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CARTA ABERTA À SOCIEDADE

Há duas semanas, uma estudante da Escola de Dança foi violentada em

pleno campus da UFBa, quando estava a caminho de sua aula.


Infelizmente, todos sabemos que a violência sexual sofrida pela
aluna foi somente o mais recente e trágico dos eventos de violência
que tem acontecido no interior e imediações dos campi da nossa
Universidade.
É um absurdo que a segurança de estudantes, professores e
servidores seja tratada com tanto descaso pela Administração Central
da UFBa e que seja necessário um evento brutal, como a violência
sexual a uma estudante, para chamar a atenção sobre o problema de
insegurança.
Vale ressaltar que este acontecimento nos remete a um tema que
merece cuidado: a questão de gênero, pois apesar de os níveis de
violência contra a mulher serem altíssimos e bastante comuns na
nossa cidade, ainda é tratada com certo descaso pela sociedade.
Também merecedora de total reprovação foi a declaração do Vice-
Reitor da UFBa, para quem a violência à aluna seria justificada pelo
fato de a estudante 'estar em condições propícias'. A declaração do
Vice-Reitor reflete uma postura machista, patriarcal e
preconceituosa, que ignora décadas de luta das mulheres pelo direito
de ir e vir da maneira que lhes melhor convier.
Nós do SAJU, como Projeto de Extensão que somos, acreditamos que o

diálogo com a sociedade e as comunidades vizinhas aos campi da UFBa


é de fundamental importância para solucionar o problema da
insegurança. Acreditamos que discutir segurança não é se encastelar
como a Universidade vem fazendo, não só com essa discussão, mas com
toda a sua produção de conhecimento. Afinal, a Universidade Pública
produz conhecimento para quem? Qual motivo de sua existência?
Enquanto projeto extensão, que tenta romper os muros e grades
colocados ao redor do castelo universitário, o Saju coloca como
imprescindível que a discussão da segurança seja feita conjuntamente
com as comunidades e a sociedade como um todo e que a extensão
Universitária seja fortalecida visando cumprir a função social da
Universidade e, acima de tudo, a abertura da mesma. Pois esta é um
espaço público, e sendo assim, o seu motivo de existir é a sua
destinação a toda a sociedade. Os campi da UFBa devem ser espaços
livres tanto para a circulação de pessoas, quanto para a circulação
de idéias.
Por último, a situação na UFBa que levou à violência contra a estudante
não reflete nada além do processo de sucateamento que tem atingido as
Universidade Públicas do país inteiro e que precisa urgentemente ser
combatido, para que tenhamos, enfim, uma Universidade pública, gratuita e de
qualidade.
Nossa solidariedade e apoio à estudante e sua família.
SAJU – Serviço de Apoio Jurídico

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