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A construção da referência no gênero

discursivo “resumo”

Marlene Silva Sardinha Gurpilhares


Doutora em Linguística Aplicada, pela PUC/SP. Professora de Linguística, na FATEA (Faculdades
Integradas Teresa D’ Ávila)
marlenesardinha@yahoo.com.br

Lucas de Azevedo Leonel


Graduado em Letras com Habilitação em Espanhol, pela FATEA (Faculdades Integradas Teresa D’
Ávila), Professor eventual de Língua Portuguesa na Escola Miquelina Cartolano, em Lorena
La_leonel@yahoo.com.br
RESUMO
Considerando-se a importância do processo de “referenciação” para a progressão tex-
tual, esta pesquisa se justifica, ao examinar a referência no gênero discursivo “resumo”.
Reitera-se que todo texto se constrói a partir da introdução e retomada de referentes. O
corpus selecionado consta de sete resumos extraidos de um catálogo da Editora Parábola,
os quais servem de propaganda para a venda dos livros. A análise mostrou que predo-
minam , nesse gênero, as anáforas diretas, o que se justifica por se considerar a gravura
do livro como referente.

PALAVRAS-CHAVE
Resumo; referenciação; gênero discursivo

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INTRODUÇÃO
O estudo do resumo merece uma atenção especial na disciplina de Língua Portuguesa.
É uma prática constante nas aulas das mais diversas disciplinas, acrescentando-se a isso a
dificuldade que os alunos sentem na elaboração desse gênero discursivo.
Nessa perspectiva esse trabalho tem como objetivo examinar a construção da
referencia no gênero discursivo “resumo”, tendo em vista que o processo de referenciação
é fundamentado na progressão textual.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa utilizamos as propostas de diversos
estudiosos:
Machado, Lousada e Tardelli (2004) sobre resumo e resenha
Koch (2006.), sobre hipertexto
Gurpilhares (1992), sobre resumo.
Santos (2009), sobre o processo de referenciação.
Gurpilhares (2003), sobre resumo.
A metodologia utilizada no trabalho insere-se no âmbito de pesquisa qualitativa,
pois trabalha com textos e utiliza a interpretação para aplicar dados, sendo um caminho
para alcançar resultados significativos.

* Doutora em Linguística Aplicada, pela PUC/SP. Professora de Linguística, na


FATEA (Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila)
**Graduado em Letras com Habilitação em Espanhol, pela FATEA (Faculdades
Integradas Teresa D’ Ávila), Professor eventual de Língua Portuguesa na Escola Miquelina
Cartolano, em Lorena

É considerada uma pesquisa leve (solf), pois recusa números e interpreta o contexto
social, além de revelar outro ponto de vista sobre a pesquisa, pois direciona a importância
da análise a questões relacionadas à qualidade da coleta de dados, privilegiando citações
e descrições numa formalização teórico-gráfica.
O corpus selecionado consta de sete resumos, extraídos de um catálogo da Editora
Parábola, sendo que esses textos servem de propaganda para a venda dos respectivos livros.

Para a análise dos resumos seguimos os seguintes passos:


Catalogar os resumos selecionados para a análise em R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7
Levantamento, nos textos (resumos) as anáforas existentes, com o respectivo referente
e a respectiva classificação.
Concluindo, são levantados os resultados e relacionados aos objetivos propostos

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

RESUMO CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E ELABORAÇÃO


O resumo, em uma visão didática, se caracteriza pela abreviação de um conteúdo,
identificando suas partes mais importantes, o que já é questionável: quais seriam as partes
importantes de um texto? Como detectá-las? Gurpilhares (1992) aponta que o resumo
deve ter a mesma estrutura do texto fonte, ou seja, as mesmas categorias deste, variando,
portanto de acordo com o tipo de texto.
O conceito de resumo é visto sob dois ângulos: primeiro, como um texto
independente, e segundo, como uma macroestrutura do texto fonte. No primeiro aspecto
vemos que ele apresenta suas categorias próprias, tal como um texto completo. Segundo
Sprenger-Charrolles (1980, apud GURPILHARES, 1992) são elementos essenciais para
produção de resumos e compreensão de textos, os seguintes itens:
uma teoria da estrutura e da compreensão das proposições e das sequências de
proposições (microestruturas).
Uma teoria da estrutura e da compreensão de unidades mais globais de um discurso
enquanto conjunto (macroestrutura).
Uma teoria ligando as micro e macroestruturas, estando elas mesmas inseridas numa
mesma teoria de redução da informação semântica.

CLASSIFICAÇÃO DO RESUMO
Quanto à classificação, o resumo pode ser:
Indicativo: que inclui “dados qualitativos e quantitativos e não dispensa a leitura
do texto”.
Resumo informativo: condensação do conteúdo, expondo finalidades, metodologias,
resultados e conclusões, dispensando a leitura do texto
Segundo as normas francesas o resumo informativo deve ser um texto autônomo,
com todas as partes originais do texto. Por exemplo, o texto científico deve conter objetivos,
justificativas, métodos, resultados, e conclusões. Já, segundo Sprenger-Charrolles (1980 p.
85, apud GURPILHARES, 1992 ) o resumo do texto argumentativo deverá reproduzir as
principais categorias superestruturais (premissa, tese, argumento) do texto-base.
O gênero resumo aparece em diferentes situações de comunicação, ele é apresentado
com informações selecionadas e resumidas, de outro texto, em diferentes formas de
gêneros textuais.
Segundo Machado, Louzada e Tardelli (2004), um dos processos essenciais para a

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produção de resumo é a sumarização que ocorre sempre, durante a leitura, mesmo quando
não produzimos um resumo.
A sumarização pode ser feita a partir de diferentes tipos de informações e de fontes
variadas, por exemplo: filmes, acontecimentos, CDs, livros, etc.
A sumarização também pode ocorrer em uma parte de um texto inteiro, em um
resumo. Segundo os mesmos autores acima, para a produção de um resumo temos que
prestar atenção nas diferentes fases de produção para que o resumo possa ser lido e
compreendido pelo leitor. Para isto temos que observar no texto que será resumido os
seguintes itens:
gênero textual: qual é a característica do gênero textual que o texto apresenta ao leitor.
O meio de circulação: quais são as fontes em que o texto é publicado. Exemplos:
revistas, jornal, internet, etc.
O autor: qual autor que escreveu ou publicou o texto.
A data de publicação do texto.
O tema que ele aborda.
Ao identificarmos os itens acima, voltaremos ao texto, prestando muita atenção
no gênero em que o texto é apresentado, ainda mais quando é tratado em textos
argumentativos. E não se deve esquecer de buscar as idéias centrais do texto colocadas
pelo autor, como sendo a base a principal para se começar a redigir um resumo. Assim,
deve-se levar em conta:
A questão que é discutida.
A posição (tese) que o autor rejeita.
A posição (tese) que o autor sustenta.
Os argumentos que sustentam ambas as posições
A conclusão final do autor.
Assim podemos compreender o texto que será resumido. Auxiliando essa
compreensão, o conhecimento sobre o autor, sua posição ideológica, seu posicionamento
teórico também são importantes.
Segundo Machado, Louzada, Abreu Tardelli (2004) ao identificarmos os itens acima
podemos passar a trabalhar as relações entre ideias centrais, pois no resumo, devemos
mostrar essa organização e reproduzir claramente essas relações, tais como se encontram
no texto original. Para que o resumo seja claro e coerente, é preciso indicar as relações
entre as ideias do resumo e explicitá-las. Não se deve esquecer que o resumo é um texto
sobre outro texto, às vezes produzido pelo mesmo autor, às vezes por outros autores.

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DIFERENÇA ENTRE RESUMO E RESENHA
Segundo os mesmos autores (2004) inúmeros tipos de textos apresentam informações
selecionadas e resumidas sobre o conteúdo de outro texto; entretanto outros, além de
apresentar essas informações, apresentam também comentários e avaliações. Alguns
tipos de texto podem ser considerados resenhas, de acordo com a informação acima, mas
podem ser publicados com outro nome ou sem nome algum.
Ao escrever um texto, é importante guiar o leitor para que ele possa entender as
diferentes relações que queremos estabelecer entre as ideias. Essa relação entre as ideias são
dadas por palavras que “organizam” o que está sendo dito, ou seja, os organizadores textuais.
Grande parte desses organizadores são conhecidos, na gramática normativa, como
elementos de conexão de frases. Sua função é mais ampla: estabelecer relações entre as
ideias, não só nas frases, mas também entre os parágrafos. A resenha é um texto de um
autor sobre o texto de outro autor. Assim, é natural que haja menções ao texto original, o
que, no caso da resenha, constituem os comentários feitos pelo resenhista.
Segundo os autores citados acima, o que difere a resenha do resumo são os elementos
avaliativos, ou seja, comentários do resenhista sobre a obra resenhada. No texto da resenha
existem trechos da resenha em que podemos perceber estes comentários. E deve-se tomar
cuidado ao fazer essas menções para que o que foi dito pelo resenhista e o que foi dito
pelo autor do texto original fique absolutamente claro para o leitor. Além disso, temos de
interpretar os diferentes atos que o autor do texto original realiza no texto.
Para se fazer uma resenha, é preciso resumir e apresentar sua opinião de forma
argumentativa, sobre o texto original. Assim, antes de tudo, é necessário que haja
uma leitura atenta e que haja questionamentos que poderão ser utilizados para seu
posicionamento enquanto resenhista do texto.

O PROCESSO DE REFERENCIACÃO
Segundo Santos (2009) o processo de referenciação se desenvolve com a Lingüística
Textual, muito timidamente no inicio, numa abordagem sintático- semântica, apontando
apenas o referente explicito no texto. Exemplo: “João chegou do trabalho. Ele está cansado.”
O pronome “ele” retoma o referente “João”.
Com o crescimento dos estudos da pragmática e das ciências cognitivas, passou-se
a considerar o referente fora do texto. Exemplo. Fui caçar, mas ele não saiu da toca.
O referente, “tatu”, não está no texto, é recuperado numa interação sócio cognitiva,
que se dá a partir do verbo “caçar”.
O estudo da referenciação tem sido abordado por muitos estudiosos. Entre esses

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estudiosos se destaca Koch (2006, apud Santos 2009). Para ela o processo de referenciação
ocorre na introdução de referentes e na retomada desses. Quando o referente não está
no texto, ele é recuperado a partir da interação sócio-cognitiva. Exemplo: Fui visitar
minha mãe no hospital. Os enfermeiros me pareciam simpáticos. A expressão nominal
“os enfermeiros” não possui um referente no co-texto. A recuperação se dá na interação
sócio-cognitiva por meio da ancora “hospital”.
Como vimos, o estudo do referente passou por varias etapas, desde a abordagem
sintático-semântica até chegar à abordagem sócio-cognitiva. Essas transformações que
acorreram durante o tempo devem-se ao surgimento dos estudos da pragmática e das
ciências cognitivas.

A PRAGMÁTICA E AS CIÊNCIAS COGNITIVAS


Segundo Koch (2000, apud Santos, 2009), muitos dos linguistas atentaram para a
linguagem enquanto atividade, para as ligações entre a língua e seus usuários, surgindo
assim a Pragmática. Com a criação dela aparece uma situação favorável para o surgimento
de uma lingüística do discurso, ou seja, com isto surgirá uma teoria dedicada às
manifestações lingüísticas realizadas por sujeitos concretos, em situações definidas, sob
especificas condições de produção.
Os estudiosos perceberam que não era suficiente descrever os enunciados realizados
pelos falantes de uma língua, mas era imprescindível considerar a enunciação, isto é,
todos os elementos intervenientes na situação da comunicação, (tempo, lugar, papéis
representados pelos interlocutores, imagens recíprocas, relações sociais, objetivos visados
na interlocução) que propiciam a construção do sentido do enunciado.
Com o surgimento da Pragmática a situação comunicativa passou a ser considerada
e logo em seguida as questões de ordem sócio-histórico-culturais. Assim o Cognitivo é
colocado, e não simplesmente a incorporação dos interlocutores. É necessário que haja
um contexto parecido, ou mais amplo; seus conhecimentos: enciclopédico (conhecimento
do mundo armazenado na memória do individuo), episódico (os modelos cognitivos
adquiridos por meio da experiência), procedimental (procedimentos por meios dos quais
sistemas de conhecimentos se atualizam), macro e superestrutural (sobre modelos textuais
globais) ou esquemático, devem ser compartilhados.
O crescimento da Pragmática e das Ciências Cognitivas levou a uma nova concepção
do referente, que passa a ser entendido como “objeto do discurso”, construído e recuperado
numa interação sócio-cognitiva, dando ênfase à importância do conhecimento dos
interlocutores.

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ESTRATÉGIAS DE REFERENCIAÇÃO
Segundo Koch (2000, apud Santos 2009), a retomada do referente no texto acontece
por meio de estratégias de referenciação anafórica, formando cadeias coesivas. Vejamos
essas estratégias de referenciação textuais:
*Introdução (construção): um elemento é introduzido no texto, de maneira que
a expressão lingüística que o representa é focalizada e esse objeto sobressai no modelo
textual. Ou melhor, é quando o referente é introduzido pela primeira vez.
*Retomada (manutenção): um objeto já existente no texto é reativado por meio de
uma forma referencial, de maneira que o objeto- de – discurso continua em foco.
*Desfocalização: um novo objeto – de – discurso é introduzido passando a ser
o foco. Contudo o objeto retirado de foco permanece disponível, se necessário, para
utilização imediata.
Exemplo. Maria (introdução) vai vender lanches. A vendedora (retomada), está
vendendo os lanches para conseguir dinheiro para fazer uma compra. Ela ira comprar
um carro na Ford (desfocalizaçao) numa loja de carros super conceituada no mercado.

FORMAS DE INTRODUÇÃO DO REFERENTE


São varias as formas de introdução do referente. Entre elas citamos:
Anáfora- È um mecanismo lingüístico por meio do qual se aponta ou remete para
elementos presentes no texto ou que são inferíveis a partir deste. Comumente entende-
se a anáfora como uma remissão para trás (por exemplo: João saiu cedo; ele foi ao
supermercado) e catáfora como uma remissão para frente (por exemplo: Só quero isto:
que vocês entendam). (Koch, 2006, apud Santos 2009).

CLASSIFICAÇÕES DAS ANÁFORAS


As anáforas podem se classificar em:
Anáfora direta: o referente está explicito no texto. Exemplo: Comprei um CD. Ele
é ótimo.
Anáfora indireta: o referente não está explicito no texto, ele é recuperado por meio
do conhecimento prévio. Exemplo: Fui caçar, mas eles não saiam da toca. O referente
“tatus” é recuperado pelo verbo “caçar”
Anáfora associativa: ocorre quando é introduzido um novo referente no texto por
meio da relação parte/ todo ou vice-versa. Exemplo: A árvore ficava no alto da colina. O
tronco estava podre. Temos: referente dado _SN1_ árvore. Referente novo _SN2 tronco.
Anáfora encapsuladora: retoma uma parte do texto resumindo-a. Exemplo: O homem
criticava suas atitudes. Isso a deixava mais nervosa.

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TIPOS DE INTRODUÇÃO DO REFERENTE
- Introdução não ancorada. Quando um referente novo é introduzido. Exemplo.
Virmos quando Maria caiu.
-Introdução ancorada. Um novo objeto de discurso é introduzido no texto, apoiado
em certo tipo de associação com elementos já existentes no co-texto. Exemplo: O acidente
acontecera há poucos minutos. As ambulâncias começaram a chegar logo em seguida.
Nesse exemplo temos anáfora associativa.

O HIPERTEXTO
De acordo com Koch (2006 : 63) “hipertexto constitui um suporte lingüístico-semiótico
hoje intensamente utilizado para estabelecer interações virtuais desterritorializadas.”
É possível, a partir do conceito acima, afirmar que na construção do sentido, há um
constante movimento em variadas direções, bem como recurso ininterrupto a diversas
fontes de informação, textuais ou extratextuais.Verifica-se que a compreensão não se dá
de maneira linear e seqüencial, como se pensava antigamente, o que vem a constituir um
argumento a mais para afirmar que todo texto é um hipertexto.

ANÁLISE DO CORPUS

CRITÉRIOS DE ESCOLHA
O corpus selecionado para esse trabalho consta de 7 resumos, extraídos de um
catálogo da Editora Parábola, na qual os resumos servem de propaganda para a venda
dos respectivos livros.
Consideramos que esses resumos, apesar de independentes de seu texto-fonte,
mantêm uma relação de dependência com fatores contextualizadores como a gravura ao
lado do livro-fonte. Nesse sentido é possível afirmar que trata-se de um gênero hibrido, ou
seja, temos uma linguagem visual e uma verbal. Para efeito de nosso estudo essa gravura
é um “referente”.
Acresce ainda que nesse caso trata-se de um “hipertexto” conforme visto na
fundamentação teórica.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia aplicada no trabalho insere-se no âmbito de pesquisa qualitativa,
pois trabalha com textos e utiliza a interpretação para analisar dados, sendo um caminho
para alcançar resultados significativos. É considerada uma pesquisa leve (solf), pois

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recusa números e interpreta o contexto social, além de revelar outro ponto de vista sobre
a pesquisa, uma vez que direciona a importância da análise a questões relacionadas à
qualidade da coleta de dados, privilegiando citações e descrições numa formalização
teórico-gráfica.

PROPOSTAS DE ANÁLISE
Para analisar o corpus selecionado, seguimos as etapas:
Catalogar os resumos selecionados para a análise em R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7
Levantamento, nos textos (resumos) as anáforas existentes, com o respectivo referente
e a respectiva classificação.

ANÁLISE PROPRIAMENTE DITA:


Livro: COISAS QUE TODO PROFESSOR DE PORTUGUÊS PRECISA SABER: a
teoria na prática

R1_ Todo professor já ouviu falar em método de ensino. Mas será que ele sabe o que
é um método?Inevitavelmente, uma questão extrema é levantada: o que significa saber o
português?Será que todos os brasileiros, alfabetizados ou não, sabem o português? A resposta
a essa questão é essencial para compreendermos o papel do professor no ensino fundamental
e no ensino médio. É disso que esse livro trata.

Levantamento das anáforas:

Anáfora 1: ele
Referente: o professor
Classificação: anáfora direta

Anáfora 2: um método
Referente: método
Classificação: anáfora direta

Anáfora 3: o português
Referente: o português
Classificação: Anáfora direta

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Anáfora 4: essa questão
Referente: será que todos os brasileiros..., sabe o português?
Classificação: Anáfora direta

Anáfora 5: o professor
Referente: o professor
Classificação: Anáfora direta

Anáfora 6: (d) isso


Referente: a resposta à questão
Classificação: anáfora encapsuladora

Anáfora 7: esse livro


Referente: o próprio livro, na linguagem visual (gravura ao lado)
Classificação: anáfora direta

Livro: GÊNEROS TEXTUAIS & ENSINO


R2_ Uma preciosa fonte de estudo e consulta para o professor de português, o estudioso
da língua, os comunicadores. Assim, essa obra, única entre nós na especialidade, colabora
de maneira substantiva, que concebe a língua como atividade interativa de caráter social,
histórico e cognitivo.

Levantamento das Anáforas:

Anáfora1- uma preciosa fonte de estudo


e consulta para o professor de português, o
estudioso da língua, os comunicadores.
Referente: o próprio livro, na linguagem
visual (gravura ao lado)
Classificação: anáfora direta

Anáfora 2: essa obra


Referente: o próprio livro, na linguagem
visual (gravura ao lado)
Classificação: anáfora direta

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Anáfora 3: nós
Referente: leitores
Classificação: Anáfora indireta

Livro: PRODUÇAO TEXTUAL, ANÁLISE DE GÊNEROS E COMPREENSÃO


R3 _ Como estudar língua? Essa é uma das principais questões que norteiam o autor ao
longo de todo o livro. Bastante focado na teoria da produção textual, ele aborda o histórico
da lingüística no século XX, o ensino da noção de sujeito, subjetividade, discurso, texto e
gênero sobre a perspectiva sociointeracionista da língua e faz uma analise de gêneros textuais
no continuo fala - escrita. A obra é o fruto do curso de lingüística 3 ministrado pelo Prof.
Marcuschi na graduação de letras da Universidade Federal de Pernambuco. A natureza
didática do livro é evidentes, especialmente, pela presença de atividade, exemplos ilustrativos,
glossário e indicações de obras de consulta.

Levantamento das anáforas:

Anáfora 1- Essa
Referente: a pergunta “como estudar a língua”
Classificação: anáfora encapsuladora

Anáfora 2 : o autor
Referente: Luis Antonio Marcushi
Classificação: Anáfora direta

Anáfora 3: o livro
Referente: o próprio livro, na linguagem visual
(gravura ao lado)
Classificação: direta

Anáfora4: ele
Referente: o livro
Classificação: anáfora direta

Anáfora 5: a obra
Referente: o livro
Classificação: anáfora direta

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Anáfora 6: Prof. Marcuschi
Referente: Luiz Antonio Marcushi
Classificação: Anáfora direta

Anáfora 7: (d) o Livro


Referente: o livro
Classificação: direta

Livro: A LÓGICA
R4- A proposta deste livro é proporcionar ao leitor uma idéia do tipo de perguntas que
fazem ou se fizeram os lógicos, dos problemas em torno dos quais eles se opõem e das razões
pela quais não é fácil chegar a um acordo sobre o que a lógica é.

Levantamento das anáforas

Anáfora1: (d) este livro


Referente: o próprio livro, na linguagem visual
(gravura ao lado)
Classificação: direta

Anáfora 2: eles
Referente: os lógicos
Classificação: anáfora direta

Livro: PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO DO PROFESSOR


R5-Um subsídio para a formação docente, inicial e continuada, na busca da melhoria
da qualidade de ensino nesse nível de escolarização. Os capítulos, além de discutir as questões
sobre o ensino de leitura, literatura, produção de texto, análise lingüística e avaliação, propõem
atividades para o professor em formação.

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Levantamento das anáforas:

Anáfora1: os capítulos
Referente: o livro
Classificação: anáfora associativa – estabelece
uma relação de ingrediência: todo/parte – livro/
capítulos

Anáfora 2: o professor em formação


Referente: não está no texto
Classificação: anáfora indireta

Livro: OS LIMITES DO DISCURSO: ensaio sobre discurso e sujeito.


R6- Esse volume interessa-se mais em polemizar do que em reafirmar teses
consagradas ou fortalecê-las.
São textos sobre teoria e análise do discurso que elegem como interlocutores leitores
atentos, porque o que o autor tem a dizer não é propriamente uma doutrina, mas uma
reflexão sobre uma dupla sempre problemática: o discurso e o sujeito.

Levantamento das anáforas:

Anáfora 1: Esse volume


Referente: o próprio livro, na linguagem visual (gravura
ao lado)
Classificação: Anáfora direta

Anáfora 2: las
Referente: teses consagradas
Classificação: Anáfora direta

Anáfora 3: o autor
Referente: Sírio Possenti
Classificação: anáfora direta

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Livro: NORMA CULTA BRASILEIRA: desatando alguns nós
R7- Aqui, a articulação dos textos constrói um quadro coerente das principais questões
e dos múltiplos aportes teóricos atinentes ao tratamento do tema. Essa obra faz a diferença
ao oferecer uma visão consistente e esclarecedora não só da norma, mas também de suas
relações com os múltiplos sentidos de gramática e do modo como as línguas funcionam, se
constituem e nos instituem cultural e socialmente.

Levantamento das anáforas:

Anáfora 1: aqui
Referente: próprio livro, na linguagem visual
(gravura ao lado)
Classificação: anáfora direta

Anáfora 2: (d) os textos


Referente: próprio livro, na linguagem visual
(gravura ao lado)
Classificação: anáfora associativa – estabelece
uma relação de ingrediência: todo/parte – livro/textos.

Anáfora 3: (d) o tema


Referente: próprio livro, na linguagem visual (gravura ao lado)
Classificação: anáfora associativa – estabelece uma relação de ingrediência: todo/
parte – livro/tema.

Anáfora 4: essa obra


Referente: próprio livro, na linguagem visual (gravura ao lado)
Classificação: anáfora direta

RESULTADOS
A análise da referenciação nos resumos selecionados mostrou a predominância das
anáforas diretas em detrimento das indiretas, encapsuladoras e associativas, conforme
mostra o quadro abaixo:

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CLASSIFICICAÇÃO
DIRETA INDIRETA ASSOCIATIVA ENCPSULADORA
REFERENTE ANÁFORAS
O professor Ele X

médoto Um médoto X

O português O português X
Será que todo
brasileiro não, sabe Essa questão X
o português
O professor O professor X
A resposta á
(d) isso X
questão
O próprio livro,
linguagem visual Esse livro X
(gravura ao lado)
Uma preciosa
fonte de estudo
O próprio livro, e consulta para
linguagem visual o professor, X
(gravura ao lado) o estudioso
da língua, os
comunicadores
O próprio livro,
linguagem visual
Essa obra X
(gravura ao lado)

Leitores Nós X
A pergunta “como
Essa X
estudar língua”
Luis Antonio
O autor X
Marcushi
O próprio livro,
linguagem visual O livro X
(gravura ao lado)

O livro Ele X

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O livro A obra X
Luiz Antonio
Prof. Marcushi X
Marcushi
O livro (d) o livro X
O próprio livro,
linguagem visual (d) este livro X
(gravura ao lado)
Os lógicos Eles X

O livro Os capítulos X
O professor em
O ensino formação X

O próprio livro,
linguagem visual Esse volume X
(gravura ao lado)
Teses consagradas Lãs X

Sírio Possenti O autor X


O próprio livro,
linguagem visual Aqui X
(gravura ao lado)
O próprio livro,
linguagem visual (d) os textos X
(gravura ao lado)
O próprio livro,
linguagem visual (d) o tema X
(gravura ao lado)
O próprio livro,
linguagem visual Essa obra X
(gravura ao lado)
RESULTADO 21 02 03 02

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término desse trabalho podemos afirmar que nosso objetivo foi alcançado, ou
seja, examinar a construção da referencia no gênero discursivo “Resumo”. È indiscutível
a importância do estudo do processo de referenciação textual, uma vez que todo texto se
constrói a partir da introdução e retomada de referentes. Para o bom entendimento do
texto é necessário que o leitor consiga recuperar os referentes.
A analise dos resumos selecionados mostrou a presença de maior número de anáforas
diretas 21; seguindo-se as associativas 03, encapsuladoras 02 e finalmente as indiretas, 2,
conforme mostra o quadro exposto atrás.
É importante considerar que trabalhamos exclusivamente com resumos extraídos
de um catálogo da editora Parábola. Tais resumos apresentam uma característica
especial: possuem uma gravura do livro à venda, ao lado do texto resumo. Sendo assim,
consideramos esse resumo como um hipertexto pois está ligado à gravura ao lado (do
livro). A anáfora que remete a essa gravura é uma anáfora direta.
Nessa perspectiva é nossa opinião que esse aspecto explica o maior número de
anáforas diretas, encontradas nos resumos, o que pode ser considerado como uma
característica desse gênero discursivo. Fica como perspectiva para futuras pesquisas, o
estudo da referencia em outros gêneros discursivos. Fica também como sugestão o estudo
da argumentação no resumo, o que não foi feito por não ser a proposta dessa pesquisa
Concluindo, reiteramos que nosso objetivo foi alcançado, uma vez que examinamos
e justificamos a construção da referencia no gênero discursivo resumo.

REFERÊNCIAS
MACHADO, Anna Ranchel; LOUSADA, Eliane; TARDELLI, Lília Santos Abreu. Resenha e Resumo.
São Paulo: Parábola, 2004.

KOCH, Ingedore g. Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006.

GURPILHARES, Marlene S. S. O resumo do texto cientifico: estratégias para sua elaboração. Tese
de doutorado. PUC de São Paulo, 1992.

SANTOS, Mirian de Castro. O processo de (re) categorização de referentes na construção de


personagens, no romance: romântico e naturalista. In. GURPILHARES, Marlene Silva Sardinha;
LUCAS, Jeane (Org.). Gêneros discursivos: proposta de analise e aplicação.
Lorena: Grafist, 2009.

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GURPILHARES, Marlene Silva Sardinha. Referenciação e processamento textual: a dêixis discursiva
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