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; vA, Prof? Masta FLG 565 Geografia Agraria I Toxto 1 25, 06PI0S womans eeeyt ' novos caminhos da geografia ana fani alessandri carlos a A GEOGRAFIA AGRARIA E AS TRANSFORMACOES TERRITORIAIS RECENTES NO CAMPO BRASILEIRO* 10 de Oliveira” lA vida de viafante pode julgar uma época de transformasio a partir de sua propria gons- ‘gas produtivas socials e as relagoes dle produgaio. Marx deixou explicitada a demarcagio de se direta. Para Hegel, o processo de sob o nome de idéfa, transforma num st transposto e traduzido na cahega do homem.™ Na hist6ria do marxismo, entretanto, diferentes autores nao escaparam imunes & influéncia positivista, historicista ou mesmo racionalista, ¢ diferentes vertentes de pensamento foram gestadas em seu interior, De um lado, desenvolveu-se um marxismo pos vista, de outro. um historicista. E dbvio que a geografiae a geogra- fia agraria foram influenciadas por essas concepgoes. De uma for- ‘ma sintética, as divergéncias, embora ja tivessem sido colocadas", precisam ser agora retomadas. Oestudo da agricultura brasileira tem sido feito por muitos autores que expressam diferentes vertentes do pensamento marxis- ta. Alguns autores defendem o ponto de vista de que no Brasil hou- ye feudalismo, ou mesmo relagdes semifeudais de produgio. Por isso, eles advogam a seguinte tese: para que o campo se desenvol- ‘ya seria preciso acabar com essas relagdes feudais ou semifeudais © ampliar 0 trabalho assalariado no campo. Para esses autores, a uta dos camponeses contra os latifundisrios exprimiria o avanco da sociedade na extinedo do feudalismo. Portanto, a luta pela refor- ‘ma agrdria seria um instrumento que faria avangar o capitalismo no campo. Esses autores costumam afirmar inclusive que o capitalis- ‘mo esté penetrando no campo. Entre os principais estudiosos que seguem essa concepedo estio Maurice Dob", Nelson Werneck Sodré™, Alberto Passos Guimaraes”, Indcio Rangel etc. O livro Estudos de geografia agrdria brasileira, de Orlando Valverde”, apresenta esta interpretacao, que também esta presente nas teses de doutoramento de Miguel Gimenez Benites” Brasil central pecud- 70 rio: interesses e conflitos e na dissertagao de mestrado de Maria Aparecida Serapio Teixeira™: “A diversidade e diversidade dos produtores de leite: de pecuat empresirios”, defendidas aqui na Geografia da usp. Outra vertenie entende que o campo brasileiro ja esta se desen- volvendo do ponto de vista capitalista e que os camponeses tavelmente irdo desaparecer, pois eles seriam uma espécie de “resi duo” social que o progresso capitalista extinguiria. Ou seja, os ‘camponeses ao tentar produzir para o mercado acabariam indo & faléncia e perdendo suas terras para os bancos ou mesmo teriam «que vend8-las para saldar as dividas. Com isso, os camponeses tor- nar-se-iam proletdrios. Entre os principais pensadores dessa cor- rente esto Karl Kautsky", Vladimir I. Lenin’, Léo Huberman, Paul Sweezy", Caio Prado Jr", Maria Conceigao D’incao € Mel- lo", José Graziano da Silva", Ricardo Abramovay* etc. A maior parte dos trabalhos em geografia agratia tm por base essa concep- Gio. So exemplos dessa corrente a maioria dos artigos publicados nos anais dos encontros de geografia agréria e a maior parte das, teses ¢ dissertagdes defendidas na Geografia da Unesp-Rio Claro- SP e na UFRJ do Rio de Janeiro. Mas, talvez, pelo seu cardter emblematico, o trabalho de Ruy Moreira”. “O desenvolvimento do capitalismo e o lugar do campo no processo”, publicado na revista Terra Livre n® 1, seja um dos melhores exemplos dessa corrente na geografia agrétia. paraessas duas vertentes, na sociedad capitalista avan- «ad nao Ii lugar histérico para os camponeses no Futuro. Isso por- que a Sociedade capitalista € pensada por estes autores como sendo composta por apenas duas classes sociais: a burguesia (os capitalis- tas) ¢ 0 proletariado (os trabalhadores assalariados). E por isso que ‘muitos autores € mesmo partidos politicos nao assumem a defesa dos camponeses. Alguns acham mesmo que os camponeses so rea- cionérios, que “sempre ficam do lado dos latifundiirios” ete. Se isso realmente ocorre, preciso compreender 0 que esté acontecendo com essa classe social. Certamente, os camponeses, nfo tém encon- trado respaldo politico nesses partidos; alids eles “ndo fazem parte da sociedade” para esses autores e partidos. n ¥ Penso que esses autores “esqueceran Karl Marx em 0 capital: ” uma frase eserita por 0s proprietérios de mer na sociedade capi ‘Ouentende-se a questo no interior do proceso de desen to do capitalismo no campo, ou entéo continuar-se-4 a ver muitos autores afirmarem que os camponeses esto desaparecendo; entre~ tanto, 0s camponeses continuam latand para con esta questo é 0 aumento do ntimero de posseiros no Brasil. Em 1960, existiam 356.502 estabelecimentos agropecudrios controla- dos por posseiros. J4 em 1985, eles passaram para 1.054.542 esta- belecimentos. Exatamente nesse perfodo de grande desenvolvi- mento do capitalismo (sobretudo industrial) ocorreu no Brasil um aumento de mais de 196% dos estabelecimentos ocupados por pos- s. Se as teses da extingdo do campesinato, de fato, tivessem icativa, esses posseiros dever letarios. Mas nfo foi isso 0 que ocorreu, Os camp se proletarizarem, passaram a lutar para continuarem sendo o as teses sobre a compreensio do desenvolvi- ocorre é que esses autores tém umaconcepedo tedricaque derivade uma concepeao politica de transformagio da sociedade capi Partem do pressuposto de que a chegada a lismo s6 ser vel se a sociedade c: resse apenas duas classes sociais antag6nicas: o proletari iesia. Kestaconcepgdo que ess- es autores e partidos politicos tm procurado ii jerangas dos movimentos sociais a qualquer prego. Com isso causam mais confusio do que esclarecem essas liderangas, pois em vez de expli- n ‘car 0 que esté realmente acontecendo no campo, passam apenas te6rica de compreensio do desenvolvimento do capi ‘campo, 0 que ocorre na agricultura brasileira é um proce: ura brasileira deve ser feito levando-se et _produeZo no tertitério brasileiro € contradit quer dlr que, ao mesmo tempo qu esse desenvol implantando 0 fia), ele (0 z wriamente, relacdes camponesas de producao (pela presenga ¢ aumento do trabalho familiar no campo). Entre os mais imp s pensadores dessa correnie estio Rosa de Luxembut formagbes que esto ocorrendo na agri neste final do século xx. A LOGICA DA CONSTRUCAO DO TERRITORIO preensio dos processos de desenvolvimento do modo capitalistade producdo mundial, Esse procedimento passa necessariamente pelo 73

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