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Aula 11

Funções essenciais à Justiça


. Devido ao princípio da inércia, o Judiciário não atua de ofício. Dessa
forma, são necessárias entidades que movimentem a Justiça, são as chamadas
“funções essenciais à Justiça”: MP, Defensoria, Advocacia Pública e Advocacia
Privada. Essas entidades NÃO integram o Judiciário, mas são essenciais a este.

Ministério Público
. Ministério deriva de manus, que significa mão, mão do Rei. No século
XVIII foi conhecido como parquet, pois sentavam os seus representantes no
assoalho da sala de audiência, para não serem confundidos com o magistrado.
. É instituição autônoma e independente.
. Finalidades do MP: defesa da ordem jurídica, regime democrático,
interesses sociais e individuais indisponíveis.
. MP abrange MPU e os MPEs. MPU abrange MPF, MPT, MPM e MPDFT.
. O MP Eleitoral não tem estrutura própria, é composto por membros dos
MPEs e do MPF.
. Lei de organização do MPU é de iniciativa concorrente do PR e do PGR.
Por simetria, nos estados é concorrente do governador e do PGJ.
. Dispõe-se, ainda, que lei ordinária federal pode dispor sobre organização
dos MPEs e MPDFT.
. Apesar de não haver hierarquia entre MPU e MPEs, conflito de atribuições
entre os dois (ou entre MPEs) será resolvido pelo PGR, pois este seria como um
representante nacional do MP (posição do STF).
. Princípios do MP: unidade (cada MP deve ser considerado como se fosse
um único órgão/instituição), indivisibilidade (membros do MP não são vinculados
aos processos e podem ser substituídos, pois a atuação do membro representa
todo o MP), independência funcional (pode ser externa, em relação a órgãos/entes
do Estado, ou interna, relativo às convicções pessoais dos membros do MP).
. Devido á independência funcional, a hierarquia entre membros do MP é
meramente administrativa, não pode o PGR, p. ex., obrigar que um membro do
MPF atue de um modo ou de outro. Dessa forma, o princípio da independência
funciona limita o da indivisibilidade, pois exige regras preestabelecidas para
substituição.
. O princípio do promotor natural é implícito no ordenamento (5°, LIII, CF),
conforme independência funcional e garantia de inamovibilidade, e reconhecido
pela jurisprudência (STF). Tal princípio não viola o da indivisibilidade: o promotor
pode ser substituído, desde que de acordo com as regras preestabelecidas de
substituição.

Autonomias
. A autonomia funcional, administrativa e orçamentário-financeira
asseguram o autogoverno do MP.
A autonomia administrativa se dá na sua competência privativa de propor
ao Legislativo a criação/extinção de seus cargos e serviços auxiliares, além da
iniciativa concorrente (com o Chefe do Executivo) do PGR / PGJ propor projeto de
LC sobre organização/atribuições/estatuto de cada MP.
. Autonomia orçamentário-financeira é elaborada pelo MP e encaminhado
ao Executivo, conforme limites estabelecidos na LDO.

Funções institucionais
. MP assume papel de custos societatis (guardião da sociedade) e custos
legis (guardião da lei).
. As funções estão no 129, mas trata-se de rol não-exaustivo.
129: (I) promover, privativamente, a AP pública, (II) zelar pelo efetivo
respeito dos Poderes Públicos, (III) promover inquérito e ação civil pública, (IV)
promover ação de inconstitucionalidade par afins de intervenção da União e dos
Estados, (V) defender juridicamente os interesses das populações indígenas, (VI)
expedir notificações de procedimentos administrativos de sua competência, (VII)
exercer o controle externo da atividade policial, (VIII) requisitar diligências
investigatórias e a instauração de IP, (IX) exercer outras funções que lhe forem
conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade.

Ingresso na carreira
. Se dá mediante concurso público de provas e títulos, assegurada
participação da OAB em sua realização, exigindo-se bacharel em Direito e no
mínimo 3 anos de atividade jurídica.

Garantias funcionais
. São próprias de seus membros, não devem ser vistas como privilégios,
mas prerrogativas.
. São 3: vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade do subsídio.
. Vitaliciedade: não pode o membro perder o cargo senão por sentença
judicial transitada em julgado. É adquirida após dois anos de efetivo exercício no
cargo.
. Inamovibilidade: não pode o membro do MP ser movido de ofício, salvo
por motivo de interesse público, por decisão de órgão colegiado competente do
MP (voto de maioria absoluta de seus membros), assegurada ampla defesa. O
CNMP tem competência para determinar remoção de membro do MP, mas, neste
caso, trata-se de verdadeira sanção administrativa, que não viola a
inamovibilidade.
. Irredutibilidade: visa proteger o MP contra ingerências políticas. É uma
irredutibilidade nominal (e não real), i.e., não leva em consideração a inflação.

Vedações aos membros do MP


. Visam garantir imparcialidade do membro do MP.
. Vedações: (a) receber honorários/percentagens/custas processuais, (b)
exercer advocacia, (c) participar de sociedade comercial, na forma da lei, (d)
exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma
de magistério, (e) exercer atividade político-partidária, (f) receber
auxílios/contribuições de pessoas físicas/jurídicas, salvo exceções em lei.
. Sobre garantias e vedações, os ADCT estabelecem que membros do MPU
admitidos antes da CF/88 poderiam optar por ficar no regime de garantias anterior,
isto é, podem exercer advocacia.

Chefia MPU
. PGR, nomeado pelo PR, dos integrantes de carreira maiores de 35 anos,
após aprovação de maioria absoluta dos membros do Senado Federal (votação
secreta), para mandato de dois anos, permitida a recondução (não há limite no
número de reconduções, mas sempre precisa de nova aprovação pelo Senado).
. O PGR pode advir de qualquer ramo do MPU.
. Pode ser destituído pelo PR, desde que autorizado pelo Senado em
maioria absoluta.

PGJ
. São nomeados pelo Chefe do Executivo estadual em uma lista tríplice
(não há participação do Poder Legislativo na escolha). Porém, na destituição há,
sim, participação do Legislativo por maioria absoluta.
. Mandato de 2 anos, permitida UMA recondução.
. Em caso de vacância e nomeação de novo PGJ, este não cumpre o
restante do mandato anterior, mas sim os 2 anos integrais.

PGT e PGJM
. Nomeado pelo PGR.
. 35 anos de idade, 5 de carreira, lista tríplice (por voto plurinominal,
facultativo e secreto, pelo Colégio de procuradores).
. Mandato de 2 anos. Permitida uma recondução.
. Exoneração: proposta ao PGR pelo Conselho Superior, mediante
deliberação de 2/3 de seus integrantes.

Chefe do Ministério Público Eleitoral


. É o próprio PGR.

Ministério Público junto às cortes de contas


. O MP junto ao TCU não integra o MP, mas a própria estrutura orgânica do
TCU, pois os órgãos que compõem o MPU são taxativos (128, I, CF). Assim,
membro do MPU não pode atuar no MP junto ao TCU. O mesmo acontece com os
MPEs e os respectivos tribunais de contas estaduais.
. Assim, os MPs que atuam junto às cortes de contas atuam somente para
esta finalidade, por isso são “especiais”. Tanto que a lei que regulamenta a
estrutura do MP das cortes de contas é de iniciativa do próprio TCU.

Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)


. É órgão de controle interno do MP em todo o território nacional.
. Controla a atuação administrativa, financeira e o cumprimento dos deveres
funcionais de seus membros.
. Composto por 14 membros, nomeados pelo PR e aprovada escolha por
maioria absoluta do Senado. Mandato de dois anos, permitida uma recondução.
Não há idade mínima ou máxima para nomeação.
. São os membros: PGR, 4 membros do MPU, 3 dos MPEs, 2 juízes (1
indicado pelo STF, outro pelo STJ), 2 advogados (indicados pela OAB), 2
cidadãos de notório saber (indicados pela Câmara e Senado). Nota: todos eles
são nomeados pelo PR, após aprovação do Senado.
. O PGR é presidente do CNMP.
. CNMP deve escolher (entre os membros do MP que integram o
Conselho), em votação secreta, um Corregedor nacional, vedada sua recondução.
Atribuições: receber reclamações/denúncias, exercer funções executivas do
Conselho (de inspeção e correição geral), requisitar membros do MP, delegando-
lhes atribuições, e requisitar servidores do MP.
. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do MP.
. Presidente do Conselho Federal da OAB oficia junto ao CNMP, mas não é
membro.
. Observação: MPU e MPEs possuem competência disciplinar e correcional.
Porém, o CNMP pode avocar (“chamar”) os processos e aplicar sanções
administrativas.
. O CNMP pode rever, de ofício, processos disciplinares julgados há menos
de um ano.
. Membros do CNMP são processados e julgados, nos crimes de
responsabilidade, pelo Senado Federal.

Advocacia Pública
. Integrando o Poder Executivo 1 , é responsável pela defesa jurídica dos
entes federativos. No âmbito federal, é a AGU que atua. Nos Estados, são as
Procuradorias estaduais. Embora não haja previsão constitucional, Municípios
também criaram suas procuradorias.
. Não confundir: Promotores e Procuradores da República são membros do
MPU. Procuradores Estaduais, Procuradores Federais, Advogados da União e
Procuradores da Fazenda Nacional exercem a função de advogados públicos.
. Segundo a CF, a AGU representa a União, judicial e extrajudicialmente.
Tal representação, por decorrer de lei, dispensa a juntada de instrumento de
mandato. Isso não impede, no entanto, que o Estado constitua mandatário ad
judicia para causas específicas.
. Além disso, uma segunda função da AGU é a consultoria e
assessoramento jurídico do Poder Executivo, conforme LC.
. Advogado-Geral da União é escolhido por livre nomeação do PR entre
cidadãos maiores de 35, notável saber jurídico e reputação ilibada.
. Procuradores dos Estados e DF entram na carreira por provas e títulos
(participação da OAB no processo), sendo assegurada estabilidade após 3 anos
de efetivo exercício.

1 Por isso, não há autonomia administrativa.


Defensoria Pública
. Instituição que visa dar efetividade ao art. 5°, LXXIV, da CF, “o Estado
prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência
de recursos”.
. A competência para legislar sobre assistência jurídica é corrente da União,
Estados e DF. União estabelece normas gerais; os demais, normas concorrentes.
. Essa defesa aos necessitados pode se dar por meio de defesa e
orientação jurídica, judicial ou extra judicialmente.

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