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Daniela D.

Sopezki, instrutora de
meditação: 'Sucesso é estar em paz na
adversidade'
Gaúcha doutoranda em saúde coletiva veio ao Rio
dar workshop para difundir ‘mindfulness’, método de
concentração que se popularizou nos EUA e na
Europa
POR BRUNO CALIXTO
04/04/2015 6:00

Daniela diz que, onde quer que ela seja vista, estará sempre em profundo
estado de meditação contemplativa - Pedro Kirilos / Pedro Kirilos/Agência O
Globo
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“Nasci no Rio Grande (RS), tenho 36


anos. Medito onde quer que seja. Se me
encontrar sentada por aí com um olhar
meio perdido e cara de paisagem, estarei
meditando. Sim, na fila, no parque, na
praia, onde der vontade. Afinal, estamos
falando de um estado que se leva para a
vida que se tem”

Conte algo que não sei.


A galera anda frenética, correndo para
tudo e por tudo, com a mente perdida
numa dimensão paralela chamada futuro
e numa outra chamada passado,
explodindo por qualquer coisinha. O
mindfulness pode resolver.

No que a prática difere das


meditações conhecidas?
É bem mais do que meditação. Atua no
alívio de sofrimento e a ideia é estimular
seu uso antes que seja urgente. A minha
crítica é contra a panaceia desvairada.
Há técnicas para todo mundo desde que
respeitem a subjetividade.
Qual seria a tradução mais simples
para mindfulness?
É um “estar pleno” com uma atitude
acolhedora em relação a pensamentos,
emoções e sensações, no aqui e agora,
seja lá no que estivermos fazendo:
trabalhando, estudando, se exercitando,
meditando. Um estado de “prestar
atenção” no momento sem julgamento,
com abertura, curiosidade e
amabilidade. Logo, não se trata apenas
de desenvolvimento de foco ou
concentração, e sim de um olhar mais
expandido, um monitoramento
contemplativo da vida. Portanto, o
conceito é bem robusto e, por isso,
demanda um repertório diversificado.

Como se pratica?
Com diversos tipos de meditação, com
foco na respiração, no corpo, na imagem
ou no movimento, e através do
desenvolvimento cotidiano, por
exemplo, sentar para tomar um café e se
concentrar no sabor e na textura, tomar
um banho e aproveitá-lo. É a pura
simplicidade na prática.

Cientificamente falando, como


atua em nosso corpo?
Atua na regulação emocional, na redução
de sintomas depressivos e ansiosos, na
melhora da qualidade de vida em
pacientes com doenças graves, como
câncer, dor crônica, problemas
cardíacos, abuso de substâncias, além de
todo impacto no cérebro, com a
possibilidade de gerar mudanças
anatômicas e funcionais.

Steve Jobs passou muito tempo


num mosteiro zen, na Índia. A
meditação seria a chave para o
sucesso?
Para muitos, a meditação ou o
mindfulness é uma ferramenta, mas se
trata de um apelo midiático. Não
praticamos para buscar resultados,
efeitos, provocar estados. Praticamos por
praticar. É subjetivo demais classificar o
“sucesso”. Sucesso é estar em paz na
adversidade. Quantos dólares vale o
sossego? Afinal, todo mundo corre atrás,
só mudam os objetos de valores e os
estilos de vida. Todo mundo quer é ser
feliz e aliviar o sofrimento.
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Qual é o melhor horário para


meditar?
Aquele em que estamos mais despertos.
O processo meditativo é ativo, de estado
de alerta.

Como o cérebro responde a este


tipo de prática?
O cérebro se revelou muito mais plástico
nos últimos anos. Estudos de Harvard
evidenciam aumento da massa cinzenta
em distintas regiões do cérebro, após
dois meses de meditação, sobretudo no
hipocampo, associado à memória, à
aprendizagem e à regulação emocional.

Seria, portanto, um aliado também


na busca pela cura do Alzheimer?
No Alzheimer, o hipocampo é uma das
primeiras regiões do cérebro a diminuir,
é a casa da memória e do aprendizado.
Ainda não temos esse dado científico,
nada que me permita afirmar com tanta
segurança.

"É basicamente isso. Você não pode mudar sua história, seu passado,
seus genes, seus sentimentos, mas você pode mudar a forma como lida
com tudo isso. Aquilo que você faz é o que conta. Mas, atenção: não
foque demais nos resultados, especialmente naqueles que dependem
muito das circunstâncias. Em vez disso, pense no processo: pense em
como você gostaria que suas ações fossem. Ou seja, atente-se aos seus
valores, independentemente dos resultados que eles provocam. Aceite o
que você é e enxergue-se como o ponto de partida para cada ação sua,
pensando no que é o melhor que você pode fazer considerando o que
você é nesse momento."

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