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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁIO DE PALMAS


PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM AGROENERGIA

Caracterização físico-química e química do lodo de esgoto para


aplicação como fonte de energia em processo de pirólise

Aymara Colen
Orientadora: D.Sc. Glaucia Eliza Gama Vieira

Palmas – TO
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁIO DE PALMAS
PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM AGROENERGIA

Caracterização físico-química e química do lodo de esgoto para


aplicação como fonte de energia em processo de pirólise

Dissertação apresentada à Universidade


Federal do Tocantins como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Agroenergia (Processos de
obtenção de biocombustíveis e
avaliação de aproveitamento de seus
resíduos.)

Mestranda: Aymara Colen


Orientadora: D.Sc. Glaucia Eliza Gama Vieira

Palmas – TO
2011

ii
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins
Campus Universitário de Palmas

C689c Colen, Aymara Gracielly Nogueira


Caracterização físico-química e química do lodo de esgoto para
aplicação como fonte de energia em processo de pirólise / Aymara Gracielly
Nogueira Colen - Palmas, 2011.
159 f.

Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Tocantins,


Mestrado em Agroenergia – Linha de pesquisa: Processo de obtenção de
biocombustíveis e avaliação de seus resíduos.
Orientadora: Profª. Gláucia Eliza Vieira Gama.

1. Biomassa. 2. Lodo de Esgoto. 3. Pirólise. I. Título. II. Vieira, Gláucia


Eliza Gama. III. Universidade Federal do Tocantins.

CDD 333.79

Bibliotecária: Emanuele Eralda Pimentel Santos


CRB/2: 1309
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de
qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que
citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime
estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

iii
Caracterização físico-química e química do lodo de esgoto para
aplicação como fonte de energia em processo de pirólise

ALUNO: Aymara Gracielly Nogueira Colen

COMISSÃO EXAMINADORA

Presidente: Examinadores:

______________________________ ____________________________
Profª Drª Gláucia Eliza Gama Vieira Profª Drª. Arilza De Castilho Pickel
Universidade Federal do Tocantins - (CENPES/PETROBRAS) - RJ
UFT

Suplente Examinadores:

______________________________ _________________________
Prof. Dr. Joênes Mucci Peluzio Prof. Dr. Gino Capobbianco
Universidade Federal do Tocantins - Universidade Estadual de Ponta
UFT Grosa - UEPG

Data da Defesa: 14/09/2011

As sugestões da Comissão Examinadora e as Normas PGA para o formato da


Dissertação foram contempladas.

__________________________________
Profª Drª Gláucia Eliza Gama Vieira
ORIENTADORA

iv
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a todos os meus amigos e à minha orientadora.

v
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora Gláucia Eliza Gama Vieira por toda esta
oportunidade de crescimento profissional e pessoal,

Aos professores que auxiliaram na elaboração deste trabalho em relação ás


análises estatísticas, realização das análises químicas em equipamentos com
acesso restrito e contextualização do conteúdo: Prof. Dr. Joênes Mucci Peluzio
(UFT), Prof. Dr. Gino Capobianco (UEPG), Profª. Drª. Arilza Pickel (UFRJ),
Doutorando Marcelo Mendes Pedroza (UFRN);

Aos amigos e colegas de Ledbio (Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento de


Biomassa e Biocombustíveis) que me apoiaram e me auxiliaram durante todo o
curso do mestrado;

Aos meus pais Sol e Aymar, minha Irmã Aryanne Colen e todos os meus amigos
que apoiaram e me fortaleceram em momentos cruciais (Murillo Bastos; Lígia
Correia, Silvana Faria, Gerso Alexandre, Leandra Alencar, Laura Maria e Fredson
Aguiar, R. Kaminishi, Carlos Eduardo. Evandro Reina, Fábio Strieder, Paulo
André, Fernando Nunes, Weder, Júlio Bigeli, Sônia Brito e André Tavares,
Sanderson e Larrisa Chianca, Fernando do Vale e Teresa Cristina, Mariana e
Alecx, Elaine, Jardene, Danielle Guimarães, Flaviana Sales e Renê, R. Nonato e
Tanha, Nayon e Bianca, Arley dentre tantos outros.

Á toda a minha família do budismo e aos parceiros e amigos, extremos valores


revolucionários da sociedade.

vi
EPÍGRAFE

“A determinação, ou itinen, é algo que não pode faltar, pois é o que possibilita a
transformação de todas as circunstâncias a nossa volta.
Uma firme oração com a decisão de vencer qualquer obstáculo já é um grande
passo para a vitória. A sinceridade e a seriedade também são fundamentais. As
verdadeiras intenções, o que está no coração é o que direciona nossa mente e
isso reflete em nossa vida como um todo”.

Nitiren Daishonin

Revolução humana é um termo do Budismo de Nitiren Daishonin que se baseia


na revolução interior de cada indivíduo, baseado nos ensinamentos de Nitiren
Daishonin e através da recitação do mantra Nam-myoho-rengue kyo. Baseado
nos ensinamento de Buda Shakyamuni (Siddhartha Gautama), que nasceu na
Índia há aproximadamente 2600 anos.

Nos Analectos, Confúcio diz a seu discípulo Tzu-kung: "O homem benevolente
nunca se preocupa; o homem sábio nunca se fica indeciso; o homem corajoso
nunca tem medo". Aqueles que se dedicam ao Kossen-rufu e vivem com
coragem, compaixão e sabedoria são pessoas confiantes e intrépidas e possuem
clareza de pensamento.

“O Coração é a essência e também a base; é a fé - em outras palavras, um


coração que crê. Nosso coração ou nossa mente manifesta-se em nossa ações. A
condição de vida do estado de Buda manifesta-se nas ações de atenção e
benevolência para com as outras pessoas”

Nitiren Daishonin

“A transformação de nossas vidas no nível mais fundamental é a chave para a


mudança de toda a sociedade. Uma profunda mudança em nosso ponto de vista,
que transforme a realidade interior de nossas vidas, irá desencadear em
modificações externas que irão repercutir em nossa comunidade”.

Nitiren Daishonin

vii
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
OBJETIVOS ........................................................................................................... 5
1. OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 5
1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 6
1. TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS ................................................... 6
1.1 GRADEAMENTO ......................................................................................... 9
1.2 REATOR UASB .......................................................................................... 10
1.3 LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO FACULTATIVA ........................................... 12
2. LODO DE ESGOTO ...................................................................................... 12
2.1 COMPOSIÇÃO DO LODO DOMÉSTICO ................................................... 15
3. BIOMASSA – ENERGIA E AMBIENTE SUSTENTÁVEL............................... 20
4. CONVERSÃO ENERGÉTICA ........................................................................ 22
5. APROVEITAMENTO DO LODO RESIDUAL - PIRÓLISE ............................. 24
5.1 PRODUTOS DE PIRÓLISE ........................................................................ 26
MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 29
1. ÁREA DE ESTUDO E COLETA - ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE
ESGOTO VILA UNIÃO ......................................................................................... 29
2. COLETAS DAS AMOSTRAS......................................................................... 29
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS ......................................................... 31
2.2 SECAGEM DO LODO RESIDUAL ............................................................. 31
2.3 PREPARO DAS AMOSTRAS PARA PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS ... 34
3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DE AMOSTRAS DE
LODO ................................................................................................................... 34
3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA ..................................................... 34
3.1.1 Determinação do teor de Umidade.......................................................... 34
3.1.2 Determinação dos sólidos voláteis .......................................................... 35
3.1.3 Determinação do teor de cinzas .............................................................. 35
3.1.4 Carbono fixo ............................................................................................ 36
3.1.5 Determinação da densidade ................................................................... 36
3.1.6 Determinação do poder calorífico superior (PCS) ................................... 37

viii
3.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA .................................................................. 38
3.2.1 Determinação de metais pesados ........................................................... 38
3.2.2 Extração sólido-líquido do lodo de esgoto............................................... 38
3.2.3 Preparo da amostra para análise no GCMS ........................................... 39
3.2.4 Condições do equipamento..................................................................... 39
3.2.5 FT-IR ....................................................................................................... 40
3.2.6 Microscopia eletrônica de varredura – MEV............................................ 41
3.2.7 Porosímero de mercúrio .......................................................................... 42
3.2.8 Análise elementar do lodo (C-N) ............................................................. 42
4. PROGRAMAÇÃO COMPUTACIONAL .......................................................... 43
4.1 Linguagem C e JAVA ................................................................................. 43
4.1.1 Tabulação de dados em Excel ................................................................ 43
4.2.1 Procedimentos Estatísticos ..................................................................... 44
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 45
1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA ........................................................ 46
1.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE .............................................. 46
1.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS ................................................. 47
1.3 DETERMINAÇÃO DE TEOR DE SÓLIDOS VOLÁTEIS ............................ 49
1.4 DETERMINAÇÃO DE CARBONO FIXO .................................................... 50
1.5 DETERMINAÇÃO DE DENSIDADE ........................................................... 51
1.6 PODER CALORÍFICO ................................................................................ 52
2. ANÁLISES ESTATÍSTICAS ........................................................................... 54
2.1 ANÁLISE DE VARIÂNCIA .......................................................................... 54
2.2 CORRELAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS ................ 58
2.3 Correlações entre os parâmetros r (Pearson) ............................................ 58
3. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA ..................................................................... 59
3.1 EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO ................................................................. 59
3.1.1 Composição Química do FTIR e GCMS ................................................. 61
3.2 EXTRAÇÃO DA AMOSTRA LD 24 ............................................................. 69
3.2.1 Composição FTIR e GCMS ..................................................................... 69
3.3 EXTRAÇÃO DA AMOSTRA DE LODO LD 30............................................ 75
3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA - MEV .......................... 86
3.5 POROSIDADE............................................................................................ 91

ix
3.6 ANÁLISE ELEMENTAR ............................................................................. 93
CONCLUSÃO....................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 96
ANEXOS ............................................................................................................ 107

x
RESUMO

O principal objetivo deste trabalho foi avaliar as características físico-químicas e


químicas do lodo proveniente da ETE Vila União localizada no município de
Palmas – TO. O lodo originado no reator UASB (reator anaeróbio de fluxo
ascendente) foi coletado semanalmente, no período da manhã, durante os meses
de maio de 2010 e outubro de 2011. 10 kg da biomassa úmida foram coletados e
posteriormente colocados em recipiente de plástico. A secagem foi feita em forno
solar no Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento de Biomassa e
Biocombustíveis da UFT. Todas as amostras foram trituradas mecanicamente e
peneiradas em abertura de 0,59 mm (ABNT 30) no TYLER 28 para garantir a
homogeneidade da amostra e facilitar os procedimentos analíticos. As
características físico-químicas do lodo foram determinadas segundo as técnicas
analíticas gravimétricas (Umidade, Cinzas e Sólidos Voláteis) além de carbono
fixo, densidade, poder calorífico e
Instrumentais (Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente
Acoplado (ICP – OES) para metais pesados) e extração com soxhlet,
cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massas (GCMS),
Espectroscopia no Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR),
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Porosidade e Análise Elementar.
Para as análises físico-químicas (umidade, cinzas, sólidos voláteis e carbono fico)
foram os softwares Assistat 7.6 Beta e BioEstatistic 5.0 a fim de verificar a
variabilidade das amostras.
Os resultados do teor de umidade das amostras de lodo encontram-se entre
5,0740% a 11,2988%. O maior teor de cinzas foi observado na amostra LD-24
(44,9655%) A menor concentração de matéria orgânica foi detectada em LD-26
(59,7515%), por ser esse lodo rico em cloreto férrico. Os principais metais
detectados nas amostras de lodo LD-32, LD-35 E LD-36 foram o ferro, zinco,
manganês, cobre e ferro total apresentou a maior concentração. A amostra LD-17
possui maior valor de poder calorífico (22,2 MJ/Kg), seno a mesma amostra com
maio quantidade de carbono (33,4%). Na análise estatística foram trabalhadas 72
dados, sendo 18 parcelas e 6 subparcelas. Os principais grupos funcionais
detectados no lodo, através de FTIR, foram álcool, ácido carboxílico, amida,
amina, fenol, silicato e hidrocarbonetos, colesterol e ésteres.

Palavras-chave: Biomassa, Lodo de esgoto, Caracterização físico-química e


química, Pirólise.

xi
ABSTRACT

The main objective of this study was to evaluate the physico-chemical and
chemical features of the sludge from the Station Sewage Treatment Vila União
located in the city of Palmas on the state of Tocantins.The sludge originated in the
UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket ) reactor was collected weekly in the
morning, during the months of May 2010 till October 2011. 10 kg of wet biomass
were collected and subsequently placed in a plastic container. The drying was
done in solar oven at the Laboratory for Testing and Development of Biomass and
Biofuels of UFT. All samples were mechanically crushed and sieved at 0.59 mm
opening (ABNT 30) in TYLER 28 to ensure the homogeneity of the sample and
facilitate the analytical procedures. The physical and chemical characteristics of
the sludge were determined by gravimetric analytical techniques (Moisture, Ash
and Volatile Solids) in addition to fixed carbon, density, calorific value and
Instrumental (Optical Emission Spectrometry Inductively Coupled Plasma (ICP -
OES) for heavy metals) and extraction with hexane, gas chromatograph coupled
to a mass spectrometer (GCMS), spectroscopy Fourier transform infrared (FTIR),
electron microscopy tection(EMD), porosity and elemental analysis. For the
physical-chemical analisys (moisture,ash, volatile solids and fixed carbon I) were
the softwares Assistat 7.6 Beta and BioEstatistic 5.0 in order to verify the
variability of the samples.
The results of the moisture content of sludge samples are between 5.0740% to
11.2988%. The highest ash content was observed in the sample LD-24
(44.9655%) the lowest concentration of organic substance was detected in LD-
26(59.7515%), being this sludge rich in ferric chloride . The main metals found in
sludge samples LD-32, LD-35 and LD-36 were the iron, zinc, manganese, copper
and total iron presented the highest concentration. The sample LD-17 has a
highest calorific value (22.2 MJ / kg), being the same sample with the bigger
amount of carbon in (33.4%). On the tatistical analysis were analised 72data,
being 18 plots and 6subplots . The main functional groups detected in the mud,
through FTIR were alcohol, carboxylic acid, amide, amine, phenol, silicate and
hydrocarbons, and cholesterol and esters.

Key-words: Biomass, sewage sludge, Characterization physico-chemical and


chemical, Pyrolysis.

xii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Ilustração do funcionamento da ETE Vila União – município de Palmas –


TO. ......................................................................................................................... 9
Figura 2: Reator UASB da ETE Vila União.......................................................... 11
Figura 3: Lagoa facultativa da ETE Vila União. ................................................... 11
Figura 4: Caminho de Conversão Térmico proposto por VIEIRA, 2004. .............. 24
Figura 5: Local da área de estudo – ETE Vila União............................................ 29
Figura 6: Estruturas de tratamento dos esgotos domésticos da ETE Vila União. 29
Figura 7: Coleta do lodo na boca do reator. ........................................................ 30
Figura 8: Forno solar - secagem do lodo. ............................................................ 30
Figura 10: Lodo de esgoto na triagem do Ledbio. ............................................... 32
Figura 11: Pesagem do lodo de esgoto. .............................................................. 32
Figura 9: Fluxograma do processo de secagem da biomassa. ........................... 32
Figura 12: Secagem da biomassa no forno solar. ............................................... 33
Figura 13: Lodo no forno solar perdendo umidade. ............................................. 33
Figura 14: Armazenamento do lodo. ................................................................... 34
Figura 15: Estocagem do lodo............................................................................. 34
Figura 16: Análise de umidade em estufa. .......................................................... 36
Figura 17: Análise de cinzas e sólidos voláteis na mufla. ................................... 36
Figura 18: Adquirindo granulometria por agitador magnético. ............................. 37
Figura 19: Análise de densidade. ........................................................................ 37
Figura 20: Esfriamento dos cadinhos em dessecador. ........................................ 38
Figura 21: Amostras preparadas para análises de poder calorífico. ................... 38
Figura 22: Início da extração das amostras......................................................... 40
Figura 23: Extrator de soxhlet. ............................................................................ 40
Figura 24: Análise de FT-IR. ............................................................................... 40
Figura 25: Análise de GC/MS. ............................................................................. 40
Figura 26: Capeamento aurífero nas amostras. .................................................. 41
Figura 27: Microscópio Eletrônico de Varredura. ................................................ 41
Figura 28: Porosímetro de Mercúrio .................................................................... 42
Figura 29: Análise de C-N. .................................................................................. 42
Figura 30: Teor de umidade das amostras de lodo. ............................................ 47

xiii
Figura 31: Teor de cinzas. ................................................................................... 48
Figura 32: Gráfico dos teores de sólidos voláteis. ............................................... 49
Figura 33: Teor de Carbono Fixo ........................................................................ 51
Figura 34: Determinação de Densidade. ............................................................. 52
Figura 35: Espectro do FT-IR da amostra de lodo LD 17. ................................... 61
Figura 36: Cromatograma de íons totais do extrato apolar da amostra de lodo LD
17. ........................................................................................................................ 62
Figura 37: colestan-3-ol, (3-beta,5-beta), substância identificada no tempo de
retenção 49,784 min. ............................................................................................ 63
Figura 38: Espectro do FT-IR da amostra de lodo LD 24. ................................... 69
Figura 39: Cromatograma de íons totais do extrato apolar da amostra de lodo LD
24. ........................................................................................................................ 70
Figura 40: colestan-3-ol, (3-beta,5-beta), substância identificada no tempo de
retenção 49,698 min............................................................................................. 71
Figura 41: Espectro do FT-IR da amostra de lodo LD 30. ................................... 75
Figura 42: Cromatograma de íons totais do extrato apolar da amostra de lodo LD
30. ........................................................................................................................ 77
Figura 43: colestan-3-ol, (3-beta,5-beta), substância identificada no tempo de
retenção 49,698 min............................................................................................. 77
Figura 44: Estrutura do LD 17 - 50x. ................................................................... 86
Figura 45: Estrutura do LD 17 - 500x. ................................................................. 86
Figura 46: Espectro de MEV do LD 17. ............................................................... 86
Figura 47: Estrutura do LD 24 -50x. ..................................................................... 88
Figura 48: Estrutura do LD 24 - 240x. .................................................................. 88
Figura 49: Espectro de MEV do LD 24. ............................................................... 88
Figura 50: Estrutura do LD 30 - 100x. ................................................................ 89
Figura 51: Estrutura do LD 30 - 240x. ................................................................. 89
Figura 52: Espectro de MEV do LD 30. ............................................................... 90
Figura 53: Diâmetro x Tempo da amostra LD 17. ............................................... 92
Figura 54: Diâmetro do Poro x Tempo da amostra LD 24. .................................. 92
Figura 55: Diâmetro do Poro x Tempo da amostra LD 30. .................................. 93

xiv
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Amostragem e código de coleta das amostras. ................................... 30


Tabela 2: Poder Calorífico Superior do Lodo. ...................................................... 53
Tabela 3: Resumo da análise de variância a de quatro das amostras de Lodo da
ETE Vila União avaliadas em seis meses, em Palmas Tocantins. ....................... 54
Tabela 4: Teor médio de Umidade (%) de 4 semanas em relação aos meses de
coleta de lodo LD 13 ao LD 16). ........................................................................... 55
Tabela 5: Teor médio de Cinzas (%) de 4 semanas em relação aso meses de
coleta de lodo (LD 13 a LD 16)............................................................................. 55
Tabela 6: Teor médio de Sólidos Voláteis (%) de 4 semanas em relação aos
meses de coleta de lodo (LD 13 a LD 16). ........................................................... 56
Tabela 7: Teor médio de Carbono Fixo (%) de 4 semanas em relação ao meses
de coleta de lodo (LD 13 a LD 16). ....................................................................... 57
Tabela 8: Correlação entre os parâmetros .......................................................... 58
Tabela 9: Triplicata da extração do lodo com hexano da amostra LD 17 ............ 60
Tabela 10: Triplicata da extração sólido-líquido da amostra de lodo LD 24. ....... 69
Tabela 11: Triplicata da extração da amostra de lodo LD 30. .............................. 75
Tabela 12: Intensidade e peso dos elementos químicos encontrado no LD 17 ... 87
Tabela 13: : Intensidade e peso dos elementos químicos encontrado no LD 24. 88
Tabela 14: Intensidade e peso dos elementos químicos encontrado no LD 30. .. 90
Tabela 15: Relação C/N. ...................................................................................... 93

xv
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Relação FT-IR e CG/EM da amostra LD 17 ....................................... 65


Quadro 2: Relação FT-IR e CG/MS da amostra de lodo LD 24. ......................... 72
Quadro 3: Relação FT-IR e CG/MS da amostra do lodo LD 30 .......................... 79

xvi
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ASTM - American Society for Testing and Material
BNH - Banco Nacional da Habitação
CG/EM – Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massa
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
FBMC – Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
FTIR - Fourier Transform Infrared Spectrophotometer TLC
GEE- Gases de Efeito Estufa
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEF – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
MEV- Microscópio Eletrônico de Varredura
NBR - Normas Técnicas Brasileiras
PLANASA – Plano Nacional de Saneamento
PNE – Plano Nacional de Energia
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
RAFA - Reator anaeróbio de Fluxo Ascendente
SANEATINS - Companhia de Saneamento do Tocantins
UASB - Upflow Anaerobic Sludge Blanket
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

xvii
INTRODUÇÃO

Com a intensidade do consumo de fontes oriundas de combustíveis


fósseis, da depreciação dos recursos naturais somado ao crescimento
desordenado da população mundial e promoção dos impactos ambientais, surge
o conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural. Tentando sanar
estes problemas, hoje a sociedade vem investindo em formas não-convencionais
de produção de energia. Para reduzir danos aos compartimentos ambientais e,
alterações tão significativas no meio, são necessárias mudanças fundamentais
nas diretrizes do manejo energético.
O emprego de biomassas para obtenção de energia é utilizado pela
sociedade desde o início dos tempos com o uso da queima da madeira.
Segundo Yaman (2004), biomassa pode ser definida como qualquer material
que em sua composição química consista principalmente carbono, hidrogênio,
oxigênio e nitrogênio. O enxofre também está presente em pequenas
proporções. Alguns tipos de biomassa também possuem pequenas proporções
significativas de compostos inorgânicos com função ácida, básica, salina ou
óxida.
Nas últimas décadas, estudos relacionados ao aproveitamento do lodo
residual têm sido realizados. Contudo naturalmente isso é uma dicotomia, visto
que as Estações de Tratamento de Esgotos - ETEs tratam um resíduo, mas gera
outro com alto potencial poluidor, que se mal gerenciado pode causar sérios
danos ao meio físico e a saúde humana. O tratamento de resíduos no país
revela que a sua disposição é responsável por 84% das emissões de metano,
sendo o restante devido ao tratamento de esgoto (PNMC, 2009).
A destinação desse resíduo é um grande problema ambiental para as
empresas de saneamento, públicas ou privadas (CASSINI, 2003; PEDROZA et
al., 2010). Segundo o IPEF (2007b). Nas últimas décadas houve redução da
geração de biossólidos, principalmente nos países desenvolvidos, pois há alta
aplicabilidade do lodo de esgoto em áreas agrícolas e florestais que viabiliza a
reciclagem de nutrientes, as condições físicas e químicas do solo, além de alto
reaproveitado por usinas de reciclagem de diversas modalidades nestes
municípios. Resíduos sólidos gerados no tratamento dos efluentes líquidos de

1
águas residuárias como lodo são biomassas e podem ser aplicadas como
matéria prima em processos de aproveitamento (VIEIRA, 2004).
Lodo é o termo utilizado para os sólidos gerados durante o processo de
tratamento de esgotos (MIKI et al., 2002), e seu processamento e disposição
pode ser considerado o problema mais complexo com que a engenharia
sanitária e ambiental se depara, sendo o custo para seu tratamento e disposição
final da ordem de 20 a 40% do custo operacional de uma ETE (TSUTIYA, 2002).
É um subproduto deste processo conhecido por conter inúmeras substâncias
químicas nocivas. Após o tratamento de esgoto o mesmo é destinado
improdutivamente, sendo incinerado ou disposto em aterros sanitários, o que
comprova a inaplicabilidade ambiental e economicamente adequada (JI et al.,
2009).
Estima-se que a produção de lodo no Brasil está entre 150 a 220 mil
toneladas de matéria seca por ano. Considerando que apenas 30% da
população urbana têm seu esgoto devidamente coletado e tratado, é de se
esperar que a geração de lodo superasse 400 mil toneladas de lodo seco por
ano caso os esgotos fossem totalmente tratados no país (SOARES, 2004).
Segundo Andreoli (2002), a ampliação dos serviços de coleta de esgoto tem um
potencial para multiplicar a produção desse resíduo no Brasil em 3 a 4 vezes.
Neste contexto 35,7% dos domicílios do país são atendidos por rede geral
de esgoto (IBGE, 2008). Já o índice de atendimento no sistema público de coleta
de esgotos no município de Palmas – TO somou quase 39% em 2006, sendo
superior ao do Estado, que, no mesmo ano, era de apenas 12,4% da população
urbana. Contudo segundo SANEATINS (2009), 100% do resíduo coletado, é
tratado.
Na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Vila União localizada no
município em estudo processa de forma anaeróbia o efluente por meio de reator
UASB. É gerado entre 33,6 a 50 m3 mensal de lodo digerido proveniente de
esgotos domésticos (SANEATINS, 2009).
O lodo de esgoto pode ser considerado como uma fonte de energia
renovável e uma proposta de utilização em processos termoquímicos como a
pirólise (JI et al., 2009). Como matéria-prima, o lodo de esgoto pode ser utilizado
na obtenção de biocombustíveis a partir da aplicação de processo térmico que a

2
e apresenta como uma alternativa de longo prazo, econômica e ambientalmente
viável, com vantagens de prevenir impactos ambientais futuros, advindos da
disposição incorreta do lodo de esgoto no meio ambiente, e por possibilitar a
obtenção de um produto de valor econômico, como o bio-óleo combustível em a
produção e a utilização de energia se torna mais eficientes, mais produtivas e
mais limpas (VIEIRA, et. al., 2000).
Segundo Almeida (2010) a pirólise é uma degradação térmica de um
material sólido que pode ser realizada na ausência completa do agente oxidante
ou em uma quantidade que a gaseificação não ocorra extensivamente, no
processo ocorre formação de resíduo sólido rico em carbono, material inorgânico
inerte, neste caso a fração sólida e as cinzas, e uma fração volátil composta de
gases e vapores orgânicos condensáveis, neste caso o Bioóleo (Galembeck, et
al., 2009).
Segundo Goldemberg & Moreira (2005), a energia é um ingrediente
essencial para o desenvolvimento. Seu consumo per capita pode ser usado
como um indicador da importância dos problemas que afetam os países menos
desenvolvidos, onde se encontram 70% da população mundial.
Do ponto de vista do planejamento do setor energético, o Plano Nacional
de Energia 2030 considera que o aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos
(RSU) apresenta incontestáveis vantagens socioambientais e econômicas e, por
isso, há um grande interesse em viabilizar o seu aproveitamento energético. A
produção de energia a partir desses materiais já apresenta alternativas
tecnológicas maduras (PNE 2030, 2010).
Segundo o FBMC – Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (2008), um
dos principais desafios globais nesse e nos próximos séculos é de reduzir as
influências antrópicas na questão das mudanças do clima. Para isto é
necessário mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) acarretados na
atmosfera por diversas atividades.
Uma boa forma de sequestro de carbono nas nações seria o incremento de
biomassas extrativistas e especialmente as residuárias em suas respectivas
matrizes energéticas. Isso aliviaria a pressão sobre o meio ambiente e reduziria
o incremento de emissão de carbono fóssil na atmosfera a fim de aproveitar a
energia potencial desses recursos.

3
A caracterização físico-química e química do lodo de esgoto é de extrema
importância para verificar a variabilidade desta biomassa que está relacionada
com o tipo de tratamento de esgoto, os hábitos do município e com a
sazonalidade. Isto influencia no processo termoquímico em si e nos produtos.
A pirólise, portanto, é uma rota tecnológica promissora para geração de
energia por meio aproveitamento lodo como matéria prima.

4
OBJETIVOS

1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o comportamento físico-químico e químico do lodo proveniente da


ETE Vila União localizada no município de Palmas – TO no período da estiagem,
para futura aplicação como fonte de energia em processo de pirólise.

1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar as características físico-químicas do lodo residual;


 Analisar as características químicas do lodo residual;
 Avaliar a variabilidade das características físico-químicas do lodo residual
em estudo;
 Correlacionar as características físico-químicas da biomassa residual;
 Favorecer o incremento em médio e longo prazo da matriz energética
mais limpa, reduzindo impactos negativos sobre o meio ambiente;
 Favorecer o emprego do lodo residual em processo de pirólise e sua
aplicação com fonte de energia alternativa.

5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

Historicamente no Brasil o saneamento nasce com o surgimento e o


crescimento da urbanização e à crescente industrialização e início de
depreciação dos recursos hídricos. O marco inicial desta infraestrutura foi por
meio do Imperador Dom Pedro II que contratou em 1855 uma companhia Inglesa
(City) para implantação da primeira rede de esgoto (OLIVEIRA, 2002).
Inicialmente os sistemas de tratamento visavam, exclusivamente, a remoção de
sólidos sedimentáveis, presentes no esgoto sanitário. Somente a partir da
primeira década do século XX, houve um desenvolvimento dos processos
biológicos para a remoção mais completa de material orgânico (GASPAR, 2003),
que constitui uma fração importante do lodo.
Na década de 60, o governo federal do Brasil cria o Plano Nacional de
Saneamento, o PLANASA, que visava viabilizar soluções adequadas com o
objetivo específico de reduzir o déficit histórico do saneamento básico no país,
com recursos oriundos do BNH (Banco Nacional da Habitação), a juros de até
8% ao ano (OLIVEIRA, 2005).
Nas áreas urbanas os principais agentes poluidores de águas são os
esgotos, que na maioria das vezes são lançados diretamente nos corpos de
água. Frente à degradação intensa dos recursos hídricos, os esgotos de
diversas cidades brasileiras vêm sendo tratados em estações de tratamento de
esgoto (ETEs), que operam com diferentes sistemas tecnológicos.
Nestes sistemas de tratamento, a água retorna aos mananciais com bom
grau de pureza. No entanto, ocorre a geração de um resíduo pastoso de
natureza predominantemente orgânica, chamado de lodo de esgoto (ANDRADE,
1999). A destinação deste lodo residual que é gerado nas ETEs é um grande
problema ambiental para as empresas de saneamento, públicas ou privadas
(Metcalf e Eddy, 2002).
Palmas é uma das poucas capitais que tem o privilégio de destinar a
estações de tratamento de esgoto (ETEs) toda água residuária coletada
(SANEATINS, 2009). Isto deve se ao fato de ser uma cidade nova, planejada e

6
com uma grande extensão de área disponível para a implantação de unidades
de tratamento.
Considerando-se também como fatores favoráveis; às condições
climáticas tropicais, onde principalmente as altas temperaturas favorecem o
metabolismo microbiano, acelerando assim o processo de decomposição da
matéria orgânica; e a tecnologia aplicada para a depuração controlada dos
resíduos coletados, neste contexto, opera quatro sistemas distintos, sendo três
estações compostas por reator UASB, sendo dois dos reatores são seguidos de
filtros anaeróbios e o outro de uma lagoa facultativa, um sistema de três lagoas
de estabilização em série. Pode-se justificar esta ampla aplicação de reatores
anaeróbios e lagoas de estabilização por possuir um custo de implantação e de
operação relativamente baixos e uma alta eficiência nas regiões de clima
tropical.
O tratamento de esgotos utilizando reator UASB constitui um método
eficiente e relativamente de baixo custo para se removerem matéria orgânica e
sólida em suspensão, diminuindo consideravelmente o potencial poluidor dos
esgotos após o tratamento (BEZERRA et al.,1998).
A primeira vista, a grande vantagem de um UASB, relacionando com a
sua eficiência de remoção de DBO e de sólidos, é o seu curto tempo de
detenção hidráulica, em torno de 6 horas para remoção de cerca de 80% da
DBO e 75% dos sólidos em suspensão. Este tipo de reator pode ser usado, por
exemplo, em combinação com lagoas de estabilização, podendo-se obter um
efluente de boa qualidade higiênica em um sistema que ocupa menos que
metade da área necessária para um sistema de lagoas convencionais (DIXO
et.al., 1995).
Nesta estação o tratamento dos esgotos domésticos (ETE Vila União no
município de Palmas - TO) se dá em três etapas: tratamento primário (grade,
caixa de areia e caixa de gordura), tratamento secundário em um reator UASB e
uma lagoa facultativa. Após o tratamento do lodo descartado do reator UASB
segue para o leito de secagem e o efluente tratado é lançado no Córrego Água
Fria. A DQO é uma medida indireta da concentração de matéria orgânica, ou
seja, a quantidade de oxigênio exigida para a oxidação completa da matéria

7
oxidável total presente no efluente, tanto orgânica como inorgânica
(BAUMGARTEN; POZZA, 2001).
O Tratamento Secundário (ou biológico) tem como objetivo a remoção da
matéria orgânica, sendo esta dissolvida (DBO solúvel) ou em suspensão (DBO
suspensa), através de reações bioquímicas, realizadas por microrganismos. Na
ETE Vila União, o tratamento biológico é híbrido, envolvendo dois sistemas de
tratamento, um Reator UASB seguido de Lagoa Facultativa.
O tratamento adequado de esgotos tem como finalidade principal, corrigir
as suas características indesejáveis, possibilitando que o seu uso ou disposição
final possa ocorrer de acordo com as regras e critérios definidos pelas
autoridades legislativas e em função da qualidade mínima exigida do efluente.
O lançamento contínuo sem o devido tratamento dos efluentes gerados
não tratados acarreta na estabilização da matéria orgânica, e com esta criam
condições anaeróbias, eliminando assim a vida de microrganismos, peixes e
vegetais, tornando este corpo receptor inadequado para a maioria das
utilizações, como indica a resolução do CONAMA nº 20 (JACHETTI, 2005).
O sistema para o tratamento do esgoto é escolhido de acordo com suas
características. Os processos mais conhecidos são realizados por tratamento
biológico. Existem alguns sistemas que utilizam meios químicos para a
purificação do efluente (AISSE, 2000).
Atualmente a gestão dos resíduos sólidos provenientes de processos de
tratamento de efluentes industriais e sanitários é uma das questões de maior
relevância na agenda ambiental da maioria dos países (BORGES et. al., 2008).
O município de Palmas é uma das poucas capitais do Brasil que tem o
privilégio de destinar à estação de tratamento de esgoto (ETE) toda água
residuária coletada. Isto se deve ao fato de ser uma cidade nova, planejada e
com uma grande extensão de área disponível para a implantação de unidades
de tratamento (SANEATINS, 2009).
Conforme VON SPERLING (2003), as estações de tratamento biológico de
esgotos reproduzir o fenômeno da autodepuração por meio da introdução de
técnicas apropriadas que estabeleça a matéria orgânica presente nos esgotos.
As tecnologias mais utilizadas para o tratamento de águas residuárias
domésticas, para regiões de clima tropical é composta por reatores anaeróbios e

8
lagoas de estabilização, por possuir um custo de implantação e de operação
relativamente baixos e uma alta eficiência nas regiões tropicais, pois favorece o
metabolismo microbiano e decomposição de matéria orgânica. Verifica-se
também uma grande variedade de alternativas para pós-tratamentos e até
mesmo a combinação dos mesmos.
Essa estação tem a capacidade de tratar 110,0 l/s, mas atualmente trata
uma vazão média de 30 l/s de esgotos. A alimentação do sistema é feita através
de esgotos tipicamente domésticos. A seguir segue o esquema do
funcionamento do local de coleta das amostras da biomassa em estudo ( Figura
1).

Figura 1: Ilustração do funcionamento da ETE Vila União – município de Palmas


– TO.

1.1 GRADEAMENTO

O tratamento preliminar (pré-tratamento) é composto de grades, caixas de


areia e caixas de gorduras. Esse tipo de tratamento destina-se principalmente à
remoção de sólidos grosseiros e areia, com mecanismos básicos de ordem
física. No gradeamento ficam retidos os materiais sólidos de maiores dimensões
tais como: latas, preservativos, garrafas plásticas, sacos, panos, papelão, etc.
A remoção da areia contida nos esgotos é feita através de unidades
especiais denominadas desarenadores. Em que os grãos removidos vão para o

9
fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica presente no esgoto, sendo de
sedimentação mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para o
tratamento biológico da ETE. Nesse processo a seguir, a gordura por apresentar
menor densidade que o esgoto, fica retida na parte superior da caixa (caixa de
gordura), e, é então recolhida manualmente para seu tratamento e disposição
final.
Após tratamento preliminar, o esgoto é conduzido a uma estação
elevatória, que tem como finalidade, bombear esgoto bruto, através do conjunto
motor-bomba, até o reator UASB.

1.2 REATOR UASB

O tratamento de esgotos utilizando reator UASB (Upflow anaerobic sludge


blanket) constitui um método eficiente e relativamente de baixo custo para a
remoção da matéria orgânica e sólida em suspensão, diminui consideravelmente
o potencial poluidor dos esgotos após o tratamento (BEZERRA et al.,1998). O
Reator UASB é constituído por uma câmara inferior de digestão e por um
dispositivo superior para separação de gases, sólidos e líquidos.
O Tratamento Secundário (ou biológico) possui finalidade de remoção da
matéria orgânica, sendo esta dissolvida (DBO solúvel) ou em suspensão (DBO
suspensa), através de reações bioquímicas, realizadas por microrganismos. Na
ETE Vila União, o tratamento biológico é híbrido, envolvendo dois sistemas de
tratamento, um Reator UASB (Figura 2) seguido de Lagoa Facultativa (Figura 3).
O reator UASB é vantajoso, relacionando com a sua eficiência de
remoção de DBO e de sólidos, é o seu curto tempo de detenção hidráulica, em
torno de 6 horas para remoção de cerca de 80 por cento da DBO e 75 por cento
dos sólidos em suspensão. O UASB não causa transtornos para a população
beneficiada: não causa proliferação de insetos, a produção de lodo biológico é
pequena e o lodo de excesso já sai estabilizado e com concentração elevada,
podendo ser secado diretamente em leitos de secagem. Operação e
manutenção são extremamente simples podendo ser feito por pessoal não
especializado: precisam-se reter areia e desentupir tubulações obstruídas. A
construção do UASB é simples podendo ser usados materiais e mão de obra

10
local. Os custos de construção e de operação tendem a ser bem menores que
os de outros sistemas de tratamento de esgoto (PEDROZA et. al., 2010).
Entretanto o reator anaeróbio de fluxo ascendente possui significativa
desvantagem pela sua baixa eficiência quanto à remoção de patógenos e
nutrientes, sendo isto bastante compreensível, considerando-se o baixo tempo
de detenção hidráulica deste tipo de reator. Sendo assim, pode ser usado, por
exemplo, em combinação com lagoas de estabilização, podendo-se obter um
efluente de boa qualidade higiênica em um sistema que ocupa menos que
metade da área necessária para um sistema de lagoas convencionais (DIXO et
al., 1995).

Figura 2: Reator UASB da ETE Vila Figura 3: Lagoa facultativa da ETE


União. Vila União.

O processo consiste de um fluxo ascendente de esgotos através de uma


manta de lodo densa e de elevada atividade que tem por objetivo reduzir a carga
orgânica contida nos esgotos. Nesse processo de estabilização da matéria
orgânica em ambiente anaeróbio, ocorre a formação contínua do biogás, que na
ETE é queimado a todo instante. Esse reator tem um volume de 3128 m 3, altura
de 7,8 metros e um diâmetro de 22,6 metros (SANEATINS, 2009).

11
1.3 LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO FACULTATIVA

O efluente do reator UASB é lançado numa lagoa facultativa, que


representa a última etapa do tratamento biológico da ETE Vila União. Essa lagoa
tem 220 metros de comprimento, 110 metros de largura e 1,5 metros de
profundidade. A entrada de esgoto nessa lagoa se dá através de três pontos,
localizados na sua parte superior. O tratamento biológico na lagoa facultativa se
dá através da simbiose entre algas e bactérias. O efluente final da ETE é
descartado através de uma única tubulação localizada na parte superior da
lagoa e, é lançado no corpo hídrico, o córrego Água fria.
Os resíduos sólidos gerados no tratamento preliminar são tratados com
cal e dispostos em valas localizadas numa área da própria estação. O lodo
biológico produzido no reator UASB é lançado em leitos de secagem que tem
por finalidade reduzir o teor de umidade do lodo. A descarga desse lodo, feita
diretamente do reator UASB, é realizada a cada mês numa quantidade média
que varia entre 33,6 e 50 m3 de lodo. Os leitos de secagem da ETE Vila União
também são empregados para o tratamento de lodos provenientes da ETE Prata
(lodo aeróbio) e da ETE Brejo Comprido (lodo misto). O lodo da ETE Prata
recebe a cal para sua estabilização, já o lodo da ETE Brejo Comprido é rico em
sulfato ferroso, que é a substância utilizada naquela ETE para a remoção de
nutrientes do esgoto. Todos os tipos de lodos são dispostos na mesma área
localizada próxima dos leitos de secagem (PERDROZA, 2010).

2. LODO DE ESGOTO

O termo “lodo” tem sido utilizado para designar os subprodutos sólidos do


tratamento de esgotos. Nos processos biológicos de tratamento, parte da
matéria orgânica é absorvida e convertida, fazendo parte da biomassa
microbiana, denominada genericamente de lodo biológico ou secundário,
composto principalmente de sólidos biológicos, e por essa razão também
denominado de biossólido (ANDREOLI et al., 2006).
No estado de São Paulo, onde se concentra a maior parte das estações de
tratamento de esgotos do país, já se ultrapassou há alguns anos a produção de

12
100 toneladas de lodo seco por dia (OLIVEIRA, 2002). Na região metropolitana
de São Paulo, de acordo com a SABESP (2001), a produção diária das cinco
maiores ETEs está estimada em 540 toneladas/dia de lodo (base seca) para
2005. Conforme previsão de Tsutya (2000), a produção de lodo de esgoto em
base seca na região metropolitana de São Paulo será de 785 toneladas diárias
em 2015.
No estado do Paraná a produção de lodo saltou de 2000 m³/mês em 1999
para aproximadamente 4000 m³/mês em 2003. A produção de esgoto doméstico
no Brasil situa-se entre 80 a 200 litros/hab.dia sendo que, cada habitante produz
cerca de 150 g/dia de lodo centrifugado (SOBRINHO, 2001).
Em Curitiba, o esgoto sanitário é tratado principalmente na Estação de
Tratamento Belém (ETE-Belém), que gera 80 toneladas por dia de lodo, cerca
de 45g de lodo por habitante /dia (PEGORINI et al, 2003). O sistema carrousel
utilizado na ETE-Belém é predominantemente aeróbio, onde a quantidade de
lodo produzido é muito maior do que o tratado em reatores anaeróbios, que é de
aproximadamente 15g de lodo por habitante /dia (PEGORINI et al, 2003). O lodo
produzido neste sistema aeróbio apresenta uma composição media de matéria
orgânica e inorgânica de 60 e 40% respectivamente (ANDREOLI et al, 2001).
Enquanto o lodo produzido em um sistema anaeróbico tais porcentuais são de
aproximadamente 40 % de matéria orgânica e 60 % de inorgânica (MOCELIN,
2002).
Hossain, Strezov e Nelson (2009) citam que a produção de lodo de esgoto
no Reino Unido chegou a quase 1 milhão de m 3/ano, 50 milhões de m3/ano na
Alemanha, 4,2 milhões de m3/ano na Suíça e 170 mil m3/ano em Singapura.
Em Sydney a produção do biossólido atinge 190 mil toneladas/ano, atualmente.
Segundo Barneto et al., (2009), em 2005, a produção espanhola de lodo de
esgoto foi de 1.120.000 toneladas de matéria seca. Seu uso principal foi a
disposição no solo (725.000 toneladas). De acordo com Khai (2007), metade do
lodo de esgoto produzido nos Estados Unidos é aplicado ao solo. Na
comunidade europeia, mais de 30% do lodo de esgoto produzido é utilizado
como fertilizante na agricultura. Atualmente, cerca de 0,25 milhões de toneladas
(peso seco) de lodo de esgoto são produzidos anualmente na Austrália, sendo
que um terço do biossólido é aplicado na agricultura (MOLLOY et al., 2005).

13
O tratamento dos lodos de estações de tratamento vem ganhando cada
vez mais expressão no Brasil, em razão do aumento do número de ETEs
instaladas e da necessidade de se atender às exigências ambientais. Nesse
sentido, o desenvolvimento de novas tecnologias é o resultado dessa crescente
demanda pela disposição segura e com pequeno impacto ambiental desse lodo
gerado, garantindo maior segurança e bem-estar para as populações envolvidas
(Van HAANDEL, 2006).
A necessária e premente ampliação da quantidade de esgotos tratados
gerará um grande e inevitável crescimento da produção de lodo no Brasil.
Embora a tendência seja a aplicação de tecnologias que se reflitam em menor
produção de lodo, não se pode descartar o emprego dos sistemas
convencionais, que sabidamente geram quantidades apreciáveis de lodos. A
geração de grandes volumes de lodo e seu processamento e disposição final
talvez sejam o problema mais complexo com que a engenharia sanitária se
depara. No Brasil desde 2000 os sistemas aeróbios e sistemas anaeróbios
possuem finalidade de produzir maior volume de lodo e utilizá-lo diretamente
com combustível sólido em forno como a empresa Petroflex no Rio de Janeiro,
por isso visam a destinação final.
Várias tecnologias estão sendo desenvolvidas e representam alternativas
viáveis para o aproveitamento do biossólido. Dentre essas alternativas, citam-se:
a pirólise, a oxidação úmida e o processo de gaseificação. A pirólise apresenta
muitas vantagens, pois no processo pirolítico são gerados produtos que podem
ser usados, tais como óleo, gases e carvão, como fonte de combustíveis ou em
outros usos relacionados à indústria petroquímica (VIEIRA 2004;
KARAYILDIRIM et al., 2006).
Este resíduo pode ser transformado em combustível como uma fonte de
energia alternativa. Ainda, as cinzas resultantes da queima podem ser utilizadas
como fonte de material cerâmico devido à similaridade dos mesmos (STASTA et
al., 2006).
Estudos recentes reportam a fabricação de telhas, tijolos e cimentos com
as cinzas de lodo de esgoto (CUSIDÓ et al. 2003) e (MORAIS et al., 2006).
Os problemas relacionados às disposições em aterros estão relacionados
ao grande volume de lodo produzido e a disponibilidade de áreas, devido a

14
processos de lixiviação e produção de gases, principalmente do metano, que é
um dos mais significantes colaboradores das mudanças climáticas (PUCHONG
et al., 2005 e JINDAROM et al., 2007).
A incineração é outro processo extensamente utilizado para a destinação
de resíduos sólidos urbanos em alguns países da Europa e principalmente no
Japão, onde é um alvo de controvérsias em relação aos impactos ambientais e
efeitos na saúde humana, devido às emissões gasosas contendo furanos e
dioxinas e de suas cinzas (JINDAROM et al., 2007). O investimento em
equipamentos de controle para a purificação do ar torna este tratamento muito
caro, além disso, a remoção de poluentes não é muito eficaz (JINDAROM et al.,
2007).
A eliminação do lodo no oceano foi muito utilizada em cidade litorânea,
mas recentemente, esta prática tem sido proibida, devido aos danos ambientais
ocasionados (SHEN et al., 2003).
De acordo com Von Sperling (1996), os sólidos presentes em uma água
residuária podem ser classificados, de acordo com o seu tamanho e estado, em
sólidos dissolvidos (fração de sólidos orgânicos e inorgânicos que não são
filtráveis, menores que 0,45 μm) e em sólidos em suspensão (fração de sólidos
orgânicos e inorgânicos filtráveis.
A resolução número 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA, 2005), no seu capítulo IV, Artigos 24 e 30, proíbe o lançamento de
efluentes, direto ou indireto nos corpos de água, sem o devido tratamento e sua
diluição com águas de melhor qualidade. Desta forma, fazem-se necessários
estudos e avaliação de projetos que venham contribuir para uma alternativa de
tratamento adequada para líquidos tóxicos, de modo a atender a legislação.

2.1 COMPOSIÇÃO DO LODO DOMÉSTICO

O lodo de esgoto é o principal produto derivado do tratamento de águas


residuárias. Ele está se tornando um problema crescente por ser uma fonte
potencial de metais pesados e patógenos. O lodo é rico em material volátil,
sendo, deste modo, considerado como uma potencial fonte para aquecimento ou
talvez como combustível líquido ou químico (CAO e LI, 2010).

15
A natureza do lodo depende do processo empregado no tratamento do
esgoto e da fonte geradora. É geralmente formado por uma mistura complexa de
sólidos de origem mineral e orgânica, que foram alterados por processos
químicos, físicos ou biológicos. Sua qualidade é muito variável, pois o uso
indiscriminado de diversos produtos químicos, incluindo-se aqueles empregados
na higiene humana, modifica as características do lodo. Então, o lodo pode
conter significativas quantidades de substâncias tóxicas tais como metais
pesados, substâncias orgânicas e microorganismos patogênicos (JINDAROM et
al., 2007). Sendo que cada componente do lodo tem seu próprio impacto
ambiental.
O lodo de esgoto doméstico geralmente possui 18% de lipídios, destes, 7%
são triglicerídeos também constituídos por ácidos carboxílicos de cadeia longa e
hidrocarbonetos. As gorduras e óleos podem ser pirolisados para a produção de
combustíveis líquidos ricos em hidrocarbonetos e com potencial para substituir
os derivados de petróleo (MOCELIN, 2007).
A concentração e a composição dos esgotos sanitários dependem das
características sociais e econômicas da população, bem como do nível de
industrialização da região, pois no Brasil é comum o lançamento ilegal d
efluentes industriais na rede coletora, sem qualquer tratamento ou com apenas
um simples pré-tratamento.
Os esgotos sanitários (domésticos) são constituídos essencialmente de
despejos domésticos, uma parcela de águas pluviais, água de infiltração,
eventualmente uma parcela não significativa de despejos industriais. Compõem-
se essencialmente da água de banho, urina, fezes, papel, restos de comida,
sabão, detergentes, águas de lavagem em geral.
As características físicas do esgoto podem ser interpretadas pela
obtenção das grandezas correspondentes às determinações tais como a de
matérias sólidas, de temperatura, do odor, da cor e da turbidez.
Considerando as características físicas, o teor de matéria sólida é o de
maior importância, em termos de dimensionamento e controle de operações das
unidades de tratamento. A remoção da matéria sólida é fonte de uma série de
operações unitárias de tratamento, ainda que represente apenas cerca de 0,08%
dos esgotos (água compõe os restantes 99,92%) (JORDÃO, 1995).

16
A composição química das diversas substâncias presentes nos esgotos
domésticos é extremamente variável, dependendo dos hábitos da população e
de diversos outros fatores.
As características químicas podem ser classificadas em dois grandes
grupos; as matérias orgânicas e as inorgânicas.
Os grupos de substâncias orgânicas nos esgotos são constituídos
principalmente por proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%), gorduras e
óleos (10%) e uréia, surfactantes, fenóis, pesticidas, dentre outros (JORDÃO,
1995). As proteínas são produtoras de nitrogênio e contém carbono, hidrogênio,
oxigênio, enxofre, nitrogênio, ferro e algumas vezes fósforo. É o principal
constituinte de organismo animal, mas ocorrem também em plantas. O gás
sulfídrico presente nos esgotos é proveniente do enxofre fornecido pelas
proteínas (JORDÃO, 1995). Os carboidratos contêm carbono, hidrogênio e
oxigênio. São as primeiras substâncias a serem destruídas pelas bactérias, com
produção de ácidos orgânicos.
Dentre os principais exemplos de carboidratos citam-se o amido, a
celulose. A gordura é um termo que normalmente é usado para se referir ao
material graxo, aos óleos e às substâncias semelhantes encontradas no esgoto,
provenientes do consumo de manteiga, óleos vegetais, em cozinhas. Os óleos
derivados do petróleo em geral, são contribuições não permitidas que chegam
às tubulações em grande volume provocando entupimento e odores
desagradáveis, além de diminuírem as seções úteis; forma-se "escuma", uma
camada de material flutuante, nos decantadores, que poderá vir a entupir os
filtros; interferem e inibem a vida biológica; trazem problemas de manutenção
(JORDÃO, 1995).
Os surfactantes (detergentes) são constituídos por moléculas orgânicas
com a propriedade de formar espuma no corpo receptor ou na estação de
tratamento em que o esgoto é lançado. Tendem a se agregar à interface ar-
água, e nas unidades de aeração aderem à superfície das bolhas de ar,
formando uma espuma muito estável e difícil de ser quebrada. O tipo mais
comum é o chamado ABS (Alquil – Benzeno – Sulfonado), típico dos
detergentes sintéticos e que apresenta resistência à ação biológica (JORDÃO,
1995).

17
A matéria inorgânica contida nos esgotos é formada principalmente pela
presença de areia e de substâncias minerais dissolvidas. A areia é proveniente
de águas de lavagem das ruas e de águas de subsolo, que chegam às galerias
de modo indevido ou que se infiltram através das juntas das tubulações.
Raramente os esgotos são tratados para remoção de constituintes inorgânicos,
salvo a exceção de alguns despejos industriais (JORDÃO, 1995).
A base do tratamento do esgoto doméstico é a estabilização biológica que
envolve a transformação parcial da matéria orgânica em um gás e na produção
de um resíduo estabilizado com a ajuda das bactérias na ausência ou presença
do oxigênio que conduz a estabilização anaeróbia ou aeróbia do lodo (MÉNDEZ
et al., 2005).
As características do lodo dependem do sistema de tratamento, que podem
ser tanto anaeróbio como aeróbio e a sua composição tem relação com a fonte
geradora do esgoto que pode ser as mais variadas (MELO, 2000).
O lodo de esgoto sanitário em sua composição apresenta lipídios,
proteínas, e carboidratos e sua quantidade varia muito do tipo de alimentação de
cada região. O nitrogênio e enxofre são provenientes das proteínas (BOOCOOK
et al., 1992). São geralmente classificados de acordo com os estágios do
tratamento em que foram originados, e desta forma Os lodos primários podem
ainda ser designados como não digeridos (bruto).
Segundo Melo & Marques (2000), o lodo de esgoto digerido doméstico
apresenta composição em torno de 40% de matéria orgânica, 4% de nitrogênio,
2% de fósforo além dos macro e micronutrientes e de elementos potencialmente
tóxicos.
O Nitrogênio (N) é o elemento de maior valor econômico no lodo, sendo
também o elemento que as culturas necessitam para o seu desenvolvimento.
Sua origem provém dos dejetos presentes no esgoto e da biomassa microbiana
e encontra-se no lodo nas formas inorgânicas, como nitratos e amônio, e
orgânica, constituindo moléculas de proteínas, aminoácidos, aminoaçúcares,
amidos, associados a polímeros (ANDREOLI, 2001).
A fração orgânica constitui a maior porção do N do lodo, variando de 70 a
90 %, dependendo do tipo de lodo e da sua idade. As formas minerais (nítrica e
amoniacal), embora representem pequena fração do N total, apresentam-se

18
prontamente disponíveis para as plantas, enquanto o N orgânico deverá sofrer o
processo de mineralização, transformando-se lentamente em formas minerais,
para só então ser absorvido pelas plantas. A velocidade de mineralização do N
orgânico é muito variável em função da temperatura, umidade e atividade
microbiana no solo, entre outros fatores, com isso não se pode definir um valor
fixo para esta fração do lodo, podendo ocorrer variações amplamente de local
para local e de ano para ano; sabe-se, no entanto, que varia entre 20 e 70 % do
N orgânico aplicado (ANDREOLI, 2001).
O carbono (C) garante a ciclagem dos componentes físicos, químicos e
biológicos na biota terrestre. A conservação deste elemento. O carbono funciona
como uma esponja que minimiza os impactos na compactação de solo.
(AGÊNCIA BRASIL, 2004). O lodo também é rico em carbono.
O fósforo (P) do lodo provém dos dejetos, células de microrganismos que
atuam no tratamento do esgoto e detergentes e sabões que utilizam fosfatos
como aditivos. O lodo também é rico em fósforo, com uma biodisponibilidade de
40 a 80 % do total contido no material (ANDREOLI, 1998).
As plantas necessitam de quantidades pequenas de P para seu
desenvolvimento, no entanto, o P é o elemento mineral mais aplicado na
agricultura brasileira. Isso se deve pelo fato da baixa eficiência das adubações
químicas do solo, apenas 5 a 30 % do total de P aplicado são aproveitados
pelas plantas, fenômeno ocasionado pela alta capacidade de fixação de P dos
solos brasileiros (ANDREOLI, 1998).
Os teores de K no lodo sejam considerados muito baixos, não sendo
considerada fonte de K para os solos. Alguns autores relatam aumento nos
níveis do elemento em solos adubados com lodo, provavelmente associado à
redução das perdas em função do aumento da capacidade troca de cátion
(CTC). Estes aumentos, no entanto, são pouco expressivos e geralmente não
chegam a alterar a classe de disponibilidade do elemento no solo (ANDREOLI,
1998).
Os metais pesados são metais quimicamente altamente reativos e bio-
acumulativos, ou seja, o organismo não é capaz de eliminá-los. Os metais são
definidos como um grupo de elementos situados entre o cobre e o chumbo com
pesos atômicos ente 63,546 e 200,590 e gravidade específica superior a 4,0.

19
Considerando a presença de nutrientes e metais pesados na composição
do lodo de esgoto, ao mesmo tempo em que o seu emprego como fertilizante
e/ou condicionador de solo pode trazer vantagens por promover a reciclagem de
nutrientes e melhoria da fertilidade do solo, pode também trazer prejuízos se, por
ventura, viabilizar aumento na absorção e acúmulo de metais pesados em
plantas (SILVA et al., 1998).
A origem da contaminação microbiológica do lodo é principalmente em
razão do material fecal contido no esgoto, portanto, dependente das
características epidemiológicas da população local e dos efluentes lançados na
rede coletora. No esgoto são encontrados vírus, fungos, bactérias e parasitas
(protozoários e helmintos), e, embora a grande maioria desses organismos seja
inofensiva, alguns grupos de patógenos são considerados perigosos pelo risco
que representam para a saúde humana e animal, de acordo com a tabela a
seguir (ANDREOLI, 2001).

3. BIOMASSA – ENERGIA E AMBIENTE SUSTENTÁVEL

No último século, combustíveis derivados de petróleo foram às principais


fontes de energia no mundo (TASHTOUSH et al., 2004). Com o aumento da
demanda de petróleo, preocupação política e ambiental sobre o uso fóssil
destaca-se a necessidade de desenvolver processos econômicos e energéticos
para produção sustentável de combustível e produtos químicos (HUBER et al.,
2006).
A crise global de combustível em 1970 conscientizou muitos países de sua
vulnerabilidade ao embargo e escassez (PÜTÜN et al., 2001; HANSEN et al.,
2005), assim considerável esforço vem sendo direcionado no desenvolvimento
de processos para produção de combustíveis líquidos, por exemplo, a partir de
biomassa lignocelulósica (OASMAA e CZERNIK, 1999; CZERNIK e
BRIDGWATER, 2004).
O processo de pirólise é a obtenção de produtos com maior potencial
energético e propriedades de uso melhores que aquelas da biomassa inicial
(FAAIJ et al., 2005)

20
É uma importante fonte de energia para muitos países, mas suas formas
tradicionais de uso, que envolvem o consumo não-sustentável e de baixa
eficiência de conversão, não se manterão por muito tempo. Nesse sentido, as
perspectivas futuras para a biomassa estão voltadas para os vetores energéticos
modernos: a eletricidade e os combustíveis líquidos e gasosos em substituição
ao uso direto de combustíveis sólidos (FAAIJ et al, 2005). Contudo é
considerada como a maior fonte renovável de energia (ÖZÇIMEN e
KARAOSMANOGLU, 2004; SONG et al., 2004; PÜTÜN et al., 2004) e pode ser
usada de forma ambientalmente sustentável (FAAIJ et al., 2005). Além disso, o
incremento da biomassa vegetal (plantio de árvores - reflorestamento)
‘sequestra’ o dióxido de carbono da atmosfera e colabora para amenizar o
aquecimento do planeta.
Estima-se que 40% da energia utilizada no setor agropecuário brasileiro
seja produto da queima de combustíveis fósseis e 20% seja derivada da queima
de lenha (biomassa) (ZHENG, 2007). Em determinadas regiões, vem se
agravando em consequência do acelerado processo de industrialização, em
função da diversificação do parque industrial e da geração de ampla gama de
tipos de resíduos, aliados à elevação do crescimento demográfico (DE SENA,
2005).
O mesmo não se pode dizer quando combustíveis fósseis são utilizados,
porque sua queima emite dióxido de carbono que leva milhões de anos para
transformar a biomassa em material fóssil novamente, o que contribui para o
aumento do efeito estufa (MCKENDRY, 2002a). Com relação aos demais
poluentes, a biomassa apresenta um teor desprezível de enxofre e nitrogênio,
que gera emissões de SO2 e NOx muito baixas quando comparadas a qualquer
outro combustível fóssil convencional (QI et al., 2007).
O biocombustível gera significativamente menos emissão de gases de
efeito estufa do que os combustíveis de origem fóssil (HUBER et al., 2006),
sendo assim, o uso de biomassa como fonte alternativa poderia então trazer
benefícios ao ambiente (GOODRUM et al., 2003).
A produção de energia elétrica e térmica, a partir de biomassas,
atualmente é muito defendida como uma alternativa importante para países em
desenvolvimento (ANEEL, 2006). Sistemas de co-geração, que permitem

21
produzir, simultaneamente, energia elétrica e calor útil, configuram uma das
tecnologias mais racionais para a utilização de combustíveis.
Em condições favoráveis, a biomassa pode contribuir de maneira
significativa na produção de energia elétrica e térmica. A aplicação de resíduos
sólidos como biomassa e alternativa como combustível está intimamente ligada
às suas características físicas e químicas e ao seu comportamento frente a
condições de combustão e pirólise (ZHENG, 2000).
A exploração da biomassa permite a possibilidade de gerar produtos de
maior valor agregado, tais como produtos químicos e carvões ativados que
significam uma solução atrativa, econômica e tecnológica (GONZÁLEZ , 2009).

4. CONVERSÃO ENERGÉTICA

Existem diversas tecnologias para conversão de biomassa, entre elas os


processos químico, termoquímico, bioquímico e mecânico. Entre os processos
de conversão termoquímicos estão à gaseificação, liquefação direta e pirólise
(ÖZÇIMEN e KARAOSMANOGLU, 2004; SONG et al., 2004).
Nos processos bioquímicos temos a produção de biogás, pelo processo de
digestão anaeróbica, e a produção de etanol, pelo processo de fermentação
alcoólica (DERMIBAS e BALAT, 2006).
Os processos termoquímicos podem ser classificados em gaseificação e
pirólise e podem ser realizado a temperatura elevada, acima de 800ºC, com um
longo tempo de residência (BRIDGWATER, 2006) gerando hidrogênio, monóxido
de carbono, dióxido de carbono e água através da combustão parcial (MOHAN
et al., 2006). A liquefação e a pirólise são processos termoquímicos
diferenciados que ocorrem na ausência de oxigênio, no entanto, ambos
decompõem termicamente os compostos orgânicos da biomassa em produtos
líquidos (DERMIBAS, 2000; BRIDGWATER, 2006) denominados bioóleo.
O biodiesel, combustível renovável, é uma mistura de ésteres de ácidos
graxos com monoalcoóis de cadeia curta, como o metanol ou o etanol (Suarez e
Cols., 2007) obtido através dos processos de transesterificação ou esterificação.
Utiliza frequentemente catalisadores alcalinos para a transesterificação do óleo

22
ou gordura com o metanol. Também pode ser realizada empregando enzimas
como catalisadores na reação.
Um dos métodos mais eficientes para conversão de biomassa em
combustível é a pirólise (OASMAA e CZERNIK, 1999; PÜTÜN et al., 2004). A
disposição adequada de biomassa é uma etapa problemática no processo
operacional de uma estação de tratamento, pois seu planejamento tem sido
negligenciado e apresenta um custo operacional que pode alcançar até 50% do
custo operacional de um sistema de tratamento. Essa grande massa de
produção de lodo vem incentivando nos últimos anos, a aplicação de tecnologias
que visem o reaproveitamento do lodo residual gerado (FONTS et. al., 2009;
DINIZ, 2005; CORTEZ et. al., 2008; VIEIRA, 2004).
Vieira (2004) apresenta uma solução a longo prazo para o lodo residual
produzido nos tratamentos de esgotos, a pirólise. Em seu estudo anterior
(VIEIRA, 2000) concluiu que a analise química e físico-química previa do
resíduo, nesse caso o lodo, auxilia na identificação dos principais componentes
orgânicos e inorgânicos, que influenciam diretamente nos compostos que serão
encontrados nas frações de rendimento em pirólise.
Nessa projeção propôs em seu trabalho uma metodologia a fim de
associar as características físico-químicas das biomassas e/ou resíduos sólidos
empregados em processo de pirólise, com as variáveis envolvidas no processo
de conversão térmica e a composição química dos biocombustíveis obtidos.
Denominou essa metodologia de Caminho de Conversão Térmica (CCT),
descrita no fluxograma abaixo (Figura 4).

23
Caracterização
do Resíduo
Conversão Térmica
M odo Batelada e Contínuo
Cinzas, U midade,
Poder calorífico

Análise
físico-químicas Destilação da FLO Classificação
FLO em óleo
Análise da combustível
ponto de fulgor, fração > 210°C e/ou em
fluidez, óleo parafínico,
teor de enxofre, Resultante: Saturados, naftênico,
teor de água, aromáticos,
aromático
viscosidade cinética, resinas e asfaltenos
poder calorífico

Figura 4: Caminho de Conversão Térmico proposto por VIEIRA, 2004.


Fonte: Vieira, 2004.

A pirólise é um processo atrativo, pois a biomassa e os resíduos sólidos


que são difíceis e caros de administrar podem ser prontamente convertidos em
produtos líquidos que apresentam muitas vantagens no transporte,
armazenamento, manipulação, combustão e flexibilidade na produção e na
comercialização (PUTUN et al., 2004; MCKENDRY, 2002b).
Dependendo do tipo de biomassa tratada e o processo de pirólise
empregado, assim como as variáveis implicadas, podem ser obtidos uma grande
variedade de produtos com usos específicos (BRIDGWATER, 1999).
Sendo assim, o uso do lodo como matéria-prima na obtenção de
biocombustíveis a partir da aplicação de processo térmico, mostra-se como uma
importante saída para a dificuldade de encontrar espaços para a implantação de
aterros sanitários, principalmente nas regiões metropolitanas e outras áreas
conturbadas.

5. APROVEITAMENTO DO LODO RESIDUAL - PIRÓLISE

As biomassas mais comuns para uso em co-geração de energia são os


resíduos agrícolas, madeira e plantas como a cana-de-açúcar, que são
cultivadas e colhidas com o objetivo de produzir combustível e gerar energia

24
(BOTÃO e LACAVA, 2004). O uso de lodos de estações de tratamento de
efluentes como combustível alternativo na co-geração de energia vem sendo
estudado por diversos autores, porém seu emprego ainda não é bem difundido
(DE SENA et al., 2007; SANGER et al., 2001).
A pirólise é uma técnica de destilação destrutiva de materiais orgânicos,
os compostos mais leves são convertidos em frações líquidas que
consequentemente sofrem um processo de condensação em fase gasosa
favorecendo a formação de novas substâncias. Os processos de pirólise podem
ser divididos em: pirólise convencional ou lenta e pirólise rápida, dependendo
das condições operacionais usadas (VIEIRA, 2000, 2004, 2009a).
A composição química das frações obtidas no processo de pirólise é
função da matéria-prima de origem e da taxa de aquecimento, podendo
apresentar variações nos compostos formados, obtendo-se frações líquidas
orgânicas, compostas por ácidos graxos, fenóis, hidrocarbonetos alifáticos
saturados, insaturados de cadeia longa e aromáticos (VIEIRA, 2004).
A fração líquida (aquosa) e gasosa obtida durante o processo apresentam
elevados poderes caloríficos que podem ser reaproveitados no próprio processo
pirolítico. O resíduo sólido gerado durante o processo também pode ser
reaproveitado na construção civil (VIEIRA, 2004).
Os processos de pirólise quando aplicados têm como objetivo a obtenção
de produtos com melhores propriedades e densidade energética elevada. Na
pirólise do lodo de esgoto sanitário os gases, os líquidos e os sólidos são
gerados em diferentes proporções, dependendo dos parâmetros de operação,
que podem ser otimizados para a maximização de um produto, por exemplo, a
produção de gases (que é maior em temperaturas elevadas) (INGUANZO et al.,
2002) (DOMINGUÉZ et al. 2004).
O calor fornecido à biomassa provoca ruptura e recombinações de
ligações químicas e de interações físicas, fracionando assim a estrutura
molecular da biomassa, liberando compostos de carbono na forma líquida, sólida
e gasosas, que poderão ser utilizados como combustíveis ou insumos químicos
(DINIZ, 2005).
Vieira et. al., (2000), em estudos realizados com lodo residual de indústria
de bebida, no sistema de batelada de um reator pirolítico LTC - Low

25
Temperature Conversion, regulado a 380 ºC, em atmosfera contínua de
nitrogênio, obtive um rendimento de óleo na faixa de 6 – 7%, de carvão na faixa
de 40 - 50 %, gás entre 10 – 30% e água entre 20 – 35%. No entanto os mesmo
autores, utilizando lodo proveniente de um sistema de lodos ativados de uma
indústria de borracha, obteve rendimento de 35 – 40% de óleo, de carvão entre
43-55%, da fração gasosa entre 3 - 12% e de água na faixa de 7 – 9%, usando
reator pirotílico LTC em batelada na temperatura de 380 ºC.
Estudos mostram que a faixa de temperatura de operação do processo de
pirólise de lodo doméstico, por exemplo, influência no rendimento e na
composição elementar das frações líquidas e sólidas obtidas (INGUANZO et al.,
2002).

5.1 PRODUTOS DE PIRÓLISE

A pirólise é uma prática que pode ser empregada para o aproveitamento do


lodo de esgoto como biomassa. Nesse processo térmico, são gerados produtos
com valores agregados, tais como, óleo, gases e carvão que podem ser
utilizados como fonte de combustíveis ou em outros usos relacionados à
indústria (PEDROZA et al., 2010; VIEIRA et al. 2009, LEAL et al., 2010).
As gorduras e óleos podem ser pirolisados para a produção de
combustíveis líquidos ricos em hidrocarbonetos e com potencial para substituir
os derivados de petróleo (BRESSLER e MAHER, 2007).
O líquido resultante do processo de pirólise da biomassa é tradicionalmente
chamado de alcatrão pirolítico, e recentemente recebeu o nome de
biocombustível, bio óleo bruto ou simplesmente bioóleo (FAAIJ et al., 2005).
Trata-se de uma mistura complexa de ácidos, álcoois, aldeídos, ésteres entre
outros (DEIBOLD, 2000).
O óleo obtido por pirólise pode ter diversas aplicações industriais
dependendo da sua composição química, em geral é composto por
hidrocarbonetos e ácidos graxos, podendo ser utilizado na produção de sabões,
graxas e de ésteres metílicos para obtenção de biodiesel (VIEIRA, 2000).
O bioóleo de biomassa lignocelulósica uma mistura complexa de alcoóis,
aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos entre outros, apresenta como

26
característica a baixa estabilidade, causada pela reatividade dos compostos
presentes no óleo. É um líquido de característica polar e odor característico
(DIEBOLD, 2000) sendo constituído por uma mistura complexa de moléculas de
diferentes tamanhos derivadas da despolimerização e fragmentação da celulose,
hemicelulose e lignina. Consequentemente, a composição elementar do bioóleo
é semelhante à biomassa.
O bioóleo tem sua composição relacionada com a composição química e
físico-química da biomassa. O bioóleo proveniente da umidade original da
biomassa e do produto de desidratação dos constituintes do bio-óleo durante a
reação de pirólise e estocagem (QI et al., 2007). O teor de oxigênio no bio-óleo
varia de 35 a 40 % em massa, distribuídos em mais que 300 compostos
identificados no óleo (CZERNIK e BRIDGWATER, 2004). Há uma quantia
significativa de ácidos carboxílicos, como ácido acético e fórmico, que resultam
em valores de pH entre 2 e 3 (QI et al., 2007).
A presença de oxigênio em muitos dos componentes do óleo é a primeira
razão para as diferenças entre as propriedades e o comportamento observado
entre hidrocarbonetos combustíveis e óleos resultantes da pirólise de biomassa.
Estas e outras propriedades do bio-óleo podem variar em função do processo de
obtenção e da biomassa utilizada.
O bio-óleo lignocelulósico também apresenta como característica a baixa
estabilidade térmica que é causada pela reatividade de muitos dos compostos
presentes no óleo (GARCIA-PÈREZ et al., 2006) e, que durante a estocagem
podem reagir entre si formando moléculas maiores e, consequentemente causar
mudanças nas propriedades físico-químicas do óleo, como o aumento da
viscosidade. Como esses processos podem ocorrer em função do tempo de
estocagem, o conjunto dos mesmos é dito envelhecimento (DIEBOLD e
CZERNIK, 1997).
Diebold (2000) descreve algumas dessas reações que podem ocorrer
durante a estocagem do bioóleo: desidratação; esterificação de ácidos
orgânicos; reações entre aldeídos, cetonas, e água para formar hidratos;
formação de acetal a partir de álcoois e aldeídos; formação de resinas a partir de
aldeídos e fenóis; dimerização de compostos orgânicos nitrogenados; e
oxidação de alcoóis e aldeídos formando outros ácidos carboxílicos.

27
No entanto, o bio-óleo deve ser aperfeiçoado ou misturado para ser usado
diretamente em máquina á diesel (HUBER et al., 2006). O desenvolvimento e
uso de emulsões bio-óleo/diesel representam um modo de explorar em curto
prazo os recursos da biomassa potencialmente disponíveis através do processo
de pirólise (CHIARAMONTI et al., 2003).
Os fenolatos extraídos apresentam características semelhantes aos
surfatantes, após serem misturados com compostos orgânicos de cadeia curta,
como álcoois, acetato e regulador de pH (HERNÁNDEZ e MORLÁ, 2003).
Mohan e colaboradores (2006) discutem vários procedimentos de fracionamento
do bio-óleo que vem sendo estudado por diferentes pesquisadores, no entanto,
todos baseados no princípio de solubilidade e acidez.
No Canadá, o bio-oleo está sendo comercializado no valor de $
50,6/barril. Esse valor representa 70% do valor do óleo bruto convencional
comercializado naquele país (Kim & Parker, 2008). Atribuem um valor de
densidade de 0,9 kg/L para o bio-óleo obtido através de pirólise de lodo, assim
sendo, para efeito de balanço energético será adotado nesse trabalho um valor
de 32¢/kg bio-óleo, o mesmo valor empregado por Kim & Parker (2008).
Apresenta as propriedades do pirolítico de (BAHADUR et al., 1995).
As reações que ocorrem no processo de pirólise são muito complexas e a
composição química do produto e os rendimentos do processo não são de todo
conhecidos (FAAIJ et al, 2005).

28
MATERIAIS E MÉTODOS

1. ÁREA DE ESTUDO E COLETA - ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE


ESGOTO VILA UNIÃO

Nesta estação o tratamento dos esgotos domésticos (ETE Vila União no


município de Palmas – TO – Figura 5), se dá em três etapas: tratamento primário
(grade, caixa de areia e caixa de gordura), tratamento secundário em um reator
UASB e tratamento terciário em uma lagoa facultativa (Figura 6).
Após essas três etapas de tratamento, o lodo descartado do reator UASB
segue para o leito de secagem e o efluente tratado é lançado no Córrego Água
Fria.

Lagoa de
ETE Vila estabilizaçã
União o
Palmas-
TO

Reato
r
UAS
Gradeament B
o

Figura 5: Local da área de estudo – Figura 6: Estruturas de tratamento dos


ETE Vila União. esgotos domésticos da ETE Vila
União.

2. COLETAS DAS AMOSTRAS

As coletas de lodo de esgoto do lodo residual na ETE Vila União, no


município de Palmas - TO iniciaram dia 7 de maio de 2010, com término no mês
de outubro de 2011 (semanalmente conforme a Tabela 1). As amostras de lodo
foram coletadas no período de estiagem, durante 6 meses (código das amostras:
LD 13 a LD 36).

29
As coletas foram realizadas aproximadamente às 9 horas da manhã, de
acordo com a norma técnica NBR 10.007. Para a abertura da válvula de saída
de lodo do reator UASB é utilizada uma chave de ferro de aproximadamente 2
metros de comprimento. Após aberta a válvula, o lodo escoa (sai) por uma vala e
o lodo é transferido para o recipiente com uma pá.
Foram coletados 10 kg da biomassa aproximadamente na boca reator
UASB, livre de cálcio (Figura 7), e após serem capturadas num recipiente de
plástico foi levada á secagem para o forno solar (Figura 8) no LEDBIO
(Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento de Biomassa e Biocombustíveis) da
UFT (Universidade Federal do Tocantins).

Figura 7: Coleta do lodo na boca do Figura 8: Forno solar - secagem do


reator. lodo.

Como pode ser observado, o lodo possui uma textura pastosa com cor
bem escura (preto), devido ao fato da amostra ser formada por uma mistura de
lodo doméstico digerido proveniente de reator UASB.
Segue a Tabela 1 que mostra a realização e organização das coletas com
os códigos de cada amostra de lodo que se iniciou com o LD 13, ou seja, LODO
13, pois já existem outras amostras no LEDBIO já analisadas em outras épocas
para outros trabalhos. As amostras foram até o LD 36.

Tabela 1: Amostragem e código de coleta das amostras.


Coletas de lodo na ETE
Mês 2010/2011 Identificação das amostras

30
Coletas de lodo na ETE
Mês 2010/2011 Identificação das amostras
Maio LD13 LD14 LD15 LD16
Junho LD17 LD18 LD19 LD20
Julho LD21 LD22 LD23 LD24
Agosto LD25 LD26 LD27 LD28
Setembro LD29 LD 30 LD 31 LD 32
Outubro LD 33 LD 34 LD 35 LD 36

Algumas amostras do lodo coletado apresentam aspectos físico-químicos


diferenciados ao longo desta etapa, pois o teor de água apresentou-se variável.
Visivelmente é observado a oscilação entre o estado do lodo pastoso ou líquido.
Alguns equipamentos utilizados para coletas destacam-se luvas; máscara;
jaleco; balde de 10 litros com tampa; pá; chave do reator.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS

Pela NBR 10.004 este lodo é classificado como “resíduo sólido”, portanto
deve ser tratado e disposto conforme exigência dos órgãos reguladores. O lodo
de esgoto é o resíduo obtido após o tratamento das águas servidas (esgotos).
Nas estações de tratamento de esgotos domésticos, são gerados lodos ricos em
matéria orgânica e nutrientes. Podem ser classificados de classe II A (não
perigosos e não-inertes).
Quanto à amostragem do resíduo, foram feitas coletas no esgoto digerido
de acordo com o determinado pela NBR 10.007, em que se verifica a
quantidade, tipo de amostras, local de amostragem, frascos e conservação e
segurança da amostra, além da secagem.

2.2 SECAGEM DO LODO RESIDUAL

O processo de secagem das amostras de lodo residual constitui-se as


etapas do fluxograma abaixo (Figura 9). Realizado no período de estiagem (maio

31
de 2009 a outubro de 2011) a biomassa foi exposta ao sol em forno solar,
aproveitando o recurso natural abundante no estado do Tocantins, não utilizando
energia convencional.
A secagem do lodo provoca enorme impacto nos custos de disposição.
Quando o lodo é desidratado seu volume é reduzido em 90% (CASSINI, 2003).

Pesagem do lodo

Secagem em forno
55 Cº a 65 ºC em 30 dias
solar

Pesagem diária Até peso constante

Estocagem

Figura 9: Fluxograma do processo de secagem da biomassa.

Para que a amostra coletada seja encaminhada para a secagem é


necessário que se passe na triagem do LEDBIO a fim de serem feitas anotações
de caracterização da amostra e a limpeza dos objetos utilizados nesta etapa
(Figura 10).
A pesagem da amostra foi realizada utilizando uma balança digital da
marca Marte (Figura 11) com capacidade máxima de 10 quilogramas e mínima
de 50 g com erro de 2 g.

Figura 10: Lodo de esgoto na triagem Figura 11: Pesagem do lodo de

32
do Ledbio. esgoto.

As amostras do lodo foram colocadas à exposição desta fonte de energia


em caixas de papelão forrada por papel alumínio e coberto por uma tampa de
acrílico no forno solar artesanal conforme as Figura 12 e Figura 13. O material
coletado foi secado devido o tipo tratamento do processo da ETE se encontrar
estável (vazão e tempo de detenção adequado à quantidade de efluente). A
temperatura do forno medida diariamente oscilou de 45 º C a 67º C. Após esta
etapa foi realizada a umidade de acordo a metodologia adequada (ASTM D
3173-85). Desta forma o lodo em estudo pode ser processado para ser utilizado
no início da cadeia produtiva do processo pirolítico.

Figura 12: Secagem da biomassa no Figura 13: Lodo no forno solar


forno solar. perdendo umidade.

Após estarem completamente sem umidade e com peso constante, as


amostras são armazenas em sacos plásticos lacrados adequadamente

33
identificadas com código e data (Figura 14 e Figura 15), conforme a norma NBR
10007.

Figura 14: Armazenamento do lodo. Figura 15: Estocagem do lodo.

Para o manuseio específico das amostras, deve ser utilizados no


laboratório de estudo e no local de coleta, instrumentos de segurança para a
preservação de amostras e da saúde dos manipuladores.

2.3 PREPARO DAS AMOSTRAS PARA PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS

Todas as amostras foram trituradas mecanicamente e peneiradas em


abertura de 0,59 mm (ABNT 30) no TYLER 28 para garantir a homogeneidade
da amostra e facilitar os procedimentos analíticos.

3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DE AMOSTRAS DE


LODO

3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA

As amostras em estudo do lodo residual coletado na ETE Vila União foi


submetida a análises do teor de umidade, cinzas, sólidos voláteis, carbono fixo,
densidade, metais pesados, poder calorífico.

3.1.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE

34
O teor de umidade foi determinado de acordo com o método ASTM D
3173-85, uma amostra de 1g do lodo em triplicata num cadinho de porcelana
com peso constante já pré-determinado. Em seguida a amostra aquecida em
estufa à de 110°C durante 1 hora. Estes foram colocados em um dessecador por
30 minutos para o resfriamento e em seguida forma pesados. Esta operação é
repetida até peso constante do cadinho já com amostra par determinar a perda
de água. O teor de umidade é determinado de acordo com a Equação 1.

Umidade (%) = [(Po + C) – P1] / C x 100 (Eq. 1)

Po = peso do cadinho sem amostra


P1 = peso do cadinho + amostra após o aquecimento
C = peso da amostra

3.1.2 DETERMINAÇÃO DOS SÓLIDOS VOLÁTEIS

Os sólidos voláteis (SV) se refere a porção dos sólidos (sólidos totais,


suspensos ou dissolvidos) que se perde após a ignição ou calcinação da
amostra a 550°C, durante uma hora para sólidos totais ou dissolvidos voláteis ou
15 minutos para sólidos em suspensão voláteis, em forno mufla. Também
denominado resíduo volátil.
A partir do mesmo método ASTM D 2415-66, uma amostra de 1g do lodo
em triplicata, sendo estes armazenados em cadinhos de porcelana com peso
constante. Em seguida foi realizado o aquecimento da amostra em uma mufla à
uma temperatura de 550°C durante 1 hora e para o resfriamento foi utilizado um
dessecador onde os cadinhos permaneceram em repouso por 30 minutos.
Repetiu-se a operação até peso constante do cadinho (P1).
O teor de material volátil foi calculado segundo a Equação 2.
% material volátil = [(Po + C) – P1] / C x100 (Eq. 2)

3.1.3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS

Para o procedimento de determinação do teor de cinzas, de acordo com o


método ASTM D 2415-66, foi utilizada uma amostra de 4g de lodo em triplicata,

35
onde este é armazenado em cadinhos de porcelana com o peso constante. Em
seguida foi realizado o aquecimento da amostra numa mufla à 900°C durante 1
hora, e por fim, o resfriamento num dessecador onde os cadinhos
permaneceram em repouso durante 30 minutos. Esta operação foi repetida até
peso constante do cadinho já com amostra.
O teor de cinzas é o resíduo que resulta quando a parcela da matéria
orgânica é carbonizada, calculado segundo a Equação 3:
% Cinzas = (P1-Po)/C x100 (Eq. 3)

P1 = peso do cadinho + cinzas


Po = peso do cadinho vazio
C = peso da amostra inicial

Figura 16: Análise de umidade em Figura 17: Análise de cinzas e sólidos


estufa. voláteis na mufla.

3.1.4 CARBONO FIXO

O Carbono fixo é calculado de forma simultânea ao andamento das


análises através da fórmula de medida indireta direcionada por Salgado (2005)
demonstrada na Equação 4:

Cf = 100- (U%+CZ%+SV%) (Eq. 4)

3.1.5 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE

A densidade foi determinada com uma adaptação do método de análise de


solos (EMPRABA SOLOS, 1997) utilizando 20g da amostra sólida que é

36
colocada em um balão volumétrico com o auxilio de um funil (em triplicata). Em
seguida foram acrescentados 50 ml de álcool 70% em uma bureta de 50 ml, o
álcool é adicionado aos poucos e agitado até que a amostra esteja
completamente coberta, após este processo a amostra é fica em repouso por 15
minutos, que ao término do tempo é completada até os 50 ml do balão
completado.
A densidade do lodo de esgoto pode ser obtida a partir dos cálculos abaixo:

Dr = m/(Vb-Va) (Eq. 5)
Onde:
Dr = Densidade real (g/mL)
m = massa da amostra (g)
Vb = volume do balão volumétrico (mL)
Va = volume de álcool gasto para completar o balão volumétrico (mL).

Figura 18: Adquirindo granulometria Figura 19: Análise de densidade.


por agitador magnético.

3.1.6 DETERMINAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR (PCS)

O Poder calorífico superior PCS do lodo bruto foi determinado em bomba


calorimétrica Parr 1341. A combustão foi efetuada em excesso de O2 e pressão
de 20 a 30 atm realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN.

37
3.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

3.1.1 DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS

O espectrômetro utilizado neste trabalho foi o ICP-OES, modelo ICAP 6000


da Thermo Scientific a fim da realizar análise de Espectrometria de Emissão
Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado.
Os dados em mg/kg foram calculados através de ICP-OES. Através de
Difração obtemos de forma qualitativa e quantitativa os dados de %.
O resultado da análise de cada metal (em mg/L) é multiplicado pelo volume
de extrato (em Litros). Em seguida foi realizada a divisão pela massa da amostra
em quilos (kg). Assim: mg/kg de cada metal = concentração em mg/L de cada
metal x 0,030 / massa de amostra (kg); onde: 0,030 é o volume em litro de
extrato (30 mL).

Figura 20: Esfriamento dos cadinhos Figura 21: Amostras preparadas para
em dessecador. análises de poder calorífico.

3.1.2 EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO DO LODO DE ESGOTO

A extração sólido-líquido foi executada segundo metodologia descrita por


Vieira (2000). No procedimento, a amostra de lodo (em triplicata – 10g) foram
pesadas e submetidas a uma extração sólido-líquido com soxhlet por 12 h,
utilizando como solvente hexano P.A (190 mL). Ao final de cada etapa da
extração, o solvente foi evaporado em rota-evaporador, sendo obtidos os
extratos apolares das amostras LD 17, LD 24 e LD 30.

38
3.1.3 PREPARO DA AMOSTRA PARA ANÁLISE NO GCMS

Em sequência, os extratos foram caracterizados quimicamente por CG/EM,


sendo primeiramente derivatizados com MSTFA (N-Methyl-N-(trimethylsilyl)
trifluoroacetamide), segundo metodologia proposta por Little (1999).
No processo de derivatização, às amostras (3 mg) dos extratos apolares do
lodo foram adicionados MSTFA (0,5 mL) e hexano (0,5 mL) sendo as misturas
mantidas em banho-maria a 60°C por 20 minutos.
Após a derivatização, todas as amostras dos extratos foram imediatamente
injetadas no cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massas por
impacto de elétrons e analisador íon trap (CG-EM-IE-Ion trap), equipamento
Varian 2200.

3.1.4 CONDIÇÕES DO EQUIPAMENTO

Para a realização das análises foi utilizado hélio como gás de arraste, com
fluxo na coluna de 1 mL min-1; temperatura do injetor: 250°C, split 1:100;
colunacapilar (30 m x 0,25 mm) com fase estacionária VF-5ms (5% fenil, 95%
dimetil polisiloxano 0,25 μm). A seguinte programação de temperatura do forno
foi utilizada nas análises: isoterma a 60°C por 1 min, de 60 a 210ºC (taxa de
aquecimento de 15 ºC min-1, isoterma por 4 min), de 210 a 260 ºC (taxa de
aquecimento de 15˚C min-1) e de 260 a 300°C (taxa de aquecimento de 5˚C
min-1, isoterma final por 2,67 min).
No espectrômetro de massas as temperaturas do mainfold, íon trap e da
linha de 39 transferências foram de 60, 190 e 200 ºC, respectivamente. Para a
injeção da amostras foi utilizado injetor automático CP – 8400.

39
Figura 22: Início da extração das Figura 23: Extrator de soxhlet.
amostras.

3.1.5 FT-IR

A espectroscopia no infravermelho com transformada de fourier (ft-ir)


detecta a presença de grupos funcionais bem como a composição química do
lodo das amostras ld 17, ld 24 e ld 30. Os espectros de infravermelho
abrangendo a região de 4000 – 400cm-1 foram obtidos em espectrofotômetro
FTIR, Thermo Nicolet, modelo Nexus 470 na UFRJ.
Os espectros foram obtidos à temperatura ambiente em pastilhas sólidas
de brometo de sódio (NaBr), e foram adquiridos com resolução de 4cm-1 e 32
scans/min.

Figura 24: Análise de FT-IR. Figura 25: Análise de GC/MS.

40
3.1.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA – MEV

A análise morfológica do lodo de esgoto por microscopia eletrônica de


varredura (MEV) foram realizadas nas amostras LD 17, LD 24 e LD 30 na
UEPG, utilizado 0,1 gramas para cada amostra de lodo.
O aspecto estrutural das amostras de lodo de esgoto foi determinado
utilizando-se um microscópio eletrônico de varredura (MEV) de marca Shimadzu
de modelo SSX-550 Superscon nesta universidade.
O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um equipamento que
permite a obtenção de informações estruturais e químicas (MOCELIN, 2007). As
amostras de lodo foram preparadas fazendo uma pastilha capeada de ouro
induzindo a formação de elétrons (Figura 26) para que seja possível a
visualização das estruturas na imagem.
O Nitrogênio líquido é um dos instrumentos utilizados no sistema inserido
no equipamento do MEV (Figura 27) que é acoplado a um computador e ao
Software do qual faz parte do sistema. As atmosferas obtidas com nitrogênio,
puro ou combinado com outros gases, permitem uma maior confiabilidade de
processo, minimização do uso de derivados de petróleo, melhor qualidade do
produto, menor manutenção e menor custo quando comparado com processos
tradicionais.

Figura 26: Capeamento aurífero nas Figura 27: Microscópio Eletrônico de


amostras. Varredura.

41
3.1.7 POROSÍMERO DE MERCÚRIO

A porosidade das amostras de lodo (LD 17, LD 24 e LD 30) foi realizada


pelo equipamento de porosímetro de mercúrio (Figura 28), Modelo Micromeritics
Auto Pore IV, na UEPG. O porosímetro é utilizado para a caracterização de
materiais porosos, fornecendo indicações doa valores de densidade real,
aparente, área superficial total, volume de poros e distribuição de poros de
acordo com o sue tamanho.
O equipamento é constituído basicamente em um tubo onde se coloca a
amostra sob vácuo. Introduz-se no tudo o mercúrio, que entra em contato com a
amostra a uma pressão suficientemente baixa para que não penetre em seus
poros. Em seguida, coloca-se o tubo em uma câmera, submergindo-o em um
óleo, onde se aplica uma pressão progressiva através de um êmbolo. Neste
equipamento é possível medir eletronicamente o volume de mercúrio que
penetrou no material em função da pressão aplicada. Através da conexão do
equipamento a um microcomputador, é possível obter gráficos de volume do
mercúrio em função da pressão aplicada.

Figura 28: Porosímetro de Mercúrio Figura 29: Análise de C-N.

3.1.8 ANÁLISE ELEMENTAR DO LODO (C-N)

As amostras de lodo de esgoto LD 27, LD 24 e LD 30 foram submetidas a


um processo de análise do conteúdo de carbono e nitrogênio, através de um
Analisador Elementar C-N pelo Equipamento Truspec CN, marca Lego (Figura
29), realizado na UEPG.

42
4. PROGRAMAÇÃO COMPUTACIONAL

4.1 LINGUAGEM C E JAVA

De acordo com a necessidade de se ter resultado mais rápido e mais


confiável é a utilização computacional. Dentre as linguagens existentes
separaram-se duas: C e JAVA.
Diante das características do C a linguagem rápida é muito utilizada e
muito importante, pois apresenta muitas bibliotecas, códigos e outros recursos
disponíveis, porém C++ atualmente é mais utilizada. A desvantagem se refere a
uma linguagem que atualmente não permite ter uma produtividade muito alta
comparada às linguagens mais novas como C++ e Java. Além de sua
programação ser mais próxima da linguagem de máquina, traz flexibilidade e
diminui os erros dos valores calculados.
A linguagem JAVA é orientada ao objeto, possui portabilidade, utiliza
recursos das redes de internet, maior segurança, facilidade na
internacionalização dos códigos, simplicidade na especificação, tanto da
linguagem como a do ambiente a ser executado e há também grande
quantidade de bibliotecas.
Após a realização das análises laboratoriais foi aplicado os programas nas
duas plataformas para cálculo do o teor de umidade, cinzas, sólidos voláteis e
carbono fixo.

4.1.1 TABULAÇÃO DE DADOS EM EXCEL

Devido à grande quantidade de dados provenientes dos experimentos, se


fez necessário a utilização do programa Excel da plataforma Microsoft Office,
versão 2007. Este foi utilizado para cálculos simples e para tabulações dos
dados. Os cálculos gerados a partir deste programa são de extrema precisão,
pois neste se utiliza dez casas decimais. Pode ser realizar os cálculos de teor de
umidade, cinzas, sólidos volátil, densidade.

43
4.2.1 PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

As análises estatísticas foram realizadas diante dos valores encontrados


através da metodologia aplicada nas análises físico-químicas de caracterização
da biomassa (umidade, cinzas, sólidos voláteis, carbono fixo) Para estas
características utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com
três repetições e vinte e quatro tratamentos.
Os tratamentos foram dispostos em um esquema de parcela subdividida,
sendo alocados nas parcelas os meses do ano (maio, junho, julho, agosto,
setembro e outubro) e nas subparcelas as semanas (1, 2, 3 e 4).
Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias
comparadas pelo teste t de Student.
Foi utilizado, ainda, o teste t para verificar o nível de significância das
diversas estimativas dos coeficientes de correlação obtidos entre os meses.
Os programas estatísticos utilizados em todas as análises foram os
softwares Assistat 7.6 Beta e BioEstatistic 5.0.
O coeficiente de correlação Pearson (r) analisados pelo programa
BioEstatistic 5.0 varia de -1 a 1. O sinal indica direção positiva ou negativa do
relacionamento e o valor sugere a força da relação entre as variáveis. Uma
correlação perfeita (-1 ou 1) indica que o escore de uma variável pode ser
determinado exatamente ao se saber o escore da outra. No outro oposto, uma
correlação de valor zero indica que não há relação linear entre as variáveis
(ANSCOMBE,1973).

44
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em regiões de climas tropicais e subtropicais, a digestão anaeróbia


apresenta-se como solução econômica e confiável para o tratamento de esgotos
sanitários, mas o processo anaeróbio fornece efluente com constituintes
residuais, como gases dissolvidos, matéria orgânica, sólidos suspensos,
nutrientes (fósforo e nitrogênio) e organismos patogênicos. Desta forma,
efluentes advindos de reator anaeróbio de manta de lodo (reator UASB)
necessitam de um pós-tratamento.
A disposição do lodo de esgoto é um problema comum em várias
comunidades no Brasil e no mundo. O aproveitamento dos lodos de estações de
tratamento de esgotos para uso como material alternativo, inclusive incorporação
em materiais de construção, já é uma realidade em vários países desenvolvidos.
Entretanto, para haver uma utilização ambientalmente segura e consciente do
lodo, faz-se necessário sua caracterização para avaliar se a incorporação trará
ou não prejuízos á nova utilização.
O uso de lodos de estações de tratamento de efluentes como combustível
alternativo na co-geração de energia vem sendo estudado por diversos autores,
porém seu emprego ainda não é bem difundido (DE SENA et al, 2007; SÄNGER
et. al, 2001).
Essa grande massa de produção de lodo vem incentivando nos últimos
anos, a aplicação de tecnologias que visem o reaproveitamento do lodo residual
gerado. Para tanto se faz necessário caracterizá-lo inicialmente a fim de avaliar
suas propriedades físico-químicas e seu comportamento em relação às
variações de concentração de matéria orgânica no efluente tratado e
conseqüentemente na aplicação em processos variados, destacando-se a
pirólise (FONTS et al., 2009; DINIZ, 2005; CORTEZ et. al., 2008; VIEIRA,
(2004a).
Vieira et. al. (2009a) apresenta uma solução a longo prazo para o uso
desse biossólido (Biomassa) como fonte na produção de biocombustíveis. Isso
acontece pela aplicação de processos termoquímicos (Pirólise), transformando
esse resíduo em combustível renovável.

45
Em condições favoráveis, a biomassa pode contribuir de maneira
significativa na produção de energia elétrica e térmica. A aplicação de resíduos
sólidos como biomassa e alternativa como combustível está intimamente ligada
às suas características físicas e químicas e ao seu comportamento frente a
condições de combustão e pirólise (ZHENG, 2000).
Os resultados das amostras dos lodos (LD 13 ao LD 36) serão demonstrados
a seguir a fim de revelar os seus valores nas análises imediatas em gráfico e de
logo após a análise estatística.

1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA

1.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE

A importância de determinar a umidade se deve ao fato da influência que


a água exerce em processos de queima (piro), pois, se presente em teores
elevados, dependerá de um consumo de energia maior, reduzindo o balanço
energético. Isso conduz à necessidade de secagem prévia da biomassa
(BORGES et al., 2008).
A etapa inicial de secagem da amostra de lodo é o estágio onde se gasta
mais energia na pirólise, interferindo diretamente no balanço energético da
mesma.
E que se mostra indispensável, uma vez que a umidade interfere no
deslocamento da amostra em reatores do tipo leito fluidizado ou reatores do tipo
cilindro rotativo, impedindo a passagem da amostra (SÁNCHEZ, 2009; BORGES
et al., 2008).
O teor de umidade influencia consideravelmente no poder calorífico dos
resíduos. Por isso, é necessária uma análise de secagem para a determinação
do teor de umidade no qual se obtém o maior poder calorífico.
Na composição química é possível haver influência na quantidade de
algumas substâncias que possam prejudicar o processo de combustão, a médio
ou longo prazo, danificar equipamentos utilizados na geração de energia e/ou
trazerem prejuízos ambientais.

46
Os resultados do teor de umidade das amostras de lodo encontram-se
entre 5,0740% a 11,2988% (Figura 30) confirmam a necessidade do
procedimento de secagem em forno solar para que a quantidade de água seja
diminuída ao mínimo possível até peso constante, visto que a água interfere no
processo pirolítico. Quanto à influência do clima, a evaporação é mais rápida
quando a temperatura é alta, a umidade do ar é baixa e há vento suficiente.

Umidade
12

10
Porcentagem (%)

0
LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Teor

Figura 30: Teor de umidade das amostras de lodo.

1.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS

A determinação do teor de cinzas do lodo usado como matéria-prima no


processo de pirólise tem como objetivo quantificar a percentagem em massa de
material inorgânico presente nas amostras e indiretamente o teor de matéria
orgânica. Fonts et. al., (2009), afirma que o teor de cinzas é uma variável de
grande importância nos estudos de pirólise de lodo de esgoto, por relacionar-se
ao rendimento dos produtos sólidos, gasosos e líquidos (bioóleo). Em que à
medida que o teor de cinzas do lodo de esgoto aumenta, o rendimento da fração
sólida diminui, em detrimento do aumento no rendimento da fração gasosa. Ele
também revela que a viscosidade dos líquidos de pirólise do lodo de esgoto
tende a diminuir quando o valor de cinzas é aumentado.

47
O elevado teor de cinzas pode estar relacionado à matéria-prima (esgotos
domésticos) rico em minerais associados à presença de areia, silte e argila,
provenientes de águas de lavagem das ruas e de águas de subsolo, que
chegam às galerias de modo indevido ou que se infiltram através das juntas das
tubulações (JORDÃO, 1995).
Segundo Tsutiya (2002), em lodos de esgoto não estabilizados
quimicamente, o teor de cinzas depende das características químicas do esgoto
que o deu origem, estando assim relacionado aos hábitos da população, que
tendem a sofrer variação em diferentes regiões do país e do mundo.
Um alto teor de cinzas no lodo usado como matéria prima na pirólise
favorece o contato entre os metais das cinzas e a matéria orgânica, fazendo com
que reações de desprendimento dos voláteis ocorram em temperaturas mais
baixas, favorecendo assim um aumento no rendimento da fração gasosa
(MOHAN et al., 2006; RAVEENDRAM et al., 1996; FAHMI et al., 2008). O
Gráfico (Figura 31) mostra que os valores de teor de cinzas foi de 28,0119 % a
56,3199%.

Cinzas
50
45
40
35
Porcetagem (%)

30
25
20
15
10
5
0
LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Teor

Figura 31: Teor de cinzas.

A análise do conteúdo de compostos inorgânicos presentes nas amostras


em estudo realizada através dos resultados do teor de cinzas, demonstrou que
ambas apresentam quantidades aproximadas de compostos que não volatilizam

48
a 550°C de acordo com a metodologia utilizada (44,9655% do LD 24) vindo a
fazer parte, ao final da pirólise, da fração sólida (YAMAN, 2004). Outro efeito é a
redução do rendimento em bioóleo, ocasionado pelo craqueamento dos vapores
condensáveis, formadores da fração oleosa, em gases não condensáveis
(FONTS et al., 2009).

1.3 DETERMINAÇÃO DE TEOR DE SÓLIDOS VOLÁTEIS

No tratamento anaeróbio de águas residuárias, os componentes orgânicos


são convertidos em biogás (CH4 e CO2), restando para compor a fração orgânica
dos sólidos voláteis do lodo, a massa bacteriana viva e os sólidos voláteis
suspensos sem atividade biológica, que provêm da floculação de sólidos
orgânicos inertes (não biodegradáveis) no afluente e do decaimento das
bactérias: o resíduo endógeno (VAN HAANDEL & LETTINGA, 1994).
No Gráfico (Figura 32), os valores encontrados nas análises de sólidos
voláteis foram 44,2030% do LD 24 a 59,7515%. Uma maior quantidade de
sólidos voláteis poderia produzir maior rendimento de óleo ou gás em pirólise
(MENÉNDEZ et al., 2005; BORGES et al, 2008). De acordo com os outros
resultados encontrados nesta análise (ver anexo) as médias mensais se
mostram em 53,4850% e 57, 1516%.

Solidos Voláteis
70
60
Porcentagem

50
40
30
20
10
0
LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Voláteis

Figura 32: Gráfico dos teores de sólidos voláteis.

49
Um alto teor de material volátil em lodos usados em processos de pirólise
se mostra interessante por proporcionar a obtenção de um alto rendimento em
bioóleo (FONTS et al., 2009). Pois as substâncias orgânicas que constituem a
fração de sólidos voláteis, sofrem desorção do lodo na primeira etapa da pirólise,
e posteriormente sofrem craqueamento e rearranjo químico, formando novos
compostos químicos que constituirão o bioóleo ao serem condensados (VIEIRA,
2004).
Dentre os compostos orgânicos que podem ser incluídos na fração de
sólidos voláteis e que contribuem para a formação do bioóleo, estão os materiais
lignocelulósicos (lignina, celulose e hemicelulose), que possuem a característica
de volatilizarem entre 200 e 400°C (dentro da faixa de temperatura de análise do
teor de sólidos voláteis) (FREITAS, 2000). Esta composição pode ser certificada
pela análise do MEV do LD 30 a seguir.
Na etapa de tratamento anaeróbio dos efluentes domésticos, a lignina
apresenta-se como o principal obstáculo à digestão microbiana das fibras
(FUKUSHIMA & HATFIELD, 2001). Por isso, acima de 550°C ainda há matéria
orgânica e exerce grande influência sobre a taxa de degradação efetiva da
parede celular dos alimentos fibrosos (FUKUSHIMA & HATFIELD, 2003), o que
contribui para a presença dos mesmos no lodo de esgoto doméstico.
Já Sánchez et al. (2009) realizou um trabalho sobre pirólise de lodo
doméstico anaeróbio sob diferentes temperaturas (350, 450, 550 e 950°C),
utilizando um reator de leito fixo. Nesse trabalho o autor obteve os maiores
rendimentos de fração orgânica (13%) a 450°C, fração sólida (52%) a 350°C,
fração gasosa (32%) a 950°C e fração aquosa (21%) a 550°C.

1.4 DETERMINAÇÃO DE CARBONO FIXO

A proporção entre os componentes voláteis e carbono fixo influencia as


características da queima do combustível pelo fato dos componentes voláteis,
quando aquecidos, difundirem-se do material e queimarem-se rapidamente na
forma gasosa. O carbono fixo queima-se lentamente na fase sólida. Então,

50
quanto menor o teor de matéria volátil e maior o teor de carbono fixo, melhor
será o combustível (MOTA, 2009).

Carbono Fixo
7

5
Porcentagem

0
LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD LD
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Figura 33: Teor de Carbono Fixo

Os valores de carbono fixo ficaram próximos de 5%, com algumas


variações do LD 15 e 36 que ficaram abaixo de 3%. Isso pode ter acontecido
pelo alto teor de voláteis e cinzas presentes na amostra, e devido à natureza do
lodo digerido, enriquecido em substâncias voláteis. Os valores encontrados
aproximam-se dos encontrados na literatura. Thipkhunthod et al., (2006)
encontrou 4,6±1,1 para carbono fixo em amostra de lodo digerido.
O teor de cinzas em conjunto com o teor de carbono fixo influencia no
rendimento dos produtos sólidos da pirólise, formados por carvão, cinzas e
matéria orgânica não degradada (FONTS et al., 2009; YAMAN, 2004).

1.5 DETERMINAÇÃO DE DENSIDADE

As análises de densidade foram feitas nas amostras de lodo do LD13 ao


LD 36. Pode-se afirmar que quanto mais densas forem as partículas, maior
dificuldade na quebrá-las em processo de pirólise. Se maior a quantidade de
orgânicos presentes na amostra menor será a densidade que é certificada pelo
lodo LD 34 sendo 1,6260 %.

51
Logo os valores encontrados nesse estudo sugerem menor presença de
matéria carbonácea, que também pode ser comprovado na quantificação de
sólidos voláteis. Os resultados de densidade encontrados também dão subsídios
na quantificação do volume em massa de lodo gerado na ETE.

Densidade
2
2
Porcentagem (%)

1
1
1
1
1 Série1
0
0
0
LD 25
LD 13
LD 14
LD 15
LD 16
LD 17
LD 18
LD 19
LD 20
LD 21
LD 22
LD 23
LD 24

LD 26
LD 27
LD 28
LD 29
LD 30
LD 31
LD 32
LD 33
LD 34
LD 35
LD 36
Densidade

Figura 34: Determinação de Densidade.

1.6 PODER CALORÍFICO

O poder calorífico de um combustível é definido como a quantidade de


calor liberada pela combustão completa do combustível, por unidade de massa
(kcal/kg) ou de volume (kcal/m³) nas condições normais de temperatura e
pressão (CNTP). Para uma boa combustão, o combustível deve possuir baixos
teores de umidade e cinzas, elevado teor de carbono fixo e de material volátil,
além de alto PCS (RIBEIRO, 2002).
O cálculo do PCS (Poder Calorífico Superior) sintetiza o poder calorífico do
combustível fornecendo dados de quanto calor pode ser gerado por esta
biomassa (SENA, 2005). Ou seja, definido como a quantidade de calor
desprendido pela combustão completa de uma unidade de volume ou massa do
combustível (VLASSOV, 2001).

52
A energia liberada num processo de combustão normalmente é
quantificada pelo poder calorífico de um combustível, definido como a
quantidade de calor desprendido pela combustão completa de uma unidade de
volume ou massa do combustível. De acordo com De Sena (2005), para um bom
rendimento térmico na combustão, o combustível deve possuir uma elevada
quantidade de carbono fixo e materiais voláteis, além de alto poder calorífico.
Quanto maior o teor de carbono e hidrogênio, melhor será a eficiência
combustão na liberação de energia.
Shen e Zhang, (2004), estudaram um lodo que forneceu um poder
calorífico inicial de 20,90 kJ/g, e após a pirólise foi de 33,00 kJ/g e Inguanzo et
al., (2001) verificaram que o lodo analisado apresentava poder calorífico de 16,6
kJ/g.
Comparando-se o poder calorífico do óleo pirolítico com o do lodo de
esgoto seco e pulverizado (6,6 kJ/g), verifica-se que o processo de pirólise traz
grande melhoria energética do produto.
Na
Tabela 2 pode-se observar que análises realizadas na UFRN das amostras
do LD 17, LD 24 e LD30 obtiveram-se valores similares ao supracitado,
principalmente em relação ao LD 24.

Tabela 2: Poder Calorífico Superior do Lodo.


Amostra Quantidade (MJ/Kg)
LD 17 22,2
LD 24 21,1
LD 30 19,7

É a propriedade mais importante de um combustível. Pode ser definida


como a quantidade de energia liberada pelo combustível no ato da queima de
uma determinada unidade de massa do mesmo.

53
2. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

2.1 ANÁLISE DE VARIÂNCIA

A análise de variância (Tabela 3) apresentou efeito significativo entre


as análises imediatas e para a interação meses (maio, junho, julho, agosto,
setembro e outubro) x semanas (1, 2, 3 e 4). A interação sendo significativa
indica que os efeitos isolados dos fatores meses e semanas não explicam toda a
variação encontrada, assim, foram realizados os desdobramentos. O efeito
significativo das análises para todas as amostras demonstram a existência de
variabilidade exceto para os sólidos voláteis. Os coeficientes de variação (CV)
variaram de baixos a médio para as características estudadas, indicando a boa
precisão do experimento.

Tabela 3: Resumo da análise de variância a de quatro das amostras de Lodo da


ETE Vila União avaliadas em seis meses, em Palmas Tocantins.
QM
Carbono
FV GL Umidade Cinzas Voláteis
Fixo
Meses 5 0,881* 0.483* 0,196* 5,386*
Resíduo a 12 0.069 0.030 0,036 0,692
Parcela
Semana 3 0,263 NS 0,129 NS 0,058 NS 3,771*
NS
MesesxSemana 15 0,259* 0,264* 0,163 1,326*
Resíduo b 36 0,109 0,101 0,091 0,453
Média 6,754 32,012 56,100 4,945
CV (%)a 10,262 3.036 2.576 17,227
CV (%)b 12,893 5.525 4.077 13.948
%U: Teor de Umidade (%); %C: Teor de cinzas (%); %V: Teor de Sólidos
Voláteis; % CF: Teor de Carbono Fixo; ns: não significativo; * significativo a 5%
de probabilidade pelo teste F.

A tabela 4 mostra a interação dos meses com a semana em relação ao teor


de umidade.

54
Tabela 4: Teor médio de Umidade (%) de 4 semanas em relação aos meses de
coleta de lodo LD 13 ao LD 16).
Semanas
Meses MEDIA
1ª 2ª 3ª 4ª
Maio 9,55 aA 8,40 aA 8,93 abA 8,71 aA 8,82 A
Junho 6,70 aA 5,23 aA 5,68 bA 4,90 bB 5,45 C
Julho 5,88 aA 5,50 aA 5,79 bA 6,42 aA 5,84 BC
Agosto 6,17 aA 6,16 aA 5,82 bA 5,53 aA 5,99 BC
Setembro 5,44 aA 6,26 aA 6,69 abA 6,44 aA 6,35 BC
outubro 7,28 aAB 5,02 aB 10,48 aA 8,81 aAB 8,05 AB
MEDIA 6,84 a 6,09 a 7,23 a 6,80 a
Medias seguida por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não
diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste t.

Observa-se que a primeira e a segunda semana não tem diferença


significativa entre si. Também a terceira semana o mês de maio e setembro são
iguais. O mês de junho, julho e agosto são iguais e este dois grupos possuem
diferença significativa. Na quarta semana do mês de junho, é diferente
estatisticamente dos outros meses.
Portanto nos meses de maio, junho, julho, agosto e setembro não há
diferença significativa. No mês de junho apenas a semana 4 é diferente. No mês
de outubro, apenas a semana 1 e a 4 são iguais e a 2 e 3 semanas são diferente
devido a transição da estação, pois onde começa as chuvas.
A tabela 5 mostra a interação dos meses com a semana em relação ao teor
de cinzas.

Tabela 5: Teor médio de Cinzas (%) de 4 semanas em relação aso meses de


coleta de lodo (LD 13 a LD 16).
Semanas
Meses MEDIA
1ª 2ª 3ª 4ª
Maio 29,21 bA 28,83 bA 31,18 aA 28,86 cA 29,04 C
Junho 30,50 bA 31,95 abA 36,42 aA 32,04 bcA 32,00 B
31,79
Julho 33,08 abAB 32,18 aB 44,96 aA 32,63 A
aAB
34,70 36,02
Agosto 29,05 bA 30,04 aA 32,32 AB
abA abcA
30,11 38,17
Setembro 35,54 abA 34,42 aA 34,98 AB
abA abA
31,53
outubro 30,63 bB 39,41 aA 30,01 aB 31,08 B
bcAB
Média 31,31 a 32,98 a 32,37 a 35,26 a

55
Medias seguida por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não
diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste t.

Observa-se que na primeira semana do mês de maio, junho e outubro


não se diferem entre si. Agosto e setembro são iguais e apenas julho é diferente
estatisticamente. Na segunda semana, junho, julho e setembro são iguais.
Enquanto maio e agosto são iguais e outubro se difere dos demais. Na terceira
semana nenhum dos meses se diferem. Na semana 4 os meses de junho e
outubro são iguais. E os outros meses se diferem dos demais.
No Mês de maio, junho, agosto e setembro não há diferença significativa.
No mês de julho a semana 1 e a semana 2 são iguais e as outras são diferentes.
No mês de outubro a semana 1 e a semana 3 são iguais, sendo as semanas 2
e 4 diferentes significativamente.
No mês de outubro há interferência na umidade em que o efluente sofre
maior diluição devido ao início das chuvas.
A tabela 6 mostra a interação dos meses com a semana em relação ao teor
de sólidos voláteis.

Tabela 6: Teor médio de Sólidos Voláteis (%) de 4 semanas em relação aos


meses de coleta de lodo (LD 13 a LD 16).
Semanas
Meses MEDIA
1ª 2ª 3ª 4ª
Maio 56,12 57,28 57,03 57,26 57,15 A
57,08
Junho 57,26 56,89 53,20 58,47
AB
Julho 56,54 55,36 57,17 44,30 55,95 C
Agosto 53,65 59,75 58,79 52,36 56,22 B
53,48
Setembro 57,76 52,89 54,07 51,26
BC
56,70
Outubro 57,91 51,76 56,17 57,22
AB
MEDIA 56,54 a 55,65 a 56,07 a 53,48 a
Medias seguida por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não
diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste t.

Observa-se que as amostras coletadas das semanas 1, 2 3 e 4 não se


diferente estatisticamente entre si. Já nos meses de junho e outubro se

56
identificam estatisticamente, pois são meses de transição hídrica, índice
pluviométrico de acordo a sazonalidade do município de Palmas.
A tabela 7 mostra a interação dos meses com a semana em relação ao teor
de carbono fixo.

Tabela 7: Teor médio de Carbono Fixo (%) de 4 semanas em relação ao meses


de coleta de lodo (LD 13 a LD 16).
Semanas
Meses MEDIA
1ª 2ª 3ª 4ª
Maio 5,10 aA 5,47 abA 2,84 dB 5,21 abA 5,15 A
Junho 5,50 aAB 5,66 abA 4,30 abB 4,57 bAB 5,03 A
Julho 5,51 aBAB 6,06 aA 4,96 aAB 4,69 bB 5,23 A
5,52
Agosto 5, 54 aBAB 5,02 bcB 6,00 aA 5,53 A
abAB
Setembro 5,52 aA 5,23 abA 4,64 bcB 4,06 bB 4,94 A
3,68
outubro 4,12 bA 3,83 cAB 2,90 cB 3,75 B
cdAB
MEDIA 5,21 a 5,21 a 4,32 b 4,57 b
Medias seguida por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não
diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste t.

Observa-se que na primeira semana, os meses de maio, junho e setembro


são iguais, assim como julho e agosto entre si. Enquanto que outubro é diferente
dos demais. Na segunda semana os meses de maio, junho e setembro são
iguais. E os outros meses se diferem entre si. Na terceira semana os meses de
junho e agosto são iguais estatisticamente. Enquanto os demais são diferentes
entre si. Na quarta semana, junho, julho e setembro são iguais, enquanto os
demais se diferem entre si.
No mês de maio a terceira semana é a única com diferença estatística. Já
no mês de junho, a semana 1 e a 4 são iguais enquanto os demais se diferem
entre si. No mês de julho a semana 1 e 3 são iguais estatisticamente, enquanto
os demais se diferem entre si., assim com o mês de agosto No mês de
setembro, a semana 1 e 2 são iguais e a 3 e a 4 semanas são iguais entre si. No
mês de outubro a semana 2 e 3 são iguais enquanto os demais se diferem entre
si.

57
2.2 CORRELAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS

Por meio do programa Bio Estat 5.0 foram relacionados os 6 meses (maio
a outubro) das amostras d de lodo (LD 13 ao LD 36) com os parâmetros de
umidade, cinzas, sólidos voláteis, carbono fixo e densidade.

2.3 Correlações entre os parâmetros r (Pearson)

O coeficiente de correlação de Pearson não tem esse nome por acaso. É


comum atribuir exclusivamente a Karl Pearson o desenvolvimento dessa
estatística, no entanto, como bem lembrou Stanton (2001), a origem desse
coeficiente remonta o trabalho conjunto de Karl Pearson e Francis Galton
(Stanton, 2001: 01). Garson (2009) afirma que correlação “é uma medida de
associação bivariada (força) do grau de relacionamento entre duas variáveis”.
Para Moore (2007), “A correlação mensura a direção e o grau da relação linear
entre duas variáveis quantitativas” (Moore, 2007: 100/101), ou seja, o coeficiente
de correlação de Pearson (r) é uma medida de associação linear entre variáveis.
Em termos estatísticos, duas variáveis se associam quando elas guardam
semelhanças na distribuição dos seus escores. Mais precisamente, elas podem
se associar a partir da distribuição das freqüências ou pelo compartilhamento de
variância. No caso da correlação de Pearson (r) vale esse último parâmetro, ou
seja, ele é uma medida da variância compartilhada entre duas variáveis. Na
tabela abaixo se pode observar a correlação entre os meses e os parâmetros
analisados.

Tabela 8: Correlação entre os parâmetros


Correlação (r) entre os parâmetros
1 2 3 4 5
1 - 0.2997 -0.7057 -0.4615 0.4560
2 -0.8662 -0.0868 0.2338
3 0.1386 -0.2866
4 -0.7432
5 -
1 – umidade; 2 - Sólidos voláteis; 3 – Cinzas; 4 - Carbono fixo; 5 – Densidade.
R > 0,7 = valor alto = Teste “t” não-significativa.

58
Pode-se dizer que quanto mais perto o valor da correlação perto do ‘1’ a
correlação é positiva e forte (tende do fraco para o forte). Contudo a medida que
se aproxima do ‘-1’ a correlação é consideradas negativa e forte (tende do fraco
para o forte).
Observa-se que quando aumenta o teor de cinzas, reduz o teor de umidade
concomitantemente e vice-versa. Para todas as combinações quando um reduz
o valor a outra aumenta, sendo assim uma correlação alta e negativa.

3. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

De acordo as análises dos metais pesados a amostra LD 32 foram


encontradas Cobre = 151,7 mg/kg, Ferro = 42138,7 mg/kg, Manganês = 62,4
mg/kg, Zinco total = 741,3 mg/kg. Na amostra LD 35 detectou-se a presença de
Cobre = 157,5 mg/kg, Ferro = 64164,3 mg/kg, Manganês = 62,6 mg/kg, Níquel
Total = 30,0 mg/kg, Zinco total = 855,2 mg/kg. Por fim na amostra LD 36 ocorreu
Cobre = 167,0 mg/kg, Ferro = 57070,4 mg/kg, Manganês = 66,5 mg/kg, Zinco
total = 885,9 mg/kg
Contudo, na presença de metais alcalinos ocorre primariamente a
fragmentação dos monômeros, preferencialmente a despolimerização, e a
desidratação forma hidroxiacetaldeído (glicolaldeído) em vez de carvão vegetal e
água, se a remoção ou condensação dos produtos de reação for suficientemente
rápida (RADLEIN et al., 1991, SCOTT et al., 2001). Os outros cátions
apresentaram aumento do rendimento de levoglucosan, sendo que a troca com
o Fe+2 gerou o maior rendimento.

3.1 EXTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

As amostras LD 17, LD 24 e LD 30 foram submetidas a extração sólido-


líquido em triplicata como mostram a Tabela 10, 11 e 12 a fim de identificar os
principais compostos químicos através dos cromatogramas de íons totais do GC-
MS de acordo com a metodologia citado na página 42. Nesses cromatogramas
podem ser observados vários picos em diferentes concentrações e tempos de

59
retenção. Os fragmentogramas (cromotogramas) de cada composto podem ser
observados nas Figuras 36, 39 e 42.
A presença dos compostos identificados pode estar relacionada às
características intrínsecas de um lodo gerado como resultado do tratamento de
um esgoto essencialmente doméstico, composto principalmente de lipídeos,
proteínas e carboidratos provenientes dos alimentos. Somando-se a estes, há a
contribuição dada pelo resíduo endógeno de bactérias anaeróbias formadoras
do lodo, uma importante fonte de aminoácidos, que após processo de
desnaturação, liberam aminas (MOCELIN, 2007; CHAGAS, 2000; LEAL, 2010).
Os compostos aromáticos e os éteres encontrados no lodo estão
associados à presença de substâncias húmicas, resultado do processo de
decomposição da matéria orgânica, sendo em geral divididas em: ácidos
fúlvicos, formados por anéis aromáticos com um grande número de cadeias
laterais, possuem oxigênio na forma de grupos funcionais (COOH, OH e C=O),
ácidos húmicos, compostos químicos de alto peso molecular, que podem formar
ligações de hidrogênio, contém oxigênio como componente estrutural (éter e
acoplamentos de éster), e humina, fração pobremente definida, insolúvel em
ácidos devido à firmeza da sua ligação a fração mineral (STEVENSON, 1994;
SCHNITZER, 1999; LEAL, 2010).
Ainda segundo Stevenson (1994) e Schnitzer (1999), os ácidos
carboxílicos benzênicos identificados nas amostras de lodo estão associados à
fração de ácidos fúlvicos formados no processo de decomposição da matéria
orgânica, na qual se incluem a lignina e os ácidos graxos de baixo peso
molecular.

Tabela 9: Triplicata da extração do lodo com hexano da amostra LD 17


Repetições Rendimento do extrato (% m/m)
1 5,28
2 6,73
3 7,40
Média 6,47

60
3.1.1 Composição Química do FTIR e GCMS

A identificação por espectroscopia do infravermelho (FT-IR) dos grupos


funcionais presentes no lodo doméstico anaeróbio pode ser observado no
espectro da Figura 35. As bandas de absorção observadas na região entre
3.695–3.346 cm-1 mostram as vibrações de deformação axial de O-H que
absorvem na região entre 3.700–3200 cm -1. Vibrações de deformação axial de
O-H livres de álcoois e/ou fenóis, isto é, que não participam de ligações de
hidrogênio absorve na região entre 3.650 e 3.584 cm -1. Vibrações de
deformação axial de O-H resultante de ligações diméricas podem estar
relacionadas com a presença de dímeros de ácido carboxílicos ligados por
ligações de hidrogênio. E por fim, as vibrações de deformação axial de N-H
podem estar relacionadas a aminas primárias, pois absorvem na região entre
3.500 e 3.400 cm-1 e estas bandas correspondem ao modo de deformação axial
assimétrica do N-H livre.

Figura 35: Espectro do FT-IR da amostra de lodo LD 17.

No cromatograma de íons totais da amostra de lodo LD 17 foram


identificadas as substâncias: 1-pentadecamina,n,n-dimetil, 1-octadacamina,n,n-
dimetil, 1-hexadecamina,n,n-dimetil, ácido benzeno-1,2-dióico,mono(2-etilhexil)
éster, colestane, 3-(etiltio)-,(3-beta,5-alfa), colestan-3-ol, (3-beta,5-beta),
colestan-3-one (5-beta), estigmastanol, pregnane-3,20-dione,17,21[[(1,1-
dimetiletil)borylene]bis(oxi)]-5-(beta), 1-octadecamine,n-(2-metoxipropil)-n-metil e
dimetildioctadecilamonio brometo como mostra a Figura 36

61
Figura 36: Cromatograma de íons totais do extrato apolar da amostra de lodo
LD 17.

As estruturas dos compostos presentes no extrato do lodo foram obtidas


com base em comparação com tempo de retenção de padrões encontrados na
biblioteca Library Search Spectrum do Plot Chromatograms and Spectra através
da identificação dos picos encontrados no fragmentograma.

62
Figura 37: colestan-3-ol, (3-beta,5-beta), substância identificada no tempo de
retenção 49,784 min.

Dentre os grupos de compostos orgânicos presentes nas amostras estão:


aminas, ácidos carboxílicos, ésteres e colesterol. O espectro de massa do
composto ácido benzeno-1,2-dióico-mono (2-etilhexil) éster apresenta um
padrão definido para composto aromático, como pode ser observado no Quadro
1 com o tempo de retenção de 43,9 min.
O extrato apolar, obtido a partir da extração com hexano, foram
encontrados um valor percentual médio em massa igual a 6,47%, com coloração
intensa.
Na espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR)
a absorção na região entre 2.925 - 2.851 cm-1 referente às vibrações de
deformação axial de C-H, metileno (CH2), C-H terciário associado à deformação
assimétrica e simétrica que pode estar relacionado a C-H alifático. Na absorção
na região de 2.360 cm-1 ocorre a deformação axial de ligações triplas e duplas
acumuladas R−C≡N o que pode ser atribuída à presença de nitrila ou alquinos.
Na absorção em 1.657 cm-1 provocado pela deformação axial de carbonila C=O
pode estar associada às funções cetona, aldeído, ácido carboxílico ou éster,
mas também pode ser associado à deformação angular de N-H de amida
primárias e deformação angular assimétrica de CH3, deformação axial de

63
alquenos cis-dissubstituídos. Já a absorção em torno de 1.548 cm -1 pode ser
atribuída a vibrações de núcleo aromático, isonitrilas e compostos
tiocarbonilados.
A absorção na região de 1.452 cm-1 pode ser atribuída à deformação
angular simétrica no plano de CH2, deformação axial assimétrica e simétrica de
NO2. Na absorção 1.102 – vibrações de deformação axial de C-O característica
de alcoóis e fenóis, mas pode, também, ser atribuída a éteres alifáticos e
vibrações de deformação axial de ésteres. Na região de absorção de 1.033cm -1
podem ocorrer vibrações de deformação axial simétrica de éteres C-O. Na
região de absorção 913 cm-1, deformação axial da ligação C=C fora do plano
RCH=CH2 e C-H pode ser atribuído a presença de alcenos primários e,
finalmente, a região de absorção 808 cm -1, deformação axial da ligação C=C
fora do plano R2C=CH2 e C-H pode ser atribuído a presença de alcenos com
carbono terciário.
A deformação axial da ligação C-H de CH2 e CH3 de alifáticos foram
observadas por VIEIRA (2004). LEAL (2010) relatou sobre bandas de absorção
referente à presença de carbonila de ácidos graxos na região de absorção de
1.552 cm-1 com vibração de núcleo aromático, bandas 1.103 cm-1 com
deformação axial de ésteres CO e bandas de 1.034 cm-1 com deformação axial
de éteres C-O.
No Quadro 1 apresenta os resultados das estruturas encontradas na
amostra do lodo pela análise de CG/EM. No extrato do lodo foram identificados
11 compostos químicos e destes revela a presença de grupos cíclicos como
mostram os picos 4, 5, 6, 7, 8 e 9 com tempos de retenções 43,9; 46,8; 49,7;
50,0; 51,7 e 52,2; respectivamente.

64
Quadro 1: Relação FT-IR e CG/EM da amostra LD 17
FT-IR GCMS
Fragment
Tempo de o
Deformaç Ordem Pico
Banda Retenção Fórmula Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados Caracterís
ão do Pico Base
(mim) tico Íon
(m/z)

1 58 29,7 C17H37N Amina N 1-pentadecamina,n,n-dimetil 255


axial de
3.527 ligações 2 58 36,0 C20H43N Amina N 1-octadacamina,n,n-dimetil 297
N-H de
NH2 3 58 38,7 C18H39N Amina 1-hexadecamina,n,n-dimetil 269
N

O OH
Axial de Acido O
ácido benzeno-1,2-
1.103 ésteres C- 4 149 43,9 C16H22O carboxílico 278
O dióico,mono(2-etilhexil) éster
O e ésteres

65
FT-IR GCMS
Fragment
Tempo de o
Deformaç Ordem Pico
Banda Retenção Fórmula Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados Caracterís
ão do Pico Base
(mim) tico Íon
(m/z)

Esterol
colestane, 3-(etiltio)-,(3-
_____ _____ 5 43 46,8 C29H52S com 432
beta,5-alfa)
enxofre

3.621, axial de
3.527 e ligações
6 43 49,7 C27H48O Colesterol colestan-3-ol, (3-beta,5-beta) 388
3.446 O-H livre

HO

66
FT-IR GCMS
Fragment
Tempo de o
Deformaç Ordem Pico
Banda Retenção Fórmula Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados Caracterís
ão do Pico Base
(mim) tico Íon
(m/z)

Axial de
1.662 ligações 7 43 50,0 C27H46O Colesterol colestan-3-one (5-beta) 386
C=O

3.621, axial de
3.527 e ligações
8 233 51,7 C29H52O Colesterol estigmastanol 416
3.446 O-H livre

HO

67
FT-IR GCMS
Fragment
Tempo de o
Deformaç Ordem Pico
Banda Retenção Fórmula Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados Caracterís
ão do Pico Base
(mim) tico Íon
(m/z)
pregnane-3,20-
O
O B dione,17,21[[(1,1-

O dimetiletil)borylene]bis(oxi)]-5-
C25H39B 414
_____ _____ 9 52,2 (beta)
O4
246
HO

axial de
1-octadecamine,n-(2-
ligações C23H49N Amina
54,2 N
O
3.527 10 O metoxipropil)-n-metil 355
N-H de
296
NH2

dimetildioctadecilamonio
axial de N Br brometo
ligações C38H80Br
3.527 11 57,9 Amina 629
N-H de N
NH2
296

68
3.2 EXTRAÇÃO DA AMOSTRA LD 24

Na Tabela 10 podemos observar os valores das extrações realizadas com


a amostra LD 24, seguidas de sua caracterização no Quadro 02 que relacionam o
FT-IR e o CG/EM.

Tabela 10: Triplicata da extração sólido-líquido da amostra de lodo LD 24.


Repetições Rendimento do extrato (% m/m)
1 6,54
2 6,32
3 6,23
Média 6,36

3.2.1 Composição FTIR e GCMS

Os espectros de FT-IR mostraram as bandas de absorção 3.621, 3.527 e


3.446 relativas a deformação axial de ligações O-H livre, resultante de ligações
diméricas e associações poliméricas, respectivamente. 3.527 deformação axial de
ligações N-H de NH2 associados a aminas primárias, aminas alifáticas e
aromáticas.

Figura 38: Espectro do FT-IR da amostra de lodo LD 24.

Para obter as estruturas dos compostos presentes no extrato do lodo foi


feita com base na comparação com tempo de retenção de padrões na literatura,

69
biblioteca Library Search Spectrum do Plot Chromatograms and Spectra, através
da identificação dos picos.
O espectro de massa do composto ácido benzeno-1,2-dióico, mono (2-
etilhexil) éster apresenta um padrão definido para composto aromático. O íon
molecular observado no espectro de massa do composto ácido benzeno-1,2-
dióico, mono (2-etilhexil) éster (estrutura h) é m/z 149, onde apresenta o pico do
íon molecular com alta intensidade, característico de um composto aromático.

Figura 39: Cromatograma de íons totais do extrato apolar da amostra de lodo LD


24.

70
Figura 40: colestan-3-ol, (3-beta,5-beta), substância identificada no tempo de
retenção 49,698 min.

A identificação por espectrometria do infravermelho (FT-IR) dos grupos


funcionais presentes no lodo doméstico anaeróbio, proveniente de reator UASB,
foi realizada em uma amostra livre de óxido de cálcio, e pode-se observar no
espectro do LD 24 nas bandas de absorção na região entre 3.621, 3.527 e 3.446
cm-1 relativas a deformação axial de ligações O-H livre, resultante de ligações
diméricas e associações poliméricas, respectivamente, 3.527 deformação axial de
ligações N-H de NH2 associados a aminas primárias, aminas alifáticas e
aromáticas; 2.922 e 2.852 deformação axial da ligação C-H de CH2 e CH3 de
alifáticos; 1.662 deformação axial de ligações C=O (ácido graxo, cetona ou éster);
1.552 vibrações de núcleo aromático; 1.103 deformação axial de ésteres C-O;
1.034 deformação axial de éteres C-O.
Estas bandas foram encontradas para análise por FT-IR por LEAL, (2010),
e VIEIRA, (2004), que relatou as bandas de absorção 3542 cm –1 relativas
deformação axial da ligação N-H de amida. 3061, 3026 cm–1 deformação axial da
ligação C-H de olefinas. 2927 – 2858 cm–1 deformação axial da ligação C-H do
grupamento CH2,CH3.
O pico mais significativo de ordem 6 com tempo de retenção de 49.698
mim que revela a função álcool em sua estrutura.

71
Quadro 2: Relação FT-IR e CG/MS da amostra de lodo LD 24.
FT-IR CG/EM
Ord
Tempo de Fragmento
Deformaçã em Pico Fórmula Estrutural
Banda Retenção Fórmula Função Compostos Detectados Característico
o do Base Química
(mim) Íon (m/z)
Pico
axial de
N
3.527 ligações N- 1 58 36,028 C20H43N Amina 1-octadecanamine, N,N-dimethyl 297
H de NH2

S S
S S
___ ____ Enxofre
2 64 38,775 S8 S S Cyclic octaatomic sulfuroso 256
Inorgânico
S S
3.621, axial de
HO
3.527 e ligações O- 3 45 43,876 C16H34O Álcool 2- Hexadecanol 242
3.446 H livre
O

Axial de O
1.103 4 O
1,2-Benzenedicarboxylic acid,
ésteres C-O 149 43,910 C24H38O4 Cetona, éster 390
diisooctyl ester
O

3.621, axial de 2,2,4-trimethyl-3-(3,8,12,16-


HO
3.527 e ligações O- 5 tetramethyl-heptadeca-3,7,11,15-
69 46,812 C30H52O Álcool 428
3.446 H livre tetra

72
FT-IR CG/EM
Ord
Tempo de Fragmento
Deformaçã em Pico Fórmula Estrutural
Banda Retenção Fórmula Função Compostos Detectados Característico
o do Base Química
(mim) Íon (m/z)
Pico

3.621, axial de
3.527 e ligações O- 6
43 49,698 C27H48O Álcool Cholestan-3-ol, (3.beta.,5.beta) 388
3.446 H livre
HO

Axial de
1.662 ligações 7
43 50,058 C27H46O cetona Cholestan-3-one, (5.beta.)
C=O 386
O

8
43 50,127 C27H48O Álcool
Cholestan-3-ol 388
3.621, axial de HO

3.527 e ligações O-
3.446 H livre
9
233 51,656 C29H52O Álcool stigmastanol
416
HO

73
FT-IR CG/EM
Ord
Tempo de Fragmento
Deformaçã em Pico Fórmula Estrutural
Banda Retenção Fórmula Função Compostos Detectados Característico
o do Base Química
(mim) Íon (m/z)
Pico

10
43 52,102 C29H50O Álcool Beta-sitosterol 414
HO

11
233 52,205 C29H52O Álcool stigmastanol 416

HO

12 Dimethyldioctadecylammonium
58 54,163 C38H80BrN Haleto orgânico 629
bromide
axial de
Br

3.527 ligações N-
H de NH2
N

13 Dimethyldioctadecylammonium
64 57,821 C38H80BrN Haleto orgânico 629
bromide
Br

74
3.3 EXTRAÇÃO DA AMOSTRA DE LODO LD 30

Tabela 11: Triplicata da extração da amostra de lodo LD 30.


Repetições Rendimento do extrato (% m/m)
1 7,21
2 6,79
3 5,24
Média 6,41

3.3.1 Composição FT-IR e CG/MS

As bandas de absorção na região entre 3.695 – 3.346 cm-1 estão


relacionadas com vibrações de deformação axial de O-H que absorvem na região
entre 3.700 – 3200 cm-1, vibrações de deformação axial de O-H livres de álcoois
e/ou fenóis, isto é, que não participam de ligações de hidrogênio e absorvem na
região entre 3.650 e 3.584 cm-1, vibrações de deformação axial de O-H resultante
de ligações diméricas que podem estar relacionadas com a presença de dímeros
de ácido carboxílicos ligados por ligações de hidrogêneio, vibrações de
deformação axial de N-H que pode estar relacionada a aminas primária, pois
absorvem na região entre 3.500 e 3.400 cm -1, estas bandas correspondem ao
modo de deformação axial assimétrica do N-H livre.

Figura 41: Espectro do FT-IR da amostra de lodo LD 30.

75
A absorção na região entre 2.925 - 2.851 cm-1 referente as vibrações de
deformação axial de C-H, metileno (CH2), C-H terciário associado à deformação
assimétrica e simétrica que pode estar relacionado a C-H alifático.
Na banda 2.360 cm-1 Deformação axial de ligações triplas e duplas
acumuladas R−C≡N o que pode ser atribuída a presença de nitrila ou alquinos.
A absorção em 1.651 cm-1 provocado pela deformação axial de carbonila
C=O que pode estar associada às funções cetona, aldeído, ácido carboxílico ou
éster, mas também pode ser associado à deformação angular de N-H de amida
primárias e deformação angular assimétrica de CH3, deformação axial de
alquenos cis-dis-substituídos.
Já a absorção em torno de 1.548 cm-1 pode ser atribuída a vibrações de
núcleo aromático, isonitrilas e compostos tiocarbonilados.
Absorção na região de 1.452 cm-1 pode ser atribuída a deformação angular
simétrica no plano de CH2, deformação axial assimétrica e simétrica de NO2.
Na banda1.102 – vibrações de deformação axial de C-O característica de
alcoóis e fenóis, mas pode, também, ser atribuída a éteres alifáticos e vibrações
de deformação axial de ésteres.
Na banda 1.033 – vibrações de deformação axial simétrica de éteres C-O.
Em 913 – Deformação axial da ligação C=C fora do plano RCH=CH2 e C-H
atribuído a presença de alcenos primários e 808 - Deformação axial da ligação
C=C fora do plano R2C=CH2 e C-H atribuído a presença de alcenos com carbono
terciário.

76
Figura 42: Cromatograma de íons totais do extrato apolar da amostra de lodo LD
30.

Figura 43: colestan-3-ol, (3-beta,5-beta), substância identificada no tempo de


retenção 49,698 min.

As principais famílias de compostos químicos encontrados na fase orgânica


são: hidrocarbonetos alifáticos, aromáticos, poliaromáticos; compostos alifáticos
contendo oxigênio, nitrogênio; compostos aromáticos contendo oxigênio,

77
nitrogênio; esteróides; compostos contendo halogênio e enxofre. Os compostos
aromáticos contendo nitrogênio podem vir das frações protéicas do lodo de
esgoto. O aumento dos compostos contendo halogênios pode ser esperado do
material inorgânico nas cinzas contendo elementos halogênios (FONTS, 2009).
Um alto conteúdo de hidrocarbonetos alifáticos e esteróides pode ser
interessante para uso dos líquidos da pirólise em aplicação como combustível
(FONTS, 2009).

78
Quadro 3: Relação FT-IR e CG/MS da amostra do lodo LD 30
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
deform Amina
N
Cl
3.5 ação
00 axial
C21H46 stearyltrimethylammoni
e assimé 1 58 36.063 58
CIN um chloride
3.4 trica do
00 N-H
livre

S S
__ S S
____ 2 64 38.810 S8 Enxofre Cyclic octaatomic sulfur 256/64/58
_ S S
inorgânico
S S
O

deform Éster
O
1.1 ação 14 C24H38 O benzenedicarboxylic acid,
3 43. 945 167 / 57
03 axial 9 04 diisooctyl ester
O
de
ésteres

79
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
C-O
axial
2.9 da
22 ligação Hidrocarbon
e C-H de 37 eto
4 46.864 C27H46 H cholest-3-ene, (5.beta) 370
2.8 CH2 e 0
52 CH3 de
alifátic
os

axial Hidrocarbon
2.9 37
da 5 47.139 C27H46 eto cholest-3-ene, (5.beta) 370,4
22 0
ligação
e
C-H de H
2.8
CH2 e
52
CH3 de
alifátic 6 43 47.397 C27H46 Hidrocarbon cholest-3-ene, (5.beta) 370/43
os eto

80
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
deform
ação
O
1.6 axial C33H56 Éster
7 43 47.878 O dehydrocholesterol isocaproate 43/81/274
62 de 02
ligaçõe
s C=O
deform
3.7 ação
00 axial Álcool
C27H48
e de O-H 8 43 49.698 Cholestan-3-ol, (5 beta.) 388/55
0 HO
32 livres
00 de
álcoois
deform
ação
1.6 axial C27H46 Cetona
9 43 50.059 Cholestan-3-one, (5 beta.) 386/81/55
62 de 0
O
ligaçõe
s C=O

81
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
deform
3.7 ação Álcool
00 axial
21 C27H48
e de O-H 10 50.127 cholestanol 388
5 0
32 livres HO

00 de
álcoois
deform
ação
1.6 axial 23 C27H46 Cetona
11 50.488 Cholestan-3-one 386/55
62 de 1 0 O
ligaçõe
s C=O
deform
3.7
ação
00
axial 21 C28H50 Álcool
e 12 50.728 ergostanol 387,4
de O-H 5 O
32
livres HO
00
de

82
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
álcoois
deform
3.7 ação Álcool
00 axial
C27H48 ergostanol-8(14)-em-3-ol,
e de O-H 13 43 51.003 HO
414,4/43
O (3.beta.)-
32 livres
00 de
álcoois
deform
ação Cetona
1.6 axial 12 C27H44
14 51.329 cholest-4-em-3-one 229/124
62 de 4 O O

ligaçõe
s C=O
3.7 deform
00 ação
23 C29H52
e axial 15 51.656 Álcool stigmastanol 416/43
3 O
32 de O-H
00 livres HO

83
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
de
álcoois
axial O
O B
da
O
2.9 ligação Cetona
pregnane-3,20-dione, 17,21
22 C-H de
24 C25H39 (((1,1
e CH2 e 16 52.137 414/43
6 BO4 Dimethylethyl)borylene)bis(oxy))-
2.8 CH3 O
, (5.beta.)-
52 de
alifátic
os
deform Álcool, éter O

ação e cetona
1.6 axial C22H34 HO Pregan-20-one, 2 hydroxy-5,6-
17 43 53.150 265/43/999
62 de O3 epoxy-15methyl-
O
ligaçõe
s C=O

84
FT-IR CG/EM
Pi
Fragmento
Ba Ordem co Tempo de
Defor Fórm Característi
nd do B Retenção Função Fórmula Estrutural Química Compostos Detectados
mação ula co
a Pico as (mim)
Íon (m/z)
e
deform
3.5 ação Haleto N

00 axial
29 C38H80 dimethyldioctadecylammlnium
e assimé 18 54.198 296/58
6 BrN bromide
3.4 trica do
Br
00 N-H
livre
deform
3.5 ação Haleto N

00 axial
29 C38H80 dimethyldioctadecylammlnium
e assimé 19 57.839 296/58
6 BrN bromide
3.4 trica do
Br
00 N-H
livre
.

85
3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA - MEV

O feixe fino de elétrons de alta energia incide na superfície da amostra


onde, ocorrendo uma interação, parte do feixe é refletida e coletada por um
detector que converte este sinal na imagem de elétrons retroespalhados - ou
nesta interação a amostra emite elétrons produzindo a chamada imagem de ES
(elétrons secundários). Ocorre também a emissão de raios-X que fornece a
composição química elementar de um ponto ou região da superfície,
possibilitando a identificação de praticamente qualquer elemento presente
(MOCELIN, 2007).
Nas imagens amostra do LD 17 são visualizadas estruturas cristalinas
associadas à presença de metais (Figura 44 e Figura 45).

Figura 44: Estrutura do LD 17 - 50x. Figura 45: Estrutura do LD 17 - 500x.

Figura 46: Espectro de MEV do LD 17.

86
Como pode ser observado na Tabela 12, a amostra de lodo utilizada para
este experimento possui uma grande intensidade de oxigênio na sua composição
química. Além disso, percebe-se a presença de metais pesados como zinco e
ferro. Pode-se dizer que o material é composto por muitas partículas cristalinas,
que podem ser tanto um aglomerado de partículas menores como serem
partículas amorfas. Em geral, o material apresenta-se com partículas de formas
indefinidas e com poros com os mais variados tamanhos devido à composição
heterogênea (MOCELIN, 2007).

Tabela 12: Intensidade e peso dos elementos químicos encontrado no LD 17


Elemento Intensidade Peso %
O 9,72900 34,954
Al 4,36200 3,826
Si 4,67100 4,299
P 1,51300 1,999
Si 2,89800 5,007
Ca 0,87500 1,614
Fe 1,35500 7,791
Zn 0,18100 0,404
Br 4,25800 12,147
Au 10,49900 27,959
Total - 100,000

Na imagem de MEV da amostra do lodo LD 24 mostrou pouca presença de


poros no sólido. É possível observar a presença de partículas heterogêneas com
formato, espessuras e tamanhos distintos, além de estrutura cristalina que podem
indicar a presença de metais na amostra, o que é esperado haja vista que há uma
tendência de concentrar materiais inorgânicos na fração sólida (SILVA, 2009).

87
Figura 47: Estrutura do LD 24 -50x. Figura 48: Estrutura do LD 24 - 240x.

No LD 24 o lodo é higroscópico - facilidade de absorver água devido a


presença de alguns materiais adquire umidade rapidamente. A sílica e o sulfato
são usados como desumidificantes em embalagens de artigos e em ambientes
que requerem proteção a contra a umidade.

Figura 49: Espectro de MEV do LD 24.

Tabela 13: : Intensidade e peso dos elementos químicos encontrado no LD 24.


Elemento Intensidade Peso %
O 10,04400 39,20300
Al 5,02800 4,92600
Si 5,17000 5,45700
P 0,87300 1,31000
Si 2,57100 4,88700

88
Elemento Intensidade Peso %
Ca 0,99100 2,02600
Fe 1,15200 7,58900
Zn 0,07300 0,18000
Br 4,77500 13,58000
Au 6,76600 20,84200
Total 100,00

Figura 50: Estrutura do LD 30 - 100x. Figura 51: Estrutura do LD 30 - 240x.

Foram encontradas estruturas fibrosas devido ao tratamento da ETE, mais


especificamente no reator não ter realizado a digestão anaeróbia de forma total e
porque o efluente proveniente de descargas domésticas.
Nas imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com
magnitude de 240x, relativa à amostra do LD 30, são observadas estruturas
fibrosas relacionada a presença de biomassa vegetal composta por lignina,
celulose e hemicelulose.

89
Figura 52: Espectro de MEV do LD 30.

A caracterização morfológica do lodo do reator UASB, realizada por meio


da microscopia eletrônica de varredura (MEV), indicou que o comportamento do
pH, acidez e alcalinidade não influenciaram negativamente no processo
microbiológico (RUIPLEY et al.,1986).

Tabela 14: Intensidade e peso dos elementos químicos encontrado no LD 30.


Elemento Intensidade Peso %
O 9,31500 52,01700
Al 2,76600 4,85500
Si 4,51400 8,20600
P 0,36600 0,95000
Si 2,32500 7,04200
Ca 0,69000 2,38700
Fe 0,89300 11,00100
Zn 0,00000 0,00000
Br 1,44600 7,98400
Au 0,98400 5,55800

90
Com a identificação dos elementos químicos é possível prevê a aplicação
do lodo no solo e na obtenção de produtos como bio-óleo, carvão e gases através
da pirólise com forte potencial energético na utilização de combustível.

3.5 POROSIDADE

A área específica e a porosidade são geralmente determinadas a partir do


equilíbrio de adsorção de um gás ou vapor em condições isotérmicas. Através da
isotérmica de adsorção-desorção é possível determinar a área específica, volume
poroso e distribuição de tamanho de mesoporos. A macroporosidade e
mesoporosidade são determinadas, usando um porosímetro de mercúrio. A
caracterização de microporosidade é bem mais complexa e recorre-se a diversas
técnicas complementares, tais como a calorimetria de imersão e microscopia
electrônica (Papirer & Guyon et. al., 1978).
Embora a capacidade de adsorção dependa da estrutura porosa e do
volume poroso, existem outros fatores que condicionam a adsorção. Devido ao
caráter hidrofóbico os carvões ativados adsorvem seletivamente moléculas não
polares, em vez de polares (BARROS, 2001).
Nos gráficos abaixo (Figura 53, Figura 54 e Figura 55) pode-se perceber
que quanto maior a pressão é exercida no lodo das amostras no porosímetro de
mercúrio os poros vão diminuindo, pois quando o mercúrio entra nos poros, estes
ficam todos preenchidos devido a alta pressão exercida nas amostras.

91
Diâmetro do Poro x Tempo (nm)
450000
400000
350000
300000
250000
200000 Pore Diameter (nm)
150000
100000
50000
0
0 20 40 60 80

Figura 53: Diâmetro x Tempo da amostra LD 17.

Diâmetro do Poro x Tempo (nm)


450000
400000
350000
300000
250000
200000 Pore Diameter (nm)
150000
100000
50000
0
0 10 20 30 40 50

Figura 54: Diâmetro do Poro x Tempo da amostra LD 24.

92
Diâmetro x Tempo (nm)
450000
400000
350000
300000
250000
200000 Pore Diameter (nm)
150000
100000
50000
0
0 2 4 6 8 10

Figura 55: Diâmetro do Poro x Tempo da amostra LD 30.

3.6 ANÁLISE ELEMENTAR

Os valores dos teores (%) de carbono e nitrogênio elementar encontrados


no lodo sanitário podem ser observados na Tabela 15.

Tabela 15: Relação C/N.


Descrição da amostra Nitrogênio (%) Carbono (%)
LD-17 4,1506 33,4
LD-24 3,4590 29,7
LD-30 3,5823 29,0

A partir dos dados da análise elementar é possível calcular a razão C/N,


que é uma das formas mais utilizadas para inferir o grau de humificação. Quanto
menor a razão C/N maior o grau de humificação (NICOLARDOT et al., 2001).
De um modo geral, os ácidos húmicos extraídos do lodo de esgoto
apresentam altos teores de nitrogênio e enxofre, devido a decomposição de
proteínas e surfactantes contendo enxofre (SANTOS, 2006).
A razão C/N pode ser utilizada ainda para inferir o grau de estabilização da
matéria orgânica, do ponto de vista ao ataque microbiano (FERNANDES, 2000).
No geral, espera-se que o lodo de esgoto apresente alta concentração de
carbono em sua composição, principalmente devido à matéria orgânica presente
93
no esgoto doméstico e dá origem ao mesmo (VAN HAANDEL & LETTINGA,
1994). Entretanto devido ao baixo teor de volátil detectado na amostra do LD 24 e
que está relacionado ao conteúdo de matéria orgânica, é de se esperar também
uma baixa percentagem de carbono.
A presença de nitrogênio no lodo está associada aos resíduos de proteínas
e peptídeos dos microrganismos mortos que constituem o lodo de esgoto
(MOCELIN, 2007), as a mostras de lodo LD, 24 e LD 30 apresentaram valores um
teor de nitrogênio abaixo do encontrado por Gascó et al., (2005) (3,85 %), como
também por Gascó et al., (2007) (3,89%) em lodos domésticos digeridos
anaerobicamente. Os valores encontrados pelo LD 24 e LD 30 foram 3,4590% e
3,5823% respectivamente. Já o LD 17 apresentou valor maior em relação ao
encontrados pelo autor supracitado, sendo este 4,1506%.
O valor encontrado para o teor de nitrogênio no lodo sanitário, de 4,40 por
cento, se assemelhou muito com o encontrado por Büttelbrun (2004), que foi de
4,58 como também por Malta (2001), que ressalta que a concentração de
nitrogênio está na faixa de 0,5 a 7,6 por cento em relação à massa total para
lodos sanitários gerados a partir de digestão aeróbica. Apesar de ser baixo, o teor
de nitrogênio merece atenção uma vez que pode interferir competindo com o
carbono durante a queima do combustível e formar compostos nitrogenados
oxidados. A análise elementar é o método mais usado para a determinação da
composição elementar das substâncias húmicas, se baseia na detecção de quatro
componentes (nitrogênio, carbono, hidrogênio e enxofre) de uma mistura, eluída e
separada por uma coluna cromatográfica e detectada por um detector, na
seqüência N2, CO2, H2O e SO2. Com os dados da análise elementar não é
possível se chegar a fórmula molecular dos ácidos húmicos ou ácidos fúlvicos,
mas é possível ter uma noção da composição geral da molécula (SANTOS,
2006).
A composição das substâncias húmicas é afetada por diversos fatores,
como pH, material de origem, vegetação e uso do solo. Assim, solos neutros
apresentam uma faixa estreita de valores para carbono, hidrogênio e nitrogênio,
enquanto que solos ácidos apresentam uma faixa mais larga. Os ácidos fúlvicos
são mais ricos em oxigênio e enxofre, enquanto que os ácidos húmicos são mais
concentrados em carbono, hidrogênio e nitrogênio (SENESI et. al.,1999).

94
CONCLUSÃO

 Quanto às características físico-químicas do lodo, o teor de sólidos voláteis


não apresentou diferença significativa. Já as características de cinzas, umidade e
carbono fixo apresentaram significativa ao nível de 5%;
 Quanto às características químicas foi encontrada nas análises de metais
pesados, uma quantidade considerável de ferro, também encontradas nas
análises do MEV, baseada nas estruturas cristalinas e morfológicas do lodo. Nas
análises de FT-IR e GC/MS os espectros revelam a composição química
formados por grupos de compostos orgânicos e aromáticos indicando presença
de aminas, ésteres e colesterol;
 Os valores de cinzas, sólidos voláteis, carbono fixo, umidade oferecem
subsídios para as frações formadas durante o processo termoquímico,
principalmente devido os resultados (%) do teor de sólidos voláteis que revela
rendimento interessante para o bio-óleo e outros resultados que interagem. Nos
desdobramentos (tabelas de interação) da análise de variância foi detectada a
variabilidade nas diferentes amostras destas características justificada
principalmente pela influência de transição da sazolinalidade e do pelo perfil do
município em estudo;
 As características físico-químicas se relacionam duas a duas de acordo
com o a correlação de Pearson. Sendo assim quando a quantidade de umidade
diminui, aumenta o valor das cinzas e vive-versa, como ocorre também com as
outras correlacionam, tendo uma correlação alta e negativa;
 A biomassa residual pode ser aproveitada como fonte de energia para
processo termoquímico, tendo potencial de produzir biocombustíveis e produtos
mais limpos; aproveitando um resíduo que seria descartado trazendo benefícios
ambientais, sociais e econômicos;
 O lodo de esgoto doméstico contém diversas substâncias que se
relacionam com o modo do tratamento realizado nas estações e com o estilo
econômico da cidade. É de fundamental importância o conhecimento da biomassa
estudada quanto às características físico-químicas e químicas, pois interfere no
processo de pirólise, uma alternativa de produção de energia não-convencional.

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106
ANEXOS

107
ANEXO A – Tabela de coleta das amostras do lodo de esgoto da ETE Vila União.

108
ANEXO B – Pesagem das amostras do lodo de esgoto da ETE Vila União à peso
constante

Triagem Ledbio - UFT


Código Peso úmido Peso seco Porcentagem
LD 13 9,7680 1,1620 88,10%
LD 14 10,5840 1,3360 87,38%
LD 15 10,0340 1,2520 87,52%
LD 16 10,2940 1,1980 88,36%
LD 17 10,7560 1,4760 86,28%
LD 18 10,4440 1,4240 86,37%
LD 19 10,5600 1,5600 85,23%
LD 20 10,4180 1,4020 86,54%
LD 21 10,8900 1,4680 86,52%
LD 22 10,6180 1,5140 85,74%
LD 23 10,1320 1,5200 85,00%
LD 24 10,4780 1,7520 83,28%
LD 25 10,9370 1,8160 83,40%
LD 26 10,5680 1,7840 83,12%
LD 27 10,1340 1, 3470 86,71%
LD 28 10,1260 0,9100 91,01%
LD 29 10,1000 0,5940 94,12%
LD 30 11,8660 1,0040 91,54%
LD 31 10,4620 1,4380 86,26%
LD 32 8,0840 1,3160 83,72%
LD 33 8,1160 2,6120 67,82%
LD 34 8,7020 1,4700 83,11%
LD 35 11,1460 1,1420 89,75%
LD 36 10,2640 0,7020 93,16%

109
ANEXO C – Tabela de das amostras analisadas do lodo de esgoto da ETE Vila União (características físico-químicas)

110
ANEXO D – Análises de metais pesados por Técnica EDX.
D.1 – Amostra LD 14.

111
112
113
D.2 – Amostra LD15.

114
115
116
D.3 – Amostra LD 16.

117
118
119
ANEXO E- Espectros de GCMS do lodo de esgoto da ETE Vila União.
E.1 – Espectro do LD 17

Pico 1

120
Pico 2

Pico 3

121
Pico 4

Pico 5

122
Pico 6

Pico 7

123
Pico 8

Pico 9

124
Pico 10

Pico 11

125
E.2 – Espectro do LD 24

Pico 1

126
Pico 2

Pico 3

127
Pico 4

Pico 5

128
Pico 6

Pico 7

129
Pico 8

Pico 9

130
Pico 10

Pico 11

131
Pico 12

Pico 13

132
E.3 – Espectro do LD 30.

Pico 1

133
Pico 2

Pico 3

134
Pico 4

Pico 5

135
Pico 6

Pico 7

136
Pico 8

Pico 9

137
Pico 10

Pico 11

138
Pico 12

Pico 13

139
Pico 14

Pico 15

140
Pico 16

Pico 17

141
Pico 18

Pico 19

142

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