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a) Como a demanda solicitada pelos consumidores varia ao longo do tempo (gráfico da Potência
demandada pelo tempo), o sistema deverá estar apto para atender as solicitações de potências
ativa e reativa que variam ao longo do dia.
b) A energia fornecida deve obedecer as condições mínimas estabelecidas pela ANEEL mais
especificamente a resolução 505, referente à qualidade de energia e seus parâmetros adequados
caso contrário crítica ou precária. Entre os fatores que determinam esta qualidade se destacam:
frequência, magnitude da tensão, forma de onda e confiabilidade, que tem como indicadores o
DEC e O FEC.
c) O sistema deve buscar custos econômicos viáveis e respeitar as exigências ambientais com a
elaboração dos respectivos licenciamentos ambientais (estudo ambiental, qual impacto, e qual
solução para redução do impacto, e o que deve se feito para restaurar a área impactada caso
ocorra.)
Nesta aula, veremos os mecanismos que atuam no controle das potências ativa e reativa do sistema
de energia elétrica.
2– Capacidade de transmissão.
Considere uma linha de transmissão do sistema elétrico, representada pela sua reatância série 𝑋𝑘𝑚
, conectada entre duas barras, conforme mostrado na Figura 1.
Os fluxos de corrente 𝐼 km e potência 𝑆km podem ser obtidos a partir dos fasores tensão das
barras k e m.
(1)
Quando todas as tensões das expressões anteriores correspondem aos valores de linha em
KV e a reatância estiver em Ω, todas as potências obtidas serão os valores trifásicos dados
em MW e MVar. Obviamente, por outro lado, quando todas as grandezas estão representadas
em pu, os resultados das expressões anteriores também estarão em pu (neste caso não há
distinção entre valores de fase/linha e por fase/trifásico).
(2)
(3)
As equações (2) e (3) descrevem a forma pela qual as potências ativa e reativa são
transferidas entre duas barras de um sistema. De acordo com (2), pode-se observar que para
valores constantes de tensões terminais Vk e Vm o fluxo de potência ativa obedece à seguinte
expressão:
𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑘 𝑉𝑚
Sendo 𝑃𝑘𝑚 = o maior valor de potência ativa transmitida pela linha de
𝑋𝑘𝑚
transmissão km (capacidade de transmissão estática) ou seu limite de estabilidade estático,
somente atingido quando sen1 , ou seja, quando 90º. Assim, a potência ativa
transmitida por uma linha de transmissão está intimamente relacionada com sua abertura angular ,
conforme ilustra a Figura 2.
Figura 2 – Potência ativa em uma linha de transmissão em função de sua abertura angular.
Solução:
Para ambas as linhas, considera-se que as tensões terminais são iguais aos seus valores
nominais.
Para a Linha 2, cuja reatância total é igual a 0,35Km 200 km 70 , a capacidade de
transmissão trifásica é de:
Na curva de carga de potência ativa da Figura 3 observa-se um baixo consumo até as 5:30
horas, quando se inicia um processo de crescimento até o horário do almoço, por volta
das 12:00 horas. A partir deste intervalo o consumo quase se estabiliza em um patamar
para iniciar um novo processo de crescimento a partir das 17:00 horas. O processo de
redução inicia-se perto das 21:00 horas, sendo contínuo até as 24:00 horas. A curva de
potência reativa segue de forma aproximada a curva de potência ativa, sendo seu valor
inferior à metade do anterior. Pode-se notar o caráter industrial/comercial da carga, em
função do elevado consumo durante o horário comercial e também a presença de
residências, em função do aumento de consumo no horário da ponta (frequentemente
evitado pelas indústrias em função da tarifa maior).
Outra característica importante das cargas de uma maneira geral é seu caráter indutivo,
ou seja, a carga típica consome potência reativa, pois é a participação das cargas motoras
é significativa. Desta forma, pode-se dizer que a carga típica de um sistema de energia
elétrica pode ser representada de forma simplificada pela associação série RL da Figura
4.
Figura. 4 – Carga RL série.
(4)
(5)
P diminui e Q aumenta com o aumento da frequência. Uma carga típica deve possuir um
fator de potência perto da unidade para evitar penalizações, logo o valor da resistência deve
ser muito maior do que o da reatância indutiva, ou seja, R
>>wL ⇒ R2 + (wL)² ⇒ R².
Para cargas compostas, uma relação funcional do tipo (4) e (5), via de regra, não é possível
de ser determinada. Neste caso, para pequenas variações na velocidade angular, , ou na
magnitude da tensão, V, tem-se:
(6)
(7)
A frequência em um sistema de energia elétrica deve ser mantida dentro de limites rigorosos,
pois:
a) A maioria dos motores de corrente alternada gira com velocidades diretamente relacionadas
com a frequência e o sistema pode ser mais efetivamente controlado se a frequência for mantida
dentro de limites estreitos.
b) Sob condições normais, os geradores operam em sincronismo, gerando a potência que a cada
instante está sendo consumida mais as perdas ativas de transmissão.
c) Para um aumento de carga o sistema elétrico estaria, momentaneamente, com suas máquinas
motrizes gerando pouca energia mecânica, o que provocaria uma redução na velocidade dos
geradores, inversamente proporcional a sua inércia. Isto produziria uma redução na frequência do
sistema.
d) Para uma redução de carga o sistema elétrico estaria, momentaneamente, com suas máquinas
motrizes gerando muita energia mecânica, o que provocaria um aumento na velocidade dos
geradores, inversamente proporcional a sua inércia. Isto produziria um aumento na frequência do
sistema.
Desta forma, o controle da velocidade dos geradores pode ser utilizado a cada instante de tempo
para ajustar a quantidade de energia produzida à demanda do momento. Tal controle é realizado
pelo regulador de velocidade das máquinas motrizes dos geradores (constituídas, principalmente,
por turbinas hidráulicas e térmicas) que regulam a potência mecânica fornecida ao eixo do gerador
de modo a manter sua velocidade constante (por intermédio do controle do fluxo de água ou
vapor). Este controle é empregado para corrigir pequenas faltas ou aumento de potencia ativa no
sistema; o despacho dos geradores, ou seja, a definição de quanto cada unidade irá produzir em
cada hora do dia, é estabelecida a priori, considerando a carga prevista, a disponibilidade dos
geradores, o melhor uso da água e o custo de geração.
(8)
Supondo que as perdas de potência reativa na linha sejam desprezíveis, a potência entregue para
a carga é a mesma que está sendo transmitida de k para m e a corrente pela linha é dada por:
(9)
Substituindo (9) em (8), tem-se a seguinte expressão, cujo diagrama fasorial encontra-se na Figura
II.
Uma variação na potência ativa P afeta o fasor queda de tensão que é perpendicular a Vk, afetando
significativamente a fase do fasor Vm.
Uma variação na potência reativa Q afeta o fasor queda de tensão que está em fase com Vk,
afetando significativamente o módulo do fasor Vm.
Exercício 1 – Considerando o sistema de duas barras da Figura 5, completar a Tabela 1 com o
diagrama fasorial correspondente a cada uma das situações de carga (P e Q podendo ser positivos
ou negativos) e sinal da reatância da linha de transmissão (indutiva, com Xkm >0, ou capacitiva,
com Xkm <0). Representar, no mínimo os fasores Vk, Ikm, Vm e suas componentes.
5 – Expressões do fluxo de potencia em uma linha de transmissão.
Considere uma linha de transmissão representada pelo seu equivalente (equivalente por fase em
pu), mostrado na Figura 7 que é definido por três parâmetros: a resistência série rkm ; a reatância
𝑠ℎ
série xkm e a susceptância em derivação (shunt) 𝑏𝑘𝑚 .
Para uma linha de transmissão, 𝑟𝑘𝑚 e 𝑥𝑘𝑚 são positivos (portanto 𝑔𝑘𝑚 é positivo e 𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ
é negativo) e o elemento em derivação, 𝑏𝑘𝑚 , também é positivo em função de representar a
capacitância linha/neutro da linha de transmissão.
As correntes 𝐼𝑘𝑚 e 𝐼𝑚𝑘 são obtidas a partir dos fasores tensão das barras k e m.
(10)
(11)
(12)
(13)
(14)
(15)
(16)
As perdas de potência ativa e reativa em uma linha de transmissão podem, então, ser determinadas
somando se, respectivamente, as expressões (13) com (15) e (14) com (16), ou seja:
Exercício 3 – Mostrar que Pkm P mk r(I perdas)².
As expressões (10) e (11), podem ser arranjadas de outra forma, tendo em vista possibilitar
representação da linha de transmissão por um quadripolo, conforme mostrado na Figura 9.
(17)
(18)
OBS. Lembrar que não há dissipação de potência ativa ou reativa no transformador ideal, logo:
As correntes Ipm , Ikm e Imk são obtidas a partir dos fasores tensão das barras k, p e m .
(20)
Deste modo, o transformador em fase pode ser representado por um circuito equivalente do tipo
, conforme está ilustrado na Figura 11.
Para o modelo da Figura 11, onde A, B e C são as admitâncias dos componentes, as correntes
Ikm e Imk são dadas por:
(21)
(22)
Observar que o valor de a determina o valor e a natureza dos componentes do modelo da
Figura 10:
(27)
(28)
𝑠ℎ
De acordo com o tipo de equipamento, as variáveis 𝑎𝑘𝑚 e 𝑏𝑘𝑚 assumem valores particulares,
na tabela (2).
Tabela 2 – Parâmetros para os diferentes equipamentos nas expressões gerais dos fluxos.
(29)
(30)
Assim, as expressões (27) a (30) podem ser utilizadas indistintamente para o cálculo dos fluxos
de corrente e potência em linhas de transmissão e transformadores em fase, bastando utilizar os
parâmetros conforme a Tabela 2.
8 – Geradores, reatores, capacitores e cargas.
O sistema elétrico possui duas classes de componentes, os empregados na conexão entre dois nós
elétricos (elementos série) e aqueles que são conectados a apenas um nó elétrico (elementos em
derivação). O segundo grupo inclui os geradores e as cargas que constituem a razão de existir do
sistema elétrico. Os demais componentes em derivação (reatores e capacitores) são empregados
no controle da tensão/potência reativa. Para todos os componentes em derivação é adotada a
convenção gerador, ou seja, são consideradas positivas a potências ativa e reativa injetadas.
8.1 – Geradores
A Figura 12 mostra o sentido positivo da potência injetada em uma barra que contém um gerador.
𝑃𝑘 > 0
> 0 ⟹ 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑥𝑐𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜
𝑄𝑘 {
< 0 ⟹ 𝑠𝑢𝑏𝑒𝑥𝑐𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜
8.2 – Reatores
A Figura 13 mostra o sentido positivo da potência injetada por um reator em uma barra.
8.3 – Capacitores
A Figura 14 mostra o sentido positivo da potência injetada por um capacitor em uma barra.
Portanto, para um capacitor (como 𝑥𝑐 < 0 𝑒 𝑏𝐿𝑐 > 0), a injeção de potência reativa é positiva,
ou seja, 𝑄𝑘 > 0.
8.4 – Cargas
A Figura 15 mostra o sentido positivo da potência injetada por uma carga constituída por uma
impedância em uma barra.
Portanto, para uma carga constituída por uma impedância (com 𝑟𝑘 ≥ 0), a injeção de potência
ativa é negativa, ou seja, 𝑃𝑘 < 0. Por outro lado, a injeção de potência reativa tem o sinal inverso
da reatância, ou seja, é negativa para um indutor, 𝑄𝑘 < 0, e positiva para um capacitor, 𝑄𝑘 > 0.
No fluxo de carga, as cargas são representadas por injeções constantes de potência ativa e reativa
ou por intermédio de uma expressão mais geral que considera a dependência da carga com relação
à magnitude da tensão, sendo as injeções de potência determinadas por:
sendo 𝑎𝑝 e 𝑏𝑝 e 𝑐𝑝 constantes que definem o tipo de dependência que a potencia ativa tem com a
tensão e 𝑎𝑞 e 𝑏𝑞 e 𝑐𝑞 constantes que definem o tipo de dependência que a potencia reativa tem
com a tensão.
Observar que devem ser válidas as seguintes relações para que quando a tensão assuma seu
valor nominal (𝑉𝑘 = 1pu), as injeções correspondam ao valor nominal (𝑃𝑘𝑁𝑂𝑀 𝑒 𝑄𝑘𝑁𝑂𝑀 )
𝑎𝑝 + 𝑏𝑝 + 𝑐𝑝 =1
𝑎𝑞 + 𝑏𝑞 + 𝑐𝑞 =1
As expressões (31) e (32) são geralmente denominadas por modelo “ZIP” de carga, indicando que
esta é formada por uma parcela impedância constante (o “Z”, representado pelos coeficientes “c”),
uma parcela corrente constante (o “I”, representado pelos coeficientes “b”) e uma parcela potência
constante (o “P”, representado pelos coeficientes “a”).
Exemplo 6:
O ano de 2001 ficará marcado na memória dos brasileiros como o ano em que cada cidadão teve
que mudar os seus hábitos de consumo de energia elétrica, para que o País não entrasse num
colapso de abastecimento. Dentre as várias alternativas para a diminuição desse consumo, foi
levantada a hipótese da redução da tensão operativa do sistema.
A demanda por energia elétrica consiste basicamente de cargas do tipo potência constante, como
motores , em geral e de cargas do tipo impedâncias constantes, como iluminação e aquecimento,
cujas curvas características são apresentadas nas figuras 1 e 2, respectivamente.