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LIÇÕES DE
DIREITO
ADMINISTRATIVO
JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE
Edição
Email: imprensa@uc.pt
URL: http://www.uc.pt/imprensa_uc
Coordenação editorial
ISBN: 978-989-26-1488-5
eISBN: 978-989-26-1489-2
DOI: https://doi.org/10.14195/978-989-26-1489-2
LIÇÕES DE
DIREITO
ADMINISTRATIVO
JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE
INTRODUÇÃO AO DIREITO
ADMINISTRATIVO
Bibliografia
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Por fim, conclui-se que, nas áreas vinculadas, em que não haja concessão
legal de poderes discricionários, os órgãos administrativos podem e devem
concretizar a lei, colmatar as eventuais lacunas, resolver as dúvidas de apli-
cação ou adequar as normas às circunstâncias dos casos concretos – “autho-
rity-made law” –, estando essa actuação administrativa sujeita a um reexame
ou controlo total por parte do juiz.
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4. As Administrações Autónomas
Por outro lado, a lei admite ainda a participação dos municípios em coope-
rativas, associações e fundações de direito privado, desde que estas prossigam
fins de reconhecido interesse público local e se contenham dentro das atri-
buições do município (artigos 57.º e ss da Lei n.º 50/2012, de 31 de Agosto).
Artigo 4.º
1 — As associações públicas profissionais são pessoas colectivas de di-
reito público e estão sujeitas a um regime de direito público no desem-
penho das suas atribuições.
2 — Em tudo o que não estiver regulado nesta lei e na respectiva lei de
criação, bem como nos seus estatutos, são subsidiariamente aplicáveis
às associações públicas profissionais:
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Contudo, são cada vez mais frequentes, como vimos antes, as entidades
privadas que estão sujeitas a regimes especiais de direito público:
Todas estas entidades estão sujeitas a regimes de direito privado, mas para
certos efeitos, é-lhes aplicável regime dos entes públicos.
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3. O Procedimento administrativo
Bibliografia:
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decisão administrativa, que serve para defesa dos interesses dos particulares
envolvidos, mas também para o bom andamento da função administrativa.
É, em princípio, aplicável a todos os procedimentos, sem prejuízo daqueles
casos em que a lei permite a respectiva dispensa administrativa pelo órgão
instrutor, por razões de urgência, inadequação, impraticabilidade, inutilidade
ou superfluidade (artigo 124.º).
NOTA
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8.2.5.2. Apesar disso, a solução adoptada pelo CCP suscita ainda algumas
críticas.
Em primeiro lugar, a declaração judicial de nulidade do acto pré-contratual
não deveria acarretar automaticamente a nulidade do contrato: a comuni-
cação da nulidade do acto ao contrato só deveria ter lugar relativamente aos
vícios de conteúdo que fossem comuns ao acto e ao contrato (situações que,
em rigor, não consubstanciam “invalidades derivadas”, mas “invalidades
comuns”, que também são próprias do contrato, ainda que não exclusivas
dele) – note-se que a lei geral já permite a irrelevância do vício causador de
nulidade do acto administrativo, quando a destruição dos efeitos de facto
produzidos se revele contrária aos princípios da proporcionalidade, da pro-
tecção da confiança ou da boa fé, designadamente associados ao decurso do
tempo (artigo 162.º, n.º 3 do CPA).
Em segundo lugar, a nulidade exclusiva do acto pré-contratual, sobretudo
se resultar de vício formal ou de procedimento, deveria ter o mesmo regime
da anulação, originando, em regra, a anulabilidade do contrato, com todas as
ressalvas de aproveitamento estabelecidas no n.º 4 do artigo 283.º – solução
que permitiria conciliar a defesa eficaz dos direitos de terceiros interessados,
que podem impugnar o contrato no prazo de seis meses do conhecimento
do vício, com a protecção da estabilidade dos contratos celebrados, cuja ma-
nutenção pode ser de imperioso interesse público ou justa da perspectiva da
confiança do co-contratante privado digna de protecção jurídica.
8.3.2. Embora a lei não faça esta distinção, há invalidades que são exclusivas
do contrato e invalidades que são comuns à adjudicação anterior.
As invalidades comuns à adjudicação anterior resultam, designadamente,
de vícios substanciais que já se verificavam na decisão adjudicatória ou nos
documentos contratuais, mas que se repetem no clausulado do contrato (por
exemplo, prazo ilegal da concessão, cláusulas discriminatórias) – ao con-
trário das invalidades derivadas propriamente ditas, que são exclusivas do
procedimento adjudicatório, os vícios comuns operam ainda que o acto de
adjudicação se tenha entretanto consolidado (designadamente, pelo decurso
do respectivo prazo de impugnação) e são susceptíveis de conhecimento pelos
tribunais arbitrais (ao contrário das invalidades de actos pré-contratuais –
cfr. artigo 180.º. n.º 1, alínea a), do CPTA).
As invalidades exclusivas do contrato abrangem, além de eventuais vícios
ocorridos ou decorrentes do procedimento contratual após a adjudicação
(por exemplo, na negociação e aprovação da minuta do contrato), os demais
vícios estruturais específicos do contrato, destacando-se, entre os vícios de
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8.3.5. Em crítica à solução legal, parece que não se teve na devida conta
a diferença estatutária entre os contraentes públicos e os co-contratantes
privados, que implica diferenças de regime jurídico, designadamente quanto
aos vícios da vontade. Tal como não se conferiu abertura para uma aplicação
diferenciada das regras próprias do direito civil e do direito administrativo,
devidamente adaptadas, nos contratos que não incidem sobre o exercício
dos poderes públicos, consoante a predominância, respectivamente, dos
elementos (paritários) de negócio ou dos elementos (de autoridade) de acto
administrativo.
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