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Sistema de valores baseado nas emoções X sistema de valores baseado em escolhas racionais
A maior parte da população faz escolhas construídas nos seus gostos pessoais ou nas emoções do
momento.[iv] As consequências geralmente são catastróficas. No calor da paixão, no impulso movido pelos
gostos pessoais, não se faz boas decisões – a motivação não foi checada pela razão. Não houve tempo de
se avaliar as consequências e o efeito que esta escolha terá sobre quem a faz ou sobre pessoas que serão
afetadas por essa escolha.
Os valores construídos sobre emoções, são valores mais vacilantes e menos duradouros.[v]
Por outro lado, os valores construídos sobre convicções racionais que surgiram do estudo da Bíblia,
fortalecidos pela oração e consolidados pelo estudo do Espírito de Profecia, são robustos e movimentam a
vida fundamentados em princípios inspirados.[vi] Esse sistema de valores procedente da Palavra, fornece
uma motivação individual consistente, duradoura.
Quando a pessoa está diante da escolha de se deixar motivar por apelos superficiais emocionais, ou ser fiel
à uma convicção adquirida na Palavra ela já não titubeia mais. Ela sabe onde está a verdadeira motivação, a
motivação mais consistente e que trará resultados mais equilibrados e duradouros.
Liberdade e motivação
Se eu forçar uma pessoa a fazer algo, apenas pelo fato de eu querer que essa pessoa faça o que eu quero,
ela não o fará genuinamente. Não estará presente aquela alegria interior, aquela força motivadora
emocional e/ou racional.
Líderes que entendem a natureza humana e precisam de cooperação de um grupo, gastam tempo
preparando aquele grupo, explicando o que deve ser feito, por que deve ser feito e qual a parte que cada
um deve exercer para alcançar o todo. O líder verdadeiro pede licença para abordar aquele território
sagrado dentro do coração humano, onde cada um tem o direito de exercer o livre-arbítrio. Ele apela para a
inteligência, para o bom senso das pessoas e para o sistema de valores compartilhado por aquele grupo.
Antes de agir, o grupo liderado precisa ter uma percepção de mundo comum compreendido e aceito por
todos. Quando não existe um sistema de valores comuns e nem uma percepção de mundo semelhante, não
vai haver motivação do grupo. A comunicação fica prejudicada por que os códigos utilizados não foram
“ensaiados” na “iniciação” e consequentemente são comuns a todos – a linguagem não confere.
Quando esses elementos estão acertados, uma compreensão mais ampla da natureza humana surge dos
estudos apresentados por Edward Deci, em seu livro “Por que Fazemos o que Fazemos”. Ele apresenta duas
maneiras pelas quais o ser humano pode ser motivado: “de fora para dentro” ou “de dentro para fora”.
Exemplo 1: um prêmio é oferecido – uma bicicleta – para quem ler a Bíblia toda até o final do ano. O que
será que uma bicicleta tem a ver com o fato da pessoa ler a Bíblia?
Exemplo 2: se você não ler a Bíblia você será colocado de castigo por uma semana. Será que essa ameaça
vai fazer com que a pessoa leia a Bíblia?
É compreensão dos especialista que as pessoas são motivadas por recompensas ou ameaças. Como é o
caminho mais curto, muitos líderes fazem uso desse expediente. Esses “motivadores extrínsecos” apelam
geralmente para emoções superficiais ou para valores menos nobres e consequentemente têm duração
limitada.
Experiências científicas mostram que no momento em que o estímulo externo é retirado – quer seja a
recompensa ou a ameaça – a pessoa cessa a atividade.
A utilização excessiva desse tipo de motivação avilta o empenho e
interesseiros surgem – pessoas que não estãointeressados na atividade em
si, mas na recompensa que terão ao fazê-la.
Quando se trabalha com voluntários, essa é a pior maneira de envolver as
pessoas em uma atividade, projeto ou ministério. As pessoas ficam
confusas e os motivos incertos. Há desconfiança dos motivos de quem
solicita a participação e inevitavelmente, mesmo que subliminarmente, surge uma confusão nos motivos de
quem deve participar.
Esses estímulos, quando intencionados para serem genuínos, não podem ser anunciados, são expontâneos,
não subornantes, ocorrem mediante a tarefa já realizada, e demonstram reconhecimento e apreciação pela
dedicação à tarefa em si.
Exemplo 2: Se pessoas não estão mais lendo a Bíblia, e todos os estímulos extrínsecos não funcionam,
pode ser que haja necessidade do grupo entender por que fazer aquilo, e envolvê-los em dinâmicas que
fazem sentido para as diferentes pessoas. Há pessoas que querem ler a Bíblia, mas gostariam de fazê-lo em
grupo para discutir – o senso de comunidade é o estímulo. Outras gostariam de fazê-lo se entendessem uma
maneira de fazê-lo em tempo “X” – fator de estímulo é o tempo limitado para conseguir cumprir com a
tarefa. Outras ainda prefeririam estudar a Bíblia com a finalidade de aprofundar-se, de esgotar o sentido
mais profunda das Escrituras – motivação: qualidade e profundidade.
Há três elementos que compõe a motivação intrínseca, quer dizer para fazer a atividade pela própria
atividade. Os estudiosos descobriram quando pessoas tem um senso de respeito por sua autonomia, por
sua criatividade individual e são levados a prestar contas[ix] dentro de um espírito de comunidade não
de cobrança, as pessoas não apenas irão fazer aquilo que um líder determinar, mas terão a capacidade e a
vontade de tomar iniciativas por si e achar soluções para problemas e situações que de outra maneira não
surgiriam.
Organizar atividades que tenham a motivação embutida na própria atividade são a sabedoria da
motivação.[x] Exemplo: Um grupo de pessoas que se relacionam bem, descobrem seus dons, estudam
como podem utilizá-los de uma maneira que um complemente o outro, toma a iniciativa de servir a
comunidade ao redor da igreja. Enquanto eles puderem desfrutar de sua autonomia de o que fazer (direito
de fazer sem interferências externas), puderem usar a sua criatividade de como fazer e forem envolvidos no
companheirismo da igreja prestando contas de suas atividades para a coletividade de crentes, eles irão estar
motivados com a própria atividade.
Se ainda por cima, obtiverem reconhecimento equilibrado (reconhecimento que não roube da atividade o
elemento motivador) e apoio da coletividade de crentes, o ministério, projeto ou atividade funcionará com
crescente alegria e satisfação.
Competição:
Competição não é motivadora, pois compara uma pessoa com a outra e transporta para fora da pessoa o
elemento motivador. Não é mais a atividade que estimula, mas o fato de querer ser melhor que outra
pessoa.
Quando vamos fazer algum tipo de comparação, devemos fazê-lo internamente, isto é, a pessoa consigo
mesma. Exemplo: hoje você fez melhor do que ontem. Vamos melhorar ainda mais para amanhã?
Motivação e relacionamento:
Creio pessoalmente que estamos tentando, desesperadamente nos despedir de uma compreensão
mecânica, uniformista do ser humano. Na no ser humano é uniforme, nada que o envolve é uniforme. Não
existe nada igual! Não funcionamos como máquinas! Compreendendo que somos seres relacionais, cada um
com a sua maneira de ser, cada um com a sua história, suas feridas e alegrias na vida, uma abordagem
mais sábia será dada ao assunto motivação.
O maior estímulo interno pelo qual as pessoas fazem o que fazem, é o amor. Não fazemos as coisas tanto
pelas próprias coisas, fazemos o que fazemos por alguém. Entender o aspecto relacional como elemento
motivador é sabedoria a ser adquirida.
Esse alguém precisa conquistar o respeito, o amor daqueles que quer motivar e eles o farão por amor ao
líder. Talvez seja esse o mais genuíno motivo de se fazer algo. O livre arbítrio e o exercício do amor são os
dois maiores elementos de motivação.
Função ou Dom?
Para o trabalho assalariado uma função pode estimular a iniciativa e trazer motivação. No entanto é um
estímulo externo à atividade e por conseguinte não trará motivação duradoura, pelo contrário, depois de
conseguir aquela função, a pessoa vai galgar outros cargos. Especialistas descobriram que mesmo pessoas
que recebem salário, são mais motivadas quando elas são colocadas em funções mais adequadas à sua
vocação e quando é dado espaço para a autonomia, a criatividade pessoal e aprestação de contas em
espírito comunitário (espírito de equipe).
Voluntários principalmente são estimulados ao comprometimento com projetos, atividades e/ou ministérios
quando existe estímulos intrínsecos, como descrito acima.
Conclusão
Como líderes somos chamados a suplicar a Deus a capacidade de estudar a natureza humana a ponto de
que saibamos o que de fato motiva, as atividades que trarão a motivação intrínseca, dando plena liberdade
para que cada um faça aquilo que ela se sentir chamado e isso com ordem e decência.
Como fazer com que as atividades da igreja, contemplem a coletividade? Como levar uma coletividade a
fazer uma tarefa, sendo que cada um tem um desejo diferente do outro? Que tipo de atividades desenvolver
para que uma coletividade se sinta livremente envolvida e estimulada a fazer o que precisa ser feito?
Líderes são chamados a achar soluções para que a coletividade de uma igreja seja estimulada a levar a
causa de Deus avante. Aqui algumas dicas que poderão contribuir na prática de descobrir dons e talentos
nas pessoas, envolvê-las em ministérios, projetos e atividades, desenvolver comprometimento com o todo e
trazer vigor e crescimento para a igreja.
- O diálogo construtivo é um elemento fundamental nesse assunto. Me preocupo quando uma igreja é
absorvida com preconceitos, tradicionalismos vazios e formas fixas. Me preocupo com uma igreja que não
conversa mais sobre os assuntos que a apertam. Me preocupo com uma igreja que por medo de ver o que
não gostaria, evita tematizar aquilo que aflige a todos.
- Ministérios organizados conforme os dons dos membros[xi] é outra ferramenta poderosa para despertar
motivação na igreja local. Quando cada discípulo de Cristo entende como Deus quer utilizar a sua vida, qual
é o plano de Deus em sua vida, e pode – tem o direito – de usar a sua vida sob a direção do Espírito de
Deus, uma alegria renovada surge.
- Uma visão clara para a igreja local une os membros, dá foco para os ministérios e atividades. Os
ministérios segundo dons tendem a ser dispersos em suas atividades, isto é, cada um puxa numa direção e
cuida de seu ministério. Uma visão clara, construída por meio do diálogo construtivo dentro da igreja, e um
planejamento que auxilie a igreja a dar, passo a passo, cumprimento à visão, leva cada ministério a
contribuir para um todo combinado (cf. Mt. 18:19).
- Quando existe um sistema de apoio, assalariados e voluntários são muito mais estimulados ao
comprometimento com o todo, muito mais do que quando deixados a trabalhar de maneira solitária.