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1 João 3.

22-24

Martinho Lutero certa vez afirmou: “Todo ensinamento contrário às


Sagradas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres."
Esse era um princípio com o qual João se preocupou.

Nos versículos anteriores (vv. 11-21), ele discorreu sobre o amor ao


próximo. Segundo o autor, o amor é uma ordem, e quem não ama está
morto, além de ser um assassino em potencial. João também deixa claro
que amar caracteriza-se por atitude, bem como traz benefícios para quem
pratica o amor.

Nos vv. 22-24, o autor fala sobre a importância de guardar os


mandamentos. Assim como na exortação sobre a prática do amor, ao falar
sobre a obediência aos mandamentos, João tem como objetivo fazer com
que os crentes da Ásia estivessem atentos aos ensinos dos falsos mestres.

Se os ensinos daqueles homens não estivessem de acordo com o ensino de


Jesus, deveriam ser prontamente descartados. Portanto, João faz algumas
afirmações importantes sobre os mandamentos do Senhor. São elas:

1. Guardar os mandamentos é condição para ter a oração respondida


(v.22).

“E aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus


mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável”.

João afirma que as orações dos santos são respondidas desde que eles
guardem os mandamentos do Senhor e faça o que é agradável a Ele.
Guardar os mandamentos e fazer o que agrada a Deus são a mesma coisa.

Ou seja, a obediência a Deus, produz contentamento ao Senhor. João afirma


isso com o objetivo de combater o ensino dos falsos mestres que faziam
uma distinção entre conhecimento e vida prática. Para eles, o
conhecimento não interfere no cotidiano.

Além disso, o pronome “aquilo” usado aqui se refere a qualquer coisa que
possa ser pedido na oração. Contudo, deve ficar claro que é qualquer coisa
que glorifique o nome de Deus e que esteja de acordo com sua vontade. Em
1 Jo 5.14, o apóstolo escreve: “Se pedirmos alguma coisa segundo a sua
vontade, ele nos ouve”. A partir disso, devemos refletir sobre alguns
pontos.

1. O elemento necessário para que Deus atenda nossa oração, além de sua
graça, será nossa obediência. Não há como fugir disso.

2. Via de regra, ouvimos dizer que há três tipos de respostas dadas por
Deus; a saber, sim, não e espere. Contudo, Tiago nos ensina que existe uma
quarta possibilidade: “Você só pode estar brincando”?! Ele escreve: “Pedis
e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”
(Tg 4.3). Isso quer dizer que Deus jamais vai atender orações que visem os
nossos caprichos, nem mesmo vai atender as orações que não estejam em
conformidade com sua vontade.

3. Aprendemos aqui uma advertência séria. Quando alguém ora, porém não
obedece aos mandamentos, tal oração é abominável ao Senhor. O livro de
Provérbios registra um contraste terrível entre o justo (o que obedece) e o
perverso (o desobediente). Assim está escrito: “O sacrifício dos perversos é
abominável ao SENHOR, mas a oração dos retos é o seu contentamento”
(Pv 15.8).

2. O mandamento é crer e amar (v.23).

“Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho,


Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos
ordenou”.

O conteúdo do mandamento do Senhor é crer em Cristo e amar o próximo.


É importante ter em mente o fato de que os mestres que eram combatidos
por João diziam crer em Jesus. No entanto, João mostra que não basta crer,
é necessário crer da forma como Deus determina.

O apóstolo ensina que o homem deve crer em Jesus como o Filho de Deus.
Isso aponta para a divindade de Cristo, algo negado pelos gnósticos. Em
segundo lugar, o mandamento do Senhor constitui-se por amar o próximo.
Conforme já ficou claro nos versículos anteriores, o amor é uma das marcas
de quem realmente foi transformado pelo poder do evangelho.

Esse versículo ensina um princípio em comum tanto em relação à fé quanto


ao amor. Ambos são ordens. O homem é ordenado para crer em Cristo
como Senhor. Aqueles que não crerem, serão condenados. Jesus adverte:
“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será
condenado” (Mc 16.16). Da mesma forma, amar, como já tem afirmado, é
uma ordenança do Senhor. Rejeitar a ordem de Deus é o mesmo que
rejeitar o próprio Deus.

3. Guardar o mandamento evidencia íntima comunhão com Deus.(v. 24)

“E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus,


nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos
deu”.

João reproduz o ensinamento de Cristo. Jesus havia dito: “permanecei em


mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15.4). A permanência do crente em
Deus e vice versa é evidenciada pela obediência aos mandamentos do
Senhor. Aqui, João adiciona a pessoa do Espírito Santo.

Deus habita no crente por meio de seu Espírito e segundo o apóstolo, a


presença do Espírito Santo na vida do crente evidencia-se pela sujeição à
palavra do Senhor. Com isso, João tem como objetivo ensinar que a
comunhão com Deus não se dá por experiências místicas como ensinavam
os gnósticos, mas pela guarda da palavra do Senhor.

A partir dessa verdade, devemos refletir em alguns pontos de grande


importância do cristianismo. Vejamos:

1. Esse texto deixa claro que a comunhão com Deus não se constrói pelo
simples ato de frequentar uma igreja, fazer orações, cantar louvores e até
ler a Bíblia. Tais coisas são importantes e ordenadas na Escritura, contudo,
a comunhão com Deus somente é construída por meio da obediência aos
mandamentos do Senhor. Sendo assim a mera expressão de religiosidade
sem a obediência não tem valor algum.

2. A presença do Espírito Santo não é evidenciada pela manifestação de


dons ou visões sobrenaturais. Tampouco se caracteriza por sensações (tipo
arrepios, choro, risos), mas pela sujeição à palavra de Cristo. A presença do
Espírito é marcada por aquilo que o próprio Espírito faz em nós. Segundo a
Bíblia, ele nos leva a conhecer a verdade por meio da Bíblia (2.20), nos
ensina a respeito de todas as coisas (2.27), nos leva a confessar a
encarnação de Cristo. E segue-se a tudo isso, o fato de que a presença do
Espírito nos conduz a uma vida de santidade e de temor. Portanto, a
presença do Espírito é caracterizada por coisas concretas, a saber; a
obediência, a confissão e a vida cheia de bons frutos.

Conclusão

Os mandamentos do Senhor tem fundamental importância na vida da


igreja. Qualquer ensino que despreze isso, deve ser rejeitado. Aprendemos
um pouco sobre isso com João visto que guardar os mandamentos é
condição para ter a oração respondida. O conteúdo deste mandamento é
crer em Jesus e amar o próximo e, finalmente, guardar o mandamento
evidencia íntima comunhão com Deus. Que o Espírito do Senhor aplique
sua lei em nosso coração e sejamos moldados e guiados por ela.

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