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PODER JUDICIÁRIO
2ª Vara Criminal - Zona Norte
Av. Guadalupe 2145 Conj. Santa Catarina, 2º Andar, Potengi - CEP 59.112-560, Fone: 84 3615-4663, Natal-RN
- E-mail: zn2cri@tjrn.jus.br
SENTENÇA
RELATÓRIO
Trata-se de ação penal pública em que figura (APAGADO), parte já qualificada nos autos,
como acusada pela prática dos fatos violadores das seguintes regras penais: arts. 121, caput, e
§ 2º, II e IV, do CP, na forma do art. 14, II, do CP. Quanto às provas documentais e periciais,
há o seguinte: termo de exibição e apreensão de um revólver calibre 38, sendo um disparo
percutido e não deflagrado. Há atestado de lesão corporal no acusado (fl. 24) e laudo de
potencialidade lesiva na arma de fogo (fls. 119-124). A denúncia foi recebida no dia 24 de
fevereiro de 2010 (fl. 86). A citação se deu à fl. 102. A resposta à acusação se encontra às fls.
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110-112. O interrogatório ocorreu em audiência. As testemunhas foram ouvidas em audiência.
Nas suas alegações finais a acusação disse, em suma, o seguinte: foi comprovada a
apreensãode uma arma de fogo. Havia três munições intactas, sendo uma percutida e não
deflagrada. Em relação á materialidade, consta nos autos laudo pericial dando conta de que a
arma estava apta a realização de disparos. Também laudo de exame residuográfico que
comprova não ter havido realização de disparo. Há que se observar que o acusado nega a
prática do crime e a vítima não compareceu para comprovar os fatos. O acusado foi preso. Os
policiais disseram que hvia uma arma. Essa arma estava municiada e era apta a realizar
disparos. A vítima reconheceu o acusado como autor de um disparo de arma de fogo que
havia batido catolé. Não há como se reconhecer a tentativa de homicídio porque o disparo que
a vítima afirmou ter ocorrido "bateu catolé". Ocorreu a figura do crime impossível. Havia
mais três munições no revólver que deixaram de ser acionadas. Portanto, o acusado não
pretendia matar uma pessoa. A vítima poderia ter sido vítima de uma ameaça mas não
compareceu e não há nos autos representação. Assim, decaiu do direito de representação.
Ante o exposto, pediu a absolvição do acusado. Nas suas alegações finais a defesa disse, em
suma, que mesmo que o acusado tivesse tentado praticar o fato, não teria ocorrido. O acusado
estava com uma bolsa de colostomia e não uma arma. O acusado disse que ouviu um disparo
e duas pessoas correndo. Ficou curioso. O acusado foi torturado. A vítima sequer
compareceu; a Geiza jamais foi encontrada; pediu a dispensa da oitiva da testemunha Geíza.
FUNDAMENTAÇÃO
Obedecendo ao comando esculpido no art. 93, IX, da Constituição Federal, e dando início à
formação motivada do meu convencimento acerca dos fatos narrados na inicial e imputados
ao réu, verifico, sucessivamente, a materialidade e a autoria. Analisando a
MATERIALIDADE e a AUTORIA, vê-se o seguinte: quanto às provas documentais e
periciais, há o seguinte: termo de exibição e apreensão de um revólver calibre 38, sendo um
disparo percutido e não deflagrado. Há atestado de lesão corporal no acusado (fl. 24) e laudo
de potencialidade lesiva na arma de fogo (fls. 119-124). A testemunha ROBERTO MANAIA
DOS SANTOS, durante oitiva judicial, afirmou que saíram em diligência. Ao entrarem numa
travessa, o acusado ia saindo. As características bateram com as do acusado. Ele jogou algo
fora. Encontraram a arma em um matinho.O acusado foi reconhecido pela vítima. Não lembra
quantos cartuchos tinha a arma. Eram duas viaturas e a vítima estava na do PM Márcio. O
acusado negou a prática dos fatos. O motivo da contenda era uma bicicleta. O acusado não
resistiu e nem xingou. CLÁUDIO DE SOUZA BEZERRA, testemunha ouvida judicialmente,
relatou que viu o acusado de moletom. Ele se desfez de algo e depois encontraram uma arma
de fogo. Estava na viatura junto com o sargento Manaia. O objeto jogado pelo acusado era
uma arma. Durante interrogatório judicial, a parte acusada, (APAGADO), disse que Alisson é
um grande amigo do acusado. Nunca se entenderam mal. Um tal de Quequé disparou seis
tiros nas costas do depoente no ano passado. Não tinha por que atirar contra Alisson. A
acusação foi falsa. Foi espancado. Quatro viaturas chegaram no local. Muita gente viu o
depoente sendo espancado. Nesse não se encontrou com Alisson. Encontrou dois caras
correndo. Nessa noite não sabia que os fatos envolveriam Alisson. Acha que a vítima não veio
porque sabe que o depoente é inocente. Tem 30 anos. Foi criado pela avó. Seu pai morreu de
cirrose quando o depoente era criança. Já foi condenado por roubo. Em síntese à tese da
acusação e a antítese da defesa, concluo que a conduta praticada pelo acusado foi atípica, em
relação à tentativa de homicídio e houve a decadência do direito de representação em relação
á ameaça que sobejou. O restante da fundamentação está em arquivo multimídia.
DISPOSITIVO
Em razão de todo o exposto e fundamentado, resolvo julgar procedente a pretensão punitiva
do Estado, absolvendo (APAGADO), parte já qualificada das acusações previstas no art. 121,
§ 2º, II e IV, do CP, na forma do art. 14, II, do CP, e art 14, da lei 10.826/2003, o que faço por
força do art. 386, III, do CPP, bem como declarar a decadência do direito de representação em
relação ao crime de ameaça (art. 147 do CP). Determino o encaminhamento das seguintes
peças ao Ministério Público, por solicitação da Defensoria Pública: denúncia, fls. 10, 24,
57, da sentença e da gravações dos depoimentos de hoje, em especial o interrogatório do
acusado.
Determino a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA.
E como nada mais houve, determinou que fosse encerrado o presente termo que, lido e achado
conforme, vai devidamente assinado. Eu, _______, Técnico Judiciário, digitei e vai assinado
pelas partes e pelo MM. Juiz.
Juiz:_________________________________ MP:_________________________________
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Defesa:_______________________________ Acusado:_____________________________
Acusado:_____________________________ Vítima:_______________________________