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Ezequiel Quister
DA FUNDAMENTAÇÃO
total foi de USD 117.450,00; uma parcela inicial do negócio foi paga pelo autor da
demanda, a empresa dinamarquesa, no valor de USD 79.650,00 em 08/07/2014.
Passados oito meses da efetivação do negócio a empresa dinamarquesa não
obteve a entrega do produto e, nem mesmo conseguiu contato com o responsável
pela empresa brasileira a fim de cobrar-lhe explicações sobre o descumprimento do
negócio ou sobre o atraso na entrega. Assim, ingressou com a presente ação a fim
de ver confirmada a rescisão por quebra contratual bem como para requerer a
restituição dos valores pagos, devidamente corrigidos, é claro.
Em fase de apelação a requerida argumentou pela sua ilegitimidade passiva,
alegando que agiu como preposta da empresa Vilson Gobbato – ME, que foi quem
efetivamente vendeu os produtos à requerente. Requereu, por isso, a extinção do feito
sem resolução de mérito, com amparo no art. 485, VI, do NCPC. Alegou também a
ausência de pressuposto processual por parte da requerente, já que esta deixou de
prestar a caução processual prevista no art. 83, “caput”, do NCPC. Por fim, alegou ainda
“ausência de relação jurídica direta com a empresa autora, aduzindo que o ônus do
pagamento dos prejuízos por ela reclamados não pode recair sobre a pessoa jurídica
que não celebrou o contrato em tese inadimplido” (p. 5).
Do referido resumo partiremos, como maneira de encontrar solução para o caso,
para a resposta das seguintes questões:
conflitos sejam resolvidos de forma consensual, tendo o litígio judicial como última
ratio. Quando isso não for possível, subentende-se que a lide deverá se instalar a
partir do domicílio das partes.
No caso em tela, como verificado na jurisprudência objeto deste estudo, os
desembargadores agiram de acordo com os princípios constantes da LINDB, em seu
artigo 9º e 12º principalmente. Este último artigo é literal ao determinar que “é
competente a autoridade judiciária brasileira, quando o réu for domiciliado no Brasil
ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação”. Vemos que há o conectivo “ou” que
determina uma ou outra situação, não sendo necessárias ambas para que se
cumpra o dispositivo. Assim, não resta dúvida que a competência para ajuizar a
ação de rescisão e de indenização contratual é do judiciário brasileiro.
Quanto ao art. 9º, as razões apresentadas pelo relator justificaram o seu
afastamento. Em que pese o §2º do referido artigo indique que “ a obrigação resultante
do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”, ao se fazer uma
análise do caso concreto, embora a empresa contratante tivesse domicílio da Dinamarca, o
cumprimento da obrigação de fato se daria em Hong Kong, na China, onde seriam
entregues as mercadorias. Ou seja, local da efetiva ocorrência das relações jurídicas e
comerciais. Assim a aplicação do principio da proximidade, indagado pelo relator na página
24 do acórdão, nos parece mais adequada, pois atenta-se às realidades vividas nesse
cenário econômico.
Com no caso em tela não houve eleição de foro, foi acertada a decisão do relator do
acordão em decidir pela jurisdição brasileira. Contudo, cabe salientar que a cláusula de
eleição de foro é totalmente possível e deve ser respeitada, conforme se posiciona a
jurisprudência atual:
Contudo, justifica-se tal posicionamento anteriormente prolatado pelo relator pelo fato
de que, a LINDB regula de forma geral a aplicação da norma, estando desajustada para as
novas necessidades decorrentes do crescimento do comercio internacional, dessa forma,
prestamo-nos de inserir trecho citado pelo relator das palavras de Maristela Basso, vejamos:
4
1
CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE CONTRATOS DE COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE
MERCADORIAS - Viena, 11 de abril de 1980, p. 01
6
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS