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INTRODUÇÃO

Muito se fala sobre a necessidade de uma empresa seguir as normas


regulamentadoras (ou NRs), pois elas são obrigatórias e exige uma fiscalização severa
com aplicação de multas. Todas as atividades profissionais que possam imprimir algum
tipo de risco físico para o trabalhador devem ser cumpridas com o auxílio de EPIs –
Equipamentos de Proteção Individual e EPC – Equipamento de Proteção Coletiva,
todo esses equipamentos são empregado em prol da diminuição dos agentes de risco que
são substâncias que quando expostas no limite de tolerância podem causar danos à saúde
do trabalhador. Nesse trabalho iremos conduzir um melhor entendimento sobre o que rege
as determinações legais no âmbito do Calor, Umidade e Vibração, trazendo o máximo
possível do assunto para a esfera da mineração.

1. CALOR E UMIDADE
1.1.Calor

MINA SUBTERRÂNEA

Um dos problemas de minas subterrâneas se refere ao conforto termocorporal. A literatura


aponta mais de 23 fontes de calor em subsolo, destacando-se o fluxo geotérmico, motores
a combustão, o uso de explosivos, a rede de iluminação, a oxidação de certos tipos de
minérios, a infiltração de águas termais, movimentação do maciço, a rede de ar
comprimido e a presença de grade número de trabalhadores em certos tipos de lavra – são
algumas das fontes de calor características de uma lavra em subsolo. Sabe-se que, a partir
de uma determinada faixa de temperatura, o rendimento do trabalhador é reduzido de
forma drástica, chegando a doenças ou acidentes.

Tabela xx - Queda do rendimento (R) com a temperatura do ar (T) em trabalhos pesados


de perfuração, com perfuradores experientes, aclimatados, trabalhando 3 horas
consecutivas nas frentes de trabalho (ESTON, 2005).

T(ºC) R(%)
28.9 100
32.8 75
35.5 50
36.4 30
37 25
MINA A CEU ABERTO

Em mina a céu muito das vezes o trabalhador está expostos a elevadas temperaturas,
principalmente quando tratado de climas típicos como os estados da região norte e
Nordeste Brasileira.

Nesse contexto, inevitável pensar: o trabalho ao ar livre pode ser considerado insalubre?

A Constituição Federal assume um compromisso de reduzir os riscos inerentes ao


trabalho com normas de saúde, segurança e higiene (art. 7º, inciso XXII), as NRs. A NR-
6 e a CLT preveem que o empregador tem obrigação legal de fornecer EPIs que protejam
os trabalhadores dos riscos aos quais seu trabalho os expõem.

Figura 1 Trabalhadores de mina de carvão em um poço aberto


FONTE: https://br.depositphotos.com/154246586/stock-photo-coal-mining-workers.html

A NR-21 é específica a respeito de trabalho ao ar livre, ou trabalho a céu aberto e abre


possibilidades para o adicional de insalubridade, estabelecendo a prevenção com medidas
especiais contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos
inconvenientes.

O anexo 7 da NR-15 considera agentes não-ionizantes como os ultravioletas insalubres,


podendo ocasionar catarata, câncer e outras doenças de pele e oculares. Também se
considera que o trabalho ao ar livre torna o organismo menos resistente a infecções.
Mas o Tribunal Superior do Trabalho (TST) não vê o trabalho ao ar livre ou a céu
aberto necessariamente como insalubre. Segundo eles, está previsto na NR-15 que
o trabalho ao ar livre não garante o adicional de insalubridade, pois a prova técnica
variaria de acordo com o dia, a hora e as condições climáticas vividas pelo profissional.
Dessa forma, segundo o TST, embora os raios solares possam contribuir com doenças
pelo aumento do calor, o trabalho a eles exposto não gera adicional de periculosidade
(Precedente nº 173 da SDI/TST).

Portanto, o adicional de insalubridade não pode ser concedido ao profissional de trabalho


ao ar livre por conta de raios solares. Por outro lado, não os raios solares, mas a submissão
excessiva ao calor em ambientes externos e com carga solar pode ser considerado
um agente nocivo ao profissional de trabalho ao ar livre, segundo o anexo 3 da NR-15.
Ele prevê que o calor pode prejudicar a saúde do trabalhador ao ar livre, podendo até
mesmo levar à morte e causando:

MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO E CORREÇÃO

 Identificar os factores de risco  Doenças recentes e/ou crónicas, como


relacionados com o trabalho doenças cardiovasculares,
 Temperatura ambiente elevada; respiratórias, metabólicas e
 Pouca circulação de ar ou circulação de neuropsiquiátricas;
ar muito quente;  Consumo de alguns medicamentos;
 Calor libertado por máquinas, por  Desconhecimento do perigo que
produtos ou por procedimentos de podem representar o calor e a radiação
trabalho; UV;
 Utilização de produtos químicos,  Dificuldade de adaptação ao calor;
particularmente solventes e tintas;  Má condição física;
 Tarefas que exijam grande esforço  Falta de descanso;
físico;  Utilização de vestuário muito apertado
 Insuficientes pausas de recuperação; e muito quente;
 Vestuário de trabalho inadequado e  Consumo de água insuficiente;
que impeça a evaporação do suor;  Consumo excessivo de alimentos ricos
 Identificar os factores de risco em gorduras, de álcool ou de tabaco;
relacionados com o trabalhador
 Evitar, quando possível, a realização  Prever a possibilidade da redução do
de trabalhos no exterior, quando as ritmo de trabalho no caso de se
temperaturas se encontrem mais verificarem temperaturas elevadas;
elevadas, e a exposição directa ao sol,  Organizar pausas suplementares nas
especialmente no período entre as 11 e horas de maior calor.
as 17 horas;  Disponibilizar água potável aos
 Garantir que a organização do trabalho trabalhadores - pelo menos 3 litros de
permite que o trabalhador se adapte ao água por dia e por trabalhador.
ritmo de trabalho de acordo com a sua
tolerância ao calor;
MEDIDAS INDIVIDUAIS PREVENTIVAS

Garantir a divulgação, por parte do departamento de saúde ocupacional da empresa, de


informação sobre os riscos relacionados com o calor, as formas de os prevenir, os sinais
e sintomas associados a temperaturas elevadas e as medidas a serem tomadas no caso de
se verificar sintomatologia associada ao excesso de calor.

Figura 2 La mina, temperatura constate y… algo más


FONTE: https://www.efeverde.com/blog/el-forzado-de-almaden/la-mina-temperatura-constate-y-algo-
mas/

Vestuário

Usar peças de vestuário leves, de preferência de algodão e de cor clara, uma vez que estas
reflectem o calor e a luz solar e ajudam o corpo a manter as temperaturas normais.
Diversas

Sempre que o trabalho seja efectuado no exterior, deve-se preconizar a utilização de


protectores solares (com índice >30) e haver a preocupação de proteger a cabeça (boné,
capacete) e os olhos (se possível, óculos de sol com protecção contra radiação UVA e
UVB);

Sinais de alerta

 Os primeiros sinais de um golpe de  As ações a desenvolver incluem:


calor incluem:  Transportar a pessoa para a sombra ou
 Modificação do comportamento para dentro de um compartimento fresco
habitual; e aliviar-lhe o excesso de roupa;
 Grande fraqueza e/ou fadiga;  Fazer o máximo de arejamento possível;
 Tonturas, vertigens, perturbações  Pulverizar o corpo com água fresca;
da consciência, convulsões;  Dar água se a pessoa estiver consciente;
 Náuseas, vómitos, diarreia;  Contatar um médico;
 Cãibras musculares;  Contatar o serviço Saúde ou o número
 Temperatura corporal elevada; de emergência.
 Sede e dores de cabeça.

1.2. UMIDADE:

As atividades onde tem umidade excessiva produzem diversos danos à saúde do


trabalhador, são situações insalubres e sem os cuidados necessários podem ocorrer
doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre
outras.

Prevenção coletiva: Estudo de modificações no processo do trabalho; Colocação de


estrados de madeira; Ralos para escoamento.

Prevenção individual: Fornecimento de EPIs como Luvas de borracha, Botas, Avental


para trabalhadores em Galvanoplastia, Pintura, Limpeza, etc.

O problema do conforto térmico em subsolo não só envolve as fontes de calor


como também deve ser analisado em termos das condições psicrométricas, ou seja, da
umidade e da velocidade do ar nas galerias e realces, além da compressão adiabática nos
poços de influxo de ar.

NR 15 – Atividades e Operações Insalubres – Anexo N.º 10 As atividades ou


operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva,
capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em
decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.

Figura 3 Topografia Subterrânea: a engenharia que se revela sob nossos pés


FONTE: http://geoeduc.com/blog/topografia-subterranea/

MEDIDAS PREVENTIVAS

 Avaliação: O primeiro passo para prevenção é sempre o reconhecimento do risco.


A avaliação do risco depende das necessidades do ambiente.
 EPC – Equipamento de Proteção Coletiva: Barreiras de contenção ou proteção
podem ser criadas para evitar que o trabalhador tenha contato com a umidade.
 Administrativas: Em alguns locais o excesso de umidade é fruto da falta de luz
solar e arejamento do ambiente. Em ambientes assim, a simples ação de prover
formas de proporcionar a entrada de luz solar e circulação de ar no ambiente pode
ser a solução. Em ambientes onde não for possível prover iluminação solar e
circulação de ar natural, a colocação de exaustores e ar condicionado pode
resolver o problema.
 EPI – Equipamento de Proteção Individual: O uso de EPI para evitar contato
direto com a umidade é muito pode ser muito eficiente se os EPI forem escolhidos
com critério. Luvas de PVC, botas, aventais de PVC, roupas de PVC são ótimos
exemplos de EPI usados para limitar o contato com umidade.

MEDIDAS CORRETIVAS

Controlar e regular as temperaturas no subsolo, bem como a extração de umidade


e contaminantes do ar são processos essenciais que permitem que os mineiros trabalhem
em segurança e pode ajudar a melhorar a produtividade de forma significativa.

Alta umidade também reduz os níveis de produtividade dos trabalhadores. Por


isso, encontrar soluções que possam ventilar vapores, bem como desumidificar e
refrigerar, é uma consideração fundamental.

2. VIBRAÇÕES

Máquinas e equipamentos produzem vibrações, que podem ser prejudiciais ao


trabalhador. As vibrações podem ser:

 Localizadas (em certas partes do corpo): São provocadas por ferramentas


manuais, elétricas e pneumáticas. Podem provocar alterações neurovasculares nas mãos,
problemas nas articulações das mãos e braços e ainda osteoporose (perda de substância
óssea).
 Generalizadas (ou do corpo inteiro): As lesões ocorrem com os operadores de
grandes máquinas, como os motoristas de caminhões, ônibus e tratores. E causam lesões
na coluna vertebral e dores lombares.

Trabalhadores expostos à vibração devem ser monitorados. Após a análise é preciso


tomar medidas para reduzir ou eliminar a exposição dos trabalhadores à vibração; seja de
mãos e braços ou de corpo inteiro.

É sabido que este tipo de exposição é passível de pagamento de insalubridade. Deste


modo, é melhor investir na eliminação das causas do que ficar pagando a insalubridade e
ainda correndo risco de perder funcionários com lesões graves.

As atividades que envolvem o uso de explosivos devem ser controladas, não só com
relação ao desmonte de estruturas (rocha e outros materiais), mas também quanto a danos
estruturais em edificações próximas (casas, edificações históricas, etc.) e outros impactos
ambientais como vibração, propagação de ruídos, ultralançamentos e sobrepressão
atmosférica. Tais atividades são regidas por normas técnicas que sugerem parâmetros de
medição e limites definidos na avaliação de prováveis danos.

Figura 4 Monitoramento de vibrações e ruídos


http://www.valmonengenharia.com.br/nossos-servicos/monitoramento-de-vibracoes-e-ruidos/

2.1. MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS DE RISCOS


 Outros métodos de trabalho que permitam reduzir a exposição a vibrações mecânicas;
 Escolha do equipamento apropriado concebido em conformidade com os princípios de
ergonomia e de produção, tendo em conta o trabalho a ser feito, produzindo o mínimo
de vibrações possível;
 Fornecimento de equipamento que reduz o risco de lesões causadas por vibrações, por
exemplo assentos que efetivamente reduzam a vibração de corpo inteiro.
 Programas adequados de manutenção do equipamento de trabalho, do local de trabalho
e sistemas de trabalhos;
 A concepção e disposição dos locais e de trabalho (layout);
 Informar e treinar os trabalhadores para que usem corretamente e com segurança os
equipamentos de trabalho para minimizar a exposição a vibrações mecânicas;
 Limitação da duração e intensidade da exposição;
 Adequar os horários de trabalho com períodos de repouso adequados;
Estabelecer um programa de redução e controle de riscos de vibração de corpo inteiro
dividida nas seguintes fases principais:

REFERENCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9653. Guia


para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas
urbanas. Norma de Procedimento.1986. São Paulo (SP).

JUCHA, Carlos . Elimine os Riscos Ocupacionais na Indústria Metalúrgica, Disponível em:


https://www.linkedin.com/pulse/elimine-os-riscos-ocupacionais-na-ind%C3%BAstria-carlos-
de-campos-jucha Acesso em 17 de novembro de 2018.

NETO, Nestor . Segunrança do Trabalho Risco Ocupacional – Umidade Disponível em:


<https://segurancadotrabalhonwn.com/risco-ocupacional-umidade/> Acesso em 16 de
novembro de 2018.

BERNARDO, P. A. M.. Impactes Ambientais do Uso de Explosivos na Escavação de Rochas, com


Ênfase nas Vibrações. Tese para obtenção do grau de Doutor em Engenharia de Minas. Instituto
Superior Técnico de Lisboa. 2004.

CLUBENGEFAZ, O potencial do monitoramento da vibração na indústria de Mineração


Disponível em: https://engefaz.com/blog/analise-de-vibracao/213-o-potencial-do-
monitoramento-da-vibracao-na-industria-de-mineracao. Acesso em 17 de novembro de 2018.

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