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Introdução

A escravatura é um fenómeno humano que se dá desde os primórdios da humanidade, e que co


nsiste na prática social em que um ser humano tem direitos de propriedade sobre ou
tro, considerado escravo. Surgiu devido à necessidade social de hierarquizar as co
munidades (mandantes/mandados). Para que uns pudessem gozar de certos privilégios,
outros teriam que trabalhar arduamente e por vezes serem forçados a abdicar da su
a liberdade, tudo isto em prole da organização e bem-estar da sociedade em que se in
seriam.
Várias civilizações, algumas consideradas evoluídas para o respectivo período histórico, fi
eram uso da escravatura e só após séculos e séculos sob o jugo desta prática tomaram consc
iência de que esta não era, nem moral, nem economicamente, viável, abolindo-a legal e
oficialmente.
Porém, é do conhecimento geral que a escravatura não se deu por finda com os decretos
de lei proclamados, nem com as inúmeras manifestações a propósito. Este fenómeno “arrastou-
e” até aos nossos dias, tomando por vezes rostos diferentes e camuflagens mais efica
zes...
Escravatura, Ontem...
No que diz respeito à história da escravatura, existiram diversas ocorrências deste fe
nómeno, o que se deve, em parte, ao facto de este ter sido praticado por diferente
s civilizações ao longo da história da humanidade. A forma mais primária de escravização re
ultou das guerras, cujos prisioneiros passavam a ter o estatuto de escravos. A e
scravatura era uma situação aceite e rapidamente se tornou essencial para a economia
e para a sociedade de todas as civilizações antigas, mesmo sendo um tipo de organiz
ação muito pouco produtivo.
Na Antiguidade...
€A civilização Egípcia foi das primeiras grandes civilizações a optar por este tipo de mão
obra. Vários escravos eram utilizados na construção das pirâmides que imortalizavam os s
eus faraós. Contudo, ao contrário de alguns impérios que a sucederam, os escravos eram
bem nutridos e tratados, pois era necessário estarem em boa forma física para efect
uarem este tipo de trabalho. Nesta civilização é ainda relevante, relativamente à escrav
atura, o facto da subjugação do povo hebreu que mais tarde se libertou “liderados por
Moisés, a mando de Deus”, fugindo para a “Terra Prometida” (Bíblia: “O Êxodo”).
Nas civilizações pré-colombianas (asteca, inca e maia) os escravos eram empregados na
agricultura e no exército. Entre os incas, os escravos recebiam pequenas parcelas
de terreno onde cultivavam o sustento da sua família, reservando ao imperador uma
maior parcela da sua produção da que os cidadãos lhe reservavam.
Na Grécia Antiga o trabalho escravo acontecia nas mais variadas funções, os escravos p
odiam ser domésticos, trabalhadores do campo, mineiros, arqueiros da cidade, ouriv
es, etc. Alguns eram até pessoas bem vistas em sociedade, apenas não tinham as mesma
s liberdades que os cidadãos (ex.: direito de voto, propriedade, etc.).
No Império Romano, a escravatura passou a ser um pouco diferente e, apesar de coin
cidir em várias pontos com o tipo de escravatura imposta na Grécia, era mais agressi
va e coerciva, impondo condições muito desfavoráveis para alguns escravos. Tal como no
s impérios e civilizações anteriores, eram feitos escravos muitos prisioneiros de guer
ra, que, em alguns casos, tornavam-se gladiadores que para gáudio do público defront
avam feras e lutavam entre eles, por vezes até à morte.
Entre este período e a Idade Moderna, continuou a existir escravatura, sob diversa
s formas, mas seguindo modelos ideológicos similares, contudo, foi no começo do séc. X
V que este fenómeno se alargou astronomicamente e em proporções bastante diferentes.
Na Idade Moderna e Contemporânea
A partir deste período a escravatura passou a ser sustentada por teorias ideológicas
que marcam o começo de uma nova maneira de pensar e de agir por parte do Mundo Oc
idental (Europa). Ganhou uma conotação racial e inumana que até então não existia, o que s
erviu para fundamentar a continuação e alargamento da sua prática.
Com os descobrimentos não foram somente descobertos “novos mundos” como novas maneiras
de submeter os seres humanos ao trabalho escravo. Numa primeira fase, os índios f
oram forçados a este tipo de trabalho, sendo que várias civilizações foram dizimadas (As
tecas, Maias, Incas, etc.) pelos colonos (maioritariamente espanhóis), tanto pelas
doenças que trouxeram como pelos métodos violentos que lhes imprimiam. A política por
tuguesa de colonização foi um pouco diferente e promoveu a miscigenação entre “brancos” e n
tivos, contudo, não deixou também de escravizar os indígenas, mas estes foram gradualm
ente sendo protegidos pelos jesuítas que os consideravam puros e inocentes.
O contributo português para o alargamento do fenómeno
Com as expedições a África, que começaram em 1415, com a conquista de Ceuta, os portugue
ses tinham já em vista o controlo do rotas dos escravos, mas nunca chegaram a domi
ná-las visto que estas foram desviadas para outra localização. Através da captura de nat
ivos africanos ou da sua troca com os chefes tribais, vários negros foram levados
para o Brasil amontoados, em condições desumanas, sendo que muitos morriam antes de
sequer lá chegar. Mais tarde chegaram à Europa, donde seriam levados para vários países,
mais precisamente em 1640, quando chegaram os primeiros escravos negros a Portu
gal.
É relevante afirmar que os negros africanos vinham substituir os nativos brasileir
os na produção canavieira, pois esse tráfico dava lucro à Coroa Portuguesa, que recebia
os impostos dos traficantes. Os negros foram também necessários no Brasil porque os
indígenas não se deixavam subjugar tão facilmente, pois eram mais unidos e tinham noções m
uito próprias sobre os conceitos vida/liberdade. Até 1850, a economia era quase que
exclusivamente movida pelo braço escravo. O cativo estava na base de toda a activi
dade, desde a produção do café, açúcar, algodão, tabaco, transporte de cargas, às mais dive
s funções no meio urbano: carpinteiro, pintor, pedreiro sapateiro, ferreiro, marcene
iro, entre outras.
Nos canaviais ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tr
atados da pior forma possível. Trabalhavam arduamente, eram severamente castigados
, mal alimentados e tratados, tudo isto foi aumentando a insatisfação dos escravos q
ue tentavam persistentemente fugir destas condições. Passavam as noites nas senzalas
(galpões escuros, húmidos e com pouca higiene), acorrentados para evitar fugas.
A conotação racial da escravatura
Desde o começo do tráfico negreiro que a escravatura passou a ter uma conotação purament
e étnica que serviu de argumento para sustentar a teoria de que a não era moralmente
incorrecta, pois a “raça negra” era considerada inferior a todas as outras (principal
mente em relação à “raça branca” – etnocentrismo), precisando por isso, de um mestre/ dono
a comandasse e que se servisse das suas únicas capacidades (físicas). Passou também a
estar relacionada com uma condição de inumanidade por parte dos escravos, até então con
siderados hierarquicamente inferiores, mas ainda assim pessoas. Surgiria assim o
conceito de racismo.
Porém, nem todas as pessoas partilhavam este tipo de ideia, por isso, começaram a su
rgir associações de homens brancos e escravos alforriados ou fugidos, que visavam o
fim da escravatura e uma mudança de pensamento por parte da sociedade, todas estas
manifestações de desagrado culminaram na...
Abolição da Escravatura
Com o surgimento dos ideais liberais resultantes da Revolução Francesa e da ciência ec
onómica na Europa, a escravatura passou a ser considerada pouco produtiva (Revolução I
ndustrial) e moralmente incorrecta (ainda assim prevaleciam os interesses económic
os).
A escravatura em Portugal continental e na Índia foi abolida a 12 de Fevereiro de
1761 por Marquês de Pombal, durante o reinado de D. José I. No entanto, só no séc. XIX é q
ue a escravatura foi verdadeiramente abolida em todo o Império. Os primeiros escra
vos a serem libertados nas colónias foram os do Estado, por Decreto de 1854, mais
tarde, os das Igrejas, por Decreto de 1856 e só com a lei de 25 de Fevereiro de 18
69 é que se proclamou a abolição total da escravatura em todo o Império Português.
Em 1850 foi proclamada no Brasil, a Lei Eusébio de Queirós que impunha punição aos trafi
cantes de escravos, garantindo a não entrada de escravos no país; em 1871 foi feita
a Lei do Ventre Livre que declarava livres os filhos de escravos nascidos a part
ir daquele ano e, em 1885 a Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade aos maior
es de 60 anos. E, posteriormente fez surgir o abolicionismo, em meados do séc. XIX
. Em 1888, quando a escravidão foi abolida no Brasil, este era o único país ocidental
que mantinha a escravatura.
O contributo do Iluminismo e da Revolução Industrial
A teoria iluminista, que consistia na enfatização da Razão e da Ciência como formas de e
xplicar o Universo, foi uma das grandes impulsionadoras da sociedade moderna e d
o capitalismo, pois tal como no Renascentismo valorizava o Homem e a exploração das
suas capacidades racionais.
A junção do Iluminismo, dos ideais da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraterni
dade – (também inspirados por este movimento intelectual) e da Revolução Industrial, fiz
eram com que a moralidade e utilidade da escravatura passassem a ser questionada
s. O Iluminismo e a Revolução Francesa questionavam sobretudo a moralidade desta práti
ca, já com a Revolução Industrial passou a ser questionada a viabilidade económica deste
fenómeno, pois chegou-se à conclusão de que esta prática era pouco produtiva porque, co
mo o escravo não tinha propriedade sobre sua própria produção, não era estimulado a produz
ir, uma vez que essa acção não resultaria num incremento do bem-estar material e psico
lógico.
Tal como começou, a escravatura acabou por razões económicas, desta vez mais disfarçadas
pela presença de motivos morais e humanos.
Teorias Racistas Contemporâneas
Este tipo de teorias surge no século XVIII, período em que os cientistas se esforçaram
por identificar e classificar as diferentes raças. Umas foram consideradas inferi
ores (em especial a raça negra) e apenas uma foi assumida como superior (a raça bran
ca europeia). A escravatura torna-se absurda entre brancos, mas aceitável para os
negros. Montesquieu, filósofo iluminista, na sua célebre obra – O Espírito das Leis –, tem
dificuldade em aceitar que os negros possam ser considerados seres humanos.
No século XIX, as teorias racistas conhecem um enorme desenvolvimento.
Superioridade da raça "ariana". Em 1854, o diplomata francês Arthur de Gobineau publ
icou um livro acerca da "Desigualdade das raças Humanas", onde advogava que a raça "
ariana" era superior a todas as outras, embora contivesse algumas "impurezas" de
vido a misturas com raças inferiores. Em 1899, o germano-inglês€ H.S.Chamberlain, publ
ica um livro onde defende que a raça "ariana", conduzida pelos povos germânicos, hav
eria de salvar a civilização cristã europeia do seu inimigo, o "judaísmo".
Com base nesta ideia se desenvolveram na Alemanha, as teorias racistas, das quai
s Adolf Hitler (morto em 1945) foi o principal percursor e que levaram ao extermín
io e à escravização das raças que considerava "inferiores" (judeus, árabes, negros, cigano
s, etc.) e outros seres humanos considerados degenerados (homossexuais, deficien
tes, etc.).
Darwinismo Social. A teoria sobre a geração e evolução das espécies de Charles Darwin, tro
uxe novos argumentos para a fundamentação da desigualdade entre os homens. Com base
nestas ideias originou-se o chamado darwinismo social que defendia o direito nat
ural dos mais "fortes", governarem os mais "fracos".
Desde finais do século XIX, baseados em supostas teorias científicas procurou-se fun
damentar a superioridade de uns povos sobre os demais. As últimas descobertas sobr
e o ADN foram conclusivas sobre a falsidade deste tipo de elações erradamente fundam
entadas.
Um dos últimos regimes políticos que se baseou nesta distinção racial foi a África do Sul.
O sistema do Apartheid, foi instituído€ entre 1948 e 1991, envolvendo a separação entre
as diferentes "raças", no que respeitava à propriedade, residência, casamento, trabal
ho, educação, religião e desporto. Este sistema tem origem nas práticas segregacionistas
dos colonos holandeses seguidas desde o século XVII nesta região de África. O sistema
só terminou oficialmente em 1994, quando nas eleições multipartidárias de Abril, € Nelson
Mandela tornou-se no primeiro presidente negro deste país e no chefe de um govern
o multirracial. €€
Escravatura, hoje...
A Mulher
Desde de sempre e em quase todas as civilizações, mais ou menos avançadas, existiu um
forte senso patriarcal em relação à organização social, que destinava à mulher um papel sub
isso de mãe e esposa, filha ou irmã, mas nunca o de mulher, como entidade inteligent
e, psíquica, física e sensível. Muitas teorias tentaram defender e justificar a desigu
aldade entre homens e mulheres em favor dos homens e muitas foram bem sucedidas
até há bem pouco tempo, quando houve um despertar ideológico para o absurdo da situação. C
ontudo, a humanidade não esqueceu séculos e séculos de subjugação do sexo feminino de um m
odo imediato e espontâneo e ainda há muitas reminiscências deste tipo de discriminação.
A noção de escravatura moderna entrou recentemente na linguagem corrente. Este conce
ito espelha um tipo de violência desumana e degradante que chega a destruir a pers
onalidade das vítimas. A escravatura doméstica é uma das suas formas frequentes.
A escravatura não é um fenómeno ultrapassado. Permanece até aos nossos dias como uma rea
lidade económica, social e humana. Não obstante as abolições e a Declaração Universal dos D
reitos do Homem de 1948 — cujo artigo 4 estipula que «Ninguém será mantido em escravatura
ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proi
bidos» —, antigas práticas esclavagistas persistem em novos contextos económicos.
Cada ano, milhares de meninas e de mulheres são «recrutadas», deslocadas e coagidas. N
o relatório de 2000 do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), estima-se que, po
r ano, «quatro milhões de mulheres e de raparigas menores são vendidas aos seus esposo
s ou a mercadores de escravos». A UNICEF estima em 1,2 milhões o número de crianças atin
gidas anualmente pelo tráfico de seres humanos.
A definição de escravatura sempre levantou dificuldades. Recentemente o Protocolo Su
plementar à Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional, visando a
prevenção, repressão e punição do tráfico de pessoas, em particular de mulheres e de crian
, refere-se a ela como tratando-se do «recrutamento, transporte, transferência, rece
pção ou acolhimento de pessoas, pela ameaça ou pelo recurso à força ou a outras formas de
coacção, por sequestro, fraude, vigarice, abuso de autoridade ou de uma situação de vuln
erabilidade, ou pela oferta ou aceitação de pagamentos ou de vantagens para obter o
consentimento para que uma pessoa tenha autoridade sobre outra para fins de expl
oração. A exploração engloba, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras f
e exploração sexual, o trabalho ou os serviços forçados, a escravatura ou as práticas análo
as à escravatura, a servidão ou a extracção de órgãos» (artigo 3. °).
Estes crimes, violentos e degradantes, levam à destruição social da pessoa, à perda prog
ressiva da sua identidade e da sua personalidade, através da coacção psicológica e física.
O direito à vida, à liberdade de pensamento, de expressão e de movimento, ou até mesmo
a sua própria humanidade, são-lhe então negados. As vítimas já não são acorrentadas, mas an
vulneráveis, através da confiscação de passaportes, da violência, do receio do exercício d
represálias sobre a sua família, da humilhação.
Exploração sexual, exploração pelo trabalho ou tráfico de órgãos
A exploração esclavagista manifesta-se sob as mais diversas formas, como a exploração se
xual (prostituição, pornografia, sex-show, serviços online...), a exploração pelo trabalho
(serviços domésticos, agricultura, indústria, restauração, vendas de rua, mendicidade…) ou
ainda o tráfico de órgãos.
Escravatura doméstica
A escravatura doméstica é uma forma de exploração praticamente invisível que se deve, por
um lado, à pobreza dos países de origem das vítimas e, por outro, a uma procura cresce
nte dos serviços domésticos, devido à generalização do trabalho das mulheres na sociedade
ocidental. O trabalho doméstico é hoje frequentemente entendido como uma actividade
reservada às mulheres estrangeiras. A sua disponibilidade e as suas fracas exigência
s transformaram o mercado. Evoluiu para uma forte concorrência ao nível da oferta e
para um aumento das exigências da parte da procura (flexibilidade, horários sobrecar
regados, dificuldade das tarefas, salários baixos…). As migrantes mais vulneráveis não e
stão muitas vezes em condições de discutir as suas condições de trabalho e de defender os
seus direitos.
As jovens mulheres trabalham actualmente em lares privados e vivem na maioria da
s vezes com a família do seu explorador. Estão assim à disposição da família 24 sobre 24 ho
as. A sua liberdade de movimentos é limitada e depende das necessidades do patrão. A
lgumas mulheres são isoladas do mundo exterior durante anos. Encontram-se sequestr
adas. A maioria das vítimas sofre violências físicas, mas as psicológicas são as que mais
afectam as mulheres. São condicionadas, humilhadas e continuamente rebaixadas. É-lhe
s negado o direito de falar ou de entrar em contacto com a sua família. Não podem us
ufruir de qualquer vida privada nem de qualquer intimidade. A maioria das vítimas
não tem acesso a cuidados de saúde e muitas são as que não comem o suficiente para satis
fazer a fome.
A Criança
A UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), considera trabalho infantil toda f
orma de trabalho abaixo dos 12 anos de idade, em quaisquer actividades económicas;
qualquer trabalho entre 12 e 14 anos que não seja trabalho leve e todo trabalho a
baixo dos 18 anos enquadrado pela OIT nas “piores formas de trabalho infantil”.
Embora o trabalho infantil, globalmente, seja visto como inadequado e impróprio pa
ra os menores abaixo da idade mínima legal, as Nações Unidas consideram algumas formas
de trabalho infantil como especialmente nocivas e cruéis, devendo ser combatidas
com prioridade.
Piores formas de trabalho infantil – Convenção n 182 da OIT (1999): o trabalho escravo
ou semi-escravo, o trabalho decorrente da venda e tráfico de menores, a escravidão p
or dívida, o uso de crianças ou adolescentes em conflitos armados, a prostituição e a po
rnografia de menores; o uso de menores para actividades ilícitas, tais como a prod
ução e o tráfico de drogas; e o trabalho que possa prejudicar a saúde, segurança ou morali
dade do menor.
Uma das formas mais flagrantes de escravatura infantil é nas fábricas asiáticas das gr
andes multinacionais do vestuário, principalmente desportivo, nas quais são explorad
as milhares de crianças, sujeitas a horários muito extensos, a maus-tratos e sempre
muitíssimo mal remuneradas.
Curiosidades
Declaração Universal dos Direitos Humanos / Racismo
A Declaração dos Direitos do Homem foi elaborada no século XVIII é um documento que cons
agra a ideia da igualdade de todos os seres humanos, independentemente da sua raça
, religião, nacionalidade, idade ou sexo. Diversos países desde então integraram estes
princípios nas suas constituições, mas a verdade é que não tardaram em adoptar medidas re
stritivas à sua aplicação. A França, que simbolizou esta mesma Declaração, não tardou logo
1804, em decretar a re-introdução da escravatura nas colónias e ao longo de todo o sécul
o XIX em proteger o tráfico clandestino dos negreiros.
Teoricamente todos os Homens eram considerados iguais, mas desta igualdade foram
excluídos os negros, os índios e todos as "raças" consideradas "selvagens", "incivili
zadas", "primitivas", etc.€
A razão que apresentavam era o facto destes possuírem hábitos de vida e uma cultura qu
e os impossibilitava assumirem plenamente a condição de Homens (Cidadãos). Daí que nas r
espectivas colónias a população fosse hierarquizada em função da sua aproximação ao ideal d
omem€ (Cidadão) acima definido.€ O melhor exemplo desta situação é dado pelo EUA: apenas no
anos 60 do século XX, acabaram em todos os seus Estados as excepções legais à igualdade
de direitos de entre negros e brancos, o que não impediu que as desigualdades de
tratamento tivessem continuado.
Legado Étnico e Cultural Americano
Apesar da escravatura ter sido dos fenómenos que mais mancha e envergonha a história
da humanidade, nem todas as suas consequências foram negativas e, pode até dizer-se
que foi um factor de enriquecimento cultural para todas as áreas que foram direct
amente marcadas por esta prática.
É o caso do Brasil, donde provinham muitos indígenas e para onde foram levados muito
s escravos africanos e colonos europeus. Esta junção multicultural foi imprescindível
para a riqueza e multiplicidade humana e cultural do país, se não verifique-se:
A nível humano, para além das etnias branca, negra e índia, passaram a existir resulta
dos da sua fusão:
Mameluco
Originou-se da união entre os colonizadores portugueses e os indígenas. Essa união tor
nou-se comum no século XVI, poucos anos após a chegada dos portugueses ao Brasil. A s
ua pele é escura, mas não tanto quanto a dos mulatos e a dos cafusos.
€
Mulato
É originário da união entre o branco e o negro. O mulato era bastante comum em Minas G
erais, na época da exploração do ouro, nos séculos XVIII e XIX. Com o tempo, também era mu
ito encontrado em outras regiões do país.€ Geralmente a sua pele é escura, assim como€ os
eus olhos.
€
Cafuso
Surgiu como resultado da união entre índios e os negros africanos que vieram para o
Brasil. Foi também na época da mineração, em Minas Gerais, que houve maior mistura entre
os povos negros e indígenas. A sua pele geralmente é mais escura que a do mulato.
Crenças Religiosas
Cultos às divindades de origem africana (Oxalá, Iemanjá, Oxã, etc.), identificados por f
orça das circunstâncias aos santos da religião católica. €
Música e Dança
A música característica, onde sobressaem€ o batuque, o samba, ao lado de instrumentos típ
icos, sobretudo os de percussão, na dança é de realçar o samba, axê, etc. e a capoeira (“lu
a”).
A alimentação especial, muito condimentada, com destaque especial para as delícias da€ co
inha baiana: vatapá, acarajé, cururu, quindim, etc., assim como as bebidas e os temper
os.
Nos restantes países americanos (principalmente latinos), verificam-se tradições simil
ares às brasileiras, sendo que as que mais sobressaem como reminiscência do povo afr
icano, são as danças ritmadas características de todo o povo latino-americano.
Conclusão
Após uma análise deste fenómeno social é possível tirarmos algumas elações acerca do mesmo,
is como o facto da escravatura não ter “começado” com os Descobrimentos; as diferentes c
onotações humanas que estas prática teve, sendo foi sempre um fenómeno mutável em termos d
e perspectivas; os tipos de escravatura que houve; a sua motivação fundamentalmente
económica e não racial; mas principalmente, que este fenómeno não acabou e que pode ter
muitas “caras”, mas está essencialmente nas “nossas” mãos, como pessoas informadas e plenas
de direito que somos, batalharmos e agirmos em solidariedade, para com todos os
que ainda são afectados por este mal.
Webgrafia:
http://pt.wikipedia.org/
http://condicaodamulher.wordpress.com
http://www.almanaqueurupes.com
http://www.brasilescola.com
€

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