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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS 2


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
ECONOMIA BRASILEIRA 2

Resumo Capítulo 7 do livro “Economia Brasileira Contemporânea do


Giambiagi: “Estabilização, Reformas e Desequilíbrios Macroeconômicos: Os anos
FHC.”

Fernando Henrique Cardoso tinha claro duas coisas quando foi eleito
democraticamente presidente do Brasil. O primeiro ponto dizia respeito as constantes
turbulências políticas na história do país desde a sua redemocratização, principalmente
conseguir terminar seu mandato democrático no tempo estipulado, ponto que não ocorria
no Brasil desde a transição pacífica entre Kubitschek e Jânio. E a outra era a vitória contra
a inflação, no período de redemocratização diversas tentativas de planos de estabilização
não tiveram êxito, com isso o a estabilização do Plano Real era um objetivo a ser
cumprido. O resumo tratará dos dois períodos de governo do FHC, as reformas do
período, as privatizações e um anexo do sentimento de uma certa frustração no final da
gestão.

O governo eleito já entra com forte pressão por conta do histórico econômico
dos últimos dez anos, além da pressão inflacionária, o superaquecimento da economia e
uma provável rápida deterioração da balança de pagamentos, fez com que o governo
reagissem com um conjunto de medidas: uma desvalorização de 6% em relação à taxa de
câmbio e um aumento da taxa de juros de 3,3% para 4,3%. Essas medidas incentivaram
os investidores internacionais retornarem ao país para investir dado o aumento da taxa de
juros e a queda da inflação ao longo de quatro anos consecutivos.

Mesmo com a vitória do Plano Real em relação ao controle de inflação, dois


problemas macroeconômicos eram observados e se agravavam: o desequilíbrio externo
crescente dado pelo grande aumento das importações com uma taxa média de 21,8% a.a.
entre 1995-1997, em contraposição a um desempenho não tão bom das exportações dado
por um crescimento de apenas 6,8% a.a. no mesmo período; e uma crise fiscal dada por
um déficit primário do setor público consolidado, um déficit público de 7% do PIB e uma
dívida pública crescente.
No primeiro governo de FHC o desgaste da âncora cambial foi um dos principais
instrumentos da política econômica. Embora no início ela apresentou resultados positivos
no controle da inflação, no período seguinte ela já mostrava os seus desgastes e
problemas. Havia a necessidade de compensação do déficit externo através da entrada de
capitais através das altas taxas de juros, porém essa opção começou a gerar despesas
financeiras significativas. Essas despesas pressionavam o aumento da relação dívida
pública/PIB. Quando o resto do mundo deixou de financiar o Brasil a partir do segundo
semestre de 1998 essa política econômica já não podia mais ser sustentada, dessa forma
a rolagem da dívida interna passou a ser feita a taxas de juros proibitivas. Com essas
problemáticas a situação fiscal se agravou e foi nesse contexto que se encerrou o primeiro
mandato do FHC.

O início do segundo mandato de FHC foi marcado pela inevitabilidade da


desvalorização cambial que acabou acontecendo em janeiro de 1999, essa desvalorização
ocorreu pela dificuldade do governo firmar um acordo com o FMI. Porém quando
Armínio Fraga começou a presidir o Banco Central a situação começou a mudar, suas
primeira providências foram a elevação da taxa de juros e o início de estudos para a
adoção do sistemas de metas de inflação. Outro ponto importante da época foi a
possibilidade de renegociar o acordo com o FMI já em um novo cenário, com isso foi
necessário ampliar o superávit primário, levando a um forte aperto fiscal de 1999 a 2002.
Além disso foi observado uma retomada no crescimento a partir de 1999 que só viria a
ser freado em 2001 por conta das crises que rodaram o segundo mandato do governo
FHC.

Em 2001 a economia brasileira foi prejudicada por conta de alguns eventos


combinados: a crise energética, a diminuição da entrada de capitais por conta do
“contágio argentino” e os atentados terroristas de 11 de setembro. Essa junção de eventos
fez o risco país aumentar, fazendo com que houvesse uma menor disponibilidade de
capitais para o país, o que acabou afetando os juros domésticos. Porém o que se pode
ressaltar no período é que o balanço foi ambíguo, porque por mais que o crescimento
permaneceu baixo e as taxas de juros reais elevadas; a balança comercial apresentou uma
melhoria e por conta do ajuste fiscal do período houve uma melhora do resultado primário
na ordem dos quase 4% do PIB.
O período FHC tiveram marcas importantes, a primeira foi a estabilização e a
segunda as reformas. Reformas já iniciadas no governo do Collor, dando assim
continuidade ao movimento iniciado anteriormente.

As privatizações tendo como ênfase as áreas de telecomunicações e energia,


transferiu para o setor privado empresas que apresentavam déficits ou empresas
superavitárias com níveis inadequados de investimento. Porém se olhar mais afundo os
objetivos principais acabaram se sobrepondo a outros, como a necessidade de atrair
capital estrangeiro e a garantia das vendas controlassem os desequilíbrios das contas
correntes. Por mais que grandes quantias entraram nos cofres públicos, a avaliação de
todo o processo não deixa de ser ambivalente. Pelo lado positivo observou-se o impacto
que o dinheiro fez na dívida pública, sem elas a dívida seria maior ainda; a empresas
ficaram em melhor situação financeira depois das privatizações; em alguns setores
observou-se a queda dos preços e melhor agilidade no serviço como por exemplo no setor
de telecomunicações. Do lado negativo observa-se que os resultados finais ficaram aquém
do que os promovidos pelo governo, principalmente por alegarem que os investimentos
sociais iria aumentar o que não ocorreu e os problemas regulatórios em principal no setor
energético que desencadeou a crise de energia de 2001.

As outras reformas do governo foram o fim dos monopólios estatais nos setores
de petróleo e telecomunicações, a mudança no tratamento do capital estrangeiro através
de emenda constitucional, saneamento do sistema financeiro, reforma da previdência que
se deu em duas etapas, renegociação das dívidas estaduais, aprovação da lei de
responsabilidade fiscal, ajuste fiscal, criação de agências reguladoras de serviços de
utilidade pública e o estabelecimento do sistema de metas de inflação.

As políticas sociais também estiveram presentes principalmente no segundo


governo do FHC. Algumas ações importantes a se destacar: garantia de um salário
mínimo a idosos e deficientes, independentemente de contribuição prévia; o bolsa escola
que garantia benefícios às famílias com crianças na escola; o bolsa renda que tinha
público-alvo as famílias pobres que enfrentavam o problema da seca; o bolsa alimentação
que atendia gestantes na fase de amamentação; o auxílio gás que era um subsídio para
famílias custearem o botijão de gás; e o PETI que retiravam crianças do trabalho e davam
bolsas de estudo para elas estudarem.
Por mais que essas tentativas econômicas fossem executadas para enfrentar o
duplo desequilíbrio mediante o ajuste fiscal, em 2002 o Brasil não era percebido como
um caso de sucesso, nem pelos mercados e nem pela população. O aumento da dívida
pública entre 1994 e 2002 apresentou aumento em todos os anos, porém esse aumento
tem diferenças do primeiro para o segundo mandato do FHC. No primeiro o aumento se
deu por razões fiscais, no segundo a dívida de origem fiscal caiu, porém o aumento total
se deu pela variação dos ajustes patrimoniais de 18% entre 1998 e 2002.

Conclui-se que como saldo positivo o FHC deixou: um tripé de políticas (metas
de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal) que no futuro poderiam render inflação
baixa e equilíbrios externo e fiscal; mudanças estruturais importantes como a LRF, a
reforma da previdência, o ajuste fiscal nos estados, o fim dos monopólios estatais. Porém
faltou FHC fazer uma reforma tributária, desenvolver o mercado de crédito e superar a
vulnerabilidade externa do país.

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