para que tais projetos saiam do papel, além de fornecer capacitação para que os professores possam abordar o assunto com total segurança.