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CÁLCULO DO PONTO DE OPERAÇÃO DE POÇOS DE

PETRÓLEO – MODELO COMPOSICIONAL.


CALCULATION OF OPERATING POINT FROM OIL WELLS -
COMPOSITIONAL MODEL.
Marina Ribeiro Bandeira1

Fernando Cunha Peixoto2

Victor Rolando Ruiz Ahón³

Resumo: O presente trabalho apresenta o desenvolvimento de um programa


computacional capaz de determinar o ponto de operação de um poço de petróleo, através
das curvas que representam o desempenho do reservatório (IPR) e da coluna de
produção de um poço (TPR). O simulador é composicional e está baseado no uso da
equação de estado cúbica de Peng-Robinson para descrever o equilíbrio de fases e no
método de Beggs e Brill que permite simular o escoamento bifásico dentro da coluna de
produção. O simulador foi desenvolvido no Visual Basic for Applications (VBA) em
aplicativo Excel, por ser amplamente utilizado na maioria das universidades brasileiras.
Ele permitiu definir a pressão e a vazão de produção de óleo para o caso estudado.

Palavras-chave: IPR, TPR, Equação de estado cúbica de Peng-Robinson, Equilíbrio de


fases, Begss e Brill.

Abstract: The current work presents the development of a computational program


capable of determining the operating point of an oil well through the curves which
represents the reservoir performance (IPR) and the well performance (TPR). The
simulator is compositional and is based on the Peng- Robinson cubic Equation of State to
describe the phase equilibrium and the Beggs and Brill correlation, which allows simulating
biphasic flow within the production column. The simulator was developed in the Visual
Basic for Applications (VBA) on Excel, for being widely used in most Brazilian universities.
It allowed to define the pressure and the oil production flow rate.

Keywords: IPR, TPR, Peng-Robinson Cubic Equation of State, Phase Equilibrium, Beggs
and Brill.

1 M. Sc., UFF, marinabandeira@id.uff.br


2 D. Sc., UFF, fpeixoto@id.uff.br
3
D. Sc., UFF, ruiz@vm.uff.br

Revista Mundi Engenharia, Tecnologia e Gestão. Paranaguá, PR, v.3, n.2, maio de 2018.
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1 INTRODUÇÃO

O crescimento no número de reservatórios de petróleo contendo óleo


leve, condensado e gás fez aumentar a necessidade de aperfeiçoar as
ferramentas computacionais que permitem analisar o escoamento
multifásico composicional tanto em meios porosos (reservatórios) quanto em
sistemas de produção (tubulações), a fim de melhorar as estimativas e o
desenvolvimento desses campos. Em vista disso, o conhecimento do
equilíbrio de fases dos fluidos juntamente com a análise do escoamento
multifásico é de grande relevância para a indústria do petróleo.
A abordagem PVT (Pressão-Volume-Temperatura) tradicional utiliza o
modelo Black-Oil para analisar o comportamento do fluido (McCAIN, 1990).
Porém essa abordagem não representa satisfatoriamente o comportamento
de fases dos óleos, uma vez que para estes casos, é necessária uma
avaliação apurada de cada componente constituinte do fluido e de suas
propriedades físicas, para assim obter uma modelagem adequada para o
cálculo do equilíbrio entre as fases.
Operações numéricas que descrevem o equilíbrio líquido-vapor
provavelmente são as mais relevantes na engenharia de petróleo, as quais
utilizam equações de estado para efetuar os cálculos (MICHELSEN e
MOLLERUP, 2007).
Ter acesso aos valores de pressão, temperatura e composição global
do fluido que se pretende caracterizar é fundamental para a realização do
flash (P,T). Este cálculo tem a finalidade de, a partir da composição global
inicial (zi), determinar a fração molar de gás (yi) e líquido (xi), assim como os
fatores de compressibilidade (Zfase) das fases. Com isso é possível
determinar os valores das propriedades volumétricas, termodinâmicas e de
transporte do fluido de petróleo, as quais são cruciais para todas as
atividades relacionadas aos simuladores de fluxo multifásico composicional.
Entender corretamente o comportamento do fluido durante todo o
trajeto ao longo da coluna de produção é fundamental, pois na maioria das

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situações o escoamento é do tipo multifásico, sendo, portanto, mais
complexo. Os problemas relacionados ao fluxo multifásico têm sido
amplamente estudados, devido à sua frequente ocorrência na indústria do
petróleo, visto que possui alta relevância na avaliação do retorno econômico
do campo (LI, 2013).
Uma das principais questões envolvendo fluxo multifásico nos poços
de petróleo é sobre como calcular a queda de pressão em certas
profundidades. Este problema pode ser resolvido com a aplicação da técnica
de análise nodal, frequentemente utilizada para avaliar separadamente o
desempenho das partes que compõe o sistema (reservatório, coluna de
produção, risers, unidades de separação).
A relação entre pressão do reservatório e vazão de produção é
conhecida como Inflow Perfomance Relationship (IPR), ou seja, é a curva
que representa a energia do reservatório. Já a relação entre a pressão
requerida pelo sistema e a vazão de produção é conhecida como Tubing
Performance Relationship (TPR), sendo a curva que retrata o fluxo
monofásico/multifásico na coluna de produção. Estas curvas se cruzam em
um único ponto, que recebe o nome de “vazão de equilíbrio”, onde a pressão
que provém do reservatório é idêntica à pressão necessária para o fluido
atravessar todo poço e ser produzido (BRILL e MUKHERJEE, 1999).
Diante deste cenário, por em prática os estudos de análise nodal e do
cálculo flash (P, T) para fluidos de petróleo, valendo-se da modelagem
composicional, sem a ajuda de ferramentas computacionais é impraticável,
por causa da complexidade das equações e da quantidade de informações
envolvidas.
Este trabalho propõe elaborar um simulador capaz de calcular o perfil
de pressões de determinados pontos do sistema de produção presentes no
estudo de análise nodal, utilizando a modelagem composicional e as
correlações de escoamento bifásico. Para isso, foi empregada a linguagem
de programação conhecida como VBA (Visual Basic for Aplications), que
está inserida dentro do software Excel.

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2 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

A formulação matemática utilizada para simular o escoamento de


fluido bifásico (óleo e gás) composicional depende das informações do
reservatório e do poço, além das propriedades termodinâmicas para
utilização do flash (P,T).
O reservatório analisado contém óleo em condição de subsaturação
(pressão superior à pressão de bolha da mistura líquida). Para este caso o
reservatório é monofásico, uma vez que o gás está dissolvido na fase
líquida. Portanto, utiliza-se a equação de Darcy para representar o fluxo em
meio poroso e gerar curva IPR linear, conforme apresentado na equação (1).

𝑞𝑜 = 𝐼𝑃(𝑃𝑅 − 𝑃𝑤𝑓 ) (1)

Onde IP significa índice de produtividade do poço:

𝑘 × ℎ
𝐼𝑃 = (2)
𝑟 3
141,2 × µ𝑜 × 𝐵𝑜 × (ln (𝑟𝑒 ) − 4)
𝑤

Além do desempenho do reservatório, a perda de pressão ao longo


da extensão do poço interfere na produção dos fluidos, e
consequentemente, na curva TPR. Assim, o perfil de pressões na coluna de
produção é um fator importante a ser analisado, pois vários parâmetros da
coluna podem afetar a eficiência produtiva do reservatório.
Para determinar o gradiente de pressão ao longo da coluna de
produção foi utilizado o método de Beggs e Brill. Este método calcula o
gradiente de pressão total através da equação (3).

𝑑𝑃 𝑑𝑃
( ) +( )
𝑑𝑃 𝑑𝐿 𝑓𝑟𝑖𝑐çã𝑜 𝑑𝐿 𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜
( ) = (3)
𝑑𝐿 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 1 − 𝐸𝑘

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Onde:

2
𝑑𝑃 𝜌𝑛𝑠 𝑣𝑚
( ) =𝑓 (4)
𝑑𝐿 𝑓𝑟𝑖𝑐çã𝑜 2𝑑

𝑑𝑃
( ) = 𝜌𝑚 𝑔 sin 𝜃 (5)
𝑑𝐿 𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜

𝑣𝑚 𝑣𝑠𝐺 𝜌𝑛𝑠
𝐸𝐾 = (6)
𝑃

𝑑𝑃
 ( 𝑑𝐿 ) = Termo que diz respeito à perda de pressão por
𝑓𝑟𝑖𝑐çã𝑜

fricção e leva em conta os seguintes fatores: perda de energia por


variação de pressão no fluido, perda de energia potencial se a
elevação do fluido de um ponto para outro é diferente, e perda de
energia devido ao cisalhamento na parede do tubo.

𝑑𝑃
 ( 𝑑𝐿 ) = Termo referente à perda de pressão causada pela
𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜

diferença na elevação. É influenciado pela massa específica do gás e


do líquido, bem como pelo holdup líquido (razão entre o volume
ocupado pela fase líquida e o volume de segmento de duto).

 𝐸𝑘 = Termo cinético. É dependente da velocidade do fluido. É


adicionado para aumentar a precisão dos cálculos.

 𝑓 = Fator de fricção, que pode ser obtido de duas formas: através


do Diagrama de Moody ou de correlações empíricas.

 ρns = massa específica da mistura sem efeito de escorregamento.

 vm = Velocidade da mistura.

 d = Diâmetro da tubulação.

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 ρm = Massa específica da mistura com efeito de escorregamento.

 g = Aceleração da gravidade.

 θ = Ângulo da tubulação em relação à vertical.

 vsG = Velocidade superficial do gás.

 P = Pressão do sistema.

O gradiente de pressão total permite calcular a pressão de fundo


através da vazão correspondente. Portanto, esses pontos formados pela
pressão e vazão definem a curva TPR.
Para empregar o método de Beggs e Brill é necessário calcular várias
propriedades do fluido, tais como massa específica, velocidade, viscosidade
e tensão superficial. Além das propriedades é importante analisar o tipo de
escoamento da mistura bifásica, a fim de prever o comportamento da
produção de petróleo, que influencia diretamente o cálculo do gradiente de
pressão no poço. Segundo Brill e Mukherjee (1999), os quatro tipos de
padrões de escoamento mais comuns para fluxo vertical bifásico são: bolha,
golfada, transição e anular. A manifestação desses regimes na tubulação
normalmente ocorre na mesma ordem, de forma progressiva, devido ao
crescimento do fluxo de gás.

3 MODELAGEM TERMODINÂMICA

Para este trabalho foi criado um módulo de cálculo utilizando a


linguagem VBA do Excel capaz de determinar a composição das fases do
fluido em cada passo de pressão, ou seja, a fração de líquido e de gás em
posições pré-definidas, a partir da composição inicial do óleo e da
temperatura.

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O embasamento matemático deste módulo de cálculo está
relacionado diretamente com a Equação de Estado Cúbica de Peng-
Robinson (EEC-PR), que retrata qualitativamente as fases líquido e vapor e
também o equilíbrio entre elas. A equação de Peng-Robinson cúbica no fator
de compressibilidade (Z) é descrita como:

𝑍³ + (𝐵 – 1)𝑍² + (𝐴 – 3𝐵² – 2𝐵)𝑍 – (𝐴𝐵 – 𝐵² – 𝐵³) = 0 (7)

Os parâmetros A e B presentes na Equação (7) são determinados


pelas seguintes equações:

𝑎𝑚 𝑃
𝐴= (8)
(𝑅𝑇)2

𝑏𝑚 𝑃
𝐵= (9)
𝑅𝑇

Onde:

 am = Termo de atração presente na regra de mistura de um fluido


de van der Waals.
 bm = Termo que representa o covolume de uma mistura.
 P = Pressão do sistema.
 R = constante universal dos gases.
 T = temperatura do sistema

Como a equação é cúbica, são geradas três raízes, assim pode-se


determinar o menor valor do fator de compressibilidade como sendo
correspondente da fase líquida (𝑍𝑀í𝑛𝑖𝑚𝑜 = 𝑍𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ) e o maior valor do fator
de compressibilidade como o correspondente da fase gás (𝑍𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑜 = 𝑍𝐺á𝑠 ).
Para determinar se as fases líquido e gás estão em equilíbrio, três
condições devem ser respeitadas:

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I. Temperatura na fase líquida igual à temperatura na fase gás
(𝑇𝐿 = 𝑇𝐺 ).
II. Pressão na fase líquida igual à pressão na fase gás (𝑃𝐿 = 𝑃𝐺 ).
III. Fugacidade da espécie i na mistura líquida igual à fugacidade da
espécie i na mistura gasosa (𝑓̂𝑖𝐿 = 𝑓̂𝑖𝐺 ).

A fugacidade da fase analisada pode ser definida através do


coeficiente de fugacidade ():

𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑓𝑎𝑠𝑒
𝑓̂𝑖 = 𝜑̂𝑖 𝑥𝑖 𝑃 (10)

O comportamento de não idealidade das fases é descrito utilizando as


equações de estado através dos coeficientes de fugacidade da fase líquido e
vapor. Este método pode ser aplicado em uma ampla faixa de temperaturas
e pressões, até mesmo nas condições críticas e supercríticas.
A constante de equilíbrio Ki mede a tendência de uma espécie
química estar preferencialmente entre as fases líquido e vapor, e apesar de
não adicionar qualquer conhecimento na termodinâmica do equilíbrio líquido-
vapor, ele serve como medida da “leveza” de uma espécie constituinte, ou
seja, sua propensão a estar na fase vapor. Essa razão é definida como:

𝜑̂𝑖𝐿 𝑦𝑖 𝑓𝑖𝐿
𝐾𝑖 = = (11)
𝜑̂𝑖𝑉 𝑥𝑖 𝑓𝑖𝑉

Na condição de equilíbrio:

𝑦𝑖
𝐾𝑖 = ; 𝑖 = 1, … , 𝑁𝑐 (12)
𝑥𝑖

Uma indispensável aplicação do equilíbrio líquido-vapor é o cálculo


flash (P, T), pois a uma determinada condição de pressão e temperatura, é

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empregado para obter as características das fases, como a fração de vapor
(fv) formada a partir da alimentação, composição molar, densidade, entropia
molar, entalpia molar e capacidade calorífica. Portanto, as Equações (13) e
(14) calculam as frações molares de líquido e gás, respectivamente:

𝑧𝑖
𝑥𝑖 = (13)
1 − 𝑓𝑣 + 𝑓𝑣 𝐾𝑖

𝐾𝑖 𝑧𝑖
𝑦𝑖 = (14)
1 − 𝑓𝑣 + 𝑓𝑣 𝐾𝑖

As somas das frações molares dos componentes na fase líquido e na


fase vapor, assim como a composição global devem ser iguais a 1:

𝑁𝑐 𝑁𝑐 𝑁𝑐

∑ 𝑥𝑖 = 1 ∑ 𝑦𝑖 = 1 ∑ 𝑧𝑖 = 1 (15)
𝑖=1 𝑖=1 𝑖=1

Ao aplicar a diferença entre as Equações (14) e (13) e posteriormente


somar as frações molares de todos os componentes obtém-se uma função
objetivo (FO). Empregar a diferença entre elas resulta em uma solução geral
mais adequada, uma vez que a derivada dessa diferença é sempre negativa
(RACHFORD e RICE, 1952):

𝑁𝑐
𝑧𝑖 (𝐾𝑖 − 1)
𝐹𝑂 = ∑ =0 (16)
1 − 𝑓𝑣 + 𝑓𝑣 𝐾𝑖
𝑖=1
𝑁𝑐
𝑧𝑖 (𝐾𝑖 − 1)²
𝐹𝑂′ (𝑉) = − ∑ =0 (17)
[1 + (𝐾𝑖 − 1)𝑓𝑣 ]²
𝑖=1

O método de Newton-Raphson permite encontrar o valor de 𝑓𝑣 que


satisfaça as condições de equilíbrio. Para isso, um chute inicial é necessário
para começar o processo iterativo. Após certo número de iterações, uma
solução é alcançada. As Equações (16) e (17) são usadas no método de

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Newton-Raphson:

𝐹𝑂
𝑓𝑣 𝑖+1 = 𝑓𝑣 𝑖 − (18)
𝐹𝑂′ (𝑓𝑣 )

No entanto, antes de iniciar um cálculo flash, é importante analisar se


o fluido é monofásico. Essa análise é feita examinando as propriedades a
seguir (WHITSON e MICHELSEN, 1989):

 Para o caso onde existe apenas líquido (𝑓𝑣 = 0):


𝑁𝑐

∑ 𝑧𝑖 𝐾𝑖 − 1 < 0 (19)
𝑖=1

 Para o caso onde existe apenas gás (𝑓𝑣 = 1):


𝑁𝑐
𝑧𝑖 (𝐾𝑖 − 1)
∑ >0 (20)
𝐾𝑖
𝑖=1

Portanto, se as Equações (19) e (20) não forem satisfeitas vapor e


líquido coexistem no equilíbrio.

4 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO

Dados sobre as propriedades das rochas, a exemplo das


propriedades dos fluidos, representam fatores determinantes para o estudo
do desempenho de reservatórios de petróleo e, portanto, recolher e
interpretar estes dados exige uma atenção especial. Assim sendo, as
propriedades do sistema de produção usadas neste trabalho são baseadas
no modelo usado por Palke (1997) e é apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Dados do sistema de produção necessários para iniciar a simulação.

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Fonte: O presente trabalho.

Como relatado previamente, o modelo do fluido escolhido para este


trabalho é o composicional, pois permite lidar com a previsão de
propriedades termodinâmicas de fluidos de petróleo. O fluido de reservatório
analisado é formado pelos seguintes componentes: metano, etano, propano,
n-pentano, n-octano, n-decano e fração C11+.
As propriedades dos componentes que constituem o fluido de
reservatório (peso molecular, massa específica, pressão crítica, temperatura
crítica, fator acêntrico, etc.) foram retiradas de Whitson, 1994.

5 RESULTADOS

Após aplicação dos módulos de cálculos no simulador, que são


responsáveis por realizar todos os procedimentos numéricos, é possível
obter os resultados da simulação que analisa o comportamento do fluido
durante o processo de produção. Como observado na Figura 2, os
resultados obtidos para o reservatório confirmam que no mesmo existe

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apenas óleo, pois a fração de vapor (f v) é nula e o fator de compressibilidade
existe apenas para a fase líquida (Zliq).
A determinação da pressão de bolha também é importante, pois
define a pressão a partir da qual o fluido torna-se bifásico. Assim, para as o
fluido em questão, a pressão de bolha foi igual a 385,4785 psia.

Figura 2 – Informações do fluido em condições de reservatório.

Fonte: O presente trabalho.

A fim de analisar a composição do fluido na cabeça do poço e no


tanque de estocagem, foi retirado do simulador o resultado do cálculo flash
para essas duas condições, como apresentado na Figura 3. É possível
observar que o fluido é bifásico, pois a pressão na cabeça do poço (arbitrada
em 125 psia) e no tanque de estocagem (14,7 psia) são inferiores à pressão
de bolha. Portanto a mistura está na região de duas fases. Além disso, a
fração de vapor é diferente de zero, outra forma de comprovar a existência
de gás na mistura. Os fatores de compressibilidade do líquido (Zliq) e do gás
(Zgas), bem como a fração molar de líquido (x) e gás (y) também são
definidos após a simulação.

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Figura 3 – Informações do fluido na cabeça do poço e no tanque de estocagem.

Fonte: O presente trabalho.

Assim, para cada diminuição de pressão a partir do ponto de bolha, a


fração de vapor (fv) vai aumentando, pois o gás que antes estava dissolvido
no óleo agora começa a se desprender. Outra análise pertinente está
relacionada ao fator de compressibilidade do gás (Zgas) que é nulo em
condições de reservatório, mas que também aumenta para as condições de
menor pressão, como ocorre na cabeça do poço e no tanque de estocagem.
O objetivo principal desta simulação foi obter o ponto de operação, ou
seja, posição onde a pressão do reservatório é igual à pressão necessária
para que o fluido consiga percorrer todo poço até ser produzido. Desta
forma, a Figura (4) apresenta este ponto, que é o local onde as curvas IPR e
TPR se interceptam. Portanto, o valor para a pressão nessa condição é de
2378,63 psia e a vazão de equilíbrio (referente a essa pressão) é igual a
781,78 STB/d.

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Figura 4 – Representação das curvas IPR e TPR.

Fonte: O presente trabalho.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos estudos realizados, conclui-se que o programa


desenvolvido neste trabalho é capaz de realizar cálculos termodinâmicos e
de resolver problemas de equilíbrio líquido-vapor, assim como simular o
escoamento bifásico dentro da coluna de produção. Esses cálculos são
fundamentais, pois a partir deles é possível definir a pressão e a vazão de
produção de óleo. Portanto, este trabalho possibilita fazer uma análise do
sistema de produção, reportando as informações sobre vazão de produção,
pressão de fundo e variação das propriedades do fluido de acordo com a
profundidade na coluna de produção.

7 AGRADECIMENTOS

Marina Ribeiro Bandeira agradece a Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) o apoio financeiro.

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REFERÊNCIAS

BRILL, J.P. MUKHERJEE, H. Multiphase Flow in Wells. Texas: Society of


Petroleum Engineers Inc. 1999.

LI, X. R. A Combined Bottom-Hole Pressure Calculation Procedure Using


Multiphase Correlations and Artificial Neural Networks Models, Thesis
submited to the Faculty and the Board of Trustees of the Colorado School of
Mines in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of
Science (Petroleum Engineering). p.1. USA. 2013.

MARQUES, K. A. Análise Comparativa entre Modelos Simplificados e


Simulação Computacional para Previsão da Produção de Óleo e Gás,
Monografia, Graduação em Engenharia de Petróleo, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p.26, 2016.

McCAIN, W. D. The Properties of Petroleum Fluids, PennWell Books,


Second Edition, 1990. 547p.

MICHELSEN, M. L.; MOLLERUP, J. M. Thermodynamic Models:


Fundamentals & computational aspects. Denmark: Tie-Line Publications,
2007. 382p.

PALKE, M. R. Nonlinear Optimization of Well Production Considering Gas


Lift and Phase Behavior, SPE Journal Paper (37428). USA. 1997.

RACHFORD, H. H., RICE, J. D. Procedure for use of electrical digital


computers in calculating flash vaporization hydrocarbon equilibrium. JPT, nº
19, Trans. AIME, v. 195, p.327-328, 1952.

WHITSON, C. H.; MICHELSEN, M. L. The negative flash. Fluid Phase


Equilibria, v.53, p.51-71, 1989.

WHITSON, C. H. Petroleum Engineering Fluid Properties, Data-Book, Based


in Part on the Original Compilation by M. B. Standing, Norway, p.3, 1994.

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Edição especial - XX ENMC (Encontro Nacional de Modelagem
Computacional) e VIII ECTM (Encontro de Ciência e Tecnologia dos Materiais),
realizado entre 16 e 19 de outubro de 2017 na cidade de Nova Friburgo – RJ.

Editor – Mateus das Neves Gomes

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