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GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. História e erudição.

In: NICOLAZZI, Fernando;


MOLLO, Helena Miranda e ARAÚJO, Valdei Lopes de. (Orgs.) Aprender com a
história? : o passado e o futuro de uma questão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011.
pp. 43-57.

44 Beatriz Sarlo afirma que o passado é captura do presente e não uma torrente de
lembranças pretéritas que se derrama sobre o presente das sociedades. Os arquivos
são a cada dia mais problematizados e pensados a partir de sua historicidade,
reconhecendo-se a sua condição de artefatos e construções históricas. A análise de
sua constituição é parte do processo de entendimento das possibilidades e formatos
que assume a escrita da história.
“De suporte de uma verdade reificada ou prova inconteste de eventos do passado,
os arquivos passaram a ser questionados em sua historicidade e em sua forma de
coletar indícios do passado”.
45 A afirmação da História como disciplina ao longo do século XIX tornou o trabalho
com as fontes primordial para definir a especificidade do ofício do historiador.
A partir do trabalho de arquivo, pôde-se evocar uma aprovação para a história
como uma ciência em vias de se afirmar. A partir de tal especificidade se delimitou
o campo de saber que fazia do passado objeto de especialistas aptos e que
dispunham de um monopólio de fala.
A história como ciência acabou por tornar-se a forma hegemônica de produzir
inteligibilidade sobre o passado, embora não a única. Outras formas de produção de
sentido a partir de narrativas sobre o passado como o romance histórico, a pintura e
os museus coexistiam.
O texto pretende investigar a emergência do conceito de história para os letrados
brasileiros da primeira metade do século XIX, buscando ver as apropriações
realizadas no sentido de constituir uma tradição que pudesse fundamentar um
projeto de escrita da história nacional.
A tradição nesse caso é entendida não como um legado passivamente recebido, mas
como uma escolha realizada em determinado presente.
46 O autor visa compreender as relações estabelecidas com uma longa tradição da
cultura ocidental relativa ao trabalho com textos escritos. Os estudos de Anthony
Grafton são uma referência.
47 A disputa por documentos do passado era parte de um desenho político em
elaboração, a guerra entre eruditos a serviço de Estados em processo de afirmação
na Europa. A justificativa para pretensões políticas dos monarcas deveria assentar-
se em documentação comprobatória. Assim, a mobilização de um saber
fundamentado nas premissas do antiquarianismo era imprescindível, ainda que se
fizesse em novas bases, as demandas políticas.

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