You are on page 1of 13

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/277240372

O conceito de informação na Ciência da Informação

Article · November 2010

CITATIONS READS

3 308

1 author:

Carlos Alberto Avila Araujo


Federal University of Minas Gerais
63 PUBLICATIONS   332 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Práticas informacionais em sites voltados à formação de redes sociais virtuais View project

Information Practices View project

All content following this page was uploaded by Carlos Alberto Avila Araujo on 24 October 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


O CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA

relato de pesquisa
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Carlos Alberto Ávila Araújo*

RESUMO São apresentados os resultados de uma pesquisa em que se


buscou ver as manifestações dos três conceitos de informação
presentes na Ciência da Informação nas diferentes subáreas
que compõem esta ciência. Para a definição das subáreas
foram utilizados os grupos de trabalho da Ancib. Após a
identificação e análise destas manifestações, conclui-se
pela importância de se integrar os avanços teóricos obtidos
em todas elas, de forma a se avaliar o avanço global do
conhecimento acumulado da Ciência da Informação ao longo
das últimas cinco décadas. * Professor adjunto da Escola de
Ciência da Informação da UFMG.
Pós-doutorando pela Universidade
Palavras-chave: Informação. Conceito de informação. Ciência da Informação. do Porto (apoio da Capes.
Subáreas da Ciência da Informação. Email: casal@eci.ufmg.br

1 INTRODUÇÃO compreender a informação: como algo físico,


como algo associado a uma dimensão cognitiva e,

U
ma das sistematizações mais ricas sobre enfim, como fenômeno de natureza intersubjetiva,
o conceito de informação para o campo social. Argumenta o autor que essas três formas
da Ciência da Informação (CI) foi feita de se entender a informação não se manifestaram
por Capurro, num texto que foi apresentado de maneira específica em uma ou outra subárea
como conferência de abertura do Enancib, o do campo. Antes, atravessaram as várias subáreas
evento mais importante da área de CI do Brasil (daí porque, no entender dele, constituiriam
(CAPURRO, 2003). Embora o mesmo autor tenha “paradigmas”).
produzido, em parceria com Hjorland, um texto O obejtivo deste trabalho é dar
com o nome de “O conceito de informação” prosseguimento ao trabalho de Capurro. Não
(CAPURRO; HJORLAND, 2007), parece ser este avançando na discussão sobre “paradigmas”
primeiro texto mais importante, talvez porque (se constituem ou não paradigmas, se podem
mais propriamente voltado para a CI (em ser chamados de paradigmas, etc), mas sim
oposição ao outro, que buscou ver manifestações verificando como eles se manifestaram nas várias
do conceito de informação nas várias ciências). subáreas da CI.
Além de sua qualidade teórica (apresenta muito Para a determinação dessas subáreas,
bem os modelos, identificando claramente sua foram pensados vários critérios e classificações
constituição histórica, características e limites), existentes. Optou-se por adotar, por fim, as
vem sendo muito citado no campo, servindo denominações e campos de pesquisa que
como fonte de reflexão e novas tentativas de constituem os Grupos de Trabalho (GTs) da
sistematização epistemológica da área de CI, no Ancib, a Associação Nacional de Pesquisa em
Brasil e no exterior (SALAÜN; ARSENAULT, Ciência da Informação. Sendo resultado de uma
2009; SILVA, 2006; VEGA-ALMEIDA; conformação das atividades de pesquisa dos
FERNÁNDEZ-MOLINA; LINARES, 2009). pesquisadores brasileiros do campo, os GTs têm
Por esta razão, a contribuição de Capurro representatividade teórica (são eles que marcam
serviu como ponto de partida para a pesquisa os assuntos pesquisados no Brasil, as clivagens,
relatada neste artigo. Capurro identifica a sendo o local de endereçamento das várias
existência, na CI, de três grandes formas de se pesquisas realizadas) e também nacional (já que

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 95
Carlos Alberto Ávila Araújo

são o critério de divisão de uma entidade formada dimensões semântica e pragmática dos processos
com a contribuição de todas as universidades e relacionados com a informação, centram-se em
centros de pesquisa do Brasil). seus aspectos técnicos. A conseqüência mais
Foram excluídos, para fins de análise, os imediata da adoção deste modelo pela CI é que
GTs 1 (Estudos históricos e epistemológicos da a área volta-se prioritariamente para os processos
informação) e 6 (Informação, educação e trabalho). de transporte, de transferência, da informação – a
Tal decisão se deu pela percepção de que não são “efetiva comunicação do conhecimento e de seus
GTs que estudam a informação, os processos e registros entre os seres humanos” (SARACEVIC,
fenômenos informacionais. Antes, eles estudam 1996, p. 47). Os marcos dessa concepção são
o conhecimento científico produzido sobre a os congressos transcorridos no Instituto de
informação (a epistemologia desse conhecimento, Tecnologia da Geórgia em 1961 e 1962 e a
o ensino dele nas faculdades, a sua configuração definição “clássica” de CI publicada por Borko
nas práticas profissionais). Entendeu-se assim que (1968).
sobre esses GTs não seria adequada a aplicação Uma outra forma de se definir informação
do modelo de Capurro. Os GTs 8 (Informação e começa a ganhar corpo nos finais da década
tecnologia), 9 (Museu, patrimônio e informação) de 1970, bastante influenciada pelo sucesso
e 10 (Informação e memória) não foram incluídos das teorias cognitivistas nas várias ciências.
pois, à época do início da pesquisa, ainda não Inspirados na teoria do conhecimento objetivo
existiam. de Popper, pesquisadores como De Mey, Belkin
Foram considerados para a análise, e outros começam a desenvolver um conceito
portanto, os GTs 2, 3, 4, 5 e 7, que são apresentados “cognitivo” de informação, que ganhou fôlego
a seguir, com sua denominação atual: após um congresso ocorrido em Copenhagen,
em 1977. A equação de definição da informação,
que também se tornou “clássica”, como a
• GT 2 – Organização e representação do medida da alteração do estado de conhecimento
conhecimento de um sujeito, elaborada por Brookes, insere a
• GT 3 – Mediação, circulação e apropriação informação numa dimensão bastante diferente
da informação do modelo anterior. Para se definir informação,
• GT 4 – Gestão da informação e do portanto, é preciso se considerar o estado de
conhecimento nas organizações conhecimento (o que se conhece, o que se sabe):
• GT 5 – Política e economia da informação a informação não é apenas a sua manifestação
• GT 7 – Produção e comunicação da física, o registro material do conhecimento – é
informação em CT&I (ciência, tecnologia e preciso ver, também, o que está na mente dos
inovação). usuários. Deu-se uma virada na pesquisa em
CI, sendo que, antes de Capurro, outros autores
2 OS TRÊS CONCEITOS DE (DERVIN; NILAN, 1986; ELLIS, 1992) já falavam
na perspectiva cognitiva como um segundo
INFORMAÇÃO SEGUNDO CAPURRO
grande modelo de estudo da informação, vindo
Conforme a abordagem desenvolvida após a consolidação de um primeiro modelo,
por Capurro, logo no seu início a CI se viu fisicista. Também Buckland (1991) havia já
diante da necessidade de construir um conceito tratado do assunto, fazendo a distinção entre
científico de informação e, do esforço de superar informação como coisa (entidade tangível) e
essa necessidade, surgiu o conceito “físico” como processo de construção de conhecimento
de informação. O termo “físico” surge aqui (entidade intangível).
enfatizando a dimensão material da informação Capurro apresenta ainda um terceiro
(sua existência sensível, inscrita em algum modelo, que estaria se formando desde o início
tipo de suporte) e, também, as propriedades da década de 1990 (que ganharia na verdade seus
objetivas dessa materialidade, passíveis de serem primeiros traços na conferência sobre conceitos
cientificamente determinadas. A construção de de informação ocorrida em Tampere, Finlândia,
tal conceito fundamenta-se na Teoria Matemática em 1991): trata-se do modelo que vê a informação
da Comunicação (SHANNON; WEAVER, como um fenômeno social. Tal modelo se constrói
1975), que, intencionalmente descartando as a partir da crítica ao modelo cognitivo, que via a

96 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010
O conceito de informação na ciência da informação

informação como produto de um sujeito isolado fazendo parte, portanto, de uma lógica mais
(que não está inserido num contexto sócio- ampla, relacionando-se com as demais partes do
histórico nem em relações interpessoais, ou pelo sistema. Os estudos nesse momento conduziram
menos em nada é afetado por elas na sua relação ao surgimento de diversos instrumentos
com a informação) e numênico (que apenas se de linguagem controlada e de sistemas de
relaciona com o mundo de uma forma cognitiva, classificação, todos com objetivos de imprimir ao
inserindo em sua mente definições conceituais máximo a economia de custos, diminuição dos
sobre as coisas, como se a mente fosse um grande ruídos, supressão da redundância, a aplicação
“quebra-cabeças” e cada informação obtida uma de princípios lógicos. Os sistemas e linguagens
nova peça). criados competiam, nesse momento, para se ver
Antes, o modelo de informação “social” qual era o melhor, sendo exatamente essa questão
entende que informação é uma construção (algo – a busca da melhor linguagem, da melhor
é informativo num momento, em outro já não é representação – o objetivo inicial deste subcampo
mais; tem relevância para um grupo mas não da CI. Autores representativos destes estudos são
para outro; e assim sucessivamente). E mais, é Lancaster, Shera e Egan, entre outros.
uma construção conjunta, coletiva – ou melhor, Uma contribuição fundamental para os
intersubjetiva. O que é informação não é produto avanços nesta área vem da teoria da classificação
de uma mente única, isolada, mas construído pela facetada de Ranganathan e, posteriormente, com
intervenção dos vários sujeitos e pelo campo de seu uso pelo Classification Research Group. A noção
interações resultante de suas diversas práticas. de “faceta” desloca a lógica da representação,
Tendo esse quadro como referência, de uma classificação única e absoluta para
buscou-se ver como se manifestaram, nas uma classificação a partir de “pontos de vista”,
diferentes subáreas da CI, esses três modelos – assumindo, pois, a parcialidade do processo de
conforme a discussão a seguir. representar a informação. Membros do CRG
como Foskett e Vickery passaram a se dedicar
à construção de uma série de classificações
3 A MANIFESTAÇÃO DOS facetadas para campos e contextos particulares,
CONCEITOS NAS SUBÁREAS DA CI considerando, para tanto, o conjunto de
conhecimentos existentes nestes campos e
3.1 Representação e representação do contextos para se determinar as formas de
representar.
conhecimento
Ainda ao final da década de 1970, o
A área de representação da informação crescimento da influência das teorias cognitivistas
é o campo da CI que mais fortemente buscou na CI faz-se sentir no campo da representação, na
estabelecer laços com a Biblioteconomia (que medida em que se desenvolvem esforços para
já possuía uma longa tradução de estudos em a construção de linguagens de representação
representação e organização da informação). e sistemas de informação voltados para os
Suas primeiras manifestações na CI se deram usuários, ou para as estratégias cognitivas
nos campos da recuperação da informação e no dos usuários. Com isso se completa a ideia de
campo dos sistemas de informação. Em ambos os que qualquer tarefa de organizar, classificar
casos, o desafio era o mesmo: a busca pela melhor e indexar informação (enfim, representá-la)
forma de representar a informação (tanto em precisa considerar não apenas o escopo dos
termos formais quanto de conteúdo) pensando na documentos concretos existentes, das fontes
otimização da sua recuperação. Dessa forma, os informacionais disponíveis, mas também o
primeiros estudos em recuperação da informação âmbito dos conhecimentos existentes nos campos
buscaram medir o nível de eficácia dos diferentes aos quais pertencem essas fontes. O principal
sistemas, utilizando, para tanto, os conceitos de autor desta corrente de estudos é Ingwersen.
precisão e revocação, sendo um marco destes Destacam-se, contudo, também, membros do
estudos os experimentos de Cranfield ocorridos CRG que buscaram aproximações entre as teorias
em 1953. Já os estudos em sistemas de informação da classificação e a lingüística, a filosofia e a
entendiam a representação como uma das ciência cognitiva, como Farradane, Battacharrya
tarefas ou funções a serem desempenhadas – e Austin. E ainda abordagens que, inspiradas na

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 97
Carlos Alberto Ávila Araújo

teoria do conceito de Dahlberg, buscaram associar forma que fosse possível o estabelecimento de leis
as lógicas de construção de conceitos aos sistemas do comportamento informacional. Conclusões
de representação e organização da informação, comuns deste tipo de estudo correlacionam
tais como as de Svenonius, Beghtol e Langridge. padrões como preferência, entre determinado
A partir de meados dos anos 1990 grupo profissional, por certo tipo de fonte de
importantes inovações tecnológicas acabam informação; ou, entre determinada faixa etária,
por conduzir o campo para a compreensão por certo tipo de serviço de informação, e assim
da inevitável dimensão colaborativa dos sucessivamente. As várias características das
processos de representação da informação. Os fontes de informação eram já predeterminadas
“motores de busca” da internet, que se tornam nos estudos. Faltava apenas encontrar o critério
os mais populares sistemas de recuperação sociodemográfico correto, isso é, identificar a
da informação, consideram, como critério de característica social determinante, que levava
relevância, os usos coletivos da informação determinado grupo a um tipo de informação e
(número de acessos, fontes que fazem ligação outro grupo a outro tipo. Autores representativos
com outras, etc). Fenômenos colaborativos como dessa corrente são, entre outros, Paisley, Brittain
o caso das ferramentas “wiki”, folksonomias, e Lipetz.
etiquetagem colaborativa e indexação social A meta final deste tipo de estudo
deslocam a área para o caráter local, singular, dos era a melhoria dos serviços e sistemas
processos de representação. No plano teórico, de informação. Uma vez estabelecidas
o desenvolvimento da teoria da “análise de determinadas leis de comportamento dos
domínio” por Hjorland e Albrechtsen permite vários grupos em relação às preferências e
um grande avanço conceitual para o campo, necessidades de informação, bastaria, a cada
utilizando a noção de “comunidades discursivas” profissional da informação, conhecer o seu
para se entender a maneira como diferentes público específico (por meio de pesquisas de
agrupamentos produzem seus próprios critérios perfil) para, então, aplicar as leis cientifica
de organização e representação da informação. e estatisticamente estabelecidas, para
determinar, com acerto, as fontes e serviços
informacionais que deve disponibilizar.
3.2 Mediação, circulação e apropriação da
Ao longo das décadas de 1970 e 1980,
informação o campo de estudos de usuários foi o que mais
Embora a temática do GT3 destaque a fortemente sentiu a influência da abordagem
questão dos processos de mediação, circulação e cognitiva no campo da CI. Se antes o usuário era
apropriação, e sendo estes assuntos amplamente tomado como grupo sociológico (profissional,
estudados no âmbito da CI e indissociáveis, etário, de gênero, racial, etc), aqui ele passa
optou-se, neste trabalho, pelo desenvolvimento a ser visto como ente cognitivo, como sujeito
da temática dentro dos chamados estudos de dotado de certas estratégias específicas no
usuários, por se entender ser este um campo mais relacionamento com a informação. Enfatizar
amplo, dentro do qual pode-se estudar também o cognitivo é importante, pois os estudos de
as mediações. usuários deste modelo entendem o sujeito como
O campo conhecido como estudos de um ser essencialmente cognitivo, que, para agir,
usuários da informação teve origem numa precisa de conhecimentos, e que tem sua ação
perspectiva voltada para o estabelecimento interrompida, num determinado momento,
de taxas de uso dos recursos informacionais pela ausência de conhecimento. Essa ausência
e para a caracterização de perfis de conhecimento é o que vai determinar a
sociodemográficos dos utilizadores destes necessidade de informação e provocar a ação
recursos. Do cruzamento entre os dois esforços de busca de informação. Algo é informativo
emergiam os indicadores de comportamento na medida em que preenche essa lacuna. Um
informacional. sistema ou serviço de informação é mais eficiente
O objetivo destes estudos era produzir mais na medida em que opera, ou se adequa, às
e mais experimentos que pudessem confirmar estratégias utilizadas pelos usuários para buscar
os cruzamentos encontrados, certificando-se informação. Existe, pois, uma relação direta entre
estatisticamente da validade das correlações, de informação e conhecimento.

98 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010
O conceito de informação na ciência da informação

Proliferaram, neste período, estudos 3.3 Gestão da informação e do


experimentais com diversos universos de conhecimento nas organizações
usuários, buscando estabelecer as diferentes
maneiras como a ausência de conhecimento era A área de gestão da informação e do
sentida por eles, as etapas de ação desencadeadas conhecimento tem sua origem na percepção da
na busca da informação, os diferentes usos importância da informação como recurso dentro
dados para a informação encontrada – sempre das organizações. Relacionada a um campo
de um ponto de vista cognitivo. Esses vários especialmente sensível às exigências de eficácia
estudos acabaram por gerar alguns modelos e eficiência dos vários recursos organizacionais
de comportamento informacional, aplicados (o campo da administração), esta área sentiu
posteriormente a diversas realidades diferentes fortemente os efeitos da chamada “explosão da
daquelas das quais emergiram. Entre esses informação”. A informação, desde o final da
modelos destacam-se o dos “estados anômalos Segunda Guerra, vinha sendo compreendida
de conhecimento” de Belkin, o tripé “situação- cada vez mais como um recurso importante para
lacuna-uso” previsto na abordagem da construção as empresas. Contudo, seu excesso constituía um
de sentido de Dervin, a abordagem construtivista problema, tanto em termos de uso (dificuldade
baseada em processo de Kuhlthau e o modelo de se encontrar a informação que se quer num
da busca e uso cotidianos de Ellis e o modelo da universo muito amplo), quanto dos entraves à
resolução de problemas de Wilson. sua circulação (garantindo que ela chegue a todos
A evolução do campo de estudos de os setores que dela precisam, em vez de ficar
usuários conduziu, nas últimas duas décadas, estocada num único ponto) e mesmo em relação
a estudos que passaram a privilegiar não ao seu volume físico (a necessidade de se dispor
as questões cognitivas (tipos de lacuna de de locais cada vez maiores para armanená-
informação, tipos de informação a preencher la). As primeiras reflexões sobre a gestão da
essas lacunas), mas sobretudo as compreensões informação incidiram, pois, sobre sua natureza
dessas questões, voltando-se para enfoques física: reduzir o excesso, otimizar a circulação,
mais interpretativos das práticas dos usuários. identificar com precisão as necessárias e
E, nesse esforço, foi-se percebendo cada vez descartar as inúteis ou redundantes. Seguiram-se
com mais clareza a natureza social, coletiva, numerosos estudos empíricos para se determinar
dos critérios utilizados pelos usuários (para os tipos e a importância estratégica das diversas
reconhecer algo como lacuna cognitiva, para fontes de informação utilizadas no ambiente
definir algo como informação, para estabelecer organizacional, tanto no ambiente interno quanto
as formas de uso dos recursos informacionais). no externo, mediante determinados critérios
Volta-se, assim, ao estudo dos diferentes grupos, estabelecidos acerca de sua qualidade, tomando
não mais para buscar definir seu perfil e seu como referência os objetivos organizacionais.
comportamento informacional típico, mas sim Estes primeiros estudos são inspirados
para perceber como os diferentes grupos ou principalmente pelo trabalho de Hayek sobre a
coletivos produzem ambiências, referências do importância da informação e do conhecimento
que é informacional – ambiências e referências nas questões gerenciais e de produtividade, e têm
essas que não atuam mecanicamente sobre como pioneiros Henry, Cook, Berry e Taylor.
os indivíduos, mas em função das quais Ao longo dos anos, o entendimento sobre
o indivíduo age, ora buscando adaptar- o significado de se estar numa sociedade “pós-
se a elas, ora buscando transgredi-las, ora industrial” (ou “sociedade da informação” ou
buscando inová-las. Autores importantes para ainda “sociedade do conhecimento”) foi se
a construção dessa abordagem são o próprio ampliando, de tal forma que foi sendo percebido
Capurro com a compreensão da informação que a informação que constitui um recurso
como intersubjetividade e Rendón Rojas que traz importante para as organizações não é aquela
para a compreensão do conceito de informação que existe materialmente, mas aquela que ainda
não só a noção de conhecimento mas também as não existe como entidade física, que está na
categorias de valor e imaginação, enfatizando mente das pessoas que pertencem à organização.
os processos de construção de sentido pelos A contribuição das noções de tácito e explícito
sujeitos sobre os recursos informacionais. de Polanyi foi fundamental para o avanço

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 99
Carlos Alberto Ávila Araújo

desta área. E veio daí a expressão que passou a 3.4 Política e economia da informação
denominar o campo: “gestão da informação e do
conhecimento”. Não bastava gerir os recursos Os estudos em política e economia da
informacionais, era preciso também gerir o informação começam diretamente estimulados
conhecimento, criando as condições propícias por iniciativas da Unesco em disseminar o
para transformá-lo em informação. Seguiram-se, conhecimento científico e cultural entre os
ao longo dos anos, diversos modelos definindo diferentes países. Eles partem de uma constatação
as ações necessárias para a execução deste empírica: a existência de grandes desigualdades
processo (internalização, socialização, etc) e na posse (e, consequentemente, no acesso) aos
surgiram propostas de modelos de gestão para recursos informacionais. Tanto a posse quanto o
efetivar estes processos (modelos de serviços de acesso são pensados, neste primeiro momento,
informação, de sistemas digitais de informação, com relação à informação física, isto é, aos
de intervenções organizacionais, entre outras). suportes materiais da informação. A conseqüência
Muitos autores se destacam na condução destes mais direta dessa visão é que, nesse momento,
estudos, tais como Davenport, Bergeron, Cronin proliferam iniciativas de criação de serviços de
e Prusak. informação nos lugares desprovidos de acesso
A partir da segunda metade da década a ela: são criadas bibliotecas comunitárias ou
de 1990, a evolução destes estudos foi itinerantes, centros de documentação, museus
conduzindo à percepção de que os processos comunitários, entre outros. Há aqui uma
de gestão do conhecimento não poderiam definição prévia do que são ou devem ser os
se dar de forma isolada, atuando sobre cada conteúdos informacionais, bem como os serviços.
indivíduo da organização, isoladamente. São pré-definidas certas fontes de informação,
Isso porque percebeu-se que também o por sua natureza científica, cultural, artística
conhecimento não é algo individual, isolado: ou pedagógica, sobretudo entendidas por seu
os conhecimentos tácitos das pessoas que potencial de “desenvolvimento” para os povos
compõem as organizações são construídos ou países ainda numa condição de “atraso”. A
coletivamente, aplicados no contexto de intenção neste momento é de possibilitar, por meio
intervenções concretas dos sujeitos interagindo da informação, a disseminação de determinadas
uns com os outros. Um pioneiro nessa formas de se viver e produzir. Dois dos campos
compreensão foi Taylor com sua abordagem que mais vivenciaram este processo foram as
do “valor agregado”. O conceito oriental de áreas de saúde e de agricultura, justamente pela
“ba” desenvolvido por Nonaka e Takeuchi idéia de se disseminar as práticas e técnicas de
tornou-se uma das contribuições teóricas mais lugares que mais conseguiram avançar nestas
significativos deste campo, pois entende que a áreas. Tais práticas desenvolveram-se sob
importância dos contextos interacionais para denominações distintas, sendo as principais
a explicitação de conhecimentos e também difusionismo e extensão. Trabalhos de autores
para a criação de novos conhecimentos. O que como Shera, Menou, Guinchat e outros, apoiados
deve ser gerido já não é nem o acervo físico de por iniciativas da Unesco, são os principais
recursos informacionais nem o conhecimento representantes desse tipo de abordagem, além
tácito presente na “mente” das pessoas que dos primeiros trabalhos de Wersig, em parceria
compõem a organização: é a própria “cultura com Nevelling, sobre a “responsabilidade social”
organizacional”, o coletivo de interações por da CI.
meio do qual conhecimentos tácitos nascem, Ao longo dos anos, principalmente após a
conhecimentos explícitos são avaliados, segunda metade da década de 1970, informação
utilizados, descartados, complementados. passou também a relacionar-se com conhecimento.
Tais ideias conduzem às reflexões sobre as Não da mesma forma que os outros campos da
organizações que aprendem, isto é, que são CI, pois aqui não houve influência de teorias
capazes de gerenciar os contextos nos quais o cognitivistas. A grande influência neste caso deu-
conhecimento acontece, sendo Choo um dos se com a incorporação do conceito de ideologia
mais significativos teóricos dessa abordagem. nos estudos, buscando ver a dimensão ideológica
Amplia-se a agenda da gestão da informação e e de dominação por detrás da desigualdade dos
do conhecimento. fluxos de informação (com trabalhos de diversos

100 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010
O conceito de informação na ciência da informação

autores como, por exemplo, Mattelart) e também países e, dentro deles, das várias comunidades
estudos que buscavam analisar os serviços e que produzem e que usam informação.
sistemas de informação, bibliotecas, arquivos e
museus como “aparelhos ideológicos do Estado”,
3.5 Produção e comunicação da informação
inspirados na teorização de Althusser.
Pouco a pouco foi se formando uma em CT&I
compreensão de que os povos, países e O campo da informação científica e
comunidades “atendidos” pelos sistemas de tecnológica (e, mais recentemente, inovação)
informação deveriam ser capazes de, eles próprios, é o pioneiro da CI, está na origem mesma da
desenvolverem seus recursos informacionais. constituição da CI como campo de atividades
Isso se deu sobretudo no campo dos conteúdos e de produção de conhecimento científico.
educacionais, sob influência das idéias de Paulo Esse campo está associado a dois problemas
Freire, e no campo da informação cultural, sob concretos: a necessidade, por parte de cientistas,
a égide das iniciativas de ação cultural. Seria de acesso a informações, resultados de
preciso, assim, considerar, conhecer e mapear os pesquisas, documentos, com eficiência e rapidez;
conhecimentos dos vários povos e comunidades e o fenômeno da explosão informacional,
para, então, poder transformá-los em informação, notadamente a explosão da informação em
em fontes materiais, que poderiam e deveriam ciência e tecnologia, tornando cada vez mais
circular não apenas nos sistemas e serviços destes difícil para os cientistas acompanhar a evolução
povos e comunidades como, também, no âmbito dos conhecimentos em seu próprio campo de
dos serviços e sistemas dos países normalmente atuação. Esses dois problemas concretos se
“exportadores” de informação. Como resultados fazem sentir num contexto muito particular:
desse tipo de pesquisa e reflexão teve-se não a a importância que as atividades científicas e
extensão do acesso de fontes informacionais de tecnológicas ganham sobretudo no pós-guerra,
locais “centrais” para “periféricos” mas, sim, entendidas como condição fundamental para
a criação de oportunidades de produção das assegurar a hegemonia dos países no caso de
próprias fontes informacionais dos contextos conflitos militares e mesmo no plano econômico-
tidos como “periféricos”. industrial.
Ao longo da última década, esta área A subárea da CI que se desenvolve nesse
sofreu forte impacto das iniciativas de diversos contexto tem uma grande preocupação em
países em promover programas oficiais de conhecer e caracterizar as fontes, os serviços e
inclusão na “sociedade da informação”. Tais os sistemas de informação, tanto aqueles dos
programas, formulados com especialistas de quais os cientistas podem vir a precisar como
diversas áreas (incluindo CI) buscaram ir além insumo para sua atividade de pesquisa quanto
das categorizações mecânicas de “possuidores” aqueles nos quais são convertidos os produtos
e “despossuídos” de informação para entender da atividade científica. Proliferam estudos
as várias facetas envolvidas nos processos de que buscam caracterizar, portanto, as várias
produção e circulação da informação. Buscou- fontes de informação, tanto as formais quanto
se ver como processos de dominação e exclusão as informais, definindo cada tipo, com suas
reproduziam-se em diferentes contextos, não características, vantagens e desvantagens em
sendo mais possível, no âmbito das políticas de termos de rapidez, acessibilidade, perenidade,
informação, apenas se pensar em acesso físico aos custo, etc. Os vários serviços e sistemas de
recursos informacionais ou apenas na promoção informação (diferentes tipos de bibliotecas, de
de estratégias de criação de informação por catálogos, de arquivos, de museus, de centros
parte de grupos específicos. Conceitos como de documentação, etc) também são avaliados em
o de “regime de informação”, desenvolvidos termos de sua eficácia para a otimização do fluxo
por Frohmann e Braman, entre outros, têm da informação científica. São mapeados os vários
trazido grande riqueza às análises deste campo, produtos informacionais nos quais se converte o
analisando a forma como as práticas e os fluxos conhecimento científico (desde a ideia na mente
organizacionais são atravessados de formas do pesquisador, passando por sua apresentação
distintas pelas dimensões políticas, econômicas, em congressos, publicação em periódicos, até sua
culturais, históricas e institucionais dos vários incorporação nos tratados), calculados os tempos

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 101
Carlos Alberto Ávila Araújo

necessários para se chegar a cada um, o nível de a agenda de estudos do campo da informação em
completude e de detalhamento de cada um, entre ciência e tecnologia.
outros. Os vários modelos gerados nestes estudos, Um conceito fundamental para este
levados a cabo por pesquisadores como Price, campo, hoje em dia largamente utilizado, é a
Menzel, Meadows, Garvey e Griffith, fornecem noção de “rede”. Tal conceito chegou à CI por
verdadeiros mapas dos tipos de informação duas vias. De um lado, veio como importação de
existentes, suas características e seu movimento estudos sociológicos sobre o fazer dos cientistas
no âmbito dos diferentes fluxos. nos chamados “estudos de laboratórios” (e
A evolução dos estudos nunca deixou de principalmente da teoria ator-rede de Latour).
contemplar as chamadas “fontes formais” de De outro lado, foi se construindo a partir das
informação, mas foi-se percebendo, ao longo dos potencialidades trazidas pelas tecnologias digitais,
anos, cada vez mais a importância da dimensão que propiciaram o incremento de atividades
informal, principalmente com estudos voltados colaborativas, interativas, entre cientistas. O
para os gatekeepers e os colégios invisíveis. resultado é que os estudos atuais continuam
estudando as fontes formais de informação,
O estudo destas duas temáticas deslocaram
os gatekeepers e os colégios invisíveis, mas
o campo para o processo da “comunicação
agora num quadro ampliado de entendimento,
científica”, nome pelo qual a subárea acabou
buscando identificar e analisar a matriz coletiva
ficando conhecida (embora também se use a
de produção do conhecimento científico.
expressão “comunicação da informação”). Essas Autores como Mulkay, Holton e Lievrouw são
duas temáticas, desenvolvidas por autores como considerados pioneiros nestas abordagens. Mais
Crane, Crawford, Zaltman, Mullins, Beaver e do que determinar as características das fontes,
outros, deslocaram o problema das fontes de identificar as fontes mais usadas ou mapear a
informação para o seu fluxo. Em vez de se buscar conformação dos colégios invisíveis, busca-se
caracterizar as várias fontes, tornou-se necessário pesquisar as diferentes associações e interações
ver o que acontecia com elas, por que algumas entre os cientistas expressas nos seus produtos,
circulavam mais do que outras, algumas eram qualificando essas interações, desenhando sua
esquecidas ou negligenciadas, outras promovidas configuração e dispersão, conformando seus
e repassadas. Tais estudos permitiram identificar diferentes níveis de configuração.
que a ação dos cientistas em relação à informação
não se relacionava apenas com as características
da própria informação (da fonte de informação) 4 CONSOLIDAÇÃO E AVANÇO DA CI
mas também com o conhecimento que esses Em lugar de se vislumbrar formas de
cientistas já tinham do assunto, com a avaliação pensamento que se opõem (o modelo cognitivo
feita por eles em relação à importância dessa “contra” o físico, o social “contra” o cognitivo),
fonte frente ao estado do conhecimento científico o que a análise da presença dos três nas várias
daquele campo. Sobretudo a temática dos colégios subáreas permite evidenciar é, antes de tudo,
invisíveis consistiu num terreno fértil de avanço sua complementaridade. Um modelo não surge
nesta área, na medida em que passou a estudar para substituir o outro, mas sim para completá-
também os conhecimentos não publicados lo, buscando analisar justamente aquilo que o
trocados entre cientistas (conversas informais, modelo precedente não dá conta, ou deixa de
por carta, telefone, etc) e sua importância na fora. Exatamente para visualizar essa questão,
produção do conhecimento científico. Alargou-se elaborou-se a tabela a seguir:

102 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010
O conceito de informação na ciência da informação

Modelo físico Modelo cognitivo Modelo social


Forma de Desenvolvimento de Percepção do ponto Construção de sistemas de
se estudar a linguagens melhores de vista de cada forma classificação e indexação
informação para representar os de representação; coletivos
recursos informacionais; incorporação do
comparação entre as conhecimento na forma de
Organização e diferentes linguagens e representar
representação do sistemas
conhecimento Autores de Lancaster, Shera, Egan Ranganathan,Foskett,Vickery, Hjorland, Albrechtsen
referência Ingwersen, Farradane,
Battacharrya, Austin

Forma de Identificação de taxas Estudo das lacunas Estudo das interpretações


se estudar a de uso dos diferentes cognitivas dos usuários e dadas pelos usuários
informação recursos informacionais, das estratégias adotadas ao seu comportamento
determinação do por eles para superar as informacional; constituição
comportamento próprio lacunas, buscar e usar social dos critérios de
Mediação, dos diferentes perfis de informação julgamento e valoração da
circulação e usuários informação
apropriação da Autores de Paisley, Brittain, Lipetz Dervin, Belkin, Wilson, Capurro, Rendón Rojas
informação referência Kuhlthau, Ellis

Forma de Gestão do conhecimento Identificação do Estudo da cultura


se estudar a explícito, otimização conhecimento tácito organizacional, constituição
Gestão da informação de seu fluxo e de seu como recurso importante; coletiva dos conhecimentos
informação e do armazenamento tentativas de sua tácitos e explícitos
conhecimento nas transformação em explícito
organizações Autores de Henry, Cook, Barry, Davenport, Bergeron, Choo, Nonaka, Takeuchi
referência Taylor Cronin, Prusak

Forma de D i f u s i o n i s m o , Geração, entre a Estudo dos regimes de


se estudar a extensionismo, promoção população excluída da informação, abordagem
informação do acesso físico à produção informacional, dialética dos vários fatores
informação dos excluídos de informação oriunda da envolvidos na desigualdade
própria população de produção e acesso à
Política e economia informação
da informação Autores de Shera, Menou, Guinchat, Mattelart, Althusser, Freire Frohmann, Braman
referência Wersig, Nevelling

Forma de Identificação das Estudo dos gatekeepers e Estudo das redes


se estudar a características das fontes colégios invisíveis formadas na produção do
Produção e informação formais e informais, conhecimento científico;
comunicação da temporalidade dos estratégias de colaboração
informação em produtos informacionais
CT&I

Autores de Price, Meadows, Garvey, Crane, Crawford, Zaltman Latour, Woolgar, Lievrouw,
referência Griffith Mulkay

Quadro 1 – Conceitos de informação e principais autores conforme a subárea da CI


Fonte: Dados da pesquisa.

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 103
Carlos Alberto Ávila Araújo

Uma análise detida sobre o quadro todas as teorias e enfoques existentes. Assim,
acima mostra que o volume de conhecimento não apenas as subáreas representadas pelos GTs
científico produzido no âmbito da CI, em suas intencionalmente não estudados nesta pesquisa
diferentes subáreas, não veio de um só conceito como, também, várias outras, desenvolvidas
de informação, mas de todos eles. Alguns em diferentes contextos e por diferentes autores
achados importantes de um modelo só foram (em países e continentes diferentes, na zona de
possíveis pelas contribuições de outros. E só intercessão com outras disciplinas científicas, e
assim, somando-se as contribuições produzidas mesmo em teorias não abarcadas pelas subáreas
nas diferentes subáreas e conforme os diferentes definidas nos GTs da Ancib) ficaram de fora do
modelos de informação, é que se pode chegar a quadro desenhado.
uma verdadeira compreensão do volume e da Ou seja, como todo quadro teórico, como
qualidade do conhecimento científico acumulado toda sistematização, esta também é incompleta.
pela CI ao longo das últimas cinco décadas. Ainda assim, acredita-se que seja válida, pela
oportunidade de sistematização singular que
promove do campo da CI, a partir da contribuição
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS fundante de Capurro. Espera-se que este texto
Embora a pesquisa relatada neste texto possa provocar debates e novas pesquisas, de
tenha tido uma certa pretensão de totalidade (de forma que abordagens aqui não contempladas
abarcar a CI como um todo), sabemos que, no possam ser lembradas, identificadas e, quem
escopo de uma única pesquisa, promovida por sabe, posteriormente inseridas num novo quadro
um único pesquisador, é impossível englobar interpretativo.

THE INFORMATION CONCEPT IN INFORMATION SCIENCE

Abstract This article presents the results of a research in which we attempted to see the manifestations
of the three information concepts found in Information Science in its different subareas. For the
definition of the subareas were used ANCIB’s work groups. After identifying and analyzing these
events, it is concluded by the importance of integrating theoretical advances obtained in all cases,
in order to assess the overall progress of the accumulated knowledge of Information Science over
the past five decades.

Keywords: Information. Information Concept. Information Science. Information Science Subareas.

Artigo recebido em 26/08/2010 e aceito para publicação em 28/11/2010

REFERÊNCIAS em Ciência da Informação e Biblioteconomia,


2003.
BORKO, H. Information science: what is this?
American Documentation, v. 19, 3-5, 1968. CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. O
conceito de informação. Perspectivas em Ciência
BUCKLAND, M. K. Information as a thing. da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 148-
JASIS, v.42, n.5, p.351-360, June 1991. 207, jan./abr. 2007.

CAPURRO, Rafael. Epistemologia e ciência da DERVIN, Brenda; NILAN, Michael. Information


informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE needs and uses. In: WILLIAMS, Martha (ed).
PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, Annual Review of Information Science and
5., 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Technology, v. 21. Chicago: Knowledge Industry
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação Publications, 1986, p. 3-33.

104 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010
O conceito de informação na ciência da informação

ELLIS, David. Paradigms and proto-paradigms in SILVA, Armando Malheiro. A informação: da


information retrieval research. In: VAKKARI, P.; compreensão do fenómeno e construção do
CRONIN, B. (eds). Conceptions of library and objecto científico. Porto: Afrontamento, 2006.
information science: historical, empirical and
theoretical perspectives. Londres, Los Angeles: SHANNON, Claude; WEAVER, Warren. Teoria
Taylor Graham, 1992, p. 165-186. matemática da comunicação. São Paulo: Difel,
1975.
SARACEVIC, Tefko. Ciência da informação:
origem, evolução e relações. Perspectivas em VEGA-ALMEIDA, R.L.; FERNÁNDEZ-MOLINA,
Ciência da Informação. Belo Horizonte, v. 1, n. 1, J.C.; LINARES, R. Coordenadas paradigmáticas,
p. 41-62, jan./jun. 1996. históricas y epistemológicas de la Ciencia de la
Información: una sistematización. Information
SALAÜN, Jean-Michel; ARSENAULT, Clément. Research, v. 14, n. 2, jun. 2009. Disponível em:
Introduction aux sciences de l’information. http://InformationR.net/ir/14-2/paper399.html.
Montréal: Presses de l’Université de Montréal, 2009. Acesso em: 15 ago. 2010.

Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.20, n.3, p. 95-105, set./dez. 2010 105
View publication stats

You might also like