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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO


FACULDADE DE LETRAS

Disciplina: Fundamentos da Teoria Literária


Professora: Elizabeth Vidal
Discentes: Antônio Azevedo de Brito 201809140181

1. APRESENTAÇÃO
1.1. OBRA: ANTIGONA
Esta peça foi apresentada em Atenas, provavelmente no ano 441 a.C
1.2. GENERO: TRÁGICO
1.3. AUTOR: SÓFOCLES
2. SINTESE DA OBRA

Antígona, do tragediógrafo Sófocles, faz parte de uma trilogia que ficou conhecida
como a “trilogia tebana”, faz parte de “um todo” juntamente com “Édipo Rei” e “Édipo em
Colono”, essas três peças foram unidas posteriormente, e não faziam parte da mesma trilogia
quando Sófocles as escreveu. Na verdade, cada uma era parte de uma trilogia diferente, mas
apenas essas três peças chegaram aos dias de hoje. Antígona se passa após Édipo em Colono,
e tem como princípio a morte de Etéocles e Polinices, filhos de édipo e irmãos de Ismênia e
de Antígona, que dá título à obra.
A obra é a terceira da “trilogia” e conta o incondicional amorde Antígona pelo seu
irmão Polinices e, sobretudo, o respeito às leis naturais, leis essas concedidas pelos deuses. A
obra tem como resumo os seguintes fatos, da união incestuosa entre Édipo e Jocasta nascem
quatro filhos, dois homens (Polinices e Etéocles) e duas mulheres (Antígona e Ismênia).
Édipo, ao descobrir que matou o próprio pai (o rei Laio) e está casado com a própria mãe
(rainha Jocasta), abandona o trono de Tebas, vaza os próprios olhos e se retira para o exílio.
Seus filhos decidem governar a cidade em alternância, mas, findo o prazo previsto, Etéocles
recusa-se a entregar o trono a Polinices. Este recorre ao rei de Argos e, com os soldados
argivos, ataca a cidade de Tebas. Durante essa guerra, os dois irmãos enfrentam-se em
combate e matam-se. Creonte, irmão de Jocasta, assume o governo. Seu primeiro ato é
expedir um decreto no qual estabelece que Etéocles deve ser sepultado com honras de herói,
mas proíbe, sob pena de morte, que o corpo de Polinices seja sepultado.
Antígona desafia a proibição de Creonte e é condenada à morte. Após ser
emparedada viva em uma caverna, enforca-se. O seu noivo (Hêmon, filho de Creonte), ao ver
o cadáver da noiva, suicida-se, e Eurídice, esposa de Creonte, ao saber da morte do filho,
também se mata.
Na cultura grega, o enterro é um dever sagrado, porque a tradição religiosa entendia
que, sem sepultura, a alma do morto estaria condenada a vagar sem descanso, não podendo
alcançar o reino dos mortos. A tragédia se desenvolve contrapondo, de um lado, Antígona,
que quer dar sepultura ao irmão com fundamento no dever sagrado da piedade estampado
"nas leis não escritas e imutáveis dos deuses" e, de outro lado, Creonte, o tirano, que exige
"obediência total às normas do seu decreto, sejam elas justas ou não".

3. PERSONAGENS E SUAS CARACTERISTICAS

A narrativa tem como personagens Antígona, Creonte, Ismênia, Hêmon, Tirésias,


Eurídice, Polinices e um mensageiro, Coro, Corifeu e Guardas.
Creonte representa o tirano movido pelo ódio vingativo e a altivez pessoal que se
determina politicamente como rei absoluto, opondo-se à democracia tebana se respaldando no
seu poder e na Lei positiva. Acaba por ser punido pelo destino, que é manifestação do poder
dos deuses.
Antígona é a princesa inflexível que, respalda-se na tradição familiar e na piedade
religiosa. Convicta das desgraças do destino que atingiram sua família não teme as forças
divinas, por tanto enfrenta a impiedade de Creonte e sua legislação, e livremente abraça seu
destino mórbido.
Ismênia representaria a princesa recatada conforme as normas legislativas, no entanto
está, não se atreve a enfrentar o poder das divindades. Sendo flexível num primeiro momento,
aceitando a lei de Creonte, logo se arrepende e tenta participar da pena de sua irmã, que não
aceita seu pseudo-envolvimento. Ismênia escapa da pena mortal, através do conselho do coro,
que persuade o tirano Creonte.
Tirésias é o representante da esfera divina e, por isso encarna a consciência religiosa
de Creonte, podendo censurá-lo por sua impiedade que mácula Tebas; por sua condição
profético-sacerdotal não aparece sujeito ao poder do tirano, mas o interpela e censura por seu
dever para com a religião e a tradição.
Hêmon o descendente do rei que busca, primeiramente, fazer seu pai voltar na decisão
de penalizar com a morte sua noiva Antígona, por meio da persuasão lógica, porém, vendo-se
sem êxito nesta tentativa racional, entrega-se aos sentimentos e acaba por suicidar-se perante
a morte de sua noiva.
Eurídice é mais mãe de Hêmon que esposa de Creonte, na medida do amor. Ao saber
da desgraça mortal ocorrida com o suicídio de seu filho, encerra suas motivações para existir
e, também se suicida. Segue seu filho Hêmon, rumo ao ínferos.
O Corifeu representa o espectador na peça, tem a função de guiar os espectador de
acordo que fatos da peça vão ocorrendo.
O Coro dialoga com personagens da trama e também representa a consciência
religiosa de Creonte, evoluindo de uma atitude passiva para com as determinações de Creonte,
até censurá-lo e, aconselha-o a agir conforme a piedade para com as normas agradáveis à
divindade. Representa a assembleia dos cidadãos, que guardam a memória e aconselha a
realeza, o ponto comunal, mais precisamente, é quanto à participação do coro que, na obra,
bem como nos demais drama de Sófocles, interage com os personagens.
Os Guardas que são extremamente dependentes de Creonte, por temor. Executam as
ordens do tirano, aprisionam Antígona e a trancafiam no sepulcro de sua família. Também
comentam entre si os acontecimentos ocorridos em Tebas, como as mortes, de Hêmon e,
posteriormente, de Eurídice.

4. QUESTIONAMENTOS ACERCA DA OBRA

As tragédias gregas serviram, antes de ser um entretenimento, como um estímulo a


grandes discussões jurídicas, políticas, filosóficas e existenciais da sociedade grega e da
humanidade. Antígona é, neste sentido, uma das que mais longamente prestou-se às mais
diversas interpretações políticas e literárias.
A peça segue um caminho que leva ao conflito entre as leis divinas e as leis dos
homens, assim como o ingresso da democracia na vida cotidiana do grego e o fim das
tiranias. A personagem Antígona, juntamente com o seu tio e rei de Tebas, Creonte, são o
centro dessa discussão, cada um mantendo seu ponto de vista e seus valores e assumindo
posições bem definidas que desencadearão toda a sequência lógica da trama. É seguindo este
delineamento que Sófocles, como um “deus” mitológico, guia os destinos de seus
personagens.
Antígona representa a lei divina (OIKOS), Creonte a dos homens (PÓLIS). No
desfecho da trama ambos foram castigados por serem radicais em suas posições, não abrindo
espaço para um acordo ou discussão. Sófocles talvez pretenda mostrar com esta peça que o
melhor caminho para fazer justiça é intercalar as leis humanas com as universais, buscando
um ponto que tente harmonizar os desejos das partes envolvidas.
Uma outra marca de oposição é a diferença do papel da mulher desempenhado por
Antígona (que enfrentou o Estado) e por Ismênia (que abaixou a cabeça ao que o Estado
impôs). Ismênia, entretanto, se tornou mais forte após a morte de Antígona, passando a ter um
papel feminino mais ativo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAULA, Regina Maria de. Resenha de "Antígona" - Sófocles. Portal Jurídico Investidura,
Florianópolis/SC, 07 Mar. 2010. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-
juridica/resenhas/filosofiadodireito/154228-resenha-de-antigona-sofocles. Acesso em: 27
Nov. 2018

SÓFOCLES. Antígona; Tradução: J.B. de Mello e Souza. Versão para eBook, Clássicos
Jackson, Vol. XXII, 2005. Disponível em: <www.ebooksbrasil.com> Acesso em: nov. 2018

SÓFOCLES. A trilogia tebana: Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2002.

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