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ARTIGO ARTICLE 153

Experiência de gravidez na adolescência,


fatores associados e resultados perinatais
entre puérperas de baixa renda

Pregnancy in adolescence, associated factors,


and perinatal results among low-income
post-partum women

Silvana Granado Nogueira da Gama 1

Célia Landmann Szwarcwald 2


Maria do Carmo Leal 1

1 Departamento de Abstract This paper compares socioeconomic characteristics, prenatal care, and life styles of
Epidemiologia e Métodos
three groups of post-partum women, one consisting of adolescents (< 20 years) and the other two
Quantitativos em Saúde,
Escola Nacional de Saúde of women 20-34 years old, classified according to their history of pregnancy during adolescence.
Pública, Fundação A sample of 3,508 post-partum women was selected from public hospitals in the city of Rio de
Oswaldo Cruz.
Janeiro, Brazil, and interviewed just after childbirth. To verify the hypothesis of homogeneity of
Rua Leopoldo Bulhões 1480,
Rio de Janeiro, RJ proportions, chi-square tests (χ 2) were used. Comparing the three groups, the most adverse con-
21041-210, Brasil. ditions were found among the 20-34-year-old mothers with a history of pregnancy during ado-
granado@ensp.fiocruz.br
2 Departamento de lescence. These women have the least schooling, the highest rates of smoking and use of illegal
Informações em Saúde, drugs during pregnancy, and the fewest prenatal appointments. According to this study, prenatal
Centro de Informação care proved to be an effective compensatory policy for the prevention of prematurity and low
Científica e Tecnológica,
Fundação Oswaldo Cruz.
birth weight, especially among adolescent mothers.
Av. Brasil 4365, Key words Pregnancy in Adolescence; Low Birth Weight Infant; Maternal and Child Health;
Rio de Janeiro, RJ Life Style
21045-900, Brasil.

Resumo Este trabalho tem como objetivo comparar as características sócio-econômicas, a as-
sistência pré-natal e o estilo de vida de três grupos de puérperas, um composto por adolescentes
(< 20 anos) e os demais por mulheres de 20-34 anos, categorizadas segundo experiência (ou não)
de gravidez na adolescência. Foram entrevistadas 3.508 puérperas no pós-parto em maternida-
des municipais e federais do Município do Rio de Janeiro. A análise estatística consistiu em utili-
zar testes qui-quadrado (χ 2) para testar hipóteses de homogeneidade de proporções. Ao compa-
rar os três grupos, observou-se uma situação mais desfavorável entre as mães de 20-34 anos com
história de gravidez na adolescência. Estas têm pior nível de instrução, mostram com maior fre-
qüência hábitos de fumo e uso de drogas ilícitas durante a gestação e apresentam menor número
de consultas de atendimento pré-natal. A assistência pré-natal se apresentou neste estudo como
uma política compensatória eficiente para a prevenção da prematuridade e do baixo peso ao
nascer, sobretudo entre as puérperas adolescentes.
Palavras-chave Gravidez na Adolescência; Baixo Peso ao Nascer; Saúde Materno Infantil; Estilo
de Vida

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(1):153-161, jan-fev, 2002


154 GAMA, S. G. N.; SZWARCWALD, C. L. & LEAL, M. C.

Introdução especialmente nas camadas mais pobres da


população. A taxa de fecundidade no Brasil em
A desigualdade social e econômica tem sido mulheres de 15-19 anos, entre 1986 e 1991,
apontada como um importante fator de dife- chegou a ser 40% maior nas mulheres cujas fa-
renciação das condições de saúde da popula- mílias apresentavam renda de até um salário
ção (Marmot et al., 1987; Szwarcwald, et al., mínimo, comparadas às de renda familiar aci-
1999). Indicadores como a escolaridade, a ren- ma de dez salários mínimos. Na Região Sudes-
da e o local de moradia determinam tanto o te, a disparidade era ainda maior, chegando a
acesso, quanto a qualidade da assistência pres- ser de 52% a diferença entre as taxas de fecun-
tada pelos serviços de saúde. didade nos grupos extremos de renda (Cama-
Na área materno-infantil, os diferenciais rano, 1998). No Município do Rio de Janeiro foi
são bem marcantes. Desde a gestação, o aten- também evidenciado aumento das taxas de fe-
dimento médico reproduz as iniqüidades so- cundidade em adolescentes, sobretudo entre
ciais, que permanecem no momento do parto as meninas de 10 a 14 anos (Gama et al., 2001).
e do puerpério, e na atenção à saúde na infân- Subordinado ao propósito de estudar os
cia. Victora et al. (1989), em estudo longitudi- agravos da gravidez na adolescência, este tra-
nal realizado em Pelotas, Rio Grande do Sul, balho tem como objetivo comparar as caracte-
encontraram que as crianças pertencentes às rísticas sócio-econômicas, a assistência pré-
famílias mais pobres apresentam menor peso natal e o estilo de vida de três grupos de puér-
ao nascer, têm maior freqüência de interna- peras. O primeiro composto por adolescentes
ções no primeiro ano de vida, têm estatura in- (< 20 anos de idade) e os demais constituídos
ferior e recebem assistência médica de pior por mulheres na faixa etária de 20-34 anos,
qualidade. No Brasil como um todo, as dispari- sendo um deles compostos por mães com ex-
dades sócio-econômicas se refletem nas taxas periência de gravidez na adolescência e o ou-
de mortalidade neonatal e infantil. tro não. As puérperas entrevistadas foram aten-
Quando a gestação ocorre na adolescência o didas em maternidades municipais e federais
problema se potencializa. À situação de pobre- do Município do Rio de Janeiro.
za se soma a falta de estrutura emocional da jo-
vem grávida, que muitas vezes não conta com o
apoio do pai da criança e/ou da própria família. Material e método
A adolescência é uma etapa da vida carac-
terizada por um complexo processo de desen- Este estudo dá continuidade a um trabalho an-
volvimento biológico, psicológico e social. Além terior realizado com dados secundários do Sis-
disso, um conjunto de experiências marca a vi- tema de Informação de Nascimentos (SINASC)
da do adolescente: o desenvolvimento do au- – Município do Rio de Janeiro, 1996 a 1998, no
toconhecimento que dá origem aos sentimen- qual foi identificado maior risco de baixo peso
tos de auto-estima e de questionamento dos ao nascer em filhos de mães adolescentes (Ga-
valores dos pais e dos adultos em geral; os im- ma et al., 2001). Trata-se de um subprojeto do
pulsos sexuais ganham uma expressão mais Estudo da Morbi-mortalidade e da Atenção Peri
efetiva em função da maturação física, e a per- e Neonatal no Município do Rio de Janeiro,
cepção do início da potencialidade de procria- 1999-2000 desenvolvido com base em uma
ção (Ruzany, 2000). Entretanto, esse processo amostra de puérperas que se hospitalizaram
se dá de forma diferenciada de acordo com a em maternidades localizadas no município,
história de vida de cada adolescente e do grupo por ocasião do parto.
sócio-econômico em que está inserido (Kahha- O plano amostral do projeto principal teve
le, 1998). como unidades de sorteio os estabelecimentos
Com o movimento de liberação sexual, in- de saúde que foram estratificados segundo o
tensificado a partir da década de 60, o início risco de nascimento de bebês com peso infe-
das relações sexuais se tornou cada vez mais rior a 2.500g (baixo peso ao nascer). Foram for-
precoce. No entanto, o debate acerca da sexua- mados três estratos de maternidades: (1) esta-
lidade dentro das famílias e das escolas não belecimentos municipais e federais; (2) estabe-
acompanhou as mudanças (Committee on Ado- lecimentos, militares, estaduais, filantrópicos
lescence, 1989). Concomitantemente, pôde-se universitários e privados conveniados com o
perceber o aumento da freqüência da gravidez SUS; e (3) estabelecimentos privados.
na adolescência, fenômeno que vem sendo ob- Dentro de cada estrato foi realizada uma
servado em diversos países. amostragem em dois estágios. O primeiro está-
No Brasil, as taxas de fecundidade neste gio constituiu em selecionar uma amostra dos
grupo etário vêm crescendo nos últimos anos, estabelecimentos de saúde e o segundo, em se-

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EXPERIÊNCIA DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 155

lecionar puérperas em cada estabelecimento A análise referiu-se à comparação de três


amostrado. grupos de mães: um de adolescentes, definidas
No estrato 1, foram considerados todos os como as puérperas com idade inferior a 20
estabelecimentos municipais e federais. Nos anos e dois grupos de mulheres de 20-34 anos,
demais estratos, os estabelecimentos foram se- sendo um formado por puérperas com história
lecionados com probabilidade proporcional ao de gravidez na adolescência e outro por puér-
tamanho, sendo este medido pelo número de peras que não tiveram essa experiência.
partos ocorridos no ano de 1997, de acordo Os grupos maternos são referidos no artigo
com os dados do SINASC, neste município. da seguinte forma: grupo 1 – puérperas adoles-
Devido ao grande número de estabeleci- centes; grupo 2 – puérperas de 20-34 anos com
mentos com pequeno número de partos, foram história de gravidez na adolescência; e grupo
excluídos do processo de amostragem aqueles 3 – puérperas de 20-34 anos que não engravi-
que apresentaram menos de 35 partos em 1997, daram na adolescência. Foram excluídas da
correspondentes a 0,88% dos partos ocorridos amostra mulheres com idade superior a 34 anos
no município naquele ano. e mães de gemelares.
No que se refere ao segundo estágio, o nú- As variáveis utilizadas para indicar condi-
mero de puérperas em cada estabelecimento ções sócio-econômicas das puérperas foram: a
foi determinado com a fração amostral de 10% instrução materna (≤ 4a série e > 4a série do 1o
em relação ao número total de nascidos vivos, grau), assim agregadas pela baixa idade de al-
com base no SINASC/Município do Rio de Ja- gumas puérperas do grupo 1; trabalho mater-
neiro de 1997. no remunerado (sim/não), residência materna
O tamanho da amostra em cada estrato foi em favela ou na rua (sim/não), domicílio com
estabelecido com o objetivo de comparar pro- água encanada (sim/não), cor da pele da mãe
porções em amostras de tamanhos iguais (Fleiss, (branca/não branca), pai empregado (sim/não)
1981) no nível de significância de 5% e detectar e residência do pai do bebê no mesmo domicí-
diferenças de pelo menos 3% com poder do lio que a mãe (sim/não).
teste de 90%, baseando-se na proporção de Para expressar o estilo de vida da mãe fo-
baixo peso ao nascer (< 2.500g), de acordo com ram selecionadas variáveis como: história de
os dados do Município do Rio de Janeiro para o aborto anterior (sim/não), desejo por esta gra-
ano de 1997. O tamanho inicial calculado foi de videz (sim/não), tentativa de aborto nesta gra-
3.282 puérperas para cada estrato. Consideran- videz (sim/não), consumo de cigarro durante a
do-se a possibilidade de perdas, o total de cada gravidez (sim/não), consumo de droga ilícita
estrato foi estabelecido em 3.500 puérperas. durante a gravidez (sim/não) e vivência de
A coleta de dados do estudo foi feita por in- agressão física durante a gravidez (sim/não).
termédio de três questionários padronizados. Para caracterizar fatores relacionados à as-
O primeiro deles aplicado às mães no pós-par- sistência pré-natal foram utilizadas as seguin-
to imediato, o outro foi preenchido com as in- tes variáveis: número de consultas no pré-na-
formações contidas nos prontuários e o tercei- tal (0-3 consultas/4 consultas ou mais) e início
ro com questões acerca da alta hospitalar da do acompanhamento pré-natal (primeiro ou se-
mãe e do bebê. Toda a coleta foi realizada por gundo trimestre/terceiro trimestre ou não fez).
acadêmicos bolsistas de enfermagem e medi- Os resultados adversos no nascimento fo-
cina, aprovados em concurso público pela Se- ram representados pelas variáveis: peso ao nas-
cretaria Municipal de Saúde – Rio de Janeiro. cer < 2.500g e idade gestacional < 37 semanas.
Esses estudantes foram especialmente treina- A análise estatística consistiu em utilizar
dos para essa tarefa e contaram com a assesso- testes qui-quadrado (2) para testar a hipótese
ria permanente de dois supervisores. Em uma de homogeneidade de proporções, comparan-
amostra aleatória de 3% das mães entrevista- do os grupos de mães com menos de 20 anos e
das foi feita, pelos supervisores de campo, uma o de 20-34 com história de gravidez na adoles-
replicação resumida dos questionários preen- cência, com o grupo de puérperas de 20-34
chidos previamente. anos, sem história de gravidez na adolescência.
No presente estudo, foram consideradas Este estudo foi submetido ao Comitê de Éti-
para a análise informações relativas ao estrato 1, ca da Escola Nacional de Saúde Pública da Fun-
composto por 12 estabelecimentos de saúde, oi- dação Oswaldo Cruz. Para cada puérpera amos-
to municipais e quatro federais, sendo nove co- trada para participar do estudo ou seu respon-
bertos por Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sável, em caso de menores de idade, foi entre-
neonatal. A amostra de 3.500 puérperas selecio- gue um termo de consentimento livre e escla-
nadas neste estrato representa 9,3% dos partos recido, em que era exposto o objetivo da pes-
ocorridos em 1997 (SINASC/Rio de Janeiro). quisa e solicitada sua autorização por escrito.

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156 GAMA, S. G. N.; SZWARCWALD, C. L. & LEAL, M. C.

Resultados menor comparado ao grupo 3. Nos três grupos


maternos, foi baixa a proporção de mulheres
O total de puérperas entrevistadas neste estra- que declararam ter desejado esta última gravi-
to foi de 3.508, com 35 (1,0%) perdas ou recu- dez, entretanto essa manifestação de “desejo”
sas. Excluídas as mães de gemelares e mulhe- foi significativamente maior no grupo 3, se
res com 35 anos ou mais, permaneceram nesta comparado aos demais. Os resultados aponta-
análise 3.118 puérperas, sendo 941 com menos ram para uma semelhança entre os grupos 1
de 20 anos de idade (grupo 1), 1.102 com idade (8,7%) e 2 (9,6%) quanto à tentativa de interrom-
entre 20 e 34 anos com história de gravidez na per esta gestação, mostrando proporções signi-
adolescência (grupo 2) e 1.075 entre 20 e 34 ficativamente menos elevadas no grupo 3 (3,8%).
anos sem história de gravidez na adolescência Quanto ao fumo durante a gestação, o grupo 2
(grupo 3). A média de idade das mães de cada se destaca com percentual significativamente
grupo foi 17,3; 24,6 e 26,6 anos respectivamente. mais alto (25,0%), enquanto o grupo 1 (13,5%)
Na Tabela 1, são apresentadas estatísticas apresenta valores bem próximos ao três (13,9%).
descritivas relativas a algumas variáveis de Embora o relato de uso de drogas ilícitas na
condições sócio-econômicas consideradas se- gestação tenha sido baixo em todos os grupos
gundo os diferentes grupos maternos. Pode-se maternos, tornou-se relevante apresentá-lo pe-
observar, sem exceções, uma situação mais las diferenças apresentadas. Nos dois primei-
desfavorável entre as mães dos grupos um e ros grupos, respectivamente 1,2% e 1,6% das
dois, em comparação ao grupo 3. mães informaram ter consumido algum tipo de
Diferenças significativas foram encontra- droga na gestação, enquanto o percentual foi
das em relação ao nível de instrução, sendo de 0,2% no terceiro grupo.
maior a proporção de puérperas com baixa es- A proporção de mulheres que relatou ter
colaridade nos grupos 1 e 2, em relação ao 3 sofrido agressão física durante esta gravidez
(18,8%). Os maiores valores (32,5%) foram veri- não foi diferente entre os grupos 1 (5,9%) e 2
ficados no grupo 2. Quanto ao trabalho mater- (5,6%), mas foi significativamente menor nas
no remunerado, observa-se uma pequena par- puérperas do grupo 3 (3,5%).
ticipação das mulheres no mercado de traba- A assistência pré-natal também foi diferen-
lho, estando as dos grupos um e dois em des- ciada de forma significativa entre os grupos.
vantagem comparados ao grupo 3. Para o local Em relação ao número de consultas, a tabela
de moradia, residir ou não em favelas, não fo- aponta para uma maior proporção de mães
ram observadas diferenças entre os grupo 1 nos grupos 1 (20,1%) e 2 (23,5%) com pouca ou
(26,3%) e 3 (30,6%), mas foi significativa a dife- nenhuma consulta. O mesmo ocorreu com o
rença estatística entre os grupos 2 e 3 (22,5%). trimestre de início, ou seja, em comparação ao
A proporção de domicílios sem água encanada terceiro grupo (7,5%), houve um maior percen-
foi baixa nos três grupos; porém, mais elevada tual de mães nos grupos maternos 1 (10,3%) e
nos grupos 1 e 2, em relação ao 3. Quanto à cor 2 (12,6%) que iniciaram as consultas tardia-
da pele, observa-se que puérperas de cor parda mente, a partir do 7o mês de gestação, ou dei-
ou negra predominaram em todos os grupos e xaram de fazê-las.
é maior a concentração no grupo 2 (63,2%). Em Os resultados exibidos na Tabela 3 mostram
relação ao desemprego paterno, foi mais iden- a associação inversa entre o desejo pela gesta-
tificado nos grupos 1 (24,4%) e 2 (17,2%), sen- ção atual e o número de filhos tidos em todos
do esta diferença significativamente maior do os grupos maternos, vale dizer, quanto maior o
que no grupo 3 (13,9%). A proporção de mulhe- número de filhos, menor o percentual de dese-
res que vivem com os pais de seus bebês não jo. Desta forma, pode-se ver que as mães ado-
tem diferença estatisticamente significativa lescentes, em geral, desejam menos a gravidez
entre os grupos de mulheres de 20-34 anos neste momento, comparadas às mais velhas.
(grupos 2 e 3), mas foi significativamente me- As Tabelas 4 e 5 descrevem a ocorrência de
nor entre as adolescentes. parto prematuro (idade gestacional < 37 sema-
Na Tabela 2 são descritos os resultados de nas) e de baixo peso ao nascer – baixo peso ao
estilo de vida e assistência pré-natal segundo nascer (< 2.500g), em relação a fatores de risco
os mesmos grupos maternos. maternos, tais como baixa instrução (até 4a sé-
Em relação a ter vivido uma experiência an- rie do fundamental), residência materna em fa-
terior de aborto, o maior percentual foi encon- vela ou na rua, consumo de cigarro durante a
trado no grupo 2, para o qual um terço das mu- gestação e realização de um número insuficien-
lheres relatou já ter praticado pelo menos um te ou nenhuma consulta no pré-natal (0-3 con-
aborto. Por outro lado, o grupo 1 apresentou o sultas). Percebe-se que receber pouca ou ne-
menor percentual (9,6%), significativamente nhuma assistência clínica no pré-natal aparece

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EXPERIÊNCIA DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 157

Tabela 1

Proporção de puérperas segundo variáveis sócio-econômicas pelos grupos maternos.

Grupos Mãe < 20 anos (1) Mãe 20-34 (2) Mãe 20-34
(foi gestante (não foi gestante
adolescente) adolescente)
(%) p-valor (%) p-valor (%)

Instrução ≤ 4a série 23,1 0,018 32,5 0,000 18,8


Mãe sem trabalho remunerado 87,9 0,000 70,9 0,000 60,1
Residência em favela/rua 26,3 0,051 30,6 0,000 22,5
Domicílio sem água encanada 9,1 0,001 8,6 0,002 5,2
Cor da pele não branca 57,8 0,098 63,2 0,000 54,1
Pai do bebê desempregado 24,4 0,000 17,2 1,033 13,9
Não vive com o pai do bebê 34,3 0,000 18,3 0,198 16,2
Total 941 – 1.102 – 1.075

(1) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções,


comparando o grupo de < 20 anos com o de 20-34, que não foi gestante adolescente.
(2) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções, comparando
o grupo de 20-34 anos que foi gestante adolescente, com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.

Tabela 2

Proporção de puérperas segundo variáveis de estilo de vida e assistência pré-natal pelos grupos maternos.

Grupos Mãe < 20 anos (1) Mãe 20-34 (2) Mãe 20-34
(foi gestante (não foi gestante
adolescente) adolescente)
(%) p-valor (%) p-valor (%)

Estilo de vida
História de aborto anterior 9,6 0,000 33,2 0,000 17,4
Desejo por esta gravidez 32,5 0,000 30,8 0,000 44,4
Tentativa de interromper 8,7 0,000 9,6 0,000 3,8
a gravidez
Consumo de cigarro 13,5 0,806 25,0 0,000 13,9
na gravidez
Consumo de drogas 1,2 0,006 1,6 0,000 0,2
na gravidez
Vivência de agressão física 5,9 0,014 5,6 0,020 3,5
na gravidez

Assistência pré-natal
0-3 consultas no pré-natal 20,1 0,000 23,5 0,000 12,5
Sem consulta ou início após 10,3 0,026 12,6 0,000 7,5
o 6o mês

Total 941 – 1.102 – 1.075

(1) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções,


comparando o grupo de < 20 anos com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.
(2) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções, comparando
o grupo de 20-34 anos que foi gestante adolescente, com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.

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158 GAMA, S. G. N.; SZWARCWALD, C. L. & LEAL, M. C.

Tabela 3

Proporção de puérperas que desejaram a gravidez segundo número de filhos tidos anteriormente
pelos grupos maternos.

Grupos Mãe < 20 anos (1) Mãe 20-34 (2) Mãe 20-34
(foi gestante (não foi gestante
adolescente) adolescente)
Desejo sim (%) p-valor Desejo sim (%) p-valor (%)

Número de filhos tidos


anteriormente
Nenhum 36,4 0,000 58,8 0,542 56,1
Um 23,4 0,001 37,7 0,923 37,3
Dois 17,4 0,241 20,8 0,247 26,0
Três ou mais 33,3* 0,239* 12,3 0,737 10,8
Total 941 – 1.102 – 1.075

* n da casela < 5
(1) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções,
comparando o grupo de < 20 anos com o de 20-34, que não foi gestante adolescente.
(2) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções, comparando
o grupo de 20-34 anos que foi gestante adolescente, com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.

Tabela 4

Proporção de partos prematuros segundo alguns fatores de risco e experiência de gravidez na adolescência.

Grupos Mãe < 20 anos (1) Mãe 20-34 (2) Mãe 20-34
(foi gestante (não foi gestante
adolescente) adolescente)
(%) p-valor (%) p-valor (%)

Instrução ≤ 4a série 18,8 0,021 11,8 0,578 10,2


Residência em favela/rua 13,6 0,097 12,2 0,068 5,77
Consumo de cigarro na gravidez 17,9 0,209 12,5 0,915 12,1
0-3 consultas no pré-natal 30,7 0,006 15,7 0,999 15,7
Total 941 – 1.102 – 1.075

(1) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções,


comparando o grupo de < 20 anos com o de 20-34, que não foi gestante adolescente.
(2) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções, comparando
o grupo de 20-34 anos que foi gestante adolescente, com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.

como a principal variável de associação estatís- natal, por ter sido esta a variável que melhor
tica com os desfechos negativos do nascimento. discriminou, nas Tabelas 3 e 4, os riscos de des-
A Tabela 4 apresenta maiores proporções fechos negativos.
de recém-natos prematuros em filhos de puér- Os resultados desta tabela mostraram que
peras adolescentes, tanto entre as mães com ins- não houve diferença estatística entre os “desfe-
trução até a 4a série, como entre as que têm nú- chos negativos” e os grupos maternos quando
mero pequeno (0-3) de consultas no pré-natal. a gestante compareceu a quatro consultas ou
Pelos dados dispostos na Tabela 5, verifica-se mais no pré-natal. Por outro lado, naquelas em
que também o baixo peso ao nascer foi maior nos que a cobertura do pré-natal foi insuficiente ou
filhos de mães adolescentes, no grupo de mulhe- nula (0-3 consultas), o risco de parto prematu-
res que realizou de 0-3 consultas no pré-natal. Ne- ro e baixo peso ao nascer foi significativamente
nhuma outra diferença se mostrou significativa. maior no grupo de mães adolescentes.
Na Tabela 6 foram categorizados os resulta- Outro ponto a ser destacado nesta tabela é
dos adversos pelo número de consultas no pré- a relação inversa entre o número de consultas

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(1):153-161, jan-fev, 2002


EXPERIÊNCIA DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 159

Tabela 5

Proporção de baixo peso ao nascer (BPN) segundo alguns fatores de risco e experiência de gravidez na adolescência.

Grupos Mãe < 20 anos (1) Mãe 20-34 (2) Mãe 20-34
(foi gestante (não foi gestante
adolescente) adolescente)
(%) p-valor (%) p-valor (%)

Instrução 17,0 0,409 13,5 0,872 14,0


Reside em favela/rua 16,2 0,097 16,5 0,068 10,9
Fumou na gestação 16,7 0,471 16,9 0,422 20,1
0-3 consultas no pré-natal 31,1 0,026 22,0 0,544 19,1
Total 941 – 1.102 – 1.075

(1) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções,


comparando o grupo de < 20 anos com o de 20-34, que não foi gestante adolescente.
(2) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções, comparando
o grupo de 20-34 anos que foi gestante adolescente, com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.

Tabela 6

Proporção de recém-natos com desfechos negativos, segundo o grupo materno e o número de consultas no pré-natal.

Grupos Mãe < 20 anos (1) Mãe 20-34 (2) Mãe 20-34
(foi gestante (não foi gestante
adolescente) adolescente)
(%) p-valor (%) p-valor (%)

0–3 consultas
Peso < 2.500g 31,1 0,026 22,0 0,544 19,1
Prematuridade 30,7 0,006 15,7 0,999 15,7

4–6 consultas
Peso < 2.500 g 15,7 0,474 17,1 0,808 17,7
Prematuridade 14,5 0,522 15,2 0,697 16,3

7 consultas e +
Peso < 2.500g 9,6 0,619 11,1 0,867 10,7
Prematuridade 8,8 0,929 8,4 0,770 9,0

Total 941 – 1.102 – 1.075

(1) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções,


comparando o grupo de < 20 anos com o de 20-34, que não foi gestante adolescente.
(2) Nível de significância descritivo (p) do teste χ2 de homogeneidade das proporções, comparando
o grupo de 20-34 anos que foi gestante adolescente, com o de 20-34 que não foi gestante adolescente.

realizadas no pré-natal e a proporção de pre- xa renda, baixa escolaridade e pouca atividade


maturidade e baixo peso ao nascer nos três remunerada exercida pelas mulheres.
grupos maternos. Ao criar a variável “grupos maternos” foi
possível identificar que mães da mesma faixa
etária, 20 a 34 anos, pertencentes a grupos so-
Discussão ciais semelhantes, se distinguem quanto ao es-
tilo de vida e outros fatores de acordo com a
A condição de vida das puérperas incluídas experiência de terem sido ou não gestantes na
neste estrato, composto por maternidades pú- adolescência. Os achados deste trabalho indi-
blicas, caracteriza esta população como de bai- cam que as puérperas de 20-34 anos com expe-

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riência de gestação na adolescência apresen- Nas adolescentes desse estudo, a baixa pro-
tam os piores indicadores de condições de vi- porção de mulheres que desejava ter engravi-
da. Neste grupo, encontram-se os maiores per- dado, poderia ser justificado pela percepção,
centuais de mulheres com baixa escolaridade e por parte das jovens, da falta de estrutura para
residentes em favelas, e menores percentuais constituir uma nova família naquele momento.
de mulheres com trabalhos remunerados. Já entre as mulheres de 20-34 anos encontra-se
Camarano (1998) encontrou em seu estudo uma relação inversa entre o desejo de ter en-
que as baixas condições de instrução e renda gravidado e o número de filhos tidos, ou seja, o
estão diretamente relacionadas com o maior desejo decresce na medida em que aumenta a
risco de engravidar na adolescência. Tem-se quantidade de filhos. Por outro lado, hipóteses
discutido (Population Reference Bureau, 1992) sugeridas por outros autores estabelecem que
que a gestação nesta fase leva à interrupção existe uma parcela das adolescentes, notada-
precoce da escolaridade, dificultando tanto a mente nas camadas mais pobres da população,
inserção futura da adolescente no mercado de que busca a gestação, muitas vezes, como uma
trabalho, quanto à obtenção de emprego com oportunidade de status, como se fosse esse o
melhor remuneração, gerando assim um pro- único papel reservado a ela na sociedade (Scia-
cesso de reprodução da pobreza. ra & Ponterotto, 1998).
Os achados desta investigação sugerem que Outros prejuízos advindos de uma gravidez
a gravidez na adolescência nas mulheres atual- precoce vêm sendo discutidos na literatura,
mente com 20 a 34 anos contribuiu ou até mes- tais como maior risco de bebês prematuros,
mo agravou as suas condições desfavoráveis de com baixo peso ao nascer, óbitos perinatais e
vida, quando comparadas às outras da mesma infantis (Apte, 1987; Boskaya et al., 1996). Nes-
faixa etária e condição social. Stern (1997) con- sa investigação não se encontrou associação
tradiz esses resultados argumentando que ape- entre a baixa idade materna e baixo peso ao
sar de a gravidez na adolescência se encontrar nascer e prematuridade. Todavia, agravos po-
diretamente relacionada à baixa renda, não dem vir a ocorrer em longo prazo, como já evi-
implica que seja um fenômeno que conduza à denciado em trabalhos internacionais. Em es-
reprodução desta situação. tudo recente nos Estados Unidos, a Comissão
Os resultados obtidos mostraram que além para a Adolescência da Academia Americana
de maior exposição a abortos, pior nível de es- de Pediatria (1999) encontrou em filhos de
colaridade e ausência de emprego remunera- mães adolescentes maiores riscos de se torna-
do, as mulheres de 20-34 anos que foram ges- rem, também, pais na adolescência, atraso no
tantes na adolescência apresentam maior per- desenvolvimento, dificuldades acadêmicas,
centual de proles numerosas. A análise dos da- perturbações comportamentais e tóxico-de-
dos, embora não apresentados neste trabalho, pendência.
revelou que 36% dessas mães já tinham três ou Uma questão que merece destaque é a es-
mais gestações anteriores à atual. Este percen- treita relação dos efeitos adversos à gestação
tual foi de 10,7% no grupo de mulheres da mes- com a assistência prestada no pré-natal. O
ma faixa etária que não tinha engravidado an- acompanhamento médico adequado durante a
tes dos vinte anos de idade. gestação pode ser visto como uma política
Em relação aos indicadores de estilo de vi- compensatória da saúde, cabendo a ele o papel
da, o grupo de puérperas de 20-34 com expe- de minimizar o efeito das desigualdades sócio-
riência de gestação na adolescência foi tam- econômicas.
bém o que apresentou os piores resultados, com Pode-se considerar que a cobertura do pré-
maior prevalência de abortos anteriores, consu- natal foi relativamente satisfatória para o con-
mo de cigarros e de drogas ilícitas na gestação, junto das puérperas, uma vez que apenas 6%
confirmando a hipótese de se tratar de um gru- das mulheres não foram assistidas e mais de
po mais vulnerável no que tange ao aspecto do 80% delas tiveram quatro ou mais consultas.
cuidado com sua própria saúde e do seu bebê. Entretanto, essa cobertura foi diferente entre
No estrato da pesquisa sob consideração, a os grupos maternos, sendo mais adequada, pe-
maioria das mulheres entrevistadas não dese- lo menos em termos do número de consultas,
java ter engravidado, sendo a proporção ainda no grupo de 20-34 anos sem experiência de
maior nos grupos de adolescentes e de 20-34 gestação na adolescência.
que engravidou na adolescência. Resultados Chama a atenção que no grupo de pior co-
concordantes foram encontrados em estudos bertura do atendimento pré-natal (0-3 consul-
com gestantes adolescentes por Monteiro et al. tas), as adolescentes se mostraram como o gru-
(1998), no Ministério do Rio de Janeiro e Plaza po de maior sensibilidade em relação ao baixo
et al. (1994), em Granada, Espanha. peso ao nascer e a prematuridade, evidencian-

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EXPERIÊNCIA DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 161

do um papel diferenciado do pré-natal nestas Visto que no presente estudo a gravidez na


mulheres. Esse efeito desaparece quando cres- adolescência aparece muito mais como um
ce a freqüência ao pré-natal. Fried et al. (1987) problema social do que biológico, enfatiza-se a
obtiveram resultados semelhantes nos Estados relevância de se ampliar a cobertura e o núme-
Unidos. Em um estudo com dados de nasci- ro de consultas pré-natais, que, certamente,
mentos e óbitos, encontraram maior prevalên- contribuirá para alcançar melhores resultados
cia de baixo peso ao nascer e mortalidade in- da gestação, particularmente entre as adoles-
fantil nos filhos de mães adolescentes; contu- centes.
do, esta associação desaparecia quando a ges-
tante recebia adequada assistência pré-natal.

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