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PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA

Orientações em distúrbios menores

Monica Lacerda Lopes Martins


INSÔNIA

• Sono: estado fisiológico no qual o indivíduo descansa.


• Diminuição das secreções basais, da frequência cardíaca e respiratória, do metabolismo e da temperatura
corporal.
• Processamento das informações e das emoções diurnas.
• Secreção de diversos hormônios determinada pelo sono:
• Inibição da secreção do cortisol no início do sono, aumentando ao final da noite;
• Aumento do hormônio do crescimento no início da noite;
• Aumento da prolactina nos primeiros 45 – 90 min. do sono.
• Secreção máxima de testosterona durante a noite;
• Aumento do TSH à tarde havendo decréscimo no início do sono;
• Aumento da aldosterona progressivamente sendo máxima ao amanhecer;
• Diminuição da renina no sono REM;
• Aumento do ADH durante a noite.
• Fases do sono NREM e REM (alternam-se ciclicamente a cada 1,5h – 4 a 5 ciclos).

• Sono NREM: etapas I, II, III e IV.


• Sono REM: etapa V.

• Fatores que provocam insônia:

• Psicopatias: ansiedade, depressão, fobias, esquizofrenia.


• Psicofisiológicos ou primários: mudança de turnos de trabalho ou após viagens intercontinentais.
• Uso de drogas: cocaína, anfetaminas, ecstasy ou álcool.
• Distúrbio do movimento periódico dos membros: síndrome das pernas inquietas, mioclonias.
• Apnéia do sono.
• Patologias clínicas: asma, câncer, Aids, Parkinson, Alzheimer, alterações gastrintestinais, hipo ou
hipertirodismo.
• Situações para encaminhamento médico:

• Menores de 12 anos (educação e mudança de hábitos dos pais);


• Dores intensas;
• Tratamento com outros medicamentos;
• Interrupção recente de hipnóticos-sedativos;
• Enfermidades orgânicas;
• Apnéia ou mioclonia noturna.
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO

• Criar um ambiente propício e um ritual para a hora de dormir.


• Não usar o quarto como local de trabalho.
• Praticar exercício durante o dia evitando imediatamente antes de dormir.
• Evitar dormir após as refeições.
• Suspender ou diminuir o consumo de cafeína, álcool e tabaco.
• Dormir apenas para descansar.
• Aprender técnicas de relaxamento.
• Manter hora regular para deitar e levantar.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

• Difenidramina: depressor do sistema nervoso central, anticolinérgico, antiemético e anti-


histamínico.
• 50 mg 30min. antes de dormir.
• Piper methysticum – Kava-Kava.
• Kava lactonas, atuam no receptor GABA, bloqueiam a receptação de norepinefrina.
• Toxicidade hepática.
• 350 mg 1x ao dia.
• Valeriana Officinalis L.
• Valepotriatos, alcaloides, flavonoides e taninos.
• Extrato seco (5:1): 300 a 1.200 mg/dia
• Passiflora incarnata L.:
• Alcalóides infólicos, flavonoides, ácidos fenólicos.
• Indicada para crianças.
• Extrato fluido: 30 a 50 gotas 3 a 5x ao dia.
• Extrato seco (5:1): 300mg a 1g/dia.
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

• Parâmetros:
• Frequência de evacuações inferior a 3x /semana.
• Peso das fezes inferior a 35g/dia.
• Esforço defecatório em mais de 25% das ocasiões.
• Sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das ocasiões.
• Fezes endurecidas ou fragmentadas em pelo menos 25% das ocasiões.
• Causas da constipação:
• Idiopática: hábitos errôneos, dieta inadequada, falta de exercício, uso abusivo de laxantes.
• Secundária: proveniente de lesões orgânicas.
• Medicamentosa:
• Anorexígenos;
• Antagonistas de cálcio;
• Benzodiazepínicos;
• Antiácidos com cálcio e alumínio.
• Antitussígenos com codeína.
• Entre outros.
• Encaminhamento ao médico:

• Presença de sangue nas fezes;


• Constipação brusca com dor abdominal.
• Crianças e idosos.
• Quando, após tratamento não-farmacológico e farmacológico, os sintomas não regridem.
• Perda de peso.
TRATAMENTO

• Adoção de medidas higiênico-dietéticas.

• Medicamentos:
• Emolientes e lubrificantes: docusato sódico e óleo mineral.
• Estimulantes: bisacodil, óleo de rícino, ruibarbo, senódido, cáscara sagrada.
• Incrementadores do bolo: plantago MC.
• Via retal: bisacodil glicerina, Enemas.
• Salinos: sais de magnésio.
• Ouros laxantes: lactulose lactitol.
TOSSE

Reflexo protetor que visa eliminar corpos estranhos da árvore tráqueo-


brônquica.

“a tosse em si mesma não é uma doença, porém o resultado de um


estímulo ou de uma doença básica, e por isso a avaliação e o tratamento
da tosse devem ser dirigidos para a doença básica e não para a própria
tosse".
(Howard Eigen, 1991)
• Classificação:

• Aguda: é a presença do sintoma por um período de até três semanas.

• Subaguda: tosse persistente por período entre três e oito semanas.

• Crônica: tosse com duração maior que oito semanas.

• Pode ser ainda seca ou produtiva.


Principais doenças e condições que provocam tosse
crônica.
Asma
Rinite/rinossinusite
Doença do refluxo gastroesofágico
Hiper-reatividade pós-infecção respiratória
DPOC
Tuberculose
Bronquiectasia
Uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina
Insuficiência cardíaca
Neoplasia (pulmão, laringe, esôfago)
EXPECTORAÇÃO

• Características do escarro:
• volume (escasso, moderado ou abundante).
• aspecto (mucoso, purulento, sanguíneo ou com estrias de sangue), coloração
(esbranquiçado, amarelado, esverdeado) e odor (fétido ou não).

A presença de escarro purulento ou mucopurulento e amarelado ou esverdeado está,


geralmente, relacionada a quadros infecciosos agudos, subagudos e crônicos.

A expectoração excessiva pela manhã pode estar associada a bronquiectasias,


bronquite crônica infectada e abscessos pulmonares.
TRATAMENTO

• O uso de antitussígenos só está indicada em casos excepcionais, em que a tosse


é muito incômoda e não há prejuízo ao sedá-la.

• Antitussígenos Narcóticos:

• Codeína: Eleva o limiar do centro da tosse. Analgésico e sedativo fraco.


• Dose: 5 – 20 mg via oral ou SC até de 3/3 horas.
• Dose analgésica: 30 mg ou mais.
• Antitussígeno não-narcótico:
• Dextrometafano: sem efeito analgésico ou sedativo. Não causa dependência.
• Metabolizado pelo fígado, devendo ser evitado em hepatopatas.
• Efeitos colaterais:
• Náuseas, vômitos, diarreia.
• Doses elevadas: euforia, torpor, marcha desordenada.

• Clobutinol retarda a repolarização ventricular e é arritmogênico. Já houve relato de


anafilaxia pelo medicamento.

• Fendizoato de Cloperastina é sedativo da tosse e também tem ação periférica,


dessensibilizando as aferências vagais traqueobrônquicas. Interage com inibidores da
MAO
• Antitussígenos de ação periférica:
• Dropropizina e seu enantiômero Levodropropizina reduzem a sensibilidade das fibras C
vagais.
• Outras classes de auxílio:
• Inibidores de bomba protônica (omeprazol e lanzoprazol) e procinéticos
(domperidona e bromoprida).
• Expectorantes: Iodeto de potássio, bromexina e ambroxol, n-acetilcisteína,
guaifenesina e vasicina (alcaloide – Malva branca).
• anti-histamínicos H1 clássicos (difenidramina, doxilamina).
ESPIRROS E CONGESTÃO NASAL

• Considerando-se aspectos relacionados à causalidade, o espirro ocorre em cerca de 50-


70% dos casos de infecções agudas do trato respiratório superior e a congestão nasal
em mais de 80% dos casos.
• O espirro e a congestão nasal de acordo com a segunda edição da Classificação Internacional de Atenção
Primária (CIAP2) em seu componente “queixas e sintomas”, é classificado como o código “R07”.
• Anamnese farmacêutica e verificação de parâmetros;
• Identificação da necessidade e problema de saúde:
• Início e duração dos sintomas: a queixa de espirro e congestão nasal por um tempo
superior a dez dias é um sinal de alerta para encaminhamento ao médico, assim como
a recorrência frequente de episódios.
• O muco em excesso, particularmente se purulento, com desconforto crânio-facial, dor
em arcada dentária, sugere infecção. Este é um sinal de alerta para encaminhamento
médico.
• Quando os sinais/sintomas descritos a seguir estiverem associados ao espirro ou à
congestão nasal, constituem alerta de encaminhamento médico:
• Febre superior a 39⁰C;
• Dor facial frontal;
• Edema periorbital;
• Epistaxe;
• Tosse por um período superior a duas semanas;
• Taquipneia acentuada;
• Frequência cardíaca > 120 bpm em adultos;
• Otalgia
• Sinais de dificuldade respiratória (utilização de musculatura acessória, batimento de asa
de nariz, dispneia, dor torácica, sibilância).
SITUAÇÕES QUE EXIGEM ENCAMINHAMENTO AO
MÉDICO OU OUTRO SERVIÇO DE SAÚDE
• Crianças com idade inferior a dois anos;
• Idoso em situação de fragilidade;
• Ausência de melhora, ou piora, dos sintomas com até sete dias de tratamento;
• Obstrução nasal: relato de congestão nasal unilateral (suspeita de corpo estranho);
• Pacientes com história de uso crônico de descongestionantes nasais e quadro condizente com rinite
medicamentosa;
• Suspeita de infecção bacteriana de vias aéreas superiores;
• Tosse com secreção excessiva, aspecto purulento, fétido e/ou presença de sangue;
• Tosse persistente por mais de 14 dias ou tosse recorrente;
• Dispneia ou taquipneia;
• Febre acima de 38°C, persistente por período superior às 24h, mesmo sob tratamento;
• Dor de cabeça persistente (por 15 dias) sem causa secundária;
• Dor torácica.
TERAPIA NÃO FARMACOLÓGIC A

• Reduzir o desconforto;
• Manter as vias aéreas superiores hidratadas;
• Auxiliar na remoção mecânica da secreção nasal;
• Facilitar o fluxo de ar nas vias respiratórias;
• Diminuir a exposição aos alérgenos inalatórios.
• Orientar a ingestão de líquidos (2 a 3 litros por dia) – poucos ensaios;
• Evitar a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e cafeinadas;
• Em situações de baixa umidade relativa do ar (<30%), recomendar a umidificação do ambiente por
meio de umidificador ou vaporizador (devidamente higienizados) – resultados controversos;
• Indicar o uso de lenço de papel descartável ou aspirador nasal devidamente higienizado para
remoção de secreções das vias aéreas superiores;
• Não fumar e evitar cigarro – poucos estudos.
TERAPIA FARMACOLÓGICA
Uso tópico

• Solução de NaCl 0,9%: 2 a 3 jatos em cada narina quando


necessário.
• Solução hipertônica de NaCl (3%): 1 – 2 aplicações em cada
narina 3x ao dia (irritação, prurido e queimação.
• Solução de nafazolina (0,1 e 0,05%): 1 a 2 jatos ou gotas em cada
narina até de 6/6 horas por no máximo 5 dias. Risco na gestação
C.
USO SISTÊMICO

• Loratadina (comp. 10mg; xar. 1mg/mL): 1 comp. /10 mL 1x ao dia adultos e crianças acima
de 6 anos. Crianças de 2 – 5 anos metade da dose. Categoria B.
• Dexclorfeniramina (0,4mg/mL; 2,8 mg/mL; comp. 2 e 6 mg):

• Adultos: 2 mg de 4/4 ou 6/6h.


• Crianças: 2 a 5 anos: 0,5 mg, 4/4h ou 6/6h, conforme necessário
• Crianças >6 anos: 1 mg, 4/4h ou 6/6h, conforme necessário .
• Crianças >12 anos: 0,15 mg/kg/dia, divididas em 6/6h .
Associações
• Clorfeniramina + Fenilefrina + Paracetamol (Resfenol®, Cimegripe® e Multigrip®) : 1 dose
a cada quatro horas, não sendo recomendado administrar mais de 8 comprimidos ao dia
(adulto), crianças metade da dose.
• Carbinoxamina + Fenilefrina + Paracetamol (Naldecon® noite, Resprin®: 1 dose a cada 8
horas, não exceder 4 doses em 24 horas, somente adulto.

FITOTERÁPICOS
• Equinácea (Echinacea purpúrea):
• Infecção do trato respiratório superior (possivelmente efetivo).
• Modulação imune (possivelmente efetivo)
• Inflamação (inconclusivo).
Posologia: ADULTOS (Via oral) Chá medicinal com a raiz seca: utilizar 0,5 a 1g da raiz seca
em quantidade suficiente de água 8/8h. Extrato seco (preparação 6,5:1 ou 3,5%
equinacosídeo): tomar 150 a 300 mg, 8/8h.
UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS PARA TRATAMENTO DA ASMA

• NEBULIZAÇÃO
TÉCNIC A DE USO DO AEROSSOL DOSIMETRADO (AD)
TÉCNIC A DE USO DO AEROSSOL DOSIMETRADO (AD) –
ACOPLADO AO ESPAÇADOR
CONFECÇÃO DE ESPAÇADORES – GARRAFA
PET
INALADORES DE PÓ SECO

• Aumentam o número de partículas nos pulmões (partículas menores);


• Dispositivo moderno para inalação;
• Formado por um bocal e um receptáculo onde se encontra o pó ou a
cápsula;
• Não são indicados para crise aguda nem para crianças pequenas;
• Lavar a boca com água sempre após cada dose (candidíase).
TRIAGEM PULMONAR – MEDIÇÃO DO PFE
USO DO MEDIDOR DO PFE

• Verificar se o aparelho está na marca zero ou valor basal;


• Paciente em pé;
• Fazer uma inspiração o mais profunda possível e colocar o aparelho na boca;
• Soprar o mais forte e rápido possível;
• Não tossir e não deixar a língua tapar o bocal;
• Anotar o valor obtido.
• Fazer o procedimento 3 vezes, registrar o maior valor desde que dois
valores não tenham uma diferença maior que 40 L/min.
• Criar uma tabela diária.
• PFE normal é determinado pela idade, altura e sexo (tabela);
• PFE pessoal: é determinado pela maior medida que o paciente
alcançou em dia normal após uso do broncodilatador (tratamento
– espirômetro).
• Ideal: ficar entre 80 a 100% do normal ou do PFE pessoal (sistema
do semáforo).

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