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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA - FAET


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL – DESA

ANIELY RODRIGUES COSTA

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR E ANALISE DA EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE


DRENAGEM NA ÁREA URBANA DO CÓRREGO DA PRAINHA EM CUIABÁ

CUIABÁ – MT
2017
ANIELY RODRIGUES COSTA

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR E ANALISE DA EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE


DRENAGEM NA ÁREA URBANA DO CÓRREGO DA PRAINHA EM CUIABÁ

Trabalho de Trabalho Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Engenharia Sanitária e Ambiental, Faculdade de Arquitetura,
Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso
como requisito parcial à obtenção do titulo de Bacharel em
Engenharia Sanitária e Ambiental.

Orientador: Prof. MSc. Gonçalo Santana Baicere

CUIABÁ - MT
2017
ANIELY RODRIGUES COSTA

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR E ANALISE DA EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE


DRENAGEM NA ÁREA URBANA DO CÓRREGO DA PRAINHA EM CUIABÁ

Trabalho de Trabalho Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Sanitária e
Ambiental, Faculdade de Arquitetura, Engenharia
e Tecnologia, Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito parcial à obtenção do titulo
de Bacharel em Engenharia Sanitária e Ambiental.

Prof. MSc. Gonçalo Santana Baicere


Orientador UFMT/DESA

____________________________________

Prof. Dr.ª Margarida Marchetto


Examinadora UFMT/DESA

____________________________________

Prof. Dr. Aldecy de Almeida Santos


Examinador UFMT/DESA

____________________________________
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família e ao meu


noivo Weinne.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, antes de tudo, a Deus por ter me dado forças durante todos os estudos da
graduação.

Agradeço a minha família também pelo amor, paciência e suporte financeiro em meio
às dificuldades.

Agradeço ao meu noivo, Weinne Santos, pelo amor, paciência e ajuda acadêmica,
pois, mesmo atuando em outra área, sempre me ajudou como pode.

Agradeço aos meus amigos (Danielle, Dempsey, Nayra, Thainá, Letícia, Luiz Eduardo
e Alex Ramos) por estarem do meu lado durante essa graduação.

Agradeço ao meu orientador professor MSc. Gonçalo Santana Baicere por toda a
paciência, dedicação, orientação e por todo o conhecimento que me foram passados.

E por ultimo, mas não menos importante, agradeço a todos os professores do


DESA/UFMT pelos conhecimentos que me foram passados e pela inspiração como pessoa e
como futura profissional
Conceda-me o Senhor o seu fiel amor de
dia; de noite esteja comigo a sua canção.
É a minha oração ao Deus que me dá
vida.
Salmos 42.8 NVI Bíblia Sagrada
RESUMO

O presente trabalho apresenta um diagnóstico preliminar e analise da evolução da drenagem


na área urbana do córrego da Prainha em Cuiabá. A partir da observação da crescente
urbanização e, consequente, aumento das áreas impermeabilizadas e do escoamento
superficial das águas pluviais, verificou-se a necessidade de investigar se os dispositivos de
micro e macrodrenagem são suficientes para escoar as águas pluviais das microbacias ao
redor desse córrego. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica do histórico de
urbanização do local de estudo, delimitou-se as cinco microbacias da região e realizou-se o
calculo da altura da lâmina d’água na Avenida Tenente Coronel Duarte. A revisão
bibliográfica forneceu ao presente trabalho a explicação de como as margens do córrego
foram ocupadas. A altura da lâmina d’água estimada foi de 0,30 cm para a bacia 1, 0,32 para
as bacias 2 e 3, 0,30 para a bacia 4 e 0,23 para a bacia 5. Portanto, conclui-se que a
elaboração de um diagnóstico preliminar de drenagem da Av. Ten. Coronel Duarte foi útil
para a compreensão da dimensão do problema dos alagamentos ali registrados e a
visualização das consequências da ocupação e impermeabilização em fundo de vale.

Palavras-chaves: diagnóstico; drenagem; córrego da Prainha; alagamentos.


ABASTRACT

This paper presents a preliminary diagnosis and analysis of the evolution of drainage in urban
areas Prainha stream in Cuiabá. From the observation of the increasing urbanization and,
consequently, increase of the waterproofed areas and the surface runoff of the rainwater, it
was verified the need to investigate if the micro and macrodrain devices are sufficient to drain
the rainwater of the microcatchments around this stream. For this purpose, a bibliographical
review of the history of urbanization of the place of study was made, the five micro-basins of
the region were delimited and the calculation of the height of the water blade was carried out
in Tenente Coronel Duarte avenue. The bibliographic review provided the present work with
an explanation of how the stream banks were occupied. The height of the estimated water
depth was 0.30 cm for basin 1, 0.32 for basins 2 and 3, 0.30 for basin 4 and 0.23 for basin 5.
Therefore, it is concluded that the elaboration of a preliminary diagnosis of drainage of Av.
Ten. Coronel Duarte was useful for understanding the dimension of the problem of the floods
recorded there and the visualization of the consequences of the occupation and waterproofing
in valley bottom.

keywords: diagnosis; drainage; Prainha stream; floods.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Litografia da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito ......................... 15


Figura 2 - Córrego da Prainha em 1941, atual Avenida Tenente Coronel Duarte. (Igreja do
Rosário ao fundo) ..................................................................................................................... 16
Figura 3 – Vista da Av. da Prainha, no cruzamento com a Avenida Generoso Ponce,
continuação da Avenida Isaac Povoas na década de 1970. À esquerda, a Igreja Nossa Senhora
Auxiliadora. Ao fundo, a torre da Igreja São Gonçalo no bairro Porto. ................................... 16
Figura 4 - O córrego da Prainha coberto .................................................................................. 17
Figura 5 - Av. Ten. Coronel Duarte depois das obras do VLT ................................................ 17
Figura 6 - Ciclo Hidrológico .................................................................................................... 18
Figura 7 - Hidrograma típico .................................................................................................... 19
Figura 8 - Ocupação nos leitos dos rios.................................................................................... 20
Figura 9 - Área de Estudo ......................................................................................................... 25
Figura 10 - Áreas de Contribuição delimitadas ........................................................................ 28
Figura 11 (a), (b), (c), (d) – Evolução da urbanização nas margens no córrego da Prainha. ... 31
Figura 12 – Impactos das Obras do VLT Junho/2011 e Ago/2015 .......................................... 32
Figura 13 – Alagamento no cruzamento Av. Ten. Coronel Duarte com Generoso Ponce ....... 34
Figura 14 - Alagamento na Av. Ten. Coronel Duarte .............................................................. 34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coeficiente de deflúvio ........................................................................................... 29


LISTA DE SIGLAS

AV.: Avenida

DNIT: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

TEN.: Tenente

SRTM: Shuttle Radar Topography Mission

VLT: Veículo Leve Sobre Trilhos


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 14

3.1. De Córrego da Prainha à Avenida Tenente Coronel Duarte ......................................... 14

3.2. O Ciclo Hidrológico ...................................................................................................... 18

3.2.1. Bacia Hidrográfica ..................................................................................................... 19

3.3. Enchentes, Inundações e Alagamentos .......................................................................... 20

3.4. A Drenagem Urbana ...................................................................................................... 21

3.4.1. Sistemas de Drenagem Clássicos ............................................................................... 22

3.4.1.1. Microdrenagem ...................................................................................................... 23

3.4.1.2. Macrodrenagem ...................................................................................................... 23

3.4.2. Sistemas Compensatórios de Drenagem .................................................................... 23

4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 24

4.1. Descrição geral da Área de Estudo ................................................................................ 24

4.2. Determinação da chuva de projeto ................................................................................ 25

4.2.1. Determinação do Tempo de Concentração ................................................................ 25

4.2.2. Determinação do Período de Recorrência.................................................................. 26

4.2.3. Cálculo da precipitação de projeto ............................................................................. 26

4.3. Delimitação das áreas de contribuição .......................................................................... 27

4.4. Determinação da Vazão de Projeto ............................................................................... 28

4.4.1. Coeficiente de Escoamento Superficial ..................................................................... 28

4.4.2. Método Racional ........................................................................................................ 29

4.5. Calculo da altura da lâmina d’água ............................................................................... 30

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 30

5.1. Análise da Área de Estudo............................................................................................. 30


5.2. Altura da lâmina d’água na Av. Ten. Coronel Duarte ................................................... 33

5.2.1. Contribuição da Av. Isaac Povoas na altura da lâmina d’água .................................. 33

5.2.2. Contribuição da Av. Dom Bosco na altura da lâmina d’água.................................... 33

5.2.3. Altura da lâmina d’água total..................................................................................... 34

6. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 34

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 35

8. ANEXOS ........................................................................................................................... 39
13

1. INTRODUÇÃO

A partir da segunda metade do século XIX houve um aumento expressivo da


urbanização, milhões de pessoas abandonaram o campo em busca de melhores condições de
vida nas cidades. Essa mudança no modelo de ocupação trouxe diversas consequências para o
meio urbano. (IMADA, 2014)

Um dos principais efeitos da urbanização é a modificação do ambiente natural pelo


rápido crescimento populacional urbano. A impermeabilização do solo que ocorre em zonas
urbanas contribui para a diminuição do tempo de concentração e o aumento dos volumes
escoados superficialmente, gerando um aumento no pico da vazão a jusante da bacia
hidrográfica. (HANSMANN, 2013)

A consequência é que esse aumento de vazão acaba gerando uma sobrecarga no


sistema de drenagem, que na maioria das vezes não comporta o crescimento urbano (TUCCI,
2004).

Todo esse processo pode acabar gerando vários problemas, tais como: inundações,
enxurradas e consequente contaminação dos rios, ocasionando muitos impactos ambientais
como, por exemplo, a alteração da qualidade das águas dos córregos resultante da carga de
poluentes, além de problemas relacionados à saúde pública (com veiculação de doenças)
(MONTES & LEITE, 2010). Outra questão problemática é a existência de grande quantidade
de resíduos sólidos que são levados às redes pela água pluvial provocando a degradação do
sistema e, portanto, aumentando os alagamentos localizados.

Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, mostrou um crescimento populacional


significativo desde a década de 80. Os censos demográficos realizados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que nos últimos 20 anos a população
Cuiabana cresceu de 402.813 para 551.098 habitantes indicando um crescimento de 37%.
Portanto, faz-se necessário rever e diagnosticar os sistemas de drenagem existentes afim de
verificar a eficiência destes.

No presente trabalho realizou-se um diagnóstico, analisando as áreas de contribuição,


da situação de drenagem urbana da Avenida Tenente Coronal Duarte, trecho bastante
impermeabilizado por estar localizado no centro de Cuiabá e também por ter sido modificado
recentemente pelas obras de instalação do veículo leve sobre trilhos (VLT).
14

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

O objetivo geral é elaborar um diagnóstico preliminar da situação de drenagem


urbana da Av. Ten. Coronel Duarte baseado na analise das áreas de contribuição.

Objetivos Específicos

a) Realizar uma revisão bibliográfica do histórico de urbanização nas margens do


córrego da Prainha para, posteriormente, analisar a área de estudo levantando as
causas dos alagamentos;
b) Delimitar as áreas microbacias urbanas de contribuição da região;
c) Realizar o cálculo da altura de lâmina d'água na Av. Ten. Coronal Duarte de forma
verificar a viabilidade de implantação do VLT levando em consideração as
condições atuais do sistema de drenagem daquela região.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. De Córrego da Prainha à Avenida Tenente Coronel Duarte

A história de Cuiabá mostra a importância do córrego da Prainha desde os primeiros


anos da fundação dessa cidade. A ocupação da região central de Cuiabá, em 1722, ocorreu no
moro do Rosário à margem direita desse córrego.
Segundo Siqueira (2009, p. 6)

No ano de 1721, Miguel Sutil de Oliveira, tendo descido do rio Coxipó para
o rio Cuiabá, onde havia plantado roça, enviou dois índios – a que José
Barbosa de Sá, primeiro cronista de Cuiabá, denominou de escravos – buscar
mel. No retorno, ao invés do doce alimento, trouxeram pepitas de ouro.
Estava descoberta a terceira jazida aurífera mato-grossense, desta vez situada
no leito do córrego chamado Prainha, afluente do rio Cuiabá. A notícia desse
novo achado aurífero fez com que grande parte dos moradores da Forquilha
e até mesmo do Arraial Velho passassem a minerar no córrego da Prainha,
dando nascimento a um pequeno vilarejo, sob a proteção do Senhor Bom
Jesus.

O vilarejo teve como limites, à esquerda, o morro do Rosário e, à direita, como ponto
mais distante, o morro da Boa Morte. (Prefeitura de Cuiabá, 2010)
15

De acordo com Prefeitura de Cuiabá (2010), no ano de 1723 foi edificada a Igreja
Matriz. As minas e a Igreja Matriz foram significativos focos de atração do povoamento da
cidade no sentido leste-oeste. Dessa forma orientadas, foram surgindo ruas paralelas ao
córrego da Prainha e nelas elevadas as primeiras casas que consolidariam o espaço urbano de
Cuiabá.
Por volta do ano de 1775, a área central da cidade já estava definida, conforma explica
Prefeitura de Cuiabá (2010, p. 33):

por volta de 1775, a área central da cidade já se encontrava definida. Mapas


da Vila dos anos setentas do século XVIII mostram, na margem direita do
córrego da Prainha, as Igrejas Matriz e Senhor do Passos, além da Igreja do
Rosário, esta na margem esquerda; no morro da Boa Morte, um largo vazio,
local onde seria edificada, no início do século XIX.

Em 1884 a expedição a expedição de Karl Von Den Stein executa uma litografia1da
igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (Figura 1) ilustrando o trecho acima.

Figura 1 - Litografia da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito


Fonte: SIQUEIRA et al. (2007)

Até 1962 o córrego da Prainha não havia sido canalizado, conforme explica Siqueira et
al. (2007, p. 35) “Até 1962 a Prainha era um pequeno riacho serpenteando o fundo de
quintais, nessa data é aberta a avenida e canalizado o córrego.” Essa relação dos moradores
com o córrego pode ser observada na Figura 2.

1
Litografia é um tipo de gravura que envolve a criação de marcas (ou desenhos) sobre uma matriz (pedra
calcária ou placa de metal) com um lápis gorduroso. (FERREIRA, 1986)
16

Figura 2 - Córrego da Prainha em 1941, atual Avenida Tenente Coronel Duarte. (Igreja do Rosário ao fundo)
Fonte: Castro Faria – MISC apud SIQUEIRA et al. (2007)

Ainda de acordo com Siqueira et al. (2007), as obras para o estabelecimento da


Avenida Tenente Coronel Duarte começaram por volta de 1960, quando o, na época, famoso
Palácio das Águias2 foi demolido. Como dito anteriormente, no ano de 1962 o córrego da
Prainha foi canalizado (Figura 3). Em 1974 é aberta a Avenida Historiador Rubens de
Mendonça, continuação da Prainha no sentido leste.

Figura 3 – Vista da Av. da Prainha, no cruzamento com a Avenida Generoso Ponce, continuação da Avenida Isaac Povoas
na década de 1970. À esquerda, a Igreja Nossa Senhora Auxiliadora. Ao fundo, a torre da Igreja São Gonçalo no bairro Porto.
Fonte: Cesar Lima – Museu Histórico apud Siqueira et al. (2007)

2
O Palácio das Águias foi construído em 1801 era um famoso prostíbulo e situava-se a margem esquerda do
córrego da Prainha (onde hoje está a parada de ônibus do morro da luz). (SIQUEIRA et al, 2007, p. 34)
17

Em 1978 o canal do córrego da Prainha foi coberto (Figura 4) para realizar a


ampliação da Avenida Tenente Coronel Duarte (Siqueira et al, 2007). Acima do córrego
foram construídas bocas de lobo para drenar as águas pluviais permitindo que estas caíssem
diretamente no córrego.

Figura 4 - O córrego da Prainha coberto


Fonte: Siqueira et al., (2007)

No dia 26 de março de 2013 começaram as obras para a implantação do Veiculo Leves


Sobre Trilhos (VLT). Iniciou-se, então, uma modificação no meio das pistas de rolamento
para a colocação dos trilhos do VLT. A figura xx mostra como ficou a Av. Tenente Coronel
Duarte depois dessa modificação.

Figura 5 - Av. Ten. Coronel Duarte depois das obras do VLT


Fonte:<http://g1.globo.com/mato-grosso/aniversario-de-cuiaba/2016/fotos/2016/04/confira-fotos-da-avenida-prainha-antiga-
e-atual.html> acesso em 12/12/2016
18

3.2. O Ciclo Hidrológico

O ciclo hidrológico pode ser definido como as relações entre as várias formas do
comportamento das águas em um ciclo fechado (BIGARELLA & SUGUIO, 1990). Lopes et.
al (2007) afirma que o ciclo hidrológico não constitui uma simples sequência de processos,
mas sim em um conjunto de fases que representam os diversos caminhos através dos quais a
água circula na natureza. A Figura 6 fornece uma ilustração do ciclo hidrológico,
apresentando o fluxo de água em um corte hipotético do terreno.

Figura 6 - Ciclo Hidrológico


Fonte: <http://engenhariaondejahcivil.blogspot.com.br/2011/03/o-ciclo-da-agua.html> acessado em 20/02/2017

Silveira (2002) enumera os principais elementos que constituem esse ciclo. Em


resumo:

• Precipitação: é o resultado da condensação de água atmosférica que é atraída para a


superfície terrestre pela gravidade. Possui uma constituição complexa de origem
meteorológica, possuindo significativa variância temporal e espacial.
• Interceptação: é a parcela do volume precipitado que, devido a cobertura vegetal ou
construções antrópicas, deixa de atingir o solo.
• Evaporação: é a parcela de água que devido as ações de fatores climáticos como
radiação solar, período de insolação, temperatura do ar, umidade relativa, perfil de
velocidade do vento e pressão atmosférica, retornam a atmosfera na forma de vapor.
19

• Evapotranspiração: é o conjunto evaporação e transpiração, sendo esta última um


fenômeno biológico que depende da vegetação e umidade do solo.
• Infiltração: é a parcela do volume precipitado que, ao atingir a superfície, promove a
recarga da umidade do solo, penetrando a sua zona não saturada.
• Escoamento superficial: é o excesso não infiltrado da precipitação que atinge o solo,
percorrendo-o em direção a cotas mais baixas, após vencer o atrito com esta
superfície.

3.2.1. Bacia Hidrográfica

A bacia hidrográfica ou bacia de drenagem é uma unidade fisiográfica, cujos limites


são compostos por divisores topográficos ou divisores de água, sendo estes as cristas das
elevações do terreno, de forma a separar o escoamento da precipitação entre duas bacias
adjacentes (SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL , 2008)

O gráfico que relaciona a vazão pelo tempo é denominado de hidrograma, possuindo


propriedades típicas, resultantes dos atributos geomorfológicos (extensão e forma da bacia,
distribuição do relevo, declividade, comprimento do rio principal, densidade de drenagem,
cobertura vegetal e tipo e uso do solo) da bacia a que se referem (IMADA, 2014).
A Figura 7 mostra um hidrograma típico de uma bacia depois da ocorrência de uma
sequência de precipitações.

Figura 7 - Hidrograma típico


Fonte: TUCCI (2004, p.392) apud (IMADA, 2014)

Observa-se na Figura 7 que, posteriormente o início da chuva, há a ocorrência de


intervalo de tempo antes do aumento de vazão. Esse retardamento ocorre, principalmente,
20

devido às perdas por interceptação vegetal e depressões do solo, além do tempo de


deslocamento da água dentro da própria bacia.

3.3. Enchentes, Inundações e Alagamentos

As inundações acontecem naturalmente de acordo com o comportamento do rio, ou


pode ser intensificada pelo processo de urbanização. Desse modo, Tucci e Bertoni (2003)
conceituam dois tipos de inundações: inundações de áreas ribeirinhas e as inundações devido
à urbanização. Esta e aquela podem ocorrer isoladamente ou de forma integrada em áreas
urbanas.
Segundo Hansmann (2013), as inundações ribeirinhas são processos que ocorrem
naturalmente e advém, normalmente, de bacias de grande e médio porte, áreas caracterizadas
pela baixa declividade e seção de escoamento é pequena. Quando ocorre uma precipitação
muito intensa a qual ultrapassa a capacidade de drenagem do rio, por conseguinte, ocorrerá
inundação nas áreas ribeirinhas. Os impactos gerados por esse tipo de inundação dependem
do grau de ocupação da várzea pela população e da frequência com a qual as mesmas
ocorrem.
Já as inundações devido à urbanização são processos relacionados com as atividades
antrópicas executadas nas áreas urbanas. Verificam-se em bacias pequenas, exceto para as
grandes cidades. Esse tipo de inundação ocorre à medida que o solo é impermeabilizado, o
que diminui sua infiltração, logo, acelera o escoamento, aumentando a vazão nos condutos e
obstaculizando assim, a drenagem do local (TUCCI E BERTONI, 2003).
Os rios, nos períodos de chuva, saem do seu leito menor e ocupam o leito maior,
dentro de um processo natural. Como as ocupações e estabelecimentos de residências ocorre
de forma irregular ao longo do tempo, a população tende a ocupar o leito maior, ficando
sujeita ao impacto das inundações (TUCCI, 2005). Para ilustrar como ocorre essas ocupações
no leito do rio, observa-se a Figura 8.

Figura 8 - Ocupação nos leitos dos rios


Fonte: TUCCI (2005)
21

Pompêo (2000) explica que as enchentes são fenômenos naturais os quais sempre
ocorreram na natureza, causados por chuvas de elevada magnitude. Em áreas urbanas, as
enchentes geralmente decorrem, por consequência de precipitações intensas com altos
períodos de retorno ou devido a mudanças no ciclo hidrológico, nas zonas a montante das
áreas urbanas, que causa transbordamento de cursos d’água, ou ainda, em razão da
urbanização.
Em relação a enchentes Guerra e Guerra (2003) citado por Wollmann (2015, p. 31)
coloca que “não se trata de um fenômeno regular e periódico, mas sim, resultado de um
extremo pluviométrico em função da circulação atmosférica em consonância com os fatores
geográficos, portanto não se tratando excepcionalmente da intervenção humana”.
Os alagamentos são definidos como acúmulo momentâneo de águas em uma dada área
por problemas no sistema de drenagem, podendo ou não ter relação com processos de
natureza fluvial (Ministério das Cidades, 2007). Os problemas de alagamentos estão inseridos
no cotidiano da população brasileira, seja ela do interior ou da capital (HANSMANN, 2013).
Segundo Secretaria de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro (2013, p. 01) “Os
alagamentos são frequentes nas cidades mal planejadas ou quando crescem explosivamente,
dificultando a realização de obras de drenagem e de esgotamento de águas pluviais”.
Em relação aos fatores que influenciam no processo de alagamento, Hansmann (2013,
p. 18) diz que:
Como fatores influentes desse fenômeno, podemos citar a substituição de
grandes áreas verdes por construções civis, que através da
impermeabilização do solo e das construções de condutos e canais, os quais
geram escoamentos, e automaticamente aumentam o pico da vazão máxima.

3.4. A Drenagem Urbana

Drenagem é o termo empregado na indicação das instalações designadas a escoar o


excesso de água, seja em rodovias, na zona rural ou na malha urbana. A drenagem urbana não
se restringe aos aspectos puramente técnicos impostos pelos limites restritos à engenharia,
pois compreende o conjunto de todas as medidas a serem tomadas que visem à atenuação dos
riscos e dos prejuízos decorrentes de inundações e alagamentos aos quais a sociedade está
sujeita (NETO, 200-).
22

O sistema de drenagem faz parte do conjunto de serviços públicos existentes na zona


urbana, assim como as redes de água, de esgotos sanitários, de cabos elétricos e telefônicos,
além da iluminação pública, pavimentação de ruas, entre outros. (FUNDAÇÃO CENTRO
TECNOLÓGICO DE HIDRAULICA , 1999).

Quanto aos outros serviços urbanos, o sistema de drenagem tem uma particularidade:
o escoamento das águas sempre acontecerá, existindo ou não sistema de drenagem adequado.
A qualidade desse sistema é que indicará se os benefícios ou prejuízos à população serão
maiores ou menores (FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRAULICA , 1999).

A Constituição Brasileira pela Lei nº. 11.445/2007 definiu “o saneamento como o


conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de
águas pluviais.” Demonstrando assim a importância da drenagem urbana para o saneamento
básico.

3.4.1. Sistemas de Drenagem Clássicos

Nos sistemas clássicos de drenagem (ou sistemas convencionais), as águas pluviais são
captadas e levadas a condutos artificiais, geralmente subterrâneos, funcionando por gravidade,
sendo evacuadas das zonas urbanas e lançadas em corpos hídricos. Esses sistemas possuem
dispositivos de captação das águas superficiais, estruturas de condução, na forma de canais
abertos ou condutos enterrados e obras complementares, tais como bueiros e dissipadores de
energia (MOURA, 2004).

Os sistemas de drenagem clássicos são caracterizados, então, pela implantação de


condutos que proporcionam uma maior eficiência hidráulica do escoamento, que passa a
ocorrer com maior velocidade evitando os alagamentos.

Porem, Moura (2004, p. 5) cita algumas possíveis desvantagens do sistema clássico de


drenagem:

Com o aumento da velocidade do escoamento, as cheias são propagadas para


jusante mais rapidamente e as áreas urbanas de montante causam inundações
nas áreas de jusante. Além disso, estes sistemas não consideram os aspectos
de qualidade das águas. Com o crescimento da ocupação das áreas de
drenagem, estes sistemas apresentam falhas, provocando inundações. Para
23

solucionar tais falhas, os sistemas têm as dimensões de suas canalizações


ampliadas, por meio de obras onerosas.

3.4.1.1. Microdrenagem

Para Tucci et al. (1995) a microdrenagem urbana é composta pelo sistema de condutos
pluviais em nível de loteamento, agindo sobre o hidrograma resultante de um o mais
loteamentos. A rede de drenagem é composta de condutores pluviais, bocas-de-lobo, poços de
visita, meios-fios, sarjetas, que coletam a água e a transportam para a macrodrenagem. Ao
elaborar um projeto de microdrenagem é preciso realizar um levantamento das informações
da área em estudo. É imprescindível realizar um levantamento topográfico, planta geral da
bacia contribuinte, planta planialtimétrica, locação das redes existentes, verificar do uso e o
tipo de ocupação dos lotes e os dados relativos ao curso receptor.

3.4.1.2. Macrodrenagem

O sistema de macrodrenagem é composto por cursos d’águas naturais ou artificiais,


localizados nos talvegues e vales. Compete a esse sistema, o escoamento final das águas do
escoamento superficial, além da água captada pelo sistema da microdrenagem. A rede física
da macrodrenagem é um escoadouro natural, ela sempre existiu, independente da realização
de obras específicas de drenagem e da localização da área urbana. Além disso, esse sistema
capta as águas oriundas de regiões onde não existe a microdrenagem (FRENDRICH et al.
1997) apud (HANSMANN, 2013).
As partes constituintes da macrodrenagem são: canais naturais ou artificiais; galerias de
grande porte; estruturas artificiais; obras de proteção contra erosão; outros componentes (vias
marginais e faixa de servidão) (HANSMANN, 2013).

3.4.2. Sistemas Compensatórios de Drenagem

Diferente dos sistemas clássicos, os sistemas compensatórios ou alternativos de


drenagem urbana se opõem ao conceito de evacuação rápida das águas pluviais. Os sistemas
alternativos ou compensatórios baseiam-se na infiltração e retenção das águas precipitadas,
acarretando a diminuição no volume de escoamento superficial, bem como o rearranjo
temporal das vazões. Quando adequadamente concebidos, eles podem exercer um importante
papel na melhoria da qualidade das águas pluviais (MOURA, 2004).
24

Porem, Kipper (2015, p. 18) aponta alguns cuidados necessários para evitar possíveis
problemas com os sistemas compensatórios de drenagem:

Deve-se ter um grande cuidado com estes dispositivos, pois eles não
diminuem o volume escoado, apenas o reservam por um tempo, e se
não forem bem projetados e controlados, podem gerar problemas
como acúmulo de resíduos sólidos, ruptura, transbordamento e
inundações maiores, se a água for liberada simultaneamente a uma
demanda grande de outros reservatórios.

Baptista (2001) classifica essas técnicas em três tipos distintos, segundo a forma de
controle de vazões:

• Técnicas para controle na fonte: poços de infiltração, micro-reservatórios individuais,


valas, valetas ou áreas de armazenamento e/ou infiltração, telhados armazenadores,
etc.;
• Técnicas para controle nos sistemas viário e de drenagem: pavimentos porosos, valas e
valetas de armazenamento e/ou infiltração, áreas de armazenamento em pátios ou
estacionamentos, etc.;
• Técnicas para controle centralizado: Bacias de retenção e/ou infiltração.

4. METODOLOGIA

4.1. Descrição geral da Área de Estudo

O local de estudo está situado na região central do município de Cuiabá, como pode
ser observado na Figura 9, que se localiza na região sul do estado de Mato Grosso. Foi
analisada a Avenida Ten. Coronel Duarte, com o exutório marcado em frente ao colégio
Salesiano São Gonçalo nas coordenadas 15°36'16.4"S 56°05'57.8"W.
25

Figura 9 - Área de Estudo


Fonte: Elaboração Própria, 2017.

O relevo de Cuiabá é caracterizado por um conjunto de terras baixas, de 80 a 300m,


tendo em seu entorno relevos mais elevados, entre 300 a 600m (SCHREINER, 2016). A
precipitação média anual é, aproximadamente 1350mm, sendo Janeiro o mês com a maior
média 215mm e Agosto o mês menos chuvoso com precipitação média de 15mm (INPE-
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 200-).

4.2. Determinação da chuva de projeto

4.2.1. Determinação do Tempo de Concentração

Na drenagem urbana, o tempo de concentração consiste no tempo necessário para que


o deflúvio escoe superficialmente do ponto mais distante da bacia até atingir a primeira boca
de lobo ou elemento de captação.
Sobre os diferentes tipos de escoamento, Pompêo (2001, p. 3) explica:
Ao longo deste caminho podem ocorrer diferentes tipos de
escoamentos, tais como o escoamento direto à superfície e o
escoamento em canais. Geralmente, os tempos de percurso são
26

determinados para cada segmento de fluxo separadamente e somados


a fim de se obter o tempo de concentração resultante.

Para o calculo do tempo de concentração, foi utilizada a formula de Castro; Silva;


Silveira (2011):

𝟑, 𝟑𝟒. (𝟏, 𝟏 − 𝑪). √𝑳 Equação 1


𝒕𝒄 = 𝟑
√𝒊𝒍

Onde:
C: coeficiente de escoamento superficial
L: trajeto da água em (m)
Il: declividade longitudinal (%)

4.2.2. Determinação do Período de Recorrência

Tempo de recorrência é a probabilidade, expressa em anos, para que uma dada


precipitação se repita com a mesma intensidade ou intensidade maior. Da análise dos períodos
de retorno foi adotado um tempo de recorrência, ou retorno, que atendesse de forma
satisfatória as máximas precipitações ocorridas.

O período de recorrência utilizado no dimensionamento para os cálculos hidrológicos


foi de 10 (dez) anos para a área em estudo. Este valor obedece orientações do Plano de
Referência para projetos de Drenagem Urbana elaborado pela Secretaria de Obras do
Município.

4.2.3. Cálculo da precipitação de projeto

Castro; Silva; Silveira (2011) determinaram parâmetros para propor uma equação de
chuvas para Cuiabá. A determinação dos parâmetros da equação foi feita ajustando-se a
equação geral aos dados pluviométricos, através de uma análise de regressão pelo método dos
mínimos quadrados. Essa equação será utilizada no presente trabalho para o calculo da chuva
de projeto.

𝟏𝟎𝟏𝟔, 𝟒𝟓𝟑. 𝐓 𝟎,𝟏𝟑𝟑 Equação 2


𝐢=
(𝒕 + 𝟕, 𝟓)𝟎,𝟕𝟑𝟗
27

Onde:
i: intensidade da precipitação (mm/h)

T: Período de Retorno (anos)

t: Tempo de concentração (minutos)

4.3. Delimitação das áreas de contribuição

Para a delimitação das áreas de contribuição Pompêo (2001, p. 17) elucida que:

“[...] deve ser delimitada a área de contribuição a montante de cada


um destes pontos de análise. Para contornar a complexidade da
análise, considera-se que cada trecho de sarjeta receba as águas
pluviais da quadra adjacente, exceto quando a topografia for muito
acentuada, impossibilitando esta hipótese.”

Portanto, para delimitar as áreas de contribuição, optou-se por fazê-lo através de


subdivisão de quarteirões.
Para a obtenção da base cartográfica do arruamento de Cuiabá com informações da
altura do relevo, foram necessários dois passos. O primeiro passo foi conseguir da Secretaria
de Estado de Planejamento o desenho do arruamento de Cuiabá. O segundo passo foi a
obtenção de dados de relevo da área de estudo, para isso, utilizou-se o modelo digital de
elevação com dados de relevo com precisão de 15 metros do satélite Shutle Radar
Topography Mission (SRTM).
De posse desses dois arquivos, foram utilizados dois softwares: o software ArcGIS
para a extração das curvas de nível e o software AutoCAD 2010 para delimitar as áreas.
Realizou-se a delimitação das áreas de contribuição levando em consideração a
topografia (divisores de água). As áreas das bacias urbanas de contribuição estão na Figura
10.
28

Figura 10 - Áreas de Contribuição delimitadas


Fonte: Elaboração própria.

4.4. Determinação da Vazão de Projeto

4.4.1. Coeficiente de Escoamento Superficial

O coeficiente de escoamento superficial pode ser definido através de tabelas


elaboradas considerando as características da área de drenagem em questão. Essas tabelas
relacionam o escoamento superficial em função do tipo de solo, vegetação e outros aspectos
29

associados ao solo e a urbanização (IMADA, 2014). É a variável menos suscetível de


determinações mais precisas quando da sua seleção.
Para escolha deste coeficiente adotaram-se valores apresentados no Manual de
Hidrologia e Drenagem do DNER/2005, segundo os tipos de superfície conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Coeficiente de deflúvio


Tipos de superfície Coeficiente de deflúvio “C”
Ruas
Asfalto 0,70 a 0,95
Concreto 0,80 a 0,95
Tijolos 0,70 a 0,85
Trajetos de acesso a calçadas 0,75 a 0,85
Telhados 0,75 a 0,95
Fonte: DNIT (2005)

Para o presente trabalho adotou-se o C= 0,8 devido ao alto grau de urbanização da área
de estudo.

4.4.2. Método Racional

Poucas bacias urbanas possuem rede de monitoramento de vazões. Assim, para a


obtenção das vazões de projeto pode-se utilizar modelos de chuva-vazão, como o método
racional ou o hidrograma unitário (IMADA, 2014). Para a determinação da vazão de descarga
do pico de deflúvio superficial direto, foi adotado o Método Racional no cálculo das vazões
conforme Equação 3.

𝑪𝒙𝑰𝒙𝑨𝒙𝑵 Equação 3
𝐐=
𝟎, 𝟑𝟔

Onde

Q= Vazão (l/s)
C= Coeficiente de escoamento superficial
I= Intensidade de Chuva (mm/h)
A= Área da bacia (ha)
N= coeficiente de distribuição de chuva -> N=A-0,15 ***para A < 1 ha -> N=1
30

4.5. Calculo da altura da lâmina d’água

Foi calculada a altura lamina d’água no cruzamento da avenida Generoso Ponce do


lado esquerdo (continuação da avenida Isaac Povoas) com a avenida Ten. Coronel Duarte
considerando as áreas de contribuição das bacias 1, 2 e 3, pois, essas as águas pluviais quem
caem nessas bacias escoam para a Isaac Povoas e, posteriormente, para esse cruzamento.
Foram calculadas, também, as lâminas d’água resultantes de duas bacias
separadamente: considerando a contribuição apenas da Avenida Dom Bosco (bacia 4) e
considerando apenas a contribuição da bacia 5 (lado direito da av. Tenente Coronel Duarte).
Para o calculo de lâmina d’água foi utilizada a equação de Izzard. A equação de
Izzard é uma adaptação da formula de Manning para sarjetas. Essa equação utiliza os dados
de declividade, rugosidade e vazão que foram encontrados anteriormente conforme Equação
4.
z Equação 4
Q = 0,375   y 8 / 3  il
n
Onde:
Q = vazão na sarjeta (m³/s) ou vazão obtida das áreas de contribuição;
z = 1/it
it = declividade transversal (0,02 a 0,04 m/m);
y = altura da lâmina d’água na sarjeta (m);
il = declividade longitudinal (m/m);
n = rugosidade da sarjeta (0,016);

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Análise da Área de Estudo

Analisando todas as bacias de contribuição, percebe-se que estas possuem alto grau de
urbanização e impermeabilização do solo. Na Figura 11 a, b, c e d observa-se a Av. Ten.
Coronel Duarte está localizada em fundo de vale3. Pode-se notar, também, que com o
aumento da urbanização ocorreu também o aumento da área impermeabilizada nesse fundo de
vale indicando a ausência de um adequado planejamento, pois, como dito anteriormente, o

3
Fundo de vale é o ponto mais baixo de um relevo acidentado, para onde escoam as águas das chuvas (TUCCI,
2004).
31

aumento da urbanização leva ao aumento das áreas impermeabilizadas e, consequentemente,


ao aumento do escoamento superficial.

a) b)

c)
d)
Figura 11 (a), (b), (c), (d) – Evolução da urbanização nas margens no córrego da Prainha. Data: (a): 1941, (b).:1970, (c):
1978, (d): 2016
Fonte: (SIQUEIRA, CONTE, ALENCASTRO, & CARRACEDO, 2007); <http://g1.globo.com/mato-grosso/aniversario-de-
cuiaba/2016/fotos/2016/04/confira-fotos-da-avenida-prainha-antiga-e-atual.html> acesso em 12/12/2016.

O sistema de drenagem existente anterior às obras do VLT eram simples com bocas de
lobo e pequenas grelhas que permitiam as águas pluviais caírem diretamente no córrego. O
dispositivo de macrodrenagem existente era o próprio córrego.
Observa-se que a topografia da região favorece o escoamento das águas até a avenida,
porem, quando se analisa a declividade longitudinal da avenida, percebe-se que esta não
favorece o escoamento das águas ali acumuladas.
O grande fator agravante de alagamentos é a ausência de dispositivos destinados a
microdrenagem das águas pluviais. Com as obras do VLT, muitas bocas de lobo foram
imprudentemente tampadas (Figura 12) e o fluxo de coleta das águas pluviais foi
interrompido, trazendo transtornos maiores para a região, pois, o sistema de drenagem da
32

avenida é praticamente inexistente levando em consideração o tamanho das áreas de


contribuição.

Figura 12 – Impactos das Obras do VLT na Av. Ten. Coronel Duarte: Junho/2011 e Ago/2015
Fonte: Google Street View (2017)

O aumento do grau de urbanização conduz à elevação do escoamento superficial


acentuando os picos dos hidrogramas. O aumento do escoamento superficial tem como
consequência problemas de diminuição da vida útil das pistas de rolamento e erosão destas.
Além de outros problemas sociais e ambientais como a interrupção do trafego, danos
materiais e a veiculação de doenças.
Pode-se citar como consequência, também, a alteração do ciclo hidrológico, pois,
aumentando a impermeabilização reduz-se a infiltração e escoamento subterrâneo e, dessa
forma, diminuindo recarga do lençol freático.
33

5.2. Altura da lâmina d’água na Av. Ten. Coronel Duarte

5.2.1. Contribuição da Av. Isaac Povoas na altura da lâmina d’água

• Bacia 1
A bacia 1 está localizada à esquerda da av. Isaac Povoas. Analisando a topografia do
local, a precipitação que incide sobre a bacia 1 tem a tendência de escoar para av. Isaac
Povoas e, posteriormente, para a av. Generoso Ponce. O tempo de concentração estimado para
essa bacia foi de 25,46 minutos e precipitação de 104 mm. A área delimitada foi de 22,24
hectares e a vazão encontrada para essa bacia foi de 3240 l/s. No cruzamento da av. Generoso
Ponce com a Av. Ten. Coronel Duarte, somente essa bacia gera uma lâmina d’água de 30
centímetros.
• Bacias 2 e 3
As bacia 2 e 3 estão localizada à direita da Av. Isaac Povoas. Pela análise da
topografia do local, a precipitação que incide sobre as bacias 2 e 3 tem a tendência de escoar
para av. Isaac Povoas e, posteriormente, para a av. Generoso Ponce. O tempo de concentração
estimado para essas duas bacias juntas foi de 25,26 minutos e precipitação de 104 mm. A área
delimitada total dessas uas bacias foi de 17,63 hectares e a vazão encontrada para essa bacia
foi de 2659,47 l/s. No cruzamento da av. Generoso Ponce com a Av. Ten. Coronel Duarte,
somente essa bacia gera uma lâmina d’água de 32 centímetros.

5.2.2. Contribuição da Av. Dom Bosco na altura da lâmina d’água

• Bacia 4
A bacia 4 foi delimitada a fim de estimar a vazão que escoa para a Av. Dom Bosco, e,
posteriormente, para a av. Ten. Coronel Duarte. O tempo de concentração estimado para essa
bacia foi de 13,28 minutos e precipitação de 146,67 mm. A área delimitada dessa bacia 13
hectares com vazão total de 2887,7 l/s. No cruzamento da av. Dom Bosco com a av. Ten.
Coronel Duarte, apenas essa bacia gera uma lâmina d´água de 30 centímetros.
• Bacia 5
A bacia 5 foi delimitada para estimar a altura de lâmina d’água gerada pela
precipitação incidente sobre o lado direito da av. Ten. Coronel Duarte. O tempo de
concentração estimado para essa bacia foi de 30 minutos e precipitação de 94,65 mm. Essa
34

bacia possui área de contribuição delimitada de 9,81 hectares. A vazão total gerada pela bacia
é 1464,81 l/s e a lâmina d’água gerada em frente à rua Thogo Pereira é de 23 cm.

5.2.3. Altura da lâmina d’água total

Com todas as bacias contribuindo simultaneamente, a altura da lâmina d’água na av.


Ten. Coronel Duarte entre a Av. Dom Bosco e a Rua Thogo Pereira pode chegar a 46
centímetros. Deve-se ressaltar que de acordo com manuais técnicos, que para a colocação e
funcionamento do VLT, a lâmina d’água máxima é de 10 cm.
Alerta-se que a altura da lâmina d’água de 46 cm foi calculada com base no período de
retorno de 10 anos (conforme Plano de Referência para projetos de Drenagem Urbana
elaborado pela Secretaria de Obras do Município). Para chuvas com maiores períodos de
retorno, o índice de precipitação será maior e, consequentemente, a lâmina d’agua será maior.
O valor encontrado de altura de lâmina d’água condiz com os registros de jornais
municipais que noticiaram a ocorrência de alagamentos na Av. Tenente Coronel Duarte
conforme mostra Figura 13 e Figura 14.

Figura 14 - Alagamento na Av. Ten. Coronel Duarte


Fonte: <http://48horasnews.com.br/por-vlt-secid-se-reune-
com-a-cab-para-tentar-resolver-alagamentos-na-prainha/>

Figura 13 – Alagamento no dia 26/10/2016 no cruzamento


Av. Ten. Coronel Duarte com Generoso Ponce
Fonte:<http://www.folhamax.com.br/cidades/temporal-
alaga-avenidas-e-arrasta-carros-em-cuiaba-e-vg/103822>

6. CONCLUSÕES

O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou analisar como a ocupação e a


impermeabilização em fundo de vale podem influenciar diretamente no aumento do
35

escoamento superficial e ocorrência de alagamentos na zona urbana. Além disso, também


permitiu a visualização das consequências de ausência de dispositivos de drenagem.
Constatou-se que na segunda metade do século 20, a Av. Ten. Coronel Duarte passou
por grandes alterações que não respeitaram o limite do leito maior do Córrego da Prainha.
Posteriormente, essa avenida teve seus dispositivos de drenagem tampados, permitindo que as
águas fiquem acumuladas gerando alagamentos.
A revisão bibliográfica do histórico de urbanização nas margens do córrego da Prainha
contribuiu para a análise dos fatores que influenciam nos alagamentos e para a compreensão
da importância do planejamento urbano.
A delimitação das áreas das microbacias urbanas de contribuição permitiu a
compreensão dos sentidos de escoamento superficial na região central de Cuiabá. A altura da
lâmina d’água de 46 cm, encontrada por meio de métodos matemáticos, se mostrou coerente
com os registros fotográficos de jornais municipais. A lâmina d’água estimada no presente
trabalho demonstra a inviabilidade da implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos nas
condições atuais de drenagem do local de estudo.
Dada à importância do assunto, sugere-se para os trabalhos futuros o desenvolvimento
de projetos de drenagem urbana que atenuem os picos de cheia e tenham efeitos a curto,
médio e longo prazo.
O objetivo geral é elaborar um diagnóstico da situação de drenagem urbana da
Avenida Tenente Coronel Duarte baseado na analise das áreas de contribuição.
Portanto, conclui-se que a elaboração de um diagnóstico preliminar de drenagem da
Av. Ten. Coronel Duarte foi útil para a compreensão da dimensão do problema dos
alagamentos ali registrados.

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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39

8. ANEXOS
Tabela 2 - Cálculo da lâmina d'água
C I
adotad Cota Cota Incli. Incli. Tc (mm A N (coef. Distrib. Q Y - lamina
o Montante (m) Jusante (m) L (m) (%) (m/m) (min) ) (ha) chuva) (l/s) dágua (m)
Bacia 1 (Av. Isaac Povoas-Generoso Ponce Lado
Esquerdo)
181,
Rua Jesse Freire 0,80 192,00 176,50 11 8,56 0,09 6,59
638,
Isaac Povoas 0,80 176,50 161,00 00 2,43 0,02 18,83
130, 104, 22,2 3240,
Trecho da Ultima Quadra 0,80 163,00 160,50 31 1,92 0,02 25,42 40 4 0,63 00 0,30
Bacias 2 e 3 (Av. Isaac Povoas-Generoso Ponce
Lado Direito)
Trecho rua Marechal 173,
Deodoro 0,80 200,00 192,00 41 4,61 0,05 7,93
767,
Trecho Isaac Povoas 0,80 192,00 160,50 20 4,11 0,04 17,33
176, 104, 17,6 2659,
Trecho da Ultima Quadra 162,00 160,50 28 0,85 0,01 25,26 40 3 0,65 47 0,32
C I
adotad Cota Cota Incli. Incli. Tc (mm A N (coef. Distrib. Q Y - lamina
o Montante (m) Jusante (m) L (m) (%) (m/m) (min) ) (ha) chuva) (l/s) dágua (m)
Bacia 4 (Avenida Dom
Bosco)
531,
Avenida Dom Bosco 0,80 187,00 159,00 86 5,26 0,05 13,28
91,9 146, 13,0 2887,
Trecho Ultima Quadra 0,80 160,50 159,00 5 1,63 0,02 13,28 65 2 0,68 60 0,30
C Cota Cota L (m) Incli. Incli. Tc I A N (coef. Distrib. Q Y - lamina
40

adotad Montante (m) Jusante (m) (%) (m/m) (min) (mm (ha) chuva) (l/s) dágua (m)
o )
Bacia 5
173,
Generoso Ponce 0,80 173,00 161,00 72 6,91 0,07 6,93
475,
Ten. Coronel Duarte 0,80 161,00 157,00 65 0,84 0,01 23,15
104, 94,6 1464,
Ultimo Trecho 0,80 159,00 157,40 25 1,53 0,02 30,09 5 9,81 0,71 81 0,23
C I
adotad Cota Cota Incli. Incli. Tc (mm A N (coef. Distrib. Q Y - lamina
o Montante (m) Jusante (m) L (m) (%) (m/m) (min) ) (ha) chuva) (l/s) dágua (m)
Total
Av. Dom Bosco - Av. 164, 94,6 62,7 7089,
Thogo Pereira 0,80 159,00 157,40 95 0,97 0,01 30,09 5 0 0,54 26 0,46

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