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HONORÉ DAUMIER

Podemos dizer tudo sobre Daumier, - que se pode dizer... Depois disso deve vir
a sensação que nada foi dito, e que ele não tinha nada a dizer. Uma obra de arte que não
nos paralisa é de pouco valor: ela é mensurável em palavras. Daí resulta que aquele que
escreve sobre as artes só pode se gabar de restituir ou de preparar esse silêncio de
estupor enfeitiçado, - amor sem frases...
Dissemos, em particular, dessa obra que ela faz lembrar de Michelangelo e de
Rembrant; e nada é mais justo. O que poderia ser mais glorioso que obrigar o espírito a
recordar em si a lembrança de mestres tão grandes (e de mestres tão diferentes) através
de caricaturas, de litografias de jornal, ou de alguma pequena tela, freqüentemente
apenas esboçadas? Isso não é tudo. Escritores muito poderosos, inventores de modelos,
são evocados sem resistência pelo desenhista rápido e superabundante que encontra
fantasmas, demônios, condenados, monstros gananciosos, orgulho, egoísmo ou tolice,
na lama e nas calçadas da Paris de seu tempo, no Palácio, no trem ou alcovas, no
porteiro ou na quitanda, no trono ou na tribuna; e que dão aos pecados capitais, aos
vícios, às manias, seu estilo anatômico, suas atitudes ou suas faces características. (falta
essa linha).

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