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Sinopse

Um jovem músico que se chamava Zé Betovi e que nas horas vagas


gostava de se divertir com seu inseparável violino. Um dia quando estava
tocando conhece o alegre e simpático, Nhô Mozarte, que tinha o costume
de fazer suas leituras diárias sentado no banco da praça. Depois de uma
longa e interessante conversa e de muitas afinidades musicais resolvem
formar uma dupla, tornando-se parceiros e amigos. E a estréia dos dois,
como dupla aconteceu na janela da casa de D Elvira, uma beata solitária,
que tinha como sonho ser acordada um dia com uma serenata. Tem
Gildinha a afilhada do padre Godofredo uma bela jovem que andava
insatisfeita porque queria ser atriz e cantora e em sua escola não tinha aula
de teatro e nem de música. Depois de ter conhecido Nhô Mozarte e ouvido
seus conselhos Gildinha se tornou uma garota exemplar na escola. No final
Padre Godofredo organiza uma quermesse e convida Nhô Mozarte e Zé
Betovi para encerrarem o evento com um show de música. E com o
dinheiro arrecadado pretende consertar a igreja que estava com
vazamentos e precisava pintar.

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Zé Betovi e Nhô Mozarte
Texto: Marluzi Moreira de Carvalho

Entra Nhô Mozarte com seu livro embaixo do braço olhando em sua
volta e fala em voz alta:
Nhô Mozarte: Aqui está bem mais tranqüilo. Pelo menos não tem
nenhuma obra por perto, com aquele barulho danado das máquinas eu não
estava conseguindo me concentrar.

(Em seguida se senta no banco da praça e começa a ler).


Zé Betovi: Tchau mãe, tô indo lá na praça tocar um pouco.

(Zé Betovi caminha em direção a praça com seu violino na mão e


resolvi se sentar perto de uma árvore, pois o calor estava muito
grande naquele dia. Nem notou a presença de Nhõ Mozarte sentado no
banco entretido, lendo seu livro e começa a tocar. Quando Nhô
Mozarte escuta a música, para de ler e procura ver de onde vem
aquele som. Avista Zé Betovi sentado tocando. Então se levanta
devagar procurando não fazer barulho, e vai em direção a ele.
Quando Zé Betovi acaba de tocar aplaudi com entusiasmo, e diz:
Nhô Mozarte: Bravo meu jovem!Que maravilha! Estou admirado de ver
um garoto de sua idade tocando violino. E um instrumento que não é fácil.
Os jovens assim como você, principalmente nos dias de hoje, preferem as
guitarras, baterias, violão.
Zé Betovi: Obrigado. É mesmo... Eu também gosto dos outros
instrumentos. Tenho violão e teclado e toco de vez em quando, mais o meu
preferido mesmo é esse aqui (mostra o violino).
Nhô Mozarte: Um artista completo!(Admiração) Então se você toca
violino é porque aprecia a música clássica.
Zé Betovi: Gosto. E nem tinha como eu não gostar. Lá em casa tanto meu
pai como minha mãe adoram. Na verdade eu cresci ouvindo. Meu avô, o
pai de minha mãe tocava muito bem de ouvido e nem sabia ler partitura.
Nhô Mozarte: E você? Toca de ouvido como seu avô?
Zé Betovi: Das duas formas. Minha mãe me colocou em aulas de música
desde que eu era bem pequeno. Ela achou que ia ser bom pra mim. E
quando eu fiz seis anos escolhi o violino.
Nhô Mozarte: Sua mãe fez muito bem. A música é importante na vida de
todo mundo. Ela nos ajuda em tantas coisas... Mais me diga meu rapaz,
você sabe quem é o autor da música que estava tocando há pouco?
Zé Betovi: Villa Lobos.

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Nhô Mozarte: Isso mesmo. E o nome completo dele era “Heitor Villa-
Lobos”. E foi o maior expoente da música do modernismo no Brasil. Em
1905 até 1912 ele fez umas viagens pelo norte e nordeste do país e ficou
impressionado com as coisas que viu. Como vários tipos de instrumentos,
cantigas de roda, repentistas, sons dos pássaros...

Zé Betovi: Imagine quanta coisa ele deve ter visto e aprendido, por esse
Brasil a fora...
Nhô Mozarte: Sem dúvida. Uma grande experiência na vida musical
dele. Não é a toa que foi tão importante e se tornou um grande compositor
e maestro. Mais me diga uma coisa... Conversamos tanto e nem sei o seu
nome.
Zé Betovi: José Bento... Mais pode me chamar de Zé Betovi. Um primo
meu que colocou esse apelido e eu gostei, daí todo mundo me chama
assim. Na época eu tinha uns nove anos.
Nhô Mozarte: E esse seu primo deve ser um admirador do grande
Ludwing Van Beethoveen...
Zé Betovi: Acho esse nome difícil de falar... Deve ser porque ele era
alemão.
Nhô Mozarte: E a Alemanha é um país de grandes nomes da música
clássica. E tem mais, o pai de Bethoveen era músico, e queria que ele
também fosse por isso o obrigava a estudar durante horas por dia.
Zé Betovi: Coitado! E estudando tanto assim ainda tinha tempo pra
brincar e fazer as coisas que toda criança faz?
Nhô Mozarte: Se tinha tempo para brincar eu não sei... Mais que tinha
que estudar muito, há isso tinha... Você imagine que com dez anos já
ajudava no sustento da casa com a música. Mais quando ele fez 26 anos
teve um problema sério de saúde. Parece que pegou um vírus que o
deixou surdo.
Zé Betovi: Então ele teve que parar de tocar?
Nhô Mozarte: Não. Apesar de ter sofrido e ficado muito desanimado,
inclusive por conta disso quase ter feito uma loucura em sua vida, por
amor a musica continuou assim mesmo. E compôs uma de suas mais
conhecidas obras: a nona sinfonia (Linda!)
Zé Betovi: Também acho. Eu sei tocar, quer ouvir?
(Nhô Mozarte na mesma hora balança a cabeça gostando da idéia e
pedi ao garoto para tocar um trecho da sinfonia. Zé Betovi começa a
tocar enquanto Nhô Mozarte escuta. Quando Zé Betovi acaba Nhô
Mozarte bati palmas com entusiasmo)

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Nhô Mozarte: Parabéns! Tocou muito bem, Zé Betovi.
Zé Betovi: Obrigada. O senhor perguntou meu nome e nem sei o seu.
Nhô Mozarte: Pode me chamar de Nhô Mozarte.
(Zé Betovi da risada e repete em voz alta o nome que acabara de
ouvir)
Zé Betovi: N-H – Ô - M-O -Z -A- R -T- E... Já sei! Já sei! Esse apelido
alguém te botou pra homenagear Mozart. Acertei?
Nhô Mozarte: Isso é óbvio. Mais deixa eu te contar a história: Meu nome
mesmo não tem nada a ver: Clariovaldo Justino da Luz. Quando eu era
menino acho que na época eu tinha uns onze anos, assim como seus pais
os meus também adoravam música clássica e ouvíamos muito lá em casa.
Cresci nesse ambiente e Mozart era meu preferido. Eu me lembro que eu
gostava de pegar uma caneta ou qualquer objeto que se parecesse com uma
batuta e fingia que estava regendo uma orquestra (REGENDO). Então
como minha voz era bonita meus pais me colocaram para cantar no coral
da igreja. Depois fui tocando em casamento, festas e daí um dos meus
amigos brincando me chamou um dia de Nhô Mozarte, gostaram, desde
então, só me chamam assim.
Zé Betovi: (rindo) Ficou engraçado esse apelido e combinou com você
(hi hi). Nhô Mozarte, eu não lembro, Mozart nasceu na Alemanha
também?
Nhô Mozarte: Não. Na Áustria. E assim como você foi estimulado pelos
pais a estudar música. Aprendeu violino e cravo. Quando fez cinco anos já
fazia turnê pela Europa.

Zé Betovi: (Espantado) Nossa!Tão pequeno assim... (Olha pro público e


diz: E eu só fiz com 14 anos fui para os Estados Unidos).
Nhô Mozarte: Pra você vê como ele era um gênio. E compôs mais de
seiscentas obras. E isso, porque morreu cedo demais apenas com 35 anos.
Zé Betovi: Imagine se ele vivesse mais tempo ia compor muito mais que
isso.

Nhô Mozarte: Com certeza meu filho. Tem outra coisa importante que
muitas pessoas não sabem, Bethoveen compôs suas obras seguindo os
passos de Mozart.
Zé Betovi: Legal! Mais uma coisa interessante que eu aprendi hoje com o
senhor. Tô adorando conversar e saber tanta coisa mais tenho que voltar
pra casa.
Nhô Mozarte: Que pena! Nossa conversa está tão agradável.

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Zé Betovi: Também acho....mais antes queria te falar sobre uma idéia que
veio na minha cabeça enquanto a gente estava conversando.
Nhô Mozarte: (Curioso) Idéia??????
Zé Betovi: Sabe o que é? Pensei assim , Nhô Mozarte canta, tem voz
bonita, eu toco e canto também, de repente e porque não formarmos uma
dupla?
Nhô Mozarte: (Espantado) Dupla? Nós dois? Dessas que tem por aí?
Zé Betovi: Sim...parecida com essas ... Só que a nossa vai ser melhor que
todas (rindo). Eu toco, você canta, eu canto, nós dois cantamos...
Nhô Mozarte: Sabe que essa sua idéia (apesar de meio atrapalhada)
pode ser muito divertida pra gente...
Zé Betovi: Então Nhô Mozarte. Vai topar?
Nhô Mozarte: Está certo. Topo sim. Vai ser um prazer tê-lo como
parceiro.
Zé Betovi: Legal! Legal! Bati aqui parceiro. Agora vou ter que ir mesmo.
Há sim....antes vem cá pra eu te mostrar onde eu moro(Pega Nhô Mozarte
pelo braço e aponta sua casa), moro ali ó, naquela casa amarela do lado
da farmácia.
Nhô Mozarte: Há sim. Estou vendo. Aquela de porta branca....
Zé Betovi: Isso. Apareça hoje lá em casa umas cinco horas se puder...a
gente pode conversar mais sobre essa idéia e aproveito e te apresento
logo pros meus pais. Minha mãe vai gostar de conhecer você. Há
sim....Vou pedir a ela pra fazer bolo de milho, pra gente lanchar, ela faz
delicioso
Nhô Mozarte: Hum!!! Bolo de milho. Adoro. Vai logo....tchau! Até mais
tarde.
(Em seguida Nhô Mozarte se senta no banco para continuar sua
leitura. Passado alguns minutos entra D Elvira e se senta no banco ao
lado dele):
D.ELVIRA: Boa tarde, Nhô Mozarte.
NHÔ MOZARTE: Boa tarde, D. Elvira. Como está passando à senhora?
D.ELVIRA: Bem obrigada, Nhô Mozarte. E o senhor mudou de praça?
Digo isso porque sempre te vejo lendo naquela outra pracinha junto da
padaria de seu Claudeonor.
Nhô Mozarte: É verdade... Mais de uns dias pra cá começaram umas
obras ali perto e as máquinas fazem um barulho grande, incomoda muito e
tira minha concentração. Então resolvi ficar aqui nessa, que além de ser
tranqüila é bem aconchegante.

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. D.ELVIRA: Fico admirada de ver como o senhor gosta de ler.
NHÔ MOZARTE: A leitura pra mim já é uma rotina. Sinto um prazer
grande quando leio. Aliás, fico impressionado como hoje em dia as
pessoas não tem esse hábito. Seja criança, jovem...pessoas mais velhas...
Em vez disso elas preferem ficar horas e horas no computador.
D.ELVIRA: Eu gosto também mais não como o senhor. E em relação a
computador pra falar a verdade, nem sei como ligar e nem faço questão de
aprender.

(Nhô Mozarte observa que D. Elvira está silenciosa e distante)


NHÔ MOZARTE: Estou achando a senhora tão distante D. Elvira...
D. ELVIRA: Pois é. Deve ser saudade. Faz tanto tempo que não vejo
meus parentes. Mais também todos moram longe... Vivo aqui praticamente
sozinha. Se não fossem os amigos...o tempo está passando rápido demais.
E por aqui as coisas andam muito paradas. Nunca mais teve uma festa. Se
bem me lembro à última foi no São João do ano retrasado. Assim mesmo,
um dia só.
NHÔ MOZARTE: A senhora tem razão. O povo daqui é muito
acomodado para essas coisas. Alguém precisa incentivar para que tenha
mais festas nessa cidade. As pessoas precisam de música e alegria em suas
vidas.
D. ELVIRA: Isso mesmo Nhô Mozarte. Mais sabe... Um dia desses, eu
estava pensando num desejo que eu tenho guardado comigo desde que era
mocinha.
NHÔ MOZARTE: Um desejo guardado? E eu posso saber qual é?

(D. Elvira responde envergonhada)


D. ELVIRA: Parece uma coisa bôba, mais pra mim é um sonho.
NHÔ MOZARTE: Então me conte logo D. Elvira. Estou curioso pra
saber que sonho é esse.
D. Elvira: (Suspirando) Há! De um dia ser acordada com uma serenata.
Como naqueles filmes e novelas de antigamente... Que os namorados ou
pretendentes iam cantar nas janelas de suas amadas...
Nhô Mozarte: Mais isso é uma coisa simples de acontecer.
D. ELVIRA: Simples como Nhô Mozarte. Se não aconteceu quando eu
era mais jovem, imagine agora... Parece que o romantismo saiu de moda.
Não ouço mais ninguém dizer que recebeu uma carta, até flores, não vejo
tanto assim como antes. Hoje é tudo mensagem pelo celular, whatsApp ou
essas coisas parecidas...
Nhô Mozarte: Como a senhora é romântica. Acho isso tão bonito. E te
digo uma coisa o romantismo e os nossos sonhos não acabaram e nem

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podem acabar, porque são eles que alimentam nossa alma e dá sentido a
vida das pessoas.
D. ELVIRA: Que palavras bonitas, Nhô Mozarte. Está tão agradável
conversar com o senhor mais vou ter que passar na quitanda de seu
Manoel pra fazer umas comprinhas pro almoço. Tenha um bom dia. Até
mais vê...
NHÔ MOZARTE: Eu também gostei muito da nossa conversa. Até mais
D. Elvira. E boas compras.
(Nisso D. Elvira acena um até logo e vai embora. E Nhô Mozarte fica
um tempo pensativo. Ocorre-lhe uma idéia depois de toda aquela
conversa com D. Elvira e fala em voz alta):
Nhô Mozarte: Isso mesmo que eu vou fazer... Vou aproveitar que vou
mais tarde à casa de Zé Betovi e falar com ele sobre minha idéia. E essa
pode ser a estréia de nossa dupla: uma serenata na janela de D. Elvira. Ela
jamais vai imaginar uma coisa dessas... (e continua sua leitura).
(No dia combinado deu tudo certo como Nhô Mozarte tinha pensado.
Quando D. Elvira ouviu aquela cantoria acordou e foi pra sua janela
ver o que estava acontecendo. Ficou surpresa e emocionada ao ver
Nhô Mozarte cantando na sua janela. Parecia que estava sonhando.
Ficou debruçada até acabarem. Agradeceu aos dois e mandou que
esperassem um pouco foi até a cozinha e pegou uns biscoitos de
polvilho que havia feito na noite anterior e deu pros dois em
agradecimento. Ficou um clima de romantismo no ar entre Nhô
Mozarte e D. Elvira. D. Elvira resolvi voltar e dar um beijo no rosto
de Nhô Mozarte que fica surpreso ao mesmo tempo gostando e fica
com cara de apaixonado. Enquanto isso Zé Betovi observa tudo e se
divertiu muito com o que estava acontecendo.)
Zé Betovi: Nhô Mozarte! Você viu a cara de felicidade de D. Elvira? Alias
não só de felicidade...
Nhô Mozarte: Hum... De que mais menino?
Zé Betovi: (irônico) De emocionada, hora! É isso que a música faz com as
pessoas. Sua idéia foi genial mesmo.
Nhô Mozarte: Estou sentindo ironia no ar
Zé Betovi: Não é ironia não.... Mais que D. Elvira estava toda derretida
pro senhor estava mesmo... E o senhor também pra ela
Nhô Mozarte: Debochado! É melhor ir logo pra sua casa, eu disse pra sua
mãe que não iríamos demorar. Também estou indo pra minha. Adoro
tomar meu café da manhã assistindo jornal. Tchau.
(Zé Betovi se despediu e saiu rindo. Passado alguns dias e Nhô
Mozarte vai sentar no banco da praça como de costume. Quando
estava concentrado em sua leitura entra Gildinha que é afilhada do

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Padre Godofredo. Senta-se ao lado de Nhô Mozarte sem percebê-lo
mascando seu chiclete e parecendo está chateada. Começa a puxar o
chiclete desconcentrando a leitura de Nhô Mozarte que começa a
observar o comportamento da jovem, sentindo que algo estava
acontecendo e puxa conversa)
Nhô Mozarte: Boa tarde, minha jovem. Me parece um pouco chateada.
Posso ajudar?
GILDINHA: Oi. Não é bem chateada... Estou entediada.
(Nhô Mozarte percebe que ela está com a farda da escola num horário
que na verdade deveria está em sala de aula e pergunta em seguida):
Nhô Mozarte: Estou vendo que está fardada numa hora dessas, não
deveria está na escola?
GILDINHA: Eu sei.... Mais hoje resolvi não ir pra escola. Preferi andar
um pouco pra pensar em minha vida...
Nhô Mozarte: Quer me contar o que está acontecendo, porque está assim
tão entediada? Se não quiser também não precisa falar.
(Pensa um pouco e diz:)
GILDINHA: É que lá na minha escola está tudo muito igual. Quero
dizer...tem aula de física, matemática, química mais não tem do que eu
queria que tivesse que é teatro ou canto ou música. Tem religião, educação
para o lar mais não botam as coisas que eu gosto. Eu queria mesmo é ser
atriz, representar, cantar ou até dançar. Ainda tem uma coisa que me deixa
mais chateada, só porque sou afilhada do Padre Godofredo sou mais
cobrada em tudo. Mais do que meus colegas.
NHÔ MOZARTE: Como é seu nome mesmo minha jovem? (Pergunta
com curiosidade)
GILDINHA: Gilda. Mais todo mundo me chama de Gildinha.
NHÔ MOZARTE: Esse nome não me é estranho na boca do padre...(Fala
Baixinho).
GILDINHA: O que o senhor disse?
NHÔ MOZARTE: Nada não... Então Gildinha de certa forma você tem
razão. Veja bem. Em relação às coisas que você gosta como dança,
música, teatro, acho maravilhoso que tivesse nas escolas, acredito que
muitas até tenham. Quanto a ser afilhada, do Padre Godofredo, e ser mais
cobrada, isso não está certo. Ele nem deve saber que isso acontece. Ele é
uma pessoa sensata e compreensiva. Acredito que as pessoas te cobram
mais porque aqui todo mundo admira e gosta muito do seu padrinho e
acham que você tem que dar o exemplo, sendo ótima aluna e a mais
comportada para não desagradá-lo.

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(Gildinha ouve com atenção as palavras de Nhõ Mozarte e pergunta):
GILDINHA: E o que o senhor acha que eu devo fazer?
NHÔ MOZARTE: Primeira coisa e não faltar mais a aula. Parar de
mascar chiclete desse jeito esticando. Todos nós temos que cumprir
deveres na vida e por enquanto o seu é esse de estudar e tirar notas boas
para um dia poder ter uma profissão. Quanto a sua vontade de ter aulas de
teatro, dança e canto, aconselho você a conversar com seus pais sobre esse
seu desejo e tentar convencê-los a te colocar num curso desses. Se quiser
posso até falar com Padre Godofredo, garanto que ele vai ajudar de alguma
forma. Sabia que eu conheço um jovem chamado Zé Betovi e a mãe dele o
colocou na música ainda usando fraldas, inclusive vive aqui na praça
tocando seu violino inseparável ficamos amigos e parceiros. Formamos até
uma dupla...
GILDINHA: Uma dupla, tipo Victor e Léo, Zezé de Camargo e Luciano?
NHÔ MOZARTE: Um pouco menos... (rindo). Na verdade unimos o útil
ao agradável. Em nossos horários vagos, ficamos tocando, cantando já
fizemos até serenata. È uma forma que encontramos de nos divertir.
GILDINHA: Poxa! Que legal!Eu quero conhecer esse Zé Betovi (rindo)
nome engraçado. E o senhor como se chama? Desculpe nem perguntei...
NHÔ MOZARTE: Tem nada não... Chamo-me Nhô mozarte.

(Gildinha não agüenta e começa a rir sem parar depois pedi


desculpas):
GILDINHA: Desculpe, Nhô Mozarte...É que vocês dois tem nomes
engraçados.
NHÔ MOZARTE: Outra debochada (falando baixinho). Olha menina.
Volte pra sua aula e peça desculpas pelo atraso. Tenho certeza que as
coisas vão melhorar você vai ver. Se quiser pode encontrar comigo e o
menino Zé Betovi amanhã à tarde para assistir nosso ensaio e conhecê-lo.
Hoje mesmo vou tentar falar com seu padrinho sobre o que conversamos.
GILDINHA: Obrigada, Nhô Mozarte! Vou voltar agora mesmo pra
escola. E amanhã vou lá ao ensaio de vocês. Tchau.

(Antes de sair, pega o endereço da casa de Zé Betovi, e vái feliz


cantarolando depois da conversa que tivera com Nhô Mozarte.
Passaram-se alguns dias entra padre Godofredo na praça e vê Nhô
Mozarte como sempre lendo no banco. Se aproxima com ar de
felicidade sorridente e satisfeito):
PADRE GODOFREDO: Bom dia, Nhô mozarte! Que bom encontrá-lo
aqui. Queria mesmo falar com o senhor há dias, mais são tantos os
problemas na paróquia, que fico sem tempo.
NHÔ MOZARTE: Bom dia Padre! Sua benção...

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PADRE GODOFREDO: Deus te abençoe meu filho. E que Deus te
abençoe mesmo....digo isso porque estou muito grato ao senhor pelos
sábios conselhos que andou dando a minha afilhada Gildinha e a mim
também. Depois que ela entrou no curso de canto e teatro nem parece à
mesma. Está cada dia melhor, tanto na escola como nas aulas particulares.
A professora de canto me disse que ela é muito talentosa. Outro dia
mesmo estava almoçando na casa dela e ela elogiou bastante o senhor e o
menino Zé Betovi. Falar em elogiou D. Elvira também esteve na sacristia
para se confessar e comentou da tal serenata que fizeram e ela adorou. Fala
pelos cotovelos...
NHÔ MOZARTE: Há sim! A serenata. (fica desconcertado)
PADRE GODOFREDO: Pois é.... Na verdade eu queria te pedir uma
coisa.
NHÔ MOZARTE: Como assim Padre?
PADRE GODOFREDO: É o seguinte, nossa paróquia está com
infiltrações no teto da igreja. Aquela água da chuva do mês passado
acabou de estragar o fôrro da sacristia. Ando agoniado com essa situação.
O que eu arrecado na igreja mal da pra comprar as velas. E faz tempo que
a igreja não vê nenhum tipo de reparo, venha ver aqui uma coisa...
(pega Nhô Mozarte pelo braço e o leva até a porta da igreja e mostra
os estragos do teto)
NHÔ MOZARTE: Realmente padre. Está estragado. Mais como sabe sou
aposentado e tenho umas economiazinhas, guardadas no banco, mais é
pouca coisa e...
PADRE GODOFREDO: Não é nada disso que está pensando. É o
seguinte outro dia estava matutando na hora de dormir porque não fazemos
uma quermesse bem bonita com barraquinhas. Peço ajuda dos fiéis e nesse
dia à noite finalizamos com um show especial de Zé Betovi e Nhô
Mozarte. Não é uma excelente idéia?
NHÔ MOZARTE: Hum! Realmente aqui precisa mesmo de festa,
inclusive estava conversando outro doa com D Elvira sobre isso. Até que
essa idéia é interessante. E por uma causa justa. Mais antes de te dar uma
resposta, tenho que falar com Zé Betovi.
PADRE GODOFREDO: Está bem meu filho. Eu aguardo. Tenho certeza
que o menino Betovi vai aceitar.
NHÔ MOZARTE: Hoje mesmo falo com ele e depois passo na igreja
para dar a resposta.
PADRE GODOFREDO: Está certo meu filho. Deus te abençoe mais uma
vez. Até mais.
NHÔ MOZARTE: Até Padre.

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(Dá a benção de novo a Nhô Mozarte e sái apressado. Nhô Mozarte
fica um tempo pensativo mais adorou a idéia. Vai procurar Zé Betovi
e conversar sobre o assunto. Tudo certo. Zé Betovi aceitou. Nhô
Mozarte vai em seguida para igreja dar resposta ao padre. E chega o
dia do espetáculo. Entra D. Elvira e o Padre Godofredo agitados
enfeitando e dando os últimos retoques no palco onde vai acontecer o
show. E como sempre uma tagarela. Tudo pronto. D. Elvira faz uma
pequena apresentação e apresenta à dupla. Começa o show e o Pd e D.
Elvira ficam sentados ao lado da dupla).
Boa noite meus queridos amigos. Que lindo!!!!!!!!!! Quanta gente bonita
veio prestigiar nossa festa. Obrigado! Obrigado a todos vocês por estarem
aqui numa noite tão importante como essa. Agora é com muito orgulho
que convido aqui nesse palco essa dupla tão querida por todos aqui da
cidade e que aceitaram nos ajudar com a maior boa vontade Zé Betovi e
Nhô Mozarte. (Aplausos.... )

Roteiro do Show:
- Ìndia (Zé Betovi e Nhô Mozarte)
- 9 de Bethoveen (Zé Betovi)
-Luar do sertão ( Zé Betovi e Nhô Mozarte)
- Brasileirinho (Zé Betovi)
-Romaria (Zé betovi e Gildinha)
Ave Maria de Gonôt (Zé Betovi)
- É preciso saber viver (Zé Betovi , Nhô mozarte e Gildinha)

(Quando acaba o espetáculo todos batem palmas e o Padre Godofredo


e D. Elvira comentam sobre o dinheiro conseguido felizes)

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