You are on page 1of 31

OPTATIVA II

BARRAGENS E ESTRUTURAS CIVIS


ANEXAS
ENGENHARIA CIVIL – 10° PERÍODO (TURMA 2)

AULAS 01 e 02 – INTRODUÇÃO

Prof. Daniel Miranda


Belo Horizonte, 23 e 30 de julho de 2014
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

• INTRODUÇÃO:
– Definições;
– Barragens como obras imponentes;
– As barragens e os engenheiros civis;
– Barragens como obras singulares;

• A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS:


– Primeiras barragens e civilizações antigas;
– Situação atual e futura;

• O CONTEXTO BRASILEIRO:
– Breve histórico;
– A hidroeletricidade nos anos recentes.
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES
• Barragens, barramentos ou paramentos são estruturas construídas transversalmente
aos cursos de água, com o objetivo de modificar o fluxo, pela necessidade de elevação do
nível de água e/ou para acumular volumes com finalidades como derivação das águas,
controle de cheias, geração de energia, lazer etc.;

• Barramento é todo maciço cujo eixo principal esteja num plano que intercepte um curso
de água e respectivos terrenos marginais, alterando suas condições de escoamento
natural, formando reservatório de água a montante, o qual tem finalidade única ou múltipla
(Portaria DAEE 717/96);

• Barragens são obras de represamento das águas de um rio, criando um desnível do


plano da água entre montante e jusante. As barragens podem servir para a regularização
das vias navegáveis, a irrigação das plantações, a produção de energia elétrica, entre
outros (Dicionário Online de Português).
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES
• De maneira geral e na maior parte dos casos, a altura da barragem ultrapassa o nível de
água alcançado pelo rio durante os períodos de fortes cheias;

• Fundamentalmente, as barragens possuem dois efeitos característicos:

• O volume acumulado devido à existência da barragem pode frequentemente conter


uma parcela significativa dos aportes de água;

• A barragem sobreleva o nível da lâmina d’água a montante.


INTRODUÇÃO
BARRAGENS COMO OBRAS IMPONENTES
• As barragens constituem as obras mais imponentes já criadas pelo homem na nossa
era. Da mesma forma que no caso dos monumentos da antiguidade e das catedrais da
Idade Média, o tempo de concepção e execução dessas obras pode ser bastante
expressivo;

• De fato, é muito comum que o período decorrido desde os primeiros esboços até a
inauguração do empreendimento seja de 10 a 30 anos, ou até mais;

• A significativa duração das etapas de projeto e construção e os impactos causados ao


meio ambiente dada a grandiosidade do empreendimento a ser implantado é
normalmente fonte de controvérsias, e até mesmo conflitos, entre os promotores e
defensores de interesses distintos.
INTRODUÇÃO
AS BARRAGENS E OS ENGENHEIROS CIVIS
• As barragens veiculam uma parte importante da imagem de um engenheiro civil e da
empresa de projeto e execução encarregada de executar a obra;

• Por esta razão, um engenheiro de barragens terá realmente o sentimento de colocar em


prática um empreendimento excepcional, muitas vezes a obra de sua vida, no momento
em que se habilita a participar da realização de tal monumento;

• Entretanto, a imagem associada ao engenheiro de barragens modificou-se ao longo dos


anos. As grandes barragens construídas na primeira metade do século XX eram
associadas normalmente a um profissional de renome. Atualmente, esse mesmo
engenheiro deve integrar-se a uma equipe multidisciplinar composta também por
geólogos, eletromecânicos, ambientalista, economistas, dentre outros muitos profissionais
envolvidos.
INTRODUÇÃO
BARRAGENS COMO OBRAS SINGULARES
As barragens são consideradas obras de engenharia civil singulares pelos seguintes
aspectos:

• Elas estão associadas a um grande número de parâmetros e de dados. São estruturas


complexas que devem ser tratadas como sistemas. Não há um procedimento
previamente estabelecido para determinar a melhor solução a ser concebida. O
procedimento é pragmático, evolutivo, sistemático e recursivo. As etapas de projeto e
execução demandam a consideração de uma série de premissas que vão sendo pouco a
pouco aperfeiçoadas e verificadas;
INTRODUÇÃO
BARRAGENS COMO OBRAS SINGULARES
As barragens são consideradas obras de engenharia civil singulares pelos seguintes
aspectos:

• O comportamento de uma barragem durante seu ciclo de vida é complexo. Isto é


influenciado por diversos fenômenos e fatores mais ou menos conhecidos: a modificação
das características dos materiais (envelhecimento), o comportamento da fundação
(normalmente pouco conhecido), as condições meteorológicas e térmicas (variáveis), os
efeitos químicos da água, as solicitações sísmicas (imprevisíveis), os riscos hidrológicos e
o modo de utilização e exploração do reservatório;
INTRODUÇÃO
BARRAGENS COMO OBRAS SINGULARES
As barragens são consideradas obras de engenharia civil singulares pelos seguintes
aspectos:

• Por fim, as exigências quanto à segurança das barragens são extremas. As


exigências refletem-se em todas as fases de um projeto: a concepção, a realização
(construção) e a exploração. O período de exploração do empreendimento é certamente o
mais sensível em termos de segurança para a população. Por esta razão, quase todos os
países do mundo prescreveram regras institucionais para monitoramento dessas
obras através de um programa de auscultação permanente e análise de seu
comportamento.
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
PRIMEIRAS BARRAGENS E CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
• As primeiras barragens importantes foram concebidas junto às primeiras civilizações da
antiguidade, em particular na China, no sul da Ásia e na Mesopotâmia;

• O objetivo dessas barragens era de se criar um reservatório com fins de irrigação e


abastecimento humano;

Barragem de Achaemenid (Irã) – cerca de Barragem no Iêmen (sítio arqueológico) –


2500 anos. parte do sistema de irrigação e controle
de chuvas de monções sazonais.
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
PRIMEIRAS BARRAGENS E CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
VALE DO NILO – SADD-EL-KAFARA:

• Segundo Heródoto (484-425 a.C), o Egito é uma dádiva do Nilo;

• De 5000 a 3000 a.C., a agricultura não era dependente da irrigação;

• Primeiros diques de proteção contra as cheias próximo a Memphis (sul do Cairo) em


2900 a.C.;

• Primeira grande barragem do mundo (próximo a Memphis): Sadd-el-Kafara (sadd:


barramento em árabe), construída em 2600 a.C. (início do período de construção das
pirâmides);

• Dimensões: 14 metros de altura, 113 metros de comprimento de crista, 500.000 m³


de volume máximo do reservatório e 87.000 m³ de materiais empregados;

• Finalidade: reter água durante os períodos de cheia (agosto a novembro) para


utilização na irrigação durante os períodos de estiagem.
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
PRIMEIRAS BARRAGENS E CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
VALE DO NILO – SADD-EL-KAFARA:
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
PRIMEIRAS BARRAGENS E CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
BARRAGENS DE IRRIGAÇÃO NO IÊMEN:

• Durante o governo de Sabá (século VIII a.C. até 275 d.C.), a agricultura no Iêmen
prosperou consideravelmente devido a um avançado sistema de irrigação que consistia
em grandes túneis de água nas montanhas e barragens;

• Primeiras barragens no rio Danah datam de 1500 a.C;

• O mais impressionante desses trabalhos trata-se da represa de Ma’rib, construída em


700 a.C. na capital do Reino de Sabá, Ma’rib, situada a 120 km a leste de Sana (atual
capital);

• Responsável pelo provimento de água para irrigação de cerca de 101 km² de solo e que
perdurou por mais de um milênio;

• Colapso da estrutura em 570 d.C, após séculos de negligência;

• A destruição final da barragem é citada no Alcorão e a consequente falha no sistema de


irrigação provocou a migração de aproximadamente 50 mil pessoas.
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
PRIMEIRAS BARRAGENS E CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
BARRAGENS DE IRRIGAÇÃO NO IÊMEN:

Barragem de Ma’rib:

• Maciço de terra com 700 metros de comprimento e 20 metros de


altura;

• Impressionantes extravasores de cheia em alvenaria;

• Volume formado pelo reservatório de 30 milhões de m³ (15% da


QMLT);

• Ruptura final após 1300 anos de serviço no século VII d.C..


A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
PRIMEIRAS BARRAGENS E CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
BARRAGENS DE IRRIGAÇÃO NO IÊMEN:

Barragem de Ma’rib:
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
SITUAÇÃO ATUAL E FUTURA
• O desenvolvimento e construção de grandes barragens começou efetivamente após o
processo de industrialização no final do século XIX e com o crescimento demográfico das
cidades;

• De acordo com o ICOLD (International Comission on Large Dams, 1998), o número de


barragens com mais de 15 metros construídas em todo o mundo cresceu
substancialmente no século XX, sobretudo nos países de clima tropical com elevadas
taxas de precipitação, dentre os quais, o Brasil;

• Em 1900, havia 427 grandes barragens (h > 15m) em todo o mundo;

• Em 1950, eram 5.268 grandes barragens;

• Em 1986, cerca de 39.000 barragens;

• Em 1998, eram mais de 45.000 barragens cadastradas com altura superior a 15 metros
(contados a partir da fundação do maciço);

• Detalhe: cerca de 21.600 barragens só na China!! Apenas 5.191 cadastradas.


A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
SITUAÇÃO ATUAL E FUTURA

Número de barragens por país:


• Somente os Estados Unidos
possuem 26% do total de
barragens cadastradas no mundo;
• Cerca de 75% das barragens
chinesas não estão contabilizadas
nesse cadastro;
• Os dez primeiros colocados em
números de barragens detêm
78% do total;
• O Brasil representa apenas 2%
no ranking mundial de barragens
com altura superior a 15 metros.

Fonte: ICOLD, 1998


A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
SITUAÇÃO ATUAL E FUTURA

Barragens mais altas do mundo:


• Destaque para Tajiquistão, Irã,
China, Suíça e México, cujos
maciços construídos ultrapassam 260
metros de altura.

Fonte: ICOLD, 1998


A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
SITUAÇÃO ATUAL E FUTURA
Barragens mais antigas do mundo:
• A Barragem de Proserpina, na
Espanha, foi construída em 130 e é
considerada a mais antiga barragem do
mundo na atualidade;
• Declarada ‘bem de interesse cultural
espanhol’, além de fazer parte do
conjunto arqueológico de Mérida e de
ser patrimônio mundial da UNESCO.

Fonte: ICOLD, 1998


A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
SITUAÇÃO ATUAL E FUTURA
• Atualmente, a construção de grandes barragens no Brasil e no mundo mostra-se
bastante limitada por restrições diversas, em destaque para a questão ambiental, o que
demanda um esforço considerável por parte desses países;

• De modo geral, os países que mais constroem barragens na atualidade são a China, o
Irã, a Turquia e o Japão;

• O Brasil aparece na 11ª colocação dentre os barramentos em construção com


mais de 60 metros de altura, com 5 projetos sendo executados, e em 4º lugar no
ranking que leva em conta as barragens com altura superior a 150 metros
(Referência: 2006).
A EVOLUÇÃO E O FUTURO DAS BARRAGENS
SITUAÇÃO ATUAL E FUTURA

Altura > 60 m Altura > 150 m


1 China 95 1 China 19
2 Turquia 51 2 Irã 6
3 Irã 48 3 Turquia 5
4 Japão 40 4 Brasil 3
5 Vietnã 18 5 Índia 2
6 Índia 10 Laos 2
Espanha 10 Argentina, Colômbia,
8 Birmânia (Myanmar) 7 Equador, Etiópia,
9 Itália 6 Geórgia, Grécia,
Arábia Saudita 6 7 Islândia, Japão, 1
11 Brasil 5 Malásia, México,
Rússia 5 Paquistão, Rússia e
13 Coreia do Sul 4 Usbequistão
Marrocos 4 Total no mundo 50
Romênia 4
Grécia 4
17 Outros países 47
Total no mundo 364

Fonte: Schleiss, 2006


O CONTEXTO BRASILEIRO
BREVE HISTÓRICO
• As barragens surgiram no Brasil em decorrência da necessidade de se usufruir dos
benefícios do uso múltiplo dos recursos hídricos para a população brasileira;

• As primeiras barragens construídas no Brasil com esse propósito foram na região


Nordeste, a partir de 1887, onde o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(DNOCS) teve um papel importante com a construção de açudes para irrigação,
abastecimento de água das cidades e pequenos núcleos populacionais.

• Além da contribuição nos métodos construtivos das barragens, principalmente as de


maciços de terra, houve um grande desenvolvimento nas áreas de hidrologia e
meteorologia;

• O desenvolvimento do setor elétrico brasileiro deu-se a partir de 1950. O primeiro


trabalho de inventário dos rios da Região Sudeste foi elaborado pela Canambra
Engineering Consultants Limited, grupo de grande competência que colaborou,
juntamente com algumas empresas brasileiras, na formação dos engenheiros brasileiros
na área de recursos hídricos e projetos de barragens;
O CONTEXTO BRASILEIRO
BREVE HISTÓRICO
• Os técnicos brasileiros foram influenciados principalmente pelas organizações
estadunidenses US Bureau of Reclamation e US Army Corps of Engineers;

• Paralelamente, foram criados vários centros de pesquisa para dar suporte tecnológico
aos empreendimentos em construção e surgiram no país grandes empresas construtoras
de barragens;

• Constituiu parte da estratégia de expansão do parque gerador de energia elétrica ao


longo dos anos o surgimento das empresas subsidiárias da ELETROBRAS, FURNAS,
CHESF, ELETRONORTE e ELETROSUL, bem como as dos estados de Minas Gerais
(CEMIG), São Paulo (CESP), Rio Grande do Sul (CEEE) e Paraná (COPEL);

• Destacam-se a construção da usina de Itaipu Binacional, pertencente ao Brasil e ao


Paraguai, e a construção da usina de Tucuruí (PA), a maior hidrelétrica brasileira, dotada
de eclusas para a navegação no rio Tocantins.
O CONTEXTO BRASILEIRO
BREVE HISTÓRICO
O CONTEXTO BRASILEIRO
A HIDROELETRICIDADE NOS ANOS RECENTES
• Em 1996, através da Lei 9427, uma importante modificação ocorreu no setor elétrico
com a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);

• Pouco depois foi instituída a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Operador Nacional
do Sistema (ONS), entidade, teoricamente privada, que atua na coordenação e no
controle da operação das geradoras e dos sistemas de transmissão;

• Devido ao sistema ser atualmente interligado em boa parte do território nacional, as


novas hidrelétricas, além de suprirem energia na sua região, promovem benefícios para
outras áreas;

• Em novembro de 2008, a capacidade instalada no Brasil era de 104.816 MW em 1768


usinas geradoras, das quais 706 eram hidroelétricas, 1042 termoelétricas e duas
termonucleares;

• Em abril de 2011, a capacidade total instalada no país passou a ser de 112.398 MW;
O CONTEXTO BRASILEIRO
A HIDROELETRICIDADE NOS ANOS RECENTES
• Desde a última década do século XX, um grande número de investidores têm atuado na
implementação de pequenas centrais hidroelétricas até o limite de 30 MW instalados;

• As novas hidroelétricas de Jirau e Santo Antônio, situadas no rio Madeira, a montante de


Porto Velho, possuem no seu conjunto cerca de 6.900 MW instalados

• Além disso, encontra-se em construção a hidroelétrica de Belo Monte, que terá a


capacidade instalada de 11.233 MW no rio Xingu, um dos maiores tributários do rio
Amazonas. Esse aproveitamento está sendo estudado há mais de trinta anos;

Obras do AHE de Jirau, no rio Madeira

You might also like