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1 A ARTE
1.1 CONCEITUALIZAÇÃO
1.2 APLICAÇÃO
entenderá e muito menos falará se não houver aquele que o instrua. Descer até o
povo? Sempre. Estar com o povo? Sempre. Estagnar com o povo? Nunca. Com
ele, impulsiona-o.
Podemos observar que o que o povo canta, quando canta, está apoiado
na condição de terem nas mãos um hinário ou o folheto, o que representa um
embuste.
Freqüentemente observamos o povo adivinhando e conseqüentemente
resmungando um cântico desconhecido apoiado no folheto ou hinário e deixando-
se levar intuitivamente, contando com a obviedade da linha melódica, pobre,
apoiada numa estrutura esquelética composta por 2 ou 3 acordes elementares.
Isso é freqüente em nossas assembléias. E cantar assim é uma falácia. É o mesmo
que não cantar.
Se num determinado momento se determinasse que o povo devesse
cantar de memória, de coração – de cor – os cantos litúrgicos, depois de passadas
as tribulações, que certamente não deixariam de suceder-se, maravilhas
começariam a acontecer.
“Um repertório conhecido é de vital importância para a sobrevivência
da participação da assembléia no canto, pois faz parte de uma tradição cultural,
que firma e conserva a identidade de um povo.” [POSTMA, Joel. Música litúrgica
na celebração eucarística desde o Concílio Vaticano II. Revista de Liturgia. São
Paulo: Paulinas: 1986 (jul./ago.de 1986), p.14]
Da mesma forma, ao nos referirmos a “repertório conhecido” não
podemos nos confundir com aquela orientação bem intencionada, porém
desastrosa: “o canto deve ser conhecido pelo povo”. Se o canto deve ser
invariavelmente conhecido pelo povo, onde e como ficará a missão dos pastores
de dar ao povo a conhecer? Algo é desconhecido até que se conheça.
O que ocorreu no seio da Igreja foi algo que jamais nos passaria pela
cabeça pôr em prática em situações cerimoniais similares. Como já mencionado
anteriormente, imaginemos o quão absurdo e patético seria em um momento
solene cívico, em vez de cantarmos o Hino Nacional o recitássemos. Mais
inconcebível ainda seria recitarmos o “Parabéns a você” na hora de apagar as
velinhas em uma festa de aniversário. Seria uma aberração. Pois tais aberrações
foram e ainda continuam a ser perfeitamente plausíveis e comuns em nossas
celebrações.
“TODA a liturgia sinagogal era cantada e cada livro da escritura
tinha o seu próprio estilo melódico de canto”, [ALCALDE, Antonio. Canto e música
litúrgica: Reflexões e sugestões. São Paulo: Paulinas, 1998, p.14] como já nos
referimos em capítulos anteriores e seria de fato ingênuo supor que tal costume
se devesse apenas ao desejo de ornamentar a cerimônia. O mais impressionante é
observar que o cantilação das orações, preces, monições, bênçãos, etc., só vieram
a ter este destino na cristandade do ocidente, mais precisamente no seio da Igreja
Católica Romana. O mesmo não se observa nas Igrejas do Oriente. E como
instrumento de inestimável eficácia para a passagem de uma mensagem, jamais
foi abandonado no seio de outras grandes religiões do mundo: Islã, Judaísmo,
Hinduísmo e outras.
Tudo se resume ao fato de havermos perdido, em alguma gaveta da
história da Igreja, o conhecimento referente ao poder do canto como instrumento
condutor de uma mensagem. Ao termos perdido esse conhecimento, cantar se
tornou tradição, e em nome da reforma litúrgica cortamos a tradição.
Quando nos referimos a canto, referimo-nos ao canto-música que
conduz, induz e provoca um estado de ânimo mais ou menos próprio para que
através dele o ouvinte receba a mensagem-texto. Assim deparamo-nos outra vez
com a questão da música que suscita um estado de ânimo “x”, porém é portadora
de uma mensagem-texto “y” (caso da música gospel mencionada anteriormente).
Hoje é quase unânime a opinião de que a cantilação do evangelho ou
orações é uma questão de decoração, enfeite, solenização das celebrações em
ocasiões mais festivas.
Um estudo científico apropriado a respeito do assunto nos levaria a
constatações inacreditáveis a respeito do efeito causado pela mensagem-texto
proclamada através do canto ou mais corretamente, através da cantilação.
A beleza intrínseca do canto jamais pode ser vista como
elemento decorativo e, sim, como ferramenta de insuperável eficácia
para a evangelização na liturgia. Sendo assim, esse deveria ser um
elemento presente sempre.
Diante do exposto poderíamos esperar a seguinte intervenção: Qual
seria a diferença então entre o Tempo Comum, Festas e Solenidades? Antes de
respondermos diretamente, queremos recordar que não devemos cultivar o hábito
de “empobrecermos” o Tempo Comum, justamente para termos elementos para
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2.2.6 Missa-Concerto
3 CONSIDERAÇÕES INDISPENSÁVEIS
Aquele que recita não deve pensar que seu gesto seja um
canto; não deve preocupar-se com "respeitar" a fórmula.
Ele é um ministro da palavra; a fórmula está a seu serviço. É
ele, antes de tudo, alguém que se diz, um declamador. A
fórmula deve permanecer um esquema, um ponto de
referência, um sumário; deve continuamente adaptar-se,
restringir-se, dilatar-se, ornar-se e variar segundo a
extensão da frase, o peso da palavra, os acentos e as cores
e o sentido do período. Se a fórmula permanece rígida, o
texto é que deverá ser adaptado; em tal caso, porém, o
rito da palavra se transformará num canto monótono,
insípido, sem vida, nem sentido. (grifo nosso)
[GELINEAU, J. Em nossas assembléias: Teologia da missa.
São Paulo: Paulinas, 1975, p. 233]
recitar bem nunca será tão eficaz quanto cantar bem. O essencial é que o
que quer que se faça se faça com Arte.
E o que deve ser primordial àquele leitor, diácono ou presbítero que
não dispõe das condições necessárias para o canto? Pois que busque o ápice da
arte da declamação-recitação para a transmissão da mensagem evangelizadora.
“[...] na religião judaica [...] a música é como a encarnação do
pensamento divino que se exprime num canto. Este canto se apresenta
então necessariamente como plenitude da palavra que se realiza numa
espécie de sacramentalidade.” [NOCENT, Adrien. Música e experiência de
Deus. Petrópolis: Vozes, 1970 p. 129 (273)]
Diante disso, jamais teríamos chegado a situações endêmicas como o
que ocorre, por exemplo, com a Oração após a Comunhão. Hoje são raros os
casos em que depois de um adequado e necessário silêncio, o sacerdote,
cantando ou recitando, convida solenemente à oração. Esta é a última grande
oração da missa, quando após termos recebido o corpo de Cristo, o silêncio é
rompido pelo convite: OREMOS. Dado o devido tempo para a oração, o sacerdote,
solenemente, eleva a oração final a Deus em nome de todos.
Quantas vezes essa oração se transforma em frugal frivolidade e
formalidade, às vezes seguida dos avisos que já foram dados, tendo a “atmosfera”
já sido totalmente quebrada. Atrevidamente perguntamos: o que podemos querer
como resposta dos fiéis em tais situações? Cantar pelo menos o “oremos” já
mudaria a conotação.
3.2 O CORO
4 FORMAÇÃO