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Temas do Trauma 1

Hemoderivados
Reposição Volêmica administração de soluções de cristaloide e produtos do
sangue, afim de reestabelecer o volume intravascular
Reposição volêmica inicial perdido. Entretanto, se a pressão arterial do paciente
crescer rapidamente antes da hemorragia ser
A quantidade de fluido e sangue a serem utilizados em
completamente controlada, mais sangramento pode
uma ressuscitação é de difícil previsão na avaliação
ocorrer. Por essa razão, a administração excessiva de
inicial do paciente. Deve-se, inicialmente, administrar
solução de cristaloide pode ser prejudicial
bolsas de fluido isotônico aquecido. A dose usual é de 1
litro para adultos e 20 ml/kg para pacientes pediátricos Reposição volêmica e evitar hipotensão são princípios
com menos de 40 quilos. importantes no manejo inicial de pacientes com trauma
contundente, particularmente aqueles com lesão
A quantidade absoluta utilizada de fluido para
traumática cerebral. Nos traumas penetrantes com
reanimação deve se basear na resposta do paciente à
hemorragia, deve-se postergar reposições volêmicas
administração do fluido, sempre lembrando que a
agressivas antes que o controle da hemorragia seja
aplicação de fluido inicial inclui qualquer fluido dado ao
atingido, prevenindo mais sangramentos; deve-se ter
paciente no atendimento pré-hospitalar.
um cuidado especial, através de uma abordagem
Deve-se avaliar a resposta do paciente ao fluido de equilibrada e reavaliações frequentes
ressuscitação e identificar evidencias de adequada
Colocar na balança os objetivos de garantir a perfusão
perfusão de oxigênio aos órgãos e tecidos. Observar a
de oxigênio nos tecidos e órgãos, evitando
resposta do paciente a essa reposição inicial é
sangramentos adicionais, através da manutenção de
necessária para determinar as decisões diagnósticas e
uma pressão arterial menor que a normal, foi nomeada
terapêuticas seguintes.
com “reanimação controlada”, ressuscitação
A infusão persistente de grandes quantidades de equilibrada”, “ressuscitação hipotensiva” e “hipotensão
fluidos e sangue na tentativa de se atingir uma pressão permissível”. Essa estratégia de reanimação pode ser
arterial normal não substitui o controle definitivo da uma conexão, mas não um substituto, do tratamento
hemorragia. cirúrgico definitivo para o sangramento

O objetivo da ressuscitação é restaurar a perfusão de Uma reposição precoce com sangue e seus produtos
oxigênio dos órgãos e tecidos, o que é possível com a deve ser considerada em pacientes com evidências de
hemorragias classe III e IV. A administração precoce dos

Figura 1 Resumo das diretrizes para estabelecimento da quantidade de fluido ou sangue requeridos durante um processo de ressuscitação. Se a
quantidade de fluido necessário para reestabelecer ou manter adequada perfusão de oxigênio nos órgãos e tecidos ultrapassar essas estimativas,
cuidadosamente deve-se reavaliar a situação e buscar por danos desconhecidos e outras causas para o choque.
Temas do Trauma 2
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produtos do sangue em pacientes com baixa quantidade para controlar a hemorragia. Déficit de base e/ou dos
de hemácias no plasma e plaquetas, pode prevenir o valores de lactato pode ser útil na determinação da
desenvolvimento de coagulopatias e trombocitopenia presença de choque, bem como de sua severidade,
posteriormente, a mensuração desses parâmetros pode
Avaliando a resposta do paciente a reposição ser utilizada para monitoramento da resposta à terapia.
volêmica com fluidos Não se deve usar bicarbonato de sódio no tratamento
Os mesmos sinais e sintomas que indicam inadequada de acidose metabólica causada por choque
perfusão, usados para o diagnóstico de choque, ajudam hipovolêmico
na determinação da resposta do paciente a terapia Padrões de resposta do paciente
volêmica. O retorno aos níveis normais de pressão
arterial, tensão dos pulsos, e frequência dos pulsos são A resposta inicial a reposição volêmica é a chave para
sinais de que a perfusão está retornando ao normal, determinar a terapia subsequente. Tendo determinado
contudo, essas observações não dão informações sobre um diagnóstico preliminar e um plano de tratamento
a perfusão de oxigênio de órgãos e tecidos. Melhora no baseado na avaliação inicial, o clínico modifica a conduta
status do volume intravascular é uma importante baseada na resposta do paciente. Observando a
evidência de uma evolução da perfusão, mas difícil de se resposta à reanimação inicial pode identificar pacientes
quantificar. que a perda sanguínea foi maior do que a estimada e
aqueles com sangramento contínuo que necessitam de
O volume excretado de urina é um indicador um controle cirúrgico da hemorragia interna
razoavelmente sensível da perfusão renal; volumes de
urina normais geralmente implicam perfusão adequada Os possíveis padrões de respostas para administração
de sangue nos rins, caso não esteja modificada por uma inicial do fluido podem ser divididos em 3 grupos:
lesão renal de base, marcada pela hiperglicemia ou pela resposta rápida, resposta transiente, e resposta
administração de agentes diuréticos. Devido a isso, a pequena ou ausente.
excreção urinária é um dos principais indicadores da
Resposta rápida. Pacientes desse grupo respondem
reanimação e da resposta ao paciente
rapidamente a reposição volêmica inicial e se tornam
Com certos limites, a excreção urinária é usada para hemodinamicamente estáveis, sem sinais de
monitoramento do fluxo renal. Uma reposição inadequada perfusão tecidual e oxigenação. Uma vez
adequada durante o processo de ressuscitação deve que isso ocorra, os clínicos podem diminuir a
produzir uma excreção urinária de aproximadamente administração de fluidos para níveis menores. Esses
0,5 ml/kg/hr em adultos, em pacientes urinários, 1 pacientes comumente têm perdas menores que 15% do
ml/kg/hr é adequado. Para crianças menores que 1 ano, volume de sangue (hemorragia classe I), e não é mais
2 ml/kg/h deve ser mantido. A incapacidade de se obter indicado administração imediata de sangue. Entretanto,
uma excreção urinária nesses níveis, ou uma diminuição a tipagem e a compatibilidade sanguínea deve continuar
da excreção renal com um aumento da densidade sendo avaliada. Durante a avaliação inicial bem como
sugerem reanimação inadequada. Essas situações os tratamentos, é indispensável a avaliação cirúrgica,
devem estimular uma reposição futura e continuação da visto que pode ser necessária intervenção operatória.
investigação da causa diagnóstica.
Resposta transiente. Pacientes nesse segundo grupo
Pacientes em choque hipovolêmico precoce tem respondem para a reposição volêmica inicial.
alcalose respiratória por taquipneia, o que é Entretanto, alguns doentes, à medida que se reduz a
frequentemente acompanhado por uma simples velocidade de infusão para níveis de manutenção,
acidose metabólica, que provavelmente não necessita mostram deterioração da perfusão periférica, indicando
de tratamento. Contudo, acidose metabólica severa sangramento persistente ou reanimação inadequada. A
pode se desenvolver por longos períodos ou choques maioria desses doentes tiveram perda inicial estimada
severos. Acidose metabólica é comumente causada pelo de 15 a 40% de volume sanguíneo (classe II e III).
metabolismo anaeróbio, como resultado de uma Transfusões sanguíneas de sangue e seus produtos são
perfusão inadequada nos tecidos e produção de ácido indicadas, mas mais importante é o reconhecimento da
lático. Acidose persistente geralmente é causada por necessidade de intervenção cirúrgica ou controle da
uma ressuscitação inadequada ou perda contínua de hemorragia por angiografia. A resposta transiente a
sangue. Em pacientes chocados, deve-se tratar a administração de sangue identifica pacientes que
acidose metabólica com fluidos, sangue, e intervenções continuam sangrando e necessitam de intervenção
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cirúrgica rápida. Além disso, deve-se considerar iniciar o
protocolo de transfusão massiva (MTP)

Resposta mínima ou ausente. A falta de resposta na


infusão de cristaloides ou sangue indica a necessidade
de intervenção definitiva imediata (i.e., cirurgia ou
angioembolização) para controlar uma hemorragia
exsanguinante. Em ocasiões essenciais, a falha na
resposta a ressuscitação volêmica pode ser devida à
insuficiência da bomba, resultante de traumatismo
cardíaco contuso, de tamponamento cardíaco ou de
pneumotórax hipertensivo. Os possíveis diagnósticos de
choque não hemorrágico devem sempre ser lembrados
nesse grupo de doentes. A monitoração da pressão
venosa central ou a ecogardiografia de emergência
ajudam a diferenciar entre as várias etiologias do
choque.

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