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Nº98

4/2015
Neoclássico Peugeot 205 Turbo 16. Radical!
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Bristol 403 e Jaguar XK 120

EXCÊNTRICO
vs DESPORTIVO
Endurance Duelo a alta velocidade O Anglia comercial
em Portugal BMW 850i vs Mercedes-Benz 500 SL Ford Thames
III Parte

Critério de Iniciados Arte e Sport | Lancia Fulvia Sport | Boucles de Bastogne


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Diretor

Editorial
ADELINO DINIS
adinis@motorpress.pt

Diretor Técnico
Francisco Mota
fmota@motorpress.pt

Jornalista
Ricardo José Gouveia rgouveia@motorpress.pt
Conselho Editorial
Adelino Dinis adinis@motorpress.pt
Francisco Mota fmota@motorpress.pt
José Ribeiro jribeiro@motorpress.pt
Luís Carlos Sousa lsousa@motorpress.pt
Sandro Mêda smeda@motorpress.pt
Redação
motorclassico@motorpress.pt
Rua Policarpo Anjos, nº 4, telefone: 214 154 500
1495-742 CRUZ QUEBRADA/DAFUNDO

Arte
Coordenador Sérgio de Sousa
Luís Sanchez, Pedro Vaz.

Fotografia João Carlos Oliveira, Rui Botas e Pedro Lopes.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente

O
VOLKER BREID
Vice-Presidente Administrador-Delegado
próximo dia 26 de abril vai ser muito especial e, desta vez, não tem qualquer JOÃO FERREIRA
Vogal
relação com a situação política interna do país. Será finalmente em 2015 que NORBERT LEHMANN
Portugal vai aderir ao movimento “Drive it Day – Clássicos na Estrada”. Como o Diretora-Geral Comercial
próprio nome indica, trata-se de uma celebração tão espontânea quanto possí- CECÍLIA PINA PRATA
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vel da capacidade que os veículos históricos têm de sair à rua e cumprir todas Diretora Rita Vidreiro
as solicitações que os seus proprietários necessitem. É uma forma de, com as rvidreiro@motorpress.pt
Coordenador Rui Garrett
rodas no asfalto, afirmar que velhos são os trapos e que as nossas máquinas estão perfeitamente rgarrett@motorpress.pt
Tel: 214 154 563
à altura de qualquer desafio mais mundano. Classificados: Classificados@motorpress.pt
O movimento nasceu em Inglaterra e tem sido sistematicamente difundido por vários países da Marketing
José Clemente, Maria Teresa Gomes, Vera Santos
Europa. Chegou agora a vez dos entusiastas nacionais mostrarem que o nosso país também está Tel: 214 154 580
sintonizado neste espírito. Assinaturas e edições atrasadas: Sara Tomás
Tel: 214 154 550 Fax: 214 154 501
São vários os clubes que estão a organizar a iniciativa e a Motor Clássico quer associar-se a esta assinaturas@motorpress.pt
iniciativa que será tão mais bem-sucedida quanto conte com o máximo possível de participação. Motor Presse Stuttgart GmbH & Co. KG
Este ano, o “Drive It Day – Clássicos na Estrada” calha a um domingo, o que também facilita a Presidents Volker Breid / Norbert Lehmann
CEOs Volker Breid / Henry Allgaier
operação. Sugerimos que, para além das manifestações mais organizadas, todos os nossos leitores Director Product Development Robert Wiljan
se juntem à iniciativa, saindo nesse dia com o seu clássico para um breve passeio ou levando a Business Development & Strategy / Licensing
Michael Trampert
família a almoçar.
Edição, Redação e Administração
Temos a oportunidade de transformar os centros das nossas localidades em verdadeiros museus Motor Press Lisboa, Edição e Distribuição, SA, Rua Policarpo
ao ar livre. Anjos, nº 4,1495-742 CRUZ QUEBRADA/DAFUNDO com o
Capital Social de 250 000 Euros, registado no Registo Co-
Acredito que a iniciativa se reveste de particular importância para marcar posição junto das instân- mercial de Cascais sob o nº 8613, contribuinte nº 502 561
cias políticas e também para reforçar os laços cada vez mais estreitos entre as diversas entidades 408, Tel. 214 154 500 Fax 214 154 501. Publicação regis-
tada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social sob
que têm por missão defender os veículos históricos e a sua utilização. o nº 125015. Propriedade Motor Press Ibérica, S. A. e Cruz
Quebrada Media SA
Impressão: Sogapal - Av. dos Cavaleiros, 35 A, Portela da
Contamos que, ao longo desse dia, partilhe connosco, na nossa página do Facebook, fotos que Ajuda - Carnaxide. Depósito legal nº 245974/06.
Distribuição: Urbanos Press, Rua 1º de Maio, Centro Empre-
provam que fez parte do primeiro “Drive It Day – Clássicos na Estrada”. As melhores fotos serão sarial da Granja, 2525-572 Vialonga.
publicadas na edição seguinte da Motor Clássico. Grupo Editorial presente em 19 países Brasil
com mais de 30 revistas no setor automóvel Carro
Auto Motor and Sport Espanha
Entretanto, marco encontro consigo na FIL, para o Salão Motor Clássico. Por favor, apareça para é editada: autopista
nos cumprimentar. Obrigado e até já. Alemanha Roménia França
Bulgária L’Automobile
Eslováquia
Magazine
China Suécia México
Croácia Turquia Automovíl
Hungria Panamericano
Outros membros Portugal
Noruega
da família Autohoje
Polónia Suíça
Argentina
Rep. Checa auto test auto-illustrierte

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com fins comerciais diretos ou indiretos, em qualquer suporte e por
quaisquer meio técnico, sem a autorização da Motorpress Lisboa,
SA, Motorpress Ibérica, SA e Cruz Quebrada Media, SA ou da VI-
SAPRESS, Gestão de Conteúdos dos Média, CRL.
Edição escrita ao abrigo
do novo acordo ortográfico

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SUMÁRIO
8 Pág. 3 Staff Pág. 8 Neoclássico:
Peugeot 205 Turbo 16 Pág.
14 Correio do leitor Pág. 16
Reportagem: Boucles de Bastogne
Pág. 20 Notícias Pág. 36
Reportagem: Passeio Maia MG
Clube Pág. 38 Made in Portugal:
portugueses no Rali de Monte
Carlo Pág. 42 Comparativo:
Bristol 403 vs. Jaguar XK 120 Pág.
52 Comparativo: BMW 850i vs.
Mercedes-Benz 500 SL Pág. 58
Ensaio: Ford Thames Pág. 64 Ralis
dos anos 60: Critério iniciados 1965
Pág. 70 História: Endurance em
Portugal (parte III) Pág. 74 Guia de
16 38 Compra: Lancia Fulvia Sport Pág.
74 Leilão do Mês: Roadsters Pág.
84 Bolsa de Valores Pág. 86 Livros
Pág. 88 Pequenos anúncios Pág.
98 Próxima edição

52 64 70

42 58

6 Sumário
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Peugeot 205 Turbo 16
TEXTO Ricardo José Gouveia | IMAGEM Tim Scott

Garras afiadas
A entrada da Peugeot no Campeonato do Mundo de Ralis, com o 205 Turbo 16,
deu origem a um enorme fenómeno automobilístico. A versão de estrada do monstro
de Grupo B é um dos franceses mais colecionáveis de sempre.

8 Neoclássico | Peugeot 205 Turbo 16


N
a década de 80
os ralis come-
çavam a atrair
a s atenções
dos principais
construtores.
Impressionadas pelo fascínio
que os poderosos Grupos B pa-
reciam exercer nas multidões
que se deslocavam até aos tro-
ços para breves momentos de
emoção, as marcas começavam
a pegar nas silhuetas dos seus
modelos e transformavam-nas em
verdadeiros bólides de compe-
tição, totalmente equipados com
avançados sistemas de tração
integral e motores capazes de
superar os 400 cavalos de po-
tência. A 23 de fevereiro de 1983
Jacques Calvet, Jacques Boillot e
Jean Todt revelavam ao mundo o
Grupo B da Peugeot, um inusitado
205 elevado ao estrelato graças
a uma mecânica “Turbo 16”. Era
o início do domínio francês dos
ralis, com 26 participações em
provas do Campeonato do Mundo,
16 das quais vitoriosas, dois títu-
los de construtores e outros dois
de pilotos, com Timo Salonen e
Juha Kankkunen, em 1985 e 1986,
respetivamente.
Produto das fábricas da Talbot
em Poissy, o 205 Turbo 16 era o
fruto do trabalho da equipa de
engenheiros gerida por André
de Cortanze (responsável pelo
chassis) e Jea n-Pierre Boudy
(responsável pelo motor). De-
baixo da carroçaria estilizada à
medida do Peugeot 205, a equipa
Peugeot-Talbot-Sport concebeu
uma formidável viatura de cor-
ridas, equipada com um chassis
específico e um brilhante mo-
tor turbocomprimido, colocado
em posição central traseira. De
acordo com as regras de Grupo
B, era obrigatória uma produção
de dez por cento dos veículos
homologados para a competição.
Os modelos eram montados na fá-
brica Peugeot-Talbot em Bolonha,
a partir de chassis fabricados pelo
carroçador Heuliez. Do carro de
estrada apenas eram mantidos o
para-brisas e os faróis.
Verdadeiro carro de homolo-
gação, o Peugeot 205 Turbo 16
caracterizava-se esteticamente
pelos alargamentos de carroçaria
e enormes entradas de ar para
refrigerar motor e radiadores. A
surpresa exterior começa com o
enorme capot motor, que inclui
guarda-lamas e janelas laterais
traseiras, elevando-se como

Motor Clássico 9
uma peça apenas. Outra origi-
nalidade da bagageira, o motor
do limpa para-brisas é fixo na
parte superior da janela, evitando
o desenho original do Peugeot
205, no qual o motor era fixo na
base do limpa para-brisas. Pe-
sando 50 quilogramas na versão
de produção, o peso da porta da
bagageira descia dez quilogramas
no kit PTS. Mas foi no Peugeot 205
Turbo 16 Evolution 2 que o peso
foi drasticamente reduzido para
apenas nove quilogramas, graças
ao uso de materiais compósitos.
Sem prestar concessões à estética,
os técnicos de Sochaux trocaram
a tradicional faixa refletora, colo-
cada entre os farolins traseiros,
por uma grelha de refrigeração,
acompanhada por enormes letras
vermelhas autocolantes a anunciar
o nome do modelo. Mas era na
frente e laterais que eram opera-
das as maiores alterações. Com
a colocação do motor em posi-
ção central traseira, a dianteira
passava a hospedar os enormes
radiadores, enquanto os f lancos
eram alargados de modo a man-
ter dentro da carroçaria as vias
e abrir espaço para os canais de
refrigeração.
No interior a temática de compe-
tição era mantida, com o normal
habitáculo do 205 a desaparecer,
dando lugar a um tablier espe-
cífico, capaz de albergar toda
a instrumentação necessária à
realização de um rali do Cam-
peonato do Mundo, enquanto os Com o interior
bancos eram trocados por bac- bastante
quets desportivas forradas a pele modificado face
ao “normal” 205,
e tecido, com encostos de cabeça
o Turbo 16 é um
integrados. À frente do “piloto”, verdadeiro carro
uma multitude de instrumentos de corrida

La famille

Peugeot 205 GTI Peugeot 405 Turbo 16 Peugeot 208 T16 Pikes Peak Peugeot 2008 DKR
Verdadeiro tomba-gigantes, o Derivando do 205 Turbo 16, o O regresso da Peugeot a Pikes Peak A renovada investida Peugeot no
Peugeot 205 GTI foi apresentado Peugeot 405 Turbo 16 foi idealizado não poderia ter sido mais dramá- Paris Dakar é conhecida pelo nome
em 1984 como o mais desportivo da pela PTS para ser utilizado em provas tica. Recrutando Sebastien Loeb, o 2008 DKR, evocando o mini-SUV
gama. Elogiado pelo seu magnífico de rali-raid, disputadas no deserto construtor preparou um verdadeiro da marca do Leão. Mas para além
chassis e prestações, o GTI foi evo- africano. Conduzido por Ari Vatanen monstro equipado com um V6 do nome e silhueta, pouco há em
luindo ao longo do tempo, passando o modelo de quatro rodas motrizes biturbo com 3,2 litros de capacidade, comum, com o todo o terreno a
da versão equipada com motor de venceu o Paris Dakar em 1989 e 1990. 875 cavalos de potência para apenas revelar a mais-valia da sua mecânica
1,6 litros para uma ainda mais po- A dupla venceria o Pikes Peak Inter- 875 quilogramas. O suficiente para nas mãos de Stéphane Peterhansel,
tente, com motor de 1,9 litros. national Hill Climb, em 1988. acelerar dos 0 aos 100 km/h em 1,8s. Carlos Sainz e Cyril Despres.

10 Neoclássico | Peugeot 205 Turbo 16


O motor de quatro cilindros com 1,8 litros de capacidade debita 200 cavalos de potência às 6750 rotações, e utiliza
um sistema de injeção de gasolina Bosch K-Jetronic e um turbo KKK, soprando a 0,7 bar de pressão máxima

informavam acerca do estado da ar/ar, que tratava de elevar até versões Evolution 1 e Evolution sistemas de injeção e compressão
mecânica. Curiosamente, o 205 um máximo de 0,7 bar a pressão 2 debitavam 350 e 430 a 480 ca- eram inalterados, embora a pres-
Turbo 16 mantinha o desportivo de ar na admissão, enquanto a valos, respetivamente. Toda esta são de sobrealimentação passasse
volante de dois raios, popularizado injeção de combustível era feita potência era aplicada à estrada a ser de 0,85 bar, o que por sua
pela versão 1.9 GTI. Mas aqui, as por um sistema eletrónico Bosch K- através de um sistema de tração vez fazia subir a potência para os
três pequenas letras davam lugar -Jetronic, calibrado para trabalhar integral e um diferencial central 300 cavalos de potência às 6500
à inscrição “Turbo 16” a vermelho. à taxa de compressão do motor autoblocante ZF. rotações e o binário máximo de
de 6,5:1. A lubrificação ficava a Para os clientes mais exigentes, a 343 Nm às 4500 rotações. A trans-
Mecânica de eleição cargo de um sistema de carter conversão do Peugeot 205 Turbo missão original era trocada pelo
Respeitando os regulamentos de semi-seco, e a refrigeração era 16 para competição podia ser feita sistema utilizado em competição,
Grupo B, a Peugeot optou pela feita pelo uso de camisas húmidas. através do kit proposto pela de- mas a repar tição de potência
solução turbocomprimida, utili- A cambota era de cinco apoios, e partamento Peugeot Talbot Sport mantinha-se inalterada.
zando como base de desenvol- em cima dos quatro cilindros duas (PTS), liderado por Jean-Pierre Bastante compacto para a época
vimento o motor da família XU, árvores de cames comandavam Nicolas. Custando cerca de 180 (3820 m m de compr i mento e
totalmente fabricado em alumínio. 16 válvulas. 000 Francos na época, o kit PTS 1670mm de largura, com uma dis-
Com 1775cc de cilindrada o bloco De acordo com os dados da fábrica não só elevava a potência origi- tância entre eixos de 2540mm) o
XU8T favorecia os regimes eleva- na época, o Peugeot 205 Turbo 16 nal como baixava o peso total do 205 Turbo 16 possuía um chassis
dos, graças ao seu curso reduzido “versão cliente” tinha 200 cavalos carro. Equiparado ao Evolution 1, totalmente desenvolvido para a
(82 x 83mm). A sobrealimentação de potência às 6750 rotações e o pacote da PTS mexia no motor competição. Tendo como peça
ficava a cargo de um turbocom- um binário máximo de 255 Nm ao nível das árvores de cames, central a monocoque em aço, o
pressor K K K e um permutador às 4000 rotações, sendo que as pistões, camisas. Curiosamente, os chassis era complementado

O perfil pode ser o do Peugeot 205 normal, mas a versão Turbo 16


é uma verdadeira máquina de competição, com motor ao centro

Motor Clássico 11
Peugeot
205 Turbo 16
1984 - 1985

Produção 200 Motor 4 cilindros em


linha, posição longitudinal central
traseira Distribuição 2 árvores de
cames à cabeça, 16 válvulas Diâme-
tro x Curso 83 X 82mm Cilindrada
(cc) 1775 Alimentação injeção de
gasolina Bosch K-Jetronic, 1 turbo
KKK (0,7 bar) Potência (cv DIN/rpm)
200/6750 Binário máximo (Nm/rpm)
O volante era partilhado com a versão GTI, mas 255/4000 Suspensão independente
recebia um centro específico do Turbo 16 às quatro rodas, braços triangula-
res, molas helicoidais, barras anti
Com o motor colocado em po-
aproximação, Transmissão Integral,
sição traseira, o espaço à frente caixa de 5 vel.; diferencial central
era reservado ao pneu suplente viscoso com bloqueio Direção Pi-
nhão e cremalheira, com assistência
Travões discos ventilados, 273mm à
frente e 298mm atrás Chassis tubu-
lar, carroçaria em fibra e alumínio, 3
portas e dois lugares Capacidade
do depósito (l) 110 Jantes/Pneus
Michelin TRX 210/55 R 390 Dimensões
comprimento 3825 mm distância
entre eixos 2540 mm largura 1674
mm Peso (kg) 1210 Aceleração 0-100
Km/h (seg.) 6,8; Velocidade máxima
214 Km/h

por uma carroçaria moldada em ras estabilizadoras, enquanto o Num modelo tão especial e de
material compósito, enquanto a sistema de travagem baseava-se produção tão limitada quanto o
estrutura tubular vista na traseira em discos ventilados. Peugeot 205 Turbo 16, a parca
servia exclusivamente para su- oferta acaba por ser a principal
portar a transmissão e motor. No Cuidados na compra preocupação para quem está no
caso dos modelos equipados com Verdadeiro bicho raro, com ape- mercado. Em todo o caso, a esco-
o kit PTS, o chassis via as suas nas 219 unidades produzidas, o lha de um modelo imaculado, sem
soldaduras melhoradas e refor- Peugeot 205 Turbo 16 é avaliado quaisquer transformações para
çado em determinadas zonas. entre 50 000 e 100 000 euros, caso competição, é desejável. Para
A suspensão, independente em estejamos a falar de um modelo de quem procura mais potência e
ambos os eixos, ficava a cargo estrada usado e um exemplar com performance, então o kit Peugeot
de amortecedores Bilstein e bar- alguma história de competição. Talbot Sport é indicado. MC

Concorrentes do Peugeot 205 Turbo 16 em Portugal


1984-85 1984 1985-86 1985-87

Peugeot 205 Turbo 16 Audi Sport quattro Ford RS200 Lancia Delta S4 Stradale
Preço Não comercializado Preço Não comercializado Preço Não comercializado Preço Não comercializado
Motor 1775 cc, 200 cv/6750 rpm, Motor 2133 cc, 306 cv/6700 rpm, Motor 1803 cc, 250 cv/6500 rpm, Motor 1759 cc, 250 cv/6750 rpm,
255 Nm/4000 rpm 350 Nm/3700 rpm 294 Nm/4000-5000 rpm 291 Nm/4500 rpm
Peso 1210 Kg Peso 1298 Kg Peso 1180 Kg Peso 1200 Kg
Performances 214Km/h Vel. Máxima; Performances 250 Km/h Vel. Máxima; Performances 250 Km/h Vel. Máxima; Performances 225 Km/h Vel. Máxima;
0-100 Km/h: 6,8 s 0-100 Km/h: 4,9 s 0-100 Km/h: 6,0 s 0-100 Km/h: 6,0 s
Grupo B ainda acessível; Desempenho impressionante; Comportamento muito eficaz; Técnica e mecânicas avançadas;
+ kit PTS com 300 cavalos; estética + acabamento de luxo; motor excelente + máquina impressionante; + prestações assombrosas; acabamento

- Apenas 200 cavalos;


disponibilidade de peças; manutenção - Estética pouco equilibrada;
cotação demasiado elevada; peças - Peças demasiado caras;
raros em bom estado; utilização difícil - Demasiado raro;
peças específicas; manutenção
Cotação e tendência 120 000 € Cotação e tendência 140 000 € Cotação e tendência 120 000 € Cotação e tendência 150 000 €
Classificação HHHHH Classificação HHHHH Classificação HHHHH Classificação HHHHH

12 Neoclássico | Peugeot 205 Turbo 16


Dos Grupo B no Campeonato do Mundo de Ralis ao Paris
Dakar e a Pikes Peak, a carreira do Peugeot 205 Turbo 16 foi
extraordinária, com vitórias em todas estas provas

Dos ralis para as rampas. Um herói polivalente


Estreado em 1984, no Campeonato do Mundo celar o Grupo B. Em 1987 a Peugeot pegou no
de Ralis, o Peugeot 205 Turbo 16 impressio- 205 e transformou-o para a modalidade Rallye-
nou desde logo pela sua rapidez e fiabilidade, -Raid, tornada famosa pelo Paris Dakar. Batizado
garantindo pelo caminho três vitórias a Ari 205 T16 « Grand Raid», o modelo seria guiado
Vatanen. Em 1985 Timo Salonen alcançou o título por Ari Vatanen e Juha Kankkunen, conquistando
de pilotos ao volante do 205 T16 Evolution 2, a prova africana por dois anos consecutivos. Pa-
reconhecível pela adição de novas asas dianteira ralelamente, os homens da Peugeot prepararam
e traseira. Um ano depois, era a vez de Juha uma versão especial do 205 T16 para competir
Kankkunen ganhar o campeonato de pilotos e na célebre rampa de Pikes Peak, que venceria
construtores. Títulos pouco celebrados, após em 1989. Com 550 cavalos de potência e 850
dois graves acidentes terem levado a Fédération quilogramas de peso, o modelo venceria a prova
Internationale du Sport Automobile (FISA) a can- americana em 1987.

Ainda hoje a versão de Grupo B do Peugeot 205 Turbo 16


é uma das mais bonitas alguma vez produzida

Com pilotos como Timo Salonen, Ari Vatanen e Juha Kankkunen ao volante, o Peugeot 205
Turbo 16 alcançou dois títulos de pilotos e construtores do Campeonato do Mundo de Ralis

À direita,
atualmente a
Peugeot corre
no Paris Dakar
com o modelo
2008 DKR

Motor Clássico 13
Errata da edição 97
R: Ronda dos Classificados da edição 97
identificámos um Citroën 2CV como sendo
Charleston quando se trata, na verdade, de um
exemplar personalizado com uma decoração
inspirada na edição limitada Charleston. Os Citroën
2CV Charleston surgiram em Outubro de 1980, como
uma série limitada do modelo. Devido ao seu sucesso
comercial, o modelo foi integrado na gama normal.
Inicialmente apenas disponível na combinações
de cores Vermelho Délage e Preto, para além de
contar com outro equipamento interior e exterior
exclusivo, foi também produzido, a partir de julho
de 1982, na combinação Amarelo Helios e Preto. Um
ano depois, surgiu a última combinação utilizada,
em Cinzento Cormoran e Cinzento Nocturne. Não foi
produzida em mais nenhuma combinação de cores,
apesar do modelo ter servido de inspiração para a
personalização de diversos exemplares, uma prática
comum e também adequada ao espírito e utilização
do modelo.
Existem inúmeros especialistas que fornecem todo
o tipo de elementos de personalização idênticos
aos originais para os 2CV, incluindo as edições
especiais e limitadas. De notar ainda que os modelos
Charleston nunca foram comercializados em Portugal
e os que existem com matrícula portuguesa foram
importados. A única exceção é um punhado de
exemplares finais, todos nos dois tons de cinzento,
que foram matriculados e adquiridos por alguns
administradores da fábrica de Mangualde e que

Ford Thames portuguesas estão devidamente identificados pelos especialistas.


Agradecemos o contributo da Associação 2CV
Portugal, em particular de Rogério Soares, Manuel
Manuel Clarimunso por email Caetano e Daniel Martins, pela recolha de elementos
que permitiram elaborar esta errata de forma o mais

C omo leitor assíduo da vossa revista,vi


que no próximo número vão apresentar
um ensaio sobre o Ford Thames, tomo a
serviço de apoio aos jardineiros!
Cumprimentos, e parabéns pela vossa revista
completa possível, e a compreensão dos nossos
leitores entusiastas dos 2CV por esta falha que em
nada reflete o apreço particular que temos por este
liberdade de enviar uma fotografia do meu,
R: Muito obrigado pela partilha. extraordinário modelo. AD
que recentemente recuperei. Sentimos que, durante muitos
Esta viatura foi certamente importada sem anos, os veículos antigos de trabalho
vidros laterais posteriores, pois encontrei tiveram menos atenção do que a que
uma placa de uma oficina na Rua da Bene- lhes era devida face à sua importância
ficência e indicações “esquerda” e “direita” importância histórica. É bom constatar
em madeiras que suportam o mecanismo que esta situação se tem alterado e que
dos elevadores dessas janelas. os entusiastas portugueses têm sabido
Encontrei duas Ford Thames de modelos acarinhar estes interessantes clássicos.
anteriores ao meu, na Pousada de Almeida Parabéns pelo restauro. A sua Thames
onde há cerca de três anos ainda prestavam está muito bonita.. AD

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MOTOR CLÁSSICO - Rua Policarpo Anjos, 4, 1495-742 Cruz-Quebrada - Dafundo www.motorclassico.pt
motorclassico@motorpress.pt

14 Correio do leitor
Motor Clássico 15
Boucles de Bastogne 2015
TEXTO Manuel Romão | IMAGEM Jacques Letihon, Alexandre Berardo e Rui Correia

Especialidade belga
A 57ª. edição das Boucles, inicialmente de Spa, agora de Bastogne,
proporcionou excelente espectáculo ao público e um desafio
interessante para os participantes.

No topo, Marku Alèn e Denis Giroudet, no Fiat 131 Abarth, que viriam a abandonar; em cima, o Datsun 260Z 2+2 de Jean-
-Michel Gauclere e Max Chazot

16 Reportagem | Boucles de Bastogne 2015


ndo Christian Crucifix
António Caldeira, navega por tuguês
Por sch e 911 SC, foi o único representante
no
na ediç ão des te ano

Em cima, o Porsche
911 RS de Yves
Deflandre e Joseph
Lambert; à esq. o
BMW 325i de Miguel
Simon e Jean-Marc
Toussaint; Alèn é
sempre uma estrela
em qualquer evento

O
que faziam num Boucles de Bastogne, chamadas cronometrados, para passar para gend, com 82 inscritos, tinham de
dos últimos fins pela primeira vez assim, depois de as regularidades, mais ou menos disputar as 18 RT (Regularity Test)
de semana de terem abandonado Spa e descido impossíveis de cumprir a zero. à média de 80 km/h, tendo apenas
Fevereiro, no- mais para sudeste da Bélgica, muito Na edição deste ano alinharam 221 um controle horário no fim de cada
mes tão dife- perto do Luxemburgo. concorrentes divididos por três uma, o que permitia parar antes
rentes como As Boucles, como normalmente categorias: Demo, Legend e Clas- do controle final (se fossem com
Markku Alen, Alister Mcrae, Robert são chamadas, já vão na 57ª edição sic, com “menus” diferentes, numa avanço) e passar a “zero”. Já para
Droogmans, Marc Duez, François disputando-se desde 1953 e no seu prova que durou um sábado inteiro os Classic (132 inscritos) as RT eram
Duval, Bruno Thiry, Yves Matton Quadro de Honra estão alguns dos e teve um prólogo, muito chuvoso, na apenas 16 e a média de 60km/h,
(patrão da Citroën Competição), nomes mais sonantes dos ralis mun- noite de sexta-feira. Os Demo eram mas com mais controles secretos
Daniel Elena (co-piloto de Sebas- diais. Desde 2006 que se disputam apenas sete, carros mais actuais, pelo meio das RT, o que originava
tien Loeb), Patrick Snijers ou até com o nome Legend e destinam-se de tracção integral e alinhavam penalizações.
Guy Verhofstadt (antigo Primeiro às viaturas clássicas, tendo abando- apenas como demonstração, nem Com respeito a carros presentes,
Ministro belga)? Participavam nas nado a fórmula dos ralis com troços sequer tendo classificação. Os Le- a Ford (essencialmente com os

O Porsche 911
SC de Patrick
Snijers e Pa-
trick Bouchat.
Apesar da
nota artística, Vários pilotos oficiais fizeram ques
ficaram fora do tão de estar
presentes na sessão de autógrafos
pódio das Boucles

Motor Clássico 17
À esq.: o Por sche 911 RS
de Bernard Munster e And
Hansen, terceiros clas sific rée
ados; em cima, o R5 Alp
de Eric Piraux e Cather ine
ine Monard

À dir.: Guy Verho-


fstadt e Guido de
Vreker, em Fiat Ritmo
Abarth 125 e o Ford
Escort RS de Raphael
de Boerman e Louis
Louka; em baixo, o
Audi quattro de Luc
Caprasse

Escort Mk1 e Mk2) levava a palma, gularity Tests), que se repetem três das sete horas da manhã de sábado, Pormenores diferentes das regu-
com 44 unidades, seguida pela e quatro vezes, mas sem grandes também ao preço de dez euros. laridades nacionais eram os con-
Porsche (essencialmente 911), com confusões, já que os Legend e os Fevereiro no sul da Bélgica quer trolos de passagem nas RT – que
42, BMW com 30 e a Opel, com 24. Classic tinham percursos desencon- dizer frio, chuva, lama, neve e es- este ano passaram para o sistema
Alguns muito bem preparados, e trados: enquanto de manhã uns iam tas condições atmosféricas estive- Stop and Go –, a obrigatoriedade
muitos Escort de matrícula inglesa, para o Norte, os outros ficavam na ram bem presentes em todo o fim de toda a gente montar pneus de
alugados especialmente para as região de Bastogne e à tarde, vice- de semana. E, apesar de apenas inverno – sem pregos, já que tanto
Boucles. -versa. O prólogo, revelado apenas duas RT serem em terra, o percurso pneus racing como TT são proi-
duas horas antes de se disputar, tornou-se num verdadeiro “mar” bidos – e, finalmente, o facto de
Sem parques fechados tinha entradas pagas (dez euros, de falta de aderência, em que as não haver Parques Fechados, nem
As Boucles, expressão francesa com oferta de gorro incluído) e o “glissades” fizeram em permanên- no início, nem no meio, nem no
que podemos traduzir por rondas, Programa da Prova, com todos os cia a delícia dos espetadores, que fim da prova. Quanto a cronome-
consistem na realização de algumas mapas para os espetadores segui- foram sempre muitos, indiferentes tragem nem Blunik, nem Anube:
provas de regularidade (os tais Re- rem o rali, foi posto à venda a partir ao Inverno belga. um sistema local que até acabou

18 Reportagem | Boucles de Bastogne 2015


O belo Lancia Beta
Montecarlo de
Jean-Pierre Van de
Wauwer e Joseph
Paisse, rodeados
de neve por todos
os lados

por dar problemas, pelo menos duas últimas edições. Os melhores eram os comandantes no final da
nos Classic. só penalizaram em quatro RT, mas 6ª RT, quando desistiram com a
A presença nacional em Bastogne o nível de penalizações foi bastante electrónica do Porsche 911 3,2 a
foi reduzida, mas pelo menos An- grande, a partir dos dez primei- pregar uma partida e o vencedor
tónio Caldeira (vencedor o ano ros. Até porque bastava apenas acabou por ser francês (Christophe
passado ao lado de Chritian Cru- um pião nos muitos cruzamentos Berteloot, em Porsche 911 SC), o
cifix) voltou a estar presente com super escorregadios, para não se que não agradou particularmente
o mesmo piloto, ainda que com chegar ao final dentro do tempo. aos belgas.
sorte diferente. Alen desistiu muito cedo, com a Um excelente fim de semana de
Os Legend atraíam as principais caixa do seu Fiat 131 Abarth fora ralis para clássicos, em que se
atenções e François Duval (Ford de serviço e Mc Rae aguentou-se aprendeu alguma coisa e se en-
Escort Mk2) esteve praticamente bem quase até ao fim, vindo a pa- contraram amigos, que geralmente
sempre na liderança, acabando por rar com problemas de carburação. vêm em Outubro a Portugal, ao As condições difíceis fazem parte do
repetir a vitória já conquistada nas Nos Classic, Crucifix/Caldeira Rally de Portugal Histórico. MC encanto desta prova

François Duval e Anthon


y Bourdeaud Hui, em For
foram os grandes venced d Escort RS MkII
ores das Boucles de 201
5

Motor Clássico 19
Salão Motorclássico
Agenda2015
10 a 12 abril
Certame nacional com surpresas
SALÃO MOTORCLÁSSICO
Museu do Caramulo
em 2015
D
www.motorclassico.com e 10 a 12 de abril a Feira matriculado em 1938, faz parte da delo 770 mais bem preservado do
Internacional de Lisboa coleção do Museu do Caramulo mundo, devido à sua baixíssima
11 abril (FIL) recebe a XI edição desde a sua fundação, em 1956, quilometragem, mantendo mesmo
SPEED FESTIVAL – CIRCUITO do Motorclássico - Salão Interna- e estará exposto pela primeira os pneus de origem.
VASCO SAMEIRO cional de Automóveis e Motociclos vez em Lisboa. Encomendado O Salão Motorclássico é organi-
Club Racing Clássicos, estando desde já confir- para Salazar, o Mercedes-Benz zado pelo Museu do Caramulo
http://clubracing-pt.blogs- mados setes passeios de clássicos, 770 blindado integra o espólio em parceria com a FIL. Para obter
pot.pt com partida de diversos pontos da do Museu do Caramulo desde mais informações sobre o Salão
cidade de Lisboa. Para além dos já 1956, sendo uma das joias da sua Motorclássico aceda ao site oficial
11 abril habituais Passeio ACP Clássicos, coleção automóvel. Este automóvel do evento em www.motorclassico.
ASSEMBLEIA GERAL Passeio UMM Clube e Passeio é ainda considerado como o mo- com.
Clube Penafidelense de Motos A ntigas, a organiza-
Automóveis Antigos ção confirmou para esta edição
http://classicosdepenafiel.pt a realização do Passeio BMW M
Clube, do Passeio Triumph Clube
11 a 12 abril Portugal, do Passeio Association
JEREZ DE LA FRONTERA Bagheera e do Passeio Citroën DS
Iberian Historic Endurance – 60 Anos, modelo que também é
www.historicendurance.com objeto de uma exposição temática
no Motorclássico.
15 a 19 abril De acordo com a organização, “o
TECHONO CLASSICA ESSEN objetivo dos passeios é celebrar a
S.I.H.A. Ausstellungen paixão pelos clássicos ao mesmo
Promotion tempo que alargamos a dinâmica
www.siha.de do salão a toda a cidade, convi-
dando as pessoas a visitarem a
18 abril FIL. Este ano, a programação dos
ENCONTRO DATSUN 240/260 Z passeios é especialmente diversi-
Marina de Cascais ficada, da elegância dos clássicos
fsautomoveis@netcabo.pt de sempre aos jipes e desportivos,
sem esquecer as motos com mais
18 abril de 30 anos” rematam.
PASSEIO DA PRIMAVERA
ACP Clássicos Motorclássico exibe
www.acp.pt/classicos Mercedes de Salazar
O Mercedes-Benz 770 Grosser
18 Abril blindado que pertenceu a Antó-
CURSO DE NAVEGAÇÃO nio de Oliveira Salazar será uma
Alfa Romeo Clube das grandes atrações do Motor-
de Portugal clássico – Salão Internacional de
www.clubealfistaportugal. Automóveis e Motociclos Clás-
com sicos. Este automóvel histórico,

20 a 25 abril
TOUR AUTO OPTIC 2000
Peter Auto
Sucesso garantido no Funchal
http://peterauto.peter.fr Apoiando-se na experiência ganha quarta edição do evento. Este ano, para
nas anteriores edições do concurso de além da já tradicional exposição de veí-
21 abril elegância madeirense, os responsáveis culos clássicos, haverá também lugar
CLASSIC COLLECTOR pelo Reid´s Palace Classic Auto Show para a comemoração do 80º aniversário
& SPORTS CAR AUCTION voltam ao magnífico cenário do Reid´s da Rampa dos Barreiros, uma das mais
Barons Hotel no Funchal, a 9 de maio, para a antigas provas automobilísticas da ilha.
www.barons-auctions.com

25 abril
ENCONTRO MENSAL NA
DOCA DO ESPANHOL (AL-
CÂNTARA)
Alfa Romeo Clube
de Portugal
www.clubealfistaportugal.com

20 Notícias
Motor Clássico 21
À ESCALA

José
Andrade
Fascinante
N
os tempos em que os fabricantes de automó- e 1966, é um modelo sem aberturas, dispondo apenas
veis mantinham durante décadas o mesmo de direção e suspensão. O seu valor é de cerca de
nome num dos seus modelos e em que o 75 euros e não é muito atractivo na cor verde clara
sucessor era esperado ansiosamente após carreiras em que foi comercializado. Existe uma rara versão
de muitos anos sem “face-liftings”, o anúncio da apre- montada na África do Sul, com outras cores, cujo valor
sentação do novo modelo era um “acontecimento”! supera os 1000 euros. O modelo da Spot-On, à escala
Sem dúvida que um dos “acontecimentos” de 1959 foi 1/42, comercializado em 1962, é muito mais bem aca-
o lançamento do novo Anglia, com linhas inspiradas bado e atinge cifras superiores aos 250 euros.
nos seus irmãos de Detroit, uma grelha agressiva e A Corgi Toys optou pela versão comercial, a Ford
umas barbatanas traseiras ao estilo americano, que
o tornavam, na publicidade nacional, Fascinante.
Mas a posição do vidro traseiro invertido em relação
A posição do vidro traseiro in-
ao habitual causou muita controvérsia e um enorme
desapontamento em relação ao fascínio que poderia
vertido em relação ao habitual
despertar junto do público. De tal modo que ficou causou muita controvérsia
para a história como o “ora bolas”, traduzindo à
portuguesa a decepção em relação ao desenho do tal Thames, que partilhava a mesma frente com o Anglia.
vidro traseiro que, asseguravam os seus contrutores, Produziu uma carrinha de venda de gelados em duas
evitava que a chuva ou neve dificultasse a visão para variantes: a primeira com um pequeno diorama que
a retaguarda. inclui o vendedor e um rapaz a receber um gelado, a
A designação “ora bolas” fez escola em Portugal e em segunda com uma caixa de música que tenta repro-
1961 foi também atribuida ao Citroen Ami 6... duzir o som que anunciava a chegada da carrinha às
Pois o sucesso do Anglia como miniatura não foi igual- crianças britânicas algures nas praias da zona de Bla-
mente muito grande entre os fabricantes britânicos ckpool, do Mar do Norte ou da Cornualha. Estimo que
já que, embora a Dinky Toys e a Spot-On o tenham o negócio, dependente do tempo quente, não fosse
produzido, a Corgi Toys, que se encontrava então em muito lucrativo por aquelas bandas... De qualquer
fase de grande crescimento, o ignorou. O Anglia da forma qualquer destes modelos é muito procurado e
Dinky Toys realizado a uma escala de 1/45, entre 1961 tem uma cotação superior aos 250 euros.

O Ford Anglia “Ora Bolas”, de 1959, das marcas Dinky Toys e Spot-On
são hoje objetos de coleção altamente cobiçados

22 Notícias
Clube Aveirense de Automóveis Antigos

Automobilia renovada em 2015


omemorando o seu 23º
C aniversário, a Automobilia
de Aveiro volta em força de 22
a 24 de maio à cidade da Região
Centro com o Clube Aveirense
de Automóveis Antigos (CAAA) a
apostar na componente de troca
e venda de peças, livros, artigos,
miniaturas e veículos de toda a
espécie, mas também em exposi-
ções temáticas, realçando marcas,
modelos, meios de locomoção e
transporte ou mesmo diferentes
estilos e tendências.
Desde já está garantida a habitual
presença de instituições ligadas
ao mundo dos clássicos, como
clubes, museus e instituições con-
géneres, complementam a vasta
oferta ao dispor dos visitantes que,
independentemente de serem ou
não colecionadores.

Em 2015 a Automobilia
de Aveiro comemora o
seu 23º aniversário

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Motor Clássico 23
DERRAPAGEM CONTROLADA

José
Silva
Antagonismos preocupantes…
A
o fim de praticamente três décadas de dedica- tigamente perdíamos as noites nas oficinas a estudar
ção ao automobilismo, parece-me que tenho soluções e os fins de semana nas estradas à procura
de começar novamente do zero, pois todas as de conduções. Hoje está tudo muito mais evoluído…
modalidades deste sector sofreram transformações eles não largam a internet, e percorrem os prepara-
que praticamente estão a gerar modalidades com- dores europeus todos, aprendem trajectórias com
pletamente novas se comparadas com as que se dis- os melhores pilotos do mundo, passam os fins de se-
putavam antigamente. Com regularidade frequento mana nos shoppings com os carros, e fazem questão
almoços e jantares onde se reúnem há já algum tempo de que a história não tenha qualquer importância nas
pilotos, preparadores, mecânicos e navegadores dos suas presenças, e se reparar, já não temos prepara-
anos 80 e 90, e curiosamente o que mais me intriga dores, é só montadores, pois vem tudo feito de quem
é que em praticamente nenhum encontro pilotos da tem o melhor site e vende mais caro.
atualidade!
Nesses “encontros” ouvem-se historias fabulosas, de
manobras em pista, de preparações dos automóveis, Em dois ou três anos de
de recursos de “emergência” fabulosos, mas também
se ouve regularmente a razão de tantos dos presentes,
presenças nestes encontros,
manterem um desejo quase invencível de regressar,
mas não o conseguirem fazer… limitando-se a estes
nunca lá encontrei um desses
encontros para ir mantendo viva a sua paixão… pilotos da actualidade
Mas, o mais curioso é que em dois ou três anos de
presenças nestes encontros, nunca lá encontrei um Agora as vitórias começam logo na apresentação do
desses pilotos da actualidade, ditos de topo, de qual- projecto que nalguns casos custa o que custava no
quer uma das modalidades correntes. passado meia época de provas!»
Sei que as novas tecnologias ocupam muito tempo, Será que isso é mesmo assim amigo?
mas quase arrisco a partilhar da opinião de um dos Deixe lá isso lembra-se de quando nos encontra-
pilotos que habitualmente encontro e que por simples mos nos treinos dum rali para ai em 1991? Humm, o
coincidência é um piloto de referência da época bifinho está maravilhoso, adoro estes jantares, parece
“grande” e como ele próprio refere com grande que voltamos aos grandes tempos das grandes
humildade, campeão porque “a sorte” o ajudou: «An- provas.

Os pilotos à séria, de outros tempos, deram lugar


ao piloto moderno, que é quase um robô...

24 Notícias
Motor Clássico 25
PEDAL CLÁSSICO

Pedro
Roque
A explosão da utilização da bicicleta
A
pesar do indisfarçável aumento do número ter presente que, em Portugal, a alteração do Código
de utilizadores de bicicleta em Portugal seja constituiu apenas um pequeno passo nesse caminho
em situações de lazer, desporto ou utilitárias, e ter plena consciência que qualquer tentativa de
fica todavia a sensação de que ainda falta algo para imposição de medidas restritivas como, por exemplo,
que a mesma seja considerada como um efetivo a obrigatoriedade de seguro ou de uso de capacete
meio de transporte e uma alternativa viária. Porém, implicariam um retrocesso intolerável no fomento
como diria António Machado, “se hace camino al dessa mesma mobilidade.
andar”, então este fenómeno constitui, tal como o ato A bicicleta é uma forma simples e relativamente infor-
de pedalar, um processo aparentemente lento mas mal de mobilidade e é esse o seu segredo e a razão
inexorável.
Efetivamente, 2014 foi um ano de transição para a
causa velocipédica devido, não só, ao aumento de uti-
Ainda falta algo para que a
lizadores como, sobretudo, às relevantes alterações
do Código que representaram a recuperação de dé-
mesma seja considerada como
cadas de atraso legislativo de Portugal face a outros um efetivo meio de transporte
Estados-membro da União Europeia onde a proteção
dos utentes mais vulneráveis era já uma realidade. As e uma alternativa viária
alterações introduzidas – a definição do conceito de
“utente vulnerável”, a par com a uniformização das do seu sucesso. Qualquer tentativa de o complicar,
regras de prioridade, posição de marcha, distância para além de constituir uma “bizarria” sem paralelo
de ultrapassagem ou circulação a par, entre outras, em nenhum outro país, constituirá um indesejável
constituem condições legais mínimas para uma sã obstáculo no sentido da promoção da mobilidade
convivência na estrada entre todos os utilizadores. ciclável e, desse modo, no sentido contrário ao do es-
Ainda assim, apesar de todos entendermos que a pírito do legislador plasmado no Código da Estrada
mobilidade ciclável está para ficar, convirá sempre que entrou em vigor em Janeiro de 2014.

Hoje em dia são cada vez mais numerosos


os utilizadores de bicicletas em Portugal

26 Notícias
ACP Clássicos

500 milhas em maio


ste ano o ACP Clássicos organiza a décima edição 22h, seguindo-se o jantar no Hotel Acquae Flaviae
E das 500 Milhas, regressando à famosa Estrada
Nacional número 2, de sul para norte. De 1 a 3 de
e no dia seguinte o Brunch de entrega de prémios.
Salvo exceções previstas no regulamento, a prova
maio, entre Vilamoura e o Km 0 da N2 em Chaves, está reservada a viaturas construídas até 31 de De-
os participantes terão a oportunidade de disputar, zembro de 1974. Para mais informações contacte
ao volante dos clássicos, uma das melhores provas acpclassicos@acp.pt.
de regularidade nacionais. Antecipando as famosas “500 Milhas”, o ACP Clássicos
A prova de estrada irá passar por localidades como realizará no próximo dia 18 de abril, o “Passeio da
Almodôvar, Ferreira do Alentejo, Montemor-o-Novo, Primavera”, levando os seus associados a percorrer
Montargil, Vila de Rei, Santa Comba Dão, Viseu, La- as belas estradas que vão do Porto a São Jacinto, e
mego, Vila Real e Chaves, sempre ao longo do per- as belas paisagens integradas na Reserva Natural das
curso da N2. A partida em Vilamoura será às 7h01 Dunas de São Jacinto. A concentração dos partici-
para o primeiro concorrente e terminará cerca das pantes será feita no Palácio de Cristal no Porto, às 9h.

As “500 Milhas”
do ACP Clássicos
já vão na sua dé-
cima edição, sem
sinais de abrandar

LEILÃO
CLÁSSICOS & DESPORTIVOS
9 Maio 2015 - Classic Care Center, Alcabideche

Exposição desde as 10H


Início do leilão às 16H

Classic Place Auctions - Portugal Leilão no: Classic Care Center


Informações/inscrições: www.classicplace.pt Rua das Tojas, 203, Alcabideche
E-mail: classicplace@sapo.pt www.classiccarecenter.pt

Motor Clássico 27
ALL’ INIZIO ERA... ALFA

Um 8C 2300 ao ritmo do fox-trot


E
xistirá algo mais inf lamável que sedução como no ski – onde tem um do automobilismo do Brasil. Ela é a
uma elegante e charmosa mulher, acidente – e à vertigem da velocidade infeliz protagonista. O seu Alfa Romeo
com um potente Alfa Romeo? Des- automóvel. Entre o odor a gasolina e o catapulta-a à velocidade de 160km/h,
temida, a competir com os pilotos Tazio glamour do fox-trot, na luxúria dos seus ao embater num fardo de palha solto –
Nuvolari e Louis Chiron ou Jean-Pierre amores, conhece Ettore e Jean Bugatti. existindo testemunhos como o volante
Wimille, considerados os “ases do vo- Daí, nasce ao volante de um Bugatti local Manuel de Teffé tenha sido o causa-
lante“ nos excitantes anos 30? Pode até T35C como reconhecida sportswomen , dor, impedindo uma ultrapassagem.
existir, mas não deixa de ser um cocktail recordista na velocidade na Europa e no Ela é salva ao cair, amparada, sobre um
deliciosamente explosivo! continente americano. Cresce com o seu soldado que se torna num dos 4 mortos
Várias e talentosas mulheres piloto, Alfa Romeo 8C 2300 Monza – pintado em e 35 feridos entre os espectadores. Foi o
adocicaram a história da marca do Qua- dois tons de azzuro com o qual participa espoletar da construção do autódromo
drifoglio verde. Mas, Mariette Helene nos Grand Prix – e que a torna numa de Interlagos .
Delangle, imortalizada “Hellé-Nice“ heroína mundial da afirmação feminina. O Alfa Romeo destruído foi adquirido e
será, na minha opinião, uma das mais Em 1936, volta ao palco no GP do Rio de reconstruído pelo piloto brasileiro Bene-
cativantes mulheres piloto, dessa época Janeiro – Circuito da Gávea – alcunhado dicto Lopes, com o auxílio de entusiastas
de ouro. Com multidões de admiradores por “ trampolim do diabo“ – lado a lado e da própria Hellé-Nice, que envia pe-
nas pistas, onde espalhou o seu perfume com os pilotos Carlo Pintacuda e Atilio ças originais desde a Europa. Em 1937,
inebriante. Marinoni – da Scuderia Ferrari e os lu- convidado por pilotos portugueses,
Esta modelo francesa ganhou fama e for- sos Henrique Lehrfeld e Almeida Araújo, participa com o mesmo no VI Grande
tuna, entre 1916 e 1926, como bailarina ambos em Bugatti. Tempo depois, no I Prémio internacional de Vila Real e no III
nos movimentados cabaret parisienses. Grande Prémio da Cidade de São Paulo, Prémio do Estoril. Pisando solo portu-
Magistral estratega tanto no jogo da ocorre o maior acidente da história guês, o veterano e marcante Alfa Romeo

Hellé-Nice e o seu Alfa Romeo 8C 2300 Monza de 1932

28 Notícias
Marco
Pestana
da Rainha das Pistas
dos anos 30. Mariette Helene
Hellé-Nice, em 1949
quando tenta correr
Delangle, imortali-
no Rali de Monte
Carlo é acusada –
zada “Hellé-Nice“
sem prova desse facto será, na minha
– de colaboradora
daGestapo, na França opinião, uma das
ocupada durante a II
Guerra, pelo piloto
mais cativantes
e rival Louis Chiron.
Cai no desprezo e
mulheres piloto,
completo esque-
cimento de todos.
dessa época de
Morre em 1984, aos ouro.
84 anos, na miséria.
Em 2010, é constituída por mulheres O estado do 8C Monza depois do acidente que a piloto sofreu no I Grande
norte-americanas, amantes do desporto Prémio da Cidade de São Paulo, em 1936
automóvel a “Fundação Hellé-Nice“.
Finalmente Hellé-Nice , recebe a justa
bandeira de xadrez!

Em baixo, Rio de Janeiro, 1936: Hellé-Nice


ao centro, entre o piloto português Henrique
Lehrfeld e o Presidente Getulio Vargas de
fato escuro, que por sua vez tem o outro
piloto luso Almeida Araújo, por trás, do seu
ombro esquerdo.(c) Arquivo família Almeida
Araújo - “ Blog Os Heróis “.

Em cima,
Benedicto
Lopes e o Alfa
Romeo 8C 2300
Monza. Note-se
as diferenças
Em cima, Hellé-Nice teve uma vida na orientação
atribulada, repleta de episódios dos orifícios no
apaixonantes, à direita, junto do seu contorno da
adorado Alfa Romeo grelha.

Motor Clássico 29
Classic Care Center 1000 Classic – Portugal em Mil Milhas
Clássicos
ao pequeno-almoço Portugal em sete dias
O
Tendo como objetivo a divul- 1000 Classic – Portugal em desafiantes, incluindo alguns tro- seguindo-se a Etapa 2, de Alcácer
gação e animação do seu novo Mil Milhas é a volta com- ços em terra, bem como especiais do Sal a Portimão (Autódromo In-
espaço situado em Alcabideche, pleta a Portugal Continen- em kartódromos, autódromos e ternacional do Algarve) e Beja,
a Classic Care Center abriu as tal em veículos clássicos. Trata-se rampas. Tudo isto em automóveis Etapa 3, de Beja a Marvão, Etapa
suas portas no passado dia 14 de de uma maratona internacional clássicos desportivos, com um mí- 4, de Marvão à Serra da Estrela,
março para um pequeno-almoço do tipo “grand tour” de sete dias nimo de 40 anos de idade. etapa 5, Serra da Estrela a Vale
com clientes. Para além de vários à volta de Portugal, percorrendo A partida para a prova será no do Douro, Etapa 6, Vale do Douro
carros já restaurados, estiveram uma distância de aproximadamente dia 29 de agosto, em Cascais, in- a Caramulo e Etapa 7, uma prova
também patentes inúmeros mo- 1000 milhas (1 609 quilómetros) cluindo desfile no Cascais Classic disputada na Rampa do Caramulo.
delos em restauro, podendo ser a uma média diária de 250 qui- Motor Show, percorrendo o antigo As inscrições, limitadas a 30 veí-
admirados os diversos estágios lómetros. Sempre por estradas Circuito da Guia e verificações culos, poderão ser efetuadas no
que levam um clássico até ao secundárias de inigualável beleza, técnicas. No dia 30 de agosto a site do organizador, em www.por-
estado de concurso. Para mais os participantes levarão os seus primeira etapa levará os partici- tugalmilmilhas.com, até ao dia 30
informações contacte a Classic carros a percorrer caminhos bem pantes de Cascais a Alcácer do Sal, de março.
Care Center através do seu site
oficial em www.classiccarecen-
ter.pt.

VI Expo Clássicos
Este ano, a
Coimbra volta partida para as
“1000 Milhas”
a receber exposição será no dia 29 de
de clássicos agosto, em Cas-
cais, incluindo
No passado dia 8 de março rea- desfile no Cascais
lizou-se, no parque do centro Classic Motor
comercial Dolce Vita Coimbra, Show
a VI edição Expo Clássicos. Pro-
movida pela administração do
espaço comercial e organizada
pelo Club Classic Park, esta ex-
Vasco Sameiro promete nova enchente
posição presenteou os visitantes No próximo dia 11 de abril, os senho- em pista serão divididos nas catego- Horário
do estabelecimento na cidade res do Club Racing voltam ao circuito rias “Clássicos / Clássicos Modernos”, 12h30 Fórmulas
dos estudantes com verdadeiras Vasco Sameiro, em Braga, para mais “Carros de Competição”, “Fórmulas” 13h Clássicos / Clássicos Mo-
relíquias que marcaram a história uma edição do Gentleman Drivers e “Superdesportivos Modernos”. A dernos
da indústria automóvel. Changing Gears, um track-day temá- inscrição poderá ser formalizada no 13h30 Carros de Competição
tico, dedicado aos clássicos, sejam eles site www.clubracing-pt.blogspot.com, 14h Fórmulas
de idade ou simplesmente de espírito. ou através do email clubracing09@ 14h30 Clássicos / Clássicos
Como vem sendo norma, os modelos gmail.com. Modernos
15h Carros de Competição
15h30 Fórmulas
16h Clássicos / Clássicos Mo-
dernos
16h30 Carros de Competição
17h Superdesportivos Modernos
(Porsche)
17h30 Superdesportivos Mo-
dernos
Este e muitos 18h Superdesportivos Modernos
outros clássicos
poderão partici-
(Porsche)
par na próxima 18h30/19h30 Superdesportivos
edição do GDCG Modernos

30 Notícias
Motor Clássico 31
NOTÍCIAS Historic Endurance
Classic Center
Anunciado apoio da Cuervo y Sobrinos
O
60 anos do 190SL Historic Endurance e a Segundo Diogo Ferrão, responsável equipa da Cuervos y Sobrinos. A
Cuervos y Sobrinos, marca pelo do Historic Endurance, esta é sua paixão pelos clássicos e o pro-
Mercedes-Benz
suíça relojoeira de luxo, uma “maneira perfeita de começar fissionalismo está bem patente nos
comemora aniversário anunciam uma nova parceria para as a temporada de 2015. Um novo pa- seus relógios. Acredito que será um
Lançado em 1955, o 190 SL foi provas a realizar em 2015. As provas trocinador para ambas as competi- parceiro estrutural no crescimento
um sucesso imediato. As suas do Iberian Historic Endurance e do ções, a Espanhola e a Ibérica. Nos do Historic Endurance nos próximos
linhas, inspiradas no 300 SL, novo España Historic Endurance últimos dias fomos conhecendo a anos”, rematou.
eram acompanhadas por uma serão dignificadas com a presença
mecânica mais convencional, da marca Cuervos y Sobrinos que
sem veleidades desportivas, irá oferecer um luxuoso relógio
mas com excecional fiabilidade à equipa vencedora do “Index of
e uma competência exemplar. O Performance”. Um prémio com um
novo motor de quatro cilindros valor muito assinalável, tornando
de 1,9 litros debitava 105 cv e a vitória neste índex ainda mais
permitia ao esguio descapotável aliciante.
de dois lugares uma velocidade O “Index of Performance” é a clas-
máxima anunciada de 180 km/h. sificação indicada para este prémio,
pois através de um coeficiente que é
aplicado a cada modelo, valoriza-se
os carros mais antigos e de me-
nor cilindrada, logo aqueles que à
partida menos hipóteses tinha de
O Historic
ganhar e mais “espirito Gentlemen
Endurance e
Driver” têm. Entre os vencedores do a Cuervos y
ano passado, podemos encontrar Sobrinos anun-
modelos como o Porsche 356, Mini ciam uma nova
parceria para as
Cooper S, Abarth 1000 TC, Lotus provas a realizar
Elan e Alfa Romeu Giulia Ti Super. em 2015

Ao todo produziram-se 25 881


unidades deste clássico cuja co-
tação continua a subir de forma
muito sustentada. O 190 SL (W
121) foi decisivo para iniciar a
Vitória de Sinel Martins e Tiago Caio
linhagem dos SL que continua A dupla Sinel Martins / Tiago Caio, em BMW 323i, venceu a
a manter a tradição de auto- oitava edição do Passeio Road Book – Terras de Santa Maria
móveis de sonho, capazes de da Feira, que se disputou no centro de Oliveira de Azeméis
cumprir qualquer distância com e no Largo do tribunal, e incluiu ainda a Rampa Pinheiro da
eficiência, rapidez e conforto. Bemposta e Rampa La Salet, no passado dia 28 de fevereiro.
Em abril o Mercedes-Benz Clas- Carlos Seara Cardoso e Ricardo Seara Cardoso, em Triumph
sic Center comemora, em Sintra, GT6, ocuparam o segundo lugar, seguidos João Vieira Borges
os 60 anos da gama SL com uma e Miguel Fernandes em Porsche Carrera GT. F. Lemos Ferreira
exposição destes modelos.

A dupla Sinel
Martins / Tiago
Caio, em BMW
323i, venceu o
Passeio Road
Book – Terras de
Santa Maria da
Feira

32 Notícias
Zmar

Projeto inovador renova aposta no Alentejo


Zmar, projeto turístico único em Portugal, pre- rience: Atreva-se a Voar Mais Alto”, dedicada a desafiar
O miado pelo conceito inovador e pelo seu carácter
ecológico e sustentável apresentou recentemente
as empresas a crescer mais ainda, tanto a nível de cultura
interna como a nível de performance e produtividade,
novas propostas que pretendem dinamizar a oferta “Party Experience: Atreva-se a Viver Dias Felizes”, para
para diferentes grupos de turistas. Em pleno campo festejar casamento, batizados ou aniversários, em
alentejano, perto das mais belas praias do país, estão plena comunhão com a natureza, “Active Experience:
81 hectares na Rota Vicentina, próximo da Zambujeira Atreva-se ao Desafio”, uma forte aposta nas atividades
do Mar e Vila Nova de Milfontes, ideal para realizar todo desportivas, radicais e de aventura, e ainda a “Zen
o tipo de eventos de uma forma diferente e original. Experience: Atreva-se a Viajar Mais Além”, dedicado
As ofertas quatro tipos de eventos: “Corporate Expe- a eventos Zen, de Bem-Estar e Retiros Espirituais.

O Zmar, projeto
turístico único em
Portugal, passa
agora a oferecer
novos pacotes
para férias

Morgan Motor Company

Marca inglesa relançada em Portugal


O
distribuidor oficial da marca
britânica no nosso país já divul-
gou a tabela de preços dos seus
modelos, entretanto já disponíveis para
encomenda. A Morgan Cars Portugal
está a relançar os modelos da Morgan
Motor Company em Portugal durante
2015. O distribuidor oficial dos modelos
da marca britânica, que espera vender
um volume de 20 unidades/ano, tem
atualmente no “3 Wheeler” o seu “ca-
beça de cartaz”. O modelo de acesso
à marca, com 82 cavalos de potência,
está disponível a partir dos 49 441 euros.
Acelera de 0 a 100 km/h em 6 segundos
e atinge uma velocidade máxima de
185 km/h. Segue-se o roadster de duas
portas 4/4, com motor 1.6 a debitar 112
cv, que abre nos 50 880 euros. Por sua
vez, o descapotável Plus 4, animado
pelo motor 2.0 com 156 cv, inicia no 55
850 euros. O Roadster 3.7 com 284 cv
arranca nos 79 700 euros. Por fim, o
Aero Super Sports (na imagem) tem o
preço base de 178 700 euros. Dando continuidade à
Estas e outras informações acerca da sua aposta no mercado
gama da Morgan poderão ser consul- nacional, o distribuidor
oficial da Morgan em
tadas no novo site da marca, em www. Portugal passa agora a
morgancars.pt. dispor de um novo site

Motor Clássico 33
CLUBES
Landmania Clube de Portugal

Recorde do Guinness
com caravana de Land Rover
urante o décimo Encontro Ibérico Land Rover celebrado a ONG “Help for Heroes”, que presta auxílio a militares
D em Gouveia, em setembro passado, o “Landmania
Clube de Portugal” reuniu a maior caravana de veículos
feridos em serviço.
Para Rui Marinho, presidente do Landmania Clube de Portu-
Land Rover de sempre, com um total de 516 veículos de gal, conseguir bater este recorde “é uma prova viva de que
todas as épocas. Este feito histórico, que permanecia o espírito Land Rover está bem representado em Portugal.
imbatível desde 2011, valeu ao clube português a entrada É um sucesso para o LCP e todos os seus membros pelo
para o Livro Guinness dos Recordes. que estamos muito orgulhosos do feito. Queremos levar
Com mais de 1500 participantes provenientes de Portugal, a cabo novas iniciativas de modo a que a fasquia continue
Espanha, França, Holanda e Inglaterra, o décimo Encontro sempre bem alta”, concluiu. Em 2010, o LCP coordenou
Ibérico Land Rover bateu a marca conquistada em 2011 pela igualmente a construção de um dos maiores logotipos da
iniciativa “Convoy for Heroes”, um encontro organizado Land Rover do mundo que contou com a participação de
pelos seguidores da marca britânica e que na altura contou 220 veículos da marca britânica, evento que coincidiu com
com 348 veículos e conseguiu angariar 14000 libras para o sexto Encontro Ibérico Land Rover.

Club Lotus Portugal


Lotus oficializa
clube português
Seguindo uma recomendação oficial,
o Club Lotus Portugal (www.clublo-
tusportugal.com) é o primeiro clube
nacional independente a constar da
página oficial da Lotus Cars. De acordo
com Rui Pedro Coelho, responsável
pela associação que reúne alguns
dos modelos mais emblemáticos da
marca fundada por Colin Chapman,
“muitos outros clubes por certo irão
tentar colocar o seu nome nesta página
seguindo o nosso exemplo pois são
estruturas bem mais complexas que não
deixarão passar em claro esta “afronta”,
mas seremos sempre os primeiros a
constar nela. Este é mais uma vez o
reconhecimento por parte da Lotus
Cars pelo trabalho feito pelo nosso
clube”, remata.
De acordo com Rob Borrett, respon-
sável de Comunicação e Marketing
da Lotus Cars, o Club Lotus Portugal
irá passar a figurar na página da Lotus
dedicada à comunidade que apoia a
marca e as suas atividades, em http://
www.lotuscars.com/lotus-world/lotus-
-world-community: “O vosso clube pa- Durante o décimo
rece estar muito bem organizado e seria Encontro Ibérico
Land Rover
muito bom fortalecer o relacionamento celebrado em
entre o clube, o importador português Gouveia, o “Lan-
e nós aqui em Hethel. Portugal será dmania Clube de
Portugal” reuniu
um mercado emergente para nós no a maior caravana
futuro, por isso seria excecional forta- de veículos Land
lecer a nossa relação e fazer com que Rover de sempre,
com um total de
vocês estivessem mais envolvidos com
516 veículos de
o importador e em eventos”, concluiu. todas as épocas

34 Notícias
Início dos encontros mensais em Lisboa Opel Classic Racers
Germânicos rumo
Dando continuidade a uma tradi- No passado dia 28 de fevereiro, vários ambas as marcas, das quais 24 Alfa à Arrábida
ção vincada, o Alfa Romeo Clube de “alfistas” juntaram-se para o encontro Romeo, para além de um Jaguar E
O grupo Opel Classic Racers, dedicado
Portugal (www.clubealfistaportugal. mensal, que juntou ainda o Clube Fiat de Amaral Neto, associado do ARCP.
ao culto dos modelos desportivos da
com) voltou à Doca do Espanhol, na de Portugal, também a organizar o No próximo sábado dia 28 de março,
marca alemã Opel, realiza no próximo
freguesia lisboeta de Alcântara, para o seu encontro mensal. pelas 10h30 o clube dedicado à marca
primeiro de vários encontros mensais A ação conjunta dos dois clubes na- italiana volta a reunir-se na Doca do dia 25 de Abril o seu sexto encontro,
a realizar até ao final do ano de 2015. cionais reuniu mais de 40 viaturas de Espanhol. desta vez em Setúbal e Serra da Arrá-
bida. O programa contempla a tradi-
cional confraternização e apreciação
das máquinas, juntamente com um
passeio pela serra, com passagens pela
mítica rampa da Arrábida e Portinho
da Arrábida. Para mais informações
contacte Tiago Santos através do email
tiagosantos1108@hotmail.com, ou pelo
telemóvel 964304157.

O ARCP
voltou à Doca
do Espanhol,
em Alcântara,
para mais
um encontro
mensal

Clube Clássicos de Coruche Scuderia Lancia Portugal


Lancia clássicos
Clássicos e tauromaquia voltam a reunir-se
vontade e o empenho de um grupo de amigos que anualmente leva até à praça de Touros alguns dos Após o sucesso que representou a co-
A em colocar Coruche no mapa das viaturas clássi-
cas, resultou na criação do Clube Clássicos de Coru-
pratos mais típicos da região.
Retirados os ensinamentos da primeira edição, e renovado
memoração do 50º aniversário do Lancia
Fulvia, levada a cabo em 2013, a Scuderia
che. Apesar de se promoverem diversos passeios de o importante apoio do Município de Coruche, é tempo Lancia Portugal – um grupo de adeptos
carros e motas antigas, faltava uma exposição onde de organizar a 2ª Exposição de Veículos Clássicos de da marca italiana – vai voltar ao terreno,
fosse possível mostrar os veículos “do antigamente” e Coruche. Desta vez poderá contar com veículos clássicos para mais uma atividade dedicada aos
ainda dinamizar a venda de automobilia. Foi com este maioritariamente diferentes dos da edição anterior, Lancia. Será no próximo dia 25 de abril,
propósito que foi organizada a primeira exposição automobilia diversa e muito mais. Na antiga central de envolvendo uma visita ao Museu Automó-
“Clássicos de Coruche” inserida na programação do camionagem, no centro da vila de Coruche, nos dias vel Baptista de Andrade, na Trofa. Para
evento gastronómico Sabores do Toiro Bravo, evento 2 e 3 de maio, com abertura de portas às dez horas. mais informações contacte a Scuderia
Lancia Portugal
através do
mail w w w.
scuderialan-
ciaportugal.
com.

Motor Clássico 35
Passeio Maia MG Clube
TEXTO Ricardo José Gouveia | IMAGEM Rosalina Afonso

Passeio à lampreia
O Festival da Lampreia serviu de mote a mais um passeio
do Maia MG Clube à vila de Entre-os-Rios, que continua assim
a fazer jus a uma agenda de eventos recheada.

E
m ba lados pelas tunidade de esticar as pernas. Da
comemorações do lista de participantes, destaque
18º aniversário do para os magníficos modelos MG
Ma ia MG C lu be, J2, de 1932, de Agostinho Macedo,
no passado mês de mas também para os vários MG
fevereiro, 40 asso- A dos anos 60, MGB dos anos 70
ciados reuniram os seus 21 MG e ainda para a presença de um
na Pousada do Freixo para mais exótico MG V8. Alinhando junto
uma edição do passeio ao Festival aos rios Douro e Tâmega, os par-
da Lampreia, no passado dia 14 ticipantes puderam apreciar o
de março. Evento gastronómico tempo primaveril que se fez sentir
de eleição, o festival faz parte da e posar para as máquinas fotográ-
agenda do clube sediado na área ficas que registaram o momento.
metropolitana do Porto, tal como o Momento alto do dia – para além
famoso “Magusto de S. Martinho”. da degustação da lampreia – foi a
Rumando em direção à vila de entrega de um MG B adaptado ao
Entre-os-Rios, num percurso com associado Filipe Completo Faria
cerca de 42 quilómetros de ex- (ver caixa), que assim se estreou
tensão por estradas nacionais, os ao volante de um clássico num O passeio do Maia MG Clube ao festival da Lampreia reuniu 21 modelos da marca
“Morris Garage” tiveram a opor- passeio do Maia MG Clube. MC MG e cerca de 40 associados

36 Reportagem | Passeio Maia MG Clube


Em baixo: Filipe
Faria é cumprimen-
tado por Agos-
tinho Macedo, o
responsável pela
Clássicos sem limites
oficina especialista Partilhando o gosto pelos adaptado em Portugal, Filipe
em MG’s Robalo &
automóveis com o seu pai, Filipe Faria espera vir a participar nos
Macedo
Completo Faria não deixa que eventos do Maia MG Clube, mas
a condição de paraplégico lhe também em eventos nacionais, tais
influencie a vida. E quando surgiu como o Algarve Classic Car e 48
a oportunidade de transformar um Horas do Alentejo. E para próximo
MG B nos especialistas da Robalo projeto de restauro, Filipe não tem
& Macedo, para poder ser guiado dúvidas: “gostaria de adaptar um
por si, não hesitou. MG TF”.
Tudo começou com uma partici-
pação no Algarve Classic Cars, em
2014, a convite de Agostinho Ma-
cedo. Copilotando o seu pai, Filipe
apaixonou-se de imediato pelos
clássicos, e dai a querer um carro
para si foi um instante. Operação
acessível, segundo Agostinho Ma-
cedo da Robalo & Macedo, porque
qualquer carro clássico pode ser
adaptado, desde que disponha de
uma caixa automática: “o MG B é
um modelo normal, ao qual apli-
cámos uma caixa automática de
três velocidades (derivada de um
MG C). O módulo de comandos
foi aplicado ao volante por uma
empresa especializada, processo Filipe Faria recebeu nas instalações
que demorou um dia”, concluiu. da Robalo&Macedo, em Matosinhos,
Conduzindo o primeiro MG B o seu MG B adaptado

Os modelos MG A e B foram os mais


vistos durante o passeio do Maia MG
ao festival da Lampreia, na vila de Clube
Entre -os-Rios

Motor Clássico 37
Portugueses no Rali de Monte Carlo na década de 1930 (1)
TEXTO José Barros Rodrigues | IMAGEM Coleção de autor

Entre o amadorismo
e o virtuosismo
Os Ralis só tardiamente encontraram algum entusiasmo nos automobilistas
desportivos portugueses. Entre nós, o Rali de Monte Carlo começou a exercer
o seu fascínio na década de 1930 e vários foram os pilotos nacionais
que acorreram ao seu chamamento. Aqui fica um esboço da sua participação
ao longo da primeira metade dessa década.

Na década de 30, o melhor resultado obtido por uma equipa portuguesa


registou-se em 1934, quando Francisco Ribeiro Ferreira, António Guedes Herédia
e Virgílio Barroso, num Railton Terraplane, lograram obter um 4º lugar absoluto

C
omeçou de forma 1931, porém, a participação por- que se inscreveu com o seu amigo conseguiram cumprir o controlo
fortuita e impul- tuguesa esteve mais focada nos Bernardo Villar, num pequeno MG. em Madrid sem penalização. Po-
siva a participa- seus objectivos. Nada menos de A senhora La Caze – que efectuou rém, quase à chegada do ponto de
ção de portugue- três automóveis foram inscritos na várias provas do automobilismo concentração no Principado, um
ses no já então X edição do Rali: o BNC Sport do desportivo nacional nesta altura novo acidente – Mme La Caze, para
famoso Rali de casal La Caze; uma figura grada do – teve vários incidentes ao longo evitar um peão, desviou-se contra
Monte Carlo. José Luis Valle Flor, Automóvel Clube de Portugal, Má- do percurso de ligação. Ao chegar o passeio – deitou tudo a perder,
tendo combinado umas férias com rio Madeira, que levou dois acom- a Setúbal, a bomba eléctrica de pois com mais este atraso o limite
um grupo de amigos na prazen- panhantes e escolheu partir de gasolina avariou-se, obrigando a horário de chegada seria ultrapas-
teira Riviera francesa, entendeu Stavanger na Noruega para obter uma paragem de 3 horas. Pouco sado por apenas 3 minutos. Mário
juntar um pouco mais de aventura pontuação adicional na classifica- depois, a bomba avariou-se de Madeira não teve mais sorte. Já no
e inscreveu-se no Rali de Monte ção; e, finalmente, o jovem enge- novo atrasando ainda mais a dupla caminho para Stavanger apanhou
Carlo, sem qualquer ambição. Em nheiro Francisco Ribeiro Ferreira, do belo BNC Sport. Apesar de tudo, uma formidável tempestade de

38 Made in Portugal | Portugueses no Rali de Monte Carlo


O formidável Delage D6 com que Ribeiro Ferreira
participou no Ralis nos anos de 1932 e 33. Nesta
foto, relativa à edição de 1932, para além de
Ribeiro Ferreira, marcaram presença António
Herédia e Vasco Fiúza

neve na Dinamarca e na Suécia.


E no percurso de ligação, a cami-
nho de Oslo, uma derrapagem no
gelo danificou irreversivelmente
a mecânica do seu Citroën C6.
Seria apenas Ribeiro Ferreira o
único a atingir o destino. Fá-lo-ia
obtendo o 14º lugar na classe – entre O Delage, em
18 classificados – mas o piloto do Monte Carlo,
num controlo,
MG teria ocasião para mostrar os com Ferreira,
seus dotes de automobilista ao obter Herédia e
a 4ª posição da classe na famosa Wanzeller a
prova extra-classificação: a rampa inteirar-se dos
pormenores.
do Mont des Mules. Nesta edição de
No ano seguinte, a participação 1933, a equipa
portuguesa parecia de monta. Mas portuguesa
atingiu o 44º
do grupo de cinco automóveis ins-
lugar
critos, apenas Ribeiro Ferreira –
desta feita num magnífico Delage –
voltou a marcar presença na tabela
final de classificação, pois Mme
La Caze, agora num Amilcar, teve
um percalço mecânico a cerca de
80 km do Mónaco e os outros três
concorrentes – Diogo Cabral, em
Bugatti, Sousa Lara em FN e, de
novo, Mário Madeira, em Citroën
– por diferentes razões, não che-
garam a partir sequer de Lisboa.
Ferreira obteria a 29ª posição na
classe e na prova complementar
faria o 21º lugar. Na famosa prova de
rampa do Mont des Mulles, Ribeiro A primeira
Ferreira atingiria o 3º posto, sendo participação
batido apenas por Donald Healey de Ribeiro
Ferreira no rali
(Invicta) e por Hansen (Ford).
monegasco,
Em 1933, os automobilistas portu- ocorreu em
gueses voltaram a corresponder ao 1931, com este
apelo deste já mítico rali. A partida pequeno MG,
na companhia
deslocou-se de Lisboa para Valença de Bernardo
e aí, para além de alguns con- Villar

Motor Clássico 39
A estreia dos portugueses
Entrar na História sem o saber
José Luis Constantino Dias, estaria já disponível para conduzir mediática do Rali de Monte Carlo, Marquês também não lhe quis dar
Marquês de Valle Flor, aristocrata milhares de km, e assim associou-se utilizando um Cadillac de matrícula muita publicidade. O espaçoso
distinto e com uma saúde financeira a um “grupo de rapazes amigos” francesa, apenas foi reportada automóvel americano transportou
invejável, programou para Janeiro para efectuar a viagem pelo que em 1932, na revista do Automóvel as cinco pessoas durante toda a
de 1930 umas férias na famosa Ri- a integração no Rali tornou esse Clube, tendo passado a sua façanha prova – que teve Lisboa como o
viera Francesa com um conjunto de período de vilegiatura ainda mais totalmente incólume na imprensa seu ponto de partida – e o animado
amigos, a saber: Henrique de Verda, relevante. desportiva portuguesa, no mês grupo manteve-se depois de férias
Fernando Pinto Basto, Salvador Curiosamente, essa presença, que do evento. Foi mais uma aventura na sempre interessante Côte d’Azur
Asseca e Rodrigo de Verda. Nessa congregou cinco cidadãos nacio- de amigos do que propriamente onde terão partilhado as emoções
altura, com 75 anos, o Marquês não nais num evento com a projecção uma participação desportiva e o da competição.

o no
A edição de 1930 constituiu um marc
es
Rali para os automobilis tas portugues
ia da
foi nesse ano que se assistiu à estre

O Marquês de Valle-Flor e os seus amigos no sumptuoso Cadillac com que se inscreveram


no rali de Monte Carlo de 1930.

correntes estrangeiros, partiram os


Madame La Caze, no seu raro BNC
com que participou no Rali, em 1931
seguintes concorrentes nacionais:
Ribeiro Ferreira em Delage D6,
Diogo Cabral, em Bugatti 46, Mme.
La Caze, em Amilcar, António Dias
Costa, em Citroën e, finalmente,
João Gellweiler, também em Ci-
troën. Mme. La Caze voltou a não
conseguir chegar ao Principado
do Mónaco. Os restantes fizeram
actuações regulares. Nas provas
de aceleração e travagem, Ferreira
ficou em 31º, Cabral em 36º, Dias
Costa em 45º e Gellweiler no 60º.
Os portugueses voltaram a fazer
bons tempos na Mont des Mulles,
destacando-se o segundo lugar na
categoria de Ribeiro Ferreira no
seu pesado Delage, com um tempo
de 3’ 30”. Dias Costa também não
resistiu a efectuar esta prova facul-
tativa e, na sua estreia, atingiu o 7º
lugar da categoria, com um tempo
de 4’ 18, 2”.

40 Made in Portugal | Portugueses no Rali de Monte Carlo


Em 34, Ribeiro Ferreira estreou um
raro Railton Terraplane, um auto-
móvel inglês equipado com um
motor americano de 8 cilindros em
linha. Metódico e dominando já os
algoritmos de classificação do Rali,
Ferreira decidiu partir de Atenas,
o local que atribuía mais pontos
aos concorrentes, ambicionando,
finalmente, alcançar uma posição
de destaque. Os restantes portu-
gueses, por facilidade logística,
optaram por Valença do Minho. Francisco Ribeiro Ferreira recebe o diploma de participação na prova monegasca de 1931
Mme. La Caze, demonstrando uma
perseverança notável, inscreveu-se
uma vez mais mas desta feita não
O palmarés dos portugueses (1930-1934)
chegou sequer a partir. Os outros
ANO PILOTO TRIPULAÇÃO VEÍCULO MATRÍCULA Nº CLAS.
três concorrentes, todos em Ford –
apoiados directamente por Manoel 1930 José Luis de Val Flor Henrique de Verda, Fernando Pinto Basto, Cadillac 3283-XI 52 70º
Menéres, o líder do grande conces- Salvador Asseca e Rodrigo de Verda
sionário da marca norte-americana 1931 Mme. La Caze M. La Caze BNC Sport 3766-RD8 10 Desq.
no norte do país – destacavam-se Francisco Ribeiro Ferreira Bernardo Villar MG S-23189 20 14º
pela estreia absoluta: Vasco Santo Mário Madeira Miguel Sá da Bandeira Citroën C6 S-22092 Des.
de Andrade, Júlio Vilar de Freitas e e Carlos Souto Maior Figueira
Bento de Sousa Amorim. Nas provas 1932 Francisco Ribeiro Ferreira António Herédia e Vasco Fiúza Delage D6 S-23282 20 29º
de aceleração e travagem, Sousa Diogo Cabral Bugatti 46 N- NP
Amorim obteve um excelente 6º Mário Madeira Citroën C6 S-22092 NP
lugar, seguindo-se Ribeiro Ferreira, Sousa Lara FN NP
em 12º, Vilar de Freitas, em 24º e Mme La Caze Amilcar 220 Des.
Santo de Andrade, em 36º. 1933 Francisco Ribeiro Ferreira António Herédia e Wanzeller Delage D6 S-23282 20 44º
A opção de Ribeiro Ferreira por Diogo Cabral Esposa Bugatti 46 N- 23 47º
Atenas deu excelentes resultados. E, Mme. La Caze Mme. Marinovich Amilcar 105 Des.
no final, o automobilista português António Dias Costa Citroën 118 51º
faria um magnífico 4º lugar, uma João Gellweiler Esposa Citroën S-25823 124 54º
classificação que lhe daria grande
1934 Francisco Ribeiro Ferreira António Herédia e Virgílio Barroso Railton Terraplane S-27972 20 4º
notoriedade quer na organização do Vasco Santo de Andrade António Canavarro, António Sottomayor, Ford V8 N-12750 142 86º
Rali quer no panorama do desporto António Carlos Borges
nacional. Júlio Vilar de Freitas Luis Soares, José Soares Júnior Ford V8 S-25835 140 84º
Por vontade do autor, o artigo não obedece e Alberto Fonseca de Figueiredo
ao acordo ortográfico. MC Bento de Sousa Amorim Adolfo Ferreirinha Ford V8 Coupé N-13251 141 81º

Motor Clássico 41
Bristol 403 vs. Jaguar XK 120
TEXTO Adelino Dinis | IMAGEM Rui Botas

Bom senso ou paixão?


Com filosofias tão diferentes, o Bristol 403 e o Jaguar XK 120 representam
o que de melhor existia na orgulhosa indústria britânica do pós-Guerra.
Apesar de, em comum, terem laços importantes, técnicos e estéticos,
a um famoso modelo alemão dos anos trinta...

42 Dossier | Bristol 403 vs. Jaguar XK 120


D
epois das impor- -nos que de o seu verdadeiro sig-
tantes mudanças nificado é requintado. São assim as
operadas pela II formas do Bristol, com a primazia
Guerra Mundial, da função a resultar em soluções
a indústria auto- desconcertantes como a coloca-
móvel teve um ção dos faróis, os para-choques
lento recomeço. As matérias-primas primorosamente enquadrados e
escasseavam e foi precisa muita as superfícies tão lisas quanto a
imaginação para iniciar a produção barriga de um golfinho. No seu jeito
dos necessários veículos automó- único, é igualmente belo, com uma
veis, quase todos automóveis pré- intervenção importante da Touring,
-Guerra. A recém-formada Bristol em Itália, tanto nos traços gerais
Cars e a Jaguar, foram das marcas como no tipo de construção, com
mais rápidas a apresentar novos uma subestrutura tubular por baixo
modelos em 1947 e 1948 respetiva- dos painéis de alumínio.
mente. Este recomeço estava intima-
mente ligado ao final do conflito, e a Técnica
Bristol tinha começado a preparar O grande trunfo do XK 120 é o seu
a produção de automóveis por volta motor de seis cilindros, com du-
de 1941. Já o desenvolvimento do pla árvore de cames, câmaras de
motor XK, teve início em 1945. Os combustão hemisféricas e cabeça
primeiros Bristol têm uma ligação em alumínio. Seria não só a pedra
importante à BMW, graças à utili- basilar do modelo como dos mode-
zação do brilhante motor do 328, los subsequentes da marca durante
mas o Jaguar também não escapou várias décadas. Todas as outras
à ideia de que a sua bela e distinta soluções mecânicas no XK 120 são
carroçaria teria sido também inspi- convencionais, desde a excelente
rada no 328 Roadster Streamliner, direção por esferas recirculantes à
utilizado pela marca alemã para suspensão independente à frente,
vencer a edição de 1940 das Mille com triângulos sobrepostos e amor-
Miglia. Dando o devido crédito à tecedores telescópicos, mas com
inspiração germânica, estes dois eixo rígido e amortecedores de ala-
belos coupés do início dos anos vanca atrás. Convencional também
50 são marcadamente ingleses, a utilização de travões de tambos.
embora dificilmente pudessem ser A caixa de velocidades Moss, com
mais diferentes. quatro velocidades, a primeira das
quais não sincronizada, também
Estética não primava pela modernidade,
As loas ao design do XK 120 são trocando essa qualidade pela ro-
reconhecidas e não perdem sentido bustez que ninguém lhe nega.
no coupé. Uma silhueta perfeita, Já o Bristol é um compêndio de tec-
desde o dinamismo dos guarda- nologia, sendo provavelmente o mo-
-lamas integrados, ao tejadilho tor o seu elemento mais antiquado.
curvo e a superfície vidrada lateral. Mas como era muito avançado para
Os para-choques minimalistas são a época, continuava bastante acima
também um pormenor decisivo na da média nos anos 50. Dispunha de
simplicidade da carroçaria. Este válvulas à cabeça, comandadas
exemplar veio dos Estados Unidos, por apenas uma árvore de cames,
trazendo consigo os pneus de faixa mediante um complexo sistema de
branca, com as jantes normais e veios e balanceiros, e de câma-
os respetivos tampões cromados. ras de combustão hemisférica. Tal
Não é comum em Portugal vermos como o motor XK, também este era
automóveis com esta especificação, um motor com grande potencial
sendo mais comuns com as jantes para a competição, tendo sido utili-
de raios e porca central, que lhe zado em inúmeros carros de sport,
conferem um ar mais desportivo. mas também nos monolugares de
Mas continua a soltar expletivos de Fórmula 2, como os Cooper Bristol.
admiração. Tanto a caixa de velocidades como
O Bristol 403 é praticamente idêntico a direção do Bristol são bastante
ao 401, apresentado em 1951 e tem mais evoluídas do que os respetivos
alguns traços comuns com o Jaguar componentes do Jaguar. Os travões
no que diz respeito ao tratamento deste exemplar, inicialmente de
dos guarda-lamas, mas no resto tambor nos 403, foram convertidos
é completamente diferente. Uma para discos à frente, uma prática
boa forma de o definir é utilizar comum nos Bristol, que iam rece-
a palavra inglesa “exquisite”. Aos bendo melhorias à medida que
nossos ouvidos latinos, soa como estas eram introduzidas nos novos
esquisito, mas depois lembramo- modelos. A lubrificação utilizava

Motor Clássico 43
Muito sereno e contido, o Bristol muda de direção
de forma linear. O esforço nos comandos é mínimo

Interior requintado, repleto de pequenos detalhes que tornam os modelos da


marca verdadeiramente únicos, como os confortáveis botões para abrir as portas

o sistema “one-shot”, acionado pelo dois lugares, o Jaguar proporciona a sua conceção e afinação deve ter tivas nas recuperações. O Jaguar
condutor mediante um pedal es- um ambiente bem acabado. Mas sido complexa e foi abandonada leva menos de 10 segundos dos 60
pecífico. o Bristol é de outro campeonato, a nos modelos seguintes. Tudo neste aos 100 km/h em quarta, exercício
começar pelo espaço para quatro automóvel parece ter sido pensado que o Bristol cumpre em mais seis
Vida a bordo ou cinco ocupantes, surpreendente ao mais ínfimo pormenor. segundos. Ainda assim, os valores
As versões Fixed Head Coupe e até para as suas dimensões exte- do 403 são muito respeitáveis para a
Drophead Coupe do XK 120 são riores. As generosas poltronas e a Prestações época, permitindo, ainda hoje, uma
bastante mais refinadas do que utilização de excelentes materiais Esta é a parte em que o Jaguar tira utilização perfeitamente adequada.
o Roadster, tendo vidros laterais de revestimento concorrem para de letra, graças a um motor com Não pode é rivalizar com um dos
e painel de instrumentos em ma- uma sensação de luxo que o XK mais 1,5 litros e cerca de 60 cava- automóveis mais rápidos do mundo
deira. O belo volante de quatro não acompanha. A luminosidade e los do que o nobre seis do Bristol da sua época.
braços, os bancos em pele e os visibilidade em todas as direções é – aqui numa das últimas versões,
tapetes de qualidade conferem também de referência. A abertura com cerca de 105/110 cavalos. As Conforto
um ar exclusivo ao habitáculo, das portas e porta-bagagens por diferenças são significativas, quer O Bristol é um automóvel otimizado
que peca pela exiguidade, mas intermédio de botões é simples de nas acelerações, quer na velocidade para cumprir grandes distâncias
não pelos detalhes. Estritamente acionar e funciona muito bem, mas máxima, mas ainda mais significa- com o mínimo de esforço. Desde

44 Dossier | Bristol 403 vs. Jaguar XK 120


A grelha em duplo rim revela a ligação à BMW
e ao brilhante motor de seis cilindros; o interior
apresenta-se requintado

Bristol
403
1953-1955

Produção 281 Motor 6 cilindros em


linha, posição longitudinal dianteira
Distribuição uma árvore de cames no
bloco Cilindrada 3442 Alimentação 3
carburadores Solex Potência 100/105
cv DIN/5250 Binário máximo 152/167
Nm/3500 Suspensão dianteira, inde-
pendente, com triângulos sobrepos-
tos, mola transversal e amortecedores
a ausência de ruído aerodinâmico telescópicos; traseira, eixo rígido,
– que rivaliza com muitos automó- barras de torção e amortecedores
veis atuais – ao conforto que a sua telescópicos; Transmissão traseira,
suspensão proporciona, o 403 pro- caixa manual de 4 vel., primeira com
roda livre Direção pinhão e crema-
mete manter afastado o cansaço
lheira Travões tambores nas 4 rodas
dos ocupantes por muitas centenas Chassis Estrutura tipo caixa, reforçada
de quilómetros. O som do motor, com base em aço; estrutura tubular
embora audível, não ameaça in- da carroçaria coupé, em alumínio, 2
terromper uma boa conversa e o portas, 4/5 lugares Capacidade do
banco de trás, com apoio de braço depósito 77 l Jantes/Pneus 16/5,75’’x
central escamoteável, garante uma 16 Dimensões comprimento: 4864
experiência igualmente relaxante mm distância entre eixos: 2896 mm
aos passageiros adicionais. O Jaguar largura: 1700 mm Peso 1270 kg Ace-
leração 0-100 Km/h: 14,7 s.; 0-1000 m:
tem um público menor para agradar,
35,7 s. Velocidade máxima 170/175
mas faltam-lhe atributos para os iso- O motor de seis cilindros de origem BMW distinguia-se pelas válvulas à cabeça, Km/h Consumo médio 11 l/100 km
lar do exterior. O amortecimento comandadas por uma única árvore de cames no bloco

Motor Clássico 45
O espaço é limitado, o volante é enorme, mas só
podíamos estar num automóvel inglês; o comando
americano do pisca é um acessório magnífico

Jaguar
XK 120 FHC
1951-1954

Produção 2678 Motor 6 cilindros em


linha, posição longitudinal dianteira
Distribuição duas árvores de cames à
cabeça Cilindrada 3442 Alimentação
2 carburadores SU 1,75’’ Potência
160 cv DIN/5100 Binário máximo
264 Nm/2500 Suspensão dianteira,
independente, com barras de torção,
triângulos sobrepostos, amortecedo-
res telescópicos e barra estabilizadora; é mais firme e digere menos bem
traseira, eixo rígido, molas de lâmina as imperfeições. E o som do motor
semí elítica e amortecedores de ala- está sempre presente, mesmo ao
vanca; Transmissão traseira, caixa ralenti. Quem não gostar da música,
manual de 4 vel., primeira não sincro-
tem um problema sério…
nização Direção esferas recirculantes
Travões tambores nas 4 rodas Chassis
separado, em escada, com reforços Condução
laterais; carroçaria coupé em aço, 2 No Bristol, tudo é facilidade. O
portas e 2 lugares Capacidade do comando da caixa foi convenien-
depósito 64 l Jantes/Pneus 16/6.00’’x temente alterado, para ficar mais
16 Dimensões comprimento: 4395 direto e curto. Os pedais são acio-
mm distância entre eixos: 2591 mm nados sem esforço e a direção exige
largura: 1560 mm Peso 1372 kg Ace- apenas um pouco mais de esforço
leração 0-100 Km/h: 9,4 s.; 0-1000 m:
nas manobras do que seria ideal.
31 s. Velocidade máxima 192 Km/h
O seis cilindros XK é um dos melhores motores de sempre. Potente, fiável e com A instrumentação é completa e le-
Consumo médio 14 l/100 km
uma disponibilidade impressionante. E o som sempre brutal gível. Este exemplar já conta com

46 Dossier | Bristol 403 vs. Jaguar XK 120


Mesmo este exemplar de ar mais elegante e delicado, com pneus de faixa
branca, exige condução dedicada, se quisermos usar a potência disponível

Requinte mais convencional nas portas; a complexa grelha do XK120 foi simpli-
ficada nos seus sucessores; o coupé têm formas magníficas

overdrive, que permite velocidades vadas. Em curva o Bristol adorna um exemplar com aspeto virginal, bran- caixa Moss é uma velha conhe-
de cruzeiro elevadas reduzindo o pouco na entrada, mas não acentua quinho até às meias, exagera de cida e desde que esteja em boas
regime do motor, com óbvias van- o movimento, mantendo a trajetória sonso. Parado, é fácil julga-lo como condições e não reneguemos os
tagens para o consumo e para a desenhada sem necessidade de um carrinho antigo, muito bonito, benefícios das “duplas”, tem tudo
longevidade. A posição de condução correção adicional. Usando a caixa até feminino. Mas assim que liga- para correr bem Pelo menos, na
é mais alta do que o habitual. O e as rotações, o Bristol progride de mos o motor, a conversa é outra. E maioria das vezes. Os travões de
seis cilindros é certinho ao ralenti forma célere, sempre refinado. O o escape com duas saídas é ainda tambor são suficientes numa utili-
e desenvolto a subir de regime. envolvimento com o condutor é o mais agressivo e vocal. Entrar e sair zação normal, mas numa condução
O som é agradável, mas contido. suficiente para transmitir o que se de um XK 120 exige uma técnica mais atrevida, não vão manter as
A direção é precisa e o comando passa na estrada, mas sem incenti- específica, mas o baixo tejadilho do qualidades durante muito tempo.
da caixa requer apenas as pontas var qualquer espécie de sentimento coupé torna a execução do gesto A direção, por esferas recirculan-
dos dedos para o manusear. A bre- de rebeldia. Um carro que ajuda a ainda mais importante. Uma vez lá tes, é um dos trunfos secretos do
cagem é excelente e confere uma manter sempre o estatuto de Senhor, dentro, é a falta de espaço para os XK 120. Com um funcionamento
agilidade em baixa velocidade, mesmo quando não é merecido. braços que exige adaptação. Abrir muito linear e a ausência de efeito
transformada numa sensação de O XK 120 suscita precisamente a janela para ganhar uns centíme- de recuo em apoio, são um fator
segurança a velocidades mais ele- o sentimento inverso. Então este tros adicionais é uma hipótese. A aliciante na condução do XK 120

Motor Clássico 47
Mesmo na
colocação da
roda suplente é
evidente o cui-
dado da Bristol
em elaborar e
da Jaguar em
simplificar...

Os para-choques
integrados são apenas
um dos pormenores
modernos do Bristol,
o construtor britânico
menos dado a atalhos
na conceção e produ-
ção de automóveis...

O Bristol tem um conceito que aponta para


soluções de futuro, enquanto o Jaguar celebra
valores do passado

– os 140 e 150 utilizam sistemas 220 contos, praticamente o mesmo restauro do Bristol seja mais dis- 403 provoca, em quem sabe o que
de pinhão e cremalheira que, sem preço de um Mercedes-Benz 300! pendioso, até pela complexidade representa, um sorriso altivo. Já o XK
serem mais precisos, perdem as Estes valores refletiam sobretudo da sua construção. 120 intimida na mesma medida em
referidas caraterísticas. Onde o o tipo e qualidade de fabrico do que me faz gargalhar de cada vez
Bristol passa certinho e sem neces- Bristol, inteiramente manufaturado Veredicto que acelero e deixo pregados de
sidade de correção, o XK 120 vai e a produção industrial do Jaguar. Em termos puramente da qualidade, surpresa os inadvertidos condutores
nas pontinhas dos pneus, sempre Em termos de eficiência energética, este é um dos comparativos mais de eletrodomésticos. É poderoso,
sensível ao acelerador, exigindo o Bristol levava clara vantagem, desnivelados que já tivemos, com bruto e exige incondicional con-
acertos constantes ao condutor e com um consumo a rondar os 11 modelos contemporâneos. O Bristol centração do condutor, que não
com o seis cilindros a trovejar. Maior litros a cada 100 quilómetros. O é mais avançado, mais confortável tem mãos a medir – nem espaço
envolvimento do que isto, não é fácil. Jaguar reclama mais cinco litros e mais eficiente. É também mais para as mexer! O Bristol é um carro
para cumprir a mesma distância. raro e distinto. Qualquer viagem formidável. O Jaguar é apaixonante.
Economia A evolução das cotações inverteu o é feita sem esforço, com o serviço E aqui a razão manda menos.
Em 1952, o Bristol 401 custava, em valor dos dois e podemos apontar de um automóvel bem pensado e
Portugal, cerca de 200 contos, en- um valor atual de cerca de 65 000 construído. Ter a oportunidade de Agradecemos a colaboração de
quanto o XK 120 Coupé custava euros para o Jaguar e 55 000 eu- o conduzir permitiu-me confirmar José Santos Fernandes e João Pe-
131 contos, mais três do que o ros para o Bristol, dez vezes mais as suas excentricidades que, vendo reira de Sousa para a realização
Roadster. O 403 custava cerca de raro. Estimamos também que o bem, fazem todo o sentido. O Bristol deste artigo. MC

48 Dossier | Bristol 403 vs. Jaguar XK 120


O 403 foi desenhado com ajuda do túnel de vento
e tem uma aerodinâmica exemplar para a época

O XK 120 coupé, estilizado de forma menos


científica, tem uma beleza mais consensual

Motor Clássico 49
História da Bristol
TEXTO Adelino Dinis | IMAGEM Arquivo

Visão do futuro
Uma das marcas britânicas mais exclusivas e distintas, muitas vezes
incompreendida, a Bristol tem um percurso fora do comum, que se reflete
em cada um dos automóveis produzidos.

N
ão existe constr utor moderno e potente, serviu os Bristol, mais moderna e aerodinâmica. A os outros modelos. Utilizando o V10
tão enigmático quanto do 400, de 1948, ao 406, produzido Bristol sempre pautou as suas op- do Chrysler Viper, com mais de 500
a Bristol, uma marca que, até 1960. Esse foi também o ano em ções pela facilidade de utilização. cavalos, era o único carro do seu
ao longo de 70 anos tri- que a Bristol Cars se autonomizou Isto é visível quer nas dimensões género, capaz de superar os 340
lhou o seu próprio, com pouquíssima face à Bristol Aeroplane Company. exteriores compactas, quer no raio km/h e de ser utilizado no dia a dia.
consideração ao mediatismo e di- Em 1961 surgiu o primeiro modelo de brecagem, quer na visibilidade e Ao princípio, este projeto foi visto
vulgação para as massas. A partir equipado com motor V8 Chrysler de ergonomia. Neste período, sempre com descrédito, mas foi totalmente
de certa altura, os artigos nas publi- 5,2 litros, o 407. A ligação à marca fiel ao V8 Chrysler e à transmissão concretizado, tendo sido produzi-
cações especializadas começaram americana duraria até ao final de automática, a marca experimentou das 14 unidades desde exclusivo
a escassear e a marca formou uma produção dos Bristol. a utilização de turbocompressores e automóvel.
organização quase secreta com os Seria preciso esperar até aos anos 70 também de GPL como combustível Em março de 2011, a produção dos
seus clientes. Mas, quando come- para ter um Bristol verdadeiramente alternativo, com bons resultados. Os Bristol foi suspensa e o construtor
çou, a Bristol Cars era uma nova novo, já sob a batuta de Tony Crook, 412 e 603 foram sendo continuamente declarou falência. A Bristol Cars
área de negócio de um importante que ficou com o controlo da empresa evoluídos. O primeiro foi substituído foi então adquirida pelo Grupo
construtor aeronáutico, com 70 000 em 1973, substituíndo George White, pelo Beufighter e Beauford (nomes de Kamkorp, proprietário do Grupo
empregados. O regresso aos trans- neto do fundador da Bristol Aero- aviões militares produzidos pela Bris- Frazer-Nash. Atualmente está em
portes terrestres foi uma forma de planes. Mas a espera valeu a pena, tol durante a II Guerra), o segundo desenvolvimento um novo Bristol,
diversificar as suas atividades do porque apareceram logo dois novos deu lugar a uma linhagem ainda com motorização híbrida. Entretanto,
pós-Guerra, com o mesmo rigor Bristol: o 412, cuja carroçaria era mais longa, com o Britannia, Brigand a Bristol Cars continua a assegurar
que aplicavam aos seus aviões. De produzida na Zagato, era um coupé e Blenheim a trazerem a marca até o restauro e manutenção de todos
início, todos os seus modelos es- tipo-targa apresentado em 1975, e o 2011. Antes disso, em 2004, a Bristol os modelos da marca, mantendo o
tavam equipados com o motor de 603, continuando a tradição dos Bris- apresentou o Fighter, um supercarro seu conhecido stand em Kensington
quatro cilindros de origem BMW, tol saloons, mas com uma carroçaria completamente diferente de todos High Street, em Londres. MC

50 Dossier | Bristol 403 vs. Jaguar XK 120


Herói conhecido
Uma fera em vestido de gala
A história do Jaguar XK foi já objeto de uma re- Disponível em três carroçarias diferentes
portagem completa na nossa edição 36 (janeiro (Roadster, Fixed Head Coupe e Drophead
de 2010), mas é importante recordar que foi Coupe) a gama do XK 120 foi decisiva para a
apresentado em 1948, quase como moldura para imagem desportiva que a Jaguar conseguiu
o novo motor de seis cilindros. Foi tal o furor, que manter até hoje, o que torna este modelo um
a Jaguar teve que o produzir em série, fazendo dos mais importantes da sua história. Ao todo,
do XK 120 o automóvel de produção mais rápido produziram-se 12 055 exemplares, valor que não
do mundo. A sua carreira comercial acabou seria superado por nenhuma das duas gerações
por ser muito mais importante para a marca do seguintes, os XK 140 e XK 150.
que o inicialmente previsto,
sobretudo porque 90% dos
exemplares produzidos foram
para exportação. Os triunfos na
competição foram igualmente
imediatos e deram origem a um
departamento de competição
que não parou de desenvolver
modelos específicos para as
corridas. O C-Type e o D-Type,
vencedores de Le Mans, foram
os mais mediáticos resultados
desse trabalho. Mas não é pos-
sível negligenciar a importância
desse processo para os mode-
Apesar da sua raridade, alguns Bristol vieram para
los futuros, como o E-Type.
Portugal. Em cima, o 401 da família Formigal; em baixo,
o 403 de Joaquim de Vilhena

Em cima, o belo 404, com uma distância entre eixos redu-


zida e o 411, já com motor V8 Chrysler; à dir., o 603, que
evoluiria até ao Blenheim, cuja produção terminou em 2011

À esq.: o Beaufighter, uma evolução do 412 desenhado por Za-


gato; em cima, o fantástico Bristol Fighter, com motor V10 que
podia ter entre 528 e 1012 cv (no Fighter T, com motor turbo)

Motor Clássico 51
B
eneficiados com ex- de código E31) fez furor quando do mercado norte-americano, os rapidez) e de entusiasmar o seu
celentes infraestru- chegou ao mercado em 1989. Pa- técnicos germânicos elegeram a condutor. Equipados com motores
turas, os alemães cote tecnológico invejável, para segurança como um dos parâme- de arquiteturas diferentes – o BMW
sempre prezaram além das motorizações V8 e V12, o tros mais importantes, com o SL com um V12 e o Mercedes-Benz
bons (e rápidos) “oito” estreava entre outras coisas a ser equipado com um rollbar com um V8 – os pesos totais e
carros. Mas nunca acelerador “drive-by-wire”. Desde automático, acionado em caso de potência equiparam-se, bem como
como na década de 90 os cons- o primeiro momento o 850i, com o capotamento eminente. A versão o uso de uma caixa automática de
trutores estiveram tão apostados seu motor V12 com cinco litros de 500 SL era equipada com um V8, quatro relações.
em unir a potência dos motores capacidade e 300 cavalos de po- com cinco litros de capacidade
V8 e V12 com novas tecnologias tência, tomou o topo da hierarquia. e uma potência de 326 cavalos. Estética
que preenchiam de conforto e Descendente de uma real linhagem Aparentemente distintos, mais não Desenhado por Klaus Kapitza, o
segurança os topo de gama, caso de descapotáveis, o Mercedes- seja pela sua carroçaria, ambas BMW série 8 conquista-nos imedia-
dos fabulosos BMW 850i E31 e -Benz SL (nome de código R129) as propostas germânicas repre- tamente pelas suas linhas esguias
Mercedes-Benz 500 SL R129 que tinha como objetivo superar os sentam o que de melhor se fazia e proporcionais, notando-se a au-
decidimos por frente a frente. anteriores modelos da marca da na Alemanha na década de 90, sência do pilar B, que torna ainda
Idealizado como um GT capaz de estrela. E para isso contava com mantendo intactos predicados mais arejado e limpo o seu perfil.
enfrentar marcas como a Ferrari novas motorizações e muita tecno- como a capacidade de percorrer Mais clássicos na sua abordagem,
ou Maserati, o BMW série 8 (nome logia. Conscientes da importância longas distâncias em conforto (e a dupla de designers da Mercedes

52 Comparativo | BMW 850 vs. Mercedes-Benz 500 SL


BMW 850 vs. Mercedes-Benz 500 SL
TEXTO Ricardo José Gouveia | IMAGEM Rui Botas

Reis da autobahn
Verdadeiras montras do que de melhor se fazia na Alemanha da década de 90,
o BMW 850i e o Mercedes-Benz 500 SL podem ser distintos nas carroçarias,
mas partilham um mundo de tecnologia.

Johann Tomforde e Bruno Sacco um avançado sistema eletrónico orientada para o condutor como Prestações
manteve a inspiração nas ante- de amortecimento EDC com re- ainda hoje acontece. Inicialmente Aproveitando um conhecido pedaço
riores gerações do SL, inovando gulação da altura da carroçaria. confusa, a multitude de botões de estrada serpenteante perto de
nas proporções da carroçaria, o No interior o 850i volta a ganhar depressa se torna costumeira, o Bucelas, com o fotógrafo de máquina
que tornou o modelo ainda mais vantagem, com diversos comandos que só vem provar a excelente em riste, familiarizo-me com o 850i.
apto ao mercado norte-americano. elétricos para as funções de chas- ergonomia do BMW. Suave e progressivo, pouco tempe-
Neste parâmetro, a polivalência sis e comodidades do habitáculo. Por oposição, o Mercedes-Benz ramental na entrega e silencioso
da carroçaria descapotável do tem no habitáculo de linhas sim- a médios regimes, o V12 parece
500 SL dá-lhe a vitória por larga Vida a Bordo ples e escorreitas o parceiro distante na forma como trabalha.
margem. Coerente com as linhas moder- ideal ao seu design clássico. Ti- O taquímetro assinala 300 km/h de
nas do exterior, o habitáculo do midamente espalhados na parca velocidade máxima, mas é o conta-
Técnica BMW 850i mistura na perfeição as consola central, botões redondos -rotações que merece atenção, pois
Face à tradicional disposição novas tecnologias com a ergono- contrastam com os comandos re- só depois de ultrapassada a fasquia
do chassis do 500 SL, equipado mia defendida na época. Sentado tangulares dos vidros elétricos e das 4000 rotações (até ao limite im-
com suspensão independente na avantajada poltrona forrada aquecimento dos bancos, também posto às 5500 rotações) é que os
em ambos os eixos, com braços a pele, dou por mim envolto no eles forrados a pele. Sem dúvida 300 cavalos de potência se revelam,
triangulares à frente e multibraços conjunto formado pelo painel de duas propostas de qualidade, com com um rugido agudo e metálico.
atrás, o BMW 850i responde com instrumentos e consola central, atributos bastante distintos. De som encorpado e timbre

Motor Clássico 53
Bastante ergonómico
e tecnologicamente
avançado, o interior
do BMW 850i ainda
hoje se mantém atual

BMW Em curvas
apertadas o 850i
850i E31
mostra-se contra-
1989–1994 riado, preferindo
a autoestrada
Produção 20 072 Motor 12 cilindros
em V, posição longitudinal dianteira
Distribuição 2 árvores de cames à
cabeça, 24 válvulas Diâmetro x Curso
84 X 75mm Cilindrada (cc) 4988 Ali-
mentação injeção Bosch Motronic M
1.7 Potência (cv DIN/rpm) 300/5200
Binário máximo (Nm/rpm) 450/4100
Suspensão independente; dianteira,
braços oscilantes transversais inferio-
res, barra anti aproximação; traseira,
multibraços, barra anti aproximação;
sistema eletrónico de amortecimento
EDC com regulação da altura Trans-
missão Traseira, caixa automática de 4
vel.; controlo de estabilidade e tração
ASC Direção Pinhão e cremalheira,
com assistência variável Travões à grave, o motor V8 que equipa o 500
frente, discos ventilados; atrás, dis- SL merece mais atenção desde os
cos; ABS Bosch Chassis monobloco,
primeiros metros. Embora seja mais
carroçaria coupé em aço, 2 portas e
rotativo que o seu congénere ale-
quatro lugares Capacidade do depó-
sito (l) 90 Jantes/Pneus 7,5J / 235/50 mão (o redline é às 6000 rotações),
ZR16 Dimensões comprimento: 4780 o bloco parece dispor de mais alma
mm distância entre eixos: 2685 mm a baixos regimes, recompensando a
largura: 1855 mm Peso (kg) 1790 persistência do pé direito com uma
Aceleração 0-100 Km/h (seg.) 7,4; sonoridade barítono inebriante, que
Velocidade máxima 250 Km/h me deixa imediatamente apaixonado.

Conforto
Feitos a pensar nas longas (e lisas)
autobahn alemãs, ambos os modelos
são verdadeiros sofás ambulantes.
Nas estradas portuguesas, onde o
Quatro excelentes bancos em pele e uma bagageira assinalável tornam este GT asfalto quebrado prevalece, a sus-
num verdadeiro bólide familiar, para apreciar durante grandes viagens pensão analógica do 500 SL disfarça

54 Comparativo | BMW 850 vs. Mercedes-Benz 500 SL


A estética clássica
do 500 SL tem
continuidade no
habitáculo

Com a capota Mercedes-Benz


fechada o 500 SL
500 SL R129
é um verdadeiro
GT, polivalente e 1992-2002
eficaz
Produção 79 827 Motor 8 cilindros
em V, posição longitudinal dianteira
Distribuição 4 árvores de cames
à cabeça, 32 válvulas Diâmetro x
Curso 96,5 X 85mm Cilindrada (cc)
4973 Alimentação injeção mecâ-
nica/eletrónica Bosch KE5-Jetronic
Potência (cv DIN/rpm) 326/5500 Bi-
nário máximo (Nm/rpm) 450/4000
Suspensão independente; dian-
teira, braços triangulares, barra
estabilizadora, molas helicoidais;
traseira, multibraços, barra estabili-
zadora, molas helicoidais Transmis-
são Traseira, caixa automática de 4
vel. Direção Pinhão e cremalheira,
com assistência Travões à frente,
a maioria das ondulações, mas é o discos ventilados; atrás, discos;
sistema eletrónico do BMW que leva ABS Bosch Chassis monobloco,
carroçaria descapotável em aço,
a vantagem em termos de conforto,
2 portas e quatro lugares Capaci-
se bem que muito curta, com um
dade do depósito (l) 80 Jantes/
trabalhar suave e progressivo. Pneus 8J / 225/55 ZR16 Dimensões
comprimento: 4470 mm distância
Condução entre eixos: 2515 mm largura: 1810
Há quem diga que “BMW com cinco mm Peso (kg) 1800 Aceleração
metros de comprimento (sem ser 0-100 Km/h (seg.) 6,2; Velocidade
o série 7) não conta”. Não sou tão máxima 250 Km/h
radical, mas o facto é que a estru-
tura cinética do 850i merece ser
explorada em autoestrada, já que
em curvas apertadas revela pouco
à-vontade. Para muita pena minha,
já que a direção assistida hidraulica-
mente do BMW é uma das melhores Os bancos traseiros poderiam ser especificados, embora oferecessem uma utiliza-
que alguma vez experimentei, ção muito reduzida. A mala é mais pequena do que a do BMW

Motor Clássico 55
A caixa automática do BMW dispõe de vários
modos de utilização, sendo suave e progressiva. O
taquímetro anuncia 300 km/h de velocidade máxima

De silhueta esguia e generosa superficie vidrada, o 850i ainda hoje é um modelo elegante, disposto entre
o glorioso passado da BMW e o ondulado futuro estético da marca germânica

A caixa automática do Mercedes-Benz é um dos


seus melhores predicados, sendo suave e bastante
discreta na passagem de relações

De formas clássicas e robustas: assim deve ser sempre um SL da Mercedes-Benz, ou não fosse este conhecido
como “panzerwagen”. A velocidade máxima anunciada pelo taquímetro é 260 km/h

oferecendo doses perfeitas de pre- Economia economia a ter em conta quando e disponível na entrega, com con-
cisão, sensibilidade e peso. Neoclássicos por definição, tanto o falamos de clássicos tão recentes, forto de sobra. Já o Mercedes-Benz
No caso do Mercedes-Benz é a BMW como o Mercedes-Benz têm e que dão um empate técnico aos aprimora a herança SL com um refi-
direção que deixa o modelo ficar uma cotação estimada de 18 000 modelos testados. nado carater desportivo misturado
aquém das expetativas, com dema- euros para o coupé e 20 000 euros com ambiente clássico e prestações
siada assistência ao centro e pouca para o descapotável. O mesmo pode Veredito atuais. O vencedor deveria ser o V12
sensibilidade. Em contrapartida, o dizer-se em relação aos consumos Feitos a pensar nas fabulosas es- da BMW mas a polivalência do V8
chassis é verdadeiramente brilhante, anunciados na época. De acordo tradas alemãs, o BMW 850i E31 e da Mercedes-Benz leva a dianteira.
moldando-se ao tipo de condução com a BMW, o 850i gastava a 90 km/h o Mercedes-Benz 500 SL R129 são Por uma unha negra.
de forma rápida e precisa. Em curva, 8,6 l/100 km, a 120 km/h 10,3 l/100 provavelmente dois dos melhores
o eixo traseiro ajusta-se sem alarde, km, e em circuito urbano gastava modelos do género da década de 90 Agradecemos a colaboração de
ajudando a descrever a trajetória, o 19,8 l/100 km. Já o Mercedes gastava (na lista podíamos incluir também o David Correia, Orlando Ferreira,
que por sua vez me permite explorar a 90 km/h 10,1 l/100 km, a 120 km/h Porsche 928), mas não podiam ser do stand Lendas Vivas e da Classic
ainda mais os limites sem medo de 12,0 l/100 km, e em circuito urbano mais diferentes um do outro. O BMW Place Auctions para a realização
os exceder. gastava 16,6 l/100 km. Dois tipos de é um verdadeiro GT, suave no caráter deste ensaio. MC

56 Comparativo | BMW 850 vs. Mercedes-Benz 500 SL


Em percursos mais sinuosos o BMW 850i tende a fugir
ligeiramente de frente, sendo bastante progressivo e previsivel

Abençoado por um excelente eixo traseiro multibraço,


o 500 SL é bastante ágil na descrição das curvas mais apertadas

Motor Clássico 57
58 Ensaio | Ford Thames Van 7cwt
Ford Thames Van 7cwt
TEXTO Francisco Mota | IMAGEM Ford Motor Company

Profissional do volante
Pertenceu a um artífice de moldes, que trabalhava na fundição
da fábrica da Ford, em Dagenham, no Reino Unido e hoje faz parte
da Ford Heritage Collection. Motor Clássico ensaiou este carismático
comercial de 1961, nas estradas rurais do sul de Inglaterra.

C
omo seria a vida nada menos do que o famoso Anglia detalhe de uma base mais alta na Em termos mecânicos, a Thames
de um profissio- Fascinante, mas as modificações parte posterior, de forma a não Van partilhava quase tudo com
nal do volante nos feitas para cumprir as suas funções baterem nos lancis dos passeios, o A nglia 105E, sendo também
anos sessenta, em profissionais são maiores do que quando o motorista estacionava e feita na fábrica de Dagenham até
Inglaterra? Para se pode pensar, à primeira vista. abria a porta. Esta versão é a mais a produção ser transferida para
responder a esta Em termos de painéis exteriores, equipada e com maior capacidade Halewood, em 1963. O período de
pergunta, a Ford propôs à Motor apenas a frente é idêntica, com de carga, designada 7cwt (355 kg), produção desta variante comercial
Clássico um ensaio exclusivo de o mesmo capot, guarda-lamas, por isso inclui vários cromados: na foi de 1961 a 1967 e a partir de 1965
um dos seus mais populares veícu- grelha e faróis. O para-brisas é grelha frontal, nos aros dos faróis, passou a ser designada apenas
los comerciais da altura, a Thames específico da versão comercial, nos para-choques e na borracha como Anglia Van, sendo o nome
Van. Basta olhar para as imagens sendo mais alto e montado mais na de fixação do para-brisas. Havia Thames descontinuado.
para perceber de imediato qual vertical. Também as portas late- também uma versão 5cwt (254 kg) A história deste exemplar é muito
a origem deste comercial ligeiro, rais são mais altas e têm o curioso mais barata. curiosa, pois pertencia a um artí-

Motor Clássico 59
A potência não é
muita mas a caixa
de relações curtas
dá uma certa vivaci-
dade à condução.
Os comandos pa-
recem todos muito
frágeis

Esta versão 7 cwt tinha uma capacidade de carga de 355 kg mas havia também
uma versão 5 cwt, com capacidade de apenas 254 kg

fice de moldes para fundição, que primeiro Focus RS e as últimas funcional, com duas portas de abrir Por baixo, há uma prateleira a toda
trabalhava na fábrica da Ford, em unidades produzidas do Cortina, na vertical e um piso baixo, tudo a largura mas não há mais porta-
Dagenham, Essex. O seu nome era Capri, Sierra Cosworth, RS200 para facilitar as cargas e descar- -objetos, nem bolsas nas portas. A
E.W. Henderson e figura hoje nos entre outros. gas. No geral, quem trabalhasse visibilidade para a frente é muito
painéis laterais da Thames Van, A imagem única do Anglia Fas- ao volante deste comercial não boa, para trás também porque os
como forma de o homenagear, cinante não fica adulterada nesta teria um local de trabalho desa- vidros das portas traseiras são
depois de a sua viúva ter doado a versão comercia l. A caixa de gradável. O habitáculo não tem grandes. Claro que, para os ân-
Thames Van à Ford Heritage Col- carga foi feita para maximizar o separação da caixa de carga, pelo gulos ¾ traseiros, os painéis em
lection. Esta coleção contém 100 volume interior, com o tejadilho menos nesta unidade mas tem dois chapa da caixa de carga são uma
veículos que celebram o centenário alto mas houve algum cuidado com bancos muito macios, sem apoio obstrução típica dos comerciais.
da marca, sendo um Model T de o estilo, que mantém os entalhes lateral nenhum, um volante enorme Há três retrovisores exteriores,
1910 o mais antigo. Outros marcos laterais, que começam nos faróis de aro muito fino mas que propor- um na porta, muito pequeno e dois
históricos estão presentes, como e vão até à traseira, bem como os ciona uma razoável posição de nos guarda-lamas, muito distantes
a mais antiga Transit que sobre- dois farolins traseiros, montados condução. O tablier é pintado na e que pouca ajuda dão.
viveu até hoje, fabricada em 1965, no seguimento dos “ombros.” A cor da carroçaria, apenas com os Para por o motor em marcha roda-
o primeiro Ford Racing Puma, o vista traseira é completamente instrumentos e botões essenciais. -se a chave, que fica dentro do

60 Ensaio | Ford Thames Van 7cwt


Os pneus de medida 560x13 garantem o conforto,
mesmo em maus pisos. Os comandos da climatiza-
ção têm um charme muito próprio

painel de instrumentos e puxa-se de caixa muito curtas. Arrancar em


o “starter”, enquanto se acelera. O segunda é perfeitamente normal
pequeno quatro cilindros de 997 e chega-se à quarta em menos de
cc tem um trabalhar suave, com- nada. Esta era a solução normal,
passado e sublinhado por uma nota nos anos sessenta, para tirar o má-
de escape bem sonora. A caixa de ximo de motores pequenos quando
quatro velocidades tem comando usados para mover veículos co-
direto, por isso o tato é 100% me- merciais carregados. Em vazio,
cânico e bastante preciso. O Tha- com apenas 742 kg para puxar,
mes Van, apenas com o condutor os 42 cv parecem mais do que
ao volante e o fotógrafo dentro da são, permitindo até explorar um
caixa de carga, para fazer algumas pouco a agilidade do Thames Van
das imagens deste ensaio, arranca nas estreitas e sinuosas estradas
com vivacidade. O motor parece rurais do sul da Inglaterra, onde
ter mais energia do que realmente decorreu este ensaio. Depois de Toda a informação está reunida num pequeno painel de instrumentos da Smiths,
tem, muito por causa das relações alguns minutos de habituação à desde a velocidade ao conta-quilóemtros e nível de gasolina. Não há conta-rotações

Motor Clássico 61
Os bancos não têm nenhum apoio lateral mas são macios. A utilização de
cromados, na frente, definia esta como a versão mais equipada da gama

Ford
Thames Van
1961-1963

Produção n.d. Motor 4 cilindros em


linha; longitudinal dianteiro, 997 cc
(80,96 x 48,41); carburador Solex in-
vertido; taxa de compressão 8,9:1; 42
cv às 5000 rpm; refrigerado a água.
Transmissão traseira; caixa manual
de quatro velocidades. Suspensão
dianteira, MacPherson com barra
estabilizadora; traseira, molas semi-
-elípticas e amortecedores hidráulicos
nas quatro rodas. Direção Esferas
recirculantes, sem assistência. Tra-
vões hidráulicos com tambores às
quatro rodas. Chassis Carroçaria
monobloco em aço, comercial com
duas portas laterais e duas portas de
carga, traseiras, dois lugares e 355 kg
de capacidade de carga. Dimensões
comprimento 3899 mm; distância
entre-eixos 2299 mm; largura 1504
mm; altura 1625 mm; Peso 742 kg.
Rodas jantes em aço de 13’’; Pneus
560 x 13. Prestações 0-100 km/h n.d.
0-1000 m: n.d. Vel. Máx. 118 km/h.
Consumo médio n.d. Boa capacidade de carga e amplo acesso, devido às duas portas verticais. Mas as cavas das rodas intrometem-se no espaço utili-
zável e, pelo menos nesta unidade, não existia separação alguma entre a caixa de carga e os ocupantes dos dois bancos

condução pela esquerda, é altura macia, passando pelos pisos irre-


de imaginar como seria o dia-a-dia gulares das famosas “B-roads” com
de um motorista de um comercial toda a indiferença, só se notando
como este. Hoje, estranha-se o alguma reacção da suspensão tra-
aro fino e enorme diâmetro do vo- seira reforçada em situações mais
lante mas, com uma direção sem críticas. Mas o comportamento
assistência, não havia outra alter- dinâmico é seguro, previsível, nem
nativa. E o resultado nem é mau, há demasiada inclinação lateral da
não sendo preciso muito esforço carroçaria em curva e com uma
nem se perdendo grande coisa em agilidade que torna a condução
precisão. As rodas estreitas e de divertida, tanto mais que, sem
pequeno diâmetro permitem um carga e em estradas estreitas, as
raio de viragem curto, o que seria prestações francamente modestas
muito apreciado no meio do trân- não o parecem assim tanto. Con-
sito britânico e a boa visibilidade clusão, quem trabalhava ao volante
para a frente também. Este ainda de um Thames Van, na Inglaterra
é um modelo em que o condutor dos anos sessenta, tinha razões
vê onde termina a frente do carro, para sorrir, pelo menos depois de
O motor 1.0 tem apenas 42 cv mas o baixo peso de 742 kg ajuda a que o andamento neste caso numas vistosas pestanas descarregar e voltar à base, sem
não seja demasiado lento, pelo menos com a caixa de carga vazia... sobre os dois faróis. A suspensão é nenhuma mercadoria a bordo. MC

62 Ensaio | Ford Thames Van 7cwt


Um dos comerciais mais vulgares no Reino Unido,
durante muitos anos é hoje uma curiosidade que
merece estar no museu da Ford

Motor Clássico 63
Rali Arte e Sport - Iniciados 1965
TEXTO Ângelo Pinto da Fonseca | IMAGEM Arquivo Edições Vintage

Um vencedor surpresa
O primeiro Campeonato Nacional de Iniciados realizou-se em 1970,
embora na década anterior, o Clube Arte e Sport tenha organizado algo similar,
o Critério de Iniciados. Nele se disputaram boas provas e despontaram nomes
que se afirmaram no desporto automóvel.

V
amos relembrar uma ferir que nestas provas apenas
dessas provas, o se impunha a posse de carta de
Rali Arte e Sport, a condução e a não participação
primeira das cinco anterior em provas de primeira
que constituíam o categoria.
Critério de 1965. A complementar era tradicional:
O rali era muito simples e aces- contornar tacos, fazer um “peão”
sível: uma prova de estrada com e a meio uma travagem com caixa,
80 quilómetros do «tipo Concen- seguida de marcha-atrás e de
tração Turística, com um percurso novo tacos até final. A travagem
sinuoso e interessante» (César (ou a caixa…) foi o cemitério de
Torres no «Mundo Desportivo») muitas ilusões!
e uma prova complementar no A primeira complementar definiu
Estoril, a disputar em duas mãos, alguns dos mais rápidos: Neves
que tiveram lugar antes e depois fez 39,5 segundos, Pedro Costa
da prova de estrada. O resultado Luz 41,9, Oliveira 42,3, Carlos de
final era ditado pelo melhor tempo Kessler 43,0, Gisèle 43,7 e Mário
feito numa delas. No mesmo dia, Silva 43,8. A segunda reordenou-
Domingo, de 31 de Janeiro, os pré- -os. Oliveira faz uns espetaculares
mios eram entregues no Casino 39,4 e vence o rali, batendo por
do Estoril, a partir das 22 horas. um décimo de segundo Neves que
Na altura, estava em cartaz, no piora (41,2) e baixa para segundo.
casino, a famosa cantora italiana As subidas mais notórias são as de
Silvia Guidi. Fernando Castelo Branco (42,5)
Com 70 inscritos, encontravam-se e Carlos Moura Pinheiro (43,0).
pilotos com alguma experiência, Outros tempos semelhantes fo-
outros sem nenhuma, carros diver- ram prejudicados pelo derrube
sos ainda que a maioria fosse na de tacos ou pela travagem “alon-
versão “stand”, outros com ligeiras gada”. A consulta da classificação
alterações para poderem mudar geral (cada segundo equivalia a
de Turismo para Grande Turismo, 10 pontos) é elucidativa, porquanto
face às possíveis classificações apenas considera o melhor dos
em função do número previsto dois tempos efetuados.
de participantes. Cabe aqui re- O Critério de Iniciados de 1965

Em cima, Pedro Costa Luz, que ficou em terceiro da geral, vencendo a classe de 700 a
850cc, com o seu Mini 850; à dir. José Oliveira, no Taunus 12M, com pneus recauchutados

64 Ralis dos anos 60 | Rali Arte e Sport - Iniciados 1965


À esq.: o Goggomobil de Carlos Sampaio Robalo, vencedor da classe até
500cc; em cima, Gisèle Barbosa Araújo e o seu MG B

Motor Clássico 65
Liszt de Melo levou o carro mais bonito do evento, este Lancia Aurelia Converti-
bile; em cima, “Rubirosa” a alçar a perna do R8 Major

Em cima, João Couto Fragoso, no Fiat 600, venceu sem


oposição a respetiva classe; à dir.: Carlos Moura Pinheiro,
em VW 1200, contorna o pino em grande estilo

Em cima, António Menéres, no Ford Taunus 17M, prejudicou


a sua classificação na perícia; em baixo, Ernesto Neves era o
grande favorito para a vitória à geral

José Posser de Andrade venceu a sua classe (mais de 1300cc) no Fiat 1500

66 Ralis dos anos 60 | Rali Arte e Sport - Iniciados 1965


À esq.: Michel Grasset, no Triumph TR3 e Carlos de Kes-
sler e, em cima, Pedro Pires, no Austin-Healey Sprite

João Cayolla da Veiga em Porsche 356;


em baixo, José Costa Cabral, em Austin-Healey Sprite

teve como vencedor Fernando Académica de Coimbra. Não sur-


Castelo Branco (também primeiro gem na classificação final alguns
no grupo de Turismo), seguido dos nomes aqui referidos por não
de Carlos Kessler, Pedro Costa terem cumprido uma das condi-
Luz. José Posser de Andrade, Liszt ções regulamentares, participação
Em cima, Carlos de Melo e Gisèle Araújo (os dois em quatro das cinco provas. Nos
Canha Monteiro;
últimos, primeiro e segundo do outros ralis os melhores Iniciados
à dir.: um
visitante famoso: Grande Turismo e Gisèle vence- foram Michel Grasset nas “Camé-
António Peixinho dora da Taça das Senhoras). Por lias”, Fernando Castelo Branco no
assistiu à prova equipas, vitória do Clube Arte e “Rias Baixas”, Pedro Costa Luz no
de perícia e
levou o seu Lotus
Sport, seguido do Grupo Despor- “S. Martinho” e António Menéres
Elan tivo da Matrena e da Associação no “Fim do Ano”. MC

Motor Clássico 67
José Oliveira e Gisèle Barbosa Araújo,
com alguns dos seus troféus

Em cima, Maria de Jesus Santos, em Austin Cooper;


em baixo, Maria Manuela Guedes, em Fiat 1100

Vencedores das Classes


TURISMO

Até 500 cc Carlos S. Robalo Goggomobil T400


De 500 a 700 cc João Fragoso Fiat 600
De 700 a 850 cc Pedro Costa Luz Austin 850
À esq. Fernando Ferreira, no Triumph TR4; Em cima, Augusto Martins, responsável De 850 a 1150 cc Fernando Castelo Branco Morris Cooper S
máximo pelo Clube Arte e Sport, numa breve e merecida pausa
De 1150 a 1300 cc Carlos Moura Pinheiro VW 1200
Mais de 1300 cc José Posser de Andrade Fiat 1500
Classificação geral
GRANDE TURISMO
EQUIPA (piloto/navegador) AUTOMÓVEL
Até 1000 cc Eduardo Costa Austin Mini Cooper “Especial”
1º José Carvalhais Oliveira (GD Matrena) Ford Taunus 12M 394 p.
De 1000 a 2000 cc José C. Oliveira Ford Taunus 12M “Especial”
2º Ernesto Neves (individual) Porsche 356 SC 395 p.
Mais de 2000 cc Fernando Ferreira Triumph TR4
3º Pedro Costa Luz (Arte e Sport) Mini Cooper S 419 p.
4º F. Castelo Branco (Arte e Sport) Morris Cooper S 425 p.
TAÇA DAS SENHORAS
5º Carlos de Kessler (Arte e Sport) Austin Cooper S 427 p.
6º Carlos Moura Pinheiro (Académica) VW 1200 430 p. 1ª Gisèlle Barbosa Araújo MG B
7º Mário Benavente (Arte e Sport) Morris Mini 850 432 p. 2ª Maria de Jesus Parente Santos Austin Cooper “Especial”
8º Waldemar B. de Sousa (Indiv.) Mini Cooper S 432 p 3ª Maria Manuela O. Guedes Fiat 1100
9º Clemente Ribeiro Silva (Arte e Sport) Hillman Imp 434 p.
10º Rui Amaral (Arte e Sport) Sunbeam Alpine 436 p. EQUIPAS
11º Gisèle B. Araújo (Matrena) MG B 437 p.
12º Mário da Silva (Indiv.) Porsche 356 438 p. 1ª Arte e Sport
13º Carlos Travessa (Académica) VW 1200 440 p. 2ª G. D. Da Matrena
14º “Rubirosa” (Académica) R8 Major 441 p. 3ª A. Académica de Coimbra
15º Eduardo Costa (Arte e Sport) Mini Cooper 441 p. 4ª S. L. Benfica
Etc... 5ª Sporting C. P.

68 Ralis dos anos 60 | Rali Arte e Sport - Iniciados 1965


Recordações dos protagonistas
Retomemos este primeiro confronto, recorrendo ao depoimento de cinco dos muitos participantes,
prestado 50 anos depois, em resposta (livre…) a três questões triviais:
1 Recordação mais nítida
2 Dois ou três condutores que mais te impressionaram
3 Como correu a prova e qual o teu carro.

JOSÉ MANUEL DE OLIVEIRA ERNESTO NEVES


Taunus 12 M, cinzento escuro Porsche 356 SC, verde inglês.
1 Quando concluí a estrada e soube que 1 Ficar atrás do Taunus do Oliveira.
estava em terceiro, com o “Nené” em 2 Os suspeitos do costume.
primeiro, disse para mim mesmo: Tenho de 3 Correu mal, quer dizer, bem, mas correu
ganhar isto! melhor ao Oliveira.
2 Pedro Costa Luz e Ernesto Neves.
3 Não podia ter corrido melhor, fui o mais
surpreendido por ter ganho, com um carro
com 65 cavalos e pneus recauchutados.

GISÈLE BARBOSA ARAÚJO ANTÓNIO MOCHO


Alves, MGB, preto Austin Cooper 1000, vermelho com
1 A adrenalina intensa que qualquer rali me tejadilho preto
provocava. 1 Os ralis dessa época em estrada aberta
2 “Nené” e o Menéres, ainda que tenha ensinavam-nos a guiar e a criar defesas
estragado as duas complementares para o dia-a-dia. E também serviam para
3 Já não me recordo bem da minha prova. as equipas informais da Ceuta, Roma e
Paulistana medirem forças –
2 “Nené”, Costa Luz, Gisèle uma jovem
menina que ensinava muito jovem a guiar
e o Mário Silva que 50 anos depois ainda
“faz pela vida”.
3 O meu carro estava pouco preparado e a
minha experiência era diminuta.

ANTÓNIO MENÉRES não tinha, antes pelo contrário. E lá saímos que participava numa prova com chuva,
Taunus 17M-TS, verde-água nós do Porto, como habitualmente nunca passei a precaver-me com um segundo
1 Passados que estão derrotados à partida, cheios de entusiasmo par de sapatos secos, exclusivamente para
precisamente 50 anos!!!...a e não menos expectativas, nestes dois be- conduzir.
imagem que me ficou los “charutos”, absolutamente normais, que Recordo também com saudades e amizade
gravada desta prova foi a de desportivos nada tinham, mas, apesar a Gisèle Barbosa Araújo e as suas belas pro-
de um Rali da má memória. disso, mesmo sem hipóteses, íamos - como vas no MG-B, na cor preta, normalmente
Como na altura não tinha sempre – para “arrrrrrasar”! acompanhada de seu irmão.
carro próprio, corri com o 2 Não obstante o favorito – já nessa altura No meio da assistência da complementar
meu irmão «Manel» num era assim - ser o «Nené» Neves no seu belo junto ao Casino, podiam ver-se dois pilotos
“desajeitado” TAUNUS 17M-TS, com cerca Porsche 356 de 95 hp e também o sempre veteranos, Joaquim Filipe Nogueira e
de 75hp, de cor esverdeada, de meu Pai eficiente e rápido Pedro Costa Luz no seu Clemente Menéres, estrategicamente
(Clemente Menéres), concessionário da Mini, quem de facto acabou por “arrasar” colocados, em amena cavaqueira e de
marca FORD no Porto, que por vezes mo foi o «Zé» Manel Oliveira que venceu olho muito atento a comentarem entre si as
emprestava para umas provas. Recordo-me brilhantemente o Rali! proezas dos jovens iniciados e certamente
que também se inscreveu neste Rali, num 3 Quanto a mim, numa das complemen- a recordarem os seus tempos.
TANUS 12M, de cor cinza rato, de tracção tares junto ao Casino, disputada num dia Participamos neste Rali incluídos no Grupo
à frente, ainda sem travões de disco e com muito chuvoso e feita – como de costume Desportivo da Matrena, fábrica de papel
uns míseros 65hp, o meu grande amigo – acima dos 100% para compensar a pertencente à família do Pedro «Peter» Ras-
José «Zé» Manuel Oliveira, que na altura inferioridade do carro, numa manobra de teiro e que, naturalmente para além dele
também trabalhava naquela concessão e travagem para uma inversão de marcha próprio, também faziam parte – espero não
que era acompanhado pelo Henrique «Ica» efetuada dentro de uma caixa demarcada me esquecer de ninguém – a Gisèle Bar-
Schreck, que se terá Inscrito em Grande Tu- por “tacos”, escorregou-me o pé do bosa Araújo, Francisco Nunes de Almeida,
rismo (para o efeito, bastava retirar os para- travão para o acelerador, por os sapatos se José Manuel Oliveira, Adalberto Medeiros
-choques) exclusivamente por questões encontrarem molhados, encarreguei-me de da Silva, José Posser de Andrade, Tomás
de Campeonato de Iniciados e não por derrubar vários “tacos” e…. lá se foi o Rali. Branquinho da Fonseca, Manuel Martha e
qualquer preparação do carro, que de facto Serviu-me de lição, pois a partir daí, sempre eu próprio.

Motor Clássico 69
Automobilismo nacional
TEXTO Ricardo Grilo | IMAGEM Autor, Domingos Palha da Costa (Estoril 1987) Rui Queirós (Vila do Conde 1999)

Corridas de resistência
em Portugal (Parte 3)
Para a terceira e última parte desta série de artigos, a internacionalização,
o sucesso dos pilotos portugueses além-fronteiras e o regresso
das grandes provas de resistência a Portugal.

P
ara trás deixámos as os “Turismos” do campeonato da corrida portuguesa. Na prova que de Niedzwiedz e Soper, com o
saudosas corridas europa regressariam à renovada decidiu o campeonato, os Volvo melhor nacional a ser o BMW M3
disputadas nos anos pista do Estoril em 1985, agora com 240 Turbo dominaram, quer na de Pêquêpê e António Rodrigues.
anteriores à crise a mais-valia dos pilotos nacionais classificação geral, com os dois Infelizmente, o Europeu de Turis-
do petróleo e à re- estarem muito mais bem equipa- primeiros lugares para os carros mos seria extinto no final desse
volução de A bril. dos que no passado. Na primeira da Eggenberger, quer entre os ano, terminando assim a visita
Referimos também os diversos destas corridas, em 1985, Nicha portugueses, com o excelente anual ao nosso país.
ensaios de regresso que foram Cabral, então já com 51 anos de 6ª lugar de António Rodrigues e Ralis, Fórmula 1, monomarca,
acontecendo após 1974. Sem gran- idade, realizou a sua derradeira Ferreira da Silva. Todo-o-Terreno… nos anos 80 e
des meios económicos e agora grande exibição internacional, No a no seg ui nte, o triu nfo foi 90 o desporto automóvel em Por-
sem ultramar – palco de belís- quando após as primeiras voltas para o Sierra Eggenberger de tugal tinha de tudo, menos provas
simas provas de longa duração de treinos que realizou ao volante Niedzwiedz e Soper, com o Volvo de endurance ou sprint para GT’s
que escapam ao âmbito destes do (para si) desconhecido Ford de Rodrigues a ser novamente o e Sport-Protótipos. E tudo ficaria
artigos – as provas de endurance Sierra XR4 TI, bateu os tempos melhor representante nacional. assim por tempo indeterminado,
em Portugal iniciavam a travessia dos seus companheiros Manuel Em 1987 assistiu-se ao desapare- não fosse o sonho de três irmãos
do deserto anteriormente refe- Reuter, Klaus Niedwiedz e Klaus cimento dos portugueses e a um dar início a uma pequena revolu-
rida… se excetuarmos o Europeu Ludwig, obrigados a voltar à pista triunfo de um BMW M3 (Brancate- ção que alteraria para sempre a
de Turismos. para contestar as marcas do ve- lli/Cecotto) para no ano seguinte relação dos portugueses com as
Entretanto convertidos ao Grupo A, terano que se juntara à equipa na vencer novamente o Ford Sierra provas de resistência.

70 História | Endurance
Em cima, Nicha Cabral ao volante do Ford Sierra nas 4 Horas do Estoril, em
1985; Os BMW M3 eram dos automóveis mais competitivos nos anos finais do
ETC em Portugal

À esq.: Ni Amorim
venceu a única
prova internacio-
nal disputada no
Circuito de Vila do
Conde

Portugal em Le Mans do que era então a doutrina na- novas opor tu nidades para os ries de 2009, no qual também se
Em 1996, Manuel, Pedro e Tomás cional: era possível desenvolver seus compatriotas. Desde então, consagrou o piloto Miguel Pais
Mello Breyner anunciaram a firme uma carreira desportiva sem ser a presença lusa passou a ser uma do Amaral, ou o Campeonato Es-
intenção de participar nas 24 Horas nos troféus monomarca ou nos constante nas provas de endurance panhol de GT, conquistado por
de Le Mans, onde nenhum por- monolugares! internacionais, com resultados Manuel Gião em 2011.
tuguês alinhava à partida desde No ano seguinte, 1997, os três ir- anteriormente impensáveis, como
Carlos Reis em 1960 (Nicha Cabral mãos trataram de reequipar-se dois segundos lugares nas 24 Ho- Le Mans em Portugal
apenas fizera os treinos em 1972). com um Porsche da Rook Racing, ras de Le Mans, três títulos do Le Essa nova fa se i nter naciona l
É certo que nem tudo correu bem o melhor preparador Porsche Mans Series, dois títulos mundiais veio expor a realidade nacio-
de início, pois a uma participação do momento, e regressaram a de endurance (GT2 e GTE Am) nal, deixando de fazer qualquer
honesta nas 4 Horas de Jarama Le Mans juntamente com Pedro e cinco triunfos nas 24 Horas de sentido o longo divórcio deste
(série BPR) com o Porsche 911 Lamy, que entretanto também in- Nürburgring para Pedro Lamy, tipo de corridas com os circuitos
GT2 da equipa Seikel, sucedeu- gressara na modalidade e corria ou duas vitórias nas 24 Horas de nacionais. E por isso, foi com
-se a não-qualificação dos irmãos na equipa Schübel, ao volante de Daytona e o triunfo no campeonato ag rado e curiosidade q ue em
no difícil traçado de Le Mans. No um Porsche 911 GT1. Na altura não norte-americano de endurance 1999 o novel Campeonato Es-
entanto, que mais não fosse, este teriam essa consciência, mas ao (USSC) para o excelente piloto panhol de GT rumou a Vila do
ensaio muito mediático despertou conseguirem alinhar na grande portuense, João Barbosa. Para não Conde, para a primeira e única
a atenção dos pilotos portugueses clássica francesa, os quatro por- referir o título LMP2 da equipa corrida internacional disputada
para uma realidade algo distinta tugueses abriram uma porta de portuguesa ASM no Le Mans Se- no circuito do Ave. A prova,

Motor Clássico 71
com todos os ingredientes das
grandes clássicas viria a ser ga-
nha por Ni Amorim que partilhou
a pilotagem de um Chrysler Viper
com o espanhol Luís Pérez-Sala.
No a no seg ui nte, a par com o
reg resso dos GT ’s espa n hóis
q ue descera m para o Estori l,
foi a vez de ser anunciada uma
corrida a contar para o campeo-
nato FI A GT. Esta acabaria por
ser disputada sob forte temporal,
com o “safety car” a entrar em
pista ao fim de 13 das 120 voltas
previstas, sendo a prova defini-
tivamente interrompida pouco
depois (com o triunfo do Lister
Storm de Jamie Campbell-Walter
e Julian Bailey). Em 2001, a par Prova interrompida do FIA GT no Estoril, em 2000. Disputada sob forte temporal, terminou à 23ª das 120 voltas previstas
com os referidos campeonatos
de GT, foi com agrado que se re-
cebeu a notícia da realização de
uma terceira prova internacional
de endura nce: os 1000 k m do
Estoril a contar para o European
Le Mans Series.
Mesmo faltando alguns dos prin-
cipais inscritos, tratou-se de um
momento único para os aficiona-
dos portugueses. Simplesmente,
foi a primeira vez que se pode
assistir a uma corrida com todo À esq.: Finalmente, ambiente de Le Mans no Estoril, em
o ritual de Le Mans. Em termos 2001, com o ELMS; em cima, o Courage C60 vencedor do
Team Pescarolo, com os pilotos Jean-Christophe Bouilon,
desportivos, a pole foi conquis- Laurent Redon e Boris Derichebourg
tada pelo Audi R8 de Stepha n
Johansson, e o triunfo acabaria
na equipa do clássico Henri Pes-
carolo, com o Courage C60 de
Bouillion, Redon e Derichebourg
Esta primeira época do EL MS
acabou por não ter continuidade
imediata, deixando um vazio que
foi sendo preenchido por outras
séries de GT’s e Sport-Protótipos.
Mas nenhuma verdadeiramente
com as mesmas características.
Assim, o Estoril recebeu o FI A
GT entre 2000 e 2003, o Cam-
peonato Espanhol de GT (entre
2000 e 2011) e duas edições do
campeonato “FIA Sportscar” em
2002 e em 2003, uma competição
exclusiva para sport-protótipos,
realizada com o beneplácito da
F I A . No pr i mei ro a no com o
triunfo do Dallara Judd de Be-
retta e Minassian e a presença
de uma dupla nacional, Manuel
Gião e Pedro Couceiro, num De-
bora LMP299 Nissan. No ano se-
guinte, outro triunfo da equipa de
Pescarolo, com Jean-Christophe Em cima, Manuel
Gião no Debora
Boullion e Stefan Sarrazin a im-
à partida do FIA
porem à chuva o Courage C60 SCC de 2002; À
Evo Peugeot ao DBA4 Zytec de esq.: o Dallara-
um genial Hayanari Shimoda que -Judd vencedor
dessa prova e o
correu associado ao vetera no Courage C60 da
John Nielsen. Pescarollo, na

72 História | Endurance
À dir.: só em 2005 foi possível ver os Grupo C a correr em Portugal, agora como clássicos; em
cima, 4 Horas do Estoril de 2014

A Le Mans Series
de 2010 passou
por Portugal,
nesse ano foi
ao Autódromo
Internacional
do Algarve, em
Portimão

O V de V de 2007
trouxe memórias
do passado ao Inscrito na cancelada prova do Europeu de Sport de 1978, o TOJ SC 302 aca-
Estoril baria por vir ao Estoril (e vencer) no Classic Endurance Racing, em 2011

Nova era Julho a realização das “24 Horas do três provas de 6 horas disputa- uma festa com mais de 20.000 es-
Entretanto, a partir de 2005 os Estoril” para carros de Turismo, das em Portimão (2009 e 2010) e pectadores, marcando como que
sport-protótipos e os GT voltaram a GT1, GT2 e até sport-protótipos Estoril (2011). Esta última com a uma reconciliação dos aficionados
ser admitidos em provas nacionais, C3. No entanto a prova seria can- curiosidade histórica de ter permi- portugueses com as provas de
passando a ser comum a presença celada por questões ambientais, tido um terceiro triunfo da equipa resistência. Como detalhe inédito
de carros como o Porsche 911 GT2, relacionadas com o ruído nocturno de Henri Pescarolo em Portugal, numa prova deste tipo, Filipe Al-
911 GT3 e até o Lister Storm do que, alegadamente, seria incómodo naquela que foi em simultâneo a buquerque, um piloto português,
britânico Bobby Verdon-Roe, em para os vizinhos do circuito. Em derradeira vitória da formação do foi apresentado oficialmente como
confronto com sport-protótipos 2006 foi a vez do campeonato de lendário recordista de Le Mans. cabeça de cartaz. Uma situação
como o CVO/Honda, os diversos endurance VdeV chegar a Portugal, Três anos depois, o autódromo impensável apenas há alg uns
Radical ou mesmo o português quer com corridas de clássicos, recebeu de novo uma prova com anos atrás que só pode indiciar
Semog /Suzuki, que apareceu bre- quer de GT e Sport-Protótipos. as regras de Le Mans, as “4 Horas um nova era e um futuro risonho
vemente, num original projecto que Nesse ano disputou-se também do Estoril”, prova de encerramento para as provas de endurance em
infelizmente não teve continuidade. a primeira prova do campeonato do European Le Mans Series de Portugal, como iremos certamente
Tudo estava a mudar: em 2005 a “GT Open”. Em 2009, o Le Mans 2014. Cuidadosamente promo- verificar no Estoril, já no próximo
ACDME anunciava para o mês de Series voltaria para uma série de vido, o evento acabaria por ser mês de outubro. MC

Motor Clássico 73
Lancia Fulvia Sport
TEXTO Ricardo José Gouveia | IMAGEM Patrick Ernzen

Coupé com assinatura


Na sequência de uma parceria com grandes pergaminhos, a Lancia
confiou a Zagato o modelo Fulvia. O resultado foi a criação de um arrojado
pequeno coupé sem margem para meias tintas: Ou se ama ou se odeia.

À
semelhança do o Lancia Fulvia Sport contava com pequeno motor elétrico, que per- foi para a Fiat, mas após a década
que já havia su- uma barra estabilizadora atrás e mitia levantar a porta cerca de de 50 já trabalhava para marcas
ced ido com os menos uma lâmina semielíptica na quatro centímetros, o suficiente como a Alfa Romeo e Lancia. De
Appia, Flaminia suspensão traseira, enquanto os para fazer circular o ar no inte- resto, modelos como o Appia Za-
e Flavia, a Lancia travões eram de disco nas quatro rior, quando em movimento. No gato, Appia GTE, Aurelia 2500 e
entregou a Zagato rodas. interior, os bancos eram também Flaminia Sport tornaram-se ver-
o projeto para o mais especial dos A carroçaria de dois volumes, mol- concebidos por Zagato, oferecendo dadeiros ícones de estilo para o
Fulvia: o Sport. Apresentado em dada em Peralluman, designação maior apoio lateral que os bancos carroçador. Na década de 70 o
novembro de 1965, o novo mo- comercial do alumínio 5083, tinha aplicados nos restantes Fulvia. trabalho de Zagato podia ser visto
delo era rigorosamente idêntico apenas um farol de cada lado e não só na carroçaria do Lancia
ao coupé em termos mecânicos, era designada como 2+1, devido Obra de mestre Fulvia Sport como também no
à exceção da relação final mais a um lugar traseiro em posição A Carrozzeria Zagato foi fundada Beta Spider.
longa, que permitia aproveitar o transversal. A porta traseira in- por Ugo Zagato, um mestre artesão Ao longo da sua carreira, o Fulvia
seu baixo peso e a maior eficiência cluía o óculo e, como não tinha do alumínio com oficina em Milão Sport recebeu todas as evoluções
aerodinâmica. Tal como o Coupé, pega, estava equipada com um em 1920. O seu primeiro trabalho mecânicas do Coupé, adotando os

74 Guia de compra | Lancia Fulvia Sport


motores 1.2, 1.3 e 1.3 S, bem como
o motor 1.6 já na segunda série,
apresentada em 1970. A primeira
Compre agora! €
grande alteração mecânica deu- Modelo
-se em 1967, com o aumento da Lancia Fulvia Sport
cilindrada do motor V4 de 1216cc Anos de produção
para 1231cc, sem que isso se tradu- 1965 a 1972
zisse em maior rendimento. Mas, Produção total
em 1967, a capacidade aumentou 7 078
para 1298 cc o que fez subir a po- Pontos fortes
tência para os 87 cavalos às 6000 Estética original
rotações, ao mesmo tempo que foi Prestações
ligeiramente reduzido o ângulo Comportamento
do motor. As primeiras versões Pontos Fracos
do Fulvia Sport 1.3 (cerca de 700 Cotação elevada
unidades) mantinham a carroçaria Raridade do modelo
em alumínio, mas posteriormente Corrosão
foi adotada uma carroçaria em Cotação 100%
aço com capot motor e portas em
1.3 S 18 500€
alumínio.
Em 1968 a Lancia voltou a mexer
no bloco 1.3, modificando-lhe o maiores, sendo nomeado como
regime máximo de rotação, pas- engenheiro responsável pelas mo-
sando este a debitar 93 cavalos de dificações Ettore Zaccone Mina,
potência às 6200 rotações, graças a que tinha também concebido os
uma taxa de compressão mais alta motores dos D21/24 e do D50 de
e à adição de um radiador de óleo. Fórmula 1. O novo motor V4 1.6,
As versões 1.3S eram normalmente revelado em 1970, apresentava-se
equipadas com servofreio. substancialmente modificado, com
Antevendo a competitividade do um ângulo mais apertado e maior
modelo, Cesare Fiorio – respon- capacidade. A taxa de compressão
sável pelo departamento de com- de 10,5:1, radiadores de maiores
petição da Lancia – impulsionou dimensões e carburadores maiores
o desenvolvimento de motores permitiam uma potência de 115

Motor Clássico 75
cavalos e uma velocidade máxima
de 190 km/h. Para além do motor
mais potente, o Sport 1600 vinha
equipado de série com vidros elé-
tricos. Na mesma altura em que era
apresentada a nova motorização a
Lancia aproveitava para modificar
ligeiramente o aspeto do modelo,
com carroçarias totalmente mol-
dadas em aço, e farolins traseiros
maiores, criando o Série 2 que,
para além do motor 1.6 recebia
modificações mecânicas na versão
1.3S, nomeadamente uma nova
caixa de cinco velocidades.

Lancia Fulvia Sport


Utilização HHHHH
Manutenção HHHHH
Fiabilidade HHHHH
Valorização HHHHH

Graças ao baixo peso, melhor


coeficiente aerodinâmico e re-
lação final mais longa, os Fulvia
Sport eram mais rápidos e mais
económicos do que as versões
coupé. Mesmo os modelos Fulvia Partilhando muitos dos
HF, apesar de mais leves, tinham elementos mecânicos e
estéticos da restante fa-
performances – sobretudo, velo- mília Fulvia, o Sport tem
cidade máxima – inferiores em na carroçaria específica
quase 10 km/h aos Sport. Em 1972 com assinatura Zagato a
sua principal caracte-
a produção dos modelos dese-
rística diferenciadora.
nhados por Zagato chegava ao O interior é forrado
fim, tendo sido vendidas cerca de com materiais de boa
7078 unidades. qualidade

Motor
Graças à evolução permanente do
bloco V4, a Lancia foi renovando
ciclicamente a mecânica do Fulvia.
Do pequeno 1,2l ao 1,3l, passando
pelo robusto 1,6l, os motores do
Fulvia Sport apenas requerem ma-
nutenções periódicas certas e a
troca do material de substituição
atempada para que se mantenham
em perfeito estado de funciona-
mento.

Transmissão
O sistema de transmissão transaxle
não costuma apresentar sinais de
desgaste ou debilidade que afe-
tem o comportamento do carro,
ou encareçam o restauro. Há, no
entanto, que ter em atenção a sinais
evidentes de desgaste da embraia-
gem (dificuldade em engrenar
a mudança, barulho excessivo
quando se pressiona o pedal da
esquerda, afundamento do pedal),
ou barulhos provenientes do se-
letor de mudanças.

76 Guia de compra | Lancia Fulvia Sport


Sendo um Fulvia,
o modelo carro-
çado pela Zagato
é bastante bom
de se conduzir.
Peças específicas
como os faróis ou
os guarda-lamas
são raras

Carroçaria 2, a carroçaria em aço passou a aço, não respondendo da mesma amortecedores telescópicos. To-
Os primeiros modelos a sair do ter todos os painéis soldados à forma às técnicas utilizadas pelos das as peças móveis deverão ser
atelier de Zagato tinham a car- monocoque, o que veio aumentar “normais” bate-chapas. verificadas no alinhamento e estado
roçaria moldada em Peralluman, a rigidez torsional do modelo. de lubrificação. Os amortecedores
designação comercial do alumínio Nos modelos equipados com Suspensão com mais quilómetros em cima
5083. Os painéis eram rebitados carroçaria em aço são comuns Tal como o coupé, na versão Sport poderão ter que ser substituídos,
ou agrafados à monocoque, en- sinais de ferrugem, em pontos- do Fulvia, a Lancia manteve intacta sendo aconselhável a sua troca
quanto os resguardos dos faróis -chave como as cavas das rodas, a estrutura elástica, isto é, sus- por uns de calibre semelhante.
eram moldados em latão cromado. fundo da mala, fundo do carro e pensão dianteira independente Igualmente, as molas de lâmina
Com a versão 1.3, apresentada em ao redor das molduras dos vi- com braços desiguais, mola de transversal deverão ser revistas
1967, a carroçaria começou a ser dros. Igualmente há que ter em lâmina transversal, amortecedo- e, em caso de estarem pasmadas,
fabricada em aço, com capot motor atenção o estado dos elementos res telescópicos, e atrás por eixo trocadas por outras. Atrás, as molas
e portas em alumínio. A partir de em alumínio, já que este material rígido, molas semielípticas, barra semielípticas deverão ser alvo de
1971, com o Fulvia Sport 1.3S série é de manuseio mais difícil que o Panhard, barra estabilizadora e semelhante operação.

Motor Clássico 77
Travões silicone, mais resistente à humi- manifestar no comportamento tecido semelhante – para restaurar
A cargo de quatro discos e sistema dade e ao passar do tempo. errático dos manómetros e de estes elementos.
hidráulico, o sistema de trava- alguns comandos.
gem do Fulvia é extremamente Direção Conclusão
resistente e eficaz. No entanto, em De pinhão e cremalheira, a direção Interiores Construído utilizando a excelente
carros com muitos quilómetros do Fulvia Sport poderá dar proble- Dada a especificidade do modelo, plataforma do Fulvia Coupé, o mo-
ou com sinais de negligência, a mas caso o seu invólucro comece o interior do Fulvia Sport poderá delo Sport alia um ótimo comporta-
manutenção deverá ser feita tendo a sofre com “bicho da chapa”, ou ser uma fonte de dores de cabeça. mento em curva com uma estética
atenção a todos os parâmetros do comece a ficar com folgas. Em A disponibilidade de algumas das invejável. Provavelmente o melhor
circuito: das bombas às tubagens, todo o caso, uma revisão a este peças que compõem o habitáculo tração dianteira alguma vez fabri-
passando pelo estado dos bombi- elemento tão importante para o encontra um contraponto na ine- cado pela Lancia, a versão Zagato
tos, maxilas e pastilhas, todas as desfrute do Fulvia deverá estar xistência de várias peças, a não é a mais colecionável, especial-
peças deverão ser revistas. Em sempre na ordem do dia. ser no mercado de usados. Preste mente as primeiras versões, com
caso de restauro total – aconse- particular atenção aos comandos carroçaria moldada em alumínio.
lhável em unidades com desgaste Parte elétrica satélites à coluna de direção e a Enq ua nto clássico, este é u m
evidente – a troca dos tubos do O sistema elétrico deverá ser re- alguns botões da consola central. modelo para o entendido, onde
sistema de travagem poderá – e visto com atenção. Inspecione a Os estofos dos bancos serão igual- algumas armadilhas “à italiana”
deverá – ser acompanhada pela caixa dos fusíveis, procurando mente difíceis de encontrar novos, poderão dar algumas dores de
substituição do líquido normal de sinais de humidade excessiva, e sendo necessário recorrer aos cabeça durante o restauro. Vale a
travão por um líquido à base de maus contatos, que se poderão serviços de um bom estofador – e a pena ponderar bem a compra. MC

Alternativas no mercado nacional


215 contos (1973) 87 contos (1968) 164 contos (1969)

Alfa Romeo Giulia Junior Z Fiat 124 Sport Coupé Lotus Elan FHC
Anos de produção 1969 a 1975 Anos de produção 1966 a 1975 Anos de produção 1962 a 1974
Produção total 1108 exemplares Produção total 280 000 exemplares Produção total 8700 exemplares
Cilindrada/potência 1290cc / 86cv Cilindrada/potência 1438cc / 90cv Cilindrada/potência 1558cc / 106cv
Velocidade máxima 175 km/h Velocidade máxima 170 km/h Velocidade máxima 185 km/h
Cotação (100%) 35 000 euros Cotação (100%) 8500 euros Cotação (100%) 36 500 euros
Pontos fortes Design Zagato Pontos fortes Elegância estética Pontos fortes Estética e prestações
Pontos fracos Corrosão da carroçaria Pontos fracos Corrosão da carroçaria Pontos fracos Raridade e fragilidade

78 Guia de compra | Lancia Fulvia Sport


Dicas & Mercado
Cabaz de peças
Para-brisas 435,72 €
Símbolo “Fulvia” para tablier 30,75 €
Emblema “Z” lateral 46,74 €
Bomba de travão 405,75 €
Depósito óleo de travões 104,55 €
Jogo de calços de travão de mão (até 1969) 73,80 €
Disco travão traseiro (1970-76) 138,38 €
Kit reparação carburador Solex 35 (Fulvia 1300) 47,97 €
Jogo trompetas para carburadores Solex 35 215,25 €
Fole da caixa de velocidades 43,30 €
Interruptor de marcha atrás 68,88 €
Barra central da direção (1971-76) 49,67 €
Amortecedor 108,24 €
Kit de embraiagem 275,45 €
Distribuidor eletrónico 342,92 €
Bomba de água 196,80 €

Preços fornecidos pela Berto Ricambi. Não inclui portes de envio.

Links úteis
Chrysler Lancia Portugal (www.chrysler.pt)
Berto Ricambi (www.bertoricambi.com)
Lancia Fulvia Club Trento (www.fulvia-club-trento.elaboriamo.com)
HF Squadra Corse (www.alma.it)
Lancia Fulvia Club (www.lanciafulviaclub.it)
Forum Amici Lancia Fulvia (amicifulvia.forumattivo.com)
Lancia Club Nederland (www.lancia-club.nl)
Viva Lancia (www.viva-lancia.com)
Italian Cars Club Squadra Fulvia (www.italian-cars-club.com/Squadra-Fulvia)
Via Fulvia (www.fulviateile.de)
Fulvia Coupe Team Berlin (www.fulviacoupe.de)
Fulvia & Flavia IG (www.lancia-fulvia-flavia-ig.de)
Lancia Club Deutschland (www.lanciaclubdeutschland.de)
Lancia Club Vincenzo (www.lancia-club-vincenzo.com)
HF Ricambi (www.hf-ricambi.de)
Gruppo Ricambi Bielstein (www.bielstein-ohg.de)
Emporio Ricambi (www.lancia-ricambi.de)
Tal como os restantes Fulvia Coupé, o Fulvia Sport fazia uso das motorizações de 1,2, KFZ-Meisterbetrieb Franz Heilmeier (www.franzheilmeier.de)
1,3 e 1,6 litros com disposição V4. No nosso país, em 1973, o Fulvia Sport 1.3 custava Martin Willems (www.martinwillems.nl)
178 contos de reis Vincenzo Classic Lancia Service (www.vincenzo.nl)
Omicron Engineering Ltd. (www.omicron.uk.com)

Motor Clássico 79
Roadsters com estilo
TEXTO Ricardo José Gouveia | IMAGEM Clint Davis, Darin Schnabel, Kristopher Clewell e RM Sotheby’s

Roadsters com alma


Em Amelia Island a RM Sotheby’s, a nova parceria entre a RM Auctions
e a Sotheby’s, voltou a revelar excelente gosto, leiloando verdadeiras
pérolas. Escolhemos cinco roadsters para ilustrar o evento.

Arnolt-Bristol Deluxe Roadster by Bertone


Verdadeira obra-prima de Bertone, este é um dos Arnolt-Bristol
mais importantes alguma vez fabricados.
Ano: 1956
Vendido por: 454 877€

A primavera ainda
Chevrolet Corvette
não chegou, mas Os Corvette de primeira geração são bastante cobiçados, especial-
os descapotáveis mente quando se apresentam em tão bom estado quanto este.
já começaram a Ano: 1953
Vendido por: 258 359€
movimentar intentos
dos colecionadores
nos leilões. Da
América chega-nos
a notícia do leilão Mercedes-Benz 300 S Roadster
de verdadeiras Uma das carroçarias mais elegantes do Mercedes-Benz 300 S,
este roadster é também um dos mais valiosos.
preciosidades; a
Ano: 1954
começar no magnífico Não foi vendido
Austin-Healey 100S
com pedigree de
competição, passando
pelo eterno Chevrolet
Corvette, o magnífico Siata 300 BC Barchetta by Bertone
Uma verdadeira beldade, esta barchetta produzida pela Bertone
Siata 300 BC para a Siata equipara-se a alguns Ferrari da época.
Barchetta e ainda os Ano: 1953
fabulosos Mercedes- Vendido por: 242 897€

Benz 300 S Roadster


e Arnolt-Bristol
Deluxe Roadster.
Austin-Healey 100S
Este magnífico Austin-Healey 100S justifica o valor pelo qual foi vendido
pelo facto de ter um grande e documentado historial de competição.
Ano: 1955
Vendido por: 950 763€

80 Leilão do mês | Roadsters com estilo


Elegante de qualquer ângulo, o Arnolt-Bristol Deluxe
Roadster é uma verdadeira obra de arte

Arnolt-Bristol Deluxe Roadster


by Bertone

O sonho de Arnolt
T
endo iniciado uma parceria com Nuccio
Bertone, construindo versões carroça-
das do MG TD para o mercado norte-
-americano, Stanley Harold “Wacky” Arnolt
aproveitou a sinergia para transformar chassis
rolantes fornecidos pela Bristol. Para o efeito
de desenhar a carroçaria foi convocado Franco
Scaglione – tornado famoso pelos concepts
B.A.T – que pegou no chassis da Série 404
da Bristol e criou um pequeno roadster de
formas onduladas.
Eloquentemente disfarçado pelas propor-
ções das embaladeiras, o alto seis cilindros
em linha Bristol, com dois litros de capaci-
dade e 130 cavalos de potência, acionava
as rodas traseiras através de uma caixa de
quatro velocidades, sendo a suspensão in-
dependente à frente e de eixo rígido atrás.
O A rnolt-Bristol Deluxe Roadster chassis
número #404/X/3108 aqui apresentado foi O seis cilindros em
linha da Bristol,
um de apenas 142 construídos, tendo sido
com dois litros
completado na Bertone em 1957. de capacidade
O Arnolt-Bristol combinava mecânica inglesa, e 130 cavalos de
estilo italiano e dinheiro americano. A pro- potência era sufi-
ciente para elevar
dução foi dada por terminada em 1959, tendo as prestações do
sido construídos 142 exemplares. Arnolt-Bristol

Motor Clássico 81
Chevrolet Corvette

Primeira geração
O
número de chassis #E53F001274 identifica-
-o como tendo sido o 274º Corvette (de
apenas 300 fabricados) a sair da linha de
produção, mas o seu valor vai muito além desse
detalhe. Totalmente restaurado pelos especialistas
em Chevrolet Corvette norte-americanos da Blue
Flame Restoration, este magnífico Chevrolet de
1953 encontra-se completo com autorrádio Wonder-
bar, tampões cromados nas rodas, instrumentação
montada ao centro do tablier, e ainda filtros do ar
tipo bala.
Mantendo a cor original, o popular roadster ameri-
cano apresenta painéis de fibra de vidro imaculados,
algo bastante raro de encontrar, o para-brisas curvo
nas extremidades correto, as janelas tipo cortina e
ainda toda a documentação específica da época. Com
um restauro tão completo e rigoroso, este soberbo
exemplar esconde bem o facto de ter quase 74 000
quilómetros, justificando por isso a valorização
obtida no leilão da RM Sotheby’s.

O interior da carro-
çaria do Corvette é
totalmente forrado
a pele vermelha

Mercedes-Benz 300 S Roadster

Carroçaria de eleição
C
onstruído utilizando o chassis da série 300, o Mer-
cedes-Benz 300 S apresentava detalhes de luxo na
forma como a sua carroçaria era acabada, e espe-
cialmente no interior da maior qualidade. Mecanicamente
fazia uso de um seis cilindros em linha, com três litros de
capacidade e 150 cavalos de potência, alimentado por uma
bateria de três carburadores Solex.
Variante desportiva do 300 S, foram produzidas escassas
141 unidades do Roadster, tornando os modelos existentes
altamente colecionáveis. O chassis #188.012.3500355 levado
a leilão pela RM Sotheby’s foi completado pela fábrica em
1954, e exportado para os Estados Unidos, completo com
um autorrádio Becker Nürburg. Após um prolongado sono
de 20 anos, o 300 S foi restaurado pela Lyford Engineering,
em Michigan.

A carroçaria
Roadster do
Mercedes-Benz
300 S é uma das
mais elegantes
que equiparam
o modelo ger-
mânico

82 Leilão do mês | Roadsters com estilo


Siata 300 BC Barchetta by Bertone

Mini-Ferrari
F
undada em 1926 por Giorgio Ambrosini, a So- leiloado foi o 18º de 40 construídos no total, sendo
cieta Italiana Auto Transformazioni Accessori propriedade de Bob McNeal e ocasionalmente
(SIATA) começou por fabricar componentes, inscrito em competição por Ron Hunter. Em 1961
mas depressa as suas modificações foram incorpo- o Siata foi vendido a Ken Johnson, que o manteve
radas pela Fiat, que a transformou num carroçador até 1985. Totalmente restaurado por Jarl de Boer,
de nome próprio, rivalizando com marcas como a um dos maiores especialistas do mundo nos 300
Osca ou a Nardi. BC, o modelo mantém toda a sua competitividade,
O Siata 300 BC Barchetta começou a ser produzido estando equipado com o quatro cilindros em linha,
em 1951, e distribuido preferencialmente nos Es- com 1089cc de capacidade e 51 cavalos de potência,
tados Unidos. O chassis número #ST 418 BC agora alimentado por um carburador simples Weber.

O Siata 300 BC Barchetta by


Bertone é um dos modelos mais
elegantes da marca fundada por
Giorgio Ambrosini

Austin-Healey 100S

Roadster
de Hollywood
S
emelhante ao Austin-Healey 100 em apa-
rência, o modelo 100S foi desenvolvido
de 1953 a 1954 pela Healey Works em
Warwick, para ser competitivo em pista. Feito
à mão pelos técnicos ingleses e melhorado em
todos os aspetos, este não só era mais leve que
o seu “irmão” como também era mais potente
e aerodinâmico. Pesando escassos 850 quilo-
gramas graças à sua estrutura em alumínio, o
100S era equipado com uma versão altamente
modificada do quatro cilindros, com 132 cv.
O exemplar aqui apresentado foi o primeiro
chassis em liga, de uma fornada de 50, a ser
fabricado e o único pintado de “Spruce Green”,
tendo sido comprado originalmente pelo ator
Jackie Cooper par competir nas 12 Horas de
Sebring de 1954. Incluído numa comitiva de
Preparado para
sete Healey’s, na qual também estava a dupla
a competição,
o motor de Stirling Moss / Lance Macklin, Cooper e o seu
2,7 litros do copiloto Roy Jackson-Moore classificaram-se
Austin-Healey na 42ª posição. Um esfoço meritório, que valeu
100S debita uns
saudáveis 132
ao ator a nomeação para “Desportista Auto do
cavalos Mês” na revista Sports Car Illustrated.

Motor Clássico 83
Bolsa de valores CRÓNICA

Hélio de
Oliveira

Mazda RX-8

O
conceito de aliar a exclusividade de um
coupé ao lado prático de uma berlina não
é novidade. Dotar um coupé assumida-
mente desportivo de tal funcionalidade acontece
RM Sotheby’s
raramente. Ainda para mais, se pensarmos como o

Elegância milionária na Flórida conseguiram os engenheiros da Mazda, é de se lhe


tirar o chapéu, não do ponto de vista técnico, mas na

A companhando o Amelia Island Concours d’Elegance, o concurso que anualmente


leva alguns dos melhores clássicos à Flórida, a renovada leiloeira RM Sotheby’s
arrecadou 56 553 417 euros, uma soma impressionante possibilitada pela junção de
proeza de fazer passar o projeto pelo crivo de quem
aprova este tipo de situações. O acesso aos lugares
traseiros, de facto – e refira-se que são dois lugares
vários carros milionários. A estrela do leilão foi o Ferrari 400 Superamerica SWB Ca- para adultos – não é nada normal. O construtor
briolet, de 1960, arrebatado por 5 998 647 euros, um valor recorde para este modelo. deu luz verde a uma
Para além do Superamerica, foram igualmente leiloados com sucesso um genuíno solução que deixou Na estrada,
Ferrari 365 GTB/4 Daytona Spider, de 1972 (3 102 563 ) e um magnífico Ferrari 212
Europa Coupe, de 1953 (1 455 132 ). A Jaguar, Mercedes-Benz, Alfa-Romeo e Bugatti
de se utilizar há
décadas: as suicide
o RX8 é muito
foram algumas das marcas igualmente em destaque, com a venda de um Jaguar D- doors. Numa berlina competente,
-Type, de 1955 por 3 455 127 euros, um Mercedes-Benz 500/540 K Cabriolet A, de já surpreenderia, mas claramente su-
1935 por 2 844 016 euros, um Alfa Romeo 6C 1750 Gran Sport Spider, de 1931 por 2 273 num coupé?!
931 euros e ainda um Bugatti Type 57C Aravis Cabriolet, de 1938 por 2 196 410 euros. O Mazda RX-8 é, perior à concor-
O 17º leilão de Amelia Island foi o primeiro desde a união em fevereiro entre a ca- e será nos tempos rência no que
nadiana RM Auctions e a inglesa Sotheby’s, arrecadando mais 67 por cento do valor mais próximos, um
da edição de 2014. desportivo único. À
respeita a com-
mencionada funciona- portamento
lidade, acrescenta-se
uma versão completa-
em curva...
mente revista do ex-libris da marca, o motor Wankel.
Este propulsor consegue aproximar-se e muito
convincentemente, da potência da anterior versão...
sem recurso à sobrealimentação! Claro que há um
ónus: a falta de binário é notória. Na estrada, o RX8
é muito competente, claramente superior à concor-
rência, no que respeita a comportamento em curva...
dá mesmo a impressão de que o chassis consegui-
ria digerir facilmente mais duzentos cavalos. Em
acelerações faz lembrar um Honda S2000... é rápido,
mas não parece. A subida de regimes, embora
veloz e segura, não transmite muita sensação aos
Durante o seu
ocupantes. Em parte pela falta de binário, em parte
evento no Amelia
Island Concours pela qualidade de construção, que de tão elevada,
d’Elegance, a isola os passageiros, talvez em demasia. O Wankel
renovada leiloeira esforça-se mas, como sabe quem os experimentou,
RM Sotheby’s
estes motores são tão suaves em altos regimes que
arrecadou 56 553
417 euros parecem não estar em esforço, mesmo às 8000 rpm.
A sobrealimentação nota-se pela ausência. Falta-lhe
o que o RX-7 tem para dar e vender uma boa dose de
OS MAIS VALIOSOS
Ferrari 400 Superamerica SWB Cabriolet, de 1960 5 998 647€ loucura ou selvajaria!
Jaguar D-Type, de 1955 3 455 127€ No geral torna-se um produto interessante e, face
Ferrari 365 GTB/4 Daytona Spider, de 1972 3 102 563€ à carreira relativamente curta e sem continuidade
Mercedes-Benz 500/540 K Cabriolet A, de 1935 2 844 016€ (para já), parece constituir um bom colecionável.
Alfa Romeo 6C 1750 Gran Sport Spider, de 1931 2 273 931€ Tendo em conta os valores de transação mais recen-
Bugatti Type 57C Aravis Cabriolet, de 1938 2 196 410€ tes, é mais um caso de “muito carro pelo dinheiro”.

84 Bolsa de valores
A
A Realidade
Realidade 5 Mar a 26 Abr 2015

do Imaginário
UMA EXPOSIÇÃO
SETE ESPAÇOS DE CULTURA
NO PRINCÍPIO ERA A LUZ
30 ANOS
Museu de Aveiro Aveiro do Centro Português
O AMOR E O TEMPO de Serigraia
Museu Francisco Tavares Proença Júnior Castelo Branco
GEOMETRIA, ALQUIMIA E LINGUAGEM
Museu da Guarda Guarda
SÍMBOLOS CÓSMICOS: O MAR
Museu Joaquim Manso Nazaré
O IMAGINÁRIO DA REALIDADE www.cps.pt
Museu José Malhoa Caldas da Rainha www.facebook.com/centroportuguesdeserigraia
O HORIZONTE DO SONHO
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha Coimbra
TRADIÇÃO E INOVAÇÃO
Museu da Cerâmica Caldas da Rainha

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Papelera del Oria

Motor Clássico 85
Livros novos e de coleção

Details 5

Legendary sports cars up close


1965-1969
Müller, Wilfried, 2015
Edição McKlein Publishing, Alemanha, 400 páginas a cores
e preto-e-branco, texto em alemão e inglês.
PREÇO 99,90 EUROS

O título, o formato (29 x 29 cm), a apresentação com caixa e as


400 páginas podem fazer pensar que este é mais um daqueles
livros que pouco acrescenta ao tema. Mas a verdade é que,
analisado ao pormenor, se percebe que a última obra de
Wilfried Müller é muito mais do que um típico livro de mesa. É
claro que as fotografias são publicadas quase todas em grande
formato mas trata-se de verdadeiros documentos de época,
nada de fotografias feitas a partir de exemplares restaurados.
O editor garante que, das 350 imagens contidas no livro, a
maioria nunca tinha sido publicada sendo portanto inéditos,
aos olhos do grande público. Quanto ao tema, é hoje dos
mais populares entre os autores de obras sobre o desporto
automóvel internacional, ou seja, os protótipos que prota-
gonizaram as corridas de resistência e as provas de rampa,
durante a segunda metade dos gloriosos anos sessenta. Do
Abarth 1600 OT aos Porsche 917, de tudo um pouco pode ser
visto neste volume, incluindo marcas famosas, como a Ferrari,
Matra, Alpine ou Maserati até outras menos conhecidas, como
a Serenissima, Mirage ou Monti. Cada modelo merece o seu
capítulo mas nem todos os capítulos têm o mesmo tamanho,
provavelmente dependendo do número de imagens que o
autor dispunha de cada carro. A verdade é que, cada carro
tem direito a um texto minimamente completo sobre a sua
história e as suas características técnicas, dando a este título
um interesse que vai muito além da apreciação estética das
imagens que focam os detalhes de alguns dos mais famosos
protótipos que correram nos anos sessenta. FM

Mais do que um album


de imagens de deta-
lhes dos protótipos da
segunda metade dos
anos sessenta, este
livro é uma boa fonte
de informação, tanto
visual como escrita,
das máquinas protago-
nistas deste período

Este e outros livros podem ser adquiridos na Livraria Ascari no Porto (225 025 520, www.ascari.pt)

86 Livros | Novos e de coleção


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88 para isso contacte por escrito o responsável pelo ficheiro da MPL. Caso não pretenda receber outras propostas comerciais assinale aqui
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Próximas edições
Guia de compra Lancia
Stratos, uma estrela dos
ralis para andar na estrada.
Um objeto de sonho

Ralis dos anos 60 Grande Rali de Sintra, 1962 Ensaio Ferrari 328

E ainda:
Cotações dos clássicos
franceses, reportagem
dos principais eventos,
espaço dos clubes,
as opiniões dos nossos
cronistas,
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98 Próximas edições
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estado de concurso. Raríssimo. Estofos em pele tado de concurso, com restauro de 100000 libras sível com restauro de A a Z

1970 - NSU 1000 CL, nacional, raro, com excelente 1971 - Jaguar E-Type V12 Coupé 2+2, impecável 1972 - Mercedes-Benz 250 CE Coupé, excelente
restauro com A/C e dir. ass. Automático. Revisão geral com A/C, estofos em pele e direcção assistida

1976 - Mini Clubman 1100 Saloon, nacional, exc. 1977 - Mercedes-Benz 280 SL, excelente estado, 1983 - Citroën 2CV 6 Charleston, nacional com
estado, jantes Cosmic e jogo jantes de origem estofos de pele, hardtop, CPAA poucos kms. Impecável

1988 - Alfa Romeo Spider 1600, nacional, rig- 1988 - Ford Escort RS 1600 Turbo, nacional 1989 - Mercedes-Benz 500 SL estado irrepreen-
orosamente impecável e original em excelente estado, 88000 kms sível com todos os extras de fábrica e hardtop

1990 - Nissan 300 ZX Targa Biturbo, 300 hp 1990 - Mercedes-Benz 300 SE, impecável com 1993, Porsche 968 Coupé, nacional com todos
com todos os extras todos os extras de fábrica e poucos kms os extras de fábrica. Impecável
Motor Clássico 99

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