ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

GDD
Nº 71005623756 (Nº CNJ: 0033477-96.2015.8.21.9000)
2015/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. INCLUSÃO

INDEVIDA DA AUTORA NOS ÓRGÃOS DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO POR DÍVIDA JÁ PAGA.
FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. O QUANTUM DE R$
1.000,00 ARBITRADO PELO JUÍZO DE ORIGEM É
IRRISÓRIO E COMPORTA MAJORAÇÃO PARA R$
3.000,00 A FIM DE ATINGIR O CARÁTER
COMPENSATÓRIO, PUNITIVO E PEDAGÓGICO.
QUANDO DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO A AUTORA
POSSUÍA UMA ÚNICA INSCRIÇÃO NEGATIVA EM
SEU NOME, PROMOVIDA PELA RÉ DE FORMA
INDEVIDA. O HISTÓRICO DE INSCRIÇÕES
NEGATIVAS EM NOME DA AUTORA NÃO PODE
SER UTILIZADO COMO BASE PARA NÃO APLICAR
OS PARÂMETROS UTILIZADOS PELAS TURMAS
RECURSAIS EM CASOS SEMELHANTES, POIS
TODAS AS INSCRIÇÕES ALI EXISTENTES JÁ
TINHAM SIDO EXCLUÍDAS ANTERIORMENTE.
DANOS MORAIS MAJORADOS. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO PROVIDO.

RECURSO INOMINADO QUARTA TURMA RECURSAL CÍVEL

Nº 71005623756 (Nº CNJ: 0033477- COMARCA DE TRAMANDAÍ

96.2015.8.21.9000)

SIMONE FRANCO DA SILVA RECORRENTE

BANCO BRADESCO RECORRIDO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Quarta Turma
Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do
Sul, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO.

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TURMAS RECURSAIS

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Nº 71005623756 (Nº CNJ: 0033477-96.2015.8.21.9000)
2015/CÍVEL

Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), os

eminentes Senhores DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA E DR.
LUIZ FELIPE SEVERO DESESSARDS.
Porto Alegre, 30 de outubro de 2015.

DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER,

Relatora.

RELATÓRIO
Narra a autora que possuía conta junto ao banco réu e utilizava
o cartão de crédito regularmente, porém, ao ficar desempregada, deixou um
débito de R$ 513,72, o que foi objeto de acordo para pagamento em cinco
parcelas de R$ 111,40 . Ainda, possuía um débito de R$ 135,00 referentes a
um empréstimo, o qual também foi objeto de acordo em duas parcelas, uma
de R$ 100,00 e outra de R$ 180,00. Apesar de ter cumprido com os
pagamentos acordados, foi surpreendida com uma inscrição indevida nos
órgãos de proteção ao crédito por dívida já paga. Requereu a antecipação
de tutela para exclusão do seu nome dos órgãos de inadimplentes, a
declaração de inexistência do débito de R$ 135,09 e indenização por danos
morais no valor de 40 salários mínimos.
A tutela antecipada foi deferida às fls. 28.
A audiência de instrução foi realizada às fls. 35.
A ré apresentou contestação às fls. 36/58. Alega que a
inscrição negativa decorre de um empréstimo pessoal contratado nos caixas
eletrônicos, o qual deveria ter sido pago em 6 parcelas de R$ 135,00 cada
uma e não foi. Aduz que a requerida é devedora contumaz, devendo ser
aplicada a Súmula 385 do STJ.

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A sentença foi proferida às fls. 79/80. O juízo de origem julgou

parcialmente procedente a ação para declarar a inexistência do débito e
condenar o banco réu ao pagamento de R$ 1.000,00 a título de danos
morais.
A autora apresentou recurso inominado às fls. 86/90,
requerendo a majoração dos danos morais.
As contrarrazões foram apresentadas às fls. 93/99.

VOTOS
DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER (RELATORA)
Recebo o recurso, eis que presentes os requisitos de
admissibilidade.
O Juízo de origem considerou indevida a inscrição negativa
realizada pelo banco réu, uma vez que tratava-se de dívida já paga, o que
não foi objeto de recurso por parte da requerida, e arbitrou danos morais no
valor de R$ 1.000,00 considerando a existência de outras inscrições
negativas em nome da autora.
Em que pese a ré tenha apresentado o histórico de inscrições
negativas em nome da autora às fls. 63/64, observa-se que todas elas já
estavam excluídas antes da certidão obtida pela autora às fls. 16, de modo
que não podem ser consideras para fins de aplicação da Súmula 385 do STJ
ou para fins de redução do quantum arbitrado pelas Turmas Recursais em
casos semelhantes.
Salienta-se, que quando do ajuizamento da ação, a certidão
datada de 25/08/2014 demonstra claramente que a única inscrição negativa
em nome da autora era a inscrição objeto do presente processo, cuja dívida
foi declarada inexistente.

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Mas, não há como deixar de se considerar a contumácia da

autora como devedora e quanto ao rol de débitos apontados contra a mesma
no ano de 2014, o que por si só, impõe adequação de parâmetro de
arbitramento dos danos morais.
Ante o exposto, VOTO POR DAR PROVIMENTO AO
RECURSO, para fins de majorar a indenização por danos morais para o
equivalente a R$ 3.000,00 (três mil reais), mantendo-se a sentença quanto
ao mais.
Sem sucumbência, ante o resultado do julgamento.

DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA - De acordo com o(a)

Relator(a).
DR. LUIZ FELIPE SEVERO DESESSARDS - De acordo com o(a)
Relator(a).

DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER - Presidente - Recurso Inominado nº

71005623756, Comarca de Tramandaí: "DERAM PROVIMENTO AO
RECURSO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: JUIZADO ESPECIAL CIVEL TRAMANDAI - Comarca de

Tramandaí