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MUCURI
Diamantina - MG
Abril de 2013
Átila Perillo Filho
Diamantina - MG
Abril de 2013
ESTUDO DOS CONJUNTOS LÍTICOS PRÉ-HISTÓRICOS DO SÍTIO
ITANGUÁ 02, ÁREA ARQUEOLÓGICA DE SERRA NEGRA, ALTO
VALE DO ARAÇUAÍ, MINAS GERAIS.
______________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Fagundes – Presidente/Orientador
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
______________________________________________________
Prof.(a) Danielle Piuzana Mucida
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
______________________________________________________
Prof. Soraya de Carvalho Neves
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Diamantina – MG
Abril de 2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço antes de tudo aos meus pais Átila de Castro Perillo (in memorian) e
Nair Aparecida Gomes Perillo que com muito esforço e dedicação fizeram possível minha
entrada na UFVJM e com muito carinho sempre estiveram presentes em minha vida me dando
suporte e total apoio.
Aos amigos que fiz durante este tempo de pesquisa, sendo eles parte do LAEP ou
não, o meu muito obrigado por tudo.
Em fim, agradeço a todos que deram apoio nesta pesquisa sendo eles de forma
direta ou indireta, vocês tem todo meu agradecimento.
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................................. 10
ABSTRACT ......................................................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 11
JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................. 12
PROBLEMA ..................................................................................................................................... 13
HIPÓTESES ...................................................................................................................................... 13
DIVISÃO DA MONOGRAFIA........................................................................................................ 14
CAPÍTULO 01 ..................................................................................................................................... 15
ASPECTOS TEÓRICOS.................................................................................................................... 15
CAPÍTULO 2....................................................................................................................................... 24
CAPÍTULO 03 ..................................................................................................................................... 29
CAPÍTULO 4....................................................................................................................................... 31
O SÍTIO ARQUEOLÓGIO ITANGUÁ 02 ....................................................................................... 31
4.2.4 CÓRTEX................................................................................................................................... 39
ANEXO 01 ........................................................................................................................................... 68
ANEXO 02 ........................................................................................................................................... 73
This research refers to the analysis of part of the litich set belonging to the prehistoric site
Itanguá 02, located in the Archeological Complex Campo das Flores, between the
municipalities of Senador Modestino Gonçalves and Itamarandiba, Minas Gerais. And
therefore, aims to understand an infer how was the relationship between the preterit societies
and the environment in which they occupied. The methodology applied in the analysis of the
archeological remnants of the site in question was the ethnographic concept of operational
chain, including the pursuit and acquisition of raw material, the production method tool and
consequently the discharge of the tool without the possibility of reusing the same.
INTRODUÇÃO
1. APRESENTAÇÃO DO TEMA
É importante ressaltar que o sítio Itanguá 02 está inserido em uma área com um
total de 21 sítios arqueológicos, denominada Complexo Arqueológico Campo das Flores,
sendo que todos estes sítios estão localizados em abrigos rochosos quartzítcos.
JUSTIFICATIVA
Este projeto foi concebido com o intuito de se entender melhor como se deu o
uso e ocupação pré-histórica da região do Alto Jequitinhonha, sobretudo na sub-bacia do
Araçuaí. Dentre os vestígios arqueológicos1, as ferramentas líticas são amplamente estudadas
pelos arqueólogos, devido sua importância para entender como se dava a relação destes
homens pré-históricos com o ambiente ao qual ocupavam. De acordo com Prous (1992, p.25),
as ferramentas líticas são vestígios quase indestrutíveis, sendo um dos poucos remanescentes
que permanecem no solo arqueológico, justamente com a cerâmica, por exemplo.
OBJETIVO GERAL
1
“Consideramos vestígios arqueológicos todos os indícios da presença ou atividade humana em determinado
local. Para se inserir tais vestígios no contexto ecológico (clima, vegetação, fauna, proximidade da água), é
preciso preocupar-se também com os restos indiretamente ligados ao homem, mas que revelam em que
condições ele estava vivendo”. (PROUS, 1992, p.25).
13
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
PROBLEMA
HIPÓTESES
Que o estudo dos conjuntos líticos pode cooperar para a inferência do tipo de sítio e
modo de produção do conjunto artefatual do mesmo.
Que o estudo de cadeias operatórias é capaz de fornecer dados para a inferência do
modo de vida e cultura no passado.
DIVISÃO DA MONOGRAFIA
CAPÍTULO 01
ASPECTOS TEÓRICOS
Quanto aos estudos de conjuntos líticos, pode-se dizer, de acordo com Schmitz
(apud BUENO & ISNARDIS, 2007), que estes possuem duas vertentes, sendo uma delas de
criação européia, mais precisamente francesa, na qual são representadas no Brasil pelas
instituições de ensino USP, UFMG e FUNDHAM e uma americana, que possui menos
estruturação que a francesa e é mais autônoma, sendo desenvolvida pelo PRONAPA.
Com isto percebe-se que o PRONAPA começou seu trabalho no país com um
foco pré-estabelecido, com o objetivo estudar a expansão e o começo das populações com
uma característica em comum, cerâmicas com denominação Tupiguarani.
Consequentenlly, the chaîne operatoire aims to describe and understand all cultural
transformations that a specific raw material had to trough. It is a chronological
segmentation of the actions and mental processes required in the manufacture of an
artifact and in its maintenance into the technical system of a prehistoric group. The
initial stage of the chain is raw material procurement, and the final stage is the
3
discard of the artifact. (SELLET, 1989, p. 01) .
2
A análise de cadeias operatórias é a abordagem tecnológica que busca reconstruir a organização de um sistema
tecnológico em um dado sítio arqueológico. Uma definição mais precisa é providenciada por Pérles: “A cadeia
operatória pode ser definida como: uma sucessão de operações mentais e gestões técnicas, com intuído de
satisfazer a necessidade (imediatamente ou não), de acordo com o projeto preexistente”
3
Consequentemente a cadeia operatória tem como intenção descrever e entender todas as transformações
estruturais que uma especificada matéria-prima precisa passar. É um segmento cronológico de ações requeridas
na produção de um artefato e sua manutenção em um sistema técnico de um grupo pré-histórico. O estágio
inicial é a obtenção da matéria-prima, e o estagio final é o descarte do artefato
4
O contexto sistêmico permite rotular a condição de um elemento que está participando de um sistema
comportamental.
19
describes materials which have passed through a cultural system, and wich are now the
objects of investigations of archeologists”5.
5
O contexto arqueológico descreve materiais que passaram por um sistema cultural, e que agora são os objetos
de estudos/investigação dos arqueólogos.
6
Talvez a maior diferença entre os conceitos de cadeia operatória e as análises de sequências de redução é a
noção embutida de que as analises de cadeia operatória de alguma maneira capta as intenções Cognitivas dos
artesãos e usuários.
20
De acordo com Silva (2002) o estudo de tecnologias deve ser feito de seguinte
forma:
Silva (2002) trata da seguinte forma a cadeia operatória, visando o fato de que
a produção de um objeto é feito de forma predeterminada, necessitando um conhecimento e
não por acaso, afirmando que a produção de uma determinada ferramenta é pré-definida pelo
artesão, sendo que o tratamento da matéria passa por series de movimentos contínuos e não
separados.
Estudos sobre tecnologias vêm sendo muito frequentes nas ultimas décadas,
junto com a Antropologia da tecnologia, e como Silva (2002) diz a intenção desta área de
estudo é:
22
Ou seja, a antropologia da tecnologia visa nos mostrar que os atos feitos por
diferentes grupos humanos não são feitos de forma alheatória, mas sim arbitraria, se uma
fonte de matéria-prima proporciona um material final com resultados muito bons, ou se por
alguma forma cultural, é bastante improvável que a sociedade visada deixe de usar tal fonte
de matéria, a não ser que a mesma se esgote ou que algo a aconteça.
Ao tratar sobre tecnologia Morais (1987 apud SHEETS, 1975, p.370) ressalta
que “in technological analysis, the products (both tools and wastage) of an industry are
examined to see how materials were processed. This is fundamentally a behavioral study”7.
7
Na análise tecnológica, os produtos (tanto ferramentas quanto refugos) de uma indústria são examinados para
observarmos como os materiais são processados. Isto é fundamentalmente um estudo comportamental.
23
intuito de observar como as variáveis a cima (relacionamento com o ambiente em que vivem a
cultura e economia do grupo social), influenciam as suas organizações tecnológicas, no
ambiente físico (SILVA, 2002), relata os problemas que podem surgir de seguinte forma: “No
que se refere ao ambiente físico, estes problemas podem estar ligados a disponibilidade ou
escassez de recursos, à sua distribuição espacial e sazonal e às características dos materiais”.
CAPÍTULO 2
Foto: LAEP/UFVJM/2011
CAPÍTULO 03
Neste contexto o material passou por uma série de triagens com a intenção de
analisar todas as suas características, portanto todos os produtos consequentes das diferentes
fases de lascamento foram analisados.
Por este motivo, para a melhor compreensão de nosso estudo foi necessário a
produção de dados estatísticos e comparativos, como a produção de gráficos e tabelas, que
permitem uma melhor compreensão de como se deu a produção dos materiais líticos
recolhidos durante o período de escavação.
CAPÍTULO 4
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
Sobre o local onde o sítio está implantado, pode-se afirmar que o mesmo
encontra-se sob um abrigo rochoso, possuindo um piso regular e sedimento do tipo neossolo
litólico.
33
8
Em laboratório, uma das dificuldades encontradas foi a distinção entre o quartzo hialino e a goshenita. Neste
trabalho, a distinção foi feita pelo brilho e textura do mineral, entretanto, novas análises (levando em conta
dureza e propriedades do lascamento – características essenciais para a análise arqueológica), tem considerado
todo o conjunto constituído exclusivamente por quartzo, proveniente de veios ainda não localizados na
prospecção. Esses veios eram previamente lascados e núcleos eram levados para o sítio arqueológico. In loco
ou no sítio arqueológico esses veios eram “limpos” (há comprovação empírica) para se obter suportes com
mineral “mais puro” (cristalino). O sílex, evidenciado no sítio, estava aglutinado a esses veios, há núcleos de
quartzo com presença de sílex vermelho e marrom associados.
34
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
35
A quadrícula A -1 possui um total de 246 peças, sendo que desse montante 164
são estilhas que possuem uma variação em suas matérias-primas de cinco materiais básicos
para a construção das ferramentas, apresentam todos os quatro tipo de córtex descritos na
Tabela de Análise de Material Lítico (Anexo 01), já na relação entre o comprimento pela
largura a incidência maior foi a do numero 02 (ou seja, que existem 106 peças quase longas,
que variam entre 01 e 1,5 cm).
Massa primordial: Este grupo é composto por materiais aptos ao lascamento, tais
como, seixos; blocos, cristais e plaquetas (MORAIS, 1987, p. 164).
Matrizes e núcleos: É composto pelos núcleos encontrados durante a escavação.
Produtos de talhe, debitagem e/ou retoque: São produtos resultados do processo de
lascamento da matriz, como, lâminas, lascas, lascas de retoque, sendo estas resultadas
do talhe ou da debitagem (FAGUNDES, 2004, p. 151).
Resíduos: Os resíduos são parte importante da análise lítica, pois ajudam a
compreender os processos pelos quais a matéria foi submetida ate o resultado final, de
acordo com Fagundes (2004, p. 151) “os resíduos são materiais que não se enquadram
nas categorias anteriores, podendo ser estilhas, resíduos de lascamento, fragmentos de
36
Resíduo é o objeto que faz parto do conjunto da indústria lítica, mas não se enquadra
em nenhuma das definições anteriores. Pode ser um fragmento de matéria-prima ou
uma ‘lasca’estourada pela ação do fogo; fragmentos acidentais que não permitam
quaisquer observações inerentes a fratura conchoidal e ‘lascas’ parasitas podem ser
considerados resíduos. (Morais, p 165, 1987).
TABELA 1:
Primeira Triagem
Quadrícula A-1
Primeira Triagem Quantidade Porcentagem
1- Massa primordial (blocos, percutores). 3 1,23%
2- Matrizes, núcleos. 2 0,81%
3- Produtos de talhe, debitagem e/ou retoque. 16 6,5%
4- Resíduos 225 91.46%
Total 246 100%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
300
50
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
37
A segunda triagem é dividida em três básicos itens, que são: (1) Peças brutas;
(2) Peças utilizadas; (3) Artefatos.
Peças brutas: As peças brutas são assim caracterizadas por não possuírem indícios de
utilização, ou ate mesmo de retoque, peças como lascas corticais (aquelas que
possuem indícios de córtex) que não mostram características de utilização ou mesmo
de uma modificação posterior ao seu lascamento também entram neste contexto,
Morais (1987, p. 165).
Peças utilizadas: As peças utilizadas são aquelas que apresentam indícios de
modificação posterior a sua retirada do núcleo e também características de uso, como
desgaste, serrilhado nos bordos, de acordo com Fagundes (2004, p. 151) “objetos
naturais com marcas de utilização também são encaixados nesta categoria, tais como
seixos utilizados como percutores ou mãos-de-pilão”.
Artefatos: Os artefatos são materiais que apresentam uma intenção explicita para sua
utilização, tanto para furar, cortar ou quebrar, de acordo com Fagundes (2004, p 151)
“são os suportes modificados com a intenção explicita de confeccionar um
instrumento que atenda a um determinado fim”.
TABELA 2:
Segunda Triagem
Quadrícula A-1
3-Artefatos 0 0%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
38
300
250
200
1- Peças brutas
150 2- Peças utilizadas
100 3- Artefatos
50
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
4.2.3 MATÉRIA-PRIMA
TABELA 3:
Matéria-Prima
Quadrícula A-1
12-Quartzito impuro 6 2%
13-Hematita/ocre 1 0,4%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
100
3-Quartzo leitoso
80
4-Berilo (Goshenita)
60
40 5-Arenito silicificado
20 10-Silex (tonalidade
marrom)
0
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
4.2.4 CÓRTEX
De acordo com Morais (1987) “as marcas da ação do fogo são freqüentes em
Pré-História brasileira: ela provoca ‘debitagens’ espontâneas de ‘núcleos’ que liberam ‘lascas’
curvadas, sem talão ou bulbo; tais ‘núcleos’ apresentam-se morfologicamente arredondados”.
Dividiu-se a análise em quatro, sendo eles: (1) Ausente; (2) Menor que 50 %;
(3) Maior que 50%; (4) Total.
TABELA 4:
Córtex
Quadrícula A-1
4-Total 1 0,4%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
41
250
200
1-Ausente
150 2-Menor que 50%
3-Maior que 50%
100 4-Total
50
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
A quadrícula C-1 possui um total de 393 peças, sendo que as mesmas foram
analisadas e agrupadas da mesma forma que a A-1, nos possibilitando extrair assim de suas
analises uma maior quantidade de informação desejada.
42
TABELA 5:
2-Matrizes 3 0,76%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
300
50
TABELA 6:
3-Artefatos 6 1,52%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
300
250
200
0
1- Peças
brutas 2- Peças
utilizadas 3- Artefatos
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
44
4.3.3 MATÉRIA-PRIMA
Tabela 7:
Matéria-Prima – C-1
2-Quartzito 8 2%
10-Silex 2 0,5%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
45
160
1-Quartzo hialino
140
2-Quartzito
120
3-Quartzo Leitoso
100 4-Berilo
80 10-Silex
11-Quartzo Fume
60
12-Quartzito Impuro
40
20
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
4.3.4 CÓRTEX
TABELA 8:
Córtex
4-Total 3 0,76%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
46
250
200
1-Ausente
150
2-Menor que 50%
100 3-Maior que 50%
4-Total
50
0
1-Ausente 2-Menor 3-Maior 4-Total
que 50% que 50%
Gráfico 8: Córtex
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
A quadrícula D-1 possui um total de 263 peças, sendo que a mesma foi
agrupada e analisada da mesma forma que a A-1 e a C-1, segue abaixo a relação de suas
análises, juntamente com gráficos e tabelas do mesmo.
TABELA 9:
2-Matrizes 5 1,9%
3-Produtos De Talhe 0 0%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
300
50
Fonte: LAEP/UFVJM/2011
TABELA 10:
3-Artefatos 0 0%
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
300
250
200
0
1- Peças
brutas 2- Peças
utilizadas 3- Artefatos
Fonte: LAEP/UFVJM/2011
4.4.3 MATÉRIA-PRIMA.
TABELA 11:
Matéria-Prima - D-1
160
140
1-Quartzo hialino
120 2-Quartzito
100 3-Quartzo Leitoso
80 4-Berilo
10-Silex
60
11-Quartzo Fume
40 12-Quartzito Impuro
20
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
50
4.4.4 CÓRTEX.
TABELA 12:
Córtex - D-1
Quantidade Porcentagem
Córtex
240 91,25%
1-Ausente
17 6,46%
2-Menor Que 50%
5 1,9%
3-Maior Que 50%
1 0,38%
4-Total
263 100%
Total
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
250
200
1-Ausente
150 2-Menor que 50%
3-Maior que 50%
100 4-Total
50
Fonte: LAEP/UFVJM/2011
51
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
lembrar que esta análise compreende somente uma parte do repertorio material do sítio
Itanguá 02.
1000
800
1-Peças brutas
600
2-Peças utilizadas
400 3-Artefatos
200
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
A porção que compreende os materiais que não possuem córtex são as lascas
ou estilhas que foram retiradas no processo de produção das ferramentas, estando estas,
portanto mais no “interior” da rocha matriz (núcleo).
1000
800 1-Ausente
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
53
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
O motivo pelo qual foi decidido deixar este tópico por último é que nele pode-
se ater um pouco mais de atenção, por se tratar da incidência dos materiais, propriamente
ditos, encontrados durante a escavação do Sítio Itanguá 02.
Pode-se notar que suas peças foram basicamente produzidas por meio da
percussão direta, em especial a percussão direta dura, porém não se pode deixar de expressar
que o sítio Itanguá 02 apresenta materiais com indicações de percussão direta macia, que seria
o aparecimento de um lábio na porção proximal da peça (próximo ao ponto de impacto).
Por percussão direta Alonso e Rodet (2004) entendem que seu princípio é:
54
TABELA 13:
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
1000
1 – Percussão Macia
2 – Percussão Dura
500
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
TABELA 14:
Quanto à tipologia dos materiais, são basicamente 13 tipos que aparecem nesta
oficina lítica, de um total de 903 remanescentes líticos as estilhas possuem 510 (56,36%), os
resíduos somam um total de 329 (36,36%), as Lascas Brutas com Morfologias Completas são
um total de 30 (3,32%), os Núcleos e as Lascas Brutas sem Morfologia completas possuem
cada um 10(1,1%) materiais, os Seixos somam um total de 4 (0,44%), os Fragmentos de
artefatos possuem 3 (0,33%), os Artefatos sobre Lascas, os Plano Convexos e os Percutores
apresentam cada um 2 (0,22 %) peças e por fim observou-se que as Lascas Utilizadas com
Morfologia completa e as Utilizadas sem Morfologia completa possuem cada um 1
(0,11%)peça, e por fim, dentre os materiais encontrados no sítio, evidencia-se 1 ponta de
projétil (0,11%).
57
11-Resíduo
200
12 – Pontas de Projétil
15-Percutor (batedor)
100
16-Seixo
17-Fragmento de Artefato
0
Fonte: LAEP/UFVJM/2012
Retoques nos bordos (no caso do raspador plano-convexo, este possui retoques nos
bordos direito e esquerdo; quando se trata dos raspadores circulares os retoques são
finamente produzidos e circundam o artefato).
Tais retoques são produzidos finamente, e ao que tudo indica por pressão (no caso dos
raspadores circulares).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram escolhidas três quadrículas distintas para a análise (A-1, C-1 e D-1) que
em conjunto possuem 902 peças de um total aproximado de 6.000 peças recolhidas durante as
escavações, que apresentaram um pequeno pacote sedimentar, de aproximadamente 25 cm.
que pequena parte desta porção é constituída de núcleos, percutores e artefatos o que nos
fornecem dados que indicam que este sítio era utilizado como uma oficina de produção de
ferramentas líticas.
Quanto à relação do (s) grupo (s) que ocuparam este sítio possuíam com a
região, explicações funcionais puderam ser apresentadas, como a facilidade de obtenção de
matéria-prima para produção de ferramentas, obtenção de alimento e a segurança que o abrigo
pode prover de eventos naturais (como chuvas e vento).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ANDREFSKY, William Jr. The Analysis of Stone Tool Procurement, Production and
Maintenance. Springer Science+Busness Media. Published online: 19, Semptember, 2008.
FAGUNDES, Marcelo; LARA, Lucas de Souza; LEITE, Valdiney Amaral. Paisagem cultural
da área arqueológica de Serra Negra, Vale do Araçuaí – MG: os sítios do complexo
arqueológico Campo das Flores, municípios de Senador Modestino Gonçalves e
Itamarandiba. TARAIRIÚ – Revista eletrônica do laboratório de Arqueologia e Paleontologia
– UEPB. Campina Grande, PB. Ano III, Vol. 1, Nº. 05. P. 40 – 66, Set/Out. de 2012.
FUNARI, P. P. A. Como se Tornar Arqueólogo no Brasil. Revista USP, 44, 74-85, 2000.
MELO, Paulo Jobim de Campos. É Possível Perceber Evolução no Material Lítico Lascado?
O extremo das indústrias encontradas no vale do Rio Manso (MT). Habitus. Goiânia, MT; V.
4, Nº 2, p. 739 – 770; Julho/Dezembro; 2006.
MORAIS, José Luis de. A Propósito das Indústrias Líticas. In, Revista do Museu Paulista.
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. Volume XXXII, 1987.
MORAIS, José Luis de; apud SHEETS, P. D. Behavioral analysis and the structure of a
prehistoric industry. Current Anthrop., 16(3): 369-391, 1974.
MORAIS, José Luis de; apud TIXIER, J. (org.) Préhistoire et technologie lithique. Préhist. Et
Technologie-URA 28, Cahier 1, 1980. (TEC-MPR-FUN).
66
SCHMITZ, Pedro Ignácio. O Estudo das Indústrias Líticas, O PRONAPA, seus Seguidores e
Imitadores, in BUENO, Lucas & ISNARDIS, Andrei. Das Pedras aos Homens: Tecnologia
Lítica na Arqueologia Brasileira; Belo Horizonte, MG. Editora Argument, p. 21- 32; 2007.
SELLET, Frédéric. Chaîne Operatoire: The Concepts and its Applications. Lithic
Technology, Vol. 18. No. 1 & 2.
ANEXO 01
ANEXO 02
PRIMEIRA TRIAGEM
SEGUNDA TRIAGEM
1 Peças brutas
2 Peças utilizadas
3 Artefatos
TIPOLOGIA
13 PLACA
14 FRAGMENTO DE ARTEFATO
15 PERCURTOR (BATEDOR)
16 SEIXO
17 FRAGMENTO DISTAL DE LASCA
18 FRAGMENTO NATURAL
MATÉRIA-PRIMA
1 QUARTZO HIALINO
2 QUARTZITO (GALHO DO MIGUEL – PURO)
3 QUARTZO LEITOSO
4 BERILO (GOSHENITA)
5 ARENITO SILICIFICADO
6 SILEX (AVERMELHADO)
7 GRANITO
8 QUARTZO ROSA
9 BASALTO
10 SÍLEX (TONALIDADE MARROM)
11 QUARTZO FUMÊ
12 QUARTZITO IMPURO
13 HEMATITA/OCRE
14 FERRO
CÓRTEX
1 AUSENTE
2 MENOR QUE 50%
3 MAIOR QUE 50%
4 TOTAL
75
1 UM – UNIDIRECIONAL
2 DOIS – BIDIRECIONAIS PARALELOS
3 TRÊS
4 MÚLTIPLOS
CICATRIZES (NÚCLEOS)
1 Uma
2 Duas paralelas
3 Três
4 Múltiplas
1 GLOBULAR
2 QUADRANGULAR
3 TRIANGULAR
4 CÔNICO
ESTADO (NÚCLEOS)
1 ESGOTADO
2 NÃO ESGOTADO
1 DESCORTICAMENTO
2 DEBITAGEM
3 RETOQUE/ FAÇONAGEM
76
TECNOLOGIA
1 UNIPOLAR
2 BIPOLAR
3 TALHE
TALÃO
1 CORTICAL
2 LISO PLANO
3 PARCIAL
4 AUSENTE
5 DIEDRO
6 FACETADO
7 PUNTIFORME
RELAÇÃO ÂNGULOS
ESTRUTURA
1 QUADRANGULAR
2 RETANGULAR
3 TRAPEZOIDAL
4 TRIANGULAR
5 CIRCULAR
CORNIJA
1 SIM
2 NÃO
MARCAS
0 AUSENTE
1 SERRILHADOS
2 QUEBRAS
3 DENTICULADO
4 POLIMENTO
5 ABRASÃO
1 CORTICAL
2 UMA CICATRIZ CENTRAL
3 NERVURA CENTRAL
4 SEQUENCIA DE CICATRIZES
5 FÇONAGEM
6 RETOQUES
7 DISTAL CORTICAL
8 NERVURA EM V SEM RETIRADAS
78
ACIDENTES
1 ULTRAPASSAGEM
2 SIRET
3 BULBO CÔNCAVO DIFUSO
4 QUEBRA NO DISTAL
COMPRIMENTO X LARGURA