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AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

Professores:
Adriano de Paula e Silva
Cristiane Machado Parisi Jonov
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
CAMPO DE TRABALHO E ASPECTOS LEGAIS
„ Engenharia de avaliações no Brasil
Cronologia de alguns fatos importantes

! 1918 – 1919
Primeiros trabalhos de engenharia de avaliações são publicados em revistas
técnicas de engenharia

! 1941
Luiz Carlos Berrini publica em são Paulo o primeiro livro sobre o assunto no
Brasil – Avaliação de Terrenos

! 1953
Criado o Instituto de Engenharia Legal no Rio de Janeiro

! 1957
Surge a primeira norma brasileira de engenharia de avaliações que recebeu a
nomenclatura de P-NB-74 R da ABNT

! 1980
O Professor Hélio de Caires (USP) realiza o primeiro curso de engenharia de
avaliações numa universidade brasileira
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CAMPO DE TRABALHO E ASPECTOS LEGAIS
1.Introdução

- Não é uma ciência exata

- Arte de estimar valores, onde o conhecimento profissional de engenharia e


o bom senso são condições essenciais

- O profissional não fixa valores, apenas interpreta o mercado

2.Engenharia de Avaliações

O que significa
É uma especialidade da engenharia cujo objetivo principal é determinar
tecnicamente o valor de um bem

Para que serve


Para subsidiar tomadas de decisões à respeito de valores, custos e
alternativas de investimento, envolvendo bens de qualquer natureza
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A quem interessa
Para os diversos agentes de mercado e outras entidades tais como
imobiliárias, bancos, seguradoras, Poder Judiciário, Prefeituras, etc

Por quem pode ser praticada


Por engenheiros, arquitetos e agrônomos de acordo com sua habilitação
profissional (leis do sistema CONFEA/CREAS), que detenham os
conhecimentos necessários para a realização do trabalho avaliatório a ser
executado

Como deve ser realizada


Através de aplicação de metodologia apropriada, com base em normas
técnicas da ABNT, sendo a mais importante a NBR 14.653 – Norma
Brasileira para Avaliação de Bens

Quanto tempo de dedicação


É necessário um aprendizado constante em cursos, publicações,
congressos, contato com colegas e principalmente com o mercado
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Tipo de operações realizadas
Operações de garantias
Transações de compra, venda e locação
Avaliações judiciais
Elaboração de plantas genéricas de valores
Decisões sobre investimentos
Balanços patrimoniais e avaliação de empresas
Operações de seguros, fusões e separações de empresas
Desapropriações amigáveis ou judiciais

Honorários
São cobrados em função do nível de detalhamento exigido pelo contratante,
da quantidade de horas dedicadas ao trabalho e à sua complexidade
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3.Conceito de valor

Antiga NBR 5676


(extinta em 30.06.2004)
Corrente univalente – valor de mercado

Nova NBR 14.653


(em vigor a partir de 30.06.2004)
Corrente plurivalente – admite outras modalidades de valor

Valor de mercado
Quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e
conscientemente um bem, numa data de referência, dentro das condições
de mercado vigentes

Valor em risco
Valor representativo da parcela do bem que se deseja segurar
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Valor patrimonial
Valor correspondente à totalidade dos bens de pessoa física ou jurídica

Valor residual
Quantia representativa do valor do bem ao final de sua vida útil

4.Classificação dos bens

Bens Tangíveis
(quando podem ser tocados)

- Imóveis em geral;
- Máquinas e equipamentos;
- Obras civis em geral (edificações, infra-estrutura, etc.)
- Instalações em geral (elétrica, mecânica, etc.)
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Bens Intangíveis
(quando não podem ser tocados)

- Frutos e direitos;
- Marcas e patentes;
- Empresas, softwares;
- Empreendimentos – shopping centers, cinemas, etc.

Exemplo: Fundo de Comércio

Fundo de comércio de uma empresa é, basicamente, o valor de seu ponto


comercial, da clientela e do volume de seu faturamento

É também aquele valor, acima do valor do patrimônio líquido, que a


empresa exibe, pela sua capacidade de gerar lucros

O valor de uma empresa é obtido somando-se o valor atual de seu


patrimônio líquido, com o valor atual de seu fundo de comércio
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O cálculo do fundo de comércio pode ser feito através da fórmula de
PELLEGRINO:

fc = L / (1+i)n

onde,
Fc – fundo de comércio da empresa avaliando
L – lucro líquido total no ciclo de três anos, imediatamente anteriores
I – taxa trimestral de juros (1,5% a.t.)
n – número de trimestres no ciclo de 03 anos (12)

No cálculo de L, os balanços devem estar atualizados para a data em que se faz


avaliação
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6.Normatização Técnica

A referência é a NBR 14.653 – Norma Brasileira de Avaliação de Bens:

- Parte 1: Procedimentos gerais;

- Parte 2: Imóveis urbanos;

- Parte 3: Imóveis rurais;

- Parte 4: Empreendimentos;

- Parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral;

- Parte 6: Recursos naturais e ambientais;

- Parte 7: Patrimônios históricos.

Parte 1 a 4: Em vigor
Parte 5 a 7: Em discussão nas comissões da ABNT
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7.Aspectos Legais

- A realização dos laudos de avaliação é atribuição exclusiva dos profissionais


registrados nos CREAS

- Os corretores de imóveis opinam em transações mobiliárias

- As avaliações são trabalhos de natureza técnica, com diversos livros e


publicações disponíveis (por exemplo, anais de congressos do IBAPE -
Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias)
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8.Amparo Legal

Lei 5194/1966
Regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro
agrônomo, prevê como atribuições desses profissionais a realização de
avaliações, vistorias, perícias e pareceres

Resolução 218/1973 do CONFEA


Especifica como atividades de engenheiros, arquitetos e agrônomos a
realização de vistorias, perícias, avaliações, arbitramento, laudo e parecer
técnico

Artigo 145 do Código de Processo Civil (CPC)


Estabelece que os peritos serão escolhidos entre os profissionais de nível
universitário devidamente inscritos no órgão de classe competente
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9.Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)

- A ART é a maneira pela qual são registrados os contratos, escritos e verbais,


bem como os desempenhos de cargos e funções técnicas

- Criada pela Lei 6496/1977 e regulamentada pela Lei 307 do CONFEA

- Preenchimento de um formulário padrão fornecido pelo CREA, onde o


profissional declara os dados principais do serviço a ser executado e do
contrato firmado entre o profissional e o cliente

- A obra ou serviço passa a fazer parte do Registro de Acervo Técnico (RAT),


estando o CREA apto a expedir, quando requerida, a Certidão de Acervo
Técnico (CAT)

- O registros das ART’s junto ao CREA é feito mediante o pagamento de uma


taxa
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
1.Métodos de Avaliação

Método comparativo de dados de mercado

- Define o valor através de comparação com dados de mercado


assemelhados quanto às características

- É condição para aplicação do método a existência de um conjunto de dados


que possa ser tomado, estatisticamente, como amostra do mercado
imobiliário

I1 I2

I0

I4 I3
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
Método comparativo do custo de reedição de benfeitorias

- Apropria o valor da benfeitoria através da reprodução dos custos de seus


componentes

- A composição dos custos é feita com base em orçamento detalhado ou


sumário, em função do rigor do trabalho avaliatório

- Devem ser justificados e quantificados os efeitos do desgaste físico e/ou


obsoletismo das benfeitorias

R$ ?

Avaliando Hipotético
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
Método da renda

- Apropria o valor do imóvel ou de suas partes constitutivas com base na


capitalização presente de sua renda líquida, real ou prevista

- A taxa de renda varia de acordo com o imóvel e com a situação do mercado


imobiliário

- É usual utilizar-se a fórmula simplificada:

VL = VV . i
onde,
VL – valor locativo mensal
VV – valor de venda do imóvel
i – taxa mensal de renda
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
Método involutivo

- Baseado em modelo de estudo de viabilidade técnico-econômica para a


apropriação do valor do terreno, alicerçado no seu aproveitamento
eficiente, mediante hipotético empreendimento imobiliário compatível com
as características do imóvel e com as condições de mercado

Gleba Parcelamento da gleba em lotes


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
- Para o caso de glebas urbanizáveis, o método involutivo pode ser expresso
matematicamente pela seguinte fórmula:

X + D + L = VL

X = VL – D – L
onde,
X – valor da gleba bruta
D – despesas de urbanização e comercialização
L – lucro do empreendedor
Vl – valor de venda dos lotes
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
Método evolutivo (criado pela NBR 14.653)

- Identifica o valor de um bem pelo somatório dos valores de seus


componentes. Caso a finalidade seja a identificação do valor de mercado,
deve ser considerado o fator de comercialização

- O método evolutivo é expresso pela fórmula a seguir:

VI = (VT + CB) . fc
onde,
VI – valor do imóvel
VT – valor do terreno
CB – custo de reedição das benfeitorias
fc – “vantagem da coisa feita”
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
2.Níveis de Rigor (antiga NBR 5676)

Avaliação expedita

- Prepondera a subjetividade, não sendo utilizado qualquer instrumento


matemático de suporte à convicção de valor expressa pelo avaliador

- É tolerada em circunstâncias onde se necessita de procedimento rápido que


possibilite a apreciação do valor de um bem

- Nestes casos, geralmente, as condições não permitem a elaboração de um


trabalho de nível mais alto, admitindo-se a apresentação sucinta da opinião
de valor (deve-se comprovar os elementos que tenham levado à sua
convicção)
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
Avaliação normal

- O tratamento dispensado aos elementos formadores de valor é estatístico –


estatística descritiva, procedendo-se à homogeneização quando os elementos
não forem perfeitamente comparáveis

- A qualidade da amostra deve ser assegurada quanto aos seguintes pontos:

idoneidade e atualidade das fontes de informação;


semelhança com o imóvel objeto da avaliação;
número de elementos utilizados maior ou igual a cinco

Avaliação rigorosa

- O tratamento para alcançar a convicção de valor deve ser baseado em


processos de inferência estatística, que permitam calcular estimativas não
tendenciosas de valor
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
3.Especificação das avaliações (NBR 14.653)

- De acordo com a NBR 14.653, a especificação de uma avaliação será


determinada por graus de fundamentação e/ou precisão, com as
opções grau I, II e III, sendo o último o possuidor do menor grau de
subjetividade

- Os graus de fundamentação e precisão não podem ser fixados “a priori”


pois dependem, além do empenho do engenheiro avaliador, do mercado de
inserção do bem avaliando e das informações que dele possam ser
extraídas

- Não se enquadrando em nenhum dos graus, o trabalho será considerado


um Parecer Técnico, não sendo classificado quanto à fundamentação e
precisão

- Os laudos de uso restrito podem ser dispensados de especificação, de


comum acordo entre as partes
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
- Existem regras para enquadramento dos laudos:

o atendimento de cada exigência do grau I terá 1 ponto, do grau II, 2


pontos e do grau III, 3 pontos;
o enquadramento global do laudo deverá considerar a soma de pontos
obtidos para o conjunto de itens;
para atingir o grau III de fundamentação é obrigatória a apresentação do
laudo na modalidade completa (não simplificado/auto-explicável);
para cada metodologia há uma tabela de enquadramento específico

A seguir são mostradas as tabelas para a opção por tratamento por fatores:
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
TABELA DE ENQUADRAMENTO PARA TRATAMENTO POR FATORES
Graus de Fundamentação
Itens a considerar
Item Descrição Grau III Grau II Grau I

1 Caracterização do imóvel Completa quanto a todas Completa quanto aos Adoção de situação
avaliando as variáveis analisadas fatores utilizados no paradigma
tratamento

2 Coleta de dados de Características conferidas Características Podem ser utilizadas


mercado pelo autor do laudo conferidas por profis- características fornecidas
sional credenciado pelo por terceiros
autor do laudo

3 Quantidade mínima de 12 6 3
dados de mercado,
efetivamente utilizados

4 Identificação dos dados de Apresentação de Apresentação de Apresentação de


mercado informações relativas a informações relativas a informações relativas a
todas as características todas as características todas as características dos
dos dados analisadas, dos dados analisadas dados correspondentes aos
com foto fatores utilizados
5 Extrapolação Não admitida Admitida para apenas Admitida
uma variável

6 Intervalo admissível de 0,90 a 1,10 0,80 a 1,20 0,50 a 1,50


ajuste para cada fator e
para conjunto de fatores
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
TABELA DE ENQUADRAMENTO PARA TRATAMENTO POR FATORES

Graus de Fundamentação

Somatório e pontos mínimos

Graus III II I

Pontos mínimos 15 9 6

Itens obrigatórios no 3, 5 e 6, 3, 5 e 6, Todos,


grau correspondente no mínimo grau I
com os demais pelo no mínimo no grau II
menos no grau II
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
TABELA DE ENQUADRAMENTO PARA TRATAMENTO POR FATORES

Graus de Precisão

Descrição Grau III Grau II Grau I

Amplitude do intervalo ≤ 30% 30% - 50% > 50%


de confiança de 80 %
em torno do valor
central da estimativa
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
4.Estrutura da nova NBR 14.653
Norma Brasileira de Avaliação de Bens

- Parte 1 – Procedimentos Gerais

- Parte 2 – Imóveis Urbanos


Sumário
Prefácio
Corpo da Norma
Anexos
A – Regressões – Modelos Estatísticos
B – Tratamento por Fatores
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
Corpo da Norma

0 – Introdução
“A NBR 14.653 é de uso obrigatório em qualquer manifestação escrita sobre
avaliação de imóveis urbanos”

1 – Objetivo
- Definição da metodologia básica
- Especificação das avaliações
- Laudos e Pareceres Técnicos

2 – Referências normativas
- Leis e Normas de Referência (exemplo Lei 6766/79)

3 – Definições
- Exemplo:
Variável PROXY:
“Variável utilizada para substituir outra de difícil mensuração e que se
presume guardar com ela relação de pertinência”
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
4 – Símbolos e Abreviaturas

5 – Classificação dos imóveis urbanos


- Exemplo:
Terreno, apartamentos, galpão, etc

6 – Procedimentos de Excelência
- Exemplo:
Competição por preços:
“Evitar a participação em competições que aviltem honorários profissionais”

7 – Atividades básicas
- Exemplos:
Vistoria do bem avaliando
“Nenhuma avaliação poderá prescindir da vistoria”

8 – Metodologia aplicável
Os métodos avaliatórios já descritos
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
9 – Especificações das avaliações
“As avaliações podem ser especificadas quanto à fundamentação e precisão”

10 – Apresentação do laudo de avaliação


- Requisitos mínimos:

Identificação da pessoa física ou jurídica e/ou seu representante legal que


tenha solicitado o trabalho;
Objetivo da avaliação;
Identificação e caracterização do bem avaliando;
Indicação dos métodos, com justificativa da escolha;
Especificação da avaliação;
Resultado da avaliação e sua data de referência;
Qualificação legal completa e assinatura dos profissionais responsáveis pela
avaliação;
Local e data do laudo;
Outras exigências previstas nas demais partes da NBR 14.653

- Modalidades
- Uso restrito
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
5.Seqüência de avaliação

(a) Vistoria

- visa possibilitar o conhecimento do imóvel avaliando e o contexto


imobiliário a que pertence;

- devem ser observados os aspectos relevantes à formação do valor;

- exemplos:
aspectos físicos: solo, topografia, etc;
infra-estrutura urbana: sistema viário, energia elétrica, etc;
equipamentos comunitários – transporte coletivo, escolas, etc
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
(b) Pesquisa de elementos

- levantamento de dados de campo cuja semelhança orientará as conclusões


relativas ao valor do bem avaliando;

- triagem das informações obtidas sobre os elementos pesquisados;

- seleção dos elementos a serem estudados, bem como de suas


características relevantes na composição do valor

(c) Tratamento por fatores de homogeneização

- procura-se equalizar as diferenças existentes entre os diversos elementos


pesquisados, através de fatores de homogeneização;

- esses fatores são coeficientes empíricos, resultado na maioria das vezes de


observações de profissionais experientes, que corrigem as características
dos elementos pesquisados;
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
- exemplos:
fator de oferta (Fo ): utilizado para imóveis em oferta, correspondente a um
deflator igual a 0,90;

fator de localização ou transposição (Ft ): corrige as diferenças relativas ao


posicionamento do imóvel no contexto urbano;

fator de aproveitamento ou zoneamento (Fz): corrige as diferenças relativas


ao potencial construtivo dos imóveis

- A seguir é mostrado um Quadro de Tratamento por Fatores:


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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS

QUADRO DE TRATAMENTO POR FATORES

N Vpesq Fo Ft Fz Vhom
(R$/m2) (R$/m2)
1 38,89 X X X =

2 45,00 X X X =

3 46,88 X X X =

4 33,33 X X X =

5 24,44 X X X =

6 25,00 X X X =

7 25,00 X X X =

8 35,00 X X X =

9 25,00 X X X =
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PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS

Exemplo de preenchimento do Quadro de Tratamento por Fatores

N Vpesq Fo Ft Fz Vhom
(R$/m2) (R$/m2)
1 38,89 X 0,90 X 0,91 X 1,00 = 31,85

2 45,00 X 1,00 X 0,91 X 1,00 = 40,95

3 46,88 X 1,00 X 0,83 X 1,00 = 38,91

4 33,33 X 0,90 X 1,00 X 1,00 = 30,00

5 24,44 X 1,00 X 1,11 X 1,00 = 27,13

6 25,00 X 1,00 X 1,00 X 1,33 = 33,25

7 25,00 X 0,90 X 0,91 X 1,33 = 27,23

8 35,00 X 0,90 X 0,91 X 1,00 = 28,67

9 25,00 X 1,00 X 1,00 X 1,33 = 33,25


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
- os coeficientes são aplicados sobre os valores unitários ou valores por
metro quadrado dos elementos pesquisados, obtendo-se os valores
homogeneizados

(d) Tratamento estatístico

- após o tratamento por fatores de homogeneização obtém-se um conjunto


de dados que serão submetidos a tratamento estatístico, para obtenção do
valor do imóvel avaliando;

- calculadoras científicas podem facilitar os procedimentos estatísticos e,


atualmente, existem no mercado diversos programas de computador que
realizam essas tarefas
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
(e) Cálculo das benfeitorias

- em avaliações onde existam benfeitorias adota-se o cálculo do valor de


reprodução das mesmas;

- a avaliação das benfeitorias pode ser feita de maneira sumária ou


detalhada;

- na avaliação sumária faz-se o levantamento das áreas de benfeitorias,


individualizando-as dentre os diversos padrões construtivos. Os valores são
multiplicados pelo valor do CUB (Custo Unitário Básico) respectivo fornecido
pelo SINDUSCON ou entidade de reconhecida idoneidade;

- na avaliação detalhada levanta-se todos os quantitativos que compõem a


benfeitoria, através de projetos ou no próprio local, e elabora-se um
orçamento detalhado com todos os valores unitários e encargos incidentes;

- deve-se calcular o coeficiente de depreciação no caso de benfeitorias que


não sejam novas
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
PROCESSO AVALIATÓRIO: DESENVOLVIMENTO E MÉTODOS
(f) Conclusão

- deve ser feita a determinação do valor final da avaliação

6.Componentes finais e anexos

- Pesquisa de valores;
- Cálculos estatísticos;
- Cálculo das benfeitorias;
- Plantas, mapas e croquis;
- Fotografias;
- Anotação de Responsabilidade Técnica
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
1.Introdução

- Durante o processo avaliatório, após a pesquisa de dados e sua


homogeneização surgirão um conjunto de dados representados pelos
valores unitários ou valores/m2. Esses valores representam a amostra, com
o número n de elementos

- A primeira providência é a determinação das medidas de tendência central


e das medidas de dispersão

2.Medidas de Tendência Central

- Média aritmética simples é a soma de todos os elementos da amostra


dividida pelo número de elementos

xa = (x1 + x2 + ...... + xn)/n


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
- A mediana é uma medida obtida após a ordenação crescente dos
elementos, representada pelo elemento de ordem central no caso de n
ímpar, ou pela média aritmética dos dois elementos centrais quando n é par

- A moda corresponde ao elemento que ocorre com maior frequência,


podendo até mesmo não existir

3.Medidas de Dispersão

- São instrumentos matemáticos que permitem aferir os desvios dos


elementos da amostragem em relação à medida de tendência central

- No processo avaliatório, as duas medidas de dispersão mais importantes


são o desvio padrão e o coeficiente de variação
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
- O desvio padrão (s) no caso de estudos com amostragem é calculado por:

s = (∑ (xi – xa)2 / (n – 1))0,5

- O coeficiente de variação Cv é a relação entre o desvio padrão e a média


aritmética, e os valores baixos de Cv indicam melhor condição de
amostragem. Se Cv é inferior a 15%, há indicação de baixa dispersão.

4.Saneamento amostral

- Etapa também conhecida como eliminação de dados suspeitos, consiste em


verificar se na amostragem existem elementos que possuam desvios
acentuados em relação à média
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
- O processo de saneamento amostral mais utilizado é o critério de
Chauvenet que consiste no cálculo do valor de d/s da amostragem e em
seguida compará-lo com o valor d/s tabelado

- Nesse critério d representa a diferença entre um elemento da amostragem


e a média em valores absolutos e s o desvio padrão

- Como o teste é específico para cada elemento, o usual é testar-se as


extremidades, ou seja, o maior e o menor elementos. Caso estes sejam
inferiores ao d/s tabelado, não há necessidade de saneamento amostral

- A seguir é transcrita uma parte da tabela de Chauvenet:


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES

Tabela de Chauvenet

n (d/s)crit n (d/s)crit
5 1,65 16 2,16
6 1,73 18 2,20
7 1,80 20 2,24
8 1,86 22 2,28
9 1,92 24 2,31
10 1,96 26 2,35
12 2,03 30 2,39
14 2,10 40 2,50
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
- Caso contrário, elimina-se aqueles elementos indesejáveis e procede-se
novamente ao cálculo da média, desvio padrão, coeficiente de variação e
novo teste de saneamento

5.Intervalo de confiança

- Como geralmente se trabalha com uma amostra extraída da população, a


média aritmética obtida xa refere-se à amostra e não à população. Diante
disso, existe uma variação em torno do valor obtido, o que nos leva a
estabelecer um intervalo de confiança que pode ser escrito:

µ = xa ± σ
onde,
µ - média populacional
σ – erro de amostragem
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
- A fórmula que expressa o erro da amostra é a seguinte:

σ = zc [ s / (n)0,5 ]

onde,
zc – coeficiente de confiança extraído da tabela de áreas delimitadas pela
curva normal reduzida (curva de GAUSS)

6.Distribuição t de Student

- Quando se trabalha pequenas amostras (n < 30) utiliza-se a distribuição t


de Student ao invés da curva de GAUSS
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
- Neste caso, a fórmula que expressa os extremos do intervalo de confiança é
a seguinte:

σ = tp [ s / (n - 1)0,5 ]

onde,
tp – extraído da tabela de Student partindo-se da confiança desejada e graus
de liberdade n – 1

- Apresenta-se como ilustração uma parte da tabela de Student:


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES

n-1/Conf 80% n-1/Conf 80%


4 1,53 10 1,37
5 1,48 11 1,36
6 1,44 12 1,36
7 1,42 13 1,35
8 1,40 14 1,34
9 1,38 15 1,34
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
7.Campo de arbítrio

- Na antiga NBR 5676 o campo de arbítrio era o próprio intervalo de


confiança, calculado da forma descrita anteriormente

- Pela nova NBR 14.653 no caso de tratamento por fatores, o campo de


arbítrio do avaliador fica restrito a 10% em torno do valor médio, devendo
o avaliador justificar caso não adote o valor médio (permitido
arredondamento de 1%)
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
EXERCÍCIO RESOLVIDO

Exercício
Efetuar o tratamento estatístico descritivo nos dados homogeneizados no exercício
realizado, obtendo:

a) Amplitude da amostra, média aritmética, desvio padrão e coeficiente de variação

b) Saneamento amostral pelo critério de Chauvenet

c) Intervalo de confiança (modelo de Student)

d) Campo de arbítrio para a avaliação

e) Valor final do imóvel supondo tratar-se de um lote medindo 12 x 30 m

f) Grau de fundamentação da avaliação considerando a tabela de enquadramento da


norma aplicada ao presente caso

g) Grau de precisão da avaliação


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
Dados de pesquisa homogeneizados

Amostra nº Valores
homogeneizados
(R$/m2)
1 31,85
2 40,95
3 38,91
4 30,00
5 27,13
6 33,25
7 27,23
8 28,67
9 33,25

a) Amplitude
A = 40,95 – 27,13
A = 13,82

Número de elementos
n=9
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
Média aritmética calculada
xa = 32,36

Desvio padrão
i xi xi – xa (xi – xa)2
1 27,13 -5,23 27,35
2 27,23 -5,13 26,32
3 28,67 -3,69 13,62
4 30,00 -2,36 5,57
5 31,85 -0,51 0,26
6 33,25 +0,89 0,79
7 33,25 +0,89 0,79
8 38,91 +6,55 42,90
9 40,95 +8,59 73,79
∑ (xi – xa)2 191,39

s = (∑ (xi – xa)2 / n – 1)0,5


s = (191,39 / 9 – 1)0,5
s = 4,89
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
Coeficiente de variação
Cv = s / xa
Cv = 4,89 / 32,36
Cv = 0,1511 ou 15,11%

b) Saneamento amostral

d/s superior:
d/s = l 40,95 – 32,36 l = 1,76
4,89

d/s inferior:
d/s = l 27,13 – 32,36 l = 1,07
4,89

d/s crítico (tabelado para n=9):


d/s = 1,92

Não há necessidade de saneamento amostral, a amostra pode


ser aproveitada em sua totalidade
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
c) Intervalo de confiança

µ = xa ± σ com σ = tp [ s / (n - 1)0,5 ]

limite inferior:
xa - σ = 32,36 – 1,40 . 4,89/(9 - 1) 0,5

xa - σ = 29,94
limite superior:
xa + σ = 32,36 + 1,40 . 4,89/(9 - 1) 0,5

xa + σ = 34,78
O intervalo de confiança é, portanto,
[ 29,94 ____ 34,78 ]
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
d) Campo de arbítrio da avaliação

32,36 – 10% . 32,36 = 29,12

32,36 + 10% . 32,36 = 35,60

Na faixa de valores compreendida entre 29,12 e 35,60 o avaliador tem a


prerrogativa de adotar o valor unitário do imóvel, devendo entretanto
justificar caso não adote o valor 32,36

e) Valor final do imóvel

32,36 x (12 x 30) = 11.649,60

Valor adotado = R$ 11.650,00 (arredondamento menor que 1%)


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
f) Graus de fundamentação – Os graus atingidos em cada item para a
presente avaliação estão indicados em destaque na tabela a seguir:
Item Descrição Grau III Grau II Grau I

1 Caracterização do imóvel Completa quanto a todas Completa quanto aos Adoção de situação
avaliando as variáveis analisadas fatores utilizados no paradigma
tratamento

2 Coleta de dados de Características conferidas Características Podem ser utilizadas


mercado pelo autor do laudo conferidas por profis- características fornecidas
sional credenciado pelo por terceiros
autor do laudo

3 Quantidade mínima de 12 6 3
dados de mercado,
efetivamente utilizados

4 Identificação dos dados de Apresentação de Apresentação de Apresentação de


mercado informações relativas a informações relativas a informações relativas a
todas as características todas as características todas as características dos
dos dados analisadas, dos dados analisadas dados correspondentes aos
com foto fatores utilizados
5 Extrapolação Não admitida Admitida para apenas Admitida
uma variável

6 Intervalo admissível de 0,90 a 1,10 0,80 a 1,20 0,50 a 1,50


ajuste para cada fator e
para conjunto de fatores
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
Somatório e pontos mínimos:
Graus III II I

Pontos mínimos 15 9 6

Itens obrigatórios no 3, 5 e 6, 3, 5 e 6, Todos,


grau correspondente no mínimo grau I
com os demais pelo no mínimo no grau II
menos no grau II

Itens 1 2 3 4 5 6 Somatório

Pontos Obtidos 2 2 2 2 2 1 10

Pontos mínimos: 9
Embora tenha-se atingido o mínimo de 9 pontos, não foi observada a
obrigatoriedade do item (6) no grau II
Grau de fundamentação alcançado: I
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
TRATAMENTO ESTATÍSTICO - DESCRITIVO APLICADO À ENGENHARIA DE
AVALIAÇÕES
g) Grau de precisão
Amplitude do intervalo de confiança obtido 34,78 – 29,94 = 4,84

Média aritmética = 32,36


4,84/32,36 = 0,1495 ~ 15% que é ≤ 30%

Grau de Precisão III


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
1.Introdução

- Entende-se como benfeitoria qualquer melhoramento, incorporado


permanentemente ao solo pelo homem, que não pode ser retirado sem
destruição, fratura ou dano. Como exemplo, tem-se edificações em geral e
obras de infra-estrutura

- Para uma avaliação bem feita, deve-se conhecer o tipo de edificação ou


obra existente, suas características arquitetônicas e de acabamento, bem
como sua destinação (comercial, residencial, etc)

- A avaliação de benfeitorias é feita através da estimativa do custo de


reedição (reprodução seguida de depreciação) dos componentes da
edificação ou obra

2.Método da Quantificação do custo

- Introduzido pela NBR 14.653 e utilizado para identificar o custo de


reedição das benfeitorias. Pode ser apropriado pelo Custo Unitário Básico
de Construção (CUB em R$/m2) ou por orçamento detalhado
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
3.Custo Unitário Básico (CUB)

- A estimativa do custo de reprodução das benfeitorias pode ser feita através


de custos unitários básicos de construção, publicados mensalmente por
revistas especializadas como A CONSTRUÇÃO ou no site do SINDUSCON
(www.sinduscon-mg.org.br)

4.Avaliação de benfeitorias através do CUB

- Para avaliação de benfeitorias através do CUB pode ser seguido o seguinte


procedimento:

(a) Vistoria

- Tem como objetivo examinar as especificações dos materiais aplicados,


estimativa do padrão construtivo, verificação do estado de conservação e
idade aparente do imóvel

- Os dados recolhidos devem ser confrontados com as informações


documentais contidas em plantas, escrituras, etc.
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(b) Padrão construtivo

- A NBR 14.653 define padrão construtivo como a qualidade das benfeitorias


em função das especificações dos projetos, materiais, execução e mão de
obra efetivamente utilizados na construção

- Em função das características construtivas constatadas na vistoria,


comparam-se as especificações da benfeitoria avalianda com as
especificações padrão da NBR 12.721

- No relacionamento da benfeitoria avalianda com os projetos padrão, deve-


se procurar aquele projeto que mais se assemelha a ela, definindo-se o
padrão construtivo

(c) Estimativa do custo unitário básico

- De acordo com o tipo de imóvel e seu padrão construtivo, estima-se o custo


unitário básico da edificação

- A seguir é mostrada uma Tabela de caracterização dos padrões construtivos


em função dos materiais utilizados desenvolvida na Escola de Engenharia da
UFMG
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
CARACTERIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DE ACORDO COM OS MATERIAIS UTILIZADOS

PADRÃO

LOCAL ALTO NORMAL BAIXO PROLETÁRIO

Portas Maciça Almofadada Compensado encerado Compensado pintado Metálico

Janelas Madeira – Alumínio Madeira - Alumínio Esquadrias de aço Esquadria de aço

Banheiros Granito Mármore Cerâmica espelhada Esmalte sintético

Acessórios Metais de luxo Metais cromados Metais niquelados Torneiras PVC


Banheiro Cuba Inox luxo Bacias simples Bacias louça branca Bacias louça branca
Cozinha Bancada granito Bancada mármore Bancada ardósia Bancada cimneto
Cuba inox luxo Cuba inox simples Cuba inox simples
Revestimento parede Sistema tradicional Massa paulista Gesso Ausência
Salas e quartos
Revestimento Cerâmica Cerâmica comum Azulejo branco Esmalte sintético
Cozinha e banhos Fórmica
Revestimento Externo Granito Cerâmica comum- Tinta PVA (sem Ausência
Fachada Cerâmica de luxo pastilha-tinta acrílica emassamento)

Pintura Tinta Acrílica Tinta PVA (com Tinta PVA (sem Ausência
emassamento) emassamento)

Adriano de Paula e Silva


Cristiane Machado Parisi 61
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(d) Cálculo da área construída

- A área construída, também conhecida como área equivalente, deve ser


calculada de acordo com a NBR 12.721 de acordo com a seguinte fórmula

S = Ap + Aq . p
onde,
S – área equivalente de construção
Ap – área construída padrão (privativa)
Aq – área construída de padrão diferente
p – percentual correspondente à razão entre o custo estimado da área de
padrão diferente e o custo estimado para a área padrão sendo que:

Áreas cobertas: p > 0,5

Áreas descobertas: p > 0,25


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(d) Fração ideal

- Numa incorporação em condomínio, a razão entre a área equivalente de


construção da unidade e a área equivalente total, fornece a fração ideal
correspondente à unidade. Essa fração ideal, multiplicada pela área do
terreno fornece a quota da parte de terreno pertencente à unidade

(e) Área privativa e Área útil

- É comum confundir-se área privativa com área útil. Entretanto, no cálculo


da área privativa estão incluídas as paredes internas e externas (exceto
50% das divisórias com outras unidades). Na área útil, não estão
consideradas as paredes, correspondendo basicamente à área de piso
(também chamada “área de vassoura”)
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
(g) Estimativa do custo unitário final

- Os custos publicados geralmente abrangem as despesas mais comuns da


edificação, não estando incluídas despesas com projetos, elevadores,
fundações especiais, instalações especiais (centrais de gás, antena coletiva,
etc) e outros

- Esses custos complementares são abrangidos através do seguinte modelo:

CF = CDI . BDI
onde,
CF – custo unitário de construção por m2 de área equivalente
CDI – custo direto
BDI – benefícios e despesas indiretas
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
Os valores de CDI e BDI são calculados através de:

CDI = {CUB + [OE + OI + (OFe – OFd)] / S}

BDI = (1 + A) . (1 + F) . (1 + L)
onde,
CUB – custo unitário básico
OE – orçamento de elevadores
OI – orçamento de instalações especiais
OFe – orçamento das fundações efetivamente utilizadas
OFd – orçamento de fundações diretas geralmente tomado como
0,03 . S . CUB
S – área equivalente global de construção
A – taxa de administração da construtora para a obra
F – custos financeiros durante o período de construção
L – taxa de lucro da construtora
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
5.Influência do Fator de comercialização

- Após o cálculo do custo de reedição das benfeitorias, deve-se considerar a


vantagem da coisa feita ou fator de comercialização

- A vantagem da coisa feita é o acréscimo de valor que tem um


determinado imóvel pela sua vantagem de estar construído e pronto para
ser utilizado, em relação à outro semelhante, mas ainda por construir

6.Aplicação do Método evolutivo

- A formulação do método evolutivo de acordo com a NBR 14.653 é:

VI = (VT + CB) . fc
onde,
VI – valor total do imóvel
VT – valor do terreno
CB – custo de reedição das benfeitorias
fc – fator de comercialização
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
7.Cálculo do Fator de comercialização

- Existem diversas maneiras de se estimar o fator de comercialização, entre


elas a metodologia financeira. Nesse caso, o fator de comercialização (fc) é
estimado através de cálculos de matemática financeira, baseados nos
rendimentos que seriam acumulados durante o período de construção pelos
capitais terreno e benfeitorias

fc = 1 + {(tr . Ca) / [1 – (tr . Ca)]}

com,

Ca = [(1 + i)n – 1] / [i . (1 + i)n]


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
fc = 1 + {(tr . Ca) / [1 – (tr . Ca)]}

com,

Ca = [(1 + i)n – 1] / [i . (1 + i)n]

onde,
ca – coeficiente de atualização de uma série de pagamentos
tr – taxa de renda líquida mensal para o imóvel
i – taxa de juros mensal de mercado
n – prazo em meses de execução da obra para reprodução das benfeitorias
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
8.Método do Custo de reprodução simplificado

- Alguns avaliadores usam metodologias simplificadas não previstas nas


normas brasileiras. Nelas o avaliador utiliza o CUB, dando-lhe um acréscimo
arbitrário por estimativa dos custos não incidentes (alguns avaliadores dão
um acréscimo de 40 a 50% ao CUB, dependendo da situação)

9.Método do Custo de reprodução pelo orçamento detalhado

- É feito através do preenchimento de uma planilha de custos de acordo com


modelo da NBR 12.721
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
MÉTODO EVOLUTIVO E FATOR DE COMERCIALIZAÇÃO – APLICAÇÃO PRÁTICA
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
MÉTODO EVOLUTIVO E FATOR DE COMERCIALIZAÇÃO – APLICAÇÃO PRÁTICA
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

Exercício 1

Calcular o custo unitário final de área equivalente de construção (CF), o


custo direto (CDI) e os benefícios e custos indiretos (BDI) para um prédio
residencial de 10 pavimentos , apartamentos de 03 quartos, padrão normal,
com 6.500 m2 de área equivalente. Adotar o custo unitário básico publicado
pelo SINDUSCON – MG para o mês de fevereiro de 2006. São fornecidos
ainda os seguintes custos:

Elevadores: R$ 250.000,00
Fundações: R$ 270.000,00
Instalações Especiais: R$ 90.000,00
Juros: 18% aa
Prazo de empate de capital: 12 meses
Taxa de administração: 12%
Taxa de lucro da construtora: 15%
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
RESOLUÇÃO

Para um prédio de 10 pavimentos, 03 quartos, padrão NORMAL, o CUB


segundo o SINDUSCON-MG para o mês de fevereiro de 2006 é de R$ 707,06

OFd = 0,03 . S . CUB = 0,03 . 6.500 . 707,06 = 137.876,70


OFd = R$ 137.876,70

CDI = {CUB + [OE + OI + (OFe – OFd)] / S}


CDI = {707,06 + [250.000 + 90.000 + (270.000 – 137.876,70)] / 6.500}
CDI = R$ 779,69

BDI = (1 + A) . (1 + F) . (1 + L)
BDI = (1 + 0,18) . (1 + 0,12) . (1 + 0,15)
BDI = 1,52

CF = CDI . BDI = 779,69 . 1,52


CF = R$ 1.185,13
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
Exercício 2

Avaliar um apartamento com 100 m2 de área equivalente, sabendo-se que:

O valor do terreno (VT) onde se situa o apartamento é de R$ 10.000,00

A fração ideal de terreno pertencente à unidade (fi) é de 0,125

O custo da benfeitoria depreciada (CB) é de R$ 50.000,00

O fator de comercialização (fc) é de 1,10


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
AVALIAÇÃO DE BENFEITORIAS E CONSTRUÇÕES
RESOLUÇÃO

VI = (VT + CB) . fc

VI = (10.000 . 0,125 + 50.000) . 1,10


VI = R$ 56.375,00
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
1.Conceitos

- A depreciação de uma benfeitoria pode ser entendida como a perda de sua


aptidão em atender o fim a que foi destinada. Pode-se também considerar a
depreciação como a perda de valor sofrida por uma benfeitoria

- A depreciação pode ser, principalmente, de ordem física ou funcional

- A depreciação física ocorre em função de causas intrínsecas ao imóvel, como o


desgaste físico de suas partes constituintes. Tal desgaste pode ser provocado
pelo uso constante durante os anos ou por causas acidentais

- A depreciação funcional pode ser provocada, no caso de imóveis, por:

Inadequação: uma casa em que se é obrigado a atravessar um dormitório


para se chegar a outro;

Superação: desenvolvimento de novas técnicas e materiais – cerâmica no


banheiro no lugar de tinta à óleo;
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
Anulação: inadaptabilidade para outros fins – armazém que por restrição do
zoneamento não pode mais funcionar e não é possível sua adaptação para
outro fim

2.Importância da depreciação

- O valor das benfeitorias calculado pelo método do custo de reprodução refere-


se à condição do imóvel novo

- A maioria das avaliações é feita para imóveis usados

- É necessário aplicar um fator de depreciação que reflita a perda de valor sofrida


pelo bem ao longo dos anos

3.Cálculo da depreciação

- Para avaliar a depreciação deve-se inicialmente analisar a idade aparente do


imóvel avaliando, sua vida útil e valor residual. Existem tabelas sugerindo
valores para essas grandezas
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
Tabela exemplo da literatura - Vida útil e valores residuais típicos
TIPO VIDA ÚTIL (ANOS) VALOR RESIDUAL

CASA 60 0,20

APARTAMENTO 50 0,10

SALA 50 0,10

LOJA 60 0,20

GALPÃO 60 0,20

- O valor residual de um bem é o valor de sucata ou de demolição, que resta


desse bem ao fim de sua vida útil

- Um edifício que cessa de prestar serviço, pode ser adquirido por um demolidor
que queira revender seus materiais reaproveitáveis, como portas, janelas,
telhas, aparelhos sanitários, etc

- O valor de demolição é obtido pela diferença da soma do preço de venda


desses materiais com o custo de demolição e limpeza do terreno
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
4.Métodos de cálculo

- Os principais métodos para o cálculo da depreciação são:

(a) Método da linha reta

- Nesse método, a depreciação é função da idade do bem, com variação uniforme


ao longo de sua vida útil

- O fator depreciação é calculado por:

d = 1 – [(1-r) (x/n)]
onde,
d – fator de depreciação
x – idade aparente (anos)
n – vida útil (anos)
r – valor residual
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Gráfico do Método da linha reta


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Exemplo de aplicação

Um certo edifício, tendo uma vida útil provável de 50 anos, está atualmente
com 20 anos de uso após sua construção. O valor calculado pelo método do
custo de reprodução é de R$ 900,00/m2. Supondo que no final dos 50 anos
seu valor residual seja 20% do valor inicial, calcular o valor unitário atual do
imóvel.
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(b) Método da parábola de KUENTZLE

- Apresenta menores depreciações na fase inicial e maiores na fase final, o que é


compatível com o desgaste progressivo dos componentes de um edifício

- O fator depreciação é calculado por:

d = 1 – [(1-r) (x/n)2]

Exemplo de aplicação:

Calcular o valor unitário atual para o imóvel do exercício anterior.


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(c) Método de ROSS

- É um método intermediário entre o método da linha reta e o método da


parábola (KUENTZLE)

- O fator depreciação é calculado por:

d = 1 – {(1-r) . (1/2) . [(x/n) + (x/n)2]}

Exemplo de aplicação:

Calcular o valor unitário atual para o imóvel do exercício anterior.


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Gráfico comparativo dos três métodos


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(d) Método de HEIDECKE

- O critério de HEIDECKE calcula a depreciação considerando exclusivamente a


conservação do imóvel

- Os valores de depreciação propostos por HEIDECKE são calculados pela tabela a


seguir
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Tabela de HEIDECKE
ESTADO DEPRECIAÇÃO
a) Novo 0,00
b) Entre novo e regular 0,32
c) Regular 2,52
d) Entre regular e reparos simples 8,09
e) Reparos simples 18,10
f) Entre reparos simples e importantes 33,20
g) Reparos importantes 58,60
h) Entre reparos importantes e sem valor 75,20
i) Sem valor 100,00

- O critério de HEIDECKE é incompleto, pois avalia a depreciação do imóvel


sem levar em conta sua obsolescência funcional

- Entretanto, a parte esquerda da tabela (estado de conservação) é utilizada


no critério misto de ROSS-HEIDECKE
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
(e) Método de ROSS-HEIDECKE

- É um método misto, que combina o estado de conservação do imóvel com a


idade em percentual da vida útil provável. O critério de ROSS-HEIDECKE é o
mais utilizado na engenharia de avaliações

- O fator depreciação é calculado por:

d = {100 – [k . (1-r)]} / 100

com k obtido na tabela de ROSS-HEIDECKE


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
Tabela ROSS-HEIDECKE

Idade em % Estado de conservação

da vida útil a b c d e f g h
2 1,02 1,05 3,51 9,03 18,9 33,9 53,1 75,4
4 2,08 2,11 4,55 10,0 19,8 34,6 56,6 75,7

6 3,18 3,21 5,62 11,0 20,7 35,3 54,1 76,0


8 4,32 4,35 6,73 12,1 21,6 36,1 54,6 76,3

10 5,50 5,53 7,88 13,2 22,6 36,9 55,2 76,6


12 6,72 6,75 9,07 14,3 23,6 37,7 55,8 76,9
14 7,98 8,01 10,3 15,4 24,6 38,5 56,4 77,2
16 9,28 9,31 11,6 16,6 25,7 39,4 57,0 77,5
18 10,6 10,6 12,9 17,8 26,8 40,3 57,6 77,8
20 12,0 12,0 14,2 19,1 27,9 42,2 58,3 78,2
22 13,4 13,4 15,6 20,4 29,1 42,2 59,0 78,5
24 14,9 14,9 17,0 21,8 30,3 43,1 59,6 78,9
26 16,4 16,4 18,5 23,1 31,5 44,1 60,4 79,3
28 17,9 17,9 20,0 24,6 32,8 45,2 61,1 79,6
30 19,5 19,5 21,5 26,0 34,1 46,2 61,8 80,0
32 21,1 21,1 23,1 27,5 35,4 74,3 62,6 80,4
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

34 22,8 22,8 24,7 29,0 36,8 48,4 63,4 80,8


36 24,5 24,5 26,4 30,5 38,1 49,5 64,2 81,3

38 26,2 26,2 28,1 32,2 39,6 50,7 65,0 81,7


40 28,8 28,8 29,9 33,8 41,0 51,9 65,9 82,1

42 29,9 29,8 31,6 35,5 42,5 53,1 66,7 82,6


44 31,7 31,7 33,4 37,2 44,0 54,4 67,6 83,1
46 33,6 33,6 35,2 38,9 45,6 55,6 68,5 83,5
48 35,5 35,5 37,1 40,7 47,2 56,9 69,4 84,0
50 37,5 37,5 39,1 42,6 48,8 58,2 70,4 84,5
52 39,5 39,5 41,9 44,0 50,5 59,6 71,3 85,0
54 41,6 41,6 43,0 46,3 52,1 61,0 72,3 85,5
56 43,7 43,7 45,1 48,2 53,9 62,4 63,3 86,0
58 45,8 45,8 47,2 50,2 55,6 63,8 74,3 86,6
60 48,8 48,8 49,3 52,2 57,4 65,3 75,3 87,1
62 50,2 50,2 51,5 54,2 59,2 66,7 75,4 87,7
64 52,5 52,5 53,7 56,3 61,1 61,3 77,5 88,2
66 54,8 54,8 55,9 58,4 69,0 69,8 78,6 88,8
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

68 57,1 57,1 58,2 60,6 64,9 71,4 79,7 89,4


70 59,5 59,5 60,5 62,8 66,8 72,9 80,8 90,9

72 62,2 61,9 62,9 85,0 68,8 74,6 81,9 90,6


74 64,4 64,4 65,3 67,3 70,8 76,2 83,1 91,2

76 66,9 66,9 67,7 69,6 72,9 77,9 84,3 91,8


78 69,4 69,4 72,2 71,9 74,9 89,6 85,5 92,4
80 72,0 72,0 72,7 74,3 77,1 81,3 86,7 93,1
82 74,6 74,6 75,3 76,7 79,2 83,0 88,0 93,7
84 77,3 77,3 77,8 79,1 81,4 84,8 89,2 94,4
86 80,0 80,0 80,5 81,6 83,6 86,6 90,5 95,0
88 82,7 82,7 83,2 84,1 85,8 88,5 91,8 95,7
90 85,5 85,5 85,9 86,7 88,1 90,3 93,1 96,4
92 88,3 83,3 88,6 89,3 90,4 92,2 94,5 97,1
94 91,2 91,2 91,4 91,9 92,8 94,1 95,8 97,8
96 94,1 94,1 94,2 94,6 95,1 96,0 97,2 98,5
98 97,0 97,0 97,1 97,3 97,6 98,0 98,0 99,8
100 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS
EXERCÍCIOS SOBRE DEPRECIAÇÃO

Exercício 1

Sabendo-se que o valor de uma benfeitoria calculada como nova pelo


método do custo de reprodução é de R$ 100.000,00, calcular seu valor após
depreciação, pelo método de ROSS-HEIDECKE, considerando:

Idade aparente: 20 anos


Vida útil estimada: 40 anos
Estado de conservação: Reparos simples
Valor residual: 20% do valor novo

Exercício 2

Exemplo de cálculo de depreciação de imóveis em uma ação judicial


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
QUADRO RESUMO DE AVALIAÇÕES REALIZADAS PARA FINS DE
DESPROPRIAÇÃO
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
1.Introdução

- Glebas urbanizáveis são imóveis situados dentro do perímetro urbano ou


zona de expansão urbana que apresentam condições naturais – localização,
área e topografia favoráveis para ocupação, desprovidos de melhoramentos
urbanos e cujo aproveitamento mais eficiente depende de obras civis de
arruamento e urbanização

- As glebas podem ser urbanas (com destinação residencial, comercial,


industrial ou mista) ou não urbanas (com destinação industrial,
agropastoril, chacreamento, etc)

2.Conceitos básicos

- Denomina-se aproveitamento eficiente aquele recomendável para o


local, em uma certa época, observada a tendência de uso circunvizinho,
dentre os permitidos pelas posturas

- Coeficiente de paridade é a relação entre os preços unitários de venda


dos lotes (ou áreas úteis após o parcelamento) e o preço da gleba bruta
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
3.Legislação pertinente

- Em evolução cronológica, o parcelamento do solo urbano saiu de um quadro


em que o Poder Público acabava por se tornar o responsável único pelas
obras de implantação até o inverso, em que o empreendedor, para ter
regulares suas unidades, se vê obrigado a implantar o loteamento de forma
completa

- A lei atualmente regula o parcelamento do solo é a Lei Federal 6.766/79


e, no caso de belo Horizonte, a Lei Municipal 7.166/96
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
LEI 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979, QUE DISPÕE SOBRE O
PARCELAMENTO DO SOLO URBANO E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS

Atualmente é esta a legislação que se encontra em vigor e ela estabelece, entre


vários outros assuntos:

A área mínima de 125,00 m2 e frente mínima de 5,00 m salvo quando a


legislação estadual ou municipal determinar maiores exigências;

A exigência de se respeitar uma faixa mínima non aedificandi de 15,00 m para


cada lado das margens de rios e córregos e do eixo de rodovias, ferrovias e
dutos;

A exigência de que as vias dos loteamentos deverão articular-se com as vias


adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-se com a topografia
local;
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
A exigência de se resguardar para o Município um mínimo de 35% da área
bruta da gleba a título de doação, sendo um mínimo 15% do total para
equipamentos institucionais e um mínimo de 20% para implantação do sistema
viário (suprimida em recente modificação da Lei, porém incorporada em
grande parte das leis municipais de uso e ocupação do solo urbano) ;

A proibição do parcelamento de terrenos sujeitos a inundações anteriormente à


execução de providências que garantam o escoamento das águas;

A proibição do parcelamento de terrenos de aterros com material nocivo à


saúde pública sem que sejam previamente saneados;

A proibição do parcelamento de terrenos com declividade igual ou superior a


30% exceto nos casos onde forem atendidas exigências específicas das
autoridades competentes;

A proibição do parcelamento de terrenos onde as condições geológicas não


aconselham edificações;

A proibição do parcelamento de terrenos de áreas de preservação ecológica ou


onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis até sua correção
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
Anteprojeto de implantação de loteamento
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
4.Método Involutivo

É o método mais utilizado na avaliação de glebas urbanizáveis

- Na antiga NBR 8951/85 existe a definição de método involutivo:

“Método indireto em que o valor de uma gleba é definido à partir da


consideração de que o melhor aproveitamento da gleba avalianda seria
obtido com o seu parcelamento em lotes”

“Seu conceito principal é o de que, se for reproduzida na gleba avalianda a


situação observada em assentamento urbano próximo, o valor médio dos
lotes que a gleba comporta deve equivaler ao médio dos lotes existentes e
obtidos em pesquisa”
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS

“A avaliação por esse processo considera a receita provável da


comercialização desses lotes com base nos valores obtidos em pesquisa”

“Considera todas as despesas inerentes à transformação da gleba bruta em


loteamento, inclusive lucro do empreendedor e despesas financeiras; e
define o valor máximo que pode ser atribuído à gleba, para que seja
economicamente viável o seu aproveitamento em face das premissas
adotadas”
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
5.Formulação do Método Involutivo

A equação geral para avaliação da gleba é:

X + D + L = VL

X = VL – D – L

onde,
X – valor da gleba bruta
D – despesas de urbanização e comercialização
L – lucro do empreendedor
Vl – valor de venda dos lotes
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
6.Métodos Simplificados

Devido à grande extensão do método involutivo, costuma-se utilizar


métodos simplificados. Os principais são:

(a) Critério de Olave (Uruguai)

X = {[ S (1 – K) . q] / (1 + L)} - D

(b) Critério de Caires (Brasil)

X = S (1 – K) . [(q / 1,15) – (1,3 . p)]


AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
X = S (1 – K) . [(q / 1,15) – (1,3 . p)]

nessas equações:
X – valor da gleba bruta
S – área total da gleba
K – percentual da gleba a ser destinado a áreas institucionais, verdes e
circulação
q – valor médio unitário dos lotes circunvizinhos
L – lucro do empreendedor (para os métodos simplificados, o valor de L deve
entrar na equação pelo decimal correspondente ao percentual de lucro
sobre o valor de vendas dos lotes)
D – despesas de urbanização e comercialização
p – custo unitário médio das obras de urbanização
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
EXERCÍCIO PROPOSTO
AVALIAÇÃO DE GLEBA URBANIZÁVEL

Avaliar a gleba urbanizável com as características e considerações descritas


a seguir:

Área da gleba (S): 48.400,00 m2

% da gleba a ser destinado às áreas institucionais, verdes, etc (K): 0,35

Valor médio unitário do m2 de lote na região da gleba (q): R$ 18,00/m2

Serviços de urbanização
(módulos de 1.000 m2 – Mensal Revista Construção):

Serviços topográficos: R$ 430,31


Rede de iluminação: R$ 964,52
Terraplenagem leve: R$ 315,69
Rede de esgoto: R$ 3.417,70
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
GLEBAS URBANIZÁVEIS
Admitir loteamento entregue com ruas de terra

A gleba já possuía esgoto em 40% de sua extensão

Despesas de venda (DV): 5% do valor de venda dos lotes (Vl)

Despesas de compra (DC): 2% do valor bruto da gleba

Lucro do empreendedor (L): 14% do valor de venda dos lotes (Vl)

Para a avaliação, utilizar os métodos de Olave, Caires e o método


involutivo tradicional
AVALIAÇÕES IMOBILIÁRIAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) Silva, A. P. – Apostilas do Curso de Especialização em Construção Civil da
EEUFMG, Belo Horizonte, 2006

(2) Norma Brasileira para Avaliação de Bens (NBR 14.653/2004)

(3) Maia Neto, Francisco - Roteiro Prático de Avaliações e Perícias Judiciais, Editora
Del Rey, Belo Horizonte, 2003

(4) IBAPE – MG - Instituto Mineiro de Avaliações e Perícias de Engenharia –


Fundamentos das Avaliações Patrimoniais em Engenharia - Autores diversos

(5) Dantas, Rubens Alves – Engenharia de Avaliações – Uma introdução à


metodologia científica, Editora Pini, São Paulo, 2003

(6) Moreira, Alberto Lélio - Princípio de Engenharia de Avaliações, Editora Pini, São
Paulo, 1994

(7) Abunahman, Sérgio Antônio – Engenharia Legal e de Avaliações, Editora Pini, São
Paulo, 1999

(8) Fiker, José - Avaliação de imóveis urbanos, Editora Pini, São Paulo, 1997

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