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Uma modificação no normal funcionamento de um dos níveis acima referidos pode resultar em
infertilidade.
CAUSAS DE INFERTILIDADE
Masculinas Femininas
⋅ Anomalias congénitas dos testículos ⋅ Anomalias congénitas (ausência ou atrofia dos
⋅ Ausência de produção de espermatozóides ovários, trompas, útero...)
(azoospermia) ⋅ Ausência de produção de oócitos
⋅ Produção de espermatozóides em número ⋅ Anomalias na secreção hormonal, desencadeando
insuficiente problemas na ovulação
⋅ Deficiência na mobilidade dos gâmetas ⋅ Obstrução ou alteração das trompas
⋅ Percentagem elevada de espermatozóides anormais ⋅ Problemas ao nível do endométrio
⋅ Anomalias na libertação de espermatozóides ⋅ Infecções das vias genitais
⋅ Níveis baixos ou ausência de testosterona ⋅ Inflamações e tumores
⋅ Doenças do sistema circulatório, diabetes, etc. ⋅ Muco cervical desfavorável aos espermatozóides
⋅ Doenças dos órgãos sexuais (infecções, inflama- ⋅ Exposição a tóxicos, como tabaco, álcool, drogas
ções, cancro testicular) ⋅ Excesso de actividade física
⋅ Febres altas, exposição prolongada a altas ⋅ Anorexia
temperaturas ⋅ Stress
⋅ Exposição a tóxicos, como tabaco, álcool, drogas ⋅ Idade
⋅ Impotência
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A impotência pode ser causada por desregulações hormonais, neurológicas, psicológicas, doenças ou
drogas.
Factores imunológicos podem contribuir também para a infertilidade pois os anticorpos contra o
esperma podem ser encontrados em ambos os sexos. Os anticorpos femininos reduzem as capacidades de
deslocação dos espermatozóides ao longo do útero, enquanto que os anticorpos masculinos provocam
aglutinação dos espermatozóides, dificultando a sua deslocação. A origem destes factores imunológicos é pouco
conhecida, mas o seu importante papel determina a prossecução da investigação nesta área.
Quando um casal tem problemas em atingir uma gravidez, o primeiro passo é determinar as suas
causas, através de exames médicos de diagnóstico. Nos homens:
. análises hormonais: para quantificação das gonadotropinas e testosterona;
. espermograma: para avaliar a quantidade e qualidade dos espermatozóides no sémen;
. testes genéticos: para despistagem de doenças associadas à produção de espermatozóides;
. biopsia aos testículos: permite inferir acerca do funcionamento e estrutura testiculares;
. análises à urina: para despistar microrganismos causadores de ISTs;
Nas mulheres:
• estudo das trompas de Falópio: para verificar se há alguma obstrução e, portanto, proceder à sua
eliminação;
• análises sanguíneas: para caracterização hormonal feminina;
• ecografia: para verificar o estado do útero, ovários e controlar o ciclo ovárico;
• análise ao muco cervical: com o objectivo de se avaliar a mobilidade dos espermatozóides no colo do
útero;
• laparoscopia (fig. 1): pode detectar e corrigir problemas no sistema reprodutor feminino,
nomeadamente bloqueios que impedem o transporte de espermatozóides e ovócitos;
• biopsia endometrial.
Também é preciso averiguar, quer no homem quer na mulher, os antecedentes sociais e culturais
(comportamentos de risco, por exemplo).
Fig. 1 – Laparascopia.
Há dois tipos de infertilidade: a primária, que consiste na incapacidade fisiológica de uma primeira
gravidez, e a infertilidade secundária, quando há incapacidade fisiológica de uma segunda ou mais gravidezes.
Entende-se por reprodução assistida um conjunto de técnicas que visam obter uma gestação substituindo
ou facilitando uma etapa deficiente no processo reprodutivo.
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TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
1. Inseminação intra-uterina ou Inseminação artificial [IUI (ing.) ou IIU (port.)].
Permite a colocação de espermatozóides (previamente seleccionados) no interior do útero.
Este procedimento aplica-se nas seguintes situações:
. problemas ao nível do esperma, principalmente quanto ao número de espermatozóides;
. incompatibilidades entre o esperma e o muco cervical;
. incapacidade de o homem ejacular na vagina por motivos de impotência.
Os espermatozóides podem ser crioconservados (crio= frio, gelo), permitindo organizar bancos de
esperma nos hospitais e clínicas, para posterior utilização. A técnica de crioconservação implica diversas etapas.
Primeiramente adiciona-se um crioprotetor e em seguida os espermatozóides são imersos e guardados
em criotubos a -196 °C, em azoto líquido. Cada tubo contém a quantidade de espermatozóides necessária para
uma inseminação. A crioconservação de espermatozóides é também efectuada em caso de ocorrerem problemas
graves de saúde, como intervenções cirúrgicas, quimioterapia e radioterapia, que podem afectar a produção de
espermatozóides do homem.
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3. Fecundação ou fertilização in vitro (IVF ou FIV).
A partir de 1978 iniciou-se uma verdadeira revolução na área da reprodução assistida. Foi nesse ano que
nasceu, no Reino Unido, a primeira criança cujo embrião foi concebido fora do corpo materno.
Esta técnica é utilizada em diversos casos de infertilidade, como disfunção ovárica grave, obstrução das
trompas, esperma com um número reduzido de espermatozóides, de má qualidade ou com reduzida mobilidade.
Também é aplicada em casos de infertilidade inexplicável.
Envolve as seguintes etapas:
- estimulação ovárica (forte); recolha, por aspiração, dos oócitos e sua observação ao microscópio para
determinar a sua maturidade e qualidade;
- recolha e selecção dos espermatozóides morfologicamente normais e mais móveis;
- colocação, numa placa de Petri com um meio de cultura apropriado, de um a quatro oócitos e uma
elevada concentração de espermatozóides (75 000 a 100 000). A placa é colocada numa incubadora asséptica, a
37 ºC, com ar humidificado, reconstituindo as condições do oviduto e do útero;
- após a fecundação e a formação de embriões, são seleccionados alguns, sendo transferidos, ao fim de
dois a três dias, 2 ou 3 (no estado de 2 a 8 células) para a cavidade uterina. Normalmente a mulher é submetida
previamente a um tratamento hormonal com progesterona, no sentido de melhorar o estado do endométrio,
facilitando a nidação.
Nem todos os oócitos II conseguidos são fecundados e, destes, nem todos formam embriões com
capacidade para se fixarem no útero, daí a necessidade de um número de oócitos II superior ao normal, sendo
muitos desperdiçados.
Uma das desvantagens da fecundação in vitro é a gestação múltipla. Actualmente, já pode ser evitada com a
transferência tardia dos embriões fecundados em laboratório, permitindo:
• transferir no estádio de blastocisto, com maior potencial de desenvolvimento e, portanto, com maior
probabilidade de nidação;
• proceder a uma selecção mais rigorosa dos blastocistos que reúnam as melhores condições;
• possibilitar maior sincronização com o ciclo menstrual natural, transferindo-se os embriões num altura
em que o endométrio se encontra preparado para a nidação (5º ou 6º dia após a ovulação).
Os embriões que não são transferidos podem ser crioconservados para posterior utilização pelo casal. A
crioconservação de embriões é mais complexa do que a crioconservação de espermatozóides, o que obriga a
uma mistura de crioprotetores e certos solutos, podendo ser efectuada com a descida automaticamente
programada da temperatura em aparelho especial (crioconservação lenta).
A crioconservação de oócitos II segue os parâmetros dos embriões devido à fragilidade que apresentam,
por se encontrarem em metafase II.
Após a crioconservação de embriões, a taxa de sobrevivência após descongelação é de cerca de 70%.
A taxa de anomalias anatómicas e cromossómicas após FIV é igual à da população em geral.