You are on page 1of 3

18/10/2018 O velho (novo) paradigma faz 61 anos | Observatório da Imprensa

Quinta-feira, 18 de Outubro de 2018 ISSN 1519-7670 - Ano 19 - nº1009

Observatório Seções OI na TV Vídeos OI OI no Rádio Blogs OI Serviços Envie seu artigo

   

 

Busca avançada
Edição nº 1009 Edição nº 1008 Edição nº 1007 Edição nº 1006 Edição nº 1005 Anteriores >>
Pesquisa personaliza

IMPRENSA EM QUESTÃO >

O velho (novo) paradigma faz 61 anos


Por Venício A. de Lima em 25/03/2008 na edição 478

Tweetar Curtir 0
0 comentários

Março é o mês de aniversário do famoso relatório da Hutchins Commission – ‘Uma imprensa livre
e responsável’ (A free and responsible press) – publicado em 1947, nos EUA. A Comissão, formada
por 13 personalidades do mundo acadêmico e empresarial, nanciada pelo grupo Time Life e
pela Enciclopédia Britânica, foi presidida pelo então reitor da Universidade de Chicago, Robert M.
Hutchins. Criada em 1942, no correr da Segunda Guerra Mundial, antecipando as mudanças que
estavam por vir e respondendo a uma onda crescente de críticas à atuação da mídia, a Comissão
Curadoria de Notícias
tinha como objetivo principal de nir quais eram as funções da mídia na sociedade moderna.
Objeto de muitas críticas ao longo dos seus 61 anos, o relatório da Hutchins Commission deu A imprensa precisa fazer autocrítica
origem à chamada teoria da responsabilidade social da mídia. piauí

Às vezes, estamos procurando um calmante, um


Responsabilidade social Rivotril da vida, e acabamos tomando, sem querer,
uma dose do jornalismo diário brasileiro. Se o
A responsabilidade social (RS) não é um conceito novo e sua origem está associada à loso a primeiro tranquiliza e dá sono, o segundo causa algo
utilitarista que surge na Inglaterra e nos Estados Unidos no século 19, de certa forma derivada desastroso para o cotidiano: confunde, desorienta.
das idéias de Jeremy Bentham e John Stuart Mill. Saiba mais

Nos anos pós-Segunda Grande Guerra, a RS se constituiu como um modelo a ser aplicado às
Abraji registra mais de 130 casos de
empresas em geral – e às empresas jornalísticas norte-americanas, em particular – e começou a
violência contra jornalistas em contexto
ser introduzida por meio de códigos de auto-regulação estabelecidos para o comportamento de
político-eleitoral
jornalistas e de setores como rádio e televisão. Esse modelo está ligado diretamente à defesa da
liberdade, inclusive à liberdade de imprensa e ao desenvolvimento do capitalismo e dos direitos Abraji

civis. Casos de agressões a pro ssionais da comunicação


em contexto político, partidário e eleitoral já somam
A RS se baseia na crença individualista de que qualquer um que goze de liberdade tem certas 137 ao longo de 2018, conforme levantamento da
Abraji. Foram 75 ataques por meios digitais (com 64
obrigações para com a sociedade – daí seu caráter normativo. Na sua aplicação à mídia, é uma
pro ssionais afetados) e outros 62 casos físicos (com
evolução de outra teoria da imprensa – a libertária – que não se preocupava em garantir um uxo 60 atingidos). Saiba mais
de informação em nome do interesse público. A RS aceita que a mídia deve servir ao sistema
econômico e buscar a obtenção do lucro, mas subordina essas funções à promoção do processo
democrático e ao esclarecimento do público (‘o público tem o direito de saber’). Os riscos que Jair Bolsonaro pode
representar à imprensa
Cinco pontos Vice News

Ao deslegitimar o jornalismo, o presidenciável ameaça


O relatório da Hutchins Commission resumiu as exigências que os meios de comunicação teriam a liberdade de imprensa e dá respaldo a agressões a
de cumprir em cinco pontos: repórteres. Saiba mais

1. Propiciar relatos éis e exatos, separando notícias (reportagens objetivas) das opiniões (que
deveriam ser restritas às páginas de opinião); O compromisso do TSE contra fake news é
a maior fake news dessa eleição
2. Servir como fórum para intercâmbio de comentários e críticas, dando espaço para que pontos The Intercept Brasil
de vista contrários sejam publicados; AS FAKE NEWS não vão navegar pela internet como
antigamente se navegava pelos mares”, garantia, em
3. Retratar a imagem dos vários grupos com exatidão, registrando uma imagem representativa da junho, o ministro Luiz Fux, então presidente do
sociedade, sem perpetuar os estereótipos; Tribunal Superior Eleitoral, em seu costumeiro tom
pomposo. Saiba mais

4. Apresentar e clari car os objetivos e valores da sociedade, assumindo um papel educativo; e,


por m, Críticas à cobertura da imprensa
movimentam quase um milhão de tuítes
5. Distribuir amplamente o maior número de informações possíveis. nos últimos dias da eleição
Abraji
Esses cinco pontos se tornariam a origem dos critérios pro ssionais do chamado ‘bom jornalismo’
Entre 18.set e 02.out.2018, 945,3 mil postagens no
– objetividade, exatidão, isenção, diversidade de opiniões, interesse público – adotado nos
Twitter abordaram a cobertura da imprensa em
Estados Unidos e presente nos Manuais de Redação de boa parte dos jornais nas democracias relação às eleições. O dado é fruto de uma análise
liberais. feita pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da
Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) na rede social. A
Lições contemporâneas maior parte dos tuítes (82%) foi registrado após o dia
28.set, que teve o pico de publicações (474,3 mil).
Saiba mais

http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/o_velho_novo_paradigma_faz_61_anos/ 1/3
18/10/2018 O velho (novo) paradigma faz 61 anos | Observatório da Imprensa
Em livro lançado recentemente nos EUA (The Big Picture – Why Democracies need Journalistic
Excellence; Routledge, 2008) o jornalista Je rey Scheuer chama a atenção para o fato de que o Software destinado à polícia foi usado
relatório da Hutchins Commission estabeleceu um precedente ajudando a legitimar a crítica da para espionar jornalistas via celular em 45
mídia como uma atividade importante das democracias maduras. Além disso, o relatório talvez países, inclusive no Brasil
tenha sido responsável por uma mudança fundamental de paradigma no jornalismo: da liberdade
ANJ – Associação Nacional de Jornais
de imprensa para a responsabilidade da imprensa.
O Citizen Lab, da Universidade de Toronto, no Canadá,
detectou o uso indiscriminado de um conhecido
Teria essa mudança de paradigma de fato ocorrido? Ela chegou ao Brasil?
programa malicioso de espionagem (spyware) em 45
países, inclusive no Brasil. O mais recente relatório do
Talvez o jornalismo brasileiro ainda tenha algo a aprender com o velho relatório da Hutchins laboratório – especializado em tecnologia da
Commission. Talvez já seja tempo de os empresários de mídia – que hoje incluem os donos, informação, comunicação, direitos humanos e
controladores e gerentes de provedores de internet – se darem conta de que os tempos são segurança global – atualiza investigações sobre
outros e a consciência dos direitos individuais e coletivos avança e ganha força dia a dia em atividades envolvendo o Pegasus, um software
camadas cada vez mais amplas de nossa população. comercial de espionagem desenvolvido pela NSO
Group e oferecido a autoridades policiais para
investigações. Saiba mais
O sucesso empresarial da indústria privada das comunicações – da qual fazem parte as empresas
de telecomunicações, seja através da distribuição de conteúdo ou do provimento de tecnologia –
está cada vez mais ligado ao respeito aos direitos de comunicação do cidadão consumidor. Talvez Microbolsas: conheça os repórteres
seja tempo de pensar menos no surrado ‘escudo’ da ameaça ‘de fora’ à liberdade de imprensa e selecionados para investigar a volta da
pensar mais na responsabilidade social daqueles que escolheram a mídia como atividade fome
pro ssional e empresarial. Agência Pública

A Agência Pública e a Oxfam Brasil lançaram no nal


Com 61 anos de idade, o velho relatório da Hutchins Commission – ‘Uma imprensa livre e
de agosto o concurso Microbolsas Fome, que abriu
responsável’ – permanece novo, válido e atual, pelo menos entre nós. inscrições para que repórteres de todo o país
propusessem pautas sobre a volta da fome à
****** realidade brasileira. Saiba mais

Pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (NEMP) da Universidade de


Brasília e autor/organizador, entre outros, de A mídia nas eleições de 2006 (Editora Fundação
Perseu Abramo, 2007) Mais vistos

1
A psicopolítica da pós-
Tweetar Curtir 0
0 comentários verdade: ilusão, convicção e
mentira

2
Todos os comentários Segundo Turno: juiz Moro é o
12º jogador na disputa entre
Bolsonaro e Haddad?
0 comentários Classificar por

3
Mais antigos

Jornalismo e democracia:
construção e desconstrução

Adicione um comentário...

4
Evento internacional na USP
debate educação midiática

Plugin de comentários do Facebook

5
#VocêsNão

Artigos recomendados OI no Facebook

Observatório da Impre…
301.285
301.285 curtidas
curtidas

Curtiu

A insensatez brasileira Grande mídia contribui Você e outros 52 amigos curtiram isso

para a ascensão da
extrema-direita no Brasil
Eleições no Brasil
evidenciam o
entrelaçamento da crise do
jornalismo com a crise
política

http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/o_velho_novo_paradigma_faz_61_anos/ 2/3
18/10/2018 O velho (novo) paradigma faz 61 anos | Observatório da Imprensa
Nome aos bois A liberdade de expressão e
o processo eleitoral de
2018

A fé dos evangélicos no
messias Bolsonaro

SIGA O OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

Observatório • História • Objetivos • Equipe • Contato

TODAS AS SEÇÕES ARQUIVO COMPLETO OBSERVATÓRIO NA TV HÁ 10 ANOS NO OI

Programas anteriores Três em cada quatro jornais norte-


Vídeos dos programas americanos apóiam Obama
Terra Magazine
OBSERVATÓRIO NO RÁDIO De quem foi a culpa?
Judith Miller entra para equipe da
Programas Anteriores
Fox News
‘Estamos em uma situação de crise’
CÓDIGO ABERTO
A reportagem no rádio
Último post Quando a TV puxa o gatilho
Arquivo completo A espetacularização da mídia
Para juntar o joio ao trigo
Ministro justi ca ataque a canal de
TV

Copyright © 2018. Todos os direitos reservados. | Política de Privacidade | Termos de Uso

http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/o_velho_novo_paradigma_faz_61_anos/ 3/3

You might also like