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CARACTERÍSTICAS DAS PERSONAGENS EM FREI LUÍS DE SOUSA

Madalena de Vilhena

É uma heroína romântica, vive marcada por conflitos interiores e pelo passado. Os
sentimentos e a sensibilidade sobrepõe-se à razão e é uma mulher em constante sofrimento.
Crê em agoiros, superstições e dias fatais (a sexta-feira). É uma sofredora, tem um amor
intenso e uma preocupação constante com a filha Maria, contudo coloca a cima de tudo a sua
felicidade e amor ao lado de Manuel de Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que o
que sente por Manuel. No final da obra, aceita o convento como solução, mas fá-lo seguindo
Manuel (ele foi? Eu vou)

Manuel de Sousa Coutinho

É o típico herói clássico, dominado pela razão, que se orienta por valores universais, como a
honra, a lealdade, a liberdade; é um patriota, um velho português às direitas, forte, corajoso e
decidido (o incêndio), bom marido, pai terno, não sente ciúmes do passado e não crê em
agoiros. O incêndio e a decisão violenta de o concretizar é um traço romântico.

Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de coragem e


segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento, insegurança e piedosa
mentira no ato III quando teme pela saúde da filha e pela sua condição social.

No final da obra, mostra-se tão decidido como noutros momentos: abandona tudo
(bens, vida, mundo) e refugia-se no convento.

Maria de Noronha

É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil; psicologicamente é muito


forte).

Nobre, de inteligência precoce, é muito culta, intuitiva e perspicaz. Muito curiosa, quer
saber tudo... É uma romântica: é nacionalista, idealista, sonhadora, fantasiosa, patriota, crente
em agoiros e uma sebastianista.

É a vítima inocente de toda a situação e acaba por morrer fisicamente, tocada pela
vergonha de se sentir filha ilegítima (está tuberculosa).
D. João de Portugal

Nobre cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II ato da peça. Contudo, está
sempre presente na memória e palavras de Telmo, na consciência de Madalena, nas palavras
de Manuel e na intuição de Maria.

É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu rei; quando
regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso, representa um destino cruel, é
implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser, também ele, vitima desse
destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de que ele já só faz parte do mundo dos
mortos (é “ninguém”; madalena não o reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado
pois Maria ocupou o seu lugar no coração do velho escudeiro):

D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época gloriosa dos


descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na mão dos
espanhóis / e é a imagem da pátria cativa.

Telmo Pais

É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias nobres, “deu-lhe”
todas as características de um nobre (postura, fala, educação, cultura...).

É o confidente de Madalena e de Maria. Fiel, dedicado, é o elo e ligação entre as duas


famílias (os dois maridos de Madalena), é a chama viva do passado que alimenta os terrores de
Madalena.

É muito critico, cria juízos de valor e é através dele que consciência das personagens
fragmentada que vive num profundo conflito interior pois sente-se dividido entre D. João e
Maria, não sabendo o que fazer.

É um sebastianista e sofre muito pela sua lealdade.

Frei Jorge

Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também confidente de


Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “Terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda
D. João era vivo. É uma figura moderadora, que procura harmonizar o conflito, modera os
sentimentos trágicos. Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma
certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e
desfeita.

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