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MÉMORIA E INTERAÇÃO
A autora começa o ensaio descrevendo que quando relatamos nossas mais distantes
lembranças são referidos fatos que foram evocados muitas vezes por testemunhas.
As imagens remotas são as lembranças individuais mais antigas e por muitas vezes
elas são evocadas pela memória coletiva. Desse modo, a autora sinaliza que se não
fossem lembradas pela memória coletiva, talvez essas lembranças iriam ser
deslizadas para a ilusão restando a dúvida. As imagens remotas são remetidas as
lembranças da infância no qual muitas vezes não consegue localizar. A autora
descreve:
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Por muito que deva a memória coletiva, é o indivíduo que recorda. Ele é o
memorizador e das camadas do passado a que tem acesso pode reter objetos que
são, para ele, e só para ele, significativos dentro de um tesouro comum (pode ser
semelhanças ou diferenças de relatos da infância). Uns mais puxados para vida
familiar e intimista e outros mais puxados para a vida pública. Assim, é chamado a
atenção sobre as diferenças de observação sobre o mesmo fato e a autora
poeticamente cita que essas lembranças em contraponto que embelezam ainda mais
a vida.
A autora relata que o grupo é suporte da memória se nos identificamos com ele e
fazemos o nosso passado. É exemplificado a figura de um professor em uma sala de
aula. Para o professor é difícil conhecer a fisionomia de cada aluno, contudo, para os
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A autora argumenta que as lembranças grupais se apoiam umas nas outras formando
um sistema que subsiste enquanto puder sobreviver a memória grupal. Não basta que
se esquecemos um fato uma outra pessoa testemunhe o que vivemos. É preciso
confrontar, comunicar e receber as impressões das lembranças para que estas
ganhem consistência.
TEMPO E MEMÓRIA
Uma forte impressão que esse conjunto de lembrança nos deixa é a divisão do tempo
que nelas se opera. É difícil lembrar traços da infância, a autora descreve que a
pessoa pode fixar um ponto de vista de um certo ano de sua existência. Todavia, na
juventude já é transposto com um passo mais desembaraçado e na idade adulta com
o passo mais rápido. É chamado a atenção sobre as etapas da memória que é toda
dividida por marcos de grande significado para o indivíduo. Pode ser uma mudança
de casa, um falecimento, uma festa. As festas de família (natal) são as mais lembradas
em relação às comemorações individuais, a exemplo da formatura.
Sobre a divisão social do tempo a autora conclui que é refletido não em horas, mas o
antes e o depois de uma visita esperada (seria os preparativos feitos para receber a
visita) ao passo que quando a visita vai embora lamentamos sobre a rapidez do tempo
no desfecho do evento. A medida que o tempo social se empobrece de
acontecimentos, é notado um tempo vazio, quase nulo de informações, parece que
tudo fica igual.
diário é vivido por todos os seres humanos, todavia pode ter sentidos diferentes. A
noite pode ser marcante para uma pessoa por se remeter a um lapso de abandono ou
de medo para a criança. Pode ter uma duração curta para os enamorados, mas pode
ter uma duração longa para os doentes e funcionários dos hospitais. As jornadas de
trabalho por turnos são descritas como aquelas que interferem na coerência da vida
familiar, pois impedem a formação de lembranças lançando o trabalhador a um tempo
mecânico.
O tempo social absorve o tempo individual que se aproxima dele. Cada grupo vive
diferentemente o tempo da família, o tempo da escola, o tempo do escritório.... Em
meios diferentes ela não corre com a mesma exatidão. Há um quadro orientador do
bom uso do tempo social. Pertencem a esse quadro (em tempos diferentes) o ano
litúrgico, o ano escolar, o ano do lavrador. Podemos citar as horas dentro de uma sala
de aula (monotonia) parece demorar mais em relação ao mesmo tempo relacionado
a uma festa.
Um dado bastante curioso e bem usado por nós, é a expressão “meu tempo” ela é
usada pelos que se recordam. De acordo com Simone Beauvior, o tempo que o
homem considera como seu, é aquele onde ele concebe e executa suas empresas,
ou seja, é a época pertencente aos homens mais jovens que nela se realizam por
suas atividades e que se animam com seus projetos.
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LEMBRANÇAS DE FAMÍLIA
A autora descreve que a família que não vive nos centros urbanos é capaz de integrar
pessoas de diferentes classes, credos e políticas.
Sobre os episódios antigos que todos gostam de repetir é narrado como uma forma
de um parente definir a natureza íntima da família, fica sendo uma atitude-símbolo.
Esse reconstruir episódio é transmitir a moral do grupo e inspirar os menores.
Tocamos sem querer na história, nos quadros sociais do passado.
Muitas lembranças, que relatamos como nossas, mergulham num passado anterior a
nosso nascimento e nos foram contadas tantas vezes que as incorporamos no nosso
cabedal. Entre elas, contam-se os feitos dos avós, mas também nossos, de que
acabamos “nos lembrando”. Na verdade, nossas primeiras lembranças não são
nossas, estão ao alcance de nossa mão no relicário transparente da família. Todavia,
no momento que que parentes se afastam ou morrem começam a surgir lacunas na
lembrança, pois há alternância da lembrança em cada fase da vida, ou seja, traços
novos afloram, outros se apagam conforme as condições de vida presente.
A figura materna pode ser descrita por traços físicos ou morais, ou mesmo através do
seu trabalho.
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Os irmãos são fixados na maioria das vezes na infância e que depois sua figura
empalidece e apenas sobrevive no menino ou menina que foram. Sua personalidade
se delineia na infância e permanece assim.