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Artigo de Revisão
ABSTRACT
Rev. Edu., Meio Amb. e Saúde 2008; 3(1):107-116.
INTRODUÇÃO
Conhecendo-se os problemas de saúde de um determinado grupo de
pacientes, com características comuns, é possível se direcionar a assistência de
enfermagem, fornecendo-se subsídios para a elaboração de plano de cuidados,
implementação de intervenções, treinamento e qualificação da equipe de
enfermagem. Considerando a importância da implantação de uma assistência
integral e individualizada, voltada às necessidades do paciente durante todas as
fases do seu tratamento, é fundamental a realização de estudos voltados à
identificação dos diagnósticos de enfermagem em todo o período de tratamento. A
assistência de enfermagem deve ser individual, contínua e planejada,
compreendendo o paciente em todas as fases, mediante a avaliação de
enfermagem nos períodos de transição do tratamento.
Segundo Suplicy (2001), a obesidade é definida como um aumento na
porcentagem de tecido adiposo corporal, acompanhado de aumento de peso, de
cuja magnitude e distribuição dependem a saúde do indivíduo. Já Halpen (2005), “ a
obesidade é um índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2
Peso
IMC = ”.
Altura 2
A obesidade vem aumentando a cada dia. Cerca de 97 milhões de adultos
norte-americanos (55% com idade entre 20 a 75 anos) estão acima do peso ou
obesos, sendo a porcentagem de homens adultos com excesso de peso ou obesos
(59,4%) um pouco maior que a das mulheres (50,7%) (Bennett 2001).
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Micoses
Hérnia de hiato Linfoedemas
Pele
Cálculo na vesícula biliar Celulites
Gastrointestinai Cirrose e esteatose Acantose
s hepática
Hemorróida
Câncer colorectal
Redução no GH e IGF1
Redução na resposta à
Hiperlipidemia prolactina
Metabólicas Resistência à insulina Aumento do cortisol livre na
Diabetes mellitus urina
Endocrinas
Hiperandrogenismo
Irregularidades menstruais
Neurológica Bloqueio nervoso Síndrome do ovário
policístico
Complicações obstétricas
Renal Proteinúria Operação por cesariana
Osteoartrites Gravidez Macrogenitossomia
Ortopédicas
Gota Defeitos no tubo neural
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OBESIDADE
A obesidade não é uma doença singular, mas um grupo heterogêneo de
condições com múltiplas causas que, em última análise, refletem no fenótipo obeso
(Jebb 1999). O balanço energético positivo que ocorre, quando o valor calórico
ingerido é superior ao gasto, é uma das causa mais importantes para o
desenvolvimento da obesidade, promovendo aumento nos estoques de energia e
peso corporal (Martinez 2000). O início da manutenção de um balanço calórico
positivo relativo às necessidades do organismo pode ser conseqüência tanto de
aumento na ingestão calórica, como redução no total calórica gasto, ou os dois
fatores combinados (Pereira et al. 1999).
Dados recentes demonstraram a alta incidência de sedentarismo na
população obesa. Em seu estudo, Freitas et al. (1998) verificou que 80% dos
indivíduos estudados não praticavam qualquer atividade física. O processo de
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mulheres), foi observado que 81,9% dos indivíduos consumiam lipídios acima de
30% do total calórico ingerido, dado semelhante ao encontrado na população norte-
americana. Metade das mulheres ingeria acima de 40% de lipídios na dieta e a
freqüência de sobrepeso era de 43,9%, enquanto a de indivíduos obesos era de
23,1%. Outro dado interessante observado pelo grupo foi que a maioria dos
trabalhadores realizava apenas três refeições diárias e 43% dos indivíduos obesos
tinham o jantar como a maior refeição. Há indícios de que o padrão de alimentação
hiperlipídica, hiperprotéica e hipoglicídica esteja repetindo-se também no Brasil.
Estudos realizados com mulheres obesas brasileiras demonstraram que mais
de 30% do total calórico ingeridos por esta população eram proveniente de lipídios
(Pereira et al. 1998), o que demonstra ingestão semelhante à encontrada nos países
desenvolvidos, caracterizando esta dieta como ocidentalizada. A tendência secular
no aumento da obesidade parece ocorrer paralelamente à redução na prática de
atividade física e aumento no sedentarismo (Francischi et al. 2001).
O hábito da prática de atividade física é influenciado na criança pelos pais e,
quando desenvolvidos nesta fase, tendem a manter-se do mesmo modo até a fase
adulta (Strauss 1999). Além disso, uma redução natural no gasto energético é
observada com a modernização, ocasionando estilo de vida mais sedentário com
transporte motorizado, equipamentos mecanizados que diminuem o esforço físico de
homens e mulheres tanto no trabalho como em casa. Já foi demonstrada uma
redução de aproximadamente 600 kcal com a diminuição do tempo despendido com
brincadeiras de rua e o aumento do tempo assistindo à televisão.
Rev. Edu., Meio Amb. e Saúde 2008; 3(1):107-116.
De fato, poucas atividades, hoje em dia, são classificadas como muito ativas,
enquanto, há algumas décadas atrás, várias atividades tinham esta característica
(OMS 1998). No entanto, é muito difícil estabelecer uma relação de causa e efeito
entre o IMC e o grau de atividade física, mas sabe-se que a redução na atividade
física diária afeta direta e indiretamente (através da taxa metabólica basal - TMB) o
gasto energético diário do indivíduo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos estudos analisados chegou-se à conclusão de que a obesidade
tornou-se uma epidemia mundial e um problema de saúde pública independente do
sexo, idade, etnia ou raça, decorrente de maus hábitos alimentares. Pois o mundo
moderno estimula as pessoas a ingerir alimentos hipercalóricos, através de “Fast
Food”, e a reduzir as atividades físicas, através da engenharia moderna.
A obesidade torna-se, assim, um dos principais fatores de risco para o
desenvolvimento de inúmeras doenças prevalentes na sociedade. Portanto, alguns
autores enfatizam que a genética tem contribuído de forma reduzida para tal
desenvolvimento, porém os fatores ambientais são predominantes.
A mudança da lógica assistencial, para a promoção da saúde e prevenção de
doenças, baseia-se no conhecimento de agravos prioritários à saúde de
determinada população. O Brasil vivenciou, na década de 60, mudanças no perfil
das principais causas de mortalidade, quando as doenças crônicas não-
transmissíveis passaram a ocupar a posição de principais causas de morte.
Dentre as chamadas doenças crônicas não-transmissíveis, destacam-se a
Obesidade e as Doenças Cardiovasculares que, além da principal causa de morte
em nosso meio, constituem-se numas das principais causas de incapacidade e
demandam os mais altos custos em assistência.
É indispensável à quantificação dos fatores de risco, para que se conheça a
realidade epidemiológica da nossa população e, como conseqüência, sejam
desenvolvidas ações de saúde coletiva como promoção e prevenção a saúde,
avaliando-se, no futuro, o impacto dessas ações na prevalência dos fatores de risco
e nos índices de mortalidade, morbidade hospitalar e custos na assistência.
Conclui-se que é de suma importância a inserção de um enfermeiro, no
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENNETT G.. Tratado de Medicina Interna. 21ªed, v.2. Guanabara Koogan. Rio de
Janeiro, 2001.
DESPRÉS J. P.; LAMARCHE B. Low intensity endurance exercise training, plasma
lipoporotein and the risk of coronary heart disease. J. Intern. Med., v. 236, p.7-22,
1994.
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