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Fernando Pessoa, ele era também Álvaro de Campos, e Alberto Caeiro, e Ricardo Reis,
pronto, já cá faltava o erro, a desatenção, o escrever por ouvir dizer, quando muito bem
sabemos, nós, que Ricardo Reis é sim este homem que está lendo o jornal com os seus
próprios olhos abertos e vivos, médico, de quarenta e oito anos de idade, mais um que a
idade de Fernando Pessoa quando lhe fecharam os olhos, esses sim, mortos, não deviam
ser necessárias outras provas ou certificados de que não se trata da mesma pessoa, e se
ainda aí houver quem duvide, esse vá ao Hotel Bragança e fale com o senhor Salvador,
que é o gerente, pergunte se não está lá hospedado um senhor chamado Ricardo Reis,
médico, que veio do Brasil, e ele dirá que sim. (Cap. II)
Resumo da obra
Sequência • Encontro entre Reis e Pessoa num café: diálogo sobre política, a propósito
VII da vitória da esquerda em Espanha.
• Escrita de uma carta confusa a Marcenda, sendo que esta responde que o
irá visitar no consultório.
• Encontro de Reis e Pessoa junto à estátua do Adamastor: diálogo sobre a
efemeridade da vida e sobre a relação do médico com as duas mulheres.
Sequência
XIII
• Visita de Lídia a Ricardo Reis.
• Pedido de casamento de Reis a Marcenda, que esta recusa.
• Receção da carta de Marcenda, que diz a Reis que nunca mais se irão ver
e que irá em peregrinação a Fátima, em maio.
Sequência
XIV
• Ida de Reis a Fátima, numa tentativa infrutífera de encontrar a filha do Dr.
Sampaio.
• Pensamentos de Reis sobre o seu regresso ao Brasil, após saber que o
colega que estava a substituir irá voltar ao ativo.
Sequência
XV • Visita de Pessoa – diálogo sobre a vigilância que a PVDE impôs a Reis,
sobre as relações amorosas de ambos (Ofélia/Lídia e Marcenda); sobre o
destino e sobre a ordem política.
• Reis dedica um poema a Marcenda.
• Conversa entre Lídia e Reis – esta informa-o de que está grávida e de que
Sequência irá ter a criança.
XVI
• Conversa entre Pessoa e Reis – este confessa àquele que está abalado com
a notícia de que vai ser pai e que ainda não decidiu se irá ou não assumir a
paternidade. Também refletem sobre o regime
Sequência • Visita de Reis a Pessoa, no Cemitério do Alto dos Prazeres – diálogo sobre
XVII o golpe militar espanhol.
• Inquietações de Lídia quanto ao seu papel na vida de Reis.
Sequência • Presença de Reis num comício no Campo Pequeno, de apoio aos regimes
XVIII totalitários.
(1) O romance não apresenta, formalmente, uma estruturação por capítulos. Por uma questão didática, optámos por referir
essas divisões na obra. Todas as citações e O Ano da Morte de Ricardo Reis seguem a edição da Porto Editora, 2016.
► Representações do amor
A obra apresenta um curioso triângulo amoroso, cujo vértice, o poeta das Odes, é incapaz
de tomar uma atitude mais ativa, movendo-se entre o desejo carnal que o impele para a
sábia e ousada Lídia e o impulso afetivo que o leva a seduzir a virgem Marcenda.
Para além disso, parece haver neste Reis que se quer demarcar da sua condição de
heterónimo e conquistar uma individualidade própria uma certa incapacidade para
exprimir sentimentos, uma certa incapacidade para amar, daí que seja incapaz de retribuir
o amor que Lídia tem por ele. Sintomática desta frieza sentimental é a forma como reage
à notícia de que vai ser pai.
Não obstante a dualidade de atuação de Reis, que ora se sente atraído por esta mulher, ora
se mostra indiferente, devido aos preconceitos sociais, Lídia revela-se determinada na
forma como comunica a Reis a sua decisão de não abortar, independentemente da decisão
do médico.
Na chegada ao Hotel Bragança, Reis sente um fascínio por uma jovem tímida,
acompanhada por seu pai, e que possui uma mão inerte. Marcenda, nome próprio retirado
de uma ode de Ricardo Reis e que significa “a que irá murchar”, está condenada a ser
prisioneira desse membro inútil, que acaricia como um animalzinho doméstico.
Virgem e recatada, conhece o contacto físico com um homem através do beijo que Reis
lhe dá. Recusa, porém, o pedido de casamento deste, argumentando que não seriam
felizes, o que revela que, tal como Reis, tem dificuldade em assumir compromissos.
Ricardo Reis:
Fernando Pessoa:
• falecido aos 47 anos, a 30 de novembro de 1935, tem nove meses para circular pelo
mundo dos vivos;
• veste um fato preto completo, “como se estivesse de luto ou tivesse por ofício enterrar
os outros”.
Lídia:
• solteira, 23 anos, destaca-se pelo facto de a sua mão esquerda estar “morta” –
simbolismo do antropónimo (marcere – murchar, tornar-se fraco);
• órfã de mãe, vem todos os meses a Lisboa com o pai, aparentemente devido ao
acompanhamento médico da sua mão;
• educada e de boas famílias, Marcenda tem uma postura exemplar, apesar de ser inocente
e inexperiente, resignando-se à sua condição clínica (sem solução);
• recusa ter um envolvimento mais profundo com Ricardo Reis.
Outras personagens
Dr. Sampaio:
Salvador:
• nos diálogos que mantém com Reis, mostra-se interessado pelas novidades do mundo e
pela vida do interlocutor, que comenta de modo irónico e cínico;
• revela-se crítico, assumindo todavia posições diferentes das que tinha em vida,
nomeadamente no que respeita à solidão, à dualidade vida/morte, à paternidade e à atitude
do “poeta fingidor”.
Os criados do hotel:
• Pimenta é o “empregado, moço dos recados e homem dos carregos” do Hotel Bragança.
Revela-se bom profissional e extremamente dedicado ao hotel, cumprindo todas as ordens
do gerente Salvador;
• Ramon é o empregado de mesa galego que, ocasionalmente, conversa com Ricardo Reis.
Outras personagens
Representação do amor
Reis/Lídia
• Relação intermitente e marcada pelo envolvimento carnal.
• Sentimento amoroso de Lídia não correspondido por Reis, que ora se sente atraído, ora
repudia a humilde criada do hotel.
• Relação sem futuro devido às diferenças sociais, mas que dará um fruto – o filho que
Lídia escolhe ter, ainda que Reis não manifeste qualquer tipo de apoio.
Reis/Marcenda
• Relação mais platónica que física, apesar de Reis beijar Marcenda (o primeiro beijo
que esta recebera).
• Sentimento de proteção que Marcenda desperta em Reis, que tem um fascínio inicial
pela sua frágil mão inerte.
• Relação sem futuro, sem que a jovem ceda à sedução do médico, recusando o seu
pedido de casamento.
► Representações do século XX
Ancorada nos instáveis anos de 1935 e 1936, a ação deste romance traz para a narrativa
o “espetáculo do mundo” a que Reis e o fantasma de Pessoa assistem e comentam,
quando se encontram e dialogam sobre o impacto dos regimes fascistas, mas também
sobre as revoltas de origem comunista, um pouco por toda a Europa, como Espanha,
Itália, Alemanha, França e Brasil, para além de Portugal.
• Espanha: referência à crise política que conduz ao golpe militar fascista, do general
Franco, em julho de 1936, e que desemboca numa sangrenta guerra civil (1936-39). As
forças sob o domínio de Franco derrubaram o governo republicano de regime democrático
da ala esquerda com coligação comunista (cf. Capítulos VII, XIII e XVIII).
• Itália: referência ao poderio económico italiano, que procurava alargar o seu território
com a anexação da Etiópia (hegemonia europeia) sob a chefia de Benito Mussolini, líder
do Partido Nacional Fascista (cf. Capítulos I, XIII e XIV).
• França: referência à luta da esquerda (Frente Popular) na conquista do poder (cf. capítulos
VI, XVII).
Assim, a par das tensões vividas nos diferentes países, são referidos outros
acontecimentos marcantes do século XX, tais como: a proclamação da República (1910);
a Primeira Guerra Mundial (1914); a Revolução de 28 de maio e consequente instauração
da Ditadura Militar; a nomeação de Salazar para Ministro das Finanças, em 1928; ou
ainda a projeção do que seria o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939.
As informações políticas surgem nos jornais que Reis lê, ávido de informação, embora as
notícias circulem lentamente. Também é possível verificar a importância que Fátima
assume enquanto local de peregrinação nos anos 30.
O espaço da cidade
Em dezembro de 1935, ao desembarcar em Lisboa, Ricardo Reis não tem ideias firmes
quanto ao seu futuro, tal como a ordem dada ao motorista atesta: “para um hotel”,
qualquer hotel, acrescentando depois “que fique perto do rio”. Nas deambulações que
empreende, Reis perde-se numa capital labiríntica, soturna, onde chove muito. E é curioso
que este dado é, afinal, um facto, já que, em entrevista, em 1986, Saramago refere a
investigação que fez sobre esses anos de 1935-36, confirmando que a chuva não é apenas
um elemento ficcional, mas também histórico, visto que estes foram anos de grande
pluviosidade em Portugal, o que adensa a atmosfera difusa, confusa e até sinistra da
cidade, como se fosse um fantasma por onde outro(s) fantasma(s) deambula(m):
Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm
turvas de barro, há cheia nas lezírias. […] Por trás dos vidros embaciados de sal, os
meninos espreitam a cidade cinzenta, urbe rasa sobre as colinas, […] salvo se tudo isto é
ilusão, quimera, miragem criada pela movediça cortina das águas que descem do céu
fechado. […] Por gosto e vontade, ninguém haverá de querer ficar neste porto.
Mas a investigação não fica por aqui, por isso, ao acompanhar os passos erráticos de Reis,
o leitor está a percorrer de forma bastante rigorosa as subidas, descidas e miradouros de
Lisboa, com abundantes referências históricas aos anúncios comerciais e
propagandísticos da época, aos pormenores das ruas e ruelas e à vida quotidiana, o que
confere cor local. Em termos de microespaços exteriores da capital, destacam-se: Rossio,
Baixa, Cais do Sodré, Rua do Alecrim, Largo de Camões, Alto de Santa Catarina e
Chiado.
No entanto, Lisboa não é apenas um espaço físico, mas também social, uma capital feita
de contrastes, como já Cesário Verde tinha revelado em “O Sentimento dum Ocidental”:
ao fausto dos cafés da moda e dos teatros impõe-se a pobreza dos bairros sociais; ao
burguesismo confortável impõe-se a miséria de quem tem de recorrer ao “Bodo do
Século”; à alegria das celebrações do Ano Novo (Cap. III) e do Entrudo (Cap. VII) impõe-se
a tristeza do real e a fome real:
Ricardo Reis gastou a tarde por esses cafés, foi apreciar as obras do Eden Teatro, […] o
Chave de Ouro que está para inaugurar, é patente a nacionais e estrangeiros que Lisboa
vive atualmente um surto de progresso que em pouco tempo a colocará a par das grandes
capitais europeias, nem é de mais que assim seja, sendo cabeça de império. (Cap. V)
[…] O senhor doutor já teve ocasião de ver que espécie de gente é o povo deste país […]
aquela multidão à espera do bodo, e se quiser ver mais e melhor vá por esses bairros, por
essas paróquias e freguesias, veja com os seus olhos a distribuição da sopa, a campanha
de auxílio aos pobres no inverno, […] e diga-me se não valia mais deixá-los morrer,
poupava-se o vergonhoso espetáculo do nosso mundo, sentam-se na berma dos passeios
a comer a bucha de pão e a rapar o tacho, nem a luz elétrica merecem, a eles basta-lhes
conhecer o caminho que vai do prato à boca, e esse até às escuras se encontra. (Cap. IV)
Nessa errância pela capital, Reis revisita espaços físicos reais impregnados de
simbolismo, já que evocam memórias (felizes) passadas, contrastantes com as presentes,
nomeadamente o Tejo, de onde partiram as naus que Camões celebra, esse Camões feito
estátua no Loreto, ou o Castelo de S. Jorge e as estátuas do Adamastor e de Eça.
Ao desembarcar do Highland Brigade, Ricardo Reis apanha um táxi que o levará “para
um hotel”. O seu único pedido é que “fique perto do rio”. Na viagem até ao Hotel
Bragança, sugerido pelo taxista, Reis vai tomando contacto com uma cidade soturna e
chuvosa, amplificada na miséria social e cultural do Portugal da ditadura na década de
30.
Assim, ao rememorar marcos geográficos numa Lisboa agora confusa e labiríntica, Reis
procura uma baliza que o situe naquele momento num local que se lhe revela
irreconhecível e que nem as referências literárias tornam claro. Reis desembarca e traz
consigo o livro The God of the Labyrinth, de Herbert Quain (romancista ficcionado por
Jorge Luis Borges num conto) e deambula “como se estivesse num labirinto que o
conduzisse sempre ao mesmo lugar”.
A deambulação por espaços icónicos da cidade (cf. o espaço da cidade) é uma tentativa de
Ricardo Reis, 16 anos depois da sua partida para o Brasil, procurar encontrar marcas
identitárias. Porém, a paisagem apresenta-se nublada, em parte pela chuva constante, em
parte pela ausência de referências num país sob o domínio da ditadura. Nessa revisitação
de uma Lisboa física há, paralelamente, uma revisitação literária, a partir dos monumentos
observados, das ruas, do Tejo, na qual se faz acompanhar, algumas vezes, por Pessoa,
com quem tem diálogos de índole literária, mas também filosófica.
O leitor mais inexperiente poderá ter dificuldade em acompanhar alguns troços dessa
viagem literária, já que os textos pessoanos ou camonianos mais celebrados convivem
com citações bíblicas ou com referências intertextuais alteradas, como é o caso da estátua
de Eça:
Ricardo Reis para diante da estátua de Eça de Queirós, ou Queiroz, por cabal respeito da
ortografia que o dono do nome usou, ai como podem ser diferentes as maneiras de
escrever, e o nome ainda é o menos, assombroso é falarem estes a mesma língua e serem,
um Reis, o outro, Eça […] Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia,
parece clara a sentença, clara, fechada e conclusa, uma criança será capaz de perceber e
ir ao exame repetir sem se enganar, mas essa mesma criança perceberia e repetiria com
igual convicção um novo dito, Sobre a nudez arte da fantasia o manto diáfano da verdade,
e este dito, sim, dá muito mais que pensar, e saborosamente imaginar, sólida e nua a
fantasia, diáfana apenas a verdade, se as sentenças viradas do avesso passarem a ser leis,
que mundo faremos com elas, milagre é não endoidecerem os homens de cada vez que
abrem a boca para falar. É instrutivo o passeio, ainda agora contemplámos o Eça e já
podemos observar o Camões, a este não se lembraram de pôr-lhe versos no pedestal
[…] (Cap. III)
Ao fazer a inversão do sentido da epígrafe, o narrador lança o seu olhar crítico sobre o
momento presente, em que a mentira, a “fantasia”, reina e não a verdade, no que pode
ser entendido como uma alusão à ditadura salazarista. No excerto apresentado, comprova-
se, pois, que as duas viagens – a geográfica e a literária – se entrelaçam e que a
deambulação é ponto de partida para reflexões literárias, como esta sobre a língua e os
escritores.
Para além do próprio Reis, também Cesário e Camões farão parte desta viagem pela
literatura portuguesa, sendo abordados no tópico referente a Saramago enquanto leitor de
outros poetas.
► Linguagem e estilo
Como é característico da obra de Saramago, o texto é percorrido por múltiplas vozes, que
trazem para a escrita e a oralidade e a fluidez do discurso quotidiano. No diálogo entre
Fernando Pessoa e Reis, verifica-se o recurso ao registo coloquial por parte daquele:
Permita-me que exprima as minhas dúvidas, caríssimo Reis, vejo-o aí a ler um romance
policial, com uma botija aos pés, à espera duma criada que lhe venha aquecer o resto,
rogo-lhe que não se melindre com a crueza da linguagem […] (Cap. V)
Achas que eles não são bons maridos, Para mim, não, Que é um bom marido, para ti, Não
sei, És difícil de contentar, Nem por isso, basta-me o que tenho agora, estar aqui deitada,
sem nenhum futuro, […]. (Cap. IX)
Singular é também a forma como o autor reproduz o discurso no discurso. Ao não seguir
as convenções ligadas ao discurso direto, Saramago reinventa o texto dialogal, marcando
o discurso de cada personagem pela inicial maiúscula no início de fala, seguida de vírgula
no fim, como o diálogo entre Reis e o taxista, aquando do desembarque daquele, atesta:
Para um hotel, Qual, Não sei, e tendo dito, Não sei, soube o viajante o que queria, com
tão firme convicção como se tivesse levado toda a viagem a ponderar a escolha, Um que
fique perto do rio, cá para baixo, Perto do rio só se for o Bragança, ao princípio da Rua
do Alecrim, não sei se conhece, Do hotel não me lembro, mas a rua sei onde é, vivi em
Lisboa, sou português, Ah, é português, pelo sotaque pensei que fosse brasileiro, Percebe-
se assim tanto, Bom, percebe-se alguma coisa, Há dezasseis anos que não vinha a
Portugal, Dezasseis anos são muitos, vai encontrar grandes mudanças por cá, e com estas
palavras calou-se bruscamente o motorista. (Cap. I)
Recursos expressivos
Ex.: “Aqui o mar acaba e a terra principia.” – através das antíteses “mar
A antítese “/“terra” e “acaba“/“principia”, é realçada a localização geográfica de
Portugal, para além da relação intertextual com a epopeia camoniana, por
meio da subversão (“Aqui onde a terra se acaba e o mar começa”).
Ex.: “Não estou apaixonado, Pois muito o lamento, deixe que lhe diga, o
D. João ao menos era sincero, volúvel mas sincero, você é como o deserto,
A
nem sombra faz” (Cap. VIII) – a aproximação que Pessoa faz de Reis a um
comparação
deserto é reveladora da dificuldade que este tem em se relacionar com o
sexo feminino, sendo uma pessoa estéril, árida, em que nenhum
sentimento cresce.
Ex.: “saiu pela porta da Rua dos Correeiros, esta que dá para a grande
A metáfora
babilónia de ferro e vidro que é a Praça da Figueira.” (Cap. II) – a metáfora
enfatiza a desordem nas construções da Praça, identificadas como
babilónicas porque grandes, confusas e sem planeamento.