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Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof.

Jesué Graciliano da Silva 1


Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 2

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Material pertencente ao livro: Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização


Direitos autorais reservados. Proibida reprodução sem autorização do autor.
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APRESENTAÇÃO

O objetivo deste texto é apresentar um resumo da teoria envolvida no


desenvolvimento de projetos de climatização de pequeno porte. No seu decorrer o
estudante deverá compreender os procedimentos técnicos normatizados para se
estimar a carga térmica de uma edificação, selecionar equipamentos de
climatização, dimensionar uma rede de distribuição de ar e definir os acessórios da
instalação.

Para um projeto bem sucedido é necessária a correta aplicação dos


fundamentos de transferência de calor, termodinâmica e mecânica dos fluidos e
conhecer bem os diferentes sistemas de climatização.

Entendemos que o projetista de climatização deveria fazer parte de uma


“equipe multidisciplinar”, envolvendo arquitetos, calculistas, especialista em
acústicas, além de profissionais das áreas de elétrica, hidráulica e outras
instalações. Assim poderia contribuir com o arquiteto desde a concepção inicial,
apresentando sugestões sobre o melhor posicionamento do edifício ou sobre sua
forma e área envidraçada, por exemplo.

Em algumas situações é necessário prever o uso de vidros duplos, instalar


películas reflexivas ou instalar breeses nas fachadas como forma de se reduzir a
carga térmica de insolação. Além disso, é preciso pensar nas possíveis
interferências do sistema de climatização nas demais estruturas – hidráulica,
sanitária, eletricidade, alarmes, de prevenção de incêndios, de distribuição de
redes de internet entre outras.

Enfim, esperamos que vocês aprendam um pouco mais sobre como um bom
projeto pode contribuir para o conforto térmico das pessoas e reduzir a incidência
de doenças relacionadas à qualidade do ar.
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1- Sistemas de Climatização

1.1 - Introdução
Quando falamos em “climatizar ambientes”, estamos nos referindo ao processo de
tratamento de ar em recintos fechados, de modo a controlar simultaneamente sua temperatura,
umidade, pureza e movimentação. Para que isso aconteça é necessário que se coloque o ar em
movimento contínuo, fazendo-o passar por elementos de filtragem, de resfriamento,
aquecimento, umidificação ou desumidificação. Há sistemas de distribuição de zona única
(Figura 1.1) que atendem a apenas um recinto, por exemplo, um auditório, e há sistemas de
zonas múltiplas, como o caso do condicionamento de diversas salas com controles individuais
(Figura 1.2).

Figura 1.1 – Sistema de climatização de zona simples.

Pode-se notar que, nestes sistemas de zonas simples, tem-se o controle da taxa de
renovação através da tomada de ar externo. Pode-se observar, também na Figura 4.1, que o ar de
retorno é misturado com o ar de renovação para depois passar pelos processos de tratamento:
resfriamento, desumidificação ou aquecimento. Na figura 4.1, também se pode observar a
presença de uma serpentina de resfriamento e desumidificação (SRD). Essa serpentina fria é
responsável pelo resfriamento e desumidificação do ar e corresponde ao componente
evaporador do sistema de compressão mecânica de vapor. Na Figura 1.2, pode-se observar um
sistema de duas zonas com reaquecimento terminal do ar.
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Figura 1.2- Sistema de climatização de duas zonas com reaquecimento terminal

Também são comuns os sistemas que possibilitam o controle da vazão de ar variável


(VAV), conforme a Figura 1.3. Esses sistemas são automatizados e garantem que em cada zona
se tenha condições diferentes de temperatura por meio de controles de registros individuais, de
acordo com a carga térmica de cada ambiente, mas, usando apenas uma única serpentina de
resfriamento e desumidificação.

Figura 1.3- Esquema de um sistema de climatização com vazão de ar variável (VAV)


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4.2- Conforto Térmico

Um dos principais objetivos do controle das condições de pureza, temperatura e umidade


de um ambiente é a promoção do conforto térmico aos ocupantes. Segundo a ASHRAE,
conforto térmico é um estado de espírito que reflete satisfação com o ambiente térmico que
envolve uma pessoa. É, portanto, uma sensação subjetiva que depende de aspectos biológicos,
físicos e emocionais dos ocupantes, não sendo, desta forma, possível satisfazer, com uma
determinada condição térmica, todos os indivíduos que ocupam um recinto. O estudo do
conforto térmico tem como objetivo a determinação das condições ambientais que possibilitam
o conforto térmico para um maior número possível de pessoas.
Esta sensação de conforto depende da facilidade com que o indivíduo estabelece um
balanço térmico com o meio, com o intuito de manter a temperatura interna corporal em 37C.
Mesmo que o equilíbrio térmico seja alcançado, uma pessoa pode não se sentir confortável, por
exemplo, se estiver na presença de um campo assimétrico de radiação.
O corpo humano pode perder calor pela evaporação do suor, bem como receber ou ceder calor
para o ambiente pelos mecanismos de respiração, radiação e convecção, dependendo da
temperatura do ar.
Segundo Fanger (1970), é possível dividir os fatores que afetam a sensação do conforto
térmico em variáveis individuais e ambientais. As principais variáveis individuais são o tipo de
atividade e o vestuário; e as principais variáveis ambientais são: temperatura de bulbo seco do
ar, temperatura média radiante, velocidade relativa do ar e umidade relativa do ar. Deve-se
observar, no entanto, que a sensação global de conforto do indivíduo é uma sensação mais
complexa, devido à interação ou interdependência entre o conforto térmico, conforto olfativo,
conforto acústico e visual.
A transferência de calor pelo corpo pode ser realizada por quatro maneiras distintas:
evaporação, radiação, convecção e condução, conforme ilustrado na Figura 1.4.
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Figura 1.4- Trocas térmicas do homem com o seu meio.

Dessas, a condução geralmente é desprezada, pois a área do corpo em contato com


alguma superfície é muito pequena e ocorre em intervalos de tempo muito curtos.
Perdas por evaporação ocorrem de três maneiras: pela exalação de vapor d'água dos
pulmões; por perspiração insensível e pelo suor. A perspiração é uma consequência da filtração
dos líquidos do corpo pela pele, formando gotas microscópicas de umidade em sua superfície.
Estas gotas, devido ao seu tamanho reduzido, evaporam-se muito rapidamente. Um processo
completamente diferente é o do suor. Quando existe a tendência de aumento da temperatura do
corpo, o hipotálamo determina o aumento da perda de calor do corpo por evaporação, fazendo
com que as glândulas sudoríparas inundem áreas estratégicas da pele com suor.
Lembrando que a perda de calor por evaporação de uma superfície molhada é uma função
do grau de umidade do ar e da velocidade do ar. Quanto mais seco o ar, mais fácil a evaporação
do suor.
O corpo perde calor por radiação para o ambiente se a temperatura média da superfície do
corpo for maior do que a das superfícies vizinhas. O valor médio da temperatura da superfície
do corpo é influenciado pelo tipo de roupa usada e pela superfície exposta do corpo da pessoa.
A temperatura das superfícies vizinhas do recinto em que a pessoa se encontra, denominada
temperatura radiante média, pode variar de um ponto para o outro do recinto e pode ser
determinada com um termômetro de globo ou esfera, especialmente desenvolvido para esse fim.
Da mesma maneira, o corpo perde calor por convecção desde que sua temperatura média
superficial exceda a temperatura ambiente de bulbo seco, podendo ser incrementada pelo
aumento da velocidade do ar, como vimos no estudo da convecção.
Em 1970, Fanger publicou um estudo no qual expôs um modelo matemático que permite
calcular a porcentagem de indivíduos satisfeitos em um determinado ambiente. O modelo
consiste na determinação do Voto Médio Previsto (PMV) e utiliza-se de uma escala psico-física
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para sua avaliação. Esta escala varia de -3 a +3, onde -3 corresponde à sensação de muito frio, -
2 à sensação de frio, -1 de ligeiramente frio, 0 de neutralidade térmica (nem frio nem quente),
+1 ligeiramente quente, +2 à sensação de quente e +3 à sensação de muito quente.
O PMV é calculado por uma única equação que relaciona o nível de atividade,
resistência térmica do vestuário, temperatura do ar, temperatura média de radiação das
superfícies vizinhas, e pressão parcial de vapor. A partir do PMV é possível calcular a
porcentagem de pessoas insatisfeitas (PPD).

1.3- Sistemas de Climatização


A seguir, vamos tratar dos principais sistemas encontrados no mercado da refrigeração e
do condicionamento de ar. O mais popular aparelho de climatização é o condicionador de
janela. Como o próprio nome diz, é instalado em janelas ou em paredes a uma altura de,
aproximadamente, 1,60m do piso. Apresenta capacidade de resfriamento normalmente variando
de 7.500BTU/h a 36.000BTU/h. Na Figura 1.5, ilustramos uma aplicação desse tipo de
aparelho em uma parede. Observe nesta Figura que é muito importante não obstruir as entradas
de ar de condensação.

Figura 1.5– Esquema de um aparelho de climatização de janela

Esses equipamentos são bastante utilizados em residências e em prédios de escritórios. O


seu uso equivocadamente na parte inferior das paredes, é muito comum em diversos edifícios e
provoca o desagradável efeito de estratificação do ar no ambiente, no qual a parte de baixo do
ambiente fica fria demais (ar frio mais denso fica embaixo) e a parte de cima do ambiente fica
com o ar quente demais. Essa má instalação compromete, ainda, a eficiência do equipamento, já
que, se instalado corretamente, a convecção natural auxilia na movimentação do ar do ambiente,
facilitando assim a climatização.
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Outro tipo muito comum de equipamento de climatização é o self-contained ou


compacto, conforme ilustrado na Figura 1.6. Ele é destinado a uso doméstico ou comercial e
pode operar com condensação a ar ou água. Atende a uma ampla faixa de possibilidades de
aplicação: instalações em lojas, restaurantes, centros de computação, em edifícios industriais,
bancos, em grandes residências, etc.

Figura 1.6- Ilustração de um aparelho do tipo self-contained com uma rede de dutos.

O condicionador de ar tipo self-contained, com condensação a ar acoplado, utiliza


ventilador centrífugo para movimentar o ar entre as aletas do condensador e liberar o calor do
fluido refrigerante para o ambiente.
Os condicionadores de ar tipo self-contained podem ser instalados diretamente no
recinto a receber o ar condicionado ou situar-se em casas de máquinas. Neste caso, pode conter
dutos de insuflamento do ar. Na Figura 1.7, ilustra-se um self-contained típico com
condensação a ar remoto. Neste sistema a unidade evaporadora é instalada próxima ou no local
a condicionar; já a unidade condensadora é instalada externamente ao ambiente. A interligação
dessas unidades é realizada por meio de duas tubulações de cobre, devidamente isoladas, para
circulação do fluido refrigerante.
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Figura 1.7- Sistema de condicionamento de ar com condensação remoto.

O condicionador de ar do tipo self-contained, com condensação à água (Figura 1.8),


precisa de uma torre para arrefecimento de água para seu funcionamento. Nesse sistema, o
condensador do self-contained troca calor com a água que é circulada por uma torre de
arrefecimento. A água que sai do condensador, um pouco mais aquecida, é movimentada até
uma torre de resfriamento, por uma bomba, para liberar o calor retirado do fluido refrigerante
para o ar atmosférico.

Figura 1.8- Sistema de condicionamento de ar com condensação à água.

Os aparelhos splits, ou divididos, são equipamentos bastante adaptáveis ao ambiente em


termos estéticos e funcionam com baixo nível de ruído, uma vez que seu compressor fica na
parte externa junto ao condensador. A aplicação dos mesmos pode ser realizada junto ao piso,
na parede próximo ao teto (tipo piso-teto) ou embutido no gesso (tipo cassete).
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Figura 1.9– Ilustração de um sistema split (dividido)

Recentemente, têm sido utilizados também sistemas centrais de climatização do tipo


VRV ou Volume de Refrigerante Variável. Nesse caso, as unidades evaporadoras são instaladas
diretamente nos ambientes climatizados e operam independentes das demais, sendo servidas
por apenas uma unidade condensadora externa. A carga térmica é detectada por cada unidade
interna e as válvulas de expansão eletrônica liberam apenas a quantidade correta de fluido
refrigerante para atender às necessidades específicas dos diversos ambientes.
Uma aplicação dos sistemas de expansão indireta é a de água gelada (fan-coil e chiller).
Estes equipamentos funcionam centralizando a produção de água gelada através de um grande
resfriador (chiller). A água fria produzida através da circulação pelo conjunto de evaporadores
do chiller é distribuída através de bombas de água gelada (BAG) para diversos ambientes.
Nesses ambientes, a água circula através de uma serpentina de resfriamento e desumidificação,
chamada de fan-coil. No fan-coil o ar do ambiente a ser climatizado é succionado por um
ventilador, atravessando, assim, a serpentina fria, que garante o efeito de resfriamento e
desumidificação.
A água, entrando a uma temperatura de, aproximadamente, de 7˚C, circula dentro da
serpentina fria e recebe o calor do ambiente interno, tendo, assim, sua temperatura aumentada
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em aproximadamente 5˚C. Para voltar à temperatura de entrada no fan-coil a água é bombeada


até o chiller para liberar essa energia adicional, conforme ilustrado na Figura 1.10.
O chiller é composto basicamente de evaporadores (que retiram a energia da água), um
conjunto de compressores, válvulas e condensadores. O condensador pode liberar calor para o
meio ambiente diretamente (condensação a ar) ou indiretamente (condensação a água).
No segundo caso, é necessária a instalação de um conjunto de bombas de água de
condensação (BAC) e de torres de arrefecimento para garantir o resfriamento do fluido
refrigerante do ciclo de refrigeração do chiller. Observa-se que o ar do ambiente troca calor
indiretamente com o fluido refrigerante que circula pelo chiller, ou seja, há um fluido
intermediário (água gelada) entre o ar e o fluido refrigerante (expansão indireta).

Figura 1.10- Ilustração de um sistema fan-coil chiller

Em grandes instalações, é comum o uso de bancos de gelo (calor latente) ou tanques de


água gelada (calor sensível) funcionando como termoacumuladores de energia em conjunto com
o chiller. Essa composição é denominada de sistema de água gelada com termoacumulação.
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2- Condicionamento do Ar

2.1- Definições básicas


Para se estudar sobre o condicionamento do ar, é importante que se tenha a compreensão
dos princípios da psicrometria, palavra de origem grega e que significa “estudo do clima”. Na
área de climatização e refrigeração há um interesse específico de se conhecer quais as
propriedades e quais são os processos psicrométricos sofridos pelo ar. Para facilitar este
aprendizado, serão utilizadas cartas psicrométricas, que são importantes ferramentas para
auxiliar o profissional em refrigeração e ar condicionado. No entanto, é importante registrar que
devem ser utilizadas cartas psicrométricas corretas para cada localidade, pois a construção das
mesmas depende da pressão atmosférica.

2.2- Cartas Psicrométricas


As cartas psicrométricas são representações gráficas das propriedades do ar. A utilização
das cartas facilita a análise dos processos psicrométricos envolvidos na climatização. Neste livro
utilizaremos uma carta psicrométrica construída tomando por referência a pressão atmosférica
de 101,325kPa. Para cada pressão é necessário utilizar uma carta psicrométrica correspondente.
Como exemplo de aplicação de uma carta psicrométrica é possível analisar se haverá
condensação sobre um duto de aço galvanizado sem isolamento térmico por onde passa
internamente um fluxo de ar a 15C através de um ambiente que está a TBS de 32C e TBU de
23C.
Para resolver este tipo de questão, basta utilizar a carta psicrométrica, conforme ilustrado
na Figura 2.1. Na carta, deve-se marcar o ponto referente às condições do ar externo (ponto 1).
Deve se traçar uma linha horizontal da direita para a esquerda e verificar o ponto em que há
cruzamento com a linha de saturação. Neste ponto, situa-se a temperatura de orvalho do ar
externo. Ou seja, se a temperatura do ar é resfriada abaixo desse valor, haverá condensação.
Nesse exemplo, a temperatura de orvalho é de 19,2C e a temperatura da face externa do duto
não isolado é praticamente de 15C, o que faz com que a condensação da umidade seja
inevitável. A solução deste problema geralmente é conseguida através do isolamento térmico do
duto. Para calcular a espessura correta do isolamento, basta utilizar a equação de Fourier para a
condução, utilizando para tanto a condutividade térmica do isolante.
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Figura 2.1- Obtenção da temperatura de orvalho em uma carta psicrométrica.

2.3-Processos Psicrométricos
Os processos psicrométricos são as transformações ocorridas nas propriedades do ar
durante a climatização/refrigeração. Alguns processos comuns no tratamento do ar são:
resfriamento, desumidificação, aquecimento, umidificação e mistura de jatos de ar.
Geralmente, o resfriamento e desumidificação do ar acontecem simultaneamente
quando um fluxo de ar passa através de um evaporador, também chamado de serpentina de
resfriamento e desumidificação (SRD). Nesse processo, há redução da temperatura do ar e da
umidade absoluta do mesmo, com condensação de parte do vapor d´água dissolvido no ar, o que
exige providências quanto à instalação de bandeja de condensado com dreno. Na figura 2.2,
ilustra-se este processo.

Figura 2.2 – Esquema do processo de resfriamento e desumidificação.


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Para estudarmos o processo de resfriamento e desumidificação sofrido pelo ar, é muito


importante que façamos balanços de massa e de energia através de volume de controle no
envoltório dos equipamentos. No caso da serpentina de resfriamento e desumidificação, temos:

 Balanço de massa: O fluxo de massa de ar seco que entra no volume de controle é igual ao
fluxo de massa de ar seco que sai deste volume, logo:

1  m
m 2  m
a

E, da mesma forma, o balanço do fluxo de água dissolvida no ar pode ser calculada como:

 a .w1  m
m  a .w2  m
 cond

Balanço de energia: A energia que entra no volume de controle é igual à energia que sai deste
volume, logo:

 a .h1  m 
 a .h2  Q
m SRD  mcond .hcond

Observamos que a entalpia da água condensada (hcond) é muito pequena comparada com
as outras grandezas dessa equação. Sendo assim, para fins de aplicações práticas, o último termo
pode ser desprezado.
A mistura de duas correntes de ar acontece geralmente na casa de máquinas do sistema
de climatização, onde o ar de retorno, voltando do ambiente climatizado, é misturado com uma
parcela de ar externo de renovação, fundamental para garantir uma qualidade do ar interior
(Figura 2.3).

Figura 2.3- Ilustração do processo de mistura de duas correntes de ar

Este processo, quando representado em uma carta psicrométrica, obedece à chamada “Lei
da Linha Reta”.
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Essa lei determina que as condições resultantes do fluxo de ar (3) podem ser obtidas em
um ponto situado sobre uma reta que liga a condição do fluxo de ar (1) à condição do fluxo de
ar (2), conforme ilustrado Figura 2.4, onde é representada a situação em que uma vazão de
540m3/h de ar externo de renovação na condição TBS = 32oC e UR = 60% é misturada com
2800 m3/h de ar de retorno na condição TBS = 32oC e UR = 60%. Na carta tem-se que h1 =
78kJ/kg e h2 = 51kJ/kg.

Figura 2.4- Representação do processo de mistura de duas correntes de ar.

A entalpia do ar na condição de mistura (ponto 3) pode ser obtida por meio da aplicação
de um balanço de energia (energia que entra no Volume de Controle é igual energia que sai do
Volume de Controle). Nessa equação é possível utilizar também a vazão do ar em m3/h.

 1.h1  m
m  2 .h2
h3 
(m 1  m
2)

Para os valores considerados temos h3 = 55,3 kJ/kgar. Por inspeção na carta


psicrométrica, o ar de mistura tem, aproximadamente, TBS = 26,5oC e UR = 55%.

540.78  2800.51
h3   55,3kJ / kg ar
3340

O processo de insuflamento de ar no ambiente faz com que o jato de ar frio receba uma
parcela de carga térmica sensível e latente, o que proporciona um processo de aquecimento e
umidificação. A linha representativa deste processo na carta psicrométrica ocorre paralela à
linha de fator de calor sensível (FCS), dada através da relação entre a carga térmica sensível e a
carga térmica total ambiente.

Carga Térmica Sensível


FCS 
Carga Térmica Total
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Para fins práticos, pode-se definir carga térmica como a quantidade de calor sensível e
latente que deve ser retirada ou adicionada ao ambiente condicionado para que se mantenham as
condições desejadas de temperatura e umidade relativa. Para se representar o processo de
insuflamento em uma carta psicrométrica, basta traçar uma linha paralela à linha de Fator de
Calor Sensível ambiente (FCSa), partindo do ponto de retorno do ar (R) até o ponto de
insuflamento. No exemplo mostrado na Figura 2.5 tem-se um FCSa de 0,7 marcado no
transferidor à esquerda da carta psicrométrica. Uma linha paralela é traçada partindo do ponto R
(25oC e 50%). A temperatura de insuflamento geralmente é obtida pelo cruzamento da linha de
entalpia do ar na condição de insuflamento com a linha paralela ao FCS.

Figura 2.5- Aplicação da linha de fator de calor sensível.

Na figura 2.6, ilustra-se uma representação típica de um processo de climatização para


verão. Nota-se que o ar de retorno (2) é misturado com o ar externo (1), resultando no estado
intermediário (3). A mistura é agora resfriada e desumidificada através da passagem pela
serpentina de resfriamento e desumidificação e passa para o estado (4). Nessa condição, o ar é
agora insuflado no ambiente, onde receberá carga térmica sensível e latente, atingindo
novamente o estado (2). Pode-se observar que o processo de insuflamento no ambiente, que
ocorre de 4 para 2, tem inclinação determinada pelo Fator de Calor Sensível (FCS).

Figura 2.6 – Representação de um processo de climatização para o verão.


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Exemplo de aplicação 1:
Considere a instalação de climatização ilustrada na Figura 2.7. Observe que uma dada
quantidade de ar de renovação (externo) é misturada com uma dada quantidade de ar de retorno
 e = 0,7kg/s é
antes da entrada no equipamento (SRD). O fluxo de massa de ar externo (1) m
misturado com um fluxo de ar de retorno m  r = 4,5kg/s. As condições do ar externo (E) ou
ponto 1 são: TBS=32C e umidade relativa ()=60%. Já o ar de retorno (2) apresenta as
seguintes condições (iguais ao ar de exaustão, 2”): TBS=25C e =50%. Sabendo ainda que a
 
carga térmica sensível ambiente Q sensível =12kW e a carga térmica latente Qlatente =2kW.

Calcular:

 a temperatura do ar de insuflamento;
 a capacidade da serpentina de resfriamento e desumidificação;
 a quantidade de água retirada pela serpentina de resfriamento e desumidificação.

Figura 2.7- Ilustração de um problema típico de climatização de zona única.

Solução.
O primeiro passo é marcar as condições conhecidas na carta psicrométrica. Para isso são
necessárias sempre duas propriedades termodinâmicas.

Ponto Entalpia específica Fluxo de massa TBS UR


(kJ/kga) (kg/s) (oC) (%)
1 79,0 0,7 32 60%
2 50,5 25 50%
4 5,2
2’ 50,5 4,5 25 50%
2” 50,5 25 50%
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O segundo passo é realizar um balanço de massa e energia na casa de mistura, onde


determinamos o fluxo de massa de entrada na serpentina de resfriamento ( m  3 ) e a entalpia do
ponto 3 através da Lei da Linha Reta, que diz que o ponto 3 está localizado sobre uma reta entre
1 e 2.
3  m
m 1  m 2'
3  m
m  4  0,7  4,5  5,2kg / s
 1.h1  m
m  2' .h2'  m
 3h3

h3 
0,7.79   4,5.50,5  54,3kJ / kg
a
5,2

A entalpia do ponto 4 é calculada através de um balanço de energia no ambiente climatizado.

 4 h4  Q CARGA _ TÉRMICA  m
m  2 h2

onde q CT é a carga térmica total recebida pelo ambiente.

 2 h2  Q CARGA _ TERMICA 5,2.50,5  14


m
h4    47,8kJ / kga
m4 5,2

Com a entalpia 4 é preciso calcular e traçar a linha de Fator de Calor Sensível na carta.
Como FCSa = 12/14 = 0,85 (relação entre a carga térmica sensível e a carga térmica total)
devemos traçar uma reta a partir do ponto 2 na carta psicrométrica seguindo a mesma inclinação
da linha de FCSa. No cruzamento da linha paralela ao FCS (partindo do ponto 2) e da linha de
entalpia específica da condição 4, h4 = 47,8kJ/kg, encontramos o ponto 4 que tem
TBS4=22,8C. Essa é a condição de insuflamento do ar no ambiente climatizado.

Figura 2.8- Método gráfico para obtenção da condição 4 do ar de insuflamento.


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A capacidade da serpentina de resfriamento e desumidificação é calculada a partir de um


 3 h3 ) é igual a energia retirada
balanço de energia. A energia que entra com o fluxo de ar ( m
 
pela serpentina Q SRD mais a energia que sai com o fluxo de ar ( m 4 h 4 ).


 3h3  Q SRD  m4 h4
m 

SRD  m3h3  m4 h4  5,2.54,3  47,8  33,9k W



Q  

Da mesma forma calcula-se o fluxo de água retirada pela serpentina através do balanço
de massa de água na serpentina.
 3 w3 m
m  cond  m
 4 w4
 cond  m
m  3 w3  m
 4 w4  m
 ( w3  w4 )

 a = 5,2kg/s, w3 e w4 são encontrados na carta psicrométrica como sendo 11,2


Onde: m
gv/kgar e 9,5gv/kgar, respectivamente. Logo o fluxo de massa de condensado é de 8,84 gramas de
vapor d´água por segundo.

Exemplo de Aplicação 2:

Considere a instalação de climatização ilustrada na Figura 1.17. Um fluxo de 864m3/h de


ar externo com TBS=32oC e UR de 55% é misturado com o ar de retorno na condição de TBS =
25oC e TBU = 18oC antes de passar pela Serpentina de Resfriamento e Desumidificação (SRD).
A carga térmica total é de 60.000BTU/h e a carga térmica sensível é de 42.000BTU/h.
Considere a temperatura do ar de insuflamento como sendo 14,5oC. Qual é a capacidade da
SRD?

Solução:
O Fator de Calor Sensível é calculado como sendo 42.000/60.000 = 0,7. No cruzamento
da linha de TBS da temperatura do ar de insuflamento e da linha paralela ao FCS tem-se o
ponto 4 na carta psicrométrica. A entalpia h4 é de 35kJ/kg. A entalpia h2=75kJ/kg. Logo,
fazendo-se um balanço de energia no ambiente climatizado. O valor de 60.000BTU/h é
equivalente a 17,58kW.


 4h4  Q CARGA_ TERMICA  m2 h2
m 
q 17,58( kJ / s )
 
m   1,10kg / s
h 2  h 4 (75  35)( kJ / kg )

Com o fluxo de massa de insuflamento encontramos a quantidade de ar de retorno, que


será utilizada para se fazer o balanço de energia na mistura.

 retorno  min  mext  1,10  0,24  mretorno  0,86kg / s


m
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Um balanço de energia na mistura de ar encontramos h3 = 56,2kJ/kg.

h3 
0,24.75  0,86.51  56,2 kJ / kg
1,10

Um balanço de energia na Serpentina de Resfriamento e Desumidificação permite a


obtenção da capacidade de resfriamento.


SRD  m4 h4  m3h3  m(h3  h4)  1,10.(56,2  35)  23,32k W
Q  

Figura 2.9- Ilustração dos processos psicrométricos envolvidos na climatização.

Logo, o equipamento de climatização tem capacidade de 23,32kW ou 82.016 BTU/h.


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3. Projeto de Climatização

3.1- Princípios
A estimativa de carga térmica de um ambiente é o primeiro passo para se dimensionar os
equipamentos de climatização. A seguir serão detalhadas algumas condições gerais de projeto.
Na Figura 3.1 tem-se a representação de um desenho para climatização com o posicionamento
do equipamento self-contained na casa de máquinas, a indicação da posição do retorno do ar e
da tomada de ar externo de renovação, bem como da rede de distribuição de ar por meio de
dutos de aço galvanizado. As medidas dos dutos são indicadas em centímetros. Os difusores
(bocas de insuflamento) são de 4 vias.

Figura 3.1- Representação em planta baixa da instalação de um sistema de climatização.

Um projeto de climatização bem elaborado depende da participação de um especialista em


ar condicionado desde a fase de concepção. É preciso haver comunicação entre as equipes dos
projetos estruturais, de esgoto, hidráulica e de eletricidade principalmente. Há diversas etapas
do projeto que não podem ser negligenciadas:

 Estudo preliminar - Nesse momento, são estabelecidas as normas que serão levadas em
consideração para definição do sistema a ser projetado;
 Bases de cálculo - Nessa etapa, são fixados os parâmetros adotados como base para o
dimensionamento do sistema, tais como: condições de temperatura, pressão e umidade e
taxas de ocupação, iluminação e ar exterior;
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 24

 Dimensionamento do sistema – essa etapa refere-se à definição de todos os constituintes do


sistema adotado, considerando-se as características das fases anteriores. Para tanto é
necessária a realização da estimativa das cargas térmicas dos ambientes, bem como carga
térmica total, levando-se em conta os critérios: simultaneidade, seleção dos equipamentos,
local da casa de máquinas, projeto da rede de dutos, projeto da rede hidráulica, esquema
elétrico e esquema de controles; Memorial descritivo- nessa fase é descrita objetivamente a
solução adotada pelo sistema de condicionamento de ar. Este relato é realizado baseado na
execução do projeto, uma vez que nele são encontradas informações gerais do sistema e
tabelas de resumo de cálculos. Faz parte, ainda, deste tópico os parâmetros referentes ao
contrato de aquisição;
 Parte gráfica - compreende o fornecimento de plantas, cortes e detalhamentos necessários à
perfeita compreensão por parte do cliente. Essa parte gráfica é constituída, basicamente, de
desenhos da casa de máquinas, localização de bases de equipamentos e suas características,
rede de dutos, rede hidráulica, fluxogramas de controle e esquema geral de distribuição
elétrica.
Ao se avaliar a qualidade de um projeto de sistema de ar condicionado, deve-se levar em
consideração se ele atende às necessidades desejadas, se foi executado sob responsabilidade de
engenheiro ou técnico especializado e se foram atendidas as normas técnicas pertinentes ao tipo
de instalação.
Recentemente uma nova metodologia de projetos vem ganhando espaço. Trata-se da
Building Information Modeling (BIM). A metodologia BIM permite que diversos profissionais
trabalhem de forma colaborativa no conceito de “nuvem” para otimizar as diferentes
instalações. De maneira bem simplificada, BIM é um conjunto de informações geradas e
mantidas durante todo o ciclo de vida de um edifício. É um modelo computacional
desenvolvido em softwares voltados para a construção civil e por outros modelos específicos de
arquitetura, estrutura, planejamento e custos.
Vários softwares compõem à metodologia, atendendo às diferentes necessidades ligadas
ao setor da construção. Os modelos gerados em 3D, combinam objetos que correspondem aos
componentes usados na obra real e permitindo a visualização de cada etapa, como se fosse uma
“construção virtual”. Esses objetos virtuais incluem medidas, especificações e materiais
constituintes, e se autoajustam ao ambiente em que estão inseridos. Os dados estruturados
podem ser visualizados por meio de plantas, cortes, fachadas e maquetes virtuais. É possível
acompanhar cada etapa de uma obra ao longo da sua execução, além de gerar documentos de
manutenção para serem usados depois do seu término.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 25

3.2- Condições de projeto


Para que a estimativa de carga térmica possa ser realizada é preciso, antes de tudo,
estabelecer as condições de projeto: tipo de ocupação, taxa de renovação de ar de externo, nível
de ruído aceitável, temperatura interna, umidade relativa etc. Cada projeto exige um estudo
detalhado dessas condições, a fim de que a temperatura, velocidade do ar, grau de pureza e
umidade relativa adotados (ou seja, variáveis normalmente controladas em um sistema de
condicionamento de ar) sejam compatíveis com as necessidades exigidas.
Há diversas normas para climatização e refrigeração. Cada uma delas é apropriada a um
contexto específico. O projetista precisa estar atento para o fato de que, em algumas regiões do
Brasil, pode acontecer de a carga térmica de inverno (aquecimento) ser superior à carga térmica
de verão (resfriamento). Por isso, a carga térmica de inverno deve, também, ser estimada. As
normas brasileiras disponíveis na ABNT (http://www.abnt.org.br/) apresentam informações
detalhadas de temperatura e umidade para diversas cidades brasileiras, bem como
recomendações gerais para sistemas centrais e unitários de climatização.
Na Tabela 3.1, tem-se as condições externas para o verão a serem consideradas no projeto
para alguns municípios brasileiros. Na Tabela 3.2, apresenta-se algumas condições internas de
projeto recomendadas de acordo com a finalidade dos ambientes.

Tabela 3.1 - Condições externas para verão (C)


Cidades TBS(C) TBU(C)
Macapá (AP) 34 28,5
Manaus (AM) 35 29,0
São Luís (MA) 33 28,0
Fortaleza (CE) 32 26,0
Natal (RN) 32 27,0
Recife (PE) 32 26,0
Maceió (AL) 33 27,0
Salvador (BA) 32 26,0
Vitória (ES) 33 28,0
Belo Horizonte (MG) 32 24,0
Rio de Janeiro (RJ) 35 26,5
São Paulo (SP) 31 24,0
Brasília (DF) 32 23,5
Goiânia (GO) 33 26,0
Cuiabá (MT) 36 27,0
Curitiba (PR) 30 23,5
Florianópolis (SC) 32 26,0
Porto Alegre (RS) 34 26,0
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Tabela 3.2- Condições internas de conforto para verão


Finalidade Local Recomendável Máxima
TBS UR TBS UR
(C) (%) (C) (%)
Conforto Residências, hotéis, escritórios, 23 a 25 40 a 60 26,5 65
escolas e bancos
Lojas de curto Barbearias, cabeleireiros, lojas e 24 a 26 40 a 60 27 65
tempo de ocupação magazines e supermercados

Ambientes Teatros, auditórios, 24 a 26 40 a 65 27 65


com grandes templos, cinemas, bares
cargas de calor latente lanchonetes, restaurantes,
e/ou sensível bibliotecas e estúdios TV

3.3- Estimativa de carga térmica


Carga térmica é a quantidade total de calor sensível e latente que deve ser retirada ou
adicionada ao ambiente climatizado para que se mantenham as condições desejadas de
temperatura e umidade relativa. Os ganhos de calor podem ser provenientes de fontes externas
ao espaço condicionado e dele próprio.
Como ganhos externos, podemos citar os decorrentes da radiação solar direta e difusa
através das janelas; radiação solar através das superfícies opacas (paredes); calor transmitido
através do vidro das janelas e das paredes devido à transferência de temperatura entre o ar
externo e ar interno; infiltração de ar quente do exterior. Esta infiltração engloba a infiltração ou
ar de renovação.
Como ganhos internos, podemos citar os decorrentes da iluminação elétrica; ocupação
(calor liberado pelas pessoas que ocupam o ambiente) e dissipação de potência em máquinas e
equipamentos (computadores, motores elétricos ou cafeteiras, por exemplo)
Algumas fontes de calor contribuem com carga sensível e latente simultaneamente. As
pessoas que ocupam o recinto contribuem com carga sensível devido a maior temperatura da
pele em relação ao ar do espaço condicionado (convecção e radiação), e com carga latente
devido à transpiração e à respiração. A taxa de ar externo de renovação também deve ser
considerada na carga térmica, pois após ser misturada com o ar de retorno acaba passando pela
serpentina de resfriamento e desumidificação do equipamento.
Os fatores a seguir, que influem direta ou indiretamente na quantidade de calor que um
ambiente pode ganhar ou perder são chamados de "parcelas da carga térmica”. A seguir será
mostrada um método simplificado para determinação das parcelas de carga térmica para
instalações de pequeno porte. Para instalações maiores, recomendamos o uso de programas
específicos que mostram a evolução da carga térmica hora a hora ao longo do dia.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 27

a) Transmissão
No caso de paredes que não recebem radiação solar, paredes e vidros internos, teto e piso
entre andares, a carga térmica por transmissão é calculado por:

  A  U  Te  Ti
Q (3.1)
t

 é o ganho de calor devido à transmissão de calor através da superfície, (W); A é


Onde Q t

a área superficial de troca de calor (área de parede ou vidro interno), em (m²); U é o coeficiente
global de transmissão de calor de superfícies (W/(m².C)); Te é a temperatura do ar do ambiente
externo (C) e Ti a temperatura do ar do ambiente interno. Quando a parede for interna deve-se
reduzir em 3C no diferencial de temperatura.
Para fins de projeto é comum ignorar a carga térmica através de pisos que se encontram
diretamente sobre o solo. Da mesma maneira, quando os ambientes vizinhos encontram-se
condicionados, a carga térmica através das paredes divisórias com esses ambientes é
desprezada. Na tabela 3.3 são mostradas as ordens de grandeza de alguns coeficientes globais de
transferência de calor. Para outros materiais construtivos recomenda-se a utilização de tabelas
disponíveis na literatura técnica.

Tabela 3.3- Coeficientes globais de transferência de calor aproximados


Material Coeficiente global
de transferência de calor U
W/(m2.K)
Parede de meio tijolo de 6 furos 2,50
com reboco nas duas faces
Cobertura de telha de barro com laje de concreto de 10 cm e 1,95
espaço de ar não ventilado
Parede de tijolo 6 furos com duas camadas de reboco e 0,23
isolamento de 15cm de isopor

Na Figura 3.2 tem-se um exemplo de coeficiente referenciado pelo Anexo V da Portaria


do INMETRO 50/2003.

Figura 3.2 – Coeficiente Global U para parede de tijolo de 6 furos.


Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 28

Valores mais precisos devem ser calculados a partir de conhecimentos básicos de


transferência de calor e das propriedades dos materiais específicos utilizados na construção.
Atualmente, têm sido utilizados tijolos compostos mais leves e com propriedades térmicas que
devem ser conhecidas para o projeto.

Exemplo de Aplicação
Estime a taxa de calor que atravessa 30m2 de uma parede à sombra, construída com
tijolos maciços de 21cm de espessura e reboco dos dois lados de 2cm de espessura cada.
Considere a condutividade kreboco = 1,15 W/m.oC e ktijolo = 0,85 W/m.oC . Considere a
temperatura externa de 32oC e a interna de 25oC. Considere também he = 25W/m2oC e hi =
7W/m2oC, conforme Figura 3.3.

ÁREA SUPERFICIAL
(As=30m2)

CALOR TROCADO

32oC 25 oC
REBOCO (kr)
ESPESSURA (Lr) TIJOLO MACIÇO (kt) ISOLANTE(ki)
ESPESSURA (Lt) ESPESSURA (Li)

Figura 3.3– Ilustração do uso do coeficiente global de transferência de calor

Podemos fazer uma analogia com um circuito elétrico em série, conforme apresentado
no Capítulo 2. Primeiro, é preciso calcular o coeficiente “U”:

1
 1 0,02 0,21 0,02 1  W
U       2,15
 25 1,15 0,85 1,15 7  m 2 .o C

Podemos aplicar esse valor de “U” na equação de Fourier modificada, obtendo:

  2,15.30.(32  25)  Q
Q   452 W
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 29

b) Insolação sobre superfícies transparentes


Uma das maiores parcelas externas de carga térmica de um ambiente é decorrente da
radiação solar que atravessa suas superfícies transparentes ou atinge suas paredes.
No caso das superfícies transparentes, o calor é quase que instantaneamente absorvido
pelo ambiente. A energia solar radiante que passa através do vidro atinge objetos dentro do
recinto, tais como assoalhos, paredes e móveis. A energia solar aquece esses objetos, que
liberam calor ao ambiente por convecção.
Na fase de projetos, quando não for possível alterar a posição das janelas, pode-se recorrer
a outros métodos para reduzir a carga solar. Em algumas situações é possível a instalação de
proteção solar externa como breeses, toldos externos, persianas externas horizontais ou
verticais, defletores tipo quebra-sol, cortinas, persianas ou venezianas internas. O calor solar
também pode ser reduzido utilizando-se tipos especiais de vidro ao invés dos tipos comuns.
Vidros duplos permitem uma redução da carga solar de 10% a 20%, e para vidros coloridos a
redução pode chegar a 65%, dependendo da cor utilizada. Com a evolução da ciência dos
materiais há vidros que são capazes de regular automaticamente a quantidade de insolação que
entra no ambiente.

O ganho térmico, somente devido à insolação em uma superfície transparente (vidros), é


dado pela expressão:

Q vidros  A . FGCImax . FCR . CS (3.2)


Onde Q vidros é ganho de calor de um recinto provocado por superfície transparente, em

W; A é a área da superfície transparente, em m²; FGCImax é o fator de ganho de calor por


insolação máximo, em W/m2. O FGCI é determinado em função da Latitude, da orientação da
superfície, da data e da hora, CS é o coeficiente de sombreamento e FCR é o fator de carga de
resfriamento (retardo da insolação). Para cálculos simples de carga térmica em determinado
horário é comum utilizar FCR como sendo unitário (1,00). O coeficiente de sombreamento
“Cs” é de 0,5 quando há cortinas internas. Na Tabela 3.4 são apresentados alguns coeficientes
de sombreamentos mais comuns.

Tabela 3.4 – Diferentes Coeficientes de Sombreamento para os vidros


Tipo de vidro Fator “Cs”
Comum de 4mm 1,00
Comum de 6mm 0,94
60% de reflexão 0,80
30% de reflexão 0,62
Duplo 0,90
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 30

Para o cálculo da carga térmica incidente pelas superfícies transparentes é necessário


também somar a carga térmica que entra por condução através do vidro. Alguns coeficientes
globais de transferência de calor aproximados para os vidros estão disponíveis na Tabela 3.5.


Q vidros  U .A . (Te  Ti)  A . FGCImax . Cs (3.3)

Tabela 3.5- Valores aproximados de coeficiente global de transferência de calor (U)

Tipos de Janela de vidro Coeficiente “U” Coeficiente “U”


[(kcal/h)/m2.C] W/(m2.C)
Janela de vidro comum (simples) 5,18 6,00
Janela de vidro duplo 3,13 3,63
Janela de vidro triplo 1,66 1,93

A seguir, apresenta-se um resumo de alguns dados de insolação adaptados do ASHRAE


Handbook of Fundamentals. É recomendável a consulta de informações solarimétricas das
diferentes regiões brasileiras. Nas Tabelas 3.6 a 3.8 tem se valores de FGCI máximo para
algumas latitudes brasileiras.

Tabela 3.6 - Fator de Ganho de Calor por Insolação – FGCI máximo (W/m2) Latitude: -23,5 ( sul )

SO O NO
Mês Horizontal S SE L NE N
Jan 993 157 635 764 471 165
Fev 955 132 534 762 580 265
Mar 863 113 392 720 668 434
Abr 726 92 234 636 712 571
Mai 610 78 126 555 713 637
Jun 558 72 87 515 705 655
Jul 597 75 119 549 708 634
Ago 710 86 233 633 703 558
Set 844 104 392 714 655 416
Out 938 122 532 757 570 251
Nov 984 149 630 761 471 160
Dez 997 199 665 756 425 154

Tabela 3.7- Fator de Ganho de Calor por Insolação – FGCI máximo (W/m2) Latitude: -32,0 ( sul )

Mês/orientação Horizontal S/sombra SE/SO L/O NE/NO N


Junho 500 69 69 510 775 795
Julho e maio 555 75 90 550 785 775
Agosto e abril 685 85 205 645 780 700
Setembro e março 780 100 330 695 700 545
Outubro e fevereiro 845 115 450 700 580 355
Novembro e janeiro 865 120 530 685 480 230
Dezembro 870 140 555 675 440 190
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 31

Tabela 3.8- Fator de Ganho de Calor por Insolação – FGCI máximo (W/m2) Latitude : -28 (sul )

Mês/orientação Horizontal S/sombra SE/SO L/O NE/NO N


Dezembro 876 161 561 671 403 154
Janeiro 870 129 536 677 441 180
Fevereiro 857 120 470 693 542 287

Exemplo de aplicação:

Qual a carga térmica que ingressa pela tarde por uma janela de vidro comum de 4 mm de
espessura e área de 8m2, localizada na face Oeste de um prédio localizado na latitude 27 graus
sul, para o mês de janeiro. A temperatura externa é de 32oC e a interna é de 25 oC. Considere o
FGCI como sendo 700W/m2 e Cs = 0,5 pois há cortinas internas. Considere “U” vidro como
sendo 5,8 W/m2oC.
Aplicando-se a equação 3.4, tem-se que a carga térmica que penetra o ambiente pela
superfície transparente da janela é de aproximadamente 3,1kW.

  8 . 5,8 .(32  25)  700 . 8 . 0,5  325  2800  3.126 W


Q

Como podemos perceber, a carga térmica decorrente da radiação transmitida ao interior


através do vidro (2800W) é bem maior que a carga térmica decorrente da condução direta.

c) Insolação sobre superfícies opacas

No caso das superfícies opacas (paredes, telhados, tetos e lajes), o calor é conduzido para
dentro do recinto por “condução” térmica. Há um intervalo de tempo para que a insolação sobre
as paredes possa atingir o ambiente. Isso depende muito dos elementos construtivos que podem
facilitar ou retardar a entrada do calor. Isso significa que o calor pode penetrar mesmo após o
sol ter se posto.

A quantidade de radiação solar que incide sobre uma superfície depende: do tipo de
superfície; sua orientação solar; posição dos prédios vizinhos; cor da superfície externa; da
latitude; da época do ano e da hora do dia (Figura 3.4). O conhecimento destas informações é
importante na tomada de decisão quanto ao projeto ou na seleção do equipamento. Em boa parte
do Brasil as paredes de orientação Norte e Oeste recebem insolação direta no período da tarde.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 32

Figura 3.4- Movimento aparente do Sol e seu efeito de sombreamento.

Para aplicações mais simples, o ganho térmico devido à transmissão em superfícies


opacas (paredes e telhados expostos ao sol) é calculado para a hora de maior fluxo térmico. Esse
ganho é devido à absorção de calor pela superfície externa e pela diferença de temperatura entre
o lado externo e interno. Pode-se estimar essa parcela por meio da expressão 3.4:

  U.A.α.R .FGCI)  (Te  Ti


Q (3.4)
ar

 é o ganho de calor por uma superfície opaca com insolação, (W); “A” é a área
Onde Q
da superfície opaca (parede ou telhado) com insolação, em m²; “U” é o coeficiente global de
transmissão de calor de superfícies (W/m².C); “FGCI” é o valor da insolação sobre a
superfície; “Te” é a temperatura do ar externo e “Ti” a temperatura do ar interno (C); “ α ” é a
absortividade da superfície externa. Para paredes claras esse valor é da ordem de 0,2. Para
paredes escuras esse valor é da ordem de 0,8; “Rar” é a resistência à passagem de calor por
convecção, que é da ordem de 0,04 para aplicações comuns.

Exemplo de Aplicação:
Estime a carga térmica que penetra em um telhado de 100 metros quadrados (Figura
3.5), composto por uma camada de telhas cerâmicas de 1,5cm de espessura (L1), uma camada
de laje de concreto de 12cm (L2), um espaço de ar de 50cm e uma camada de gesso de 2cm de
espessura (L3). Considere a insolação FGCI sobre o telhado como sendo 870W/m2 para
Florianópolis, no mês de janeiro. Considera-se TBS do ar externo de 32oC e TBS do ar interno
24oC. A resistência térmica do ar sobre o telhado Re = 0,04 m2oC/W. A resistência do ar
confinado é Rc = 0,21 m2oC/W e a resistência térmica do ar sob o gesso como sendo Ri = 0,17
m2oC/W.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 33

Figura 3.5- Ilustração da estrutura da cobertura de telha, concreto, ar e gesso.

Para resolver a questão, é preciso calcular o coeficiente “U” e aplicar na equação 3.4.

1
 0,015 0,12 0,02  W
U  0,04    0,21   0,17   1,775 2 o
 0,85 1,75 0,35  m.C

Logo, a carga térmica que atravessa a cobertura da edificação é da ordem de 2,5kW.

  1,775 . 100 .  0,2 . 0,04 . 870  (32  25 )  2.478W


Q

Considerando que a determinação de carga térmica envolve uma série de aproximações


(temperatura externa, temperatura interna, propriedades dos materiais utilizados, por exemplo) é
importante perceber que os valores calculados são aproximados.
Na literatura especializada há disponível diversos modelos de cobertura com seus
respectivos coeficientes globais de transferência de calor.

d) Infiltração e ar de renovação
Outra fonte de carga térmica é o ar exterior. É preciso estimar a quantidade de energia que
penetra o ambiente devido à renovação de ar externo e à infiltração. A taxa mínima de
renovação depende principalmente da finalidade do recinto e do número de ocupantes. A
infiltração através de portas e janelas depende da área, velocidade do ar e da freqüência com que
são abertas. Qualquer que seja o caminho pelo qual o ar penetre, ele deve ser obrigatoriamente
filtrado, resfriado e desumidificado. A Portaria 3.523/98, do Ministério da Saúde, estabelece
uma taxa de 27m3/h, por pessoa, para renovação do ar. Esse valor cai para 17m3/h, por pessoa,
(Resolução 09/2003 da ANVISA) no caso de uma loja, por exemplo, onde há grande
rotatividade.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 34

A vazão volumétrica necessária para manter o ambiente dentro dos padrões esperados da
qualidade do ar interior é calculada pela equação 3.5.

Q  n  Trenovação (3.5)

Onde: Q é a vazão total de ar de insuflamento (m³/h); “n” é o número de ocupantes do

ambiente e Trenovação é a taxa de renovação de ar por pessoa (m³/h). Para obter a vazão em m3/s é

necessário dividir esse valor por 3.600. O fluxo de massa de ar de renovação m ar (kg/s) é obtido
pela multiplicação da vazão de ar em m3/s pela sua densidade em kg/m3.
Para se calcular a carga térmica devido à taxa de renovação de ar externo é preciso
conhecer as condições de TBS e TBU do ar externo e interno. As entalpias específicas do ar
(condição externa “h1” e interna “h2”) devem ser inseridas na equação 3.6 e marcadas em uma
carta psicrométrica.

Q sensível  m
 ar .(h x  h 2 ) Qlatente  m
 ar . (h1  h x ) 3.6

 ar é o fluxo de massa de ar de renovação (kg/s), “hx” é o valor da entalpia


Onde m
específica (kJ/kg) obtida graficamente em uma carta psicrométrica (Figura 3.5). A carga térmica
devido à renovação de ar é dividida em duas partes: uma sensível e outra latente:

Exemplo de aplicação:
Utilizando-se de uma carta psicrométrica estime qual o valor da carga térmica latente e
sensível introduzida por uma vazão de 900m3/h de ar externo de renovação na condição TBS de
32C e UR de 60% (condição 1) de umidade relativa. Observamos que a carta psicrométrica
utilizada nesse texto é para pressão atmosférica de 101.325 Pa. Para cidades que não estejam ao
nível do mar é preciso utilizar cartas psicrométricas específicas. O ar deve ser resfriado e
desumidificado até a TBS de 25C e UR de 50% (condição 2 – ar de renovação).
Na carta psicrométrica devem ser marcados os pontos referentes às condições do ar
externo e do ar de renovação. Obtivemos h1 = 79kJ/kg e h2 = 51kJ/kg. A entalpia do ponto
intermediário “x” é encontrado graficamente como sendo hx = 58kJ/kg. Esse procedimento é
ilustrado na Figura 3.6.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 35

Figura 3.6 – Obtenção das entalpias para o cálculo da carga térmica decorrente da renovação.

Nesse exemplo, considerou-se a densidade do ar externo, obtida diretamente na carta


psicrométrica para a temperatura do ar externo (1,13kg/m3).

vazão (m3 /h)


 ar 
m .ρ ar (kg/m 3 )
3600

900
 ar 
m .1,13  0,282 kg/s
3600

As cargas térmicas sensível e latente são calculadas da forma:

 kg kJ   0,282 kg . (79  58) kJ  5,9 kJ


Q sens  0,282 .(58  51)  1,97 kW e Q lat
s kg s kg s

A carga térmica total decorrente do ar externo de renovação é de 7,87kW (1,97 kW + 5,9


kW), ou aproximadamente 7.870W.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 36

e) Ocupação
Uma das maiores parcelas de carga térmica interna (fontes internas) é decorrente das
pessoas. Para auditórios, teatros e cinemas, por exemplo, a carga térmica de ocupação é
significativa quando comparada com outras parcelas.
As pessoas liberam calor tanto na forma sensível como latente. Esta quantidade dependerá
do tipo de atividade desenvolvida. Na NBR 16.401/2008 há uma lista detalhada da liberação de
calor pelas pessoas de acordo com o tipo de atividade e do ambiente (Tabela 3.9).

Tabela 3.9 - Calor liberado em média por pessoa [W]


Nível Local Calor total Calor Calor
de atividade (W) Sensível (W) Latente (W)
Sentado, trabalho Escritórios, hotéis, 115 70 45
leve apartamentos
Sentado no teatro Teatro matinê 95 65 30
Parado em pé, Loja de varejo e 130 75 55
trabalho moderado, departamentos
caminhando
Caminhando, Farmácia, 145 75 70
parado em pé agência bancária

Para se estimar essa parcela de carga térmica, é importante conhecer o perfil de ocupação
do ambiente. Há situações em que a ocupação máxima ocorre no período da noite, por exemplo.
Se não for possível determinar precisamente a taxa de ocupação, podemos seguir as
recomendações apresentadas pela NBR 16.401/2008.
Para escritórios, por exemplo, podemos estimar que uma pessoa ocupa um espaço de 6m2.
Para um teatro, esse valor é da ordem de 0,75m2 por pessoa. Se um teatro tem 300m2 de área
destinada ao público, sua ocupação será de 225 pessoas. Na Tabela 3.10 há algumas aplicações
comuns.

Tabela 3.10- Valores de referência para ocupação de alguns recintos


Local Taxa de ocupação
(m²/pessoa)

Bancos - recintos públicos 4,00


Lojas com pouco movimento 5,00
Lojas com muito movimento (térreo) 2,50
Escritórios em geral 6,00
Restaurantes 1,40
Museus e bibliotecas 5,50
Teatros, cinemas e auditórios 0,75
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 37

f) Iluminação
O calor liberado por lâmpadas incandescentes ou fluorescentes não é afetado pela
temperatura do ambiente climatizado. As lâmpadas fluorescentes requerem energia extra para os
reatores. Por isso, se os reatores ficam dentro do ambiente climatizado, deve se adicionar 25%
na potência de iluminação. Na atualidade há lâmpadas de LED que produzem menos calor que
as lâmpadas fluorescentes comuns.
Para recintos onde não se dispõe da potência de iluminação é recomendável utilizar os
valores em W/m2 recomendados pela NBR 16.401/2008.

g) Máquinas e motores elétricos


O calor liberado por motores, máquinas e eletrodomésticos é, também, até certo ponto
independente da temperatura do recinto. Existem tabelas que apresentam valores de dissipação
média de calor de equipamentos mais comuns. Como exemplo, tem-se os computadores que
liberam, aproximadamente, 135W para o ambiente. Para motores elétricos, os valores de
potência nominal indicada nos equipamentos não refletem a carga real. Os motores têm
rendimento variável com a potência: podem estar operando com sobrecarga ou com carga
parcial.
Uma possível fonte de informação do consumo de energia, para cada período do dia, é a
concessionária de energia elétrica. Ela pode fornecer informações do consumo de energia para
cada período do dia. Isso pode ser particularmente importante em recintos com grande número
de motores operando.
Uma vez apresentadas as parcelas que compõem a carga térmica de uma instalação de ar
condicionado, pode-se calcular a carga térmica total, necessária para se definir a capacidade do
equipamento. Para tanto, basta somar o valor de todas as parcelas (sensíveis e latentes).
A carga térmica sensível total será dada pelas somas do calor de um recinto provocado
por superfície transparente, ganho de calor de um recinto provocado por superfície opaca com
insolação (divisórias externas), ganho de calor de um recinto devido à transmissão entre
ambientes (divisórias internas), ganho de calor sensível de um recinto devido à sua ocupação,
ganho de calor sensível de um recinto devido à sua iluminação, ganho de calor sensível de um
recinto gerado por motores elétricos, ganho de calor sensível de um recinto gerado por fontes
diversas e ganho de calor sensível devido ao ar externo. A carga térmica latente total será dada
pelo ganho de calor latente de um recinto devido à sua ocupação, ganho de calor latente de um
recinto gerado por fontes diversas e ganho de calor latente devido ao ar externo.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 38

3.3.1- Aquecimento

O aquecimento constitui-se na reposição do calor perdido por uma estrutura. Assim, a


carga de aquecimento é constituída de dois componentes. O primeiro é o calor conduzido (pelo
fenômeno de condução) e o segundo, o calor necessário para aquecimento do ar de infiltração
através de portas e janelas, e de renovação (insuflamento).
O calor conduzido pode escapar através do teto e telhado, paredes e vidros. É calculado
da seguinte maneira:

aquecimento  A . U. Ti  Te 

Q (3.7)

As estimativas de vazão de ar devido à infiltração e insuflamento, bem como o cálculo


da carga térmica sensível e latente, são realizados praticamente da mesma maneira apresentada
anteriormente.
A estimativa hora a hora de carga térmica é difícil ser realizada sem apoio de um
software específico. As condições externas e internas do ambiente variam ao longo do tempo.
Para fins práticos são utilizadas planilhas simplificadas para se estimar a carga térmica,
construídas para atender às temperaturas mais críticas do ano.
Independente do método utilizado é fundamental realizar um levantamento completo das
condições do ambiente que será climatizado. Isso significa que é preciso conhecer as áreas das
paredes, do pé-direito (altura do chão até o teto), as espessuras das paredes, o tipo de vidro, a
orientação solar, o número de lâmpadas, o número de ocupantes do ambiente, a área e
orientação solar das janelas, o tipo de cobertura entre outras propriedades.

Exemplo de aplicação:
Estime a carga térmica de uma sala de aula localizada na região Sul do Brasil,
Florianópolis (Figura 3.7) para o período da tarde no verão.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 39

Figura 3.7 – Representação do ambiente a ser climatizado

Sabe-se que o ambiente é ocupado por 24 estudantes e 1 professor. Há 2.000W em


potência de equipamentos instalados e 1.000W de iluminação fluorescente. A janela localizada
na parede Oeste tem uma cortina interna (Cs=0,5). A cobertura é de telhas cerâmicas com
U=1,8W/m2.oC. As superfícies externas das paredes são claras. O coeficiente U das paredes é de
2,5W/m2.oC. O vidro é comum com U = 6,00W/m2.oC. No mês de janeiro, a insolação sobre a
parede e janela localizadas na Face Oeste é de 800W/m2 (às 15h). A Face Norte recebe
250W/m2. A cobertura recebe 1.000 W/m2 A parede localizada na Face Sul é interna. A porta
tem área de 4m2 e U=2,00 W/m2. Considere uma taxa de renovação de ar externo de 27m3/h
por pessoa. A edificação está instalada sobre o piso e não há troca de calor com o solo.

Solução:
A condição do ar externo para verão na cidade de Florianópolis é de 32 oC e UR = 60%.
Considere que o ambiente climatizado deve ser mantido a 25oC e com UR de 50%. Inicialmente
é importante avaliar as áreas de troca das quatro paredes e da cobertura.

a) transmissão pelas paredes opacas não insoladas:


  14  2,5  32  25  315W
Parede Leste (não recebe sol à tarde): Q1

  30  2,5  29  25  300W


Parede Face Sul Interna (reduzir em 3oC o valor da Te): Q 2

  4  2  32  25  56W


Porta Leste (não recebe sol à tarde): Q3
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b) transmissão pelas paredes insoladas:


 4  2,5.6.(0,2.0,04.800)  32  25  201W
Parede Oeste Q
  2,5.30.(0,2.0,04.250)  32  25  675W
Parede Norte Q5

  1,8.60.(0,2.0,04.1000)  (32  25)  1.620W


Cobertura Q 6

c) transmissão pelas superfícies transparentes


  (6.12.(32  25))  (12 . 800 . 0,5)  504  4800  5.304W
Q 7

d) carga térmica devido às pessoas


A taxa de liberação por pessoa é de aproximadamente 115W.
  25 . 115  2.875W
Logo, Q 8

e) carga térmica devido ao ar externo de renovação


De acordo com o enunciado, a vazão de renovação é calculada como sendo 25 x 27 =
675m3/h ou ainda 0,187m3/s. A condição do ar externo e interno deve ser inserida em uma carta
psicrométrica. Considerou-se que a densidade do ar como sendo aproximadamente 1,2kg/m3.
  0,187 . 1,2 . (28)  6,283kW  Q
Q   6.283W
9 9

f) equipamentos e iluminação:
  3000W
Q10

Figura 3.8- Parcelas de carga térmica do exemplo.

A carga térmica total é estimada em 20.629W que equivale a 70.345BTU/h ou 5,9TR.


Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 41

3.4- Detalhamento do projeto


O detalhamento de um projeto de climatização envolve a definição da posição e tamanho
da casa de máquinas, a determinação dos modelos da tomada de ar externo (TAE), das grelhas
de retorno e difusores, dos tipos de filtros e outros componentes.

3.4.1- Casa de máquinas


As casas de máquinas, para sistemas que exigem caixa de mistura, devem ter dimensões
apropriadas para acomodação do equipamento e permitir sua instalação e manutenção adequada
(Figura 3.9). É necessário também prever a posição da tomada de ar externo, da grelha de
retorno e a forma de liberação de calor do condensador. Não se deve esquecer que este ambiente
deve ser provido de saídas para drenagem da água proveniente da bandeja de condensado e de
ponto de energia elétrica.
DUTO DE
INSUFLAMENTO
RETORNO DO AR

PORTA
DE INSPEÇÃO TOMADA DE
AR EXTERNO

PONTO DE FORÇA

DRENO
AR DE CONDENSAÇÃO

Figura 3.9– Esquema de uma casa de máquinas.

3.4.2- Isolamento da rede de dutos


Os dutos de insuflamento devem ser isolados termicamente sempre que houver o risco
de condensação da umidade do ar em sua face externa. Lembre-se que isso geralmente ocorre
quando os dutos passam dentro de forros não condicionados.
Os dutos devem ter suportes rígidos na forma de cantoneiras ou ferro chato para
garantirem uma instalação segura e livre de vibrações. A distância entre um suporte e outro
dependerá da bitola da chapa. Na Figura 3.10 ilustramos o esquema de suporte e isolamento de
um duto de aço galvanizado.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 42

Figura 3.10 - Sistema de isolamento dos dutos.

3.4.3- Filtros
O ar insuflado deve ser totalmente filtrado e parcialmente renovado. Isto deve ser
realizado através da utilização de pré-filtros / filtros na entrada da caixa de mistura e na entrada
da serpentina de resfriamento e desumidificação. Geralmente o filtro e pré-filtro (chamados de
filtragem em dois estágios) são montados em caixilhos independentes, montados sob pressão. O
primeiro estágio deve ser formado por filtros do tipo permanentes, laváveis e metálicos,
galvanizados ou de alumínio com 50mm de espessura em geral. O segundo estágio deve ser
formado por filtros de lã de vidro ou fibra sintética de poliester com 25mm de espessura. Na
Tabela 3.11 são apresentados os tipos mais comuns de filtros para diversas aplicações.

Tabela 3.11- Resumo dos tipos de filtros para climatização


Classe Eficiência Características Aplicações principais
de Filtro %
GO 30 a 59 boa eficiência contra insetos e relativa contra poeira condicionadores tipo janela
grossa; eficiência reduzida contra pólen de plantas e
quase nula contra poeira atmosférica
GI 60 a 74 boa eficiência contra poeira grossa e relativa contra condicionadores tipo
pólen de plantas. Eficiência reduzida contra poeira compacto
atmosférica ( self-contained )
A3 99,97 e Eficiência excelente contra a fração ultrafina ( < 1  m) salas limpas da das classes 100,
acima da poeira atmosférica, fumaças de óleo e tabaco, 10000 e 100000 salas e cabines
bactérias, fungos microscópicos e vírus estéreis para operações
cirúrgicas. Todas as instalações
necessitam de testes de
estanqueidade e pré-filtragem

Cada instalação exigirá uma seleção determinada. A Portaria 3523/98 exige a utilização
de filtros da classe G3 para aplicações convencionais.
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 43

3.4.4- Tomada de Ar Externo


A Tomada de Ar Externo (TAE) é instalada, geralmente, na parede casa de máquinas
para controlar a entrada e a filtragem do ar externo de renovação, conforme ilustrado na
Figura 3.11.

Figura 3.11- Filtro para uma Tomada de Ar Externo.

Para seleção da TAE, geralmente adota-se uma velocidade livre de face de 2,0 m/s.
Conhecendo-se a vazão de ar necessária para renovação é possível obter a área efetiva da
TAE. A escolha do tipo de TAE dependerá do grau de controle exigido pela instalação.

Tabela 3.12- Exemplo de alguns tamanhos comercias de tomadas de ar externo


Dimensões nominais Área Efetiva Vazão de ar
(mm x mm) (m 2) (m3/h)
400 x 300 0,049 350
600 x 300 0,074 531
600 x 400 0,106 764
1000 x 300 0,124 892
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Exemplo de aplicação:
Uma vazão de ar de renovação e 540m3/h de ar deve ser introduzida em um ambiente
climatizado. Qual deve ser a área efetiva da TAE?
Solução:
A vazão de 540m3/h é equivalente a 0,15m3/s. Esse valor é obtido dividindo-se 540 por
3600. A vazão volumétrica é igual a velocidade multiplicada pela área de passagem do ar. Logo,
considerando-se velocidade de 2m/s, a área efetiva da TAE é calculada como sendo:

VAZÃO 0,15 m3 / s
ÁREA    0,075 m 2
VELOCIDADE 2,00 m / s

Na Tabela 3.12 é possível obter as medidas da TAE como sendo 600mm x 300mm ou
60cm x 30cm.
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4- Projeto de Rede de Dutos

4.1- Métodos de dimensionamento


O dimensionamento de uma rede de dutos para climatização depende principalmente
da definição de seu traçado. A distribuição eficiente dos ramais e bocas de insuflamento reduz
o consumo de material, torna mais homogêneo o fluxo de ar e reduz a perda de carga no
escoamento.
Não existem regras pré-definidas para esse traçado, mas recomendamos que, através do
método da inspeção, sejam procurados sistemas que ofereçam menor consumo de chapas, de
mão de obra, velocidades que não ofereçam problemas de ruídos, distribuição racional do ar
pelo ambiente, derivações com pequenas perdas de carga, dutos que se adaptem melhor
esteticamente ao ambiente e que levem em consideração a presença de vigas, pilares e
luminárias, não causando, dessa forma, interferência construtiva na obra. Para um mesmo
ambiente são possíveis várias soluções para o traçado da rede de dutos. Para aprender bem como
definir um bom traçado de dutos, recomendamos a observação dos sistemas de
condicionamento de ar existentes nas lojas dos shoppings, bancos, restaurantes, cinemas,
supermercados, teatros, hospitais e residências. Na Figura 4.1 tem-se a distribuição de ar para
climatização de uma loja, onde são mostradas a casa de máquinas, as bocas de insuflamento, o
traçado dos dutos e a tubulação de retorno do ar.

Figura 4.1- Representação de uma rede de distribuição de ar.


Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 46

Existem vários métodos para o dimensionamento de dutos, como o da arbitragem das


velocidades, o de igual atrito (ou mesma perda de carga) e o de recuperação de pressão estática.

4.1.1- Arbitragem de velocidades


O processo de arbitragem de velocidades consiste em se adotar velocidades
recomendadas para a rede de dutos, não prevendo o equilíbrio de pressão nas bocas de
insuflamento. É, portanto um processo de cálculo rápido, muito utilizado pela sua simplicidade.
Por meio do exemplo ilustrado na Figura 4.2, mostramos como funciona esse método:

Figura 4.2- Esquema de uma rede de dutos.

O dimensionamento tem início a partir da obtenção da vazão de insuflamento do


equipamento de climatização. Essa grandeza é mostrada nos catálogos técnicos após seleção da
máquina pela carga térmica. No exemplo, considere a vazão inicial como sendo 2400m3/h. No
trecho inicial (AB), utilizaremos a velocidade de 4m/s. Calculamos a área da secção do duto
pela equação da continuidade (Equação 4.1). Com esta área, estipulamos a altura do duto em
25cm. A largura é obtida pela área da secção calculada pela altura do duto. Devemos repetir o
mesmo procedimento para os outros trechos. Observe que (2400m3/h)/3600 = 0,666 m3/s.

Q 0,666
Q  V.A  A
  0,166m 2
V 4
(4.1)
A 0,166
A  LH  L    0,65m
H 0,25

Onde Q é a vazão em m3/s, “V” a velocidade do ar dentro do duto e “A” é a área da


secção transversal do duto (m2). No exemplo, o duto tem dimensões de 65cm x 25cm.
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Tabela 4.1- Resultado do cálculo de uma rede de dutos pelo método da velocidade
Trecho Vazão Velocidade Área da LXH
(m3/s) (m/s) secção (m2) (m x m)
AB 0,66 4,0 0,16 0,65 x 0,25
BC 0,44 4,0 0,11 0,55 x 0,20
CD 0,22 4,0 0,055 0,35 x 0,15

Normalmente, são utilizados dutos retangulares porque se adaptam melhor ao pé direito


das construções. O que não impede que dutos circulares e ovais sejam utilizados, como
normalmente acontece na distribuição de ar em grandes supermercados e lojas. Uma
recomendação importante é escolher uma relação entre a Largura e Altura que possibilite a
confecção com a menor área de chapas. As chapas têm dimensões variadas, sendo muito
comuns as de 1,00m por 2,00m. Outra preocupação é com a limpeza dos dutos, que deve ser
realizada periodicamente. Por isso os dutos não podem ter medidas muito reduzidas.

Tabela 4.2- Velocidades recomendadas para dutos de ar (m/s)


Local Residências Escolas, teatros Prédios Industriais
e edifícios públicos
Tomadas de ar 2,50 2,50 2,50
exterior
Serpentinas 2,25 2,50 3,00
Lavadores de ar 2,50 2,50 2,50 a 9,00
Descarga do 5,00 a 8,00 6,50 a 10,00 8,00 a 12,00
ventilador
Dutos principais 3,50 a 4,50 5,00 a 6,50 6,00 a 9,00
Ramais horizontais 3,00 no máximo 3,00 a 4,50 4,00 a 5,00
Ramais verticais 2,50 no máximo 3,00 a 3,50 4,00 no máximo

4.1.2- Método de igual atrito


Nesse método, os dutos são dimensionados para que ofereçam uma mesma perda de carga
por unidade de comprimento (igual atrito de escoamento). Essa igualdade é ilustrada na Figura
4.3. Para um duto de secção transversal retangular e comprimento “L”, mantendo-se a mesma
velocidade de escoamento ou mesma vazão interna pode se encontrar o diâmetro “Deq” de um
duto de secção circular que proporciona a mesma perda de carga (perda de pressão DpA = DpB)
ao longo do escoamento. Na ilustração, suponha que o comprimento da tubulação seja de 10m e
que os valores de h1 e h2 sejam, respectivamente, 6mm de Hg e 5mm de Hg. Nesse caso, a perda
de carga total do escoamento é calculada pela equação:
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p   Hg .g.(h 1 - h 2 )

Onde a densidade  HG do mercúrio é de 13.600kg/m3. Nesse caso, a perda de carga por

metro é de, aproximadamente, 13,6Pa/m, pois: p1-2  13600. 10. (0,006 - 0,005)  136Pa .

Figura 4.3- Ilustração da definição do diâmetro equivalente para mesma perda de pressão.

O diâmetro equivalente pode ser calculado pelas equações 4.2 e 4.3.

 o duto de secção circular equivalente deve apresentar a mesma perda por metro quando
trabalhando com a mesma velocidade que no duto retangular. Nesse caso, temos:
2. L. H
Deq  (4.2)
( L  H)
 o duto de secção circular equivalente deve apresentar a mesma perda por metro quando
trabalhando com a mesma vazão que no duto retangular. Dessa forma, temos:

( L. H ) 0,625
Deq  1,30. (4.3)
( L  H ) 0,25

Para simplificar os cálculos, podemos utilizar uma tabela de áreas que apresentam igual
atrito no escoamento. Para mostrar como o método funciona, considere o exemplo anterior. O
primeiro trecho apresenta um escoamento de 100% da vazão em uma área de duto considerada
de 100%. No segundo trecho a vazão de ar é apenas 66,6% (0,44/0,66) da vazão do primeiro
trecho (inicial) e no terceiro temos apenas 33,3% (0,22/0,66) da vazão inicial. Para que esses
três trechos mantenham a mesma perda de carga por metro, é possível observar na Tabela 4.4
Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 49

que a área do duto do segundo trecho deve ter 72,5% da área do primeiro e que área do terceiro
trecho deve ter 41% da área do trecho inicial. Assim sendo, temos o dimensionamento realizado
ao multiplicar-se cada valor da linha da quarta coluna pelo valor da área do primeiro trecho
(AB), que se encontra na segunda linha da quinta coluna, em destaque na Tabela 4.3 = 0,165
m2 .
Tabela 4.3- Estimativa de cálculo de duto usando áreas proporcionais
Trecho Vazão % % Área LxH
(m3/s) Vazão Área (m2) (m x m)
AB 0,66 100 100 0,165 0,65 x 0,25
BC 0,44 66,6 72,5 0,119 0,60 x 0,20
CD 0,22 33,3 41,0 0,068 0,45 x 0,15

Tabela 4.4- Áreas necessárias aos ramais para manter a mesma perda de carga

% % % % % % % %
Vazão Área Vazão Área Vazão Área Vazão Área
2 3,5 26 33,5 52 60,0 76 81,0
4 7,0 28 35,5 54 62,0 78 83,0
6 10,5 30 37,5 56 64,0 80 84,5
8 13,0 32 40,0 58 65,5 82 86,0
10 16,5 34 42,0 60 67,5 84 87,5
12 18,5 36 44,0 62 69,0 86 89,5
14 20,5 38 46,0 64 71,0 88 90,5
16 23,0 40 48,0 66 72,5 90 92,0
18 25,0 42 50,0 68 74,5 92 94,0
20 27,0 44 52,0 70 76,5 94 95,0
22 29,5 48 56,0 72 78,0 96 96,5
24 31,5 50 58,0 74 80,0 98 98,0
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Exemplo de Aplicação:
Dimensione a rede de dutos mostrada na Figura 4.4. Considere a velocidade do ar no
primeiro trecho AB como sendo 5m/s. Utilize o método do igual atrito. Adote a altura do trecho
AB como sendo 30cm.

Figura 4.4- Representação de uma rede de dutos de ar condicionado.

O dimensionamento é mostrado abaixo. Observe que o diagrama unifilar apresenta as


vazões de ar para cada trecho da rede. Ao todo são 6 grelhas laterais para insuflamento. As áreas
da 6ª coluna da tabela foram obtidas a partir dos dados fornecidos na Tabela 4.4 para manter
igual atrito em toda rede. Multiplicamos em cada trecho o percentual da 5ª coluna pela área
0,244m2.

Trecho Vazão Vazão % % Área LxH


(m3/h) (m3/s) Vazão Área (m2) (cm x cm)
AB 4400 1,22 100 100 0,244 80 x 30
BC 400 0,33 27 34,5 0,0842 35 x 25
CD 600 0,16 13 19,5 0,0476 25 x20
BE 3200 0,88 72 78 0,190 65 x 30
EF 1600 0,44 36 44 0,107 45 x 25

4.3- Controle da distribuição do ar


É recomendável que a distribuição de ar num recinto obedeça às seguintes exigências:
a vazão do ar insuflado deve compensar a troca de calor ocorrida no espaço; a velocidade do ar
nas regiões ocupadas do recinto acima da cabeça das pessoas não deve ser superior a 0,25m/s,
principalmente quando o ar insuflado for frio; deve haver algum movimento do ar no recinto
para uniformizar gradientes de temperatura. Para se avaliar com mais precisão a distribuição do
ar insuflado no ambiente climatizado podem ser utilizados métodos computacionais (CFD).
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A determinação dos pontos de insuflamento deve ser realizada com o objetivo de


garantir uma distribuição uniforme de ar no ambiente por meio de difusores quadrados,
retangulares ou circulares. A escolha do difusor mais apropriado deve considerar o alcance do
jato de ar, a perda de carga admissível e a velocidade terminal do ar desejada.

4.3.1- Grelhas de retorno


A seleção de uma Grelha de retorno é realizada por meio da equação da continuidade,
considerando-se velocidade de face de 2,0m/s. Basta dividir a vazão (m3/s) pela velocidade
(m/s) para obter a Área efetiva da Tomada de Ar de Retorno. Na Tabela 4.5, tem-se a
reprodução parcial de um catálogo.

Tabela 4.5- Informações sobre grelhas de retorno de ar


Dimensões nominais Área Efetiva Vazão de ar
( mm x mm ) (m2) (m3/h)
500 x 300 0,074 677
600 x 300 0,089 814
1000 x 400 0,205 1875

A grelha de retorno pode ser instalada no teto, no piso ou na parede. A decisão deverá
considerar a possibilidade de arraste de sujeira para a casa de máquinas. O retorno do ar pode
ser realizado diretamente ou por meio de uma rede de dutos específica.

4.3.2- Chapas de aço galvanizado


As chapas para confecção de dutos para condicionamento de ar são, em geral, fornecidas
em placas de aço galvanizado no tamanho de 1m x 2m. As espessuras das chapas variam e a
escolha deve ser realizada verificando-se qual a maior dimensão da secção retangular na Tabela
4.6.
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Tabela 4.6- Bitolas de chapas para a fabricação de dutos rígidos (baixa pressão)
Espessuras Circular Maior comprimento
do duto retangular
(em mm)
Alumínio Aço Helicoidal Calandrado com -
Galvanizado (mm) costura longitudinal
(mm)
Bitola mm Bitola mm - - -
24 0,64 26 0,50 até 225 até 450 até 300
22 0,79 24 0,64 250 a 600 450 a 750 310 a 750
20 0,95 22 0,79 650 a 900 750 a 1150 750 a 1400
18 1,27 20 0,95 950 a 1250 1150 a 1500 1410 a 2100
16 1,59 18 1,27 1300 a 1500 1510 a 2300 2110 a 3000

Na tabela, um duto de medidas 100cm de largura por 40cm de altura, por exemplo, deve
ter espessura de 0,79mm (bitola #22). Normalmente, no cálculo da área de chapa para
construção dos dutos considera uma perda de material da ordem de 20%. A área superficial de
chapa é realizada multiplicando-se para cada trecho o comprimento do duto pelo seu perímetro.
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Exemplo de aplicação:
Calcule a quantidade de chapas de aço galvanizado para confecção da rede de dutos
mostrada na Figura 4.5. Considere que cada trecho tenha 5m de comprimento.

Figura 4.5- Esquema de uma rede de distribuição de ar.

A solução do problema começa a partir do cálculo do perímetro dos dutos. Esses valores
devem ser multiplicados pelo comprimento informado para se obter as áreas.

Trecho Comprimento LxH Perímetro Área de Bitola do


(m) (cm x cm) (m) chapas (m2) duto
AB 5 80 x 30 2,20 11,00 #22
BC 5 35 x 25 1,20 6,00 #24
CD 5 25 x20 0,90 4,50 #26
BE 5 65 x 30 1,90 9,50 #24
EF 5 45 x 25 1,40 7,00 #24

A área total de chapa de aço galvanizado calculada na Tabela acima é de


aproximadamente 38m2. Mas, ainda devemos acrescentar 20% para compensar as perdas que
ocorrem no corte das chapas. Por isso a área real de chapas é de 38 x 1,2 = 46m 2. Ou seja,
seriam necessárias 23 chapas de 2m x 1m.
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Exemplo de Aplicação:

Dimensione a rede de dutos mostrada na Figura pelo método do IGUAL ATRITO. Como
referência, considere a velocidade do Trecho AB como sendo 5m/s. As alturas dos dutos são
0,35m, 0,30m, 0,25m e 0,20m nos trechos AB, BC, CD e DE respectivamente. Se os trechos
AB, BC, CD e DE possuem comprimentos de 8, 6, 4m e 6m, qual é a área de chapas de aço
necessária para construção dos dutos? Adicione 20% para compensar os recortes. A vazão em
cada boca de insuflamento é de 850m3/h. Arredonde as medidas dos dutos de 5 em 5cm.

1- Cálculos da questão 1 – MÉTODO DO IGUAL ATRITO


Trecho VAZÃO % de % Área H altura L largura
m3/s Vazão de Área m2 (m) (m)
AB 3400 100 100 0,188 0,35 0,55

BC 2550 75 80,5 0,151 (0,805*0,188) 0,30 0,50

CD 1700 50 58 0,109 (0,58*0,188) 0,25 0,45

DE 850 25 32,5 0,061 (0,325*0,188) 0,20 0,30

Área Lateral de chapas é igual a: (1,8 x 8) + (1,6 x 6) + (1,4 x 4) + (1 x 6) = 35,6m2


Área de chapas com 20% = 35,6 * 1,20 = 42,7 m2.

Exemplo de Aplicação:
Dimensione a rede de dutos mostrada na Figura (questão 1) pelo método da Velocidade. Mas
agora, considere VELOC = 4m/s. Considere também as alturas dos dutos são 0,40m, 0,30m,
0,25m e 0,20m nos trechos AB, BC, CD e DE respectivamente. Considere que a vazão em cada
boca de insuflamento é de 750m3/h. Arredonde a medida dos dutos de 5 em 5cm.

Trecho VAZÃO VAZÃO V Área H altura L largura


m3/h m3/s m/s m2 (m) (m)
AB 3000 0,833 4 0,208 0,40 0,50

BC 2250 0,625 4 0,156 0,30 0,50

CD 1500 0,416 4 0,104 0,25 0,40

DE 750 0,208 4 0,20 0,20 0,25


Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização – Prof. Jesué Graciliano da Silva 55

Exemplo de Aplicação:
Uma rede de dutos é composta por três trechos em sequência (AB, BC e CD). Ela está
conectada a um equipamento self-contained que tem uma vazão de 4800m3/h. Ao final do
primeiro trecho tem-se duas bocas de insuflamento laterais. O próximo trecho é o BC, onde
passa a vazão do equipamento menos as vazões que saíram ao final do trecho AB. Ao final do
trecho BC há também duas bocas de insuflamento. No trecho CD tem-se uma vazão de apenas
1600m3/h. Ao seu final há também mais duas bocas de insuflamento. As vazões em cada boca
são de 800m3/h. Se a velocidade dentro da rede de dutos é de 5m/s em toda sua extensão e se os
comprimentos AB, BC e CD são de 8m, 6m e 5m quais são as medidas das secções transversais
dos dutos e a massa de chapas necessárias para confecção? UTILIZE O MÉTODO DA
VELOCIDADE. A velocidade dentro da rede de dutos é de 5m/s. Considere um acréscimo na
massa de 20% para compensar as perdas nos cortes. A espessura do duto é de 0,79mm e a
densidade do aço é de 7600kg/m3. As alturas dos dutos são de 40cm, 30cm e 20cm nos trechos
AB, BC e CD.

Trecho VAZÃO VAZÃO V Área H L Perímetro


m3/h m3/s m/s m2 altura largura da secção
(m) (m)
AB 4800 1,33 5 0,266 0,40 0,65 2,10

BC 3200 0,88 5 0,177 0,30 0,60 1,80

CD 1600 0,44 5 0,088 0,20 0,45 1,30

Área de chapas = (2,10 x 8) + (1,80 x 6) + (1,30 x 5) = 34,1m2.


Área com 20% = 34,1 x 1,2 = 41 m2.
Volume de chapas = 41 m2 x (0,79/1000) = 0,032 m3.
Massa de chapas = 0,032 x 7600 = 245 kg.

Exemplo de Aplicação:
Uma rede de dutos é mostrada na Figura. A vazão em cada boca de insuflamento é de 700 m3/h.
Método do velocidade (V = 5m/s). Considerando as alturas marcadas no desenho é possível
afirmar que as LARGURAS dos trechos AB, BC e CD e CG em centímetros são
respectivamente (com arredondamento de 5 em 5 cm)
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Trecho VAZÃO VAZÃO V Área H L


(m3/h) (m3/s) (m/s) m2 altura largura
(m) (m)
AB 9800 2,72 5 0,54 0,40 1,35

BC 8400 2,33 5 0,46 0,35 1,15

CD 4200 1,16 5 0,23 0,25 0,95

CG 1400 0,38 5 0,077 0,20 0,40

Formulário:
Vazão = velocidade x área
1 hora = 3600 segundos
Área de um retângulo = Largura x Altura
Dequivalente = 2.(Largura x Altura) / (Largura + Altura)
Perímetro de um retângulo = 2 x ( Largura + Altura)
Massa = densidade x volume
Volume de uma chapa = Área superficial x Espessura
1 m = 1000 mm
1 mm = 0,001m
Densidade do aço = 7600 kg/m3

Tabela de áreas proporcionais – Faça a média entre os valores mais próximos caso necessário.
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REFERÊNCIAS

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