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Objetivos

O objetivo-mor do presente experimento consiste em, utilizando


montagens de alguns circuitos que contenham diodos, analisar o
comportamento, as características e as aplicações mais comuns do diodo de
junção de silício.

Material Utilizado

 Diodo 1N4148;
 Resistores de 220  , 470  , 1K  , 2,2K  , 4,7K  , 10K  , 47K  ,
100K  e 470K  ;
 Capacitores;
 Multímetro digital;
 Osciloscópio;
 Gerador de sinal alternado;
 Fonte DC;
 Diodos LED’s (Vermelho, Amarelo, Verde e Transparente).

Resumo Teórico

O diodo é o mais simples dispositivo eletrônico semicondutor existente e


sua aplicabilidade é ampla na área de eletrônica. O termo “diodo” está
relacionado ao fato deste dispositivo apresentar dois eletrodos (DI – dois e
ODO – eletrodo).
Um diodo é um dispositivo constituído por uma junção de dois materiais
semicondutores, um do tipo n e o outro do tipo p, ou de um material
semicondutor e de um metal, sendo usualmente representado pela figura
abaixo. Aos terminais A e K dão-se respectivamente os nomes de ânodo e
cátodo.

Este dispositivo permite a passagem de corrente, com facilidade, num


sentido, e oferece uma grande resistência à sua passagem no sentido
contrário. Assim, quando o ânodo estiver a um potencial positivo em relação ao
cátodo, o diodo conduz e a corrente terá o sentido (convencional) indicado pela
seta. Nestas condições diz-se que o diodo está diretamente polarizado.
Quando o ânodo estiver a um potencial negativo em relação ao cátodo, o diodo
não conduz e a corrente, que teria o sentido contrário ao da seta, não é
autorizada a passar. Nestas condições diz-se que o diodo está inversamente
polarizado.
Sendo assim, considerando um comportamento ideal para este
dispositivo, temos a seguinte curva característica que expressa graficamente a
situação descrita no parágrafo anterior:

Laboratório de Dispositivos Eletrônicos – Período 2008.2 – 1º Experimento 1


Para o diodo real, o comportamento do mesmo se configura de outra
forma. Nesta situação, quando o mesmo encontra-se diretamente polarizado
comporta-se da mesma forma de um ideal. No entanto, quando inversamente
polarizado o diodo não mais impede a passagem de corrente de forma total
tornando-se um curto, neste caso é possível à passagem de uma corrente em
uma minúscula escala onde se tem também uma pequena queda de tensão.

Podemos aproximar o valor da corrente I partindo da seguinte equação:

 V

I  Is. e n .Vt
 1
 

Neste cálculo se faz presente um parâmetro Is, trata-se da Corrente de


Saturação Reversa ou Corrente de Escala e é função das dimensões da junção
e de sua estrutura física, mas principalmente da temperatura à qual está
exposto o dispositivo. Esta condição é de grande relevância, tal que, para
cálculo da tensão e corrente no diodo real temos a presença de uma constante
denominada tensão térmica (VT) que é dada por:

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k .T
Vt  , onde k é a constante de Batzman: 1,38 x 10 -23.
q
J/K
T é a temperatura absoluta em Kelvin

q é a carga elétrica do elétron: 1,602 x 10 -19 C


Podemos encontrar  e Is de forma experimental, basta realizarmos
duas medições de I e V no diodo e aplicarmos na seguinte equação:

V D 2  V D1
n
I 
Vt.Ln D 2 
 I D1 

Experimentos

1º Experimento: Estudo da Curva Característica do Diodo a Semicondutor

Utilizando um ohmímetro e com um diodo de sinal (identificação


1N4148), identificamos os terminais do mesmo: o cátodo e o ânodo. Isso foi
possível devido ao fato de que, para um valor de resistência muito alta, temos o
diodo reversamente polarizado; logo, o anodo é o terminal conectado ao
negativo do ohmímetro e o catodo, o terminal conectado ao positivo do
ohmímetro. O contrário acontece para valores muito pequenos da resistência.
Utilizando uma fonte de tensão de 10V, resistores com os valores especificados
na lista de materiais utilizados, um diodo a semicondutor e um voltímetro,
montou-se o circuito abaixo a fim de se verificar a curva característica do diodo.

Figura 1

Após montado o circuito, utilizando os diversos resistores, mediu-se a


tensão sobre o diodo, obtendo a TABELA 1, dada abaixo. Ainda na Tabela 1,
são apresentados os valores dos resistores pelo código de cores e, abaixo o
valor medido com o ohmímetro. Para a obtenção do valor da I D, utilizamos a
V V
expressão I D  DC D .
R
TABELA 1
R(Ω) 220Ω 470Ω 1kΩ 2,2kΩ 4,7kΩ 10kΩ 47kΩ 100kΩ 470kΩ
R Med (Ω) 218,8 467,8 979 2213 4645 11880 46850 100100 480400
Vd(V) 0,800 0,761 0,703 0,660 0,620 0,580 0,505 0,471 0,393
Id(mA) 41,800 19,650 9,290 4,240 1,990 0,940 0,200 0,095 0,002

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Utilizando o software LabFit, obteve-se a curva ID versus VD, que é
denominada curva característica do diodo. Analisando tal gráfico pode-se
observar que pequenas variações de tensão sobre o diodo implicam em
grandes variações de corrente. Para justificar este evento, pode-se recorrer à
equação do diodo, que apresenta características exponenciais. O gráfico
abaixo representa a equação
VD
VT (1)
ID  ISe
(1). Equação Característica do Diodo

Figura 2: Curva Característica do Diodo

Supondo VT = 26mV, pode-se obter o valor de  e de Is, duas medidas


da Tabela 1, por exemplo, (VD1 = 0,800 ; ID1= 0,0418) e (VD2 = 0,580, ID2 =
0,000940) e as equações abaixo:

VD 2  VD1
 VD
 I D 2  (2)
VT Ln  I S  I D e VT (3)
 I D1 
Substituindo nas equações (2) e (3), obtêm-se, experimentalmente:
 = 2,2 Is = 3,53E-8
Ao término deste experimento, inverte-se a polaridade do diodo no
mesmo circuito e, utilizando o voltímetro, verifica-se a tensão sobre o mesmo,

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obtendo-se um valor VD=10,09V, o que era esperado, pois o diodo
reversamente polarizado se comporta, idealmente, como um circuito aberto e,
portanto, toda a tensão da fonte é vista sob seus terminais.

2º Experimento: Comparador e Portas Lógicas

Com dois diodos, um resistor de 10k  , uma fonte de tensão regulada


de 5V e um voltímetro, foi montou o circuito abaixo:

Figura 3

Sabendo-se, previamente, que os valores V1 e V2 apenas poderiam


assumir os valores 0V ou 5V, fixamos a fonte DC em 5V, que representa para
nós, o “1” lógico, e o aterramento que é atribuído ao valor lógico “0” e variamos
tais valores com todas as combinações possíveis. Ao aplicarmos estes valores
de tensão nas entradas V1 e V2, verificamos a resposta do circuito na saída Vo.
Tais dados são apresentados na tabela abaixo:

TABELA 2
V1 (V) V2(V) V01(V)
0 0 0,530
0 5 4,473V
5 0 4,323 V
5 5 4,323 V

Analisando-se os dados obtidos, podemos ver que o circuito compõe a


função de uma porta-lógica OR, pois sempre que aplicarmos, em pelo menos
uma das entradas, o valor lógico “1”, temos uma saída verdadeira (“1”). Vale
salientar que a resposta do circuito é um valor aproximado de 0V/5V , uma vez
que os diodos são reais, é preciso considerar as quedas de tensão nos
mesmos.

Repetiu-se o procedimento para o circuito abaixo e obteve-se a Tabela 3


a seguir:

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Figura 4

TABELA 3

V1 V2 Vo1
0 0 0,516 V
0 5V 0,547 V
5V 0 0,548 V
5V 5V 4,976 V

Ao verificar a resposta do circuito, vemos que se trata de um circuito que


implementa uma porta lógica AND, ou seja, a saída é verdadeira apenas
quando ambas as entradas são verdadeiras (nível lógico alto – 5V). Verificamos
que os valores giram em torno do esperado idealmente, mais uma vez é
preciso considerar as tensões sobre os terminais do diodo.

3º Experimento: Retificadores de Tensão

Fazendo o uso de um gerador de sinais, um resistor de 1k  , um


capacitor, um transformador e alguns diodos, foram montados 3 circuitos que
serão mostrados e comentados em seguida.

Circuito 1: Retificador de Meia-Onda

Figura 5

As curvas de tensão na fonte e no resistor aparecem na Figura 6 logo


em seguida. Foi observado que, pela presença do diodo, quando a fonte está
no sentido reverso, polarizando o diodo reversamente, faz com que o valor da
tensão no resistor seja nulo.

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Figura 6

Ainda através do gráfico da Figura 6 pode-se observar que o valor de


pico da tensão fornecida pela fonte é um pouco maior que a tensão no resistor.
Esta divergência é justificada pelo fato de que o diodo utilizado é um diodo real,
causando uma queda de tensão adicional, que deverá ser somada a tensão no
resistor. Pelas Lei de Kirchoff das Malhas tal tensão resultará na tensão da
fonte.

Modificando a forma de onda de entrada para a forma triangular e


quadrada, observou-se que a saída apresenta as mesmas características que a
anterior. Copia a tensão positiva da fonte, com uma pequena redução do valor
de pico e no semi-ciclo negativo, a tensão é nula. Segue o gráfico:

Figura 7

Circuito 2: Conversor AC/DC

Figura 8

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O elemento responsável pela conversão é o capacitor. No primeiro semi-
ciclo positivo da tensão da fonte o capacitor carrega-se com a tensão de pico
(não idealmente, devido à queda de tensão no diodo, conforme explicado
anteriormente). Após este meio ciclo, o capacitor não poderá mais se
descarregar e permanecerá com a tensão DC igual à tensão de pico. Isso se
dá devido à presença do diodo que se encontra reversamente polarizado. A
seguir o gráfico que mostra está relação entre tensão de entrada e a tensão
nos terminais do capacitor.

Figura 9

O primeiro semi-ciclo da tensão é onde o capacitor está se carregando.


Consequentemente, copiando esta tensão na saída, para, a partir de então,
permanecer com esta tensão constante.

Como mostrado, o funcionamento do circuito é o mesmo para as demais


formas de onda, bem como a onda quadrada, como mostra a Figura 10 abaixo.

Figura 10

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Circuito 3: Retificador Onda Completa

Figura 11

Este circuito mantêm a tensão de entrada no semi-ciclo positivo e


inverte-a durante o semi-ciclo negativo, ou seja, retifica toda a tensão de
entrada. Isto ocorre devido à ponte de diodos que impõem que a corrente no
resistor seja sempre no mesmo sentido, independente da polarização na
entrada.

4º Experimento: Grampeador (Deslocador de Nível)

Utilizando o gerador de sinais (f =1kHz e Vp =10V), um capacitor e um


diodo, montou-se o circuito a seguir:

Figura 12

O circuito acima descrito é chamado Grampeador ou Deslocador de


Nível, e é capaz de acrescentar um nível DC ao sinal alternado da entrada. A
forma de onda vista na saída é explicada pelo fato que uma vez que após o
semiciclo de carregamento do capacitor, o mesmo não mais se descarregará.
Sendo assim, haverá apenas um nível DC na saída para a onda aplicada na
entrada, obtendo-se, então, um sinal sob os terminais dos diodos com uma
amplitude quase duas vezes maior que amplitude de entrada, pois é preciso
considerar a queda de tensão por se tratar de um diodo real.

Laboratório de Dispositivos Eletrônicos – Período 2008.2 – 1º Experimento 9


Figura 13

Ao invertemos o diodo, a única diferença na resposta do circuito é que


obteremos uma onda totalmente negativa, com amplitude quase -2Vp,
conforme ilustrado na Figura 14.

Figura 14

5º Experimento: Multiplicadores de Tensão

Uma onda senoidal 1kHz e 10Vp foi aplicada a todos os circuitos


montados nesta fase do experimento.

Circuito 1: Dobrador de tensão de meia onda

Tal circuito é utilizado para retificar a onda senoidal posta na entrada e


também para dobrar o valor de pico. Observamos que no primeiro semiciclo
negativo, o primeiro capacitor é carregado com Vp, no próximo semiciclo
negativo o segundo capacitor é carregado com a tensão da fonte somada à
tensão da fonte. Foi verificado que para este circuito a tensão de saída foi de
aproximadamente 17,93V.

Figura 15 – a Figura 15 - b

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Circuito 2: Dobrador de onda completa

No circuito mostrado na Figura 16, cada capacitor carrega em um


semiciclo com um valor constante(C1 no semiciclo positivo e C2 no negativo).
Assim, obtivemos Vo= 17,95V.

Figura 16

Circuito 3: Triplicador de tensão

Feito a partir do duplicador de tensão, temos que o circuito triplicador de


tensão, já possui o capacitor C2 carregado com 2Vp, no semiciclo negativo D3
está diretamente polarizado e carrega com 2Vp. Como vimos anteriormente C1
está carregado com Vp. Assim VDC deve estar carregado com 3Vp. Obtivemos
Vo= 17,93V e como tensão de saída: VDC = 28,60V.

Figura 17

Teoricamente era esperada Vo= 20V e VDC = 30V, dado que o sinal de
entrada possui um valor de pico de 10V. No entanto, deve-se considerar as
quedas de tensão nos 2 diodos presentes, causando essa pequena diferença
nos valores esperados.

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6º Experimento: LED (Light Emitting Diode) – Diodos Emissores de Luz

Representação desta classe de diodos semicondutores:

Este tipo de diodo apresenta uma característica a qual justifica o seu


nome: a eletroluminescência. A luz emitida por eles consiste em uma fração do
espectro que é produzida durante o movimento dos elétrons que se encontram
na camada de condução. Saltando para camadas mais externas, os elétrons
liberam energia luminosa, onde o comprimento dessa onda luminosa (que
caracteriza a cor) depende do cristal e da impureza de dopagem apresentada
pelo componente.
Os LED’s, quando submetidos a tensões reversas significativas, são
certamente danificados. Eles suportam, no máximo, e ainda com riscos de
dano, uma tensão reversa de 5V.
São vantajosos, comercialmente, em relação a possíveis substitutos,
uma vez que são mais duráveis não sofrem efeito Joule e ainda consomem
uma quantia muito baixa de energia para funcionar.

Utilizando LED’s nas cores amarelo, verde e vermelho, um resistor de


470  , uma fonte de tensão de 5V e o gerador de sinais montamos o circuito
deste experimento.

Figura 18

Este experimento foi realizado em duas partes. Primeiramente,


montamos o circuito da Figura 18 e, usando um voltímetro, medimos os valores
da tensão sobre cada um dos LED’s das diferentes cores citadas acima, as
quais são mostradas na Tabela 4.

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Cor do LED Tensão sob seus terminais (V)
Vermelho 1,803
Amarelo 1,923
Verde 2,011
Transparente 1 1,980
Transparente 2 2,852

TABELA 4

Em seguida, substituímos a fonte DC por uma fonte ma forma de onda


quadrada com Vp=5V e freqüência de 5Hz. Foi possível observar que o LED
pisca com a mesma freqüência da fonte.

Considerações Finais

Depois de analisar os resultados obtidos, podemos perceber que o


experimento foi realizado com sucesso e de forma correta, pois os erros
comparando-se o valor teórico com o medido foram aceitáveis e dentro do
previsto.
No experimento de medição dos valores para a formação da curva
características os valores medidos encontramos entre as faixas de tolerância
mínima e máxima do próprio diodo. Possivelmente esse erro ocorreu devido ao
material do próprio diodo ou do multímetro, pois este foi medido corretamente
várias vezes.
Nas medições de tensão, obtivemos exatidão e precisão nas medidas da
rede de alimentação. Na sua grande maioria os erros encontram dentro do
esperado.
A leitura é feita com pouca precisão devido ao fato de utilizarmos um
instrumento de medida analógico (multímetro analógico) e os erros são
inevitáveis, mesmo tomando os devidos cuidados. No entanto, podemos dizer
que também o experimento foi realizado com sucesso e as variações foram
toleráveis e dentro do previsto.

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