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Nos países democráticos, a Constituição é elaborada por uma Assembleia Constituinte (pertencente ao poder
legislativo), eleita pelo povo. A Constituição pode receber emendas e revisões (reformas).1
A Constituição da República Portuguesa de 1976 (CRP) é a actual Constituição portuguesa. Foi redigida
pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país em 25 de Abril de 1975,
1.º aniversário da Revolução dos Cravos. Os seus deputados deram os trabalhos por concluídos em 2 de Abril de
1976, tendo a Constituição entrado em vigor a 25 de Abril de 1976.Sofreu sucessivas revisões constitucionais em 1982,
1989, 1992, 1997, 2001 , 2004 e 2005. O texto vigente da Constituição da República Portuguesa, foi definido pela
Lei Constitucional 1/2005, de 12 de Agosto.2,3,4
PREÂMBULO
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e
interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e
liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às
aspirações do país.
A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte
Constituição da República Portuguesa:
1-http://www.suapesquisa.com/o_que_e/constituicao.htm
2-http://www.portugal.gov.pt/pt/GC17/Portugal/SistemaPolitico/Constituicao/Pages/default.aspx
3-http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_portuguesa_de_1976
4-http://dre.pt/comum/html/legis/crp.html
QUESTÕES
A tarefa que te propomos a seguir é que comentes alguns artigos da Constituição da República
Portuguesa.
Lê com atenção os artigos. Se tiveres alguma dúvida sobre os significado das palavras podes consultar um
pequeno glossário no fim desta ficha.
Artigo 1.º
(República Portuguesa)
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e
empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Artigo 21.º
(Direito de resistência)
Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de
repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.
Artigo 37.º
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou
por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem
impedimentos nem discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito
criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da
competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o
direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.
Artigo 45.º
1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao
público, sem necessidade de qualquer autorização.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.
Artigo 52.º
1. Todos os cidadãos têm o direito de apresentar, individual ou colectivamente, aos órgãos de soberania,
aos órgãos de governo próprio das regiões autónomas ou a quaisquer autoridades petições,
representações, reclamações ou queixas para defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do
interesse geral e, bem assim, o direito de serem informados, em prazo razoável, sobre o resultado da
respectiva apreciação.
2. A lei fixa as condições em que as petições apresentadas colectivamente à Assembleia da República e
às Assembleias Legislativas das regiões autónomas são apreciadas em reunião plenária.
3. É conferido a todos, pessoalmente ou através de associações de defesa dos interesses em causa, o
direito de acção popular nos casos e termos previstos na lei, incluindo o direito de requerer para o
lesado ou lesados a correspondente indemnização, nomeadamente para:
o a) Promover a prevenção, a cessação ou a perseguição judicial das infracções contra a saúde
pública, os direitos dos consumidores, a qualidade de vida, a preservação do ambiente e do
património cultural;
o a) Assegurar a defesa dos bens do Estado, das regiões autónomas e das autarquias locais.
Artigo 26.º
Artigo 34.º
1. O domicílio e o sigilo da correspondência e dos outros meios de comunicação privada são invioláveis.
2. A entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua vontade só pode ser ordenada pela autoridade
judicial competente, nos casos e segundo as formas previstos na lei.
3. Ninguém pode entrar durante a noite no domicílio de qualquer pessoa sem o seu consentimento, salvo
em situação de flagrante delito ou mediante autorização judicial em casos de criminalidade
especialmente violenta ou altamente organizada, incluindo o terrorismo e o tráfico de pessoas, de
armas e de estupefacientes, nos termos previstos na lei.
4. É proibida toda a ingerência das autoridades públicas na correspondência, nas telecomunicações e
nos demais meios de comunicação, salvos os casos previstos na lei em matéria de processo criminal.
Artigo 35.º
(Utilização da informática)
1. Todos os cidadãos têm o direito de acesso aos dados informatizados que lhes digam respeito,
podendo exigir a sua rectificação e actualização, e o direito de conhecer a finalidade a que se destinam,
nos termos da lei.
2. A lei define o conceito de dados pessoais, bem como as condições aplicáveis ao seu tratamento
automatizado, conexão, transmissão e utilização, e garante a sua protecção, designadamente através
de entidade administrativa independente.
3. A informática não pode ser utilizada para tratamento de dados referentes a convicções filosóficas ou
políticas, filiação partidária ou sindical, fé religiosa, vida privada e origem étnica, salvo mediante
consentimento expresso do titular, autorização prevista por lei com garantias de não discriminação ou
para processamento de dados estatísticos não individualmente identificáveis.
4. É proibido o acesso a dados pessoais de terceiros, salvo em casos excepcionais previstos na lei.
5. É proibida a atribuição de um número nacional único aos cidadãos.
6. A todos é garantido livre acesso às redes informáticas de uso público, definindo a lei o regime
aplicável aos fluxos de dados transfronteiras e as formas adequadas de protecção de dados pessoais e
de outros cuja salvaguarda se justifique por razões de interesse nacional.
7. Os dados pessoais constantes de ficheiros manuais gozam de protecção idêntica à prevista nos
números anteriores, nos termos da lei.
Poder Legislativo – É aquele que tem num país a tarefa de legislar, ou seja, fazer as leis. É um dos três poderes do
Estado moderno (na divisão estabelecida por Montesquieu na sua teoria da separação dos poderes). Os Poderes do
Estado são: Executivo, Legislativo e Judicial. O Poder Executivo é responsável pela aplicação das leis. O Poder
Judicial faz a interpretação das leis, tendo o poder de aplicar a lei nos casos concretos submetidos à sua apreciação.
Vigente – Que está em vigor.
Preâmbulo – Prefácio; prólogo.
Primado – Prioridade; supremacia.
Soberana – Que tem soberania; que domina.
Basilares – que servem de base; básicos; fundamentais.
Repelir – Afastar; rejeitar.
Sigilo – Segredo.
Domicílio – Lugar onde alguém tem a sua residência permanente; habitação.
Ingerência – Intervenção.
Infracções – Violações da lei; transgressões.
Ilícito – Contrário à lei.
Rectificação – Acto ou efeito de rectificar (corrigir).
Ficha de Trabalho de Formação Cívica - 1
O Pensamento Crítico
Pensamento crítico? Todos nós pensamos, todos temos a capacidade (e em geral o hábito) de criticar. Então
todos nós naturalmente pensamos criticamente, certo? ERRADO...
Em primeiro lugar, o que é o pensamento crítico? Uma forma simples de descrevê-lo é a análise lógica e
cuidadosa das informações que recebemos, de forma que possamos basear as nossas acções e crenças (aquilo em
que acreditamos) em fundamentos concretos, isto é, em factos comprovados.
Por exemplo os cientistas têm que usar constantemente o pensamento crítico pois as suas teorias têm que ser
rigorosamente testadas através de experiências para serem aceites pela comunidade científica (os outros cientistas do
mundo inteiro). Tu já fazes isso, certo? Por outras palavras, tu nunca:
Provavelmente a maioria das pessoas já fez tudo isso, ou quase tudo. Realmente, algumas vezes estes
métodos resultam e são adequados em situações do nosso dia-a-dia. No entanto, em muitos casos eles levam a um
abandono do teu poder pessoal e da tua responsabilidade de decidir o que fazer, no que acreditar, como viver. Todos
envolvem riscos consideráveis se não forem usados moderadamente. Qual a alternativa?
"[Pensamento crítico]...é a análise e o teste das informações que nos são oferecidas, de forma a descobrir se elas
correspondem à realidade ou não. É um hábito e um poder mental. É uma condição fundamental para o bem da
sociedade que homens e mulheres sejam treinados nele. É a nossa única garantia contra a ilusão, as mentiras, a
superstição e a incompreensão de nós mesmos e do mundo que nos rodeia. A nossa educação é boa na medida em
que ela produz uma bem desenvolvida capacidade crítica... A educação na capacidade crítica é a única educação da
qual pode-se verdadeiramente dizer que forma bons cidadãos."
Adaptado de http://www.projetoockham.org/ferramentas_critico_1.html
Há duas perguntas que se devem sempre fazer e sem as quais não se pode dizer que se está a pensar
criticamente:
Retirado de http://www.eurecom.fr/~camara/Arquivos/pensamentoCritico.pdf
Para saberes mais!
http://www.projetoockham.org/ferramentas_critico_1.html
http://www.eurecom.fr/~camara/Arquivos/pensamentoCritico.pdf
http://www.geocities.com/mpennafort/cetico.html
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1368618
http://www.pensamentocritico.net/
http://dererummundi.blogspot.com/2007/12/pensamento-crtico.html
http://puraeconomia.blogspot.com/2005/08/pensamento-crtico.html
Questões
1. O que é o pensamento crítico?
5. Indica situações do dia-a-dia em que foste enganado porque não usaste o pensamento crítico.
6. Comenta a afirmação “O pensamento crítico é a nossa única garantia contra a ilusão, as mentiras, a superstição e a
incompreensão de nós mesmos e do mundo que nos rodeia ".
7. Comenta a afirmação “A educação na capacidade crítica é a única educação da qual pode-se verdadeiramente dizer
que forma bons cidadãos”.
8. Quais são as duas perguntas que se devem sempre fazer para começar a pensar criticamente?
9. Escreve uma pequena composição baseada no tema: “O mundo seria melhor se todas as pessoas utilizassem o
pensamento crítico.” Usa a tua imaginação !
A – Utilizar várias fontes de informação (como livros, enciclopédias, revistas, jornais, etc.) além da internet e
comparar as informações recolhidas nas diversas fontes.
B – Evitar a internet porque não possui informação fiável.
C – Indicar sempre no trabalho todas as fontes de informação que utilizaste para que o professor possa verificar se
são fiáveis.
D – Utilizar apenas uma fonte de informação.
3.No teu dia-a-dia já te deves ter encontrado perante muitas situações em que não fizeste aquilo que pensavas que era
mais correcto porque os teus colegas não estavam de acordo contigo. Este fenómeno - a pressão que os nossos
colegas (ou outros grupos) exercem para nos comportarmos de uma determinada maneira - é estudado pela
psicologia e é conhecido como pressão de grupo 1,2. A pressão de grupo pode ser muito perigosa para o
pensamento crítico pois pode levar-nos a tomar decisões de um modo pouco inteligente. Por isso é muito importante
que penses por ti próprio de maneira crítica: Pensa por ti mesmo, pensa criticamente!
1 -http://www.heron.nhs.uk/information/children/stepping_up_are_you_ready_for_peer_pressure_portuguese.pdf
2-http://www.hoops.pt/psicologia/psico5.htm
3.1 Explica por palavras tuas em que consiste a pressão de grupo. Dá exemplos do teu dia-a-dia em que não fizeste
aquilo que pensavas que era mais correcto por causa da pressão de grupo.
3.2 Porque é que a pressão de grupo pode ser muito perigosa para o pensamento crítico ?
4. As principais cadeias noticiosas (televisões, jornais, etc.) do mundo pertencem a um pequeno número de indivíduos
ou organizações com elevado poder económico 1. Esta “concentração” dos meios de comunicação de massas em
“poucas mãos” pode ser extremamente perigosa para o pensamento crítico pois pode diminuir a liberdade de
informação bem como a sua qualidade.
De todos os meios de comunicação de massas apenas a internet não pode ser ainda * (excepto em alguns países
com regimes não democráticos 2,3,4) facilmente dominada por um pequeno número de indivíduos ou organizações. Por
isso pode dizer-se que “A internet é a última fonte de informação verdadeiramente livre”.
* Infelizmente não é só nos países classificados como não democráticos que a liberdade da internet está em perigo. No dia 6 de
Maio de 2009 o Parlamento Europeu votou um conjunto de leis, o chamado “Pacote das Telecomunicações” que, caso fosse
aprovado na sua forma inicial, acabaria com a internet livre que conhecemos nos países da União Europeia (ver
http://www.democraciaportuguesa.org/).
É de salientar que a não aprovação pelo Parlamento Europeu de alguns dos aspectos mais negativos do pacote
legislativo 5 só foi possível graças à forte consciência cívica e à persistência de numerosos cidadãos europeus que exerceram
uma forte pressão sobre os seus representantes políticos no Parlamento Europeu. No entanto é importante referir que a
liberdade na Internet ainda não está garantida na União Europeia pelo que, de acordo com Gérald Sédrati-Dinet, analista de
La Quadrature, todos os cidadãos devem manter-se vigilantes e mobilizados 6.
1 - http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&task=view&id=1065
2- http://tek.sapo.pt/noticias/internet/rsf_denuncia_os_inimigos_da_internet_984288.html
3- http://tek.sapo.pt/noticias/internet/mais_25_paises_limitam_liberdade_de_expressao_880096.html
4- http://tek.sapo.pt/noticias/internet/unesco_retira_apoio_ao_dia_internacional_pela_880598.html
5- http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1378935
6- http://www.laquadrature.net/en
4.1 Quais são os principais riscos para o pensamento crítico da “concentração” dos meios de comunicação de
massas em “poucas mãos”?
“Um dos casos mais conhecidos é o do incêndio do parlamento alemão (Reichstag), que ocorreu em 27 de Fevereiro de 1933,.... A
polícia prendeu no local um jovem anarquista holandês, Van den Lubbe, e declarou que aquele incêndio criminoso fora provocado pelos
comunistas. Então, alegando a ameaça de um pretenso golpe comunista, Hitler mandou prender vinte mil pessoas em campos de
concentração e cassou o mandato dos deputados comunistas. Na verdade, tudo leva a crer que os próprios nazis provocaram o
incêndio, utilizando uma passagem subterrânea que ligava a residência de Goering ao Reichstag.”
7- http://www.scribd.com/doc/17614605/A-Luta-Pela-Mente-William-Sargant
8- http://www.scribd.com/doc/7268597/Aldous-Huxley-Regresso-Ao-Admiravel-Mundo-Novo
9- http://www.4shared.com/file/17504841/9a201eab/Guy_Durandin_-_As_Mentiras_na_Publicidade.html
* Como os realizados em cães pelo grande cientista russo Pavlov no início do século XX. Os cães, tal como os seres humanos, entram em colapso quando as
pressões ou os conflitos se tornam tão intensos que não podem mais ser dominados pelo seu sistema nervoso. Esta é a base dos métodos conhecidos como
“lavagem cerebral” ou “controle de pensamento” utilizados para alterar as mentes de prisioneiros de guerra. Recomenda-se a leitura das referências 7 e 8.
Uma grande parte do público alemão acreditou em Hitler e foi aprovada a Lei de Autoridade que deu a Hitler
poderes de ditador. Nas eleições gerais alguns dias depois, os nacionais-socialistas (o partido político de Hitler)
consolidaram a sua influência no governo alemão.
5.1 Comenta a frase “é possível levar um ser humano a tomar as decisões mais estúpidas desde que exposto
perante a crise adequada”.
5.2 Qual foi a crise “fabricada” que Hitler utilizou como motivo para aumentar o seu poder sobre o povo alemão?
Mas o maior perigo talvez não seja a internet! Outra tecnologia que utilizamos no dia-a-dia como telemóveis,
GPS, “chips”, etc., pode ser (mal) utilizada, sem nós sabermos, para armazenar os nossos dados pessoais! Mas sem
dúvida o maior perigo da tecnologia para a privacidade e a liberdade dos cidadãos seria a
colocação de pequenos “chips” no corpo das pessoas (como já se faz nos animais
domésticos) para as manter constantemente vigiadas e controladas! Por exemplo governos
não democráticos poderiam implantar o chip no corpo dos seus opositores e, dessa forma,
controlar todos os seus passos. Ou determinar que, ao nascer, todos os bebés fossem
obrigados a usar o chip, de modo a poder vigiar os movimentos daqueles que os
interessassem de maneira particular 1,2 !
Não nos podemos esquecer que os governos de países não democráticos usam crises “fabricadas” (lembras-te
da ficha de trabalho em que falamos das crises “fabricadas”?), por exemplo, crimes e atentados terroristas, como
“desculpas” para aumentarem a vigilância e o controlo sobre os cidadãos! Foi isso que o ditador alemão A.Hitler fez em
1933. Deste modo esses governos poderiam criar crises (por exemplo, raptos de crianças ou atentados terroristas)
para convencer as pessoas que o chip é necessário e tornar obrigatório o seu uso com a desculpa que é para
aumentar a “segurança” dos cidadãos.
Uma vez colocados no interior do corpo os chips dificilmente poderiam ser retirados (pelas pessoas nas quais
foram implantados) e um ditador poderia exercer um controle praticamente absoluto sobre os cidadãos.Teríamos assim
um cenário de pesadelo: uma sociedade em que os cidadãos estão totalmente controlados e não têm a possibilidade
de se revoltar 1,2 !
O momento em que deixarmos que nos obriguem a colocar esses “chips” no nosso corpo será o
momento em que deixaremos de ser cidadãos livres e passaremos a ser escravos 1,2.
Com o avanço da tecnologia nunca estivemos tão perto do “Grande Irmão” (“Big Brother”) *, aquele que em
#,
1984 no romance escrito por George Orwell, olha permanentemente não por nós, mas sobre nós (na obra 1984 o
“Grande Irmão” (“Big Brother”) vigia e controla os cidadãos em vez de defender os seus direitos e a sua liberdade).
Ainda não está instalada toda a tecnologia necessária para nos controlar totalmente, mas ela está a chegar e um passo
neste sentido são as câmaras de vigilância que várias cidades do mundo estão a adoptar. Cada vez há mais e mais
câmaras a vigiar-nos, seja dentro de um shopping center, seja na rua. Tudo para que nos sintamos seguros num
mundo onde a sensação de violência e de insegurança só aumenta. Para controlar a violência e a insegurança dizem-
nos que é preciso que sejamos vigiados.
Da maneira que as coisas caminham, dentro de pouco tempo poderemos viver, a cada dia, o nosso
próprio “Big Brother”. E ele poderá vir sob a desculpa de que é necessário para diminuir a violência, a
insegurança e nos deixar tranquilos.
O que ninguém diz é que também estamos a ser vigiados. Estamos a deixar que nos “roubem”, mais e mais, a
nossa privacidade. E com isso estamos a caminhar para o Estado da vigilância, um inferno onde todos seremos
vigiados e controlados, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Será que é isso mesmo o que queremos? Será que
representa, mesmo, segurança? Será que vale a pena desistir, mais ainda, da nossa privacidade? Não será que
estamos a construir um muro para nos prender? Não sabemos as respostas. Mas viver numa sociedade vigiada não
pode ser o nosso ideal de vida.
Adaptado de http://linoresende.jor.br/o-fim-da-nossa-privacidade/
1-http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2007/08/31/Especial/California_proibe_controle_de_fun.shtml
2-http://veja.abril.com.br/300501/p_076.html
* "Grande Irmão" (ou "Irmão Mais Velho", em inglês: "Big Brother") – É um personagem, um ditador, no romance
1984 de George Orwell. Na sociedade descrita por Orwell, todas as pessoas estão sob constante vigilância das
autoridades através de dispositivos chamados Teletelas sendo constantemente lembrados pela frase propaganda & do
Estado: "o Grande Irmão cuida de ti" ou "o Grande Irmão está a observar-te" (do original "Big Brother is watching
you"). As Teletelas podem ser comparadas a uma televisão que permite tanto ver como ser visto. Quando nenhum
programa estava a ser exibido surgia a figura do líder máximo, o “Grande Irmão”.
Desde a publicação de 1984, a expressão "Big Brother", é usada geralmente para descrever qualquer excesso
de controle ou autoridade por uma figura, ou tentativas por parte do governo de aumentar a vigilância. Adaptado de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Irm%C3%A3o e http://pt.wikipedia.org/wiki/1984_(livro).
Figura: Representação do personagem “Big Brother” do romance 1984 com a frase propaganda "Big Brother is watching you" ("o Grande Irmão
cuida de ti" ou "o Grande Irmão está a observar-te").
# 1984- Mil Novecentos e Oitenta e Quatro – É o título de um romance escrito por George Orwell
(nome real Eric Arthur Blair) que retrata o dia-a-dia numa sociedade controlada pelo Estado em
todos os seus aspectos (sociedade totalitária). Alguns estudiosos acreditam que o título vem da
inversão dos dois últimos dígitos do ano em que o livro foi escrito, 1948 (48-84). Neste romance é
retratada uma sociedade onde o Estado está presente em tudo, tendo por exemplo a capacidade de
torturar o povo e usar as mentiras da propaganda com o objectivo de manter o seu poder sobre os
cidadãos. Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/1984_(livro) e http://www.duplipensar.net/.
Figura ao lado: George Orwell
& Propaganda – É uma maneira de apresentar informação de modo a servir os objectivos de determinados interesses
(políticos, religiosos, etc.). Embora alguma da informação possa ser verdadeira é possível que esta não apresente um
quadro completo e equilibrado do assunto em questão. Uma manipulação semelhante de informações é bem
conhecida, a publicidade, mas normalmente não é chamada de propaganda, pelo menos no sentido mencionado
acima. Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda.
6. Comenta a afirmação “Da maneira que as coisas caminham, dentro de pouco tempo poderemos viver, a cada dia, o
nosso próprio “Big Brother”. E ele poderá vir sob a desculpa de que é necessário para diminuir a violência, a
insegurança e nos deixar tranquilos".
7. Comenta a afirmação “O momento em que deixarmos que nos obriguem a colocar esses “chips” no nosso corpo será
o momento em que deixaremos de ser cidadãos livres e passaremos a ser escravos”.
8. Comenta a afirmação “… estamos a caminhar para o Estado da vigilância, um inferno onde todos seremos vigiados
e controlados, 24 horas por dia, 365 dias por ano.”
“ A maioria das pessoas não consegue pensar ou não quer pensar e a maior parte dos que pensam não sabem fazê-lo
muito bem. Apenas um número muito pequeno de pessoas pensa com regularidade, rigor, criatividade e sem se
enganarem a si próprias. No fim de contas estas são as únicas pessoas que têm importância.”
1.1 Comenta o texto baseando-te naquilo que aprendeste sobre o pensamento crítico.
http://www.frasear.com/web/Citacoes/quotations/autor.aspx?id=5
Comenta a afirmação com base naquilo que aprendeste sobre o pensamento crítico.
2. Como viste na ficha anterior os governos não democráticos utilizam a propaganda com o objectivo de manter o seu
poder sobre os cidadãos. Mas mesmo nos regimes democráticos a propaganda é uma presença constante por
exemplo nas campanhas políticas e na venda de produtos sendo, neste caso, (em Portugal) mais conhecida como
publicidade (que não é mais do que propaganda comercial).
Relembremos que a propaganda pode ser definida como “…uma maneira de apresentar informação de modo a
servir os objectivos de determinados interesses (políticos, religiosos, etc.). Embora alguma da informação possa ser
verdadeira é possível que esta não apresente um quadro completo e equilibrado do assunto em questão” 1.
O propagandista procura mudar a forma como as pessoas entendem uma situação ou problema, com o
objectivo de mudar as suas acções e expectativas para a direcção que lhe interessa. O que diferencia a propaganda de
outras formas de argumentação é o desejo do propagandista de mudar o entendimento das pessoas através do
engano e da confusão, mais do que pela persuasão e entendimento 1. Algumas das técnicas mais usadas pelos
propagandistas são:
A repetição que se baseia no princípio que “uma ideia suficientemente repetida torna-se uma verdade”. Esta
técnica funciona melhor quando o acesso aos meios de comunicação social é controlado pelo propagandista. Uma
ideia, por exemplo um simples “slogan” #, que é suficientemente repetida, pode começar a ser encarada como
verdadeira. Atribui-se a Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler, a frase “Uma mentira repetida mil vezes
torna-se uma verdade”. # Um slogan ou frase de efeito é uma frase de fácil memorização usada em contexto político, religioso ou
comercial como uma expressão repetitiva de uma ideia ou propósito. É frequentemente usado por empresas. Um slogan político geralmente
expressa um objectivo ou alvo ("Trabalhadores do mundo, uni-vos!") enquanto que um slogan publicitário é mais frequentemente usado como
uma identificação de fácil memorização para dar um valor único à empresa, produto ou serviço, sendo esse valor concreto ou não ("A número
um" ou “Lava mais branco”) 1,2,4,5.
O apelo à autoridade que se baseia em citar uma personalidade importante (como por exemplo uma figura
pública,um líder político ou religioso) para justificar uma atitude, ideia ou acção 1. Por exemplo um determinado produto
pode ser recomendado por uma personalidade importante para aumentar as vendas.
O apelo ao medo que é a busca de apoio a uma ideia ou causa
ou pessoa, instigando o medo na população em geral. A propaganda
baseada no medo tem o objectivo de assustar as pessoas e convencê-
las a mudar de lado. É comum apresentar hipóteses pessimistas de
coisas terríveis que podem vir a ocorrer se não forem tomadas acções
específicas. Por exemplo, Joseph Goebbels explorou o livro Os
Alemães devem Morrer para afirmar que as nações inimigas
procuravam o extermínio do povo alemão e, com isso, obter o apoio do
povo para a guerra 1,3.
"Dar nomes" é uma técnica que segue um comportamento muito visto nas crianças mais pequenas. É muito
usada para distrair a atenção quando alguém tenta evitar responder a uma pergunta ou apresentar factos palpáveis. Ao
rotular com nomes, é frequente usar rótulos como “terrorista”, “traidor” ou “hipócrita”. Também são usadas palavras
com carga negativa para descrever ideias ou crenças, como “radical” e “covarde” 3.
A técnica da maioria encoraja o espectador a juntar-se à multidão e a actuar de acordo com o que “toda a
gente está a fazer”. Este tipo de persuasão, normalmente usada em propaganda religiosa e política, mexe com o
desejo humano de fazer parte da “equipa” dos vencedores 3.
1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda
2-http://super.abril.com.br/cotidiano/tudo-mentira-438556.shtml
3-http://pessoas.hsw.uol.com.br/propaganda1.htm
4-http://www.scribd.com/doc/7268597/Aldous-Huxley-Regresso-Ao-Admiravel-Mundo-Novo
5- http://pt.wikipedia.org/wiki/Slogan
2.1 O que é a propaganda?
2.2 Indica e explica por palavras tuas dois métodos utilizados pelos propagandistas.
coluna I coluna II
1 - Apelo ao medo A - “ Se toda a gente acredita então tem que ser verdade.”
2 - Técnica da maioria B - “ Quem está contra o reforço do policiamento e da vigilância é um terrorista.”
3 - Apelo à autoridade C - “ Se não ganharmos as eleições o país ficará ingovernável.”
4 - "Dar nomes" D - “ Isto tem que ser verdade porque foi dito por um Prémio Nobel.”
“As crianças, como é de se esperar, são muito sensíveis à propaganda. Desconhecem o mundo e os seus costumes, e
estão, portanto, totalmente desprevenidas. As suas faculdades críticas não estão desenvolvidas. Os mais novos ainda
não alcançaram a idade da razão e aos mais velhos falta-lhes a experiência sobre a qual a sua recém-descoberta
faculdade de raciocinar poderia agir efectivamente.”
Retirado de http://www.scribd.com/doc/7268597/Aldous-Huxley-Regresso-Ao-Admiravel-Mundo-Novo
2.4.2 Dá exemplos de situações do teu dia-a-dia em que foste influenciado pela propaganda. Indica, justificando, as
técnicas de propaganda que foram utilizadas nessas situações. Dica: No final desta ficha encontras a descrição de
outras técnicas de propaganda que não estão no texto.
2.5 Na sua importante obra “Propaganda” escrita em 1928 Edward Bernays afirma:
“Nós somos governados, as nossas mentes são moldadas, os nossos gostos são formados e as nossas ideias são
sugeridas na sua maior parte por pessoas das quais nós nunca ouvimos falar.”
Adaptado de http://en.wikiquote.org/wiki/Edward_Bernays
Esta frase continua actual apesar de ter sido escrita há mais de 80 anos.
2.5.1 Comenta a afirmação de Bernays com base naquilo que aprendeste sobre a propaganda.
2.5.2 A quem é que Bernays se referirá quando fala das “…pessoas das quais nós nunca ouvimos falar.”?
3. Recentemente foi aprovada pelo Governo a colocação obrigatória de “chips” nos automóveis:
05.02.2009 - 19h49 Romana Borja-Santos Público online
“…O Presidente da República, Cavaco Silva, promulgou a 28 de Agosto o diploma para autorizar o Executivo a
legislar sobre a matéria mas emitiu também uma mensagem, disponível no site da Presidência, onde considerava que
“as dúvidas quanto à limitação à reserva de intimidade da vida privada dos cidadãos que o novo mecanismo de
identificação e detecção electrónica de veículos suscita, e que não foram dissipadas durante o debate parlamentar,
poderão ser resolvidas pelo Governo no decreto-lei a aprovar ao abrigo da autorização contida na lei agora
promulgada”. Cavaco Silva disse mesmo que se tratava “sem dúvida, de um domínio particularmente melindroso do
ponto de vista da salvaguarda da esfera da vida privada dos cidadãos”.
No passado dia 27 de Novembro, a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) * também considerou
que não está garantido o direito à privacidade dos condutores na proposta de lei. Nas conclusões de um parecer sobre
os três diplomas, a CNPD dizia que a nova legislação deve "permitir que os condutores possam optar, com todas as
garantias, entre o pagamento das portagens através de um sistema electrónico de leitura das matrículas e a sua
cobrança através de outros meios já existentes.
No entanto, de acordo com o Governo, o “chip” ou dispositivo electrónico de matrículas pretende apenas
facilitar o trabalho das forças de segurança, que terão acesso à informação sobre a inspecção periódica e o seguro
automóvel. O chip vai permitir, igualmente, o reconhecimento de veículos acidentados e abandonados, além de poder
vir a ser utilizado de forma integrada na cobrança de portagens e outras taxas rodoviárias. Vai custar cerca de dez
euros e as despesas ficam a cargo do condutor ”.
Retirado de http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1364108
* Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD): é uma entidade administrativa independente com poderes de
autoridade, que funciona junto da Assembleia da República. Tem como atribuição genérica controlar e fiscalizar o processamento
de dados pessoais, em rigoroso respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades e garantias consagradas na Constituição e
na lei. A Comissão é a Autoridade Nacional de Controlo de Dados Pessoais. A CNPD coopera com as autoridades de controlo de
protecção de dados de outros Estados, nomeadamente na defesa e no exercício dos direitos de pessoas residentes no
estrangeiro.
Retirado de http://www.cnpd.pt/bin/cnpd/acnpd.htm
Sítio da internet da CNPD: http://www.cnpd.pt/
3.2 Indica alguns dos possíveis riscos (se achares que existem) que essa medida pode ter para a privacidade dos
condutores.
4. No dia 6 de Maio de 2009, o Parlamento Europeu votou directivas europeias que incluem o chamado "Pacote das
Telecomunicações":
“… O conteúdo da Directiva inspirada pelo Conselho Europeu coloca em risco a Internet livre e inovadora tal
como a conhecemos. As disposições que protegem os direitos dos cidadãos contra os atentados à Internet (artigo
32a6, e o Considerando 26 da Directiva Serviço Universal, e artigo 8/4 (FA) da Directiva - Quadro) foram muito
modificadas e reduzidas pelo Conselho Europeu.
A escolha que está em cima da mesa é se os operadores devem seleccionar o que os usuários podem
utilizar, ou se estes devem fazer as suas próprias escolhas. Se os operadores controlarem os conteúdos e
serviços da Internet, desaparecerá a inovação espantosa que fez nascer e crescer a Internet.
Se a "discriminação na net" for aprovada, qualquer operador poderá escolher os conteúdos que transmite; forçar
os clientes a utilizar os serviços privados; limitar a liberdade de acesso à Internet; utilizar conteúdos, serviços ou
aplicações da sua escolha. Tais práticas discriminatórias seriam o fim do processo aberto, equitativo, e inovador da
Internet. O custo social e económico excederia em muito os benefícios dos operadores. E constituiria um gigantesco
retrocesso sair do actual modelo de Internet livre e voltar ao que existia antes: uma colecção de redes particulares, e
semi-fechadas.
Tal como referenciado por inúmeras agências e entidades europeias independentes, nomeadamente a
Autoridade Europeia para a Protecção de Dados, estas Directivas do Pacote Telecomunicações contêm aspectos
que, se não forem clarificados, serão lesivos das liberdades individuais dos cidadãos dos países europeus e do seu
acesso livre à informação e interacção de meios na Internet.
Numa altura em que, cada vez mais, se exige um papel para o conhecimento, a inovação e o empreendedorismo
na economia global, é fundamental o acesso a ferramentas de partilha de informação e às variadas formas de
difusão e partilha de conteúdos interactivos que a Internet possibilita. Qualquer movimento contrário seria um
retrocesso, com graves consequências para o avanço humano, social e científico.”
Retirado de http://www.democraciaportuguesa.org/
4.1 O que pensas das medidas referidas no texto (incluídas no “Pacote das Telecomunicações")?
4.2 Indica alguns dos possíveis riscos (se achares que existem) que essas medidas podem ter para a liberdade na
Internet.
4.3 Costumas usar a Internet para te informares? Deixarias de o fazer se a Internet deixasse de ser livre? Justifica.
4.4 Comenta a seguinte frase “Se os operadores controlarem os conteúdos e serviços da Internet, desaparecerá a
inovação espantosa que fez nascer e crescer a Internet”.
5. Lê com atenção o texto seguinte retirado do livro “1984” de George Orwell:
“ Todo o cidadão, ou pelo menos todo o cidadão suficientemente importante para ser vigiado, poderia ser mantido
24 horas por dia sob o olhar da polícia e sujeito ao som da propaganda oficial,..” “…A possibilidade de impor uma
completa obediência à vontade do Estado e a completa uniformidade de opinião de todas as pessoas era agora
possível.”
5.2 Consideras que existe o perigo real de o nosso país (e o mundo) se transformar numa sociedade semelhante à
descrita na obra 1984 ? Justifica.
5.3 O que farias se fosses obrigado a viver numa sociedade semelhante à descrita na obra 1984 ?
Bode Expiatório : Atribuir culpa a um indivíduo ou grupo que não seja efectivamente responsável, aliviando
sentimentos de culpa de partes responsáveis ou desviando a atenção da necessidade de resolver um problema cuja
culpa foi atribuída àquele que está a emitir a propaganda. Esta técnica foi muito utilizada por exemplo pelos nazis que
culpavam os judeus pelos problemas que afectavam a Alemanha.
Desaprovação : Esta é a técnica usada para desaprovar uma acção ou ideia sugerindo que ela é popular entre grupos
odiados, ameaçadores ou que estejam em conflito com o público-alvo. Assim, se um grupo que apoia uma ideia é
levado a crer que pessoas indesejáveis também a apoiam, os membros do grupo podem decidir mudar a sua posição.
Homem comum: O "homem do povo" ou "homem comum" é uma tentativa de convencer a audiência de que as
posições do propagandista reflectem o senso comum das pessoas. É utilizada para obter a confiança do público
comunicando-se da maneira comum e no estilo da audiência. Propagandistas usam a linguagem e modos comuns (e
até as roupas, quando em comunicações audiovisuais presenciais) numa busca de identificar os seus pontos de vista
com aqueles da "pessoa média". Esta técnica é frequentemente utilizada nas campanhas políticas para ganhar o voto
dos eleitores das classes populares.
Palavras Virtuosas : São palavras tiradas do sistema de valores do público-alvo, que tendem a produzir uma imagem
positiva quando associadas a uma pessoa ou causa. Exemplos são paz, felicidade, segurança, liderança, liberdade,
etc. Esta técnica é frequentemente utilizada nas campanhas políticas.
Racionalização: Indivíduos ou grupos podem usar afirmações genéricas favoráveis para racionalizar e justificar actos
e crenças questionáveis. Frases genéricas e agradáveis são frequentemente usadas para justificar essas acções ou
crenças. Por exemplo um ditador poderia justificar o aumento da vigilância e a perda das liberdades individuais dizendo
que é para “aumentar a segurança”.
Super-simplificação: Afirmações vagas, favoráveis, são usadas para dar respostas simples para complexos
problemas sociais, políticos, económicos ou militares. Na publicidade é comum apresentar soluções simples resolvidas
por artefactos (electrodomésticos, computadores, telemóveis, etc.) que parecem “mágicos”. Um exemplo da aplicação
desta técnica é na publicidade de um conhecido aparelho onde se usa o slogan "Pense diferente". Esta afirmação dá
uma resposta simples ao desejo do consumidor se sentir diferente e “especial”. Ou seja, a utilização desse aparelho é
associada ao estilo, personalidade e a ser-se diferente das outras pessoas.
Termos de Efeito: Termos de efeito são palavras de intenso apelo emocional tão intimamente associadas a conceitos
e crenças muito valorizados que convencem sem a necessidade de informação ou razões que as apoiem. Elas apelam
para emoções como o amor à pátria, lar, desejo de paz, liberdade, glória, honra, etc. Solicitam o apoio sem o exame da
razão. Embora as palavras e frases sejam vagas e sugiram coisas diferentes para pessoas diferentes, a sua conotação
é sempre favorável: "Os conceitos e programas dos propagandistas são sempre bons, desejáveis e virtuosos".
Transferência: Esta técnica consiste em projectar qualidades positivas ou negativas (elogios ou censuras) de uma
pessoa, entidade, objectivo ou valor (de um indivíduo, grupo, organização, nação, raça, etc.) para outro, para tornar
esse segundo mais aceitável ou desacreditá-lo. Essa técnica é geralmente usada para transferir culpa de uma parte em
conflito para outra. Ela evoca uma resposta emocional, que estimula o público-alvo a identificar-se com autoridades
reconhecidas.
Vagueidade intencional: Afirmações deliberadamente vagas de tal forma que a audiência pode interpretá-las
livremente. A intenção é mobilizar a audiência pelo uso de frases indefinidas, sem que se analise a sua validade ou
determine a sua razoabilidade ou aplicação. Um exemplo da aplicação desta técnica é este slogan que poderia ser
utilizado numa campanha política: “ O voto na mudança “.
Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda e http://comunicacaomilitante.blogspot.com/2009/03/o-marketing-moderno-tem-as-digitais-de.html
Ficha de Trabalho de Formação Cívica – 5
O jogo do ditador
Nesta ficha vais-te imaginar um ditador (de um país imaginário) com poderes quase ilimitados e cujo único
objectivo é manter o seu poder sobre os cidadãos. Ao realizares esta ficha vais aprender alguns dos principais métodos
que os governos de países não democráticos podem utilizar para controlar as pessoas.
1. Supõe que pretendes colocar chips nas populações para as manter totalmente controladas e incapazes de se
revoltarem. No entanto a maior parte das pessoas não está de acordo com essa ideia por achar que é uma perigosa
invasão da sua privacidade. O que é que farias, enquanto ditador, para atingir este objectivo? Lembra-te que todos os
meios de comunicação (televisões, jornais, rádio, etc.) estão sob o teu controlo.
A – Ordenaria às forças de segurança sob o meu controlo para que, secretamente, criassem uma onda de raptos a
crianças. As televisões fariam uma cobertura jornalística intensa e emotiva da situação. Isto criaria um clima de medo e
incerteza nas pessoas, especialmente nos pais, que começariam a aceitar a ideia da colocação de chips nas crianças.
As mães são particularmente susceptíveis a este método uma vez que têm uma tendência natural para colocar
a “segurança” dos seus filhos à frente de outras considerações. É por isso que esta técnica de manipulação é
particularmente perigosa para a liberdade dos cidadãos.
B – Ordenaria às forças de segurança sob o meu controlo para que, secretamente, criassem uma onda de atentados
terroristas. As televisões fariam uma cobertura jornalística intensa e emotiva da situação. Isto criaria um clima de medo
e incerteza nas pessoas que começariam a aceitar a ideia da colocação de chips para proteger a sua “segurança”.
Comentários: Os métodos 1-A e 1-B baseiam-se na criação de crises, lembras-te quando falamos das “crises
fabricadas” (como o incêndio do Reichstag em 1933)? Ao longo da história os ditadores (A.Hitler por exemplo)
recorreram à criação de crises para aumentarem o seu poder sobre os cidadãos. Pode dizer-se que os ditadores criam
o “problema” (a crise “fabricada”) que gera uma reacção (esperada) emotiva das populações (associada portanto ao
enfraquecimento do pensamento crítico) para depois oferecerem a “solução” que acaba sempre por limitar os direitos
dos cidadãos e aumentar o poder do ditador.
Ver http://www.4shared.com/file/17504841/9a201eab/Guy_Durandin_-_As_Mentiras_na_Publicidade.html
Por outro lado os avanços da tecnologia possibilitam aos ditadores do presente e do futuro meios de controle
das populações que nem A.Hitler poderia ter imaginado. Em especial os avanços na nanotecnologia (tecnologia para
criar dispositivos muitíssimo pequenos1) abrem possibilidades que os ditadores do futuro poderão utilizar se os
cidadãos não estiverem devidamente informados.
Por exemplo um ditador poderia contaminar a população com um determinado vírus altamente contagioso. As
televisões fariam uma cobertura jornalística emotiva e intensa da propagação da doença. Isto criaria um ambiente de
medo e incerteza nas populações que seriam forçadas a aceitar um plano de vacinação obrigatória. O ditador poderia
introduzir um chip de pequeníssimas dimensões ou “nanochip” (suficientemente pequeno para ser implantado através
da seringa) na vacina. Deste modo o ditador do futuro poderia implantar os chips nas populações sem estas se
aperceberem.
1-http://www.euroresidentes.com/futuro/nanotecnologia/nanotecnologia_responsavel/introducao_nanotecnologia.htm
C- Sugere outras medidas possíveis…
2. Supõe que tu (o ditador) não consegues controlar totalmente a internet (lembras-te quando falamos, na ficha 2,
sobre a importância da internet livre ?). O que é que farias, enquanto ditador, para conseguires controlar a internet
(de um modo semelhante ao controlo que já exerces sobre as televisões, jornais, etc.) ?
A- Ordenaria às forças de segurança sob o meu controlo para que, secretamente, criassem uma onda de ataques
informáticos, “ciberataques”, à internet. As televisões fariam uma cobertura jornalística intensa e emotiva da
situação. Isto criaria um clima de medo e incerteza nas pessoas que começariam a aceitar a ideia da restrição
da liberdade na internet para proteger a sua “segurança”.
A – Ofereceria às populações inúmeras distracções como por exemplo desportos e programas de entretenimento de
baixo nível, que seriam transmitidos e constantemente debatidos nos meios de comunicação social.
B – Incentivaria a realização de inúmeras competições desportivas, concertos de música “rock”, etc. para entreter a
juventude e afastá-la da reflexão séria sobre os problemas do país.
Ver http://www.scribd.com/doc/7268597/Aldous-Huxley-Regresso-Ao-Admiravel-Mundo-Novo
C- Sugere outras medidas possíveis…
4. Supõe que pretendes manter a população incapaz de pensar criticamente.
A- Baixaria o nível de exigência dos currículos escolares e exerceria um controlo apertado sobre as matérias que se
podem leccionar. Em especial teria uma maior atenção ao que é ensinado em disciplinas humanísticas como a
História e a Filosofia pois a aprendizagem das disciplinas mais técnicas (Matemática, Física, Química, etc.) é
politicamente neutra.
B- Aumentaria a especialização do ensino de maneira a que os alunos não tenham uma concepção bem definida do
funcionamento do sistema político e económico. Deste modo não podem compreender o que o governo faz nem
têm capacidades de se opor a este pois nada entendem de política e economia. Teria um cuidado especial em
manter o povo na ignorância sobre o processo de criação do dinheiro. Dificilmente o povo aceitará que o dinheiro
para o qual trabalha é criado a partir do nada por bancos para o seu próprio lucro e que, por esse motivo, será para
sempre escravo da dívida 1,2.
1-http://www.youtube.com/watch?v=YODjF4VTcTs
2-http://www.youtube.com/watch?v=Rcbq1dXMS6A
C- Exerceria um controlo apertado sobre os professores de maneira a que estes não tenham a possibilidade de
educar a juventude no pensamento crítico. Deste modo os estudantes são habituados a não questionar a
autoridade e a conformarem-se com a ordem social que lhes foi imposta. Lembra-te que quem controla os jovens
controla o futuro!
A – Fomentaria o trabalho de grupo em detrimento do trabalho individual. Deste modo a população aprende a
“sacrificar” as suas opiniões individuais em favor da opinião do grupo que é criada pelos meios de comunicação que eu
(o ditador) controlo.
B – Incentivaria a formação de associações ou movimentos de jovens controlados pelo Estado. Deste modo habituaria
a população, desde cedo, a conformar-se e a trabalhar em favor do Estado (ou seja do ditador).
Este método foi utilizado por exemplo na Alemanha Nazi com a criação da Juventude Hitleriana 1 e em Portugal
durante o regime ditatorial do Estado Novo com a criação da Mocidade
Portuguesa 2. Nos países comunistas como a antiga União Soviética existiram
organizações juvenis relacionadas com os partidos comunistas como por
exemplo o Movimento dos Pioneiros 3.
1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Juventude_Hitlerista
2-http://pt.wikipedia.org/wiki/Mocidade_Portuguesa
3-http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_dos_Pioneiros
Figura ao lado: Cartaz da Juventude Hitleriana com a imagem do ditador A.Hitler. No topo
do cartaz está escrito “ A juventude segue o líder ” 4 . O terrível resultado desta crença cega
nos líderes “salvadores” (neste caso A.Hitler) é bem conhecido para aqueles que estudaram
atentamente a História.
Figura- http://www.holocaustresearchproject.org/holoprelude/images/Hitler%20Youth%20poster.jpg
4- http://en.wikipedia.org/wiki/Hitler_Youth
A – Obrigaria toda a população a comprar e vender utilizando dinheiro “electrónico”, por exemplo usando “chips” ou
cartões electrónicos (como os cartões de crédito) em vez do dinheiro “palpável” que ainda se utiliza frequentemente
nos dias de hoje (sob a forma de notas de papel e moedas).
Deste modo (o ditador) poderia ter acesso a variadíssimos dados pessoais da população como por exemplo o
tipo de produtos que adquire, os seus interesses, nível cultural, etc., uma vez que os detalhes de cada acto de compra
e venda poderiam ser armazenados numa base de dados (Lembras-te quando falamos, na ficha 3, das bases de dados
pessoais que são criadas sem nós sabermos?) computadorizada. Sabendo esses dados pessoais seria possível traçar
um perfil detalhado de cada pessoa e assim (o ditador) poderia identificar possíveis opositores e aumentar o seu poder
sobre os cidadãos.
Comentário: A população poderia ser obrigada a usar dinheiro “electrónico” por exemplo com a desculpa que seria
mais “seguro” e tornaria os pagamentos mais rápidos e fáceis. Se a população em geral não aceitasse esta explicação
o ditador poderia obrigar as crianças a fazer os pagamentos com dinheiro “electrónico” nas Escolas com a desculpa
que é um método mais “moderno” e “eficiente” e que o dinheiro “palpável” é algo “ultrapassado” associado às gerações
mais velhas . Lembra-te mais uma vez que quem controla os jovens controla o futuro!
Por outro lado a utilização obrigatória de dinheiro “electrónico” também poderia servir como desculpa
para obrigar todas as pessoas a utilizar um “chip” no seu corpo! Quem não utilizasse o “chip” não poderia
comprar nem vender e acabaria como um marginal e um excluído da sociedade totalitária tendo que viver pelos
seus próprios meios (pois caso contrário morreria de fome)!
“Só uma pessoa vigilante consegue conservar a liberdade, e apenas os que estão constante e inteligentemente
despertos podem alimentar a esperança de se governar a si próprios eficazmente por meios democráticos.
Uma sociedade, cuja maioria dos membros dissipa uma grande parte do seu tempo [...] nos outros mundos
irrelevantes do desporto e das telenovelas[...] terá dificuldade em resistir às investidas daqueles que quiserem
orientá-la e controlá-la.”
Ficha 2
Cassou: Tornou nulo ou sem efeito.
Ficha 3
Manipulação: Acto ou efeito de manipular, manobrar ou controlar.
!
Ficha 4
Uniformidade: Qualidade do que é uniforme, ou seja, daquilo que tem uma só forma (numa sociedade totalitária só é
admitida uma opinião, a do Estado).
Empreendedorismo: Qualidade ou carácter do que é empreendedor; Atitude de quem, por iniciativa própria, realiza
acções ou idealiza novos métodos com o objectivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer
! !
Discriminatório: Tratar de modo desigual ou injusto, com base em preconceitos de alguma ordem, nomeadamente
sexual, religioso, étnico, etc.
Lesivos: Que violam um direito, quer com intenção e propósito, quer por negligência; que prejudicam.
Melindroso: Sensível, arriscado, delicado. No texto esta palavra significa que a colocação de chips nos automóveis é
um assunto sensível e de resolução delicada.
Persuasão: Convencimento; acto ou efeito de convencer; acto ou efeito de obrigar alguém com razão a acreditar ou a
executar alguma coisa.
Ficha 5
Susceptíveis: Facilmente afectados ou influenciados por algo.
Investidas: Ataques.
TRABALHOS DE GRUPO
Formação Cívica
Trabalho de grupo – 1
• Este trabalho tem como objectivo principal aprofundar os assuntos tratados nas fichas 3 e 4.
• Sugere-se que indiques e expliques por palavras tuas alguns dos principais perigos da
utilização de alguma tecnologia, em especial dos “chips” um tema que deve ser
obrigatoriamente discutido, para o pleno exercício da cidadania (sobretudo para a
privacidade e a liberdade dos cidadãos). Para além do “chip” deves discutir os perigos
da utilização de mais um dispositivo tecnológico à tua escolha como, por exemplo, as
câmaras de vigilância.
• Em cada grupo deverá existir pelo menos um aluno que tenha internet em casa.
• É obrigatório indicar todas as fontes de informação utilizadas (sítios da internet, livros, jornais,
revistas, etc.). Deves utilizar, no mínimo, 3 (três) fontes de informação diferentes. Na internet
podes encontrar facilmente informação de qualidade sobre este tema.
Trabalho de grupo - 2
• Este trabalho tem como objectivo principal aprofundar os assuntos tratados nas fichas 3 e 4.
• Além de referir o que é a propaganda e de indicar e explicar por palavras tuas algumas
das suas principais técnicas deves também salientar os perigos da propaganda para o
pleno exercício da cidadania (como por exemplo os perigos para a liberdade e para o
pensamento crítico).
• Em cada grupo deverá existir pelo menos um aluno que tenha internet em casa.
• É obrigatório indicar todas as fontes de informação utilizadas (sítios da internet, livros, jornais,
revistas, etc.). Deves utilizar, no mínimo, 3 (três) fontes de informação diferentes. Na internet
podes encontrar facilmente informação de qualidade sobre este tema.
“Toda a propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão do menos inteligente dentre aqueles que
pretende atingir.”
Adaptado de http://www.pensador.info/p/adolf_hitler_frases/1/
“Toda a propaganda eficaz”, escreveu Hitler, “deve resumir-se ao estritamente indispensável e deve, portanto, exprimir-
se em meia dúzia de fórmulas estereotipadas.” Estas fórmulas estereotipadas devem ser constantemente marteladas
porque “só pela repetição constante conseguir-se-á imprimir finalmente uma ideia na memória de uma multidão.”
Adaptado de http://www.scribd.com/doc/7268597/Aldous-Huxley-Regresso-Ao-Admiravel-Mundo-Novo
“As grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa pequena mentira.”
Adaptado de http://www.pensador.info/p/adolf_hitler_frases/1/
“A manipulação consciente e inteligente dos hábitos e das opiniões das massas é um elemento importante na
sociedade democrática. Aqueles que manipulam este mecanismo encoberto da sociedade constituem um governo
invisível que é o poder que verdadeiramente governa o nosso país.”
Adaptado de http://en.wikiquote.org/wiki/Edward_Bernays
“Em quase todos os actos das nossas vidas, seja na esfera da política ou dos negócios, na nossa conduta social ou no
nosso pensamento ético, somos dominados pelo número relativamente pequeno de pessoas [...] que compreendem os
processos mentais e os padrões sociais das massas.”
Adaptado de http://en.wikiquote.org/wiki/Edward_Bernays
“Se nós compreendemos o mecanismo e as motivações da mente de grupo, não é agora possível controlar e organizar
as massas de acordo com a nossa vontade sem o seu conhecimento ? ”
Adaptado de http://www.thirdworldtraveler.com/Propaganda/Propaganda_Bernays.html
FICHA 2
1. A- V
B- F
C- V
D- F
2. B
FICHA 4
2.3 1- C
2- A
3- D
4- B
2.5.2 Bernays refere-se aos propagandistas (as pessoas que fazem propaganda).