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Profissional de Técnico de Viticultura e Enologia

Nome: ______________________________________ Nº___ Tª____12º ano

Ficha de Trabalho: Adubos- Aplicação dos adubos.

A EFICIÊNCIA DAS ADUBAÇÕES

O sucesso de uma adubação depende de uma série de fatores, direta e


indiretamente ligados a essa prática.

1. Fatores diretos

De entre os fatores diretos, destacam-se:


10º ano
1.1. Qualidade dos fertilizantes: conforme visto no capítulo anterior, são
numerosas as características apresentadas pelos fertilizantes que têm relação
com a sua qualidade. Algumas características são de âmbito geral, isto é, dizem
respeito à qualidade de qualquer produto, como, por exemplo, consistência dos
grânulos, segregação, fluidez, higroscopicidade, empedramento. Outras, porém,
dependem da situação agrícola em que o produto vai ser utilizado, como por
exemplo, estado físico, número, forma química e concentração de nutrientes e
solubilidade.

Assim, não se podem definir as características-padrão de qualidade. As


melhores características de qualidade devem ser eleitas em função das
condições em que o produto vai ser usado, eleição essa que deve ser feita
através de um criterioso estudo técnico. O engenheiro agrónomo deve estar
capacitado para isso.

1.2. Solo: as características físicas, químicas, físico-químicas e orgânicas do


solo influem de maneira decisiva na eficiência dos adubos.

As características físicas como textura, estrutura e porosidade são fatores


determinantes para o armazenamento, mobilidade e, principalmente, perdas de
fertilizantes adicionados pelas adubações, perdas essas que podem ser por
lixiviação ou lavagem dos nutrientes, ou erosão.

As características químicas estão relacionadas com a natureza dos minerais do


solo e a disponibilidade de nutrientes presentes no solo, característica

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essa,fundamental para a recomendação da dose de adubação, assim como as
transformações a que os nutrientes adicionados ao solo estarão sujeitos.

As características físico-químicas dizem respeito, principalmente, à capacidade


de troca ou retenção de catiões e ao pH. A primeira reflete a capacidade de
armazenamento de nutrientes catiões pelo solo, além da qual esses nutrientes
ficam mais sujeitos à lixiviação.

O pH, que é um índice que indica o grau de acidez do solo, é de extrema


importância, porque determina a disponibilidade dos nutrientes contidos no solo
ou a ele adicionados (Figura 1) .

Figura

Quando os solos apresentam acidez média a alta, a sua correção, ou seja, a


calagem, é um fator decisivo na eficiência das adubações. Adubar o solo ácido é
desperdiçar fertilizante.

As características orgânicas são de inestimável valor, uma vez que melhoram as


características físico-químicas e biológicas principalmente e, com isso,
possibilitam um desempenho muito melhor dos fertilizantes minerais.

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O conhecimento de todas essas características de um determinado solo é
obtido através da análise física e química.

1.3. Recomendação equilibrada, qualitativa e quantitativa: na prática da


adubação é amplamente conhecida a famosa “lei do mínimo” de Liebig, isto é, a
produção fica limitada pelo nutriente que se encontra em menor
disponibilidade. Essa lei pode ser entendida representando-a por um recipiente
de bordas irregulares na altura (Figura 3): a capacidade do recipiente fica
limitada à menor altura da borda.

Figura 3- Representação da “Lei do mínimo.”

Portanto, a recomendação da adubação deve contemplar as espécies de


nutrientes necessárias e a sua quantidade. Quanto à quantidade ou dose deve-
se considerar uma outra lei, a “lei dos acréscimos decrescentes”, e também o
aspeto económico: as adubações não devem visar a produtividade máxima, mas a
produtividade que proporcione o maior lucro, isto é, a produtividade máxima
económica.

Relação entre a eficiência das


adubações e a Produtividade Máxima Económica (PME) PM = Produtividade Máxima.

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1.4. Época de aplicação: produtos de baixa solubilidade devem ser aplicados
com antecedência para que tenham oportunidade de se dissolverem. Produtos
solúveis deveriam ser aplicados nas fases de sua maior exigência pela cultura,
uma vez que, no solo, podem ficar sujeitos a perdas. É óbvia a dificuldade desse
procedimento: porém, algumas práticas como a do parcelamento, principalmente
dos nitrogenados, é um fator importante na eficiência.

1.5. Forma de aplicação ou localização: os adubos de baixa solubilidade devem


ser aplicados em área total e bem incorporados ao solo, a fim de que os fatores
solubilizantes possam melhor agir. Os adubos solúveis devem ser aplicados mais
localizados, próximos às raízes, para diminuir as perdas.

1.6. Uniformidade da distribuição: a dose de adubo recomendada deve ser


distribuída uniformemente por toda a área, observada a forma de aplicação
indicada. Isso depende da qualidade dos equipamentos aplicadores, da sua
regulação e operacionalidade corretas, mas depende também de alguns aspetos
de qualidade do fertilizante, como segregação, higroscopicidade,
empedramento e fluidez.

2. Fatores indiretos

De entre os fatores indiretos, dos quais depende o sucesso das adubações,


estarão todos aqueles que influenciam na produção agrícola:

2.1. Humidade do solo: as plantas só absorvem os nutrientes que estão na


solução do solo. Portanto, a presença de água é fundamental, quer proveniente
de chuvas ou de irrigação. Em solo seco a eficiência dos fertilizantes é
altamente prejudicada. Por outro lado, o excesso de água também é maléfico,
porque acentua a perda por lixiviação.

2.2. Planta: as diferentes espécies de plantas respondem diferentemente ao


efeito dos fertilizantes. Mas dentro de uma mesma espécie há variedades com
maior capacidade de aproveitamento dos fertilizantes, sendo portanto mais
responsivas ao efeito dos adubos e, consequentemente, mais produtivas.

2.3. Outros: a eficiência dos fertilizantes está também sujeita a uma serie de
outros fatores indiretos, como a preparação adequada do solo, espaçamento,
combate às ervas daninhas, pragas e doenças, fatores esses que dificultam ou
impedem a plenitude da ação dos fertilizantes e, consequentemente, o seu
aproveitamento pelas plantas.

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TIPOS DE ADUBAÇÕES

Existem três tipos fundamentais de adubação: a de correção, efetuada antes


do plantio; a de plantio ou crescimento, realizada na ocasião do plantio do
porta-enxerto ou da muda até 2 a 3 anos; e a de manutenção, realizada durante
a vida produtiva da planta. A primeira é feita para corrigir a fertilidade do solo
para padrões de fertilidade preestabelecido, a segunda é feita para permitir o
crescimento inicial das plantas, e a terceira é para repor os elementos
absorvidos pela planta durante o ano.

Adubação de Correção: Como o nome já diz, é feita para corrigir possíveis


carências nutricionais. Nela procura-se corrigir os teores de fósforo, potássio
e do micronutriente boro.

Adubação plantio ou de crescimento –Constitui-se das aplicações de nitrogénio,


fósforo e potássio através de fertilizantes minerais . A dose de N deve ser parcelada
em aplicações quinzenais, iniciando com 5g de N até 90 dias, 8g até 180 dias, 12g até a
poda de formação e a partir daí, 15g até antes da 1° poda de produção que deve
ocorrer entre o 18° e o 20° mês do plantio ou enxertia no campo. O potássio, também,
deve ser parcelado em aplicações quinzenais. Em relação ao fósforo, aplicar 40% da
dose recomenda aos seis meses após a adubação de plantio, e o restante, seis meses
depois dessa última aplicação. Junto com as aplicações do fósforo, aplicar de 10 a 20
litros de esterco de curral por planta.

Tabela 2 - Adubação de plantio e de crescimento da videira com base na análise de solo.


P no solo, mg dm-3 K no solo, cmolc dm-3
N
Fase <11 11-20 21-40 >40 <0,16 0,16-0,30 0,31-0,45 >0,45
g/planta ----- g/planta de P2O5 ------ ---------- g/planta de K2O ------------
Plantio - 160 120 80 40 - - - -
Cresc. - muda
260 - - - - 160 120 80 40
enxertada

Cresc. - muda
130 - - - - 160 120 80 40
porta-enxerto

Adubação de produção - Após a primeira poda de frutificação, deve-se adubar o


vinhedo a cada ciclo vegetativo, utilizando-se estrume, fósforo, potássio e nitrogênio,
de forma equilibrada, sempre respeitando as necessidades da cultura. Até o quarto
ciclo de produção da videira, a análise de solo que foi feita antes do plantio, associada
às análises foliares, ainda podem ser úteis para determinação das doses de fósforo e
potássio (Tabela 2). Posteriormente, as análises foliares assumem maior importância
nos critérios das recomendações de adubação.

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Tabela 3 - Adubação de produção da videira, em função da produtividade e análise de solo.
Produtividade kg/ha de P K no solo, cmolcdm-³
N
esperada <11 11-20 21-40 >40 <0,16 0,16-0,30 0,31-0,45 >0,45

t/ha kg/ha de N ------ kg/ha de P2O5 -------- ------------- kg/ha de K20 --------------
< 15 120 100 80 60 40 120 100 80 60
15-25 160 120 110 80 50 200 160 140 100
26-35 200 160 140 100 60 300 240 200 130
> 35 240 200 160 120 80 400 320 240 160

O uso de matéria orgânica é imprescindível para o cultivo da videira. Os benefícios


advindos do seu uso referem-se ao controle da temperatura do solo, aumento da
atividade microbiológica, maior retenção de água e nutrientes no solo e liberação de
nutrientes após a oxidação. As fontes de matéria orgânica mais empregadas são os
estrumes de bovino e caprino e, em menor escala, “húmus” de minhoca, composto e
outros adubos orgânicos. O estrume de curral pode ser usado em quantidades elevadas,
como 40 litros/planta/ciclo, dependendo de sua disponibilidade.

O estrume e o fósforo são aplicados após cada colheita, em sulcos abertos,


alternadamente, em cada lado da linha das plantas. Nos ciclos do primeiro ano de
produção, os sulcos localizam-se a 50 cm de distância das plantas, no segundo ano, a 80
cm e no terceiro em diante, a 100 cm. Essas distâncias estarão relacionadas com o
crescimento do sistema radicular, que deve ser efetivo a partir do momento em que a
muda começa a expandir as raízes até o total estabelecimento da planta, quando as
raízes deverão ocupar o máximo da área do solo a elas destinada.

As adubações com nitrogénio e potássio são realizadas em cobertura no local onde


existir maior humidade e proximidade do sistema radicular, fazendo-se, a seguir, uma
pequena incorporação dos adubos. As doses de N devem ser parceladas em aplicações
da seguinte forma: 30% no período da poda à rebentação, 30% no período de
desbrotaàpré-floração, e 40% no período de pós-floração (tamanho chumbo até o
crescimento da baga). Parte do nitrogénio aplicado no período de pré-floração (30%)
poderá ser aplicado aos 15-20 dias antes da poda. Para o potássio, as doses devem ser
parceladas em 30% na fundação (15 a 20 dias antes da poda) ou parcelada em
aplicações no período de rebentação até ao florescimento, 15% no período de pós-
floração, 15% durante o crescimento da baga e 40% no período de amolecimento da
baga.

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EQUIPAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO

Pretende-se atingir os seguintes objetivos com os equipamentos de fertilização:


-Uma quantidade precisa das porções a aplicar;
-Distribuição regular dos adubos e fertilizantes em geral;
- Rapidez de trabalho;
- Resistência à corrosão;
- Resistência ao empapamento;
- etc.

Classificação dos equipamentos de fertilização

A classificação dos equipamentos de fertilização faz-se tendo em consideração o tipo


de material a distribuir, pelo que se tem:
- distribuidores de adubos sólidos;
- distribuidores de adubos líquidos;
- espalhadores e distribuidores de estrumes.

Para além do tipo de material a distribuir, dentro de cada grupo existe uma grande
diversidade de aspetos, nomeadamente no que respeita à higroscopicidade, densidade,
forma de apresentação (adubos pulverulentos, granulados, etc.) o que implica que os
equipamentos sejam suficientemente polivalentes para poderem distribuir materiais
tão diversos; a tendência para a constante redução dos volumes a aplicar torna a
uniformidade da distribuição mais difícil pelo que a precisão dos equipamentos a
utilizar tem de ser cada vez maior.

Distribuidores de adubos sólidos

Os distribuidores de adubos, ou corretivos, sólidos, granulados ou pulverulentos


podem ser divididos em:

-Distribuidores por gravidade;

- Distribuidores centrífugos;

- Distribuidores pneumáticos;

- Localizadores.

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1- Reservatório, 2- Dosador gravitacional, 3- Agitador
mecânico, 4- Alavanca reguladora de vazão e 5-
Pêndulo.

Distribuidores centrífugos

Nos distribuidores centrífugos, como o próprio nome


indica, a distribuição é feita por projeção centrífuga, o
que permite obter uma largura de trabalho bastante
superior à da tremonha.
O acionamento dos órgãos de alimentação e distribuição
é assegurado pela TDF do trator, tendo a tremonha uma
forma tronco-cónica invertida, simples ou dupla; esta tem
na sua base um agitador que evita a compactação do
adubo, impedindo assim a formação de torrões, e
assegura uma alimentação regular e contínua dos
órgãos de alimentação.

Considerando o sistema de distribuição estes


distribuidores classificam-se em:
- distribuidores de disco(s);
- distribuidores de tubo oscilante

C. Distribuidores de tubo oscilante

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Distribuidores pneumáticos
Os distribuidores pneumáticos são caraterizados por
apresentarem um ventilador centrífugo que gera uma
corrente de ar que transporta o adubo, através de tubos,
da tremonha até à saída daqueles; estas saídas
encontram-sem montadas numa rampa com deflectores,
que pode dobrar-se para facilitar o transporte.

Localizador de adubo em 2 bandas para plantações em


linha, com largura de espalhamento variável e espaço
entre linhas variável

Representação de um localizadorde adubo em profundidade.


1- Tremonha 2- Sistema de distribuição de fundo móvel
3- Roda motriz 4- Tubo de descida 5- Faca 6-Soco

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Distribuidores de adubos líquidos
A aplicação dos adubos líquidos ou em solução,
nomeadamente os azotados, pode ser efetuada por
pulverização ou injeção, utilizando pulverizadores
adaptados para esse fim, ou misturados com a água de
rega. Para os adubos com elementos em suspensão,
Distribuidor (cisterna) com bico aspersor, alcance 15m.
como, por exemplo, o chorume, utilizam-se distribuidores
(cisternas) de chorume, mas para os estrumes
semilíquido, que se distinguem do chorume por serem
mais pastosos, utilizam-se equipamentos próprios, que
se designam genericamente por distribuidores de
estrume semilíquido.

Figura 4. Equipamento com sistema de distribuição por gravidade de precisão (a) e equipamento
com grande capacidade de carga (b). Fonte: www.jan.com.br

Figura 5. Modelos de distribuidores com discos duplos encontrados no mercado

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