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Engenharia/Engineering 55

AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS PRÁTICOS E CEMA DE PROJETO DE CORREIA


TRANSPORTADORA

SANTOS, A.D1 ;OLIVEIRA T. D.2

1
Doutorando em Engenharia Química, Faculdade de Engenharia Química - FEQ da Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia (MG), e-mail: dyrneq@yahoo.com.br.
2
Professor aposentado, Faculdade de Engenharia Química - FEQ da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia
(MG),e-mail: : tostes@ufu.br.

RESUMO: Para o projeto de correias transportadoras, são comumente empregados dois métodos: Método Prático e
Método CEMA (Conveyor Equipment Manufacture Association). O Método Prático, mais simplificado, aplica-se a
transportadores simples e de pequena capacidade. Neste, calcula-se primeiramente a potência necessária para o transporte
e, a partir desta, as tensões na correia. O método CEMA, mais sofisticado, é aplicável a transportadores de vários lances,
curtos ou longos, onde calcula-se inicialmente as tensões em cada lance da correia, e, após isto, calcula-se a potência de
acionamento. Com isto, um dos objetivos do presente trabalho foi a criação de um programa computacional, o qual realiza
o projeto de correias transportadoras através dos métodos Prático e CEMA. Por meio deste programa, foram realizadas
simulações para os materiais: feldspato e minério de ferro e diferentes configurações de correias transportadoras. Como
dados de saída do programa, tem-se as seguintes especificações de projeto: largura da correia, distância do material à borda
da correia, capacidade mássica, velocidade da correia e potência do motor. Tanto o Método Prático quanto o Método
CEMA se mostraram de suma importância para o projeto de correias transportadoras, sendo o primeiro de grande valia na
estimativa inicial de um projeto, enquanto o outro, apesar da maior complexidade, é o mais recomendado para o projeto
final de correias transportadoras.

PALAVRAS CHAVE: Correia Transportadora. Método CEMA. Método prático.

EVALUATION OF PRACTICAL AND CEMA METHODS OF


BELT CONVEYOR’S DESIGN
ABSTRACT: There are two main methods used for designing belt conveyors: Practical and CEMA (Conveyor Equipment
Manufacture Association). The Practical Method is applicable for systems which convey materials at low to moderate
capacities over medium distances. This method first determines the power needed for the drive and finally the stress
distribution along the belt conveyor. On the other hand, the CEMA Method, considered more accurate than the Practical
Method, first determines the stress distribution before the determination of the power needed for the drive. Higher capacity
can be handled by this method and it is applicable to more complex systems. In this work, the two methods cited above
were implemented in a computer program which was used to carry out a comparison study taking into account the
materials: feldspato and iron ore and different belt conveyor configurations. Both methods have proven to be very useful
for designing belt conveyors. The Practical method is suitable for the initial design estimate while the CEMA method is
the most recommended for the final design.

KEY WORDS: Belt Conveyor. CEMA Method. Practical Method.

INTRODUÇÃO atrito, possibilitando a movimentação de cargas pesadas,


com baixo consumo de energia.
As correias transportadoras detêm uma posição O sistema possui alguns fatores limitantes como a
dominante no transporte de materiais devido às suas velocidade do transporte e a inclinação da correia. A
inerentes vantagens como: economia e segurança de velocidade da correia depende do material a ser
operação, confiabilidade, versatilidade e enorme gama de transportado e a inclinação da correia pode ser usada,
capacidades. Em adição, as correias transportadoras são segundo alguns autores, entre 12° e 15° em relação ao
utilizadas em numerosos processos, em conexão com seu plano horizontal. Recentemente, a conformidade com os
propósito normal de providenciar um fluxo contínuo de requerimento ambientais incentivou a seleção de correias
materiais entre operações. O sistema é basicamente transportadoras sobre outros meios de transporte.
formado por uma correia sem fim, a qual é estendida entre Utilizadas nos mais diversos segmentos de
dois tambores (motriz e de retorno) e sua estrutura é mercado, as correias transportadoras possuem
construída com perfis laminados de aço carbono e roletes características técnicas que permitem sua aplicação em
justapostos, sobre os quais a correia desliza, com baixo sistemas de transporte e elevação de materiais de pequeno,
médio e grande porte, dependendo de sua adequada

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configuração. No setor minero-metalúrgico observa-se que A capacidade (Q) de um transportador é função da


a utilização de correias transportadoras tem sido a solução área de sua seção transversal, da velocidade da correia (V)
adequada no transporte de matérias-primas, reduzindo a e do peso específico do material. A área da secção
quantidade de caminhões e o custo deste tipo de serviço transversal é a soma das áreas da seção trapeizodal com a
(ZHANG e XIA, 2011; FERDORKO et al., 2013) do segmento circular, e função da largura da correia, do
Para acompanhar este ritmo, as empresas produtoras número de rolos e de sua inclinação nos roletes ( β ) e do
têm investido no sistema de transporte para aumentar suas ângulo de acomodação do material na correia ( α ). O
vendas e atender ao mercado. Com base neste contexto,
ângulo de acomodação é uma característica do material em
são de suma importância métodos, cada vez mais precisos,
movimento na correia sendo, aproximadamente, de 10° a
para o projeto de correias transportadoras. Um mau projeto
15° menor que o seu ângulo de repouso, ocorrendo devido
destes equipamentos pode causar dentre outros danos, o
à tendência de nivelamento do material causada pela
acúmulo de sujeiras nas suas lonas que podem se espalhar
trepidação da correia nos roletes. A TAB. 1, abaixo, nos
ao longo do transportador, acumulando-se em roletes de
fornece as capacidades volumétricas de um transportador
retorno e entradas de “shoot” de descarga. Tudo isso
horizontal a uma velocidade de 1,0 m/s, considerando uma
provoca acidentes e travamentos da correia e uma parada
distância padrão do material à borda da correia.
imprevista para manutenção acarreta prejuízos na linha de
Após a obtenção da capacidade volumétrica
produção (ANDRIANOV; HORSSEN, 2008).
tabelada (CTab), deve-se realizar, através de fatores de
Do exposto acima, o presente trabalho teve como
correção, o cálculo da capacidade volumétrica desejada a
objetivos: implementar as equações de projeto de correias
uma determinada velocidade (V) e a uma determinada
transportadoras, utilizando-se para tal dois métodos de
inclinação do transportador (Equação 1).
projeto, os quais são denominados por: Método Prático e
Método CEMA (Conveyor Equipment Manufacture
Association); otimizar o processo de projeto realizando, C = CTabVK (1)
dessa forma, a implementação das equações extraídas da
literatura em um programa computacional, utilizando-se o sendo: C, CTab, V e K, a capacidade volumétrica real, a
software Silab (software livre) versão 4.1.2; comparar, do capacidade volumétrica tabelada, a velocidade desejada do
ponto de vista prático, os dois métodos de projeto de transportador e o fator de correção da capacidade de um
correias transportadoras. transportador (TAB. 2), respectivamente.
A velocidade da correia (V) é função das
MATERIAL E MÉTODOS características do material a ser transportado e da largura
da correia (B). As velocidades recomendadas são
Serão apresentados neste capitulo os métodos de referencias para uso geral e não são absolutas. Quando
projeto de correias transportadoras os quais foram houver limitações de espaço ou capacidade, as velocidades
empregados no presente trabalho, ou seja, o Método indicadas na TAB. 3 podem ser acrescidas em 25% ou
Prático e o Método CEMA, assim como uma breve mais em alguns casos.
apresentação do software Scilab 4.1.2 utilizado para a Contudo, em condições normais, é recomendado
implementação das equações de projeto dos métodos prever uma largura de correia compatível com as
citados anteriormente. velocidades tabeladas. Para material seco e fino, uma
Alguns parâmetros importantes de entrada no velocidade elevada pode causar muita poeira. Para material
projeto de correias transportadoras são os mesmos para os pesado de grande granulometria ou com partículas
dois métodos, pois dependem, basicamente, somente das pontiagudas, uma velocidade elevada pode causar muito
características dos materiais a serem transportados. desgaste nas calhas de descarga.

Tabela - Capacidades volumétricas de um transportador horizontal a uma velocidade de 1,0m/s


C tab (m3/h) a 1,0 m/s
Rolos α Largura da correia (in)
16 20 42 60 84
10° ... ... 384 812 1631
3 rolos e 20° ... 455 961 1929
β = 35° ...
30° ... ... 530 1118 2242
10° ... ... 430 909 1822
3 rolos e 20° ... 492 1038 2079
β = 45° ...
30° ... ... 556 1173 2349
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 2 - Fator de Correção da Capacidade volumétrica real

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λ 0° 6° 10° 14° 18° 21° 23°


K 1 0,98 0,95 0,91 0,85 0,78 0,73
Fonte: FAÇO, 1981
Tabela 3 - Velocidade máxima recomendada (m/s)
Carvão, terra,
Cereais e outros materiais Minérios e pedras
Largura da Correia minérios desagregados,
de escoamento fácil não duras, pontiagudos
(in) pedra britada fina pouco
abrasivos pesados e muito abrasivos
abrasiva
16 2,5 1,6 1,6
20 3,0 2,0 1,8
24 3,0 2,5 2,3
30 3,6 3,0 2,8
36 4,1 3,3 3,0
42 4,1 3,6 3,0
48 4,6 3,6 3,3
54 5,1 3,6 3,3
60 5,1 3,6 3,3
66 ... 4,1 3,8
Fonte: FAÇO, 1981

A seleção da largura da correia é determinada


simultaneamente pela capacidade volumétrica desejada (já aumentando a tensão da correia com a instalação de
calculada no item anterior) e pela porcentagem de tamanho tensores e aumentando o contrapeso. Uma boa prática é
máximo do material (granulometria). Com estes dois limitar a flecha a não mais que 2% da distância entre
dados, obtém-se, através da TAB. 4, a largura da correia roletes. O valor desta flecha, entre dois roletes, é calculado
(B), necessária para tal serviço. pela Equação 2 abaixo.
O espaçamento entre os roletes, tanto de carga
quanto de retorno, depende da largura da correia e das (Wm + Wb )a 2
características do material a ser transportado, tal como f = (2)
peso específico (TAB. 5). 8T0
O espaçamento indicado ficará restrito à flecha que
ocorre entre dois roletes sucessivos. Uma flecha excessiva Sendo f, Wm, Wb, a e T0 a flecha da correia (m), o peso
aumenta o desgaste na correia, devido à maior trepidação linear do material transportado (kgf/m), o peso linear da
do material no transportador à medida que passa sobre ou correia (kgf/m), o espaçamento dos roletes de carga (m) e a
entre os roletes. Além disso, exige mais força para tensão para garantir uma flecha mínima da correia entre os
movimentar a correia. A flecha em qualquer ponto da roletes (kgf), respectivamente.
correia varia com o espaçamento entre os roletes, a tensão Existem, também, além do calculado, os valores
da correia naquele ponto e o peso por metro linear na recomendados para porcentagens de flecha da correia que
correia carregada. Pode-se reduzir a flecha das seguintes dependem da granulometria do material e da inclinação
formas: diminuindo o espaçamento entre roletes, dos roletes (TAB. 6).

Tabela 4 - Largura da Correia em função da granulometria


Tamanho Máximo do Material
α = 10° α = 20°
Largura da Correia (in) 90% pedaços e 90% pedaços
100% pedaços 100% pedaços
10% finos 10% finos
in in in in
16 8 5,3 5,3 3,2
20 10 6,3 6,3 4
24 12 8 8 4,8
30 15 10 10 6
36 18 12 12 7,2
42 21 14 14 8,4
48 24 16 16 9,6
54 27 18 18 10,8

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60 30 20 20 12
72 36 24 24 14,4
Fonte: FAÇO, 1981
Tabela 5 - Espaçamento dos Roletes de Carga e de Retorno
Espaçamento dos roletes de carga (m) Espaçamento dos roletes de
Largura da Correia
Peso específico do material (ton/h) retorno (m)
(in)
0,8 1,6 2,4
16 1,5 1,5 1,35
20 1,5 1,2 1,2
24 1,35 1,2 1,2
30 1,35 1,2 1,2
3,0
36 1,35 1,2 1,05
42 1,35 1,0 0,9
54 1,2 1,0 0,9
60 1,2 1,0 0,9
72 1,2 0,9 0,9 2,5
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 6 - Valores recomendados para a flecha na correia


Material
Inclinação dos roletes
Todo fino 50% pedaços de tamanho máximo 100% pedaços de tamanho máximo
20° 3% 3% 3%
35° 3% 2% 2%
45° 3% 2% 1,5%
Fonte: FAÇO, 1981.

O acionamento da correia é feito por um único


tambor (acionamento simples) ou por dois tambores
(acionamento duplo). Normalmente usa-se o acionamento Sendo NE, V, NV , N G , Q, N1 e N h a potência total
simples, que é constituído por um motor elétrico que,
através de um redutor, movimenta o tambor de efetiva (hp) , a velocidade de projeto (m/s), a potência para
acionamento. O acionamento duplo é usado nos acionar o transportador vazio a uma velocidade de 1,0 m/s
transportadores de tensões elevadas, sendo constituído por (hp), a potência para vencer o atrito das guias laterais à
dois tambores movidos por dois conjuntos de acionamento velocidade de 1,0 m/s, a capacidade de carga (ton/h), a
simples independentes. Em ambos os casos pode-se usar potência para deslocar 100 ton/h de material de uma
ou não tambores de abraçamento, o que aumenta o arco de distância (L) na horizontal (hp) e a potência para elevar ou
contato entre a correia e o tambor de acionamento. descer 100 ton/h de material de certa altura (hp),
A potência de um transportador é composta de respectivamente.
quatro grandes parcelas: a necessária para vencer as forças Com a potência efetiva (NE), pode-se obter a tensão
de inércia dos roletes, tambores e correia, isto é, para efetiva na correia (Te), que é a força tangencial que
movimentar o transportador vazio; a necessária para o movimenta a correia (Equação 4).
deslocamento horizontal do material; a necessária para o
deslocamento vertical do material, existente nos 75 N E
Te = (4)
transportadores em aclive ou declive; a necessária para V
vencer o atrito de acessórios, tais como raspadores,
limpadores, guias laterais; a necessária para acelerar o Sendo Te, NE e V a tensão efetiva (kgf), a potência efetiva
material, etc. (hp) e a velocidade de projeto (m/s).
Desta forma serão apresentados, a seguir, os dois
métodos para o cálculo da potência, sendo os mesmos: Os parâmetros Nh, Nv, N1, e NG, utilizados na
Método Prático e Método CEMA. Equação 3, são extraídos das TAB. 7, 8, 9 e 10,
O método Prático, mais simplificado, aplica-se a respectivamente.
transportadores simples, de até 100 m de comprimento e O método CEMA, mais sofisticado, é aplicável a
pequena capacidade. Nele, calcula-se primeiro a potência transportadores de vários lances, curtos ou longos, onde
necessária para o transporte, a partir de tabelas e gráficos, calcula-se inicialmente as tensões em cada lance da correia
e, a partir desta, as tensões na correia. através de fórmulas, e, após isto, calcula-se a potência do
A potência efetiva necessária para o transporte do acionamento. É um processo mais demorado, porém mais
material é calculada pela equação abaixo (Equação 3). rigoroso. A tensão efetiva é calculada a partir da Equação
5. (3.3)
V
NE = ( N V + N G ) + (Q / 100)( N1 ± N h ) (3)
1 Te = L( K X + K Y Wb + 0,015Wb ) ± HWm + Ta

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(5)
Ta = Fg + Ft + Ftc + Ftm + Fd + F1 + Fa (7)
Sendo Te, L, KX, KY, Wb, H, Wm e Ta a tensão efetiva na
correia (kgf), o comprimento do transportador (m), a
resistência à rotação dos roletes e ao deslizamento da Cujos parâmetros são calculados da seguinte forma:
correia sobre os mesmos (Kgf/m), o fator relativo às
resistências à flexão da correia e do material sobre os Parâmetro Fg – é a força necessária para vencer o atrito do
roletes (-), o peso linear da correia (kgf/m), a altura de material com as guias laterais (Equação 8).
elevação ou descida do material na correia, sendo positivo
para subida e negativo para descida (m), o peso linear do Fg = 0,01488CS Lg B 2 + 8,92 Lg (8)
material na correia (kgf/m) e a tensão para vencer o atrito
dos acessórios e para acelerar o material (kgf), respectiva.
Obtida a tensão efetiva (Te) determina-se a potência Sendo Lg, B e CS o comprimento das guias laterais, a
efetiva necessária para o transporte do material, pela largura da correia e o fator devido ao atrito do material
Equação 6. com as guias (TAB. 11), respectivamente.
TeV Parâmetro Ft – é a força necessária para flexionar a
Ne = (6)
75 correia nos tambores (TAB. 12).
Parâmetro Ftc – é a força necessária para movimentar
Sendo Ne, V e Te a potência efetiva (hp), a velocidade da
trippers acionados pela própria correia (TAB. 13).
correia (m/s) e a tensão efetiva (kgf), respectivamente.
A tensão para vencer o atrito dos acessórios e
acelerar o material á a soma das parcelas indicadas abaixo
(Equação 7).

Tabela 7 - Potência Nh (hp)


Altura (m) 2 5 10 15 20 25 30
Nh (hp) 0,8 1,9 3,7 5,6 7,4 9,3 11,1
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 8 - Potência NV (hp)


Comprimento do Transportador (m)
Largura da correia (in)
10 15 20 25 50 80 110
16 0,37 0,47 0,54 0,61 0,9 1,2 1,53
20 0,45 0,55 0,64 0,72 1,09 1,42 1,8
24 0,57 0,7 0,83 0,91 1,33 1,8 2,19
30 0,69 0,81 0,97 1,1 1,66 2,19 2,71
36 0,75 0,94 1,08 1,23 1,8 2,45 3,03
42 0,85 1,01 1,22 1,39 2,04 2,76 3,38
48 1,02 1,2 1,32 1,64 2,4 3,23 4
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 9 - Potência N1 (hp)


Comprimmento na horizontal (m) 10 20 30 40 70 90
Nh (hp) 0,5 0,74 0,95 1,1 1,5 1,75
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 10 - Potência NG (hp)


Comprimmento das Guias (m) 5 10 20 30 40 60
Nh (hp) 0,6 1,26 2,52 3,84 5,28 8,1
Fonte: FAÇO, 1981

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Tabela 11 - Fator CS para alguns materiais


Material CS
Açúcar Granulado (seco) 0,0349
Alumina Pulverizada (seca) 0,1210
Amido, pequenos pedaços. 0,0623
Areia seca de aterro 0,1378
Argila, finos pedaços de cerâmica. 0,0924
Aveia 0,0219
Bauxita, resíduos 0,1881
Bórax 0,0734
Cal hidratada 0,0490
Cal queimada 0,1166
Calcário em pedra, pulverizado (seco). 0,1280
Rocha fosfática, britada, seca. 0,1086
Minério de ferro 0,2760
Cimento Portland 0,2120
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 12 - Valores do Parâmetro Ft


Posição do tambor Ângulo de abraçamento Valor de Ft (kgf) para cada tambor
Lado tenso 150° - 240° 22,7
Lado frouxo 150° - 240° 18,1
Outros tambores ... 13,6
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 13 - Valores do Parâmetro Ftc


Largura da Correia (in) 16 30 42 54 60 72
Ftc (kgf) 22,7 63,4 72,5 81,5 86,1 95,3
Fonte: FAÇO, 1981

Trippers são conjuntos móveis usados em vezes a largura da correia (B) em polegadas (in), para cada
transportadores, para descarregamento de material em raspador ou limpador.
qualquer ponto intermediário do mesmo e são geralmente
instalados sobre trilhos. Usados em casos onde os pontos Parâmetro Fa – força necessária para acelerar o material
de descarga do material transportado estão separados e o (Equação 3.9).
movimento entre estes pontos se torna necessário, ou em
casos onde a descarga do material deve ser feita Q(V 2 − VC2 )
continuamente ao longo do transportador. Fa = (9)
36V
Parâmetro Ftm – é a força necessária para movimentar os
tambores de trippers com motorização própria sendo, seu Sendo Q, V e VC a capacidade de carga, a velocidade da
valor, de 22,7 kg/tambor. correia e a componente da velocidade do material na
direção do deslocamento da correia, respectivamente.
Parâmetro Fd – é a força necessária para vencer o atrito Para o cálculo de KX (Equação 11), resistência à
dos desviadores (TAB. 14). rotação dos roletes e ao deslizamento da correia sobre os
mesmos, utilizado na Equação 5, deve-se, primeiro,
Parâmetro F1 – é a força necessária para vencer o atrito determinar o peso linear da correia (TAB. 15) assim como
dos raspadores e limpadores, sendo seu valor de, 1,15 o peso linear do material (Equação 10).
Tabela 14 - Valores do Parâmetro Fd
Quantidade de Material
Fd (kg) para cada desviador
Desviado
100% 0,55B
50% 0,36B
Fonte: FAÇO, 1981

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Tabela 15 - Valores médios para peso linear da correia Wb (kg/m)


Peso Específico do Material (ton/m3)
Largura da Correia (in)
0,57 – 1,41 0,86 – 2,45 2,47 – 3,80
18 5,2 6,0 6,7
24 6,7 8,2 9,0
36 13,4 15,0 17,86
48 20,8 22,3 25,3
54 23,8 25,3 28,3
60 26,8 29,8 32,7
84 37,2 44,6 49,1
96 44,6 52,1 56,6
Fonte: FAÇO, 1981

Os valores acima devem ser considerados como X


primeira aproximação sendo que, após conhecida a correia, K X = 0,00068(Wm + Wb) + (11)
a
seu peso deverá ser recalculado.

Q Sendo K X , Wm , Wb , X e a o fator de resistência


Wm = 0,277 (10)
(Kgf/m), o peso linear do material (Kgf/m), o peso da
V
correia (Kgf/m), o coeficiente função dos diâmetros do
Sendo: Wm, Q e V o peso linear do material (kgf/m), a eixo e do rolo dos roletes (TAB. 16) e o espaçamento entre
capacidade do transportador (ton/h) e a velocidade da os roletes de carga (m), respectivo.
correia (m/s), respectivamente. Finalmente, o último parâmetro necessário ao
cálculo do método CEMA, ou seja, KY, fator relativo às
Logo: resistências à flexão da correia e do material sobre os
roletes, pode ser extraído da TAB. 17 resumida abaixo.
Tabela 16 - Valores dos coeficientes X
X Diâmetro dos rolos (m) Série dos rolos
1,5 0,15 CEMA C6, D6
1,8 0,13 CEMA B5,C5,D5
2,3 0,10 CEMA B4, C4
2,4 0,18 CEMA E7
2,8 0,15 CEMA E6
Fonte: FAÇO, 1981

Tabela 17 – Valores do parâmetro KY


Ângulo de inclinação (°)
Comprimento do Transportador L (m) Wb+Wm (kgf/m)
0 2 5 14
30 0,035 0,035 0,031 0,031
74,4 0,035 0,034 0,032 0,028
111,6 0,035 0,034 0,032 0,027
149 0,035 0,033 0,031 0,026
76 223,2 0,035 0,035 0,033 0,025
297,6 0,035 0,035 0,035 0,024
372 0,035 0,035 0,035 0,021
446,4 0,035 0,035 0,035 0,019
30 0,035 0,031 0,029 0,029
74,4 0,032 0,029 0,026 0,021
111,6 0,031 0,029 0,024 0,016
149 0,031 0,028 0,022 0,016
244
223,2 0,034 0,028 0,019 0,016
297,6 0,035 0,027 0,016 0,016
372 0,035 0,026 0,017 0,016
446,4 0,035 0,025 0,018 0,018
74 0,029 0,026 0,022 0,016

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111,6 0,028 0,024 0,019 0,016


427 149 0,028 0,023 0,016 0,016
223,2 0,029 0,02 0,016 0,016

O Scilab possui recursos similares àqueles


existentes no MATLAB® e outros ambientes para cálculo Configuração 2:
científico. A base eletrônica do projeto Scilab encontra-se
em http://www.scilab.org, nesse endereço pode-se O material a ser transportado foi minério de ferro de
encontrar atualizações relativas ao Scilab, informações, tamanho máximo de 10 in contendo 100% de pedaços cujo
documentação e um conjunto de endereços relativos à peso específico do material foi de 2600 kg/m3. O ângulo de
utilização do Scilab em várias áreas de conhecimento. acomodação foi de 20° contendo 3 roletes iguais com os
(OLIVEIRA LOPES, 2004). laterais inclinados de 45°. A velocidade de projeto foi de
85% do valor máximo calculado. Foram utilizados duas
RESULTADOS E DISCUSSÃO guias laterais de 25 m intercaladas. A distância a ser
percorrida na horizontal foi de 120 m contendo um aclive
Foram projetadas, através do método Prático e do na vertical de 18 m. A capacidade de projeto foi de 92% da
método CEMA, correias transportadoras utilizando-se duas capacidade calculada. A eficiência do motor foi de 80%. A
configurações diferentes denominadas de: Configuração 1 seguinte classe de roletes foi utilizada: Roletes Classe E6
e Configuração 2. Todas as características destas contendo um espaçamento de 1,1 m. Um esticador de
configurações são detalhadas abaixo sendo que, para o gravidade foi utilizado. O tambor foi revestido com
método Prático, alguns dos itens que serão citados não borracha. Quanto às características da correia, tem-se:
foram utilizados, ao contrário do método CEMA, pois os correia não regenerativa, percentagem de flecha entre os
mesmos não foram necessários para os cálculos. roletes de 3% e guias laterais e tambores de acionamento
utilizados como acessórios.
Configuração 1: Os valores da largura da correia (B), velocidade de
projeto da correia (V), capacidade mássica de projeto (Q) e
O material a ser transportado foi feldspato de distância do material à borda da correia (Dm) dependem
tamanho máximo de 8 in contendo 90% de pedaços e 10% somente das características dos materiais a serem
de finos cujo peso específico do material foi de 1800 transportados, logo, independe do método de projeto
kg/m3. O ângulo de acomodação foi de 20° contendo 3 utilizado. Para a configuração 1 os valores calculados
roletes iguais com os laterais inclinados de 35°. A foram de 0,61 m, 1,84 m/s, 108,91 kg/s e 0,06 m,
velocidade de projeto foi de 80% do valor máximo respectivamente. Já para a configuração 2 estes valores
calculado. Foram utilizados duas guias laterais de 30 m foram de 1,28 m, 2,81 m/s, 1294,8 kg/s e 0,09 m,
intercaladas. A distância a ser percorrida na horizontal foi respectivamente.
de 90 m contendo um aclive na vertical de 12 m. A Os resultados dos projetos utilizando-se as
capacidade de projeto foi de 90% da capacidade calculada. configurações 1 e 2 foram dispostos nas TAB. 18 e 19
A eficiência do motor foi de 85%. A seguinte classe de respectivamente, sendo que, para o método CEMA, como
roletes foi utilizada: Roletes Classe E6 contendo um explanado anteriormente, no intuito de avaliar, também, a
espaçamento de 1,1 m. Um esticador de gravidade foi influência dos acessórios, foi dividido em três categorias
utilizado. O tambor foi revestido com borracha. Quanto às tais como: Método CEMA com duplo acionamento,
características da correia, tem-se: correia não regenerativa, Método CEMA com simples acionamento e sem tambor de
percentagem de flecha entre os roletes de 3% e guias abraçamento e Método CEMA com simples acionamento e
laterais e tambores de acionamento utilizados como com tambor de abraçamento.
acessórios.

Tabela 18 – Resultado do projeto de correias transportadoras utilizando-se a Configuração 1.


Categoria Potência do motor (hp)
Método Prático
50,4
Método CEMA com Duplo Acionamento
43,5
Método CEMA com Simples
Acionamento e sem tambor de Abraçamento 40,4

Método CEMA com Simples


43,0
Acionamento e com tambor de Abraçamento

FAZU em Revista, Uberaba, n.9, p. 55-63, 2012


Engenharia/Engineering 63

Tabela 19 - Resultado do projeto de correias transportadoras utilizando-se a Configuração 2.


Categoria Potência do motor (hp)
Método Prático
570,2
Método CEMA com Duplo Acionamento
463,5
Método CEMA com Simples
Acionamento e sem tambor de Abraçamento 458,3

Método CEMA com Simples


462,4
Acionamento e com tambor de Abraçamento

Os valores de potência calculados para a ANDRIANOV, I. V.; HORSSEN, W. T. On the transversal


configuração 1, a qual utilizou como material a ser vibrations of a conveyor belt: applicability of simplified
transportado, feldspato cujo peso específico é de 1800 models. Journal of Sound and Vibration, [S.l.], v. 313, p.
Kg/m3, levando em consideração a divisão das categorias 822–829, 2008.
feitas para o método CEMA acima, foram respectivamente ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
43,5 hp, 40,4 hp e 43,0 hp. Para o método Prático o valor TÉCNICAS. NBR 6177: Transportadores contínuos,
foi de 50,4 hp. Já para a configuração 2, a qual utilizou transportadores de correia e terminologia.Rio de Janeiro,
minério de ferro cujo peso específico é de 2600 Kg/m3, 1998.
levando em consideração a divisão das categorias feitas BELT tension, power, and drive engineering. 5. ed. United
para o método CEMA acima, os valores de potência foram States: Cema Belt Book, [200-?]. 112 p.
respectivamente 463,5 hp, 458,3 hp e 462,4 hp. Para o COELHO CRUZ, D. Desgaste por abrasão de poliuretano
método Prático o valor foi de 570,2 hp. Observou-se, a utilizado na indústria minero – metalúrgica. Ouro Preto:
partir dos resultados que, tanto em relação à configuração UFOP, 2006. 72 p.
1 quanto à configurações 2, o método Prático, quando MANUAL de transportadores contínuos. 2. ed. São Paulo:
comparado ao método CEMA, superestimou o cálculo da FAÇO, 1981. 242 p.
potência indicando, desta forma, uma potência maior do FEDORKO, G.; IVANCO, V. Analysis of force ratios in
que a necessária para realizar o transporte. Em relação ao conveyor belt of classic belt conveyor, Procedia
método CEMA, a maior potência requerida foi quando da Engineering, [S. l.], v. 48, p. 123-128, 2012.
utilização de duplo acionamento. Notou-se também que a OLIVEIRA LOPES, L.C. Utilizando o scilab na resolução
utilização de tambores de abraçamento, os quais de problemas de engenharia química. In: CONGRESSO
providenciam maior contato entre a correia e o tambor de BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA,15.,
acionamento, necessitou de uma potência maior em relação Curitiba. Anais… Curitiba: [s.n.], 2004. p.1-2.
à sua não utilização, o que já era de se esperar, pois, quanto ZHANG, S.; XIA, X. Modeling and energy efficiency
maior o número de acessórios, maior será o atrito entre optimization of belt conveyors, Applied Energy, [ S.l.], v.
estes e a correia. 88, p. 3061–3071, 2011.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, pôde-se concluir


que tanto o Método Prático quanto o Método CEMA se
mostraram de suma importância para o projeto de correias
transportadoras, sendo o primeiro de grande valia na
estimativa inicial de um projeto, enquanto o outro, apesar
da maior complexidade, é o mais recomendado para o
projeto final de correias transportadoras. Vale ressaltar,
também, a grande necessidade em se desenvolver métodos
cada vez mais precisos para o projeto de correias
transportadoras visando, dentre outros fatores, a
maximização da economia energética e a minimização de
materiais dispersos no ambiente.

REFERÊNCIAS

FAZU em Revista, Uberaba, n.9, p. 55-63, 2012

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