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O mito do apocalipse zumbi como alegoria da renovação do mundo

Uma leitura da série televisiva The Walking Dead a partir do realismo grotesco de
Bakhtin

André Filipe Noronha Silva

2018
São Paulo
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Programa de Pós-Graduação em Letras

Fundamentos teóricos do dialogismo para o estudo do discurso literário


Aurora Gendra

Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar que o mito do apocalipse zumbi e dos
mortos-vivos está cada vez mais presente na cultura popular do século XXI por expressar
o anseio pela transformação das forças autoritárias da civilização e por alegorizar a
constante busca por significado de vida do indivíduo contemporâneo. Faz isso analisando
a popular série televisiva The Walking Dead, através da estética bakhtiniana do realismo
grotesco, mostrando como a série está inserida na cosmovisão carnavalesca, superpondo
duas camadas de realidade, a civilizada e a deteriorada a partir da presença do
monstruoso. Também, mostra como o mito do zumbi na série revigora e transforma a
estética do realismo grotesco não a partir do riso, mas do horror, e como esse horror
resguarda a ambivalência positivo-negativa e seu papel regenerador.

Palavras-chave: Bakhtin, carnavalização, realismo grotesco, mortos-vivos

Introdução
As histórias de zumbis são sucesso. Em 2003, o criador Robert Kirkman junto do então
desenhista Tony Moore lançaram uma série em quadrinhos de publicação mensal que até
hoje não para de crescer. The Walking Dead já chegou à 180° edição e venceu o Eisner
Award de melhor série continuada em 2010. Dos quadrinhos, duas séries de televisão e
oito livros já saíram como parte deste universo. Destacamos aqui a série homônima, que
estreou em 2010 pela produtora AMC, com a participação de Robert Kirkman como um
dos criadores. A série, que atualmente já foi renovada para a 9a temporada, recebeu várias
indicações de prêmios, entre eles o Golden Globe Awards. Além do mais, bateu o recorde
do episódio de drama mais assistido da história da televisão com a estreia da quinta
temporada, tendo 17,29 milhões de telespectadores.
Tanto a série em quadrinhos quanto a série televisiva do mesmo nome contam a história
de um grupo de sobreviventes liderado pelo ex-xerife Rick Grimes, e a busca por
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encontrar vida em um mundo que foi devastado por uma epidemia de zumbis. A história
se aproveita da mitologia pós-apocalíptica de mortos-vivos, tal como clássicos como o
filme de 1968 dirigido por George Romero, “A noite dos mortos-vivos”, e faz coro com
várias outras mídias contemporâneas que utilizaram o mito, como os jogos de vídeo game
Resident Evil, lançado em 1996, e que em 2017 lançou sua 7a edição; ou a franquia que
já anunciou sua segunda edição para 2019, “Guerra mundial Z”, protagonizada por Brad
Pitt, baseada em obra literária homônima, escrita por Max Brooks; ou até mesmo o filme
“Eu sou a lenda”, dirigido por Francis Lawrence e estrelado por Will Smitt.
Todo esse sucesso demonstra que as histórias pós-apocalípticas de zumbis encontraram
no século XXI um solo fértil. Queremos demonstrar neste artigo que as narrativas de
zumbis, longe de serem mero entretenimento do gênero horror, expressam o anseio por
transformação, por um novo mundo, por significado, e faz isso revelando o horror da
civilização humana. Pretendemos fazê-lo a partir de uma leitura da série televisiva The
Walking Dead sob a ótica do realismo grotesco conforme elaborado por Bakhtin.

O realismo grotesco e o monstruoso em The Walking Dead


Em “A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François
Rabelais”, o pensador Mikhail Bakhtin se propõe a analisar a obra do escritor francês a
partir de uma estética não burguesa e em ruptura com o princípio de que a expressão
artística é a representação do belo. Assim, o filósofo russo remete-se às festas populares
da Idade Média e do Renascimento para dali tirar uma estética popular própria. É nas
festas carnavalescas onde se encenavam e se viviam as inversões sociais e a zombaria do
mundo que Bakhtin encontra uma estética da arte e da literatura que chamou de “realismo
grotesco”. Para ele,
"O traço marcante do realismo grotesco é o rebaixamento, isto é, a transferência ao
plano material e corporal, o da terra e do corpo na sua indissolúvel unidade, de tudo
que é elevado, espiritual, ideal e abstrato." (BAKHTIN, 1999, p.17).

Para Bakhtin, o realismo grotesco é uma manifestação literária e artística que rebaixa a
realidade, tratando de um modo irreverente tudo o que a sociedade sacraliza e eleva. Esse
rebaixamento ocorre a partir de uma realidade disforme, que distorce as proporções e
mistura os domínios do corpo e da matéria. Essa realidade disforme é a cosmovisão da
carnavalização do mundo, o mundo ao revés, quando o elevado é rebaixado, e o homem
comum é entronizado. Mas esse rebaixamento da cosmovisão carnavalesca possui uma
ambivalência, isto é, tem ao mesmo tempo um valor negativo e positivo. Esse
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rebaixamento, a partir do riso, possui um valor regenerador, de renascimento. Para Discini


(2007, p.57), aliás, “a função regeneradora do rebaixamento grotesco compõe a
cosmovisão carnavalesca”.
Para analisarmos The Walking Dead a partir da estética do realismo grotesco,
precisaremos lidar com um problema imediato - a questão do humor. Para Bakhtin, o
rebaixamento possui sempre um aspecto positivo, de regeneração, dado através do humor.
Conforme Fiorin (2017, p.105), “para ser carnavalesca, é preciso que uma obra seja
marcada pelo riso, que dessacraliza e relativiza as coisas sérias, as verdades estabelecidas,
e que é dirigido aos poderosos, ao que é considerado superior”.
No entanto, o próprio Bakhtin irá reconhecer que, a partir do Romantismo, o realismo
grotesco da Idade Média perderá muitas de suas principais características, restando
apenas alguns “destroços”: “O campo da literatura realista dos três últimos séculos está
praticamente juncado de destroços do realismo grotesco, destroços que às vezes, apesar
disso, são capazes de recuperar sua vitalidade” (BAKHTIN, 1999, p. 21).
Ele irá reconhecer que já a literatura Romântica deixou de lado o aspecto regenerador e
do humor, substituindo-a para algo que chamou de “terrível”:
“A degeneração do princípio romântico que organiza o grotesco, a perda de sua força
regeneradora suscitam novas mudanças que separam mais profundamente o grotesco
da Idade Média e do Renascimento do grotesco romântico. As mudanças mais
notáveis ocorrem com relação ao terrível. O universo do grotesco romântico se
apresenta geralmente como terrível e alheio ao homem. Tudo o que é costumeiro,
banal, habitual, reconhecido por todos, torna-se subitamente insensato, duvidoso,
estranho e hostil ao homem. Tudo o que é costumeiro e tranquilizador revela o seu
aspecto terrível” (BAKHTIN, 1999, p. 34).

Ao distanciar-se do grotesco Medieval e do Renascimento, o grotesco nas obras modernas


se torna monstruoso. Conforme Discini (1999, p. 63), “o grotesco será considerado
monstruoso, se se perder a ambivalência regeneradora, se se perder o tom alegre
comandado pelo riso.”
É assim que veremos o realismo grotesco nas histórias de zumbis, como um realismo
grotesco que perdeu o seu aspecto alegre e risível e tornou-se monstruoso. No entanto,
defenderemos que, embora tendo perdido parte tão essencial, como o riso, ele ainda retém
alguns destroços do realismo capaz de revitalizá-lo. Defenderemos também que, embora
ele tenha perdido o riso, ele ainda mantém seu aspecto regenerador.
Na série The Walking Dead, a carnavalização é instaurada a partir da presença constante
e intensa dos walkers, dos zumbis. Diferente de gêneros de suspense, que buscam causar
o medo e o susto a partir do “monstro escondido”, a partir das “sombras”, o gênero de
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horror, do qual a série faz parte, não poupa o expectador da aparência horripilante de seus
monstros. A deformidade é altamente visível, de modo não a causar medo, mas asco e
nojo. É desta forma revelada, horripilante, nojenta, horrenda, que a série apresentará os
seus monstros.
Da mesma forma, o grotesco é apresentado na deformidade do corpo, e na sua unidade
com aquilo que é material. Esse rebaixamento do que é idealizado por meio da
deformidade corporal é fundamental para compreender o realismo grotesco:
"Não são apenas as paródias no sentido estrito do termo, mas também todas as outras
formas do realismo grotesco que rebaixam, aproximam da terra e corporificam. Essa
é a qualidade essencial desse realismo, que o separa das demais formas "nobres" da
literatura e da arte medieval. O riso popular que organiza todas as formas do realismo
grotesco, foi sempre ligado ao baixo material e corporal. O riso degrada e materializa."
(BAKHTIN, 1999, p. 18).

Vamos conferir como a hibridez corporal e material e como a degradação física são
apresentados na série.
Na FIGURA 1, vemos um dos primeiros zumbis que são mostrados na série, logo depois
que o protagonista Rick acorda de um coma e sai ao mundo totalmente infernal dominado
por walkers. Nos primeiros instantes da série, a câmera foca neste ser disforme, que nem
é morto nem é vivo. O objetivo não é esconder, assustar, causar medo, mas mostrar,
revelar o horripilante corpo disforme, para chocar.

FIGURA 1

A garota da bicicleta, S1E1, fonte: http://walkingdeadbr.com

Os walkers são presença constante na série, e muitas vezes eles revelam o hibridismo
entre o inocente e o horripilante, especialmente com a presença de crianças zumbis,
conforme FIGURA 2 e FIGURA 3.
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FIGURA 2

A menina zumbi - S1E1, fonte: http://walkingdeadbr.com

FIGURA 3

A filha do Governador - S3E5, fonte: http://walkingdeadbr.com

Esse hibridismo também é apresentado quando há mistura entre o corpo e a matéria, como
quando um zumbi está totalmente tomado pela água (FIGURA 4) ou por arbustos
(FIGURA 5).
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FIGURA 4

Zumbi no poço, S2E5, fonte: http://walkingdeadbr.com

FIGURA 5

Zumbi no pântano, S7E16, fonte: http://walkingdeadbr.com

Assim, demonstramos que o rebaixamento por meio do corpo e da matéria é apresentado


por meio dos zumbis, que instauram o universo carnavalesco dentro da narrativa, que
colocam o mundo ao revés. No entanto, por toda a série não são apenas os zumbis que
são apresentados como “mortos-vivos”, e sim todos os personagens da série são, em certo
aspecto, zumbis.
A série apresenta isso de várias formas, como quando os personagens, algumas vezes,
para se camuflarem dos zumbis, mascaram-se a si mesmos com os restos de outros
zumbis, conforme FIGURA 6.
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FIGURA 6

Camuflados de zumbi, S6E8, fonte: http://walkingdeadbr.com

Também, de forma alegórica, para mostrar que os vivos se degradavam tanto quanto os
zumbis, na 4a temporada, os sobreviventes do Rick precisaram lidar com um grupo de
homens que se tornou canibal.
No entanto, o principal modo como a série mostra que todos são zumbis é revelando que
todos os vivos estão infectados com o “vírus zumbi”. No início da série, cria-se que
apenas aqueles que eram mordidos pelos walker é que se tornavam zumbis. Porém, no
decorrer dos episódios, descobre-se que todos se tornam zumbis quando morrem, e que o
único modo de matar de uma vez por todas é atirando na cabeça.
Com isso, queremos mostrar que, na série, todos estão com seus corpos desfigurados -
todos são zumbis.
Quanto à questão do rebaixamento, queremos mostrar que a série zomba de toda a ideia
de civilidade humana. Um zumbi, afinal, é um ser nem morto, nem vivo, que caminha
despido de tudo o que chamamos civilidade, tal como racionalidade, asseio, cordialidade
etc. Um zumbi é a negação de toda a civilidade. E é justamente isso o que irá ocorrer com
os vivos, lidando neste mundo ao revés. No decorrer dos episódios, todas as noções de
civilidade serão dessacralizadas.
A instituição da família, por exemplo, neste novo mundo, é dessacralizada, tendo como
exemplo a própria família do protagonista Rick. Ele é casado com Lori, e com ela tem
um filho chamado Carl. Essa família é a realidade do mundo anterior. Quando o mundo
se inverte, sua esposa, crendo que seu marido esteja morto, o trai com seu melhor amigo,
Shane. Quando Rick reencontra a família, Lori está grávida, e a série deixa em aberto de
quem seria o filho. Quando Lori vai ter o bebê, não tendo um médico perto, pede para
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que seu ventre seja rasgado para que o bebê sobreviva, e assim é feito o parto, e a mãe
morre. Depois, quando vão buscar o corpo de Lori, descobrem que ela mesma foi
devorada por um zumbi.
Outro exemplo de rebaixamento ocorrido logo na primeira temporada é daquilo que
poderíamos chamar de conservadorismo, alegorizado pela figura do Hershel Greene, um
patriarca de uma grande família numa fazenda, onde os sobreviventes liderados por Rick
irão encontrar refúgio. Esse patriarca, agarrado ao passado, mantem em segredo todos os
zumbis que encontra presos em um celeiro, na esperança de um dia revivê-los. Durante a
temporada, todavia, ele vai se dando conta da gravidade do mal, e todos decidem então
por matar todos os zumbis que estavam presos no celeiro. Assim, sua esperança em
reviver o passado é frustrada, afinal, ele cria cultivar vida, mas cultivava morte em seu
celeiro.
A religião também é dessacralizada neste mundo carnavalizado de The Walking Dead, na
figura do padre Gabriel. Esse padre é introduzido na série na 5a temporada, e sua história
vai sendo revelada aos poucos. Ele é um padre atormentado pela culpa, pois, nos
primórdios do apocalipse zumbi, os fiéis foram buscar refúgio na igreja, mas o padre, por
medo, deixou-a trancada, e viu os fiéis sendo mortos por zumbis do lado de fora, se
debatendo, sem salvar ninguém. Assim, a igreja, que deveria salvar, não salva.
A sociedade como um todo também é zombada em vários temas das temporadas. Por
exemplo, na 3a temporada, os sobreviventes encontram segurança dentro de uma prisão,
enquanto os walkers caminham livres do outro lado dessa prisão.
Na 5a temporada, depois de o grupo de sobreviventes já ter passado inúmeros perigos
lutando pela vida, encontram uma comunidade chamada Alexandria que vive
completamente intocada pelo mundo zumbi, como se nada houvesse acontecido. Todos
dentro da comunidade vivem como se não houvesse um mundo lá fora, totalmente
alienados da realidade. A chegada do grupo de sobreviventes choca pelo contraste de
ambos os grupos. Ali, as duas realidades colidem, uma que sabe o que está acontecendo
com o mundo, e outra que está completamente despreparada para lidar com ele.
Enfim, o mundo instaurado pelo apocalipse zumbi superpõe duas camadas semânticas, a
da civilidade, da racionalidade, dos princípios de asseio e de cordialidade, da tradição, da
religião, da sociedade, e o mundo ao revés, quando os vivos se utilizam da máscara zumbi
para revelar-se em sua crueldade, em seu desejo de domínio, em violência, é quando toda
a desfarsatez da civilidade é revelada. Para Bakhtin (1999, p.123), a cosmovisão
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carnavalesca “permite-se que se revelem e expressem – em forma concreto-sensorial – os


aspectos ocultos da natureza humana”.
Mas, embora tendo perdido o seu aspecto do humor, defendemos que as histórias de
zumbi reservam a sua ambivalência negativo-positiva, e possui o seu aspecto regenerador.
As histórias de zumbi, em nossa perspectiva, expressam sobretudo esse anseio pela
transformação, pela busca de significado da vida, mostrando o inconformismo com a
civilização.
Os sobreviventes liderados por Rick estão sempre em transformação. Estão sempre em
busca de algo. São peregrinos, buscando encontrar significado e segurança em meio ao
caos, sempre na esperança da reconstrução. Para Bakhtin (1999, p.22),
“A imagem grotesca caracteriza um fenômeno em estado de transformação, de
metamorfose ainda incompleta, no estágio da morte e do nascimento, do crescimento
e da evolução. A atitude em relação ao tempo, à evolução, é um traço constitutivo
(determinante) indispensável da imagem grotesca. Seu segundo traço indispensável,
que decorre do primeiro, é sua ambivalência: os dois polos da mudança – o antigo e
o novo, o que morre e o que nasce, o princípio e o fim da metamorfose – são
expressados (ou esboçados) em uma ou outra forma.”

Esse mundo em transformação, para além do terror, da violência, também traz significado
e renovação aos personagens. Por exemplo, a personagem Carol, antes do mundo ser
revertido, era uma dona de casa explorada que apanhava do marido. Já no novo mundo,
ela se torna uma mulher corajosa, que toma decisões difíceis e se vê em torno de novos
relacionamentos amorosos. O personagem Daryl, também, era menosprezado pelo irmão
mais velho, mas no grupo de sobreviventes é valorizado e encontra significado. O
personagem Glenn, que era um simples entregador de pizza na realidade anterior, no novo
mundo se torna um grande provedor de alimento para os sobreviventes, encontra uma
esposa e a felicidade.
Todos os personagens estão em transformação. Eles saíram de um mundo estático para
um mundo que ainda precisa ser reconstruído, e esse é o grande anseio que o realismo
grotesco de The Walking Dead explora.

Considerações finais
A série televisiva The Walking Dead, ao apropriar-se da mitologia apocalíptica dos
mortos-vivos, expressa o anseio por uma libertação da força centrípeta da civilização,
instaurando assim um discurso centrífugo, em busca de significado. Faz isso seguindo a
tradição da estética do realismo grotesco da Idade Média e do Renascimento, e ao mesmo
tempo transformando-a, por meio do horror e não do riso, e por meio dele revela sua face
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regeneradora, em que o homem comum sem significado se torna herói de si mesmo,


mesmo em face ao horripilante.
Esse é o motivo porque a mitologia zumbi ainda tem muito a oferecer como expressão
artística em um mundo que está sufocado pelas forças autoritárias que regem a
civilização.

Bibliografia
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Cultura popular na Idade Média e no Renascimento,
A: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec : Brasília: Editora da
Universidade de Brasília, 1999.
DISCINI, Norma. Carnavalização. In: BRAIT, Beth (org). Bakhtin: outros conceitos-
chave. São Paulo: Contexto, 2006. p. 53-93.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Contexto, 2017.

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