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FLUIDO // INSTALAÇÃO
Ficha técnica:
Sinopse
TRILHA SONORA
Construída em pós produção, a trilha sonora do filme utiliza os princípios da hipnose na prática
da psicanálise e o efeito de ondas binaurais (especificamente ondas Theta).
A construção melódica do mantra atua como parte de uma ação experimental e política, e foi
desenvolvida a partir da inclusão de um texto subliminar na trilha sonora. Embora técnicas de
mensagens subliminares não sejam cientificamente reconhecidas (por atuarem abaixo das
linhas da percepção), acreditamos que seu uso possa adicionar mais uma camada crítica ao
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debate. No caso, a base do mantra é uma leitura* do primeiro parágrafo do "Contrato
Contrassexual", de Paul B. Preciado.
INSTALAÇÃO
É importante que o filme FLUIDO esteja em um espaço "à parte". Isso porque desejamos que os
públicos possam ter uma experiência reflexiva, também "à parte", algo que remeta ao senso de
intimidade. Nos interessa as relações e tensões possíveis entre os públicos (as respirações, os
possíveis desconfortos, pessoas desconhecidas sentadas lado a lado observando um processo
tão íntimo).. A possibilidade de "headfones" é descartada por levar a uma experiência
individualista.
Para que o som do filme cumpra seu papel hipnótico é preciso que haja som aberto por meio
de caixas de 2 caixas de som estéreo, equidistantes e localizadas a 1,5m de altura (altura média
dos ouvidos de espectadores sentados e de pé).
Diego Paleólogo
O corpo é o mapa das lutas, o campo físico e simbólico no qual os discursos e as práticas se enraízam.
Sobre a pele inscreve-se o léxico das experiências: as disputas, as negociações e as possibilidades da
nossa frágil formatação humana. Fluído intercepta a continuidade hegemônica do phallus e produz uma
ruptura, uma suspensão momentânea do contrato sexual, de acordo com Paul B. Preciado. Trata-se, no
mesmo lance de dados, da produção de uma dobra no dispositivo da sexualidade. A lenta e angustiante
retração do phallus, registrada por uma câmera que quase toca o corpo, dobra o regime binário homem
versus mulher e oferece ao espectador um outro corpo: um no qual a fluidez e o câmbio entre o
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masculino e feminino é possível. A proximidade da câmera com o órgão que se desconstrói desorganiza
o olhar domesticado e acostumado a ver o pênis através de imagens que convocam o imaginário
pornográfico.
O invaginar do pênis rompe com o dualismo imposto (e retroalimentado) por uma sociedade marcada
pelas diferenças entre homem e mulher, não raramente corroboradas pela ciência e sublinhadas pela
biologia. Dotado de uma lógica especular, o trabalho se revela enquanto autorretrato: o corpo no qual as
polaridades convergem e os hibridismos surgem é o lócus de experiências da artista; a incorporação da
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alteridade. O corpo, o vídeo, a tela tornam-se espelhos passíveis de atravessamentos .
Dobrar o corpo, produzir linhas de fuga, cancelar as relações hierárquicas de poder e realocar os órgãos:
Fluído apresenta um corpo em transições, um novo mapa de possibilidades – um mapa aberto, aquático,
no qual as referências flutuam a cada instante, a cada respiração, a cada olhar.
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