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>CI:<G696 9D PORTO
KF?F
URGÊNCIA
E:9>ÛIG>86
9D PORTO
ORIENTAÇÕES
8AÞC>86H
URGÊNCIA
PEDIÁTRICA
DO PORTO
ORIENTAÇÕES
CLÍNICAS
URGÊNCIA PEDIÁTRICA
INTEGRADA DO PORTO (UPIP)
“Do Centro de Saúde ao Hospital,
uma equipa ao serviço da Criança e
do Adolescente com doença aguda,
na área do Porto”
upip@arsnorte.min-saude.pt
www.arsnorte.min-saude.pt
(in ‘projectos’ – UPIP)
EQUIPA RESPONSÁVEL PELA ORGANIZAÇÃO:
Irene Pinto de Carvalho – Hospital de S. João, E.P.E.
Helena F. Mansilha – Centro Hospitalar do Porto ,E.P.E.
Paula Matos – Centro Hospitalar do Porto ,E.P.E.
Rui Almeida – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E.
AUTORES:
Alda Mira Coelho – Hospital de São João, E.P.E. / Alexandre Braga – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Ana Maria Leite
– Hospital de São João, E.P.E. / Ana Maria Maia – Hospital de São João, E.P.E. / Ana Teixeira – Hospital de São João,
E.P.E. / Anabela Bandeira – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Andreia Lopes – Hospital de São João, E.P.E. / Andreia
Tavares – Hospital de São João, E.P.E. / Artur Bonito Vítor – Hospital de São João, E.P.E. / Augusto Ribeiro – Hospital
de São João, E.P.E. / Banquart Leitão – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Carla Costa – Hospital de São João, E.P.E. /
Carla Dias – Hospital de São João, E.P.E. / Carla Teixeira – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Carlos Duarte – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E. / Carmen Botelho – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Catarina Ferraz – Hospital de São
João, E.P.E. / Catarina Sousa – Hospital de São João, E.P.E. / Célia Barbosa – Unidade Local de Saúde de Matosinhos,
E.P.E. / Célia Barbosa – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Cidrais Rodrigues – Unidade Local de Saúde
de Matosinhos, E.P.E. / Clara Vieira – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Cláudia Moura – Hospital de São João, E.P.E. /
Conceição Mota – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Cristina Castro – Hospital de São João, E.P.E. / Daniel Gonçalves
– Hospital de São João, E.P.E. / Daniela Alves – Hospital de São João, E.P.E. / Diana Gonzaga – Centro Hospitalar do
Porto, E.P.E. / Diana Pinto – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Edite Gonçalves – Hospital de São João, E.P.E. / Elisa
Leão Teles – Hospital de São João, E.P.E. / Emília Costa – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Ermelinda S. Silva – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E. / Esmeralda Martins – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Esmeralda Rodrigues – Hospital
de São João, E.P.E. / Etelvina Gonçalves – Hospital de São João, E.P.E. / Eunice Trindade – Hospital de São João,
E.P.E. / Fernando Pereira – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Filipa Vasconcelos Espada – Unidade Local de Saúde de
Matosinhos, E.P.E. / Francisco Cunha –, Hospital de São João, E.P.E. / Georgeta Oliveira – Unidade Local de Saúde de
Matosinhos, E.P.E. / Guilhermina Reis – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Helena Falcão-Assistente – Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E. / Helena F. Mansilha – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Helena Pinto – Hospital de São João, E.P.E. /
Helena Sofia Santos – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Helena Sousa – Centro Hospitalar do Porto,E.P.E. / Henrique
Soares – Hospital de São João, E.P.E. / Herculano Rocha – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Inês Azevedo – Hospital
de São João, E.P.E. / Inês Carrilho – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Irene Pinto de Carvalho – Hospital de São João,
E.P.E. / Isabel Loureiro – Hospital de São João, E.P.E. / Isabel Valente – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Janine
Coelho – Hospital de São João, E.P.E. / Joana Freitas – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Joana Rebelo – Hospital de
São João, E.P.E. / João Ribeiro de Castro – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / João Luís Barreira – Hospital de São João,
E.P.E. / João Moreira Pinto – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Jorge Amil Dias – Hospital de São João, E.P.E. / Jorge
Moreira – Hospital de São João, E.P.E. / Jorge Quelhas – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Júlia Guimarães
– Hospital de São João, E.P.E. / Lara Lourenço – Hospital de São João, E.P.E. / Laura Marques – Centro Hospitalar do
Porto, E.P.E. / Leite da Cunha – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Lia Rodrigues e Rodrigues – Unidade
Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Liliana Carvalho – Hospital de São João, E.P.E. / Liliana Rocha – Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E. / Lopes dos Santos – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Luísa Guedes Vaz – Hospital de
São João, E.P.E. / Mafalda Nunes Sampaio – Hospital de São João, E.P.E. / Márcia Azevedo – Hospital de São João,
E.P.E. / Margarida Figueiredo – Centro Hospitalar, Porto, E.P.E. / Margarida Tavares – Hospital de São João, E.P.E. / Maria
do Céu Espinheira – Hospital de São João, E.P.E. / Maria do Céu Ribeiro – Hospital de São João, E.P.E. / Maria João
Baptista, – Hospital de São João, E.P.E. / Maria Manuel Campos – Hospital de São João, E.P.E. / Marta Almeida – Centro
Hospitalar do Porto / Marta Grilo – Hospital de São João, E.P.E. / Marta João Silva – Hospital de São João, E.P.E. / Marta
Rola – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Micaela Guardiano – Hospital de São João, E.P.E. / Milagros
Garcia Lopez, – Hospital de São João, E.P.E. / Nadia Rodrigues – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. /
Nuno Farinha – Hospital de São João, E.P.E. / Otília Queirós – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Paula Matos –,Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E. / Paulo Soares – Hospital de São João, E.P.E. / Ricardo Bianchi – Hospital de São João, E.P.E. /
Rita Milheiro – Hospital de São João, E.P.E. / Rosa Lima – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Roseli Teixeira Gomes –
Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Ruben Rocha – Hospital de São João, E.P.E. / Rute Moura – Hospital
de São João, E.P.E. / Sandra Costa – Hospital de São João, E.P.E. / Sandra Rodrigues Centro Hospitalar do Porto,
E.P.E. / Sara Gonçalves – Centro Hospitalar do Porto / Sérgia Soares – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. /
Sizenando Cunha – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Sofia Águeda – Hospital de São João, E.P.E. / Sofia Fernandes
– Hospital de São João, E.P.E. / Sónia Fernandes – Hospital de São João, E.P.E. / Sónia Figueiroa – Centro Hospitalar
do Porto, E.P.E. / Susana Lima – Hospital de São João, E.P.E. / Susana Nunes – Hospital de São João, E.P.E. / Susana
Pinto – Centro Hospitalar do Porto / Susana Pissarra – Hospital de São João, E.P.E. / Susana Soares – Hospital de São
João, E.P.E. / Teresa Borges – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Teresa Campos – Hospital de São João, E.P.E. / Teresa
Cunha da Mota – Hospital de São João, E.P.E. / Teresa Nunes – Hospital de São João, E.P.E. / Teresa Temudo – Centro
Hospitalar do Porto, E.P.E. / Teresa Vaz – Hospital de São João, E.P.E. / Tiago Correia – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. /
Tiago Henriques Coelho – Hospital de São João, E.P.E. / Vanessa Mendonça – Hospital de São João, E.P.E. / Vanessa
Portugal – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. / Vasco Lavrador – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. / Vítor
Viana – Hospital de São João, E.P.E.
PREÂMBULO 7
INTRODUÇÃO 11
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS MAIS COMUNS NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA 15
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR EM PEDIATRIA 71
FLUIDOTERAPIA 103
ANALGESIA E SEDAÇÃO 119
SÍNDROME FEBRIL 137
FEBRE 139
FEBRE SEM FOCO 149
FEBRE E PETÉQUIAS 161
FEBRE NO DOENTE COM ANEMIA FALCIFORME 167
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIAS 171
TOSSE 173
DOR TORÁCICA 181
INFECÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES 195
CROUP. LARINGOTRAQUEOBRONQUITE 203
BRONQUIOLITE AGUDA 211
TRATAMENTO DA ASMA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA 219
PNEUMONIA 229
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES DIGESTIVAS 245
VÓMITOS 247
VÓMITOS CÍCLICOS 255
DOR ABDOMINAL 261
DIARREIA AGUDA 275
HEMORRAGIA DIGESTIVA 283
HEPATITE AGUDA. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA 293
ICTERÍCIA NEONATAL 303
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES NEFROLÓGICAS 313
HEMATÚRIA 315
PROTEINÚRIA 323
INFECÇÃO URINÁRIA 329
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 335
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS 347
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA 349
TAQUIARRITMIAS CARDÍACAS 361
CRISE CIÁNOTICA ("SPELL ANÓXICO") 379
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS 383
CRISES CONVULSIVAS 385
CEFALEIAS 393
COMA NÃO TRAUMÁTICO NA CRIANÇA 407
ATAXIAS AGUDAS 419
CRISES PAROXÍSTICAS NÃO EPILÉPTICAS 431
MENINGITES BACTERIANAS 445
ENCEFALITE 459
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS 473
CETOACIDOSE DIABÉTICA 475
HIPOGLICEMIA 489
INSUFICIÊNCIA SUPRA-RENAL 497
URGÊNCIAS PEDIÁTRICAS DE CAUSA METABÓLICA 507
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES DA PELE E OSTEO ARTICULARES 521
INFECÇÕES CUTÂNEAS BACTERIANAS 523
PICADAS 531
MORDEDURAS 543
CRIANÇA COM CLAUDICAÇÃO 551
URGÊNCIAS CIRÚRGICAS 559
ESCROTO AGUDO 561
URGÊNCIAS DA REGIÃO INGUINAL 567
TRATAMENTO AGUDO DA CRIANÇA QUEIMADA 573
A CRIANÇA MALTRATADA 583
MAUS TRATOS EM CRIANÇAS E JOVENS: ACTUAÇÃO NO SERVIÇO
DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA DO PORTO 585
ABUSO SEXUAL: ACTUAÇÃO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA 591
INTOXICAÇÕES 603
INTOXICAÇÕES: MEDIDAS GERAIS 605
INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS 615
INTOXICAÇÕES NÃO MEDICAMENTOSAS 631
INGESTÃO DE CÁUSTICOS 645
OUTROS 651
LACTENTE COM CHORO E IRRITABILIDADE 653
A.L.T.E. 659
ADENOMEGALIAS 667
URTICÁRIA. ANGIOEDEMA E ANAFILAXIA 675
IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA 683
PÚRPURA TROMBOCITOPÉNICA IDIOPÁTICA 693
TERAPÊUTICA TRANSFUSIONAL 701
ONCOLOGIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA 709
CRIANÇAS OU ADOLESCENTES COM PROBLEMAS
PSIQUIÁTRICOS NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA 731
ACTUAÇÃO PÓS-EXPOSIÇÃO NÃO OCUPACIONAL AO VIH
E HEPATITES VÍRICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 739
TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA:
MEDIDAS PREVENTIVAS 751
TRANSPORTE MEDICALIZADO EM PEDIATRIA 757
ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS NO SERVIÇO DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA 769
GLOSSÁRIO 777
PREÂMBULO
Fernando Araújo
10
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Helena Mansilha
Paula Matos
Rui Almeida
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS MAIS
COMUNS NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS MAIS
COMUNS NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA
Marta João Silva, Ana Teixeira, Helena Sofia Santos, Claudia Moura,
Milagros Garcia Lopez,Maria Manuel Campos, Irene Pinto de Carvalho,
Catarina Ferraz
a) Material necessário
b) Técnica de VMI
Preparação =^hig^VXac^XV
:mVbZ[h^Xd
EgZeVgVdbViZg^VaZ[{gbVXdh
Bdc^idg^oVd
Sedação
1-2 minutos
Relaxante
3-5 minutos muscular
22 Intubação
c) Monitorização
d) Oxigenação
respiratória.
Sufentanil 0,3-0,5 Opióide muito Idem. Rigidez torácica.
mcg/kg potente
Fentanil 1-2 mcg/ Opióide muito Poucos efeitos
kg potente. Início cardiovasculares ou
acção (1 minuto). respiratórios. Rigidez 25
Duração acção torácica.
(30-60 minutos).
Ketamina 1-2 mg/kg Potente analgésico, Agitação. Aumenta
Anestesia dissociativa
3. Intubação traqueal
b) Equipamento
5. Obstrução de traqueostomia
Quando se suspeita que uma criança com traqueostomia
não está a respirar deve proceder-se da seguinte forma:
:hi^bjaVgVXg^VcVZeZY^gV_jYV#
GZVa^oVgbVcdWgVhYZVWZgijgVYVk^VVgZVXdadXVcYd
a cabeça da criança em ligeira extensão e elevando a
mandíbula de modo a permitir a exposição do tubo de
traqueostomia. Se o tubo estiver obstruído tentar deso-
bstruí-lo com uma onda de aspiração. Se a sonda não
conseguir passar pelo tubo trocar o tubo imediatamen- 33
te (se não se conseguir introduzir o novo tubo tentar
colocar um tubo mais pequeno e, se mesmo assim não
se conseguir, passar a sonda de aspiração pelo tubo de
traqueostomia e inserir a extremidade da sonda pelo
estoma tentando conduzir o tubo de traqueostomia ao
longo desta dentro do estoma. Se mesmo assim for
ineficaz tentar ventilar pela sonda de aspiração (se esta
for larga) ou tentar VMI ou ventilação pelo estoma.
KZg^ÃXVggZhe^gVdeZadcdkdijWdkZcYd!djk^cYdZ
sentindo pelo tubo de traqueostomia. Se respirar fi-
xar o tubo e colocar na posição lateral de segurança.
Vigiar.
HZ cd gZhe^gVg Z[ZXijVg * ^chjÄVZh eZad ijWd YZ
traqueostomia.
KZg^ÃXVgejahdZh^cV^hZmiZgcdhYZX^gXjaVd[VoZcYd
as manobras de SB e SAVP de forma semelhante à das
restantes crianças.
6. Acesso intra-ósseo
Esta é uma excelente alternativa quando não se consegue
um acesso intravenoso no tempo estabelecido. Deve ser
executado imediatamente após três tentativas falhadas de
obtenção de um acesso venoso periférico ou quando já pas-
saram mais de 90 segundos a tentar assegurar um aces-
so circulatório. Deve ser mantida até estar assegurado o
acesso intravenoso.
É uma forma rápida de obter um acesso circulatório, espe-
cialmente se se dispõe de agulhas específicas que tornam
esta técnica rápida e fácil. Fármacos, fluidos ou sangue e
seus derivados podem ser dados através desta via.
a) Equipamento
b) Referências Anatómicas
35
c) Inserção da agulha intraóssea
d) Complicações
7. Oftalmoscopia directa
A oftalmoscopia directa é uma importante técnica do exa-
me físico que oferece uma imagem directa, não invertida,
da retina. Com esta técnica pode observar-se o fundo de
olho (mácula, papila, vasos) mas também algumas es-
truturas oculares (pálpebras, segmento anterior, meios
intra-oculares). O oftalmoscópio possui a luz e duas rodas.
A roda grande permite corrigir os defeitos de refracção,
lentes positivas de hipermetropia estão em números verdes
enquanto as lentes negativas de miopia estão a vermelho.
A roda pequena modifica a forma da luz permitindo a colo-
cação de filtros (abertura pequena: útil quando queremos
ver os olhos sem dilatar a pupila; abertura grande: estudo 37
do olho após dilatação e estuda as estruturas anteriores
deste; filtro azul cobalto: avaliação de lesões da superfície
ocular sem instilar fluoresceína).
FheY[Z_c[dje$ Deve ser efectuado com pouca luz. Se o
observador usar óculos deve tirá-los. Para ver o olho di-
reito colocamos o oftalmoscópio na mão direita e coloca-
mo-nos a cerca de 15-20 centímetros do doente a 20º da
direita da mesma. Corrigimos o defeito de refracção que
se possa ter com a roda grande e ligamos a luz com a roda
pequena. Pedimos ao doente que olhe em frente para um
ponto fixo. Dirigimos a luz até à pupila e observamos o
característico reflexo vermelho da retina. Aproximamo-
nos até cerca de 5 cm do globo ocular e vemos a papila (se
necessário girar a roda grande até focar). Deve examinar-
se a papila (superfície, cor, limites) e seguir todos os va-
sos que surgem dela até o mais perifericamente possível.
Para examinar o olho esquerdo colocamos o oftalmoscó-
pio na mão esquerda e colocamo-nos no lado esquerdo do
doente repetindo o procedimento.
8. Punção lombar
Indicações
Diagnóstico
>c[ZXd^cigVXgVc^VcV/bZc^c\^iZZZcXZ[Va^iZVkVa^Vd
do doente com suspeita clínica de meningite, convulsão
febril atípica ou sépsis/bacteriemia);
=ZbdggV\^VhjWVgVXcd^YZ^V0
HcYgdbZYZ<j^aaV^c"7Vgg0
AejhZg^iZbVidhdh^hib^Xd0
IjbdgZhZbZi{hiVhZhYdh^hiZbVcZgkdhdXZcigVa0
BZY^dYVegZhhd^cigVXgVc^VcV#
Terapêutica
38 6Yb^c^higVd^cigViZXVaYZ[{gbVXdh0
GZYjdYVegZhhd^cigVXgVc^VcV#
Contra-indicações
=^eZgiZchd ^cigVXgVc^VcV/ hjheZ^iV YZ aZhd ZmeVch^kV
cerebral, hemorragia, abcesso (realização de tomografia
cerebral e observação do fundo ocular prévias).
>chiVW^a^YVYZ]ZbdY^c}b^XV#
8dV\jadeVi^V!igdbWdX^ideZc^VEaVfjZiVh1*%%%%$bb(/
pode ser necessária a administração de factores de coa-
gulação antes da realização de punção lombar.
>c[ZXd YV eZaZ$iZX^Yd XZajaVg hjWXji}cZd cd adXVa YZ
punção.
AZhdbZYjaVgdjkZgiZWgVaigVjb{i^XV#
Procedimento
Equipamento necessário
BViZg^VaeVgVbVciZgVVhhZeh^V/ajkVhZhiZg^a^oVYVh!Vc-
Técnica
>c[dgbVdVdYdZciZYZVXdgYdXdbV^YVYZZ|[Vba^V
acerca do procedimento que vai ser efectuado.
HZ cd hZ igViV YZ jbV ejcd adbWVg YZ ZbZg\cX^V
deve colocar-se, cerca de uma hora antes do procedimen-
to, creme de EMLA no local da punção. 39
Edh^X^dcVbZcidZ^bdW^a^oVdVYZfjVYdhYdYdZciZeZh-
soal familiarizado com a técnica, fundamental o alinha-
mento das cristas ilíacas):
9ZXW^idaViZgVa/bV^hVYZfjVYdeVgVVbZY^dYVegZhhd
de líquor; flexão dos joelhos e cabeça do doente para uma
melhor abertura dos espaços intervertebrais, mantendo o
eixo cranioespinhal paralelo à margem da marquesa; a ca-
beça deve estar à mesma altura que a zona lombar.
HZciVYd/ bV^h ^cY^XVYd cdh gZXb"cVhX^Ydh Z aVXiZciZ
pequenos pelo menor risco de problemas respiratórios;
flexão da cabeça e tronco do doente sobre o abdómen.
6hheh^V/ XdadXVg d YdZciZ hdWgZ jb aZcda ZhiZg^a^oVYd!
desinfectar a região lombar com antisséptico e gaze esteri-
lizada desenhando círculos excêntricos com ponto de par-
tida central no local da futura picada; o profissional que vai
efectuar a punção lombar deve utilizar luvas esterilizadas.
AdXVa^oVdYVodcVYZejcd/igVVgjbVa^c]V^bV\^-
nária, perpendicular ao eixo longitudinal do doente, en-
tre as duas espinhas ilíacas póstero-superiores, entre as
apófises espinhosas das vértebras encontra-se o espaço
intervertebral L4-L5.
>cigdYjo^gVV\ja]VXdbbVcYg^aXdbdW^hZaeVgVaZadVd
eixo longitudinal no ponto seleccionado, perpendicular à
coluna e com uma inclinação de 10º na direcção cefálica;
atravessar a epiderme rapidamente e, no espaço subcu-
tâneo, avançar até notar um aumento e depois diminuição
da resistência (entrada no espaço subaracnoideu); retirar
o mandril e aguardar a saída de líquor. Se esta não ocor-
rer, deve-se rodar a agulha 90-180º para orientar o bisel.
Se esta manobra não for eficaz, deve reintroduzir-se o
mandril e mobilizar a agulha avançando uns milímetros.
GZXda]V YZ afjdg/ XZgXV YZ ' bA cdh gZXb"cVhX^Ydh
e 3-6 mL nas crianças mais velhas (estudos citológico,
bioquímico e microbiológico). No caso de punção lombar
traumática, deixar sair um pouco de líquor para ver se
clareia, enviar a amostra mais clara para exame citoló-
gico. Nas situações em que não se observa clareamen-
40 to do líquor, deve punçionar-se o espaço intervertebral
superior. Se clínica sugestiva, considerar a possibilidade
excepcional de hemorragia subaracnoideia.
GZ^cigdYjo^gdbVcYg^aZgZi^gVggVe^YVbZciZVV\ja]V#
8dadXVgeZchdXdbegZhh^kdZhig^acdadXVaYZejcd#
BVciZgdYdZciZZbYZXW^idedh^dYZIgZcYaZbWjg\
durante 2 horas.
Complicações
HcYgdbZeh"ejcdXZ[VaZ^V!adbWVa\^VdjYdggVY^XjaVg
e meningismo: transitório; tratamento: repouso e analgesia;
=ZbVidbV Zhe^c]Va hjWYjgVa dj Ze^YjgVa Zb YdZciZh
com discrasias sanguíneas);
=ZbVidbVdj^c[ZXdcdadXVaYZejcd0
>c[ZXdYdh^hiZbVcZgkdhdXZcigVabZc^c\^iZ!Zbe^ZbV
subdural ou epidural);
IjbdgZe^YZgb^YZ0
=Zgc^VdXZgZWgVa#
Material necessário
Ì\jVXdbhVWd0
8dbegZhhVhZhiZg^a^oVYVh0
HVXdXdaZXidgZhiZg^a^oVYd0
6\ja]VZhZg^c\VZhiZg^a^oVYVheVgVZmigV^gVjg^cVYdhVXd
colector.
Técnica
A^beVgVYZfjVYVbZciZVgZ\^deZg^cZVaXdb{\jVZhV-
bão e secar com compressas esterilizadas; 41
8daVgdhVXdXdaZXidg0
No caso de ausência de micção, em cada 30 minutos, é
necessário trocar o saco colector, repetindo todo o pro-
cedimento.
Complicações
>gg^iVdYVgZ\^deZg^cZVaVehk{g^VhbjYVcVhYdhVXd
colector).
Desvantagens
:hXVhhV ÃVW^a^YVYZ eZaV ZaZkVYV edhh^W^a^YVYZ YZ XdciV"
minação (os resultados alterados da tira-teste ou exame
de sedimento de urina colhida através desta técnica devem
ser confirmados por outros métodos mais fiáveis, nomea-
damente cateterização vesical ou punção vesical);
CdYZkZhZgZ[ZXijVYdZmVbZXjaijgVaYZjg^cVXda]^YV
através deste método;
EdgkZoZhjbbidYdYZbdgVYdcZXZhh{g^Vh'"(]dgVh
até obter amostra de urina).
Material necessário
AjkVhZhiZg^a^oVYVh0
HdgdÃh^da\^XdZVci^hhei^XdeVgVa^beZoVYdh\Zc^iV^h0
8dbegZhhVhZhiZg^a^oVYVh0
AZcdaZhig^a0
AjWg^ÃXVciZZVcZhih^XdadXVa0
GZX^e^ZciZZhig^aeVgVgZXda]VYZjg^cV0
HdcYV YZ i^ed Z iVbVc]d VYZfjVYd Vd hZmd Z ^YVYZ YV
42 criança (quadro).
Contra-indicações
HjheZ^iV YZ igVjbVi^hbd YV jgZigV dj WZm^\V egZhZcV
Complicações
Cateterização permanente
GdijgVYVWZm^\VdjjgZigV0
>c[ZXdjg^c{g^V#
Cateterização intermitente
B^Xgd]ZbVig^V0
BVXgd]ZbVig^VZmXZeX^dcVa0
>c[ZXdjg^c{g^VgVgV#
c) Punção vesical
Material necessário
AjkVhZhiZg^a^oVYVh0
HZg^c\VYZ*bA0
6\ja]VYZ''<0
6ci^hhei^XdeVgVVeZaZ0
8dbegZhhVhZhiZg^a^oVYVh0
GZX^e^ZciZZhig^aeVgVVgZXda]VYZjg^cV0
Contra-indicações
Absoluta
8dV\jadeVi^VdjigdbWdX^ideZc^VeaVfjZiVh1*%%%%$jA0
Relativas
9^hiZchdVWYdb^cVaYZZi^dad\^VcdZhXaVgZX^YV0
HjheZ^iVYZdWhigjd^ciZhi^cVa0
8^gjg\^VVWYdb^cVagZXZciZ0
Não se deve efectuar punção vesical se a criança tiver uri-
nado durante a hora anterior.
Complicações
44 B^Xgd]ZbVig^V0
BVXgd]ZbVig^VZmXZeX^dcVa0
EZg[jgVdYd^ciZhi^cdZVhe^gVdYZbViZg^Va[ZXVagVgd#
Técnica
8dadXVgVheZgcVhYVXg^VcVZbedh^dYZVWYjd¹ed-
sição de rã”);
6ea^XVgVci^hhei^XdcVeZaZ!hjeZg^dgbZciZ|hcÃhZe-
bica e esperar que seque;
IgVVg jbV a^c]V ^bV\^c{g^V ZcigZ d jbW^\d Z V hcÃhZ
púbica e outra, perpendicular, entre o meio da distância
anterior e os ¾ inferiores;
EjcX^dcVgXdbVV\ja]VV(%")*§cdhZci^YdXVjYVa0
>cigdYjo^gVV\ja]V!XdbVhZg^c\VZbVhe^gVd!VidWiZg
urina (cerca de 2 cm de profundidade);
Em cerca de 25-30% dos casos, não é possível a obtenção
de urina;
O sucesso da técnica pode aumentar consideravelmente se
esta técnica for complementada com ecografia que permite a
localização da bexiga e visualização de urina no seu interior;
A pré-hidratação da criança e percussão da parede abdo-
Técnica 45
As veias mais frequentemente escolhidas são as do dorso
da mão, fossa ante cubital, antebraço, dorso e faces medial
e lateral do pé.
A punção venosa deve ser efectuada com medidas de As-
sépsia estritas, pelo que todo o material deve ser prepara-
do antes iniciar o procedimento.
HZaZXX^dcVgVkZ^VhZ]djkZgiZbed!edYZVea^XVg"hZXgZ-
me anestésico local);
6ea^XVgd\VggdiZegdm^bVabZciZVdadXVaYV[jijgVejcd0
6ea^XVgdVci^hhei^XdZYZ^mVghZXVg0
K^hjVa^oVgZ$djeVaeVgVkZ^V0
>chZg^gdXViZiZgVigVkhYVeZaZ!edjXd^cXa^cVYdZeVgV-
lelamente à veia, até observar a saída de sangue; depois
introduzir mais 1-3 mm para garantir que tanto a agulha
como o cateter estão dentro da veia;
GZi^gVgVV\ja]V0
HZ[dgcZXZhh{g^dZ[ZXijVgXda]Z^iVhYZhVc\jZ!ZhiZedYZ
ser obtido através do cateter antes da infusão do flush ou
início da perfusão;
GZVa^oVgdÄjh]XdbhdgdÃh^da\^XddWhZgkVcYdhZZm^hiZ
algum sinal de infiltração nos tecidos circundantes;
;^mVgdXViZiZgVigVkhYZVYZh^kd#
Em crianças pequenas, o acesso venoso deverá ser pro-
tegido (embrulhando o local de saída/entrada com com-
pressas, posteriormente fixas à pele com adesivo).
Complicações
=ZbVidbVcdadXVaYZejcd0
>c[ZXdYV{gZVYZejcd0
>cÃaigVdYdhiZX^YdhX^gXjcYVciZh#
Técnica
As artérias mais frequentemente escolhidas são a radial,
braquial e femoral.
A punção arterial deve ser efectuada com medidas de as-
sépsia estritas, pelo que todo o material deve ser prepara-
do antes iniciar o procedimento.
HZaZXX^dcVgZadXVa^oVgVVgig^VVigVkhYZeVaeVd$dW-
servação da sua pulsatilidade);
6ea^XVgdVci^hhei^XdZYZ^mVghZXVg0
EVaeVgVVgig^V!iZciVcYdadXVa^oVgVhjV{gZVYZ^bejahd
máximo;
>chZg^gdXViZiZg$V\ja]VVigVkhYVeZaZ!XdbjbV^cXa^cV-
ção de 30-45º, em direcção à artéria, sempre em aspira-
ção até visualizar saída de sangue;
:[ZXijVgVXda]Z^iVYZhVc\jZcZXZhh{g^V#
Complicações
EjcZhgZeZi^YVhedYZbegdkdXVgjb]ZbVidbVdjZh-
pasmo arterial que dificultam a palpação do pulso;
>c[ZXdYV{gZVYZejcd0
=ZbdggV\^VZ]ZbVidbVcdadXVaYZejcd0
>hfjZb^VY^hiVaVdiZgg^ig^d^gg^\VYd0
AZhdYZZhigjijgVhk^o^c]Vh0
:bWda^hbd0
;dgbVdYZVcZjg^hbVhdj[hijaVhVgig^d"kZcdhVh#
12. Toracocentese 47
Complicações
EcZjbdigVm
=ZbdigVm
AZhdYd[Z^mZcZjgdkVhXjaVg^ciZgXdhiVa
AZhd]Ze{i^XVdjZheac^XV
=ZbdggV\^VVgig^V^ciZgXdhiVadjbVb{g^V^ciZgcV
>c[ZXd
Técnica
A preparação do material e do doente é semelhante à do
pneumotórax.
Posicionamento do doente depende do local escolhido para 49
a introdução do cateter:
Linha axilar média. Criança em decúbito dorsal com cabe-
ça elevada a 30º. Posição mais adequada para lactentes e
doentes graves.
Linha axilar posterior ou escapular (linha vertical imagi-
nária que passa pelo vértice da omoplata). Sentar a criança
numa cadeira, ligeiramente inclinado para a frente, com os
braços apoiados sobre uma mesa.
Uma vez aplicado o antisséptico e feita a anestesia local,
insere-se uma agulha ou cateter (de calibre adequado ao
tamanho da criança) no eic imediatamente inferior ao nível
do derrame, determinado por percussão ou ecografia, ge-
ralmente entre o 5.º-7.º espaço. Enquanto se vai aprofun-
dando, aspira-se.
Quando se atinge o espaço pleural, retira-se a seringa e
conecta-se o cateter, através de um sistema de soro e um
abocath de 3 entradas a (1) uma seringa de 50 mL (permite
aspirar o líquido) ou a (2) um frasco com vácuo.
As amostras de LP são colhidas para tubos/seringas com
anticoagulante (heparina).
È importante NÃO drenar rapidamente grandes volumes
nem forçar a aspiração de líquido, para evitar o edema pul-
monar por reexpansão e instabilização hemodinâmica.
Quando a criança estiver clinicamente melhor ou se tenha
retirado um volume adequado retira-se o cateter, aplica-
se um penso esterilizado e faz-se radiografia torácica de
controlo.
Complicações
Iguais às da toracocentese.
;^D2 com máscara de alto débito.
DWiZgVXZhhdZk!hZYVgZVcVa\Zh^Vg#
13. Inaloterapia
Sequência de utilização:
8g^VcVXVabV!VdXdaddjhZciVYV0 53
GZbdkZgViVbeVYd^cVaVYdg!V\^iVgZZcXV^mVgcVZm-
tremidade da câmara expansora;
8dadXVgVX}bVgV!cV]dg^odciVa!hdWgZVWdXVZcVg^o
(máscara) da criança e pressionar
6Xi^kVgd^cVaVYdg!egZhh^dcVcYd"d
BVciZgVX}bVgVcV]dg^odciVaZZheZgVg'%hZ\jcYdh
a 1 min (5-6 ciclos respiratórios)
Retirar o inalador da câmara e colocar a tampa.
Z ?dWbWZehZ[fi[Ye:F?0Uma certa dose de fármaco,
em forma de pó, é libertado após activação do sistema
através da força inspiratória. É necessário a criança ter
um fluxo inspiratório mínimo (≈50 lpm) para que este mé-
todo seja eficaz, o que corresponde a uma idade ≥5 anos.
Sequência de utilização:
I_ij[cWkd_Zei[ I_ij[cWckbj_Zei[
Rotahaler® Turbohaler® Diskus®
HZ\jgVgcVeZVWjXVaZ 9ZhZcgdhXVgZgZbdkZg 8dadXVgcVkZgi^XVa
rodar a base até parar a tampa e deslizar a tampa
8dadXVgY^hedh^i^kd HZ\jgVgcVkZgi^XVa protectora da peça bucal
na vertical e inserir a GdYVgVWVhZeVgVVYiV EgZb^gVeVi^a]VYZ
cápsula e depois esq até ouvir abertura até ouvir um
HZ\jgVgY^hedh^i^kdcV um clique clique
horizontal, voltar a rodar :me^gVgaZciVbZciZ :me^gVgaZciVbZciZ
para perfurar a cápsula CV]dg^odciVa!XdadXVg CV]dg^odciVa!XdadXVg
:me^gVgaZciVbZciZ peça bucal entre os peça bucal entre os
BVciZgcV]dg^odciVa! lábios e inspirar rápida e lábios e inspirar rápida e
colocar peça bucal entre profundamente profundamente
os lábios e inspirar GZi^gVgYVWdXVZXdciZgV GZi^gVgYVWdXVZXdciZgV
rápida e profundamente respiração em inspiração respiração em inspiração
GZi^gVgYVWdXVZXdciZgV durante 5-10 Seg. durante 5-10 Seg.
respiração em inspiração :me^gVgaZciVbZciZZ :me^gVgaZciVbZciZZ
durante 5-10 Seg. recolocar a tampa deslizar a tampa
14. Oxigenoterapia
A oxigenoterapia é uma medida terapêutica que se utiliza
para aumentar a pressão parcial de oxigénio no sangue ar-
terial (PaO2), mediante o aumento da concentração de O2
no ar inspirado (fracção inspiratória de O 2, FiO2). A concen-
tração de O2 no ar atmosférico, ao nível do mar é de 21%, a
qual permite manter a PaO2 entre 70-90 mmHg, os limites
considerados normais. 55
As indicações gerais para oxigenoterapia são o tratamento
e prevenção da hipoxemia, a diminuição do trabalho respi-
ratório ou cardíaco e tratamento da hipertensão pulmonar.
A oxigenoterapia também deve ser usada, como tratamento
inicial, em todas as situações graves como nas convulsões,
traumatizados, alteração de consciência, sépsis, etc.
Considera-se ^_fen[c_W se PaO2 inferior a 60 mmHg. Uma
saturação arterial de O2 (SatO2) de 90% corresponde a uma
PaO2 de 60 mmHg. Consideram-se normais os valores da
SatO2 superiores a 95%.
A hipoxemia sustentada causa lesão celular, acidose metabó-
lica e vasoconstrição pulmonar, pelo que deve ser evitada.
A ^_fn_W refere-se à diminuição da disponibilidade de O2
tecidular e celular.
A hipóxia pode estar associada a múltiplos mecanismos fi-
siopatológicos, nomeadamente:
6aiZgVZhYVgZaVdkZci^aVd$eZg[jhd/ecZjbdc^V!
bronquiolite, pneumotórax, atelectasias, embolia pul-
monar
=^edkZci^aVd/XZcigVaXdckjahZh!XdbV!djeZg^[-
rica (broncoespasmo, laringospasmo)
9^b^cj^dYVY^[jhdVakdad"XVe^aVg/H9G6!ZYZbV
pulmonar
H]jciZmigV"ejabdcVg/XVgY^deVi^VhXdc\c^iVhX^Vc-
ticas
Distribuição deficiente de O2: anemia grave, choque
6aiZgVdYVXVeiVdiZX^YjaVgYdD2: intoxicação por
monóxido de carbono (CO), metahemoglobinemia.
9^b^cj^dYV;^D2: altitude
56
Avaliação e monitorização
Fontes de Oxigénio
Habitualmente as balas de oxigénio pressurizado ou o O2
canalizado hospitalar. Em ambos os casos, mediante um
caudalímetro, administra-se o fluxo necessário de O2, cujo
máximo habitual é 15 litros/minuto (lpm). O oxigénio líquido
é muito cómodo para uso no domicílio, já que pode ser ar-
mazenado numas mochilas leves.
Dispositivos
DISPOSITIVOS DE ADMINISTRAÇÃO DE O2
FiO2 (%) Fluxo (lpm)
57
Bigodes nasais 22-40 0,25-4
Máscara simples 35-50 6-10
Máscara com reservatório
¹eVgi^VagZWgZVi]Zgº 60-95 3+
¹cdcgZVWgZVi]Zgº 100 10-15
Máscara com efeito Venturi 24-50 Variável
Máscara de traqueostomia imprevisível Variável
Incubadoras 40-80 1-12
JYd_YW LWdjW][di :[ilWdjW][di
Pequeno lactente [O2] baixas e variáveis
Cânula nasal
Baixos fluxos (0,5 a 2 lpm) Irritação nasal
[O2] que varia com o fluxo
Máscara simples Boa acessibilidade ao doente
inspiratório
A resistência da válvula
Máscara (reservatório) Maiores concentrações de O2
pode cansar o lactente
Máscara (Venturi) Concentração constante de O2
15. Pulsioximetria
Indicações
6kVa^VdYV\gVk^YVYZZigViVbZcidYdhfjVYgdhgZhe^gV-
tórios;
Bdc^idg^oVd YZ YdZciZh \gVkZh! eh ZhiVYdh Xdckjah^-
vos, em coma, politraumatizados, sépsis, etc.;
Bdc^idg^oVdYZYdZciZhYjgVciZegdXZY^bZcidhfjZgZ-
58 querem sedoanalgesia.
Contra-indicações
Sem contra-indicações absolutas. Diminuição da fiabilida-
de em doentes com Sat O2 <70% (cardiopatias congénitas
ou hipertensão pulmonar);
Outras situações que podem diminuir a fiabilidade:
AjoVbW^ZciZWg^a]VciZ0
Bdk^bZcidZmXZhh^kdYdhZchdg0
=^ediZchd0
EZg[jhdYZkVhdegZhhdgZh0
BZiV]Zbd\adW^cZb^V0
EZg[jhdYZXdgVciZhXdbdVojaYZbZi^aZcd0
>cidm^XVdedgbdcm^YdYZXVgWdcd0
=^ediZgb^V0
6aXVadhZ0
KZgc^oYVhjc]Vh#
Técnica
Existem vários tipos de pulsioxímetro; os mais adequados
são os que permitem a monitorização da SatO2 e frequência
As derivações
Bipolares:
Interpretação do ECG
W <h[gk
dY_WYWhZWYW<9
Várias formas de calcular.
&*%%VY^k^Y^geZadc#§YZfjVYgVYdheZfjZcdhZcigZ'
complexos QRS
(%% V Y^k^Y^g eZad c#§ YZ fjVYgVYdh \gVcYZh ZcigZ '
complexos QRS
A FC varia com a idade e com diversos estímulos fisio-
lógicos (ex: febre, choro…).
Para se classificar como bradi ou taquicardia há que ter
em conta os limites normais para a idade.
X H_jceYWhZWYe
Em qualquer idade, o ritmo cardíaco normal é o sinusal,
isto é, uma onda P a preceder cada QRS. Para avaliar
a regularidade do ritmo, mede-se a distância RR que
deverá permanecer constante.
Uma das arritmias mais frequentes na pediatria, é a
¹arritmia sinusal respiratória”, em que ocorre lentifica-
ção da FC durante a inspiração (sem significado pato-
lógico).
Y EdZWF
Onda P reflecte a despolarização auricular.
Normal: Vector de cima para baixo e da direita para a
62 esquerda. Eixo eléctrico entre 0 a +90º
Onda P sinusal: positiva em DI, DII e aVF; negativa em
aVR.
Altura máxima: 2,5 mm
Comprimento máximo: 0,1 Seg.
Z 9ecfb[neGHI
O complexo QRS reflecte a despolarização ventricular.
Tanto o seu eixo como morfologia variam com a idade.
Pelas características da circulação fetal, o VD tem que
suportar grandes pressões, pelo que, ao nascimento,
a massa dos 2 ventrículos é semelhante. Condiciona
que na primeira semana de vida o eixo eléctrico do QRS
esteja desviado para a direita (+120º), existam ondas R
grandes e ondas T positivas nas precordiais direitas,
[ ?dj[hlWbeFH
Compreende o período de tempo desde o início da onda
P até ao início do QRS e representa o atraso que a con-
dução do impulso eléctrico sofre quando passa no nó
AV e no feixe de His. Deve ser medido em DII. Varia com
a idade (tabela II) e com a FC, por isso habitualmente é
menor nas crianças pequenas.
\ ?dj[hlWbeGJY
Representa a duração do potencial de acção.
Mede-se desde o início do QRS até ao final da onda T.
O QT varia com a FC, pelo que deve ser corrigido me-
diante a fórmula de Bazett: GJY 3 GJ % H#H$ Os seus
valores oscilam entre 0,30 a 0,45 seg.
FIXY^b^cjYd/Y^\^i{a^Xdh!]^eZgXVaXZb^V
FIXVjbZciVYd3%!)*hZ\/]^edXVaXZb^V!]^edXVa^Zb^V!
miocardite, lesão intracraniana, antiarrítmicos (amio-
darona, procainamida); síndromes congénitos (Síndro-
me de QTc longo e medicação anti-refluxo (cisapride)
Atenção: O QTc claramente aumentado pode ser cau-
sa de morte súbita ao desencadear arritmias ventri-
culares (torsades de pointes)!
] EdZWJ[i[]c[djeIJ
^ EdZWK
66 Representa a repolarização do sistema His-Purkinje
e nem sempre é visível num ECG normal. Apresenta o
mesmo eixo que a onda T, no entanto tem uma amplitu-
de muito menor.
Pode estar aumentado na hipocaliemia, antiarrítmicos
e no síndrome de QT longo
Hipertrofia auricular
>_f[hjheÄWZW7:
CV]^eZgigdÃVdjY^aViVdYV69/EVaiVh3'!*bbZb9>>!
com duração normal
2 variedades descritas:
Ondas P altas em DII e DIII, mas aplanadas em DI> suges-
tivo de cor pulmonale
Ondas P altas em DI e DII, mas aplanadas em DIII> suges-
tivo de cardiopatia congénita (atrésia tricúspide, anomalia
>_f[hjheÄW7;
Ondas P largas e bifásicas (P mitral). Melhor em V1. Defle-
xão negativa tardia, superior a 1 mm de amplitude e a 0,04
seg. de duração. Surge nas CIVs grandes ou na EM.
Hipertrofia ventricular
>_f[hjheÄWL:
9Zhk^dYdZ^mdYdFGHeVgVVY^gZ^iV
GVaiV3'%bbZbK&"K'
Hegd[jcYVZbK*"K+
EVYgdfGcVhegXdgY^V^hY^gZ^iVhK)G!K(G!K&
6aiZgVZh cV gZedaVg^oVd/ YZegZhhd HI! ^ckZghd
da T em aVF, onda T positiva em V1, padrão rSR’ em V1
(bloqueio incompleto do ramo direito em crianças nor-
mais, patológico se também em V3-V4)
>_f[hjheÄWL;
9Zhk^dYdZ^mdYdFGHeVgVVZhfjZgYV
GVaiVhZbK*"K+djHegd[jcYVhZbK&"K'
GZbK*"K+ HZbK&"K'3(*bbcY^XZYZHd`dadl
DcYVhFZbK*"K+3*bb
6aiZgVZh YV gZedaVg^oVd/ YZegZhhd YZ HI! dcYV I
aplanada/ invertida em DI-aVF.
68
Bibliografia
1. King BR, King C, Coates WC. Critical procedures. In: Gausche-Hill M, Fuchs S,
Yamamoto L, editors. The Pediatric Emergency Medicine Resource. 4th ed. Boston:
Jones and Bartlett Publishers; 2004:674-767.
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de pediatria. In: Benito J, Luaces C, Mintegi S, Pou J. Tratado de urgências em
pediatria. Sociedade Española de Urgências de Pediatria. 2005:35-101.
3. Lledín MD, De la Flor M, Arjona D, Goded F. Técnicas y procedimentos. In: Ruiz
Dominguez JÁ, Montero Reguera R, Hernandez Gonzalez N, Guerrero-Fernandez
J, Galan de Rios J, Romero Albillos, Lopez Valero GN. Manual de diagnóstico y
terapêutica en pediatria. 4ª ed. Madrid. Publimed; 2003;831-56.
69
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR
EM PEDIATRIA
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR
EM PEDIATRIA
Marta João Silva, Augusto Ribeiro
Segurança
Estimular
Não responde
Pedir ajuda
Manobras
Não respira ?
Chamar 112*
30 compressões
torácicas
Compressões
torácicas 30:2 73
Coordenadas
com ventilação
Segurança
Estimular
Gritar por ajuda Se responde observar
Não responde
Respira
Avaliar Ventilação Colocar em posição de
recuperação
Não respira
Compressões
torácicas 15:2
Coordenadas
com ventilação
RCP
Durante 1 minuto
Reavaliar
Continuar
74 conforme indicado
Activar SME
Algoritmo de suporte avançado de vida
pediátrico (SAVP)
Não responde
Respira
Avaliar Ventilação Colocar em posição de
recuperação
Não respira
Compressões torácicas
Coordenadas com ventilação (15:2)
Avaliar Ritmo
Amiodarona
5 mg/kg IV/IO
Introdução
A paragem cardio-respiratória (PCR) define-se como a in-
terrupção súbita e potencialmente reversível da actividade
mecânica do coração e da respiração espontânea. A PCR
nas crianças representa, habitualmente, o evento terminal
da progressão da insuficiência respiratória ou circulatória.
O reconhecimento precoce com uma intervenção apropria-
da nas crianças que apresentam sinais de compromisso
respiratório e/ou circulatório são factores fundamentais
para optimizar as possibilidades de um bom resultado na
abordagem de um criança colapsada. Contudo, em algu-
mas crianças, a PCR não pode ser prevenida sendo o Su-
porte Básico e Avançado de Vida eficaz e rápido cruciais na
melhoria da morbilidade e da mortalidade.
J78;B7'¸L7H?78?B?:7:;:;L7BEH;I:;<H;GKÌD9?7H;IF?H7JÔH?7"
CARDÍACA E TENSÃO ARTERIAL DE ACORDO COM A IDADE
Frequência Frequência
Pressão arterial
Idade (anos) respiratória Cardíaca
sistólica (mmHg)
(por minuto) (por minuto)
<1 30-40 110-160 70-90
1-2 25-30 100-150 80-95
1. Avaliação primária
(B) Respiração
Se as manobras de abertura da via aérea, descritas anterior-
mente, não forem eficazes no retomar da respiração em 10
segundos, a reanimação com ar expirado deve ser começada.
:[l[ci[h[\[YjkWZWi+_dikÅW[i_d_Y_W_i
Avaliação
Posição de recuperação
A – (Via Aérea)
Aspiração
A faringe é muitas vezes obstruída por secreções, vómito ou
sangue e, ocasionalmente, por um corpo estranho sólido.
84 O equipamento de aspiração numa sala de emergência
deve incluir uma instalação de vácuo fixa em parede, habi-
tualmente com um regulador de pressão negativa, um re-
servatório, tubagem de aspiração e uma sonda de aspira-
ção adequada. Sondas rígidas e de grande calibre, como as
sondas de Yankauer, existem em tamanhos adulto e pediá-
trico e são muito úteis para a remoção de vómito e secre-
ções espessas ou abundantes. As sondas flexíveis, menos
traumáticas, são mais adequadas a lactentes e crianças
pequenas, mas possuem uma capacidade de aspiração
limitada. A utilização de uma peça em Y ou com um orifí-
cio lateral que pode ser ocluído intermitentemente, ajuda
a controlar a pressão de aspiração, que em lactentes não
deve ultrapassar 80-120 mmHg.
Vias orofaríngeas
Impedem que os tecidos moles da língua e do pescoço
ocluam a via aérea superior mantendo uma passagem de
ar entre a base da língua e a parede posterior da faringe.
Existem em diferentes dimensões, desde 00 (prematuros)
até 4-5 (adulto).
Uma via orofaríngea de dimensão adequada chega do cen-
tro dos incisivos (ou de onde estes estarão) até ao ângulo da
Vias nasofaríngeas
São vias flexíveis, fabricadas em borracha ou silicone,
que garantem uma passagem de ar patente entre a nari-
na e a nasofaringe. Visto que não são comercializados em
tamanho pediátrico, podem ser usados tubos endotraque-
ais cortados (passando um alfinete de segurança na extre-
midade externa, para impedir que deslizem para dentro da
narina). O comprimento adequado do tubo é determinado
medindo a distância entre a extremidade do nariz e o tragus
da orelha da criança e deve ter um diâmetro que permita
que passe na narina sem causar branqueamento da pele.
Este diâmetro pode ser estimado pelo diâmetro do 5º dedo
da mão da criança. A via deve ser lubrificada antes de inse-
rir, o que se faz rodando suavemente e dirigindo posterior-
mente ao longo da base do nariz. Não dirigir para cima para
não traumatizar ou causar hemorragia. Estas vias são me-
lhor toleradas que as orofaríngeas em crianças conscien-
tes. São no entanto contra-indicadas se houver suspeita de
fractura da base do crânio.
B – (Ventilação)
Administração de oxigénio
Durante a reanimação, deve administrar-se oxigénio na
mais elevada concentração disponível. Eventuais receios
relativos a possível toxicidade do oxigénio não devem nunca
impedir que este seja administrado em alto débito durante
86 a reanimação. O oxigénio pode ser fornecido por uma fonte
portátil ou fixa, através de um debitómetro capaz de forne-
cer pelo menos 15 L/min. Idealmente, o oxigénio deve ser
humidificado, para impedir secura das secreções, e aque-
cido de modo a prevenir hipotermia e broncospasmo.
L[dj_bWeYecC|iYWhW[?dikÅWZehLC?
O primeiro passo no manuseamento de uma criança em
insuficiência respiratória descompensada é a manutenção
de uma via aérea patente. Se, apesar disto, se mantém a
descompensação deve iniciar-se VMI com oxigénio em alto
débito (100%).
Máscaras faciais
As máscaras usadas com sistema de insuflador manual
devem permitir ventilar sem fugas, abrangendo a boca e o
nariz, sem pressão sobre os olhos. Devem ter o menor es-
paço morto possível e ser transparentes para que se possa
observar a coloração da criança ou a existência de secre-
ções ou vómito. Existe uma variedade de tamanhos, entre
circulares e anatómicas. As circulares, em plástico macio
ou com uma bordadura insuflável, permitem uma boa se-
lagem em lactentes e crianças pequenas. As anatómicas
devem ser usadas em crianças maiores e adultos.
Técnica de VMI
A execução correcta de VMI é uma competência essencial
para todos os profissionais de saúde que lidem com crian-
ças. Mesmo quando a intubação traqueal é necessária, a
VMI pode garantir uma ventilação adequada na maioria das
crianças até que esteja disponível ajuda especializada. Um
posicionamento óptimo da via aérea é essencial para se ob-
ter uma boa ventilação. A VMI é executada com duas mãos.
A máscara é segura com uma mão, a outra mão comprime
o insuflador. Se houver dois reanimadores, um deles pode
ventilar enquanto o outro garante uma boa aplicação da
máscara e realiza a subluxação da mandíbula. Esta técnica
é particularmente útil em situações de trauma em que a ex-
tensão e flexão do pescoço estão contra-indicadas. A per-
meabilidade da via aérea deve ser mantida se necessário
com ajuste contínuo da posição da cabeça. Uma boa expan-
são torácica permite avaliar a eficácia da ventilação. Uma
ventilação exagerada em volume, pressão e/ou frequência
(hiperventilação), é prejudicial. Deve procurar ventilar-se
com uma frequência de 12 a 20 ciclos por minuto, apenas
com o volume necessário para conseguir expansão toráci-
88 ca visível e entrada de ar audível à auscultação. A eficácia
das insuflações só pode ser verificada através da observa-
ção da elevação e abaixamento do tórax, sendo essencial
que se observe movimento do tórax em cada insuflação. Se
não for observado movimento do tórax com as insuflações,
o reanimador deve reposicionar a via aérea da criança de
modo a abri-la antes da insuflação seguinte. A oximetria de
pulso é também útil para avaliar a eficácia da VMI.
A manobra de Sellick (pressão na cricóide)
Durante a reanimação, devido à necessidade ocasional de
usar pressões elevadas, é frequente haver entrada de ar
significativa para o estômago, causando distensão e aumen-
tando o risco de vómito e aspiração. A manobra de Sellick
destina-se a evitar essas consequências, nomeadamente
o risco de aspiração. Consiste em pressionar suavemen-
te com dois dedos a cricóide (o anel imediatamente abaixo
da cartilagem tiróide). Ao deslocar ligeiramente a cricóide
no sentido posterior, o esófago é comprimido, diminuindo
a possibilidade de entrada de ar no estômago com as con-
sequências referidas. Esta manobra está contra-indicada
se a criança começar a vomitar activamente, pois existe o
risco de ruptura esofágica. Em caso de suspeita de lesão da
coluna cervical, deve manter-se imobilização em linha da
coluna cervical durante todo o procedimento.
Laringoscópio
Há dois tipos de lâminas: curvas e rectas. Qualquer delas
se destina a manter a língua afastada e a deslocar a epi-
glote para visualizar as cordas vocais. As lâminas rectas
(n.º 0 e 1) são habitualmente preferidas em latentes e re-
cém-nascidos. São desenhadas para elevar a epiglote com
a extremidade da lâmina, de modo a permitir a visualiza-
ção das cordas vocais. As lâminas curvas são preferidas
em crianças e adolescentes (n.º 0, 1 e 2 para lactentes e
crianças; 3 e 4 para adolescentes e adultos). A extremidade
Procedimento
A oxigenação prévia deve ser sempre assegurada durante
pelo menos 3 minutos, se necessário com VMI, para garan-
tir uma reserva de oxigénio durante a intubação. Antes e 91
durante a intubação deve monitorizar-se continuamente a
saturação de oxigénio e a frequência cardíaca, pelo risco de
bradicardia reflexa e de hipóxia. A administração de atro-
pina antes do início da intubação reduz o risco de bradicar-
dia reflexa (0,02 mg/kg, mínimo 0,1 mg e máximo 1 mg).
No entanto, a administração de atropina pode mascarar a
bradicardia associada a hipóxia sendo necessário monito-
rizar a oximetria de pulso (não esquecer que no caso de
existir má perfusão periférica ou hipotermia a oximetria de
pulso não é fiável). Verificar sempre se todo o equipamen-
to necessário está disponível antes de iniciar a intubação.
Se surgir bradicardia ou hipóxia durante a intubação, deve
abandonar-se a tentativa e ventilar a criança com VMI e
oxigénio a 100%. A intubação orotraqueal é preferida na
reanimação já que pode ser efectuada de modo mais fácil
e rápido do que a nasotraqueal. Na intubação nasotraqueal
utiliza-se uma pinça de Magill para dirigir a extremidade do
tubo para a laringe. Se a pinça usada for demasiado grande
pode obstruir a visualização da glote. Esta técnica é geral-
mente mais demorada. Na intubação nasotraqueal nunca
se usa um introdutor.
As tentativas de intubação não devem exceder 30 segun-
dos. Qualquer tentativa deve ser interrompida se ocorrer
dessaturação ou bradicardia. Em qualquer destas circuns-
tâncias, ou após 30 segundos de tentativa, deve efectuar-se
VMI e oxigenação até a criança recuperar.
Se usar tubo com cuff, este deve ser insuflado até impedir a
fuga de ar (pressão de cerca de 20 cmH2O).
Cricotiroidotomia
6Xg^Xdi^gd^Ydidb^VedgV\ja]VjbViXc^XVYZ¹ai^bdgZ-
curso” em emergência, indicada apenas quando a intubação
clássica e outras técnicas tentadas não foram bem sucedi-
das em caso de obstrução grave da via aérea superior (obs-
trução laríngea por edema ou corpo estranho, trauma facial
grave…). A técnica deve ser realizada com uma agulha/câ-
nula de bom calibre (12G ou 14G) conectada a uma seringa
que se introduz percutaneamente, a 45º, em direcção cau-
dal, através da membrana cricotiroideia (ou imediatamente
abaixo da cartilagem cricóide em lactentes). A aspiração de
ar confirma a colocação correcta. A agulha é removida e a
cânula conectada a um adaptador de tubo traqueal 3.0 ou
3.5 mm e a um sistema de ventilação manual. Outra opção
é a ligação através de uma torneira de 3 vias a uma fonte
de oxigénio. Este é administrado durante um segundo (ins-
piração) e são permitidos quatro segundos para exalação.
O débito de oxigénio para esta técnica é: [idade da criança
em anos] = [L/min de oxigénio], até máximo de 6 L/min. As
cânulas usadas nesta técnica são pequenas e têm uma re-
sistência alta. O volume corrente conseguido é baixo e não
é possível uma remoção significativa de dióxido de carbono.
Esta técnica apenas permite uma oxigenação temporária
até ser possível uma via aérea definitiva. A traqueotomia ci-
rúrgica deve ser reservada a cirurgiões experientes, já que
é uma técnica difícil, com vários riscos importantes.
C – (Circulação)
Ritmos Desfibrilháveis
(FV/ TV sem pulso)
1. A Fibrilhação Ventricular (FV) consiste numa série
de despolarizações caóticas, desorganizadas, nas
96 quais as ondas e complexos são virtualmente sempre
anormais. A sístole ventricular não ocorre, portanto o
pulso não é palpável. A FV ocorre em 3,8 a 19% das pa-
ragens cardio-respiratórias nas crianças e a sua inci-
dência aumenta com a idade. A FV é um ritmo terminal
e pode ocorrer na hipóxia grave, perfusão coronária
inadequada, doença cardíaca congénita ou adquirida,
alterações electrolíticas, hipotermia ou toxicidade por
fármacos (digoxina, antidepressivos tricíclicos).
2. A Taquicardia Ventricular sem Pulso (TV) é rara nas
crianças. É caracterizada por uma frequência ventri-
cular de 120-400/minuto, com um ritmo regular e com
complexos QRS largos mas sem pulso palpável. As suas
causas são similares às da FV e é um ritmo terminal.
101
FLUIDOTERAPIA
FLUIDOTERAPIA
Emília Costa, Margarida Figueiredo, Herculano Rocha
Definição
A fluidoterapia tem como objectivo obter o equilíbrio entre a
manutenção das necessidades de fluidos e electrólitos e a
reposição das perdas anormais persistentes.
Entre 70 a 80% da composição corporal de uma criança é
água que está distribuída entre os compartimentos intra-
celular, intercelular e intravascular. Os fluidos passam de
um compartimento para o outro por gradientes osmóticos e
de pressão tornando os compartimentos isosmolares.
A tabela seguinte mostra a proporção entre cada um dos
diferentes compartimentos do organismo.
;njhWY[bkbWh
I[Ye ?djhWY[bkbWh
40% 40% ?dj[hij_Y_Wb FbWicW
15% 5%
Desidratação Aguda
Definição
106
Desidratação aguda: alteração metabólica devido à perda de
água e electrólitos que acarreta um compromisso mais ou
menos grave das principais funções orgânicas (circulató-
ria, renal, pulmonar, neurológica).
Classificação
Lc_je 107
:_Whh[_W =^eZgecZ^V
6he^gVYd\{hig^Xd =^eZge^gZm^V
:ciZgdhidb^V <daeZYZXVadg
;hijaV9^\Zhi^kV IjWjadeVi^Vh
>chjÃX^cX^VHjegV"gZcVa '&ZWiYWkiWi
;^WgdhZFjhi^XV
9^VWZiZhmellitus
9^VWZiZh^che^YV
FjZ^bVYjgVh
/&ZWiYWkiWi
Avaliação clínica
>
>
Pulso Normal Levemente Muito
Normal/variação
Variação ortostática/
TA Normal ortostática
Choque
YZ3&%bb=\
Irritável mas Hiperirritabilidade/
Comportamento Normal
com sede Letargia
Sede Leve Moderada Intensa
Mucosas* Normais Secas Muito secas
Lágrimas Presentes Reduzidas Ausentes/Olhos encovados
Fontanela anterior Normal Deprimida Muito deprimida
Sinal da prega Negativo Positivo Muito marcado
Tempo de 2-4 seg 3)hZ\!eZaZ[g^V!
<2 seg
>
2. Avaliação laboratorial
(Desidratação moderada e grave)
=Zbd\gVbV
:fj^aWg^d{X^Yd"WVhZ
108 >dcd\gVbV
JgZ^V!8gZVi^c^cV!<a^XdhZ
9Zch^YVYZJg^c{g^V
Líquidos/electrólitos de reposição
<WYjeh <bk_Zeih[gk[h_Zei
Febre 12% por ºC de elevação temperatura
Hiperventilação 10-60 ml/100 Kcal
Hipersudorese 10-25 ml/100 Kcal 109
Hipertiroidismo Variavel (25-50%)
Tratamento
A terapêutica com fluidos, quer seja oral ou parentérica,
tem como objectivo a reposição e manutenção do volume e
composição adequados dos líquidos corporais.
MONITORIZAÇÃO DA TERAPÊUTICA
CLINÍCA ANALÍTICA
F[ieii[h_WZei ?ede]hWcW
(cada 3-4 horas) (se hipo ou hipernatrémicas)
1. Hidratação oral
Indicações:
EgZkZcdYVYZh^YgViVd0
IgViVbZcidYVYZh^YgViVda^\Z^gVZbdYZgVYV1&%#
Desidratação hipernatrémica:
Corrigir desidratação existente em 8, 12 ou 24 horas
(quanto maior o nível de sódio sérico mais lenta será a
rehidratação).
9eceWZc_d_ijhWhWIHE5
Deve ser dado a beber ad libidum.
Se vómitos – administrar pequenas quantidades (5
110 ml) em pequenos intervalos (1 a 2 minutos) de modo a
obter a melhor tolerância gástrica possível na 1.ª/2.ª
hora regressando posteriormente ao ritmo correcto
visando a reposição das perdas.
HZgZXjhVdjkb^idheZgh^hiZciZh·VYb^c^higVgHGD
por sonda nasogástrica de modo contínuo (utilizar
bomba perfusora, doseadores, etc.).
Fase de manutenção:
Após terminada a fase de rehidratação oral com sucesso, é
necessário cobrir as necessidades basais e as perdas em
curso.
CVY^VggZ^VbdYZgVYV$\gVkZ·dkdajbZYZHGDYZkZ
ser igual ao volume das dejecções (5-10 ml/Kg por
cada dejecção).
EdgXVYVkb^id·'ba$@\#
2. Hidratação Endovenosa
?dZ_YW[i7XiebkjWi0 ?dZ_YW[iH[bWj_lWi0
9Zh^YgViVd\gVkZ >chjÃX^cX^VgZcVa
8]dfjZ]^edkdab^Xd ÏaZdeVgVai^Xd
9Zh^YgViVZhbdYZgVYVhhZb 9Zh^YgViVZhbdYZgVYVh
indicação para rehidratação oral (dif. com hiponatremia grave
respiratória, alt. da deglutição, dist. (Na+ <120 mEq/l) ou hipernatremia
abdominal, alt. da consciência, coma) grave (Na+3&+%bZf$a
<gVcYZheZgYVh[ZXV^hbVci^YVh >chjXZhhdYVgZ]^YgViVddgVaegk^V
3&%ba$`\$]
Fluidoterapia
G^ibdYVheZgYVhhjeZg^dg|h Kb^idh^cXdZgXkZ^hbVci^Ydh
possibilidades de ingestão de SRO.
111
Correcção da desidratação
A. Desidratação Isonatrémica:
;VhZ&/%"-]dgVh
1A Choque estabelecido: expansão de volume
20 ml/Kg em 30 minutos
> Soro fisiológico ou lactato Ringer
;VhZ'-"')]dgVh
½ (Manutenção + reposição) + perdas em curso.
B. Desidratação hiponatrémica:
Calcular défice de sódio através da fórmula:
>_fedWjhc_W2'(&c;g%B[i_djec|j_YW0
;VhZ&%"-]dgVh
1A Choque estabelecido: expansão de volume
20 ml/Kg em 30 minutos.
> Soro fisiológico ou Lactato de Ringer
112
1c Calcular défice de Na +
½ (Manutenção + reposição) + perdas em curso +
½ défice Na + (descontar o volume de fluidos e de Na +
administrados em A e B)
>_fedWjhc_W4'(&c;g%B[%ekWii_djec|j_YW0 correcção
idêntica excepto sem fase 1B .
Calcular défice de Na +
> Soro glucosalino a 1/3 + NaCl a 20% (sufi-
ciente para corrigir deficit de Na+ calculado
pela fórmula anterior)
C. Desidratação hipernatrémica:
CVigb^V3&*%b:f$AZ1&,%b:f$A·Xdgg^\^gZb)-]dgVh
CVigb^V3&,%b:f$A·Xdgg^\^gZb,']dgVh
Fluidoterapia
;VhZ&%"')]dgVh
1A Choque estabelecido: expansão de volume
20 ml/Kg em 30 minutos
> Soro fisiológico ou lactato Ringer 113
(4/4 horas)
Agir de acordo com esquema de atitudes seguinte:
CV+ a diminuir a uma taxa <0,5 mEq/l/h e aumento peso a taxa correcta
> Altera soro em curso
**Iehe]bkYeiWb_deW'%+
CV+ a diminuir a uma taxa 1-1,5 mEq/l/h e aumento peso a taxa elevada
> Diminui ritmo da perfusão
CV+ a diminuir a uma taxa 1-1,5 mEq/l/h e aumento peso a taxa correcta
> Aumenta conteúdo Na+ na perfusão
;VhZ'')")-]dj')",']
Manutenção + ½ reposição + perdas em curso
ionograma
Controlo peso
(4/4H)
7dWjhc_WdefeZ[XW_nWhWkch_jceikf[h_ehW'&#'(c;g%B&"+c;g%B%^
[c (* ^ehWi Z[ ceZe W [l_jWh W Wbj[hW[i XhkiYWi dW eicebWh_ZWZ[ gk[
feZ[cYkhiWhYec[Z[cWY[h[XhWl.
114
Correcção do Potássio
6Y^X^dcV"hZfjVcYdVY^jgZhZ[dggZhiVWZaZX^YV#
EZg[jhdYZ&"(b:f$@\$')]dgVhZbKZ^VeZg^[g^XV
não deverá exceder 40 mEq/L)
> Cloreto potássio a 7,5%
Correcção do Cálcio
Valores normais > Ca2+ : 1,025-1,3 mmol/L
Cálcio total: 8,5-10,5 mg/dl
8dgg^\^ghZh^cidbVidad\^V
EZg[jhdYZ&"'ba$@\Z#k#aZcidB{m&ba$b^c
> Gluconato de Ca2+ 10% (diluir 1:1 em SF ou SG) 115
Se necessário repetir dose 15 minutos depois.
116
FLUIDOS DE ADMINISTRAÇÃO ENDOVENOSA
=bkY DW! 9b- A! HCO3- 9W(! EicebWh_ZWZ[
<bkZei <ehcW
(g/L) (mEq/L) (mEq/L) (mEq/L) (mEq/L) (mEq/L) (mOsmol/L)
BWYjWjeH_d][h 500, 1000 ml - 130 109 4 28 3 273
=b_Yei[+ 20,100, 1000 ml 50 - - - - - 278
=b_Yei['& 500 ml 100 - - - - - 556
A9b-"+ 10 ml - - 1000 1000 - - 2000 *
IeheÄi_eb]_Ye
1000 ml - 154 154 - - - 308
DW9b&"/
I$^[c_dehcWbDW9b&"*+ 500 ml - 77 77 - - - 154
DW9b(& 20 ml - 3400 3400 - - - 7000 *
DW9b)
- 513 513 - - - 1026
(11 ml NaCl 20% + 89 ml SF)
I$]bkYeiWb_deW'%)ekiehe('&
500 ml 33 51 51 - - - 285
(2/3 soro glicosado + 1/3 SF)
I$[gk_b_XhWZe
500 ml 49,2 51 51 - - - 380
(15 ml NaCl 20% + 985 ml s. glicosado 5%)
I$]bkYeiWb_deW
ekiehe''&
500 ml 25 77 77 - - - 290
( ½ soro glicosado + ½ SF)
I$]bkYeiWb_deW'%+ekiehe*'&
40 30 30 - - - 280
(4/5 soro glicosado + 1/5 SF)
8_YWhXedWjeiZ_eW'CDW>9&)."* 20, 100 ml - 1000 - - 1000 - 2000 *
8_YWhXedWjeiZ_eW'%,CDW>9&)'"* 1000 ml - 167 - - 167 - 334
=bkYedWje9W(! 10% 10 ml - - - - - 500 669 *
* Não dar directamente em veia periférica – osmolaridade acentuada.
Bibliografia
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2. Cartig J, Oliva F, Castillo J. Deshidratación aguda. Urgencias en Pediatría 3.ª
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2002, p 251-270
3. Coelho E, Alexandrino A M, Rocha H. Desidratação Aguda – Protocolo de
tratamento. Hospital Central e Especializado de Crianças Maria Pia, 1995.
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Ediciones Masson, 2005
5. Behrman, Kliegman, Jenson. Nelson Textbook of Pediatrics. 18 th edition.
Saunders.2008
6. Jason W. Custer, MD and Rachel E. Rau. The Harriet Lane Handbook – A Manual
for Pediatric House Officers. 18 th edition. Mosby.2008
7. Advanced Paediatric Life Support- The Practical Approach. Blackwell
Publishing, 4º edition.
8. Watson C A, Ronald J K. Fluid and Electrolyte Therapy. Pediatr Clin North Am,
April 1990, 37:2
Fluidoterapia
117
ANALGESIA E SEDAÇÃO
ANALGESIA E SEDAÇÃO
Ricardo Bianchi, Henrique Soares, Milagros Garcia Lopes,
Teresa Cunha da Mota
Introdução
A dor é uma experiência emocional e sensorial desagradável
causada pela doença, pelos tratamentos realizados ou pelos
procedimentos diagnósticos a que o doente é submetido. No
doente pediátrico, pode haver tendência à subvalorização da
dor devido à menor capacidade de este a expressar. Como 5.º
sinal vital, é um indicador de boa prática clínica para a huma-
nização dos cuidados de saúde. A implementação correcta dos
recursos de sedo-analgesia torna-se assim mandatória por
razões humanas que exigem ao médico suprimir e aliviar a dor
e a ansiedade, bem como assegurar a realização de todos os
procedimentos invasivos sem dor e com o mínimo de agressão$
Analgesia e Sedação
Avaliação
A capacidade de proporcionar alívio da dor a qualquer
criança exige meios eficazes de avaliar o seu grau de des-
conforto. Esta avaliação pode ser feita com recurso a es-
calas de auto-avaliação, escalas observacionais e sinais 121
fisiológicos, dependendo da idade da criança e da sua capa-
cidade de comunicação.
Indicadores de dor
1
Líquidos claros 2h, leite materno 4h, leite adaptado, leite de vaca e refeições ligeiras 6h, refeição
principal ≥8h
J78;B7'¸:;<?D?wµ;I:EIDÐL;?I:;I;:7w´E
I[ZWecd_cW
1. Doente responde a comandos verbais
2. Função cognitiva pode estar alterada
3. Não afecta os sistemas respiratório e cardiovascular
I[ZWe[WdWb][i_WceZ[hWZWiºi[ZWeYediY_[dj[»
1. Doente responde a comandos verbais, pode não responder a estímulos tácteis
ligeiros
2. Função congnitiva alterada
3. Ventilação geralmente adequada; não afecta sistema cardiovascular
I[ZWe[WdWb][i_Wfhe\kdZWi
1. Doente não é facilmente despertável com estímulos repetidos ou dolorosos
2. Capacidade de manutenção da via aérea pode estar alterada
3. Ventilação espontânea pode ser inadequada; função cardiovascular mantida
7d[ij[i_W][hWb
1. Perda da consciência; doente não despertável, mesmo com estímulos dolorosos
2. Sem capacidade de manutenção da via aérea; alteração da ventilação
3. Função cardiovascular pode estar perturbada
§
ESCALA VISUAL ANALÓGICA
SEM PIOR DOR
DOR IMAGINÁVEL
§
O valor deve ser lido em centímetros. Geralmente até 3 cm podem usar-se apenas medidas não
farmacológicas.
ESCALA OBSERVACIONAL
(adaptada do Canadian Triage and Acuity IYWb[ 2)
?j[c 0 1 2
Não chora Consolável
Inconsolável
9^eheeklep Não se Chora, mas responde
Chora insistentemente
queixa a mimos
Normal, Queixas intermitentes Queixas constantes
;nfh[iie\WY_Wb calmo, Expressão de Expressão de dor
relaxado dor ligeira severa
126 FeijkhW
Pernas e músculos em
(comportamento
Normal, flexão Agarrado à zona de dor
da criança
indiferente Toca-se, fricciona-se Na defensiva, tenso
relativamente
suavemente
à zona dolorosa)
Cel_c[dje Reduzido ou inquieto Imóvel ou derrotado
(como move todo Normal Agitação moderada ou Agitação incessante ou
o corpo) actividade diminuída inactivo
9eh Normal Pálido Muito pálido
2
Escala em utilização na triagem da Urgência Pediátrica do Porto
O score de cada um dos cinco itens varia entre 0-2, resultando num score total de 0-10.
4. Tratamento da dor aguda
A abordagem da dor deve ser feita de forma individualizada
para cada doente com base no score obtido pela aplicação
da escala adequada. As intervenções devem estar ligadas a
esta avaliação e, sempre que possível, iniciar-se por méto-
dos não farmacológicos.
a) Métodos comportamentais:
1. Dessensibilização;
2. Reforço positivo;
3. Relaxamento.
b) Métodos cognitivos:
4. Informação preparatória;
5. Mudança de memória;
6. Distracção.
c) Métodos físicos:
7. Aplicação de calor ou frio;
8. Massagem;
9. Posicionamento. Analgesia e Sedação
d) Suporte emocional:
10.Presença de pessoa significativa;
11. Toque terapêutico ou afectivo;
12. Conforto.
e) Suporte ambiental:
13.Minimização de estímulos desagradáveis (ruídos, lu- 127
minosidade e odores).
Cloreto de Etilo
Spray de aplicação tópica sobre pele intacta que se evapora
imediatamente.
Produz uma sensação de frio e dessensibilização dos re-
ceptores da dor, com uma anestesia superficial de muito
curta duração, pelo que se pode utilizar em procedimentos
rápidos como punções e drenagens de abcessos.
132
J78;B7+¸EFwµ;I<7HC79EBÔ=?97II;=KD:E7?DJ;DI?:7:;:7:EH
9ecfed[dj[_dÅWcW- <|hcWYei[
?dj[di_ZWZ[ 9WkiWiZ[Zeh
jh_e l_WZ[[b[_e
:ehb_][_hW Cefaleias, dor pós-vacinal, odontológica, pós-cirúrgica
(score 1-3) (ex: fimose, adenoamigdalectomia) Pouco ou nulo FWhWY[jWceb(PO)
Traumatismos ligeiros
Traumatismos musculo-esqueléticos, otite, celulite,
Elevado ?Xkfhe\[de(PO)
dismenorreia, queimaduras solares
:ehceZ[hWZW Dor tipo cólica (abdominal, biliar, uterina, genitourinária)
(score 4-6) Traumatismos musculo-esqueléticos JhWcWZeb(PO, IV)
Cefaleias, queimaduras Pouco ou nulo 9[jehebWY(IV)
Dor otológica e odontológica C[f[h_Z_dW(IV)
Cirurgias minor
Otite, celulite ?Xkfhe\[de(PO)
Artrite idiopática juvenil Elevado :_Ybe\[dWY(PO)
Metástases ósseas 9[jehebWY(IV)
:eh_dj[diW%_dikfeh- Cirurgia torácica, urológica e ortopédica Opióides
j|l[b¥ Abdómen agudo CehÄdW(IV, SC)
(score 7-10) Queimaduras extensas <[djWd_b(IV)
Dor oncológica
Metástases ósseas
Associados a
Crise falciforme
Mucosite FWhWY[jWceb(PO, IV)
Politraumatismos ?Xkfhe\[de (PO)
Fracturas 9[jehebWY(IV)
* Segundo as escalas referidas no ponto 3 (pág. 125).
¥
Na ausência de controlo eficaz da dor, contactar a Kd_ZWZ[<kdY_edWbZW:eh7]kZWJBC/'(*,*(+)$
Analgesia e Sedação
133
134
J78;B7,¸7DJ7=ED?IJ7I:;<ÍHC79EIKJ?B?P7:EI;CI;:E#7D7B=;I?7;CF;:?7JH?7
<|hcWYe :ei[ :ei[c|n_cW 9ec[dj|h_ei
:ei[_d_Y_Wb?LB
150 mg/kg (diluído em 3 mL/kg SG 5%, em
Antídoto na intoxicação por fWhWY[jWceb. Administrar só se
60 min)
150 mg/kg existirem níveis séricos elevados de paracetamol devendo
I[]k[f[h\kie?L
(em 200 mL) ser iniciado até 4-15h após a ingestão. Usar com cuidado
50 mg/kg (diluído em 7 mL/kg de SG 5%)
em doentes com asma. Risco de anafilaxia. Controlo de
durante 4h seguido de 100 mg/kg (diluído em 50 mg/kg
níveis séricos de paracetamol às 4h e de 4/4h até às 24h
7Y[j_bY_ij[dW 14 mL/kg de SG 5%) em perfusão de 16h. (em 500 mL)
após a ingestão. Usar Normograma de Rumack-Matthew.
(PO, IV) e 100 mg/kg
ou
(em 1000 mL)
:ei[_d_Y_WbFE Quando administrado por l_WehWb, deve ser dado diluído
300 mg/Kg em 1:4 em bebida gasosa. Evitar carvão activado em uso
140 mg/kg
21 horas simultâneo. Deve ser mantido até 68h no total de 17 doses
I[]k[FE
70 mg/kg/dose de 4/4h ou níveis não tóxicos de paracetamol..
(17 doses)
Antagonista das X[dpeZ_Wp[f_dWi. Início de acção aos 1-2
:ei[_d_Y_WbXbki?L min, pico aos 6-10 min. Pode haver reaparecimento dos
0.01 mg/kg/dose (em 15-30 seg) 0.2 mg/dose sinais de intoxicação por benzodiazepinas 50-60 min depois
<bkcWp[d_b
:ei[ii[]k_dj[iXbki?L da utilização de fllumazenil. Pode precipitar convulsões,
(IV) 0.2 mg/dose
0.01 mg/kg/dose (em 15-30 seg) HTA, arritmias e agitação. Monitorizar sinais vitais.
Máximo de 5 doses com intervalo de 1 min) 9edjhW#_dZ_YW[i0 instabilidade hemodinâmica, usar com
cuidado nos TCE.
Antagonista dos ef_|Y[ei. Semi-vida curta: se necessário,
9h_WdW≤+7ek≤(&a] pode ser repetido 2-3 min depois da primeira dose. Na
0.1 mg/kg/dose IV/SC/IM administração IM o início de acção é mais tardio mas
DWbenedW
2 mg/dose mais prolongado. Para intoxicação por opiáceos de acção
(SC/IM/IV) 9h_WdW4+7ek4(&a] prolongada, pode usar-se perfusão IV. Pode precipitar
2 mg/dose IV/SC/IM arritmias ventriculares em doentes com cardiopatia ou causar
hipo/hipertensão arterial. 7ii[]khWhl[dj_bWeWZ[gkWZW$
PROTOCOLOS PARA SEDO-ANALGESIA NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA
7$FheY[Z_c[djeideZebeheiei
;nWc[i_cW]_eb]_YeiJ9"HC"[Ye – necessária apenas sedação
BidYdhcd[VgbVXda\^Xdh
;{gbVXdh ¸C_ZWpebWc (PO, IN, IV)
¸>_ZhWjeZ[YbehWb (PO, PR)
8$FheY[Z_c[djeiZebeheiei
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HZYVdZVcVa\Zh^V/ ¸CjeZeide\WhcWYeb]_Yei
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¸<[djWd_b(IV)!c_ZWpebWc(IV) Analgesia e Sedação
H[fWhWeZ[\[h_ZWi[[njhWYeZ[Yehfei[ijhWd^eiZWf[b[
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135
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¸9beh[jeZ[[j_be
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SÍNDROME FEBRIL
FEBRE
DA FISIOPATOLOGIA AO TRATAMENTO
Henrique Soares, Irene Pinto de Carvalho
1. Introdução
É incerta a origem da prática de conhecer a temperatura cor-
poral como forma de auxílio ao diagnóstico. É razoavelmente
certo que foi Galileu a manufacturar o primeiro termómetro,
contudo, até 1868, não foi totalmente assimilado pela prática
médica. Foi nesta altura que Wunderlich chegou à conclusão
de que o valor de temperatura axilar de 38° C seria o limite
superior da variação normal da temperatura corporal, ofe-
recendo assim, uma das primeiras definições quantitativas
de febre. Apesar do trabalho de Wunderlich ter sido publica-
do há mais de um século e baseado principalmente na me-
dição da temperatura axilar, sobreviveu quase textualmente
aos conceitos modernos da termometria clínica.
A febre tem valor como sinal de doença e não como doença
em si própria; assim, sempre que possível, a causa da febre
Síndrome Febril
2. Terminologia
139
A febre, um estado de temperatura corporal elevada, é mui-
tas vezes, mas não necessariamente, a parte da resposta
defensiva de organismos multicelulares à invasão de outro
ser vivo ou de matéria inanimada reconhecida como pato-
génica ou alheia ao hospedeiro. A subida da temperatura
como febre deve ser distinguida da hipertermia. Ao contrá-
rio da febre, a hipertermia implica uma subida não regula-
da da temperatura do corpo, sem implicação de citoquinas
pirogénicas. Clinicamente, a febre associa-se a uma subi-
da da temperatura do corpo acima da variação normal e
é mediada por pirogénios, definindo-se como temperatura
rectal superior a 38 ºC se idade <24 meses ou temperatura
Vm^aVg$Vjg^XjaVg3(-§8hZ^YVYZ≥24 meses.
3. Termometria clínica
As medições termométricas são, sob o efeito de múltiplas
variáveis abaixo descriminadas e frequentemente ignora-
das, incorrectamente avaliadas.
Variabilidade do observador
140
Variabilidade Anatómica
Variáveis Fisiológicas
iZºViVdÃcVaYViVgYZZdhZj¹cVY^gºcd^cX^dYVbVc]#
É importante considerar não só o tempo da medição e o lo-
cal onde a temperatura foi medida, mas também o ciclo de
sono-vigília do doente.
Além dessas variáveis fisiológicas, o exercício, digestão e 141
problemas subjacentes como insuficiência renal crónica,
choque e inflamação local no sítio da medição (proctite,
otite externa ou estomatite) podem alterar respostas ter-
morreguladoras ou temperaturas locais, ou ambas. A tem-
peratura ambiente e a humidade também podem interferir
na temperatura corporal sendo pertinente, neste sentido,
referir que a roupa e os ambientes quentes podem elevar a
temperatura rectal de recém-nascidos até valores febris.
Temperatura corporal normal
4. Termorregulação
O calor é produzido por reacções bioquímicas que ocorrem
em todas as células vivas a nível mitocondrial. Em repouso,
mais da metade do calor do corpo é gerado em consequên-
cia de processos bioquímicos que convertem a energia ali-
mentar em ATP. Mesmo na ausência de trabalho externo, o
calor é gerado em consequência do trabalho interno (peris-
talse, contracções do miocárdio, circulação de sangue). Em
adultos, os arrepios são o meio primário pelo qual é feita a
produção de calor. A termogénese não dependente de ar-
repios é muito importante em recém-nascidos e pequenos
lactentes. Embora vários tecidos contribuam para o pro-
cesso, o tecido adiposo castanho assume um papel central.
Este, altamente diferenciado na sua tarefa, tem a estrutura
de tecido adiposo e está localizado nos ombros, pescoço,
glândulas suprarrenais e adjacente aos órgãos vitais. Este
tecido é caracterizado pela sua cor acastanhada, um siste-
ma vascular profuso e uma abundância de mitocôndrias. O
calor gerado principalmente em órgãos vitais é distribuído
142 em todas as partes do corpo via sistema circulatório. Por
outro lado, a activação da sudação reforça a perda de calor
via evaporação. A termorregulação é um processo que im-
plica uma articulação contínua de estruturas neurológicas
e conexões que se estendem do hipotálamo e sistema lím-
bico pelo tronco cerebral e formação reticular até à medula
espinal e gânglios.
5. Pirogénios endógenos
Os pirogénios foram tradicionalmente divididos em duas
categorias gerais: os que se originam fora do corpo (exóge-
nos) e aqueles oriundos das próprias células (endógenos).
Os pirogénios exógenos são, em sua maioria, microrganis-
mos e toxinas, ou outros produtos da origem microbiana,
ao passo que os pirogénios endógenos, ou citoquinas, são
os mediadores centrais e principais da resposta febril. Se-
gundo os conceitos tradicionais, os pirogénios exógenos
iniciam a febre induzindo as células do anfitrião (principal-
mente macrófagos) a produzir pirogénios endógenos. As
citoquinas funcionam dentro de uma rede reguladora com-
plexa na qual a informação é transmitida às células através
de citoquinas e hormonas. A lista de citoquinas pirogénicas
actualmente reconhecida inclui, entre outras, a interleu-
cina -1 (IL-1 [IL-1 α e IL-ß]), o factor de necrose tumoral α
(TNF-α), IL-6, o factor neurotrópico ciliar (CNF) e o inter-
ferão (IFN). As interacções entre citoquinas pirogénicas
e os seus receptores na região pré-óptica do hipotálamo
anterior activam a fosfolipase A2, libertando da membrana
citoplasmática ácido araquidónico como substrato da via da
cicloxigenase. Algumas citoquinas parecem assim, levar à
libertação de metabolitos do araquidonato – PGE2. Como
Síndrome Febril
143
6. Resposta de fase aguda
Como observado anteriormente, uma subida da tempera-
tura mediada por citoquinas é só uma de muitas caracte-
rísticas da resposta febril.
IgVY^X^dcVabZciZ!V[gVhZ¹gZhedhiVYZ[VhZV\jYVº[d^jhVYV
para descrever modificações em concentrações plasmáticas
de um número de proteínas segregadas pelos hepatócitos.
Acredita-se que muitas das proteínas de fase aguda modu-
lam a reparação de tecidos e da inflamação. Embora estrei-
tamente associado com a febre, a resposta de fase aguda
não é um componente invariável da resposta febril. Alguns
pacientes febris (ex. aqueles com certas infecções virais)
têm níveis normais de PCR no sangue. Além disso, os pa-
cientes com PCR elevada nem sempre estão febris.
7. Manifestações clínicas
Embora na maioria das situações seja difícil valorizar um
padrão febril, existem características da febre que podem
fornecer informação relevante. Geralmente, um pico febril
isolado não está associado a uma doença infecciosa im-
portante. Da mesma forma, temperaturas acima dos 41 ºC
estão mais vezes associadas a uma causa central resul-
tante da disfunção do SNC – \[Xh[Y[djhWb. São exemplos a
hipertermia maligna, a síndrome neuroléptica maligna e a
febre medicamentosa.
A ^_f[hj[hc_WcWb_]dW é uma doença muscular hereditá-
ria, latente, potencialmente grave, de herança autossômi-
ca dominante, caracterizada por resposta hipermetabólica
após exposição a anestésico inalatório, tais como, halota-
no, enflurano, isoflurano, ou exposição à succinilcolina. Os
sintomas podem ocorrer no momento da anestesia ou mais
raramente no período pós anestésico. Dentro do quadro de
hipermetabolismo apresenta aumento de CO2 , acidose lác-
144 tica e taquipneia. Ocorre também taquicardia, hipertermia
(este é um sinal tardio e deve-se levar em conta que naque-
les pacientes com quadro infeccioso ou inflamatório estas
podem ser a razão), arritmias cardíacas e hipertensão ar-
terial. Contractura muscular excessiva leva a rabdomió-
lise e a mioglobinúria. Deve-se suspeitar de hipertermia
maligna quando a criança sob anestesia está em ventilação
mecânica adequada e mesmo assim apresenta aumento de
CO2 e apresenta taquicardia.
Temperaturas abaixo do normal (<36 ºC) podem associar-
se a sépsis grave ou à utilização excessiva de antipiréticos.
A \[Xh[ _dj[hc_j[dj[, constitui-se num ritmo circadiano
exagerado. <[Xh[YedjdkWé persistente e não varia mais
de 0,5 ºC/dia. <[Xh[h[d_j[dj[ também obedece a um pa-
drão de persistência mas varia mais de 0,5 ºC/dia. A febre
intermitente é caracterizada por períodos febris intercala-
dos com intervalos de temperaturas normais. A \[Xh[j[h
ocorre no primeiro e terceiro dias (ex. malária por Plasmo-
dium vivax) e a \[Xh[gkWhj, no primeiro e quarto dias (ex.
malária por Plasmodium malariae). A \[Xh[X_\|i_YW indica
uma única doença com dois períodos de febre ao longo de
uma ou mais semanas (ex. leptospirose).<[Xh[h[Yehh[dj[
ou f[h_Z_YW descreve síndromes febris com periodicidade
regular (ex neutropenia cíclica). A \[Xh[ \WYjY_W pode re-
sultar, de entre outras causas, da manipulação intencional
do termómetro.
A relação entre a frequência cardíaca (FC) e a temperatura
pode também ser relevante. A taquicardia relativa, ou seja,
quando a FC se eleva desproporcionalmente à temperatu-
ra, geralmente relaciona-se com doenças não infecciosas
ou infecciosas nas quais toxinas são responsáveis pelas
manifestações clínicas. Bradicardia relativa sugere febre
tifóide, brucelose, leptospirose ou febre medicamentosa.
Síndrome Febril
145
8. Tratamento
A febre parece desempenhar um papel importante como
mecanismo de defesa contra a infecção. Sabe-se que vários
processos envolvidos no combate à infecção têm maior ac-
tividade a uma temperatura acima da normal. A terapêutica
antipirética tem, assim, como finalidade única a prevenção
das complicações associadas à febre, ao mesmo tempo que
proporciona mais conforto ao doente. No entanto, a febre
com temperatura superior a 39 ºC tende a causar um gran-
de desconforto à criança pelo que a administração de anti-
piréticos produz bem-estar. A terapêutica antipirética é be-
néfica e altamente recomendada em crianças com doença
cardiopulmonar, doenças metabólicas e neurológicas, bem
como sob risco de convulsão febril e desidratação. A hiper-
e^gZm^V I 3)& §8 edYZ ^cY^XVg ^c[ZXd \gVkZ! VaiZgVZh
hipotalâmicas ou hemorragia do sistema nervoso central,
devendo ser tratada imediatamente. O tratamento primor-
dial e mais eficaz da hipertemia maligna é a interrupção
imediata do uso de anestésico e administração de dantro-
leno sódico intravenoso (que diminui o risco de morte de
70% para 10%). O dantroleno reduz a liberação de cálcio
do retículo sarcoplasmático do músculo estriado esquelé-
tico por limitar a activação do receptor de rianodina RYR-1
(responsável pela hipertermia maligna) pelo próprio cálcio
e pelo complexo cálcio-calmodulina. Essa medida reduz as
sequelas metabólicas. Ainda como terapêutica adjuvante
recomenda-se o resfriamento rápido do paciente, inalação
de oxigénio a 100% e o controle da acidose, além do contro-
le das arritmias e da protecção renal.
O acetominofeno bem como o ibuprofeno são inibidores da
cicloxigenase hipotalâmica, interferindo assim na síntese
de PGE2. Não é recomendado o uso de ácido acetilsalicílico
em crianças pela associação com a Síndrome de Reye. O
paracetamol na dose de 10-15 mg/kg/dose oral ou 10-20
mg/kg/dose rectal de 4-4 horas não se associa a efeitos
146 colaterais significativos. No entanto, o seu uso prolongado
pode resultar em insuficiência renal ou, em doses tóxicas,
em insuficiência hepática. O ibuprofeno na dose de 5-10 mg/
kg/dose oral de 8-8 horas, pode causar dispepsia, hemor-
ragia digestiva, insuficiência renal e, raramente, meningite
asséptica. Recomenda-se, sempre que possível, arrefeci-
mento corporal físico. O declínio da temperatura febril, ou
seja, a resposta da febre à terapêutica antipirética, em caso
algum distingue infecções bacterianas de infecções víricas.
A prática de prescrição, ao longo do dia, de doses alter-
nadas de paracetamol e ibuprofeno tornou-se frequente
nos últimos anos. Os profissionais que prescrevem este
regime fazem-no por pensar que a probabilidade de baixar
a febre é maior e o risco de toxicidade individual de cada
um dos fármacos é menor. Não há evidência científica de
que a terapêutica antipirética alternando dois antipiréticos
conduza a uma descida mais rápida da temperatura ou te-
nha uma maior eficácia do que qualquer um dos agentes na
dose adequada, isoladamente. A terapêutica alternada com
paracetamol e ibuprofeno pode ser confusa para os pais,
levando a erros de dosagem e a um aumento do risco de
toxicidade, visto que as doses de cada um são diferentes.
Uma vez que ambos os fármacos são excretados pelo rim, a
desidratação, mesmo ligeira, que acompanha muitas doen-
ças febris nas crianças, pode precipitar uma insuficiência
renal, pelo efeito sinérgico de ambos na medula renal.
Síndrome Febril
147
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FEBRE SEM FOCO
AVALIAÇÃO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA
Helena Pinto, Eunice Trindade, Irene Pinto de Carvalho
Introdução
A febre é uma das causas mais frequentes de recurso ao
SU. A maioria das crianças tem idade inferior a 3 anos e
um foco infeccioso identificável. No entanto, em 20% dos
casos, após anamnese e exame físico cuidado, não se iden-
tifica a causa da febre.
A maioria destas crianças tem uma doença vírica auto-limi-
tada, mas algumas podem ter bacteriemia oculta e estar em
risco de desenvolver complicações bacterianas graves.
A estratégia de abordagem depende da idade da criança e
está directamente relacionada com a prevalência da bac-
teriemia oculta (BO) em grupos etários bem definidos: ne-
onatal (0-28 dias), pequenos lactentes (29 dias-3 meses),
lactentes e crianças mais velhas (3-36 meses). Síndrome Febril
Definições
<[Xh[ – temperatura rectal superior a 38 ºC se idade <24
bZhZhdjiZbeZgVijgVVm^aVg3V(-§8hZ^YVYZ≥24 meses.
<[Xh[i[c\eYe– febre sem origem identificada, após his- 149
tória e exame físico cuidados, numa criança sem aspecto
séptico (aguda se <7 dias de evolução ou prolongada se
3,"&%Y^VhYZZkdajd#
8WYj[h_[c_WeYkbjW– presença de bactérias no sangue de
uma criança <36 meses, sem aspecto tóxico/séptico e sem
foco infeccioso identificável.
7if[Yje jn_Ye%ifj_Ye – criança que apresenta sintomas
e/ou sinais compatíveis com sépsis: prostração/letargia;
irritabilidade/choro inconsolável/agitação; má perfusão
periférica; taquicardia; hiper/hipoventilação marcadas; pa-
lidez extrema ou cianose.
B[jWh]_W– contacto ocular ausente ou diminuído, incapaci-
dade ou dificuldade de interacção com pessoas ou objectos
do meio ambiente.
?d\[Y[iXWYj[h_WdWi]hWl[i – sépsis, pneumonia, artrite
séptica, osteomielite, celulite, pielonefrite, meningite, gas-
troenterite aguda bacteriana.
HWijh[_eifj_YeYecfb[jeinclui: hemograma com plaque-
tas; PCR; hemocultura; urocultura; sedimento urinário;
análise citoquímica, bacteriológica e virulógica do LCR;
radiografia do tórax e exame bacteriológico/virulógico de
fezes (se diarreia).
Critérios de exclusão
Deste protocolo de abordagem ficam excluídas as crianças
que necessitam de abordagem individualizada:
^bjcdYZÃX^cX^Vheg^b{g^VhdjVYfj^g^YVh=>K$H>96!
asplenia, corticosteróides, quimioterápicos ou outros
imunossupressores)
YdZcVhcZdea{h^XVh
YdZcVhXVgYVXVhdjejabdcVgZhXgc^XVh
YdZcVYZXajaVh[VaX^[dgbZh
YZhcjig^d\gVkZ
edgiVYdgVhYZXViiZgkZcdhdXZcigVa
150 VcdbVa^VhXdc\c^iVh\gVkZh
YdZcVhbZiVWa^XVh
Avaliação da gravidade – Escala de observação
de doença aguda
Acute Illness Observation Scale (AIOS)
A. GkWb_ZWZ[ZeY^ehe
1- Choro forte com tonalidade normal; ou confortável
sem chorar
2- Choroso ou soluçante
3-Choro fraco, gemido ou choro gritado
B. H[WYe}[ij_ckbWeZeifW_i
1- Choro breve e depois pára; ou não chora e está satis-
feito
2- Choro por períodos
3-Choro contínuo; ou dificilmente responde
C. LWh_WeZei[ijWZeiZ[iede%l_]_b_W
1- Se acordado, mantém-se acordado; ou se a dormir,
acorda rapidamente quando estimulado
2- Fecha os olhos quando acordado; ou acorda com esti-
mulação prolongada
Síndrome Febril
H[Yc#dWiY_Zei&#(.Z_Wi
A prevalência de bacteriemia oculta no período neonatal,
nos recém-nascidos com febre sem foco é de 6,5% e, des-
tes, 5 a 17% podem desenvolver meningite. A realização de
punção lombar nos recém-nascidos é considerada manda-
tória porque a meningite complica até 1/3 dos casos de bac-
teriemia e 15% dos casos de meningite têm hemoculturas
negativas, o que limita a possibilidade de identificação do
agente etiológico, que condiciona a duração do tratamen-
to e o prognóstico (sensibilidade da hemocultura: 45-70%;
sensibilidade do exame bacteriológico de LCR: 50-80%).
Tendo em consideração o elevado risco de infecções bac-
terianas graves neste grupo etário, a imprevisibilidade da
evolução e as limitações dos resultados analíticos propo-
mos o rastreio séptico completo, internamento e início de
antibioterapia empírica (Quadro I).
GK7:HE?¸JH7J7C;DJE7DJ?8?ÔJ?9E;CFÐH?9EDEIH;9xC#D7I9?:EI9EC
SUSPEITA DE BACTERIEMIA OCULTA
GK7:HE??¸9h_jh_eiZ[8W_neH_iYe¸bWYj[dj[i(/#/&Z_Wi
A. Clínicos:
Previamente saudável 1
Aspecto não toxico (AIOS ≤10) 2
Sem sinais de foco infeccioso 3
Bom suporte social 4
1
parto ≥37 semanas; sem tratamento antibiótico perinatal; sem hospitalização ou antibioterapia
prévia; sem doença crónica conhecida;
2
ver avaliação da gravidade – escala de observação de doença aguda;
3
excepto OMA, segundo alguns autores;
4
adequada vigilância no domicílio, pais atentos e responsáveis; imediato retorno ao hospital se
necessário; relação pais-médico já estabelecida
B.Laboratoriais:
Leucócitos 5000-15000/mm3; neutrófilos imaturos/total <0,2.
Síndrome Febril
BWYj[dj[icW_il[b^ei[Yh_WdWi)#),c[i[i
A prevalência de bacteriemia oculta neste grupo etário é
de 1,5%.
No sentido de determinar factores de risco para desenvol-
vimento de bacteriemia oculta/infecção bacteriana grave,
dá-se particular relevância, neste grupo etário aos seguin-
tes aspectos: estado geral e intensidade da temperatura;
leucograma e valor da PCR (Quadro III,IV,V).
QUADRO III
Febre (ºC) Risco de bacteriemia
39-39,4 <1-2%
39,4-40 1,1-3%
40-40,5 1,7-4%
3)%!* 2,6-5%
QUADRO IV
Leucócitos (mm3) Risco de bacteriemia
<10 000 0,1%
154 <15000 3%
≥15000 17%
≥20000 25%
≥30000 40%
QUADRO V
PCR (mg/L) Risco de infecção bacteriana grave
<40 mg/L 9,7%
3&%%b\$A 86,5%
urinária).
Comentários
155
Numa criança com idade <2 anos, a tira-teste e o sedimento
urinário podem ser normais inicialmente, em cerca de 20%
dos casos de ITU, pelo que deve ser sempre colhido exame
bacteriológico de urina.
156
Algoritmo de abordagem da febre sem foco
no Serviço de Urgência
Criança com aspecto GVhigZ^dhei^XdXdbeaZid
toxico/séptico? SIM >ciZgcVbZcid
6ci^W^diZgVe^VZcYdkZcdhV
NÃO
Considerar a idade
Recém-nascido? GVhigZ^dhei^XdXdbeaZid
SIM >ciZgcVbZcid
NÃO 6ci^W^diZgVe^VZcYdkZcdhV
Considerar temperatura
Bom estado geral e temp <39 ºC HZY^bZcidjg^c{g^dZjgdXjaijgV
e estado geral SIM
se <2 anos; sem necessidade de
outros testes diagnósticos
6aiVXdbk^\^a}cX^VZb)-
horas se a febre persiste
djVciZhhZV\gVkVbZcid0hZb
tratamento antibiótico
158 13. Alpern ER, Alessandrini EA, Bell LM, Shaw KN, McGowan KL. Occult bacteremia
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Síndrome Febril
159
FEBRE E PETÉQUIAS
Catarina Sousa, João Luís Barreira
6hXg^VcVhfjZcdegZZcX]ZbdhXg^ig^dhXac^Xdh¹>AAº
mas apresentam as restantes anomalias laboratoriais de-
vem receber tratamento compatível com doença menin-
gocócica, pelo período mínimo de 48 horas que permite
acompanhar a evolução clínica e obter resultados dos exa-
mes culturais.
163
<;8H;;F;JxGK?7I
Avaliar hemograma, proteína C
reactiva, estudo da coagulação
ou
PÚRPURA >gg^iVW^a^YVYZ
3(bb AZiVg\^Vdj
B{eZg[jhdeZg^[g^XV
ou
AZjXX^idh3&*m&%.$Adj
Leucócitos <5 x 109/L ou,
Não
egdiZcV8gZVXi^kV3*%b\$A
8dV\jadeVi^VYZXdchjbd
Vigilância 4-6 horas
no Serviço de Urgência
Sim
Colher hemocultura
Explicação mecânica?
(território da veia cava superior,
coceira picadas)
Não Sim
Colher hemocultura
9k^YVfjVcid Tratar causa
ao estado subjacente
clínico ou
8g^VcVh
<1 ano
Sim Não
Vigilância mais 4-6 horas
no Serviço de Urgência,
Repetição estudo analítico
Progressão do exantema? Alta ?
Sim Deterioração clínica ?
Alterações análises ?
164
Bibliografia
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Coimbra
Síndrome Febril
165
FEBRE NO DOENTE COM ANEMIA
FALCIFORME
Nuno Farinha
Avaliação clínica
Antecedentes pessoais: complicações, tratamentos e em
particular o programa transfusional ou terapêutica com
hidroxiureia. Verificar também quais são os valores hema-
tológicos de base do doente.
6kVa^Vgh^cV^hk^iV^h!YZeZg[jhdZhVijgVd#
6kVa^VdejabdcVgXj^YVYV!XdbeZhfj^hVYZYdgidg{X^XV
ou de sintomas respiratórios – síndrome torácico agudo.
6kVa^VdYVYdghcYgdbZYdadgdhd!YdgZhhhZVh#
6kVa^VdcZjgda\^XV#
EZhfj^hVYZ[dXdh^c[ZXX^dhdh#
Avaliação laboratorial
=Zbd\gVbV!XdbZh[gZ\VdYZhVc\jZZhZedhhkZaXdc-
tagem de reticulócitos.
7^dfjb^XV!eZgÃagZcVa!]Ze{i^XdZE8G#
=ZbdXjaijgVh#
Tratamento
São critérios de internamento:
IZbeZgVijgVhjeZg^dgV)%§8#
H^ijVdhdX^VaYZh[Vkdg{kZadjigViVbZcidegdÃa{i^Xd#
>YVYZ1&Vcd#
9^ÃXjaYVYZgZhe^gVig^VdjfjVafjZgh^cidbVgZ[ZgZciZVd
tracto respiratório inferior.
6aiZgVZh cV gVY^d\gVÃV YZ igVm ^cÃaigVYdh ejabdcV-
res).
<71*%%%$bb(dj3(%%%%$bb(#
168 =W1+\$YaZeaVfjZiVh1&*%%%%$bb(#
6ciZXZYZciZhYZheh^h\gVkZdjYZbZc^c\^iZ#
9^ÃXjaYVYZhcd[daadl"je#
Medicação
Ceftriaxone – 80 mg/kg/dia numa dose. Numa criança com
ar doente deve ser adicionado vancomicina .
Considerar a alta, desde que o seguimento esteja assegu-
rado com a observação no dia seguinte.
Ponderar transfusão de glóbulos rubros.
Em caso de foco infeccioso podem ser revistos os antibió-
ticos devendo sempre manter a cobertura para os gram
negativos.
9Z gZ[Zg^g Zb eVgi^XjaVg! eZaV hjV \gVk^YVYZ d ¹[dXd eja-
monar”.Os doentes com anemia falciforme têm uma vul-
nerabilidade pulmonar considerável e está descrito nestes
YdZciZh Xdb Vi^c\^bZcid ejabdcVg! d ¹hcYgdbZ idg{X^Xd
agudo”. Este pode ser causado por infecções tanto bac-
terianas como víricas e agentes atípicos (clamidia e mi-
coplasma). O síndrome torácico agudo também pode ser
causado por enfarte pulmonar e embolia pulmonar ou
por sobrecarga de líquidos. O Síndrome torácico agudo é
responsável por mais de 20% da mortalidade dos doentes
coma anemia falciforme.
Perante um síndrome torácico agudo a criança deve ser
sempre internada com monitorização cardiorespiratória
e medicada com ceftriaxone (80 mg/kg/dia) associado a
eritromicina (40 mg/kg/dia de 6/6 horas) ou claritromicina
(30 mg/kg/dia) de 12/12 horas. Tratar igualmente activa-
mente o broncospamo quando presente, hidratar e manter
a normal saturação de oxigénio. Manter hemoglogina aci-
Síndrome Febril
ma de 10 g/dl.
Se houver deterioração da função respiratória poderá ser
ponderada a exsanguineotransfusão.
169
Tratamento de suporte
=^YgViVdVYZfjVYV#
Dm^\c^d#
6cVa\Zh^V#DhZe^hY^dhYdadgdhdhYZkZbhZgV\gZhh^kV-
mente tratados com morfina em perfusão continua even-
tualmente com bólus em SOS se possível com PCA.
Bibliografia
1. Jason Fixler, Lori Styles: sickle cell disease in Pediatric Clinics of North
America, December 2002 (Vol. 49, Issue 6, Pages 1193-1210)
170
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES
RESPIRATÓRIAS
TOSSE
Lara Lourenço, Liliana Carvalho, Carla Dias, Teresa Nunes, Bonito Vitor,
Luísa Guedes Vaz
Introdução
Definição
GK7:HE?¸J?FEI:;JEII;9BÍII?97C;DJ;H;9ED>;9?:EI
Característica da Tosse Etiologia sugerida
IdhhZ¹XVc^cVº·gdjXV Croup, traqueomalácia
Honking ¹aVYgVYVº Psicogénica
Paroxística Pertussis e parapertussis 173
Staccato Chlamydia em lactentes
Metálica Compressão traqueal
Contextualização
Etiologia
Critérios de diagnóstico
Na maioria dos casos é possível estabelecer o diagnóstico
174 com uma história clínica e um exame objectivos completos
(Quadro II).
História Clínica
GK7:HE??¸:7:EIC7?IH;B;L7DJ;I:7>?IJÔH?79BÐD?97
Duração da tosse Aguda, subaguda, crónica ou recorrente
Idade de início 6ehdcVhX^bZcid·¹XVjhVhºXdc\c^iVh
da tosse HZbVcVhVehdcVhX^bZcid·¹XVjhVhºXdc\c^iVhdj
outras patologias
Circunstâncias do 6hhdX^VdVjbV^c[ZXdk^g^XVYdigVXidgZhe^gVig^d!
início da tosse relação temporal com a alimentação, episódio de aspiração
Natureza da tosse HZXVdjegdYji^kV!idhhZhXVgVXiZghi^XVh
Predomínio da tosse BVi^cVa$6XdgYVg·ÃWgdhZfjhi^XV!Wgdcfj^ZXiVh^Vh
9ZXW^id$cdXijgcV·gZÄjmd\VhigdZhd[{\^Xd!g^cdggZ^V
posterior
6\gVkVbZcidcdXijgcd·VhbVdjidhhZXgc^XVcd
específica
9^jgcV·eh^Xd\c^XV
HVodcVa·g^c^iZVag\^XV!]^eZggZVXi^k^YVYZWgcfj^XV$
asma
:h[dgd·VhbV
Sintomas/Sinais ;ZWgZZg^cdggZ^V·^c[ZXdYVhK6H
associados G^cdggZ^V!]Va^idhZ!XZ[VaZ^Vh!ZYZbV[VX^Va·h^cjh^iZ
H^W^a}cX^V·VhbV!Vhe^gVdYZXdgedZhigVc]d
175
Exame Objectivo
GK7:HE???¸:7:EIC7?IH;B;L7DJ;I:E;N7C;<ÐI?9E
Sinais vitais e grau de dificuldade A presença de sinais de dificuldade
respiratória respiratória aponta para uma natureza aguda
da condição
Evolução estaturo-ponderal e Má evolução/estado nutricional – necessidades
estado nutricional metabólicas aumentadas pelo esforço
respiratório, infecção crónica, tuberculose,
fibrose quística
Hipocratismo digital Doença pulmonar supurativa
Pele Eczema atópico – asma
Inspecção Deformidade = processo crónico
Hiperinsuflação – retenção de ar, geralmente
por doença das pequenas vias aéreas
Percussão e auscultação Processos localizados vs generalizados;
pulmonar Ruídos adventícios
Palpação e auscultação cardiaca Dextrocardia – mais provável discinesia ciliar 1.ª
Abdomen Bordo hepático palpável – presença de
hiperinsuflação
Otoscopia Corpo estranho, cera ou pêlo na membrana
timpânica – tosse crónica
Otite média supurativa – bronquite supurativa
Tosse Aguda
Na tosse de provável etiologia vírica de^|_dZ_YWefWhW
Wh[Wb_pWeZ[[nWc[iWkn_b_Wh[iZ[Z_W]dij_Ye$
Deve-se ponderar a realização de uma telerradiografia de
tórax quando existem sinais de atingimento das vias aé-
reas inferiores ou tosse de agravamento progressivo. É
mandatório a realização de broncoscopia rígida numa sus-
peita de corpo estranho.
Tosse Crónica
Avaliação da gravidade
São sintomas/sinais de alerta:
>cX^dcZdcViVa
GZaVdXdbVVa^bZciVd
>cX^dhW^id
Tratamento
177
A tosse deve ser tratada com base na etiologia. A supres-
são da tosse tem indicação bem precisa e deve ser desen-
corajada na maioria das situações.
Os broncodilatadores não surtem efeito em doentes não
asmáticos.
Poderá ser benéfico a utilização de anti-histamínicos por
via oral e corticóide nasal em doentes com tosse associada
a rinite alérgica.
<?=$'¸7B=EH?JCE:?7=DÔIJ?9E:7JEII;7=K:7
TOSSE AGUDA
Sintomas ou sinais
sugestivos de infecção
(febre, rinorreia…)
NÃO SIM
Sinusite
Bibliografia
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179
DOR TORÁCICA
Susana Nunes, Maria João Baptista, Inês Azevedo
3. Cardíaca
4. Gastrointestinal
5. Neurogénica
187
6. Psicogénica
8. Patologia neoplásica
-#&#BVhhVbZY^Vhic^XV
-#'#DjigVhcZdeaVh^Vh
9. Idiopática
GK7:HE?¸<79JEH;I:;H?I9E;:?7=DÔIJ?9EI
Factor de risco Pensar em:
Trauma Pneumotorax, hemotorax, contusão
pulmonar ou cardíaca
Doença cardíaca ou cirurgia torácica Arritmias, isquemia miocárdica,
prévias pericardite, derrame pericárdico
Estados pró-coagulantes Embolia pulmonar
Anemia de células falciformes Síndrome torácico agudo
Doenças respiratórias crónicas Pneumotorax, infecção
Doença de Kawasaki Aneurisma coronário, isquemia
miocárdica
Cocaína, outras drogas de abuso Isquemia miocárdica
Doenças do tecido conjuntivo Pericardite, derrame pericárdico,
dissecção da aorta
Avaliação Clínica
188
História Clínica
História Familiar
História Social
189
Exame Físico
SINAIS DE ALARME
Patologia cardíaca congénita ou adquirida
Arritmias, taquicardia persistente
Hipertensão, hipotensão, ritmo de galope, síncope
Dor torácica induzida pelo exercício
Dispneia, cianose, hemoptises
Hematemeses, hematoquézias, melenas
Febre
Patologia psiquiátrica grave como psicose ou ideação suicida
GK7:HE??¸9>7L;I:?7=DÔIJ?97I
Característica clínica Diagnósticos mais prováveis
Febre Pneumonia
Pericardite, miocardite
Síndrome torácico agudo (se drepanocitose)
Zona
Taquipneia, dispneia Pneumonia
Asma
Pneumotorax
Anemia das células falciformes
Pericardite
Insuficiência cardíaca congestiva
Macicez à percussão Derrame pleural
Pneumonia
Diminuição dos sons Derrame pleural
respiratórios Pneumonia
Pneumotórax
192
Dor Torácica
Anormais ou
Factores de risco de doença cardíaca? SIM :8< persiste dúvida
>ggVY^VdeVgVWgVddjXdhiVh GMidgVm
HcXdeZ 8dch^YZgVgZco^bVh
9dZcVYZ@VlVhV`^!YdZcVYdiZX^Yd cardíacas, eco
conectivo
EVidad\^VXVgYVXVXdc\c^iVdjVYfj^g^YV Contactar cardiologista
6gg^ib^Vh!iVfj^XVgY^VeZgh^hiZciZ pediátrico
=^eZgiZchd!]^ediZchd!g^ibdYZ\VadeZ
HjWhi}cX^VhYZVWjhdXdXVcV!djigVh
Normal ou
NÃO
alterações
sugestivas?
Factores de risco de embolismo? RX torax
8^gjg\^VgZXZciZ Tromboembolismo possível:
9dZcVeg"igdbWi^XV EdcYZgVgI8VaiVgZhdajd
CZdeaVh^V EdcYZgVgX^ci^\gVÃVYZK$F
8ViZiZgkZcdhdXZcigVa ;VaVgXdbXVgY^dad\^hiVZ
=^edm^VcdZmea^XVYV pneumologista pediátrico
=Zbdei^hZhYZXVjhVYZhXdc]ZX^YV
NÃO
NÃO
SIM
Sintomas relacionados com Considerar patologia digestiva
refeições?
Dor abdominal? Vómitos?
NÃO
SIM
Sintomas psiquiátricos? Consultar Pedopsiquiatra
=^eZgkZci^aVd
9ZegZhhddjVch^ZYVYZ
;dW^VZhXdaVg 193
8g^VcVcZ\a^\ZcX^VYV
HigZhhgZXZciZ
9gd\VhYZVWjhd
NÃO
194
INFECÇÕES DAS VIAS AÉREAS
SUPERIORES
Andreia Lopes, Edite Gonçalves , Artur Bonito Vítor
Introdução
As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) constituem
uma das principais doenças nas crianças e um dos princi-
pais motivos de consulta em ambulatório. Estima-se que
uma criança em idade pré-escolar pode sofrer aproxima-
damente 6 a 8 episódios de IVAS durante um ano, parti-
cularmente nos casos de maior exposição (frequência de
infantários, famílias numerosas, etc).
Na grande maioria dos casos a etiologia da doença é vírica,
1. Rinofaringite
Infecção das vias respiratórias envolvendo naso e orofaringe
;j_ebe]_W: vírus respiratórios (rinovírus, adenovírus, vírus
influenza e parainfluenza). 195
:_W]dij_Ye: clínico; rinorreia, tosse, febre moderada, obs-
trução nasal, conjuntivite, cefaleias, mialgias.
7XehZW][c[jhWjWc[dje: hidratação; desobstrução nasal
(soro fisiológico em gotas nasais ou spray, e aspiração fre-
quente de secreções); antipirético se febre.
9ecfb_YW[i: sobreinfecção bacteriana (Sinusite, Otite Mé-
dia Aguda, Pneumonia); suspeitar destas complicações, se
ocorrer agravamento de sintomatologia após 10 a 14 dias.
2. Adenoidite aguda
Patologia inflamatória e infecciosa das adenoides.
;j_ebe]_W: vírus respiratórios, Streptococcus pyogenes grupo A.
:_W]dij_Ye: clínico; visualização de corrimento mucopu-
rulento «em toalha» na parede posterior da faringe, rinor-
reia, obstrução nasal, halitose, tosse (inicialmente seca,
posteriormente produtiva), de predomínio nocturno com
duas ou mais semanas de evolução.
7XehZW][c [ jhWjWc[dje: desobstrução nasal com soro
fisiológico em gotas nasais ou spray e aspiração frequente
de secreções; antipirético para a febre; antibioterapia, se
houver clínica de infecção bacteriana: amoxicilina 50 mg/
Kg/dia (máx. 1,5-3 g/dia), 8/8h ou 12-12h, oral, 10 dias; na
alergia à penicilina, utilizar em alternativa a claritromicina,
15 mg/Kg/dia (máx. 1 g/dia), oral, 12/12h, 10 dias.
9ecfb_YW[i: otite média aguda; sinusite aguda.
3. Faringo-amigdalite aguda
A faringo-amigdalite refere-se à inflamação das amígda-
las, com extensão para a faringe e as adenóides.
;j_ebe]_W: vírus respiratórios (mais de 70%), nomeadamen-
te adenovírus, EBV, influenza, parainfluenza; Streptococcus
pyogenes grupo A (em 15 a 30% dos casos; esta etiologia é
muito rara antes dos 2-3 anos, com maior incidência entre
os 5 e os 15 anos).
196 :_W]dij_Ye: clínico; sintomas que sugerem infecção por ví-
rus respiratórios: febre moderada (de início gradual), con-
juntivite, tosse, rinorreia, diarreia, eritema da orofaringe.
Sintomas que sugerem infecção por Streptococcus pyoge-
nes grupo A: odinofagia, febre elevada (de início súbito),
cefaleias, náuseas, vómitos, dor abdominal, eritema da
orofaringe, exsudatos, petéquias do palato, adenomegalias
cervicais dolorosas.
No entanto não há sinais patognomónicos.
A herpangina é uma infecção da orofaringe causada por
Coxsackie vírus e que se manifesta igualmente pelo início
súbito de febre, odinofagia e recusa alimentar. Observam-
se lesões vesiculares ou ulceradas na orofaringe, sendo
uma patologia auto-limitada.
J[hWf
kj_YW: terapêutica antibiótica deve ser iniciada quan-
do o quadro clínico for muito sugestivo de etiologia estrep-
tocócica:
Penicilina G benzatínica, 50000/U/Kg (máx. 2400000 U),
YdhZc^XV!>#B#1&*@\/+%%%%%J03&*@\/&'%%%%%Jdj
amoxicilina, 50 mg/Kg/dia (máx. 1,5-3 g/dia), oral, 8/8h ou
12-12h, 7 a 10 dias.
Se alergia à penicilina: cefalosporinas (por exemplo Cefa-
droxil, 30 mg/kg/dia (máx. 1-2 g), oral, 12/12h, 10 dias; ma-
crólidos (por exemplo claritromicina, 15 mg/kg/dia (máx.
1 g/dia), oral, 12/12h, 10 dias); Clindamicina, 20 mg/Kg/dia
(máx. 1,8 g/dia), oral, 8/8h, 10 dias.
A terapêutica de eleição é a penicilina, uma vez que o Strep-
201
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202 13. American Academy of Pediatrics and American Academy of Family Physicians,
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14. Alter SJ. Pneumococcal Infections. Pediatrics in Review 2009 May; 30: 155-164.
CROUP. LARINGOTRAQUEOBRONQUITE
Vanessa Portugal, Filipa Vasconcelos Espada
1. Introdução
A palavra CROUP deriva do termo anglo-saxónico kropan,
fjZ h^\c^ÃXV! cjbV igVYjd Vegdm^bVYV! ¹chorar alto”.
Trata-se de uma obstrução da via aérea em grau variável,
habitualmente com 3-4 dias de evolução.
2. Etiologia
Habitualmente infecciosa.
DEVgV^cÄjZcoV^hdaVYdZbidYdhdh\gjedhZi{g^dh#
DKHGbV^h[gZfjZciZZbXg^VcVhXdbbZcdhYZ*Vcdh!
enquanto que o Influenza e M. Pneumoniae afectam pre-
dominantemente crianças com idade superior a 6 anos.
D>cÄjZcoVgZhedch{kZaedgh^ijVZhYZbV^dg\gVk^YVYZ# 203
DB#EcZjbdc^VZZhi{VhhdX^VYdVXVhdha^\Z^gdhYZaVg^c-
gite aguda.
3. Epidemiologia
A laringotraqueobronquite aguda é responsável por cerca
de 15% das infecções do aparelho respiratório em idade
pediátrica. Tem uma incidência de 3 a 6% em crianças com
menos de 6 anos de idade. O pico de incidência é no segun-
do ano de vida. É mais prevalente no Outono e Inverno e
mais frequente no sexo masculino.
4. Clínica
Depende do grau de obstrução das vias aéreas.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
IdhhZaVgc\ZV
;ZWgZ
9^h[dc^V$V[dc^V
:hig^Ydg
<gVjkVg^{kZaYZY^ÃXjaYVYZgZhe^gVig^V
LARINGITE ESPASMÓDICA
Origina um quadro clínico semelhante ao Croup viral mas sem febre ou
outros pródromos. Ocorre, habitualmente, de modo súbito durante a noite e
pode regredir espontaneamente ou após terapêutica, com relativa rapidez
(cerca de 6h). Tem um carácter recorrente e parece ser mais frequente em
crianças com história familiar de atopia.
204
5. Diagnóstico
Essencialmente clínico.
TAC DO PESCOÇO
Indicado se:
:hig^YdgVciZhYdh+bZhZhYZ^YVYZ
:hig^YdgfjZhjg\ZXdbdZmZgXX^d
HjheZ^iVYZbVhhVcVgVY^d\gVÃVYdigVm
6. Diagnóstico diferencial
CAUSAS DE OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA ALTA NA CRIANÇA
Supraglóticas Laríngeas/subglóticas Traqueais
=^eZgigdÃVVb^\YVa^cV 8gdjeK^gVa 8dgedZhigVc]d
aguda (associada a 8gdje:heVhbY^Xd IgVfjZiZWVXiZg^VcV
infecção vírica ou 8dgedZhigVc]d IjbdgZm!a^c[dbV
bacteriana) IgVfjZiZWVXiZg^VcV mediastinico anterior)
8dgedZhigVc]d AVg^c\dbVa{X^V£^c[# IgVjbVZm!]ZbVidbV
6WXZhhdgZigd[Vgc\Zd viricas 6cdbVa^Vh8dc\c^iVh
:e^\adi^iZgVgV 9^[iZg^V
6c\^dZYZbVV\jYd AZhdigb^XV$fjb^XV
IgVjbVVhhdX^VYd
intubação
AVg^c\dheVhbd
(associado a distúrbios
neurológicos,
hipocalcemia ou refluxo)
Fitzgerald DA. Kilham HA Croup: assessment and evidence-based management. MJA 2003, 179 372-377
Traqueíte Bacteriana
Adrenalina Nebulizada
Eficácia demonstrada.
Corticoesteróides 207
8. Prognóstico
A necessidade de ventilação mecânica invasiva ocorre em
cerca de 1% dos doentes que recorrem ao hospital e em
cerca de 6% dos doentes internados.
208
Croup. Tratamento
Obstrução da via aérea Life threatening? SIM D2 a 100% por máscara
Cianose? facial + Adrenalina
Depressão consciência? (5 ml 1:1000 não diluída
no nebulizador)
8dciVXiVgJ8>E
Introdução
A bronquiolite é uma doença infecciosa aguda predominan-
temente causada por vírus e que provoca uma obstrução
inflamatória das pequenas vias aéreas (bronquíolos).
Caracteriza-se por inflamação aguda, edema e necrose das
células epiteliais das pequenas vias aéreas, por aumento
da produção de muco e por broncospasmo.
É mais prevalente na faixa etária dos 3-6 meses de idade,
no sexo masculino e nos meses de Novembro a Março.
Manifestações clínicas
[ZWgZ
g^cdggZ^V 211
idhhZ
h^W^a}cX^V!XgZe^iVZh
iVfj^ecZ^V
Y^ÃXjaYVYZ gZhe^gVig^V bVc^[ZhiVYV edg \Zb^Yd! VYZ_d
nasal, tiragem intercostal, subcostal ou supraclavicular,
balanço toracoabdominal, balanço cefálico
Meios auxiliares de diagnóstico
O diagnóstico de bronquiolite é clinico.
Diagnósticos Diferenciais
6hbV
IdhhZXdfjZajX]d^YZ
6he^gVdYZXdgedZhigVc]d
6he^gVdedgG<:
6cdbVa^VejabdcVgXdc\c^iV
;^WgdhZfjhi^XV
8VgY^deVi^VXdc\c^iV
>chjÃX^cX^VXVgYVXV
B^dXVgY^iZkg^XV
9^heaVh^VWgdcXdejabdcVg
6cZ^hkVhXjaVgZh
9^hX^cZh^VX^a^Vg
7gdcXdecZjbdc^VWVXiZg^VcV
6cdbVa^VhXdc\c^iVhYVgZ\^daVgc\ZV!igVfjZ^VZeja-
mão
Critérios de Internamento
;gZfjcX^VgZhe^gVig^V3+%Xeb
HViD2 <92%
H^cV^h YZ Y^ÃXjaYVYZ gZhe^gVig^V eZgh^hiZciZ i^gV\Zb!
213
Tratamento Ambulatório
Medidas Gerais
=^YgViVdVYZfjVYV
;gVXX^dcVbZcidYVhgZ[Z^Zh
HdgdÃh^da\^XdcVhVaZVhe^gVdYZhZXgZZh
:aZkVdYVXVWZXZ^gVYdaZ^idV(%§Zedh^dcdaZ^idZb
decúbito dorsal
:k^iVgVbW^ZciZhXdb[jbd
8^cZh^diZgVe^V/XdcigdkZghV0WZcZ[X^dhVeZcVhYdXjbZc-
tados em casos de atelectasia
Tratamento Hospitalar
A. Medidas Gerais
BZY^YVh\ZgV^hVciZg^dgZh
;aj^YdiZgVe^V ZcYdkZcdhV · Zb Xg^VcVh Xdb Y^ÃXja-
dade em se alimentar pela dificuldade respiratória (FR
3+%",%$b^c0 ViZcd | edhhkZa gZiZcd YZ afj^Ydh
por secreção inapropriada de hormona anti-diurética
(restringir carga hídrica de acordo).
B. Tratamento Farmacológico
7GDC8D9>A6I69DG:H·jhdh^hiZb{i^XdXdcigdkZghd#
Nem sempre na bronquiolite o papel do broncospas-
mo é relevante, particularmente abaixo dos 6 meses.
Considerar prova terapêutica hospitalar com fármacos
beta adrenérgicos ou alfa adrenérgicos:
a) SALBUTAMOL
jhVgXdbd&#¦dedZhjheZcYZghZcdZm^hi^gbZ-
lhoria em 30-60 min
hZZm^hi^ggZhedhiVbVciZgZb^ciZgkVadhYZ)")]dj
6-6h
CZWja^oVYd/*b\$ba%!%(ba$`\Y^ajYdZbH;fWe
214 2-3 ml com O2 a 6 l/min; dose mínima 0,25 ml; dose
máxima 1 ml
eB9> Xdb X}bVgV ZmeVchdgV/ '%%"+%% ¥\$YdhZ
%!*¹ej[[º$@\$YdhZ
b) ADRENALINA nebulizada
VhjVji^a^oVdYZkZhZghZbegZZbbZ^d]dhe^iVaVg
hjheZcYZgZb(%"+%b^chZcd]djkZgbZa]dg^V0hZ
existir resposta manter em intervalos de 4-4h ou 6-6h
&$&%%% & b\$ba %!%*"%!& b\$`\$YdhZ! Y^ajYV Zb
SF qbp 3 ml com O2 a 6 l/min
:m^\Zk^\^a}cX^VXac^XVYjgVciZ']dgVhÃcVaYVhjV
acção)
6CI>7>ÓI>8DH·hZbkVadgiZgVeji^XdZmXZeidhZ^c-
fecção bacteriana secundária.
ESCALA DE GRAVIDADE
Moderada 6Yb^i^geVgVdWhZgkVdedgeZgdYd≥2h
ou BZY^YVh<ZgV^h
Grave 6he^gVdYZhZXgZZhcVhd[Vgc\ZVh
8dch^YZgVgD2 se Sat O2<92%
NÃO SIM
Manter tratamento
Reavaliação clínica
216
NÃO
Critério de internamento? Critério de alta?
SIM SIM
9h_jh_eiZ[c[b^eh_WYbd_YW
FedjkWe FedjkWe
9h_jh_eiZ[c[b^eh_WYbd_YW
fh#jhWjWc[dje fi#jhWjWc[dje
<h[gk
dY_Wh[if_hWjh_W
%CdgbVa
&3*%
KieciYkbeiWY[iih_ei
%CdgbVa
%I^gV\ZbhjWXdhiVa$^ciZgXdhiVa$
supraclavicular
&7VaVcdidgVXdVWYdb^cVa$WVaVcd
cefálico
;djhWZWZ[Wh
%CdgbVa
&9^b^cjYVadXVabZciZ
'9^b^cjYV\adWVabZciZ
I_X_b~dY_W
%CZc]jbVcdÃbYVZme^gVd
&:bidYVVZme^gVd
':bidYVVZme^gVdZ^che^gVd
HWj_e?0;
%≤1:2
&3&/(
217
Bibliografia
1. Watts KD, Goodman DM. Wheezing in infants:bronchiolitis. In: Behrman RE,
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Lactante. Bol Pediatr. 2007; 47(supl.2):101-111
218
TRATAMENTO DA ASMA NO SERVIÇO
DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA
Lopes dos Santos, Cidrais Rodrigues
Introdução
A asma é uma doença inflamatória das vias aéreas em que
muitas células desempenham um importante papel, entre
elas os mastócitos e eosinófilos e os linfócitos T. Em indiví-
duos susceptíveis, essa inflamação condiciona hiperreac-
tividade das vias respiratórias a vários estímulos, e causa
sintomas que são vulgarmente associados a obstrução di-
fusa das vias aéreas reversível espontaneamente ou com
tratamento.
Diagnóstico diferencial
Entre os principais diagnósticos diferenciais de uma agudi- 219
zação de asma na criança e adolescente devemos conside-
rar as infecções respiratórias, sobretudo de etiologia vírica
ou mycoplasma, algumas cardiopatias, a inalação de um
corpo estranho, as compressões intrínsecas ou extrínse-
cas das vias respiratórias, a tosse iatrogénica e a disfunção
das cordas vocais.
Avaliação inicial
Anamnese
Clínica
Tiragem
Uso de músculos acessórios (melhor avaliado por palpa-
ção dos músculos cervicais)
FC e FR
Esforço respiratório (atenção: algumas crianças em crise
grave não aparentam grande dificuldade respiratória)
Auscultação pulmonar
Cianose
Capacidade para falar e alimentar-se
Estado de consciência
Cianose
Sonolência (pode indicar hipóxia)
Agitação (pode indicar hipercapnia)
¹IgVmh^aZcX^dhdº
Não consegue falar, brincar ou alimentar-se
Auscultação assimétrica
Bradicardia
Confusão
Coma
Monitorização
Ced_jeh_pWede_dlWi_lWZeFE2en_c[jh_WZ[fkbie
HeD232.*·7dVZkdajdXac^XV
HeD2 <= 91% – internamento provável
DEMI 3*Vcdh0gVgVbZciZi^acVVWdgYV\Zb^c^X^Va
HWZ_e]hWÄWZejhWn(em casos seleccionados)
=Wiec[jh_WWhj[h_Wb(em casos seleccionados)
Avaliação de gravidade
8WijWkcWYWhWYj[hij_YWfWhWYbWii_ÄYWheZe[dj[dWYW-
j[]eh_WcW_i]hWl[
Crise Moderada
Crise Grave
Dispneia Grave
Sibilância pouco audível
Uso acentuado de músculos acessórios
Balanço toraco-abdominal
Cianose
Dificuldade em alimentar-se
Discurso entrecortado (nos mais velhos)/agitação
Sat O2 entre 88% e 92%
Mal asmático
Tratamento
Tratamento da Crise Ligeira
Salbutamol em MDI + câmara expansora (CE)
1+6cdh·'%%V+%%¥\$YdhZPX}bVgVZmeVchdgV8:
com máscara ou peça bucal]
3+6cdh"(%%V+%%¥\$YdhZ8:XdbeZVWjXVa
(repetir, se necessário, ao fim de 30 minutos)
Ou
Salbutamol em nebulização
0,02 ml/Kg/dose (máximo 1 ml)
2 a 3 ml de Soro Fisiológico (Volume total Máximo- 4 ml)
Oxigénio 6 l/min com máscara facial
Tempo máximo 10 minutos por nebulização
(intervalos de 20 a 30 min até 2 h)
Orientação
224
Alta se:
Sat O23.*ZbVgVbW^ZciZ
Clinicamente estável 2 horas após a última adminis-
tração de broncodilatador
225
Apêndice 1
Quando poderá ser útil a avaliação do DEMI
(Débito expiratório Máximo Instantâneo)
8g^VcVh3*"+Vcdh!]VW^ijVYVhVji^a^oVgdVeVgZa]d
Avaliação
Eg"igViVbZcid
&*b^cjidhVehVeg^bZ^gdigViVbZcidXdbhVaWjiVbda
6ciZhYVVaiV
6\^iVd
HdcdacX^V
8dc[jhd
:kdajdYZh[Vkdg{kZaVeZhVgYdigViVbZcid
CZXZhh^YVYZYZ;^D2 ≥50% para manter Sat O2 ≥93%
KVadgZhYZ9:B>1(%YdkVadgbY^dZheZgVYd
B{gZhedhiVVdigViVbZcid
8VhdhVie^Xdh!edhh^W^a^YVYZYZY^V\chi^XdhVaiZgcVi^kdh
8dch^YZgVgZkZcijVabZciZcVegZhZcVYZ[ZWgZ!XgZe^iVZh
à auscultação e necessidade de internamento hospitalar
226
Apêndice 2
ADMINISTRAÇÃO DE SALBUTAMOL
?dj[hlWbe
L_W :ei[
c_dkjei
7[heiiebfh[iikh_pWZe (W,ºfk\\i»
C:?Yec9~cWhW 6i%!(¹ej[[hº$@\0b{m#+
20-30
;nfWdiehW (mínimo 5 inspirações;
(100 mcgs/Puff) (%V+%hZ\jcYdhZcigZdh¹ej[[h
&"&(W&"&*cb%A]
(0,1 a 0,2 mg/Kg)
D[Xkb_pWZeh min. 0,2 ml (1 mg)
20-30
(Sol Resp.- 5 mg/ml) máx. 1 ml (5 mg)
em soro fisiológico
Vol total máx. 4 ml
Alternativas à Prednisolona
BZi^aegZYc^hdadcV&V'b\$@\!dgVadjeVgZcig^XV
=^YgdXdgi^hdcV)V+b\$`\$YdhZZk#Y^ajYdZaZcidb{-
Kb^idhZ$djgZXjhVVa^bZciVg
9Zh^YgViVd
H^ijVd\gVkZ!gZfjZgZcYdXj^YVYdh^ciZgbY^dhdj^c- 227
tensivos, designadamente com administração de medica-
ção endovenosa
Bibliografia
1. Childhood asthma and other wheezing disorders. Silverman M, ed. Oxford
University Press, 2002.
2. Pediatric Allergy – Principles and Practice. Leung DYM, ed. Mosby, 2003.
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2004.
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5. Miller MK, Johnson C, Miller DP, Deniz Y, Bleecker ER, Wenzel SE;TENOR
Study Group. Severity assessment in asthma: An evolvingconcept. J Allergy Clin
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7. PRACTALL – EuropeanPaediatric Asthma Group, Allergy, 2008 – Jan. 63 (1): 5-34,
2008
228
PNEUMONIA
Tiago Correia, H. Sofia Sousa, Guilhermina Reis
Introdução
A fd[kced_WWZgk_h_ZWdWYeckd_ZWZ[F79 é uma entida-
de clínica caracterizada pela associação de febre e/ou sinto-
mas ou sinais do trato respiratório inferior, com infiltrados
parenquimatosos evidentes na radiografia de tórax. Chama-
se pneumonia adquirida na comunidade quando a infecção
foi adquirida fora do ambiente hospitalar, isto é, se a criança
não esteve internada nos 7 dias que precedem o diagnóstico,
ou este é feito nas primeiras 48 horas de internamento.
Diagnóstico
A. História Clínica e Exame Objectivo
A.1. Etiologia
A idade da criança é o primeiro aspecto a ter em conta,
sendo determinante na epidemiologia dos agentes causais
(Quadro 1). Assim, os vírus respiratórios são os principais
responsáveis por PAC em crianças até aos 5 anos de ida-
de. A partir dessa idade tornam-se cada vez menos preva-
lentes sendo substituídos por agentes bacterianos. Dentro
destes, o Streptococcus pneumoniae é o agente mais comum
de pneumonia bacteriana grave, em qualquer idade
Na idade pré-escolar, mas sobretudo em adolescentes, o
Mycoplasma pneumoniae e a Chlamydophila pneumoniae são
agentes etiológicos frequentes.
Os vírus isoladamente causam 14-35% das PAC. Ocorre in-
fecção mista em 8-40% dos casos.
GK7:HE'¸7=;DJ;I;J?EBÔ=?9EIC7?IFH;L7B;DJ;IFEH=HKFE;JÍH?E
1 a 3 meses 3 meses a 5 anos >5 anos
Vírus sincicial respiratório Vírus sincicial respiratório Mycoplasma pneumoniae
Vírus parainfluenza Vírus parainfluenza Streptococcus pneumoniae
Adenovirus Vírus influenza, Chlamydophila pneu-
Streptococcus pneumoniae Adenovirus moniae
Staphilococcus aureus Streptococcus pneumoniae Streptococcus pyogenes
Chlamydea trachomatis Mycoplasma pneumoniae
Haemophilus influenza Staphilococcus aureus
tipo b
GK7:HE*¸F7:Hµ;IH7:?EBÔ=?9EI
Vírica Bacteriana Mycoplasma pneumoniae
Infiltrado intersticial Consolidação Infiltrado intersticial
Atelectasia Infiltrado intersticial Consolidação
Hiperinsuflação Necrose parenquimatosa Adenopatia hilar
Derrame pleural raro Derrame pleural frequente Derrame pleural raro
233
?ede]hWcW"kh[_W[Yh[Wj_d_dW
Em apresentações de maior gravidade, para avaliar qua-
dros de desidratação ou para excluir secreção inapropria-
da de hormona anti-diurética.
7_dl[ij_]We[j_eb]_YW[if[YÄYWZ[l[i[hYedi_Z[hWZW
deiZe[dj[iYecgkWZhei]hWl[i"gkWdZeW[lebkeYb-
d_YWfekYejf_YWekYecfb_YWZW"[i[[n_ij[ikif[_jWZ[
ikhje%[f_Z[c_W$
Tratamento
A decisão sobre o tratamento empírico deve basear-se
em algoritmos de diagnóstico que começam pela idade da
criança e consideram factores epidemiológicos, o quadro
clínico e os dados da radiografia de tórax.
GK7:HE,¸FEIEBE=?7;L?7:;7:C?D?IJH7w´E:EI7DJ?C?9HE8?7DEI0
Antimicrobiano Via de Dose (mg/Kg/dia) Dose Intervalo
administração diária
máxima
Amoxicilina Oral 80-100 3g 8/8 h
Ampicilina Endovenoso 150-200 12 g 6/6 h
Oral: 4:1 40-50 1,5 g 8/8 h
Amox/
236 Oral: 7:1 75-90 2.6 g 12/12 h
Ac.Clavul.
Endovenoso 150 8g 8/8 h
1.º dia 10 mg/kg/dia
Azitromicina Oral 0,5 g 24/24 h
2.º-5.º dias 5 mg/kg/d
Cefotaxime Endovenoso 200 12 g 8/8 h
Ceftriaxone Endovenoso 50-100 4g 24/24 h
Claritromicina Oral 15 1g 12/12h
Eritromicina Oral 40 4g 6/6 h
Oral 50
Flucloxacilina 2g 8/8 h
Endovenoso 100-200
No que diz respeito à duração da antibioterapia, a pneumo-
nia bacteriana implica tratamento durante 7-10 dias, en-
quanto nas pneumonias atípicas está indicado tratamento
durante 10-14 dias.
9h_jh_eiZ[jhWdi\[h
dY_WfWhWK9?Kd_ZWZ[Z[9k_ZWZei
?dj[di_lei
1. Necessidade de FiO2>0,6 para manter SatO2>92%
2. Aumento na FR e aumento na FC com evidência clínica
de esforço respiratório severo e exaustão, com ou sem
aumento de PaCO2
3. Apneia intermitente ou Respiração lenta e irregular
4. Doente em choque
;cgkWZheiºc_ijei»"lWbeh_pWhfWh~c[jheidWi[]k_dj[ehZ[cZ[h[b[l~dY_W0
Idade Clínica Factores epidemiológicos Radiografia torácica
D[d^kcYh_jh_eZ[_dj[hdWc[dje
H[WlWb_WeCZ_Ye7ii_ij[dj[}i*.^
Se evolução clínica favorável não há indicação para controlo analítico ou radiológico
Pneumonia complicada
No Serviço de Urgência o clínico pode contactar com qua-
dros clínicos de pneumonia complicada, ou seja, apresen-
tações em que, já sob antibioterapia há pelo menos 48h,
mantenha febre e não se verifique melhoria global.
Nesse caso há que descartar a falência do tratamento (an-
tibiótico inapropriado, dose incorrecta, patogéneo resis-
tente), ou a instalação de uma complicação como derrame
pleural, empiema, pneumonia necrotizante ou infecção
metastática.
Toracocentese
'$:_W]dij_YW0 PAC complicada com DP, sem agente etio-
lógico identificado ou para distinguir DP não complicados
e complicados.
($J[hWf
kj_YW0 em DP de grande volume que causem com-
promisso respiratório importante.
Orientação
Os doentes com PAC complicada com DP têm indicação
para tratamento em internamento. A antibioterapia empíri-
ca inicial baseia-se na associação de flucloxacilina com um
dos seguintes ampicilina, cefotaxima ou ceftriaxone. Deve
associar-se a gentamicina quando há factores de risco
para infecção por Gram negativos e a clindamicina quando
há condições propícias à infecção por anaeróbios.
241
GK7:HE/¸7B=EH?JCE:;EH?;DJ7w´E:;HH7C;IFB;KH7?I
:[hhWc[fb[khWb5
Radiografia Ecografia
Toracocentese
242
Bibliografia
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334
8. R. Virkki, T Juven, H. Rikalainen, E Svedstrom et al. Differenciation of bacterial
244
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES
DIGESTIVAS
VÓMITOS
Janine Coelho, Isabel Loureiro, Catarina Ferraz, Eunice Trindade
1. Introdução
O vómito define-se como a expulsão forçada do conteúdo
gástrico pela boca, associado ao aumento da actividade mo-
tora da parede gastrointestinal e musculatura abdominal.
Os vómitos são motivo frequente de recurso ao Serviço de
Urgência (SU) em idade pediátrica. É um sintoma pouco
específico, estando na maioria das vezes relacionado com
situações benignas e auto limitadas, podendo no entanto
estar associado a patologias mais graves. Deve ser dife-
renciado da regurgitação e da tosse emetizante.
2. Critérios de Diagnóstico:
A realização de história clínica completa e exame objectivo
permite-nos orientar, tendo em conta a idade da criança,
para um provável diagnóstico e eventual necessidade de
exames complementares.
247
249
3. Avaliação da Gravidade:
O mais importante na abordagem inicial é o reconhecimen-
to precoce de patologias potencialmente graves que neces-
sitem de intervenção imediata, considerando a presença de
sinais de alarme (tabela 2) e valorização da repercussão
dos vómitos sobre o estado geral e o grau de hidratação.
J78;B7(¸I?D7?I:;7B7HC;;:?7=DÔIJ?9EI7IIE9?7:EI
Sinais de alarme Diagnósticos Abordagem
Apendicite aguda,
Avaliação por Cirurgia
Abdómen agudo Peritonite
Pediátrica.
Diverticulite de Meckel
Dor abdominal intensa e Invaginação intestinal
Ecografia abdominal,
progressiva Hérnia encarcerada
hemograma e PCR
Irritabilidade Obstrução intestinal
Estenose hipertrófica do
piloro Ecografia abdominal
Vómitos em jacto, <2 meses
Infecção do aparelho Tira teste de urina
urinário
Cetoacidose diabética GSA venosa, glicemia,
Vómitos progressivos Insuficiência suprarrenal função renal e
Desidratação grave Galactosemia, hepática, amónia,
Alterações estado de frutosemia, lactato, corpos
consciência aminoacidopatias, cetónicos na urina
Sintomas/sinais doenças do ciclo da ureia, Congelar sangue e
neurológicos defeitos da oxidação A.G., urina (suspeita de
doenças lisossomais doença metabólica)
Cefaleias intensas
Hipertensão
Antec. hidrocefalia/DVP Avaliação por
intracraniana (Tumor,
Alterações estado de Neurocirurgia,
hemorragia, obstrução
consciência TAC cerebral/Punção
DVP)
Déficits neurológicos focais lombar
Meningite
Sinais meníngeos positivos
Hemograma, PCR,
Febre
Sépsis hemocultura,
Mau estado geral
Meningite sedimento urinário,
Exantema petequial
Pneumonia urocultura
SDR grave
Ponderar PL, Rx toráx
Hemograma, estudo
Síndrome Mallory-Weiss
da coagulação
Hematemeses Esofagite, Gastrite
Avaliação por
Varizes esofágicas
Gastrenterologia
250
J78;B7)¸7L7B?7w´E:E=H7K:;:;I?:H7J7w´E
Leve 3-5% Moderada 6-9% Grave>10%
Sede + ++ +++
Fontanela N Deprimida Muito deprimida
Frequência cardíaca N Aumentada Aumentada
Tensão arterial N Diminuída Muito diminuída
Turgor cutâneo N Diminuído Muito diminuído
Mucosas Ligeiramente secas Secas Muito secas
Olhos N Ligeira encovados Encovados
Estado consciência N Deprimido Letargia/coma
Débito urinário Moderadamente 3&ba$@\$] Oliguria/anúria
Perfusão pele N Fria Acrocianose
Densidade urina 3&!%'% 3&#%(% 3&#%(*
Ph sangue 7.30-7.40 7.10-7.30 <7.10
Ureia N Aumentada Muito aumentada
Défice estimado 40-50 ml/Kg 60-90 ml/Kg >100 ml/Kg
4. Abordagem e Tratamento
:[i_ZhWjWeb_][_hW%ceZ[hWZW0 251
Rehidratação oral com solução de hidratação oral hipo-
-osmolar com reposição do défice (50 ml/Kg em 4 horas).
Manutenção do aleitamento materno em lactentes. Após a
rehidratação iniciar a dieta habitual com suplementação de
solução de rehidratação oral (10 ml/Kg por cada vómito).
:[i_ZhWjWe]hWl[:
Fluidoterapia endovenosa. Ionograma e função renal.
5. Critérios de internamento
Desidratação grave
Vómitos incoercíveis
Recusa alimentar
Intolerância a hidratação oral fraccionada
Etiologia com indicação para internamento
Situação social desfavorável
7. Algoritmo
Vómitos
História clínica
Exame objectivo
Grau de
desidratação
Ligeira Grave
Febre, diarreia, sintomas
Moderada
respiratórios, ORL,
urinários, …
HOF Tira –teste
Urinária
Ionograma, HOF/Fluidoterapia ev
Vómitos F. renal Investigação e
persistentes Fluidoterapia ev tratamento etiológico
Bibliografia
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11. Gorstein P et al. Pediatr Rev.2009; 30: 11-21
253
VÓMITOS CÍCLICOS
Eunice Trindade
Definição
De acordo com a Classificação das Alterações Intestinais
Funcionais das Crianças – Critérios de Roma III , o diagnós-
tico do síndrome de vómitos cíclicos obriga à ocorrência
simultânea de:
Yd^h dj bV^h eZgdYdh YZ c{jhZV ^ciZchV Z kb^idh
contínuos ou arrancos durando horas a dias;
^ciZgkVada^kgZYZh^cidbVhYZhZbVcVhVbZhZhZcigZ
as crises.
Terapêutica
A terapêutica a instituir depende da fase em que o doente
se encontra.
1. Profilaxia
a) Medidas gerais
GZYjo^ghigZhh!]^\^ZcZYdhdcd!Zk^iVg_Z_jbegdadc-
gado
6aiZgVd YV Y^ZiV! Zk^iVcYd Va^bZcidh egZX^e^iVciZh
de crise
256
b) Terapêutica farmacológica:
A considerar quando as crises são muito frequentes
(cada 1 a 2 meses). A terapêutica depende do grupo
etário e deve ter em conta a história médica da criança
e as comorbilidades. Todas estas medicações utiliza-
das têm efeitos laterais que não são negligenciáveis. A
iniciar em regime de consulta, de forma personalizada
de acordo com os factores precipitantes, tipo de crises
e sob supervisão médica regular e com monitorização
de efeitos laterais. Terapêutica profiláctica considera-
da eficaz:
Vci^"]^hiVbc^Xdh e^odi^[Zcd Z X^egd]ZeiVY^cV · cd
disponíveis em Portugal)
WZiVWadfjZVYdgZhegdeVcdada!%!'*"&!%b\$`\$Y^V!'V
3 vezes/dia)
Vci^YZegZhh^kdh ig^XXa^Xdh Vb^ig^ei^a^cV! ^c^X^Vg Xdb
0,25-0,5 mg/kg, aumentando semanalmente até 1,0
-1,5 mg/kg/dia).
Vci^Xdckjah^kVciZh[ZcdWVgW^iVaide^gVbVid!aZkVi^gV-
cetam, ácido valproico) e sumatripan – sob orientação
de Neurologista
hjeaZbZcidh/a"XVgc^i^cV!XdZconbVF&%
2. Pródromo
3. Episódio Agudo
4. Resolução
259
DOR ABDOMINAL
Ana Teixeira, Rute Moura, Ruben Rocha, Eunice Trindade,
Irene Pinto de Carvalho
Introdução
A dor abdominal constitui um dos motivos mais frequentes
de recurso ao Serviço de Urgência. Pode ter origem abdo-
minal ou extra-abdominal sendo, por vezes, difícil de defi-
nir e localizar de forma precisa. As características podem
variar de acordo com a zona afectada, o tempo decorrido
desde o início da doença e a idade da criança. É fundamen-
tal fazer o diagnóstico adequado e atempado de situações
que necessitam de tratamento urgente de forma a não
comprometer o prognóstico.
ConsiderarWbjWfWhWeZec_Yb_e:
- Se foi excluída patologia cirúrgica ou orgânica grave;
- Se ocorreu melhoria sintomática;
- Se há compreensão parental quanto à evolução esperada
e sinais de alarme que devam motivar reobservação;
264
Abordagem da Dor Abdominal
Dor Abdominal
SIM
Trauma? 6Wjhd
6X^YZciZ
SIM
Febre? >c[ZXdYdigVXidjg^c{g^d HZY^bZcidjg^c{g^d
;Vg^c\^iZ :Xd\gVÃVVWYdb^cVa
<VhigdZciZg^iZ GmigVm
A^c[VYZc^iZbZhZcig^XV 6kVa^VdedgX^gjg\^V
EcZjbdc^V 6kVa^Vdedg
6eZcY^X^iZ Ginecologia
9dZcV>cÄVbVig^VEak^XV
SIM
Anemia 8g^hZYZVcZb^V[VaX^[dgbZ
Falciforme?
SIM
Dor quadrante esquerdo? DWhi^eVd 6kVa^VdedgX^gjg\^V
IdgdiZhi^XjaVg :Xd\gVÃVVWYdb^cVa
Idgddk{g^XV EgdkVXdbXa^hiZg
B^iiZgahX]bZgo EgdkVXdb6>C:
8{aXjadgZcVa HZY^bZcidjg^c{g^d
SIM
Dor periumbilical e 6eZcY^X^iZ 6kVa^VdedgX^gjg\^V
do quadrante direito? IdgdiZhi^XjaVg :Xd\gVÃVVWYdb^cVa
Idgddk{g^XV HZY^bZcidjg^c{g^d
A^c[VYZc^iZbZhZcig^XV
B^iiZahX]bZgo
8{XjadgZcVa
SIM
Familiares doentes? <VhigdZciZg^iZ
SIM
Actividade sexual? 9dZcV^cÄVbVig^Veak^XV 6kVa^Vdedg
<gVk^YZoZXie^XV ginecologia
IZhiZYZ\gVk^YZo
SIM
Púrpura EgejgV=ZcdX]"HX]dcaZ^c =Zbd\gVbV
Palidez? HcYgdbZ=Zbda^i^Xd"jgb^Xd ;jcdgZcVa
IZchdVgiZg^Va
SIM
Hematoquésias 9dZcV^cÄVbVig^V^ciZhi^cVa =Zbd\gVbV
Melenas? H^cYgdbZ]Zbda^i^Xd"jgb^Xd :hijYdYZXdV\jaVd
<VhigdZciZg^iZ :Xd\gVÃVVWYdb^cVa
>ckV\^cVd ;jcdgZcVa
ÖaXZgVeei^XV 6kVa^VdedgX^gjg\^V
SIM
Hematúria? 8{aXjadgZcVa HZY^bZcidjg^c{g^d
IgVjbVgZcVa :Xd\gVÃVVWYdb^cVa
>c[ZXdYdigVXidjg^c{g^d
SIM
Evidência de Obstrução BVagdiVd 6kVa^VdedgX^gjg\^V
intestinal? >ckV\^cVd :Xd\gVÃVVWYdb^cVa
Kakjad
=gc^V
6YZgcX^Vh
SIM
Agravamento da dor abdominal? 6kVa^VdedgX^gjg\^V
Vómitos biliares ou fecalóides? DWhZgkVd
Rigidez ou defesa abdominal?
Dor à descompressão?
Sinais de líquido ou sangue no abdomen?
Trauma abdominal significativo?
Sem etiologia óbvia?
266
9edZ_e% ;nWc[i JhWjWc[dje%
9bd_YW ;nWc[EX`[Yj_le
:e[dW IkXi_Z_|h_eideIK Eh_[djWe
Abortamento
BZigdggV\^VZYdg :Xd\gVÃVeak^XV 6kVa^Vdjg\ZciZ
(ameaça, =^hig^VYZXd^iVgXVZgZaVZhhZmjV^hhZbegdiZXd#
abdominal tipo cólica. (transvaginal). por Obstetrícia.
trabalho de)
H^cV^hYZ^gg^iVd 6kVa^Vdedg
9dgeZg^"jbW^a^XVadjZe^\{hig^XV!bVaYZÃc^YVcd^cX^d#6cdgZm^V
peritoneal =Zbd\gVbV! Cirurgia.
em 50-60%. Migração posterior da dor para a FID; dor aguda,
(dependendo do estudo bioquímico, 6ci^W^i^Xdh
Apendicite intensa, carácter constante. Irradiação para o dorso ou flanco
tempo de evolução); PCR. só devem ser
aguda (apêndice retrocecal).
criança evita :Xd\gVÃV iniciados depois de
C{jhZVhZkb^idhhjg\ZbVehd^c^X^dYVYdg!WZbXdbdV[ZWgZ#
mobilização se abdominal. tomada a decisão
Podem surgir sintomas urológicos e diarreia.
peritonite. cirúrgica.
6kVa^Vdedg
Cisto ovário 9dgeak^XVV\jYV!bj^iVhkZoZhjc^aViZgVa# :Xd\gVÃVeak^XV#
Ginecologia.
9dgV\jYV!^ciZchV!Xdci^cjVXdbeZgdYdhYZZmVXZgWVdZb =Zbd\gVbV!
cólica localizada ao hipocôndrio direito e epigastro; possível estudo bioquímico >ciZgcVbZcid#
>XiZgX^V#9dg|
Colecistite irradiação para ombro direito ou dorso. Náuseas, vómitos e com enzimas EVjhVVa^bZciVg#
palpação abdominal
aguda/ anorexia. hepáticas e 6ci^W^i^Xdh#
no hipocôndrio
colelitíase Bj^idgVgVcVXg^VcV#=VW^ijVabZciZXdciZmidYZ/YdZcV pancreáticas, PCR. 6kVa^Vdedg
direito.
hemolítica, nutrição parentérica total, obesidade, fibrose quística, :Xd\gVÃV Cirrugia.
sépsis, síndrome do intestino curto. abdominal.
8]dgdgZXdggZciZ!3(]$Y^V!3(Y^Vh$hZbVcV!3(hZbVcVh! IgVcfj^a^oVgdh
Pode ocorrer até aos 4 meses. Predomínio vespertino, crises pais.
prolongadas, de início imprevisível. Sem factores agravantes ou de CZc]jb
Cólica do HZbVaiZgVZhVd
alívio óbvios. Ø tratamento
lactente exame físico.
8]dgdYZVaiVidcVa^YVYZVhhdX^VYdVgjWdg[VX^VaZVaiZgVZh farmacológico
do comportamento motor (movimentos em flexão dos MI, comprovadamente
sobrancelhas franzidas, punhos crispados). eficaz.
IgVcfj^a^oVg
9dgVWYdb^cVaegk^V!VXdbeVc]VYVYZY^VggZ^VZ$djdWhi^eVd# criança e família.
Localização peri-umbilical, flexuras esplénica e hepática; em Tratamento
:mVbZ[h^XdcdgbVa!
cólica (por vezes intensa), alívio com passagem de fezes. Dura farmacológico
Cólon irritável incluindo palpação Ø
poucas horas (<2h); agrava em períodos de stress familiar ou ineficaz.
abdominal.
escolar. Pode associar-se a vómitos, dispepsia, flatulência e GZ[ZgZcX^Vg
sensação de distensão abdominal. a consulta de
Gastroenterologia.
9dgeak^XVXXa^XVfjZedYZh^bjaiVcZVbZciZegZXZYZgdj
Dismenorreia 8ViVbc^d# Ø 6cVa\Zh^VZbHDH#
anteceder o cataménio.
EVa^YZoZ
compromisso =Zbd\gVbV!
=ZbdggV\^VY^\Zhi^kVWV^mVhW^iV!^cYdadg!bj^iVhkZoZh hemodinâmico estudo bioquímico.
abundante. Pode existir história prévia de dor abdominal e perdas se hemorragia :Xd\gVÃV >ciZgcVbZcid#
Divertículo de
hemáticas. abundante. abdominal. 6kVa^Vdedg
Meckel
9dghj\ZgZXdbea^XVd^ckV\^cVd!kakjad!Y^kZgi^Xja^iZdj EVaeVdVWYdb^cVa EZhfj^hVYZ Cirurgia.
perfuração). sem alterações, mucosa gástrica
na ausência de ectópica.
complicações.
IgVcfj^a^oVgdh
=^hig^Vegk^VYZYdgVWYdb^cVa0edYZhZgZe^hY^XVdjXdci^cjV0
pais e a criança.
Dor abdominal por vezes interfere com a actividade da criança. Em alguns casos :mVbZdW_ZXi^kdhZb
Ø GZ[ZgZcX^Vd
funcional associada a cefaleias, alteração do sono, dores nos membros. alterações.
a consulta de
HZbZk^YcX^VYZYdZcVdg\}c^XV#
Gastroenterologia.
GZ[ZgZcX^Vd
6heZXidZbV\gZX^Yd!
urgente a
palidez, ulcerações
=Zbd\gVbV!KH! consulta de
Doença 9dggZXdggZciZ!Y^[jhV!edhhkZaiZcZhbd# orais, artrite, eritema
PCR. Gastroenterologia.
inflamatória ;ZWgZ!eZgYVYZeZhd!]ZbVidfjo^V!Y^VggZ^VXdbhVc\jZ# nodoso. Abdómen
:Xd\gVÃV EdcYZgVg
intestinal 9dgeZg^VcVa#6igVhdYZXgZhX^bZcid#=^hig^V[Vb^a^Vgedh^i^kV# doloroso, massa
abdominal. internamento
na FID, fistulas/
de acordo com a
abcessos perianais.
gravidade.
268
GVeVg^\VeWZgZ#9dgVWYdb^cVaW^aViZgVacdhfjVYgVciZh
:mVbZ\^c^Xda\^Xd/
inferiores, subtil.
leucorreia fétida; 6kVa^Vdedg
Doença >cX^dgZXZciZ1'hZbVcVh!\ZgVabZciZYjgVciZdjedjXdiZbed
dor ao toque e Ginecologia.
inflamatória após o período menstrual. Agrava durante a relação sexual. :Xd\gVÃVeak^XV#
mobilização do colo GZ[ZgZcX^VdV
pélvica Metrorragia em 1/3 doentes.
uterino. consulta.
AZjXdggZ^V!jgZig^iZ!egdXi^iZ![ZWgZZVggZe^dhedYZbZhiVg
;ZWgZ#
associados mas inespecíficos.
:cYdbZig^dhZ/^cX^d(")VcdhVehVbZcVgXV0YdgVWYdb^cVa 6kVa^Vdedg
Endometriose :Xd\gVÃVeak^XV#
cíclica, náusea, vómitos, obstipação ou diarreia. Ginecologia.
IgViVbZcid
H^cV^hYZ sintomático:
desidratação. I^gViZhiZYZjg^cV solução de
9dgVWYdb^cVaZbXa^XVedYZcYdVhhdX^Vg"hZVkb^idh!
Abdómen (cetonúria?). hidratação oral
alteração do trânsito intestinal e febre. Intensidade pode
Gastroenterite difusamente >dcd\gVbVhZ para corrigir
mimetizar patologia cirúrgica antes de surgir a diarreia a clarificar
aguda doloroso, desidratação desidratação e
o diagnóstico.
timpanismo, que justifica antipirético.
8dciZmidZe^YZb^da\^Xdbj^iVhkZoZhedh^i^kd#
ruídos intestinais internamento). 6aiVVeh
aumentados. comprovar
tolerância oral.
IgVYZXa{hh^XV/YdgVWYdb^cVa!VbZcdgg^VZ]ZbdggV\^VkV\^cVa#
<dcVYdigdÃcV
H^cidbVh]VW^ijVabZciZ+"-hZbVcVhVeh[Va]VbZchigjVa!bVh
Gravidez corionica humana. 6kVa^Vdjg\ZciZ
podem ser mais tardios.
ectópica :Xd\gVÃVeak^XV por Ginecologia.
*%YdZciZhVhh^cidb{i^XVhVciZhYVgjeijgVijWVgZhZb[VXidgZh
(transvaginal).
de risco.
<dcVYdigdÃcV Dg^ZciVdeVgV
9dgeak^XVZe^hY^XV!i^edY^hbZcdggZ^V#6bZcdggZ^V#C{jhZVhZ
Gravidez tópica corionica humana. consulta de
vómitos esporádicos.
:Xd\gVÃVeak^XV# Obstetrícia.
9Zk^YdV]bZc^beZg[jgVYd0YdgVWYdb^cVaeZg^Y^XVZgZiZcd 6kVa^Vdedg
Hematocolpos :Xd\gVÃVeak^XV#
urinária. Ginecologia.
BVhhVeVae{kZacd
9dgVWYdb^cVaVhhdX^VYVV^gg^iVW^a^YVYZ!kb^idhZY^hiZchd anel inguinal interno.
Hérnia inguinal abdominal. IZhiXjadhedYZb :Xd\gVÃV 6kVa^Vdjg\ZciZ
encarcerada EdYZeVhhVgYZheZgXZW^YVhZcdhZdWhZgkVidYddVWYbZc! aparecer abdominal. por Cirurgia.
sobretudo no doente obeso. escuros (tom
azulado).
6ci^W^diZgVe^V#
HZY^bZcidjg^c{g^d >ciZgcVbZcid
e urocultura. no lactente,
E^ZadcZ[g^iZ/YdgVWYdb^cVaY^[jhVdjadXVa^oVYVÄVcXddj KVadg^oVgZhiVYd =Zbd\gVbV! se suspeita de
hipogastro) na criança mais velha, febre elevada, má perfusão geral! estudo bioquímico pielonefrite e nas
Infecção
periférica, irritabilidade, recusa alimentar, vómitos, dejecções Bjge]ngZcVaedh^i^kd com função renal, crianças mais
urinária
pastosas são frequentes no RN e pequeno lactente. na criança mais PCR. velhas de acordo
8^hi^iZ/Y^hg^V!edaVfj^g^VZjg\cX^V# velha. =ZbdXjaijgV com clínica e
se suspeita de tolerância oral.
pielonefrite. GZ[ZgZcX^VdV
consulta se alta.
9dgYZ^cX^dWgjhXd!VXdbeVc]VYVYZX]dgd!ÄZmdYdhB>hdWgZ :aZkVYdcY^XZYZ
o abdómen, irritabilidade, palidez e hipersudorese. Intervalos de suspeição! Ao exame
10-20 min entre os episódios de dor durante os quais a criança físico: na fase inicial
está aparentemente bem. em período sem dor >ciZgcVbZcid#
Egd\gZhhd/^ciZgkVadhbV^hXjgidh!kb^idhVfjdhdh0YZ_ZXdYZ pode ser normal; na ;aj^YdiZgVe^VZk#
sangue e muco; fase tardia: vómitos biliares, letargia. fase de crise: doente 6ci^W^diZgVe^V
IgVYZXa{hh^XV/YdgVWYdb^cVa!kb^idhZ]ZbVidfjo^VhZb&$( irritável; vazio na antes da redução
Invaginação casos. Diarréia em 10% casos (atraso diagnóstico). FID; massa palpável :Xd\gVÃV (cobertura
intestinal EdYZgZhdakZgZhedciVcZVbZciZdjZkdaj^geVgVdWhigjd no hipocôndrio abdominal. para gérmens
intestinal. direito (trajecto do entéricos).
BV^h[gZfjZciZcdhgVeVoZhZcdheg^bZ^gdh'VcdhYZk^YV!hZcYd cólon transverso). 6cVa\Zh^V#
neste grupo habitualmente idiopática. IdfjZgZXiVa/YZYd 6kVa^Vdjg\ZciZ
HZXjcY{g^V$dg\}c^XV/bV^h[gZfjZciZcVhXg^VcVhbV^hkZa]Vh0 da luva com muco e por Cirurgia.
ponto de origem em diverticulo de Meckel, duplicação entérica, sangue; raramente
pólipos, hemangioma, PHS, doença de Crohn, linfoma, fibrose se palpa a massa
cística, pós-operatório de cirurgia abdominal. invaginada.
8g^VcVh3(Vcdh# IgViVbZcid
9dgVWYdb^cVaedgVjbZcidYdh\}c\a^dhbZhZcig^Xdh# sintomático.
=VW^ijVabZciZXdb[ZWgZZaZkVYVad\dcd^c^X^d0c{jhZVh#Kb^idh =Zbd\gVbV!E8G# >ciZgcVbZcid
Linfadenite 9dgY^[jhV|eVaeVd
habitualmente ausentes e anorexia menos frequente que na :Xd\gVÃV para observação
mesentérica abdominal.
apendicite aguda. Dor espasmódica. abdominal. de evolução se há
8dciZmidYZ^c[ZXdYVhk^VhVgZVhhjeZg^dgZh# dúvida quanto ao
8ac^XVXZYZVehVa\jbVh]dgVhYZdWhZgkVd# diagnóstico.
GC/bVjVheZXid
geral >ciZgcVbZcid#
GC/\gVkZbZciZYdZciZ!^c^X^dhW^idYZkb^idhW^a^VgZh#
Malrotação 8g^VcVbV^hkZa]V/ GVY^d\gVÃV 6cVa\Zh^V#
8g^VcVhbV^hkZa]Vh/YdgVWYdb^cVaZbXa^XVVhhdX^VYVdjcdV
intestinal dor abdominal difusa, abdominal simples. 6kVa^Vdedg
vómitos; dor muitas vezes pós-prandial.
por vezes distensão cirurgia.
abdominal.
:k^XdYZ
factores
desencadeantes
(cafeína, alimentos
com aditivos,
:e^hY^dheVgdm^hi^XdhYZYdgVWYdb^cVa^ciZchV!fjZ^ciZg[ZgZ
jejum prolongado,
com a actividade normal; dor periumbilical, durando 1h ou mais.
alteração do
Migraine Pode associar-se a anorexia, náusea, vómitos, cefaleias, fotofobia, :mVbZdW_ZXi^kdhZb
Ø padrão do sono).
abdominal palidez. alterações.
GZ[ZgZcX^Vd
BV^h[gZfjZciZcdhZmd[Zb^c^cd#
a consulta de
=^hig^V[Vb^a^VgYZZcmVfjZXV#
Neurologia
(tratamento
profiláctico de
crises muito
frequentes).
GVeVg^\VeWZgZ#9dgVWYdb^cVaXXa^XVjc^aViZgVadXdggZcYdV
meio do ciclo menstrual (pequeno derrame no fundo de saco de
Mittelschmerz Ø H^cidb{i^Xd#
Douglas acompanhando a ovulação). Spotting (hemorragia de
pequeno volume).
8dgg^\^gZggdh
dietéticos.
8a^hiZgcV[VhZ
=^hig^VYZdWhi^eVdZ$djYdggZXdggZciZegk^V0edYZVhhdX^Vg"
aguda e laxantes
se a soiling e encoprese. BVhhV[ZXVacV;>:!
até normalizar
9dgVWYdb^cVaZbXa^XV!fjVYgVciZh^c[Zg^dgZh0edgkZoZhgZVXd fecalomas palpáveis.
trânsito.
Obstipação vagal na altura da defecação. IdfjZgZXiVaXdb Ø
GZ[ZgZcX^Vd
6\gVkVbZcidVhhdX^VYdVY^ZiVedWgZZbÃWgVZedgkZoZh fezes duras na
a Consulta de
aspectos psicosociais ou do comportamento (ingresso na escola, ampola.
Gastroenterologia
treino na sanita, separação, conflitos…).
na obstipação
crónica e
encoprese.
9dgYZ^cX^dhW^iddj\gVYjVa#
8g^VcVXdbVg
EZg^jbW^a^XVaZfjVYgVciZh^c[Zg^dgZh!edhhkZa^ggVY^VdeVgVYdghd# HC<ZbYgZcV\Zb
doente, distensão >dcd\gVbV#
EZgdYdhYZYdg^ciZchVZbXa^XVVaiZgcVcYdXdbeZgdYdha^kgZh livre. Fluidoterapia
Obstrução abdominal, ruídos GVY^d\gVÃV
de sintomas. ev.
intestinal intestinais com abdominal simples
Kb^idhW^a^VgZh!eVgV\ZbcVZb^hhdYZ\VhZhZ[ZoZh# 6kVa^Vdjg\ZciZ
timbre metálico de pé.
=^hig^VYZX^gjg\^Vegk^VWg^YVh#DjigVhXVjhVh/Y^kZgiXjad por Cirurgia.
(ruídos de luta).
Meckel, invaginação, volvulo, malrotação intestinal, corpo estranho.
Edh^dVci{a\^XV#
Taquicardia, =Zbd\gVbV!
hipotensão e febre estudo bioquímico
pode ocorrer na fase com doseamento >ciZgcVbZcid#
C{jhZVh!kb^idh!VcdgZm^VZYdgVWYdb^cVa#9dgadXVa^oVYV
inicial. Pode surgir de enzimas EVjhVVa^bZciVg#
ao epigastro, hipocôndrio direito ou hipocôndrio esquerdo,
Pancreatite icterícia. Abdómen hepáticas e HC<!>7E!
irradiação bilateralmente para o dorso.
aguda difusamente doloroso, pancreáticas, analgesia.
6\gVkVXdbV^c\ZhidYZVa^bZcidh!Vak^dcVedh^dhZciVYVZ
distendido, diminuição glicemia, cálcio e DWhZgkVdedg
tronco inclinado para frente.
dos ruídos intestinais. albumina. Cirurgia.
CVYdZcVVkVcVYV/ :Xd\gVÃV
sinais de Grey Turner e abdominal.
Cullen.
H^cV^hYZY^ÃXjaYVYZ 6ci^W^diZgVe^V#
EVidad\^VYdadWd^c[Zg^dgY^gZ^idedYZXVjhVgYdgVWYdb^cVaZ
respiratória. 8g^ig^dhYZ
espasmo muscular abdominal generalizado. =Zbd\gVbV!E8G#
Alteração da tratamento e
Pneumonia ;ZWgZZaZkVYVVhhdX^VYV!idhhZ!egdhigVd# GVY^d\gVÃVYZ
auscultação internamento
:bXVhdhgVgdhVecZjbdc^VhZXjcY{g^VVVeZcY^X^iZVecY^XZ tórax.
pulmonar. Abdómen: de acordo com
retrocecal ou localização subhepática).
dor abdominal difusa. protocolo.
>ciZgcVbZcid/hZ
EgZkVaZciZ)%XVhdhedYZhjg\^gVciZhdjVehdgVh]#KVhXja^iZ
muito sintomático,
local condicionando hemorragia intramural, diarreia com sangue e
I^gViZhiZYZjg^cV# hemorragia
Púrpura de cólicas; frequentemente vómitos associados. GVh]ie^Xd!Vgig^iZ#
=Zbd\gVbV! digestiva ou se
Henoch- EdYZhZgbVc^[ZhiVd^hdaVYVcVVegZhZciVdY^V\chi^Xd 9dgY^[jhV|eVaeVd
estudo bioquímico há suspeita de
-Schonlein requer elevado índice de suspeição). Hemorragia GI em 25% casos. abdominal.
com função renal. complicações.
8dbea^XVZhgVgVh/cZ[g^iZ!^ckV\^cVd^aZVa!eZg[jgVd^ciZhi^cVa!
GZ[ZgZcX^VdV
pancreatite, colecistite, enteropatia perdedora de proteínas.
consulta.
BZY^YVhedhijgV^h#
CVhXg^VcVhbV^hkZa]Vh/YdggZXdggZciZ!VehVhgZ[Z^Zh!| HZbVaiZgVZh
EgdX^ci^Xd#
noite (decúbito), retroesternal, descrita como queimor/ardor. ao exame físico no
6ciV\dc^hiV"='dj
Refluxo CdeZfjZcdaVXiZciZ/gZ\jg\^iVd!kb^idhZ^gg^iVW^a^YVYZXdb pequeno lactente.
Ø IBP.
gastroesofágico as mamadas, perda de peso, alt. do sono, síndrome de Sandifer, 9dgZe^\{hig^XV
GZ[ZgZcX^Vg
patologia respiratória associada. à palpação nas
a consulta de
H^cVaYZVaVgbZ/kb^idhXdbhVc\jZ!Y^h[V\^V# crianças mais velhas.
Gastroenterologia.
9dgVWYdb^cVahZkZgV!h^bjaVcYdVeZcY^X^iZdjeZg^idc^iZ EVa^YZo#
6aiZgcVi^kVbZciZ!VYdgedYZhZg^ciZgb^iZciZidgdeVgX^Va 9Z[ZhVcVeVaeVd 6kVa^Vdjg\ZciZ
Torção ovárica :Xd\gVÃVeak^XV#
ou intermitente), resolver espontaneamente ou anunciar torsão abdominal ou fossa por Cirurgia.
iminente. Náuseas e vómitos frequentes. ilíaca respectiva.
9dgiZhi^XjaVgdjZhXgdiVa!hZkZgV!]VW^ijVabZciZ1&']!^ggVY^Vd
possível para quadrantes inferiores.
EdhhkZaYdg^c\j^cVadjcdhfjVYgVciZh^c[Zg^dgZhXdbd IjbZ[VXd
Torção :Xd\gVÃVXdb 6kVa^Vdjg\ZciZ
apresentação. testicular; palpação
testicular dopller testicular. por Cirurgia.
>cX^dVa\jbVh]dgVhVehZmZgXX^d[h^XddjigVjbViZhi^XjaVg dolorosa.
minor ou, tipicamente, início súbito durante a noite ou pela manhã
(contracção cremastérica).
=Zbd\gVbV!
estudo bioquímico
9^b^cj^dYdVeZi^iZ!kb^idh!VaiZgVdYdig}ch^id^ciZhi^cVa# com função 6kVa^Vd
Tumor 9dgVWYdb^cVaY^[jhV!
9dgYZXVgVXiZghi^XVhkVg^{kZ^hYZVXdgYdXdbdijbdghjW_VXZciZ hepática e renal, urgente por
abdominal massa palpável.
e tempo de evolução. DHL. Hematoncologia.
:Xd\gVÃV
abdominal.
HZ]ZbdggV\^V
activa: pausa
alimentar; IBP ou
=Zbd\gVbV!
=^hig^VYZYdgXdbYjgVdkVg^{kZa#Kb^idh#6ak^dYVYdgXdb inibidor H2;
9dgVWYdb^cVa estudo bioquímico
Úlcera péptica/ antiácidos ou alimentos. Dor nocturna. ;aj^YdiZgVe^VZk#
epigástrica/difusa. com função
Gastrite =ZbViZbZhZh!bZaZcVh# 6kVa^Vdedg
Palidez. Taquicardia. hepática, estudo da
=^hig^VYZ^c\ZhidYZVci^"^cÄVbVig^dh!Xdgi^XdiZgVe^V# Gastrenterologia.
coagulação.
GZ[ZgZcX^Vd
a Consulta de
Gastroenterologia.
GVY^d\gVÃV
Urolitíase/ 9dgi^edXa^XV^ciZchV!adXVa^oVYVVdÄVcXd#>ggVY^VdeVgVgZ\^d abdominal simples 6cVa\Zh^V#
Síndromes inguinal; por vezes dor referida aos testículos ou vulva. HZbedh^d de pé. >ciZgcVbZcid#
obstrutivos EdYZVegZhZciVg"hZXdbaZjh!c{jhZVh!kb^idhZVggZe^dh# antálgica. :Xd\gVÃV 6kVa^Vdedg
ureteropélvicos =ZbVig^V# abdominal. Cirurgia.
;jcdgZcVa#
273
Bibliografia
1. Garcia Aparício J. Abdomen agudo en el niño. In: Benito J, Luaces C, Mintegi S,
Pou J. Tratado de Urgências em Pediatria. Sociedade Española de Urgências de
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Berhman R. Nelson Essentials of Pediatrics. Elsevier Saunders (5th ed) 2005;
pp581-3;
5. Ferry D. Approach to the child with acute abdominal pain. UpToDate 2007.
274
DIARREIA AGUDA
Emília Costa, Margarida Figueiredo, Herculano Rocha
Definição
Caracteriza-se por um aumento no número das dejecções
Vhh^bXdbddVjbZcidYZkdajbZ3&%ba$`\$Y^VZVY^b^-
nuição da consistência das fezes.
É um processo habitualmente auto-limitado, com duração
entre 3 a 6 dias, mas sempre inferior a 2 semanas.
Etiologia
Epidemiologia
Nos países desenvolvidos a GEA é muito frequente no 1.º
ano de vida sendo a 2.ª causa de hospitalização.
É mais frequente nos primeiros anos de vida dado a coexis-
tência de diversos factores como a imaturidade da função
digestiva, imunológica (local e geral) e metabólica, as ele-
vadas necessidades nutricionais e uma maior labilidade no
equilíbrio hidroelectrolítico.
Os mecanismos de transmissão principais são pela via fecal-
oral e pela ingestão de água e alimentos contaminados.
Fisiopatologia da diarreia
276 Diarreia osmótica
Diarreia Motora
Diarreia Inflamatória
Avaliação clínica
1. Anamnese
277
;gZfjcX^VYZ^c[Vci{g^dh
K^V\ZchgZXZciZhV{gZVhZcYb^XVhYZY^VggZ^V
JhdYZV\ZciZhVci^b^XgdW^Vcdh
=^hig^VYZVaZg\^V
:medh^dVXdciVXidhXdbh^cidbVhhZbZa]VciZh
9^ZiVVXijVaZegZ\gZhhV/^c\ZhidYZ[gjidhYdbVg!kZ\Z-
tais não lavados, leite não pasteurizado, água contamina-
da ou carnes não cozinhadas
H^cV^hYZ^c[ZXdZVciZXZYZciZhYZeVgVh^idhZh
8dcY^ZhhdX^V^hZhVc^i{g^Vh
9jgVdZ\gVk^YVYZYZY^VggZ^V!Xdch^hicX^VYVh[ZoZh!
presença de muco e sangue, e outra sintomatologia asso-
ciada como outros sintomas digestivos (vómitos, dor ou
distensão abdominal), febre, prostração, convulsões
IdaZg}cX^V|]^YgViVddgVa
2. Exame Físico
6kVa^Vgd\gVjYZYZh^YgViVd
:hiVYdcjig^X^dcVa
H^cV^hYZidmb^V
Avaliação laboratorial
Na maioria das situações, a história clínica e o exame físico
detalhados são suficientes para establecer o diagnóstico
pelo que os exames laboratoriais não estão indicados.
Em quase todos os casos de GEA a atitude terapêutica não é
condicionada pela determinação do agente etiológico.
Nos casos em que seja importante ou particularmente difí-
cil um diagnóstico etiológico os exames auxiliares que po-
dem ser efectuados são:
E]YVh[ZoZh
EZhfj^hVYZVjXVgZhgZYjidgZh
9ZiZXdYZaZjXX^idh[ZXV^h
278 :mVbZk^gja\^XdYZ[ZoZh
8degdXjaijgVh YZkZb hZg eZY^YVh hZ/ diarreia san-
guinolenta abundante, surtos de diarreia, doentes imu-
nocomprometidos, suspeita de Síndrome Hemolítico-
-Urémico, evidência de infecção sistémica)
>dcd\gVbV!jgZ^V!XgZVi^c^cV!\a^XdhZhg^Xdh!ZhijYd
acido-base e densidade urinária (se desidratação mo-
derada/grave)
=Zbd\gVbVZ]ZbdXjaijgVhZZk^YcX^VYZinfecção
sistémica)
Abordagem terapêutica
O conhecimento da fisiopatologia da diarreia infecciosa
aguda tem levado à modificação da sua abordagem tera-
pêutica. Geralmente não existe tratamento específico e a
sua abordagem tem dois objectivos fundamentais:
GZegeZgYVYZafj^YdhZZaZXiga^idhVYZfjVYVbZciZV
cada caso
BVciZgZhiVYdcjig^X^dcVaXdbVYZfjVYdVedgiZXVag^Xd
e introdução precoce da alimentação habitual.
1. Alimentação
2. Fármacos
2.3. Probióticos
Está demonstrado um efeito na redução da diarriea aguda
das crianças (especialmente com o Lactobacillus GG) com
um bom perfil de segurança.
280 Contudo ainda está por establecer a sua indicação formal,
o tipo de probiótico, dose, veículo de administração e dura-
ção do tratamento.
2.6. Antiespasmódicos:
Estão contra-indicados.
281
Bibliografia
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Dis. Child. 2001; 85; 132-142
282
HEMORRAGIA DIGESTIVA
Isabel Valente, Rosa Lima
Definição
Hemorragia digestiva alta (HDA): hemorragia do trato gas-
trointestinal proximal ao ângulo de Treitz.
Hemorragia digestiva baixa (HDB): hemorragia do trato gas-
trointestinal distal ao ângulo de Treitz.
285
Avaliação do estado hemodinâmico
1.º – Repercussão hemodinâmica (Quadro III)
GK7:HE???¸H;F;H9KII´E>;CE:?DËC?97;C<KDw´E
DA PERDA HEMORRÁGICA
Grau I Grau III
=ZbdggV\^V1&* =ZbdggV\^V(%"(*
IZchd6giZg^VaI6cdgbVa H^cV^hYd<gVj>>
6jbZcidYV;gZfjcX^V8VgYVXVZb 9^jgZhZ1&ba$@\$]
10-20%
IZbedYZegZZcX]^bZcidXVe^aVg
normal
Grau II Grau IV
=ZbdggV\^V'%"'* =ZbdggV\^V)%"*%
IVfj^XVgY^V3&*%Web EjahdcdeVae{kZa
IVfj^ecZ^V(*")%Xeb EVX^ZciZXdbVidhd
6jbZcidYdiZbedYZ
preenchimento capilar
9^b^cj^dYVI6
=^ediZchddgidhi{i^XV
9^jgZhZ3&ba$`\$]
GK7:HE?L¸<7BI7IIKIF;?J7I:;>;CEHH7=?7:?=;IJ?L7
Hematemese Melena Hematoquézia
EgZeVgVZhXdb[Zggd
I^ciVh8dbZgX^V^h
A^XdgZh
9Z\aji^dYZhVc\jZ
6bdgVh
materno (mamilos ou
:he^cV[gZh
canal vaginal) BZchigjVd
7ZiZggVWV
=ZbdggV\^V I^ciVh8dbZgX^V^h
EgZeVgVZhXdbW^hbjid
nasofaríngea 6I76be^X^a^cV
8]jbWd
9Z\aji^dYZhVc\jZ =ZbVig^V
8Vgkd
não humano
IZggV$e
<ZaVi^cV
9Z\aji^dYZhVc\jZ
8]dXdaViZ
não humano
J;IJ;:;7FJ¸:EMD;O
1. Misturar fezes ou material emético com água (1:5)
2. Centrifugar a mistura
3. Adicionar 1 ml 0,25 N de hidróxido de sódio em 5 ml do sobrenadante e esperar 5
minutos
4. A coloração amarelo-acastanhada indica hemoglobina de adulto; a coloração 287
rósea indica hemoglobina fetal.
J[ij[fWhWf[igk_iWZ[iWd]k[eYkbje
IZhiZYZYZiZXd^bjcda\^XVYZ]Zbd\adW^cV]jbVcV
nas fezes
– Não são influenciados pela dieta
– Sensibilidade e especificidade superiores ao teste
GUAIAC
2.º – Diferenciação entre Hemorragia Digestiva Alta
e Hemorragia Digestiva Baixa
> ?djkXWeDWie]|ijh_YW;D=YecbWlW][c]|ijh_YW
Útil na avaliação e quantificação da HDA
Identifica sangue na cavidade gástrica e a actividade
da hemorragia (a sua ausência não exclui HDA – a he-
morragia pode ter cessado ou estarmos perante um
piloro fechado)
Deverá ser feita até o aspirado gástrico clarear pois
pode ser útil para detecção de sangramentos subse-
quentes, facilita a endoscopia digestiva e diminui o
risco de aspiração massiva
Dever-se-á utilizar soro fisiológico à temperatura
ambiente, e não gelado, para evitar hipotermia
6egZhZcVYZkVg^oZhZhd[{\^XVhcdXdcigV"^cY^XVV
ENG
> H[bWe[djh[8KD[Yh[Wj_d_dWfbWic|j_YWc]%Zb
HZ3(%[dgiZXdggZaVdXdb=96cVVjhcX^VYZeV-
tologia renal)
> >_ijh_WYbd_YWZ[jWb^WZW[kc[nWc[\i_YeYk_ZWZe-
ie acompanhados de alguns exames complementares
288 de diagnóstico podem identificar a doença de base e in-
ferir a gravidade da hemorragia gastrontestinal.
> I[>;CEHH7=?7:?=;IJ?L77BJ70
9edi_Z[hWh[dZeiYef_WZ_][ij_lWWbjWi[0
H^cV^hYZ]ZbdggV\^VVXi^kVcVaVkV\Zb\{hig^XV
=ZbdggV\^V \gVkZ fjZ XdcY^X^dcV ^chiVW^a^YVYZ ]Z-
modinâmica ou anemia grave
9dZcV Xgc^XV ^bedgiVciZ! ]^hig^V YZ ]ZbdggV\^V
prévia ou de anemia ferropénica de etiologia não es-
clarecida, história crónica de dispepsia.
8dcigV^cY^XVZh/
> I[>;CEH7=?7:?=;IJ?L787?N7
;nWc[Wdeh[YjWb 289
;^hhjgVVcVa!YdZcV]Zbdggd^Y{g^V!ea^edgZXiVa
I[Ze[dWb[l[
8dch^YZgVg egdkV YZ Za^b^cVd$egdkdXVd Xda^iZ
alérgica)
I[Ze[dWceZ[hWZWW]hWl[0
8dch^YZgVgYdZcVh^hib^XVH#]Zbdai^Xd"jgb^Xd!
PHS)
8dch^YZgVg ]ZbdXjaijgV! eZhfj^hV YZ aZjXX^idh [Z-
cais, coprocultura, parasitológico de fezes, pesquisa
de vírus (colite infecciosa)
8dch^YZgVggVY^d\gVÃVVWYdb^cVa!ZXd\gVÃVVWYdb^-
nal (enterocolite necrotizante, vólvulo, invaginação,
megacolon tóxico, perfuração intestinal).
8dch^YZgVgZcYdhXde^V!Xa^hiZgdeVXdY#^cÄVbVig^V
intestinal, pólipo, malformação vascular)
8dch^YZgVg X^ci^ad\gVbV Xdb I8.. Y^kZgiXjad YZ
Meckel).
290
TRATAMENTO
N.º doses
Indicação Dose diária Observações
por dia
HEMORRAGIA ACTIVA
> Inibidores da secreção ácida EV
Ranitidina Recém-nascido: 1-3 mg/Kg 3-4 Reduz absorção de cetoconazol e itraconazol. Dar com precaução na I.
Crianças: 2-4 mg/Kg Renal e Hepática.
Adultos: 150-200 mg
Perfusão: 125-250 mcg/Kg/h
Omeprazol 0,5 mg/Kg 1-2 Interfere com o diazepam, varfarina, fenitoína, propanolol e teofilina.
(Máx. 2 mg/Kg) Efeitos laterais: cefaleias, urticária, gastrointestinais.
> Agentes vasoconstritores
Octreotido 1 mcg/Kg em bólus, seguido de 1 mcg/ Efeitos laterais: cardiovasculares, náuseas e vertigem. Vigiar glicemia.
Kg/h
Vasopressina 0,002-0,005 U/Kg/min x 12 h, seguido de Efeitos laterais: arritmia cardíaca, isquemia miocárdica e cerebral,
aumento durante 24-48h (Max. 0,2 U/min) hipertensão arterial e hiponatrémia.
PREVENÇÃO DE NOVOS EPISÓDIOS HEMORRÁGICOS
> Inibidores da secreção ácida p.os
Ranitidina Recém-nascido: 2-4 mg/Kg 2-4 Separar a toma de ranitidina da toma de antiácidos de 1 hora. Reduz
Crianças: 4-5 mg/Kg 2-3 absorção de cetoconazol e itraconazol. Dar com precaução na I. Renal
Adultos: 300 mg e Hepática.
Lansoprazol <30 Kg: 0,5-1 mg/Kg 1 Efeitos laterais: cefaleias, obstipação, diarreia, dor abdominal, náuseas,
(Máx. 15 mg) aumento das transamínases, proteinúria, hipotensão.
3(%@\/&*"(%b\
Omeprazol 1-2 mg/Kg 1-2 Tomar antes das refeições. Interfere com o diazepam, varfarina,
(Máx. 3 mg/Kg) fenitoína, propanolol e teofilina. Reduz absorção de ferro e cetoconazol.
Adultos: 10-40 mg Efeitos laterais: cefaleias, urticária, gastrointestinais,.
> Citoprotectores da mucosa p.os
Sucralfato <2 anos: 250 mg/dose 3-4 Reduz a absorção da fenitoína, ranitidina, digoxina, teofilina, tetraciclina,
2-12 anos: 500 mg/dose quinolonas, varfarina e vitaminas lipossolúveis. Separar toma de outros
3&'Vcdh/&\$YdhZ fármacos de 2h. Dar 1 hora antes das refeições. Não dar antiácidos 30
min antes ou depois da toma. Efeitos laterais: obstipação e acumulação
de alumínio na I. Renal.
> Prevenção de novos episódios
hemorrágicos por varizes
Propanolol 1 mg/Kg 2 Contra-indicado em doentes com asma, bloqueio AV de 2.º ou 3.º grau,
Iniciar com 0,5-1 mg/Kg/dose, com 2-4 crise hipertensiva grave, bradicardia, hipotensão, feocromocitoma,
monitorização de FC e TA, de forma a ICC não controlada. Usar com precaução em doentes com glaucoma,
reduzir 25% da FC de base (Max. 8 mg/Kg) hipotiroidismo e disfunção renal ou hepática.
Bibliografia
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12. Sanyal AJ. Tratment of active variceal hemorrage. 2007 UpToDate (29/01/07).
292
HEPATITE AGUDA.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
Alexandre Braga, Vasco Lavrador, Fernando Pereira, Ermelinda S. Silva
Conceitos
>[fWj_j[
A Hepatite é uma inflamação do fígado, qualquer que seja a
sua origem. A hepatite pode ser aguda (duração inferior a
seis meses), ou crónica.
?dikÄY_
dY_W^[f|j_YWW]kZW
Alteração severa da função hepática, com ou sem encefa-
lopatia, associada a necrose hepática, num doente sem do-
ença hepática subjacente conhecida. Na ausência de ence-
Objectivos
A observação do doente com hepatite aguda no Serviço de
Urgência tem como objectivos:
Fluxograma de abordagem
Anamnese a)
Exame Objectivo b)
Hipóteses de
Diagnóstico c)
Exame
Complementares
de 1.ª linha d)
AMBULATÓRIO f) INTERNAMENTO h)
Consulta Externa de Hepatologia/ Insuficiência hepática aguda
Gastrenterologia transferir para UCI /Centro de
URGENTE Transplante Hepático
(<1 semana) TRANSPORTE i)
294
a) Anamnese
>YVYZZhZmd
6ciZXZYZciZh[Vb^a^VgZh/
– Doenças hepáticas, insuficiência hepática aguda
– Síndrome de Reye-like, doenças metabólicas
6ciZXZYZciZheZhhdV^h/
– Icterícia neonatal
– Crescimento estaturoponderal
– Desenvolvimento psicomotor, performance escolar
– Vacinas (hepatites A e B)
– Viagens recentes, contacto com doentes com hepatite
– Uso de fármacos: paracetamol (overdose), antibióti-
cos, halotano, anticonvulsivantes, antituberculosos.
– Contacto com tóxicos: ingestão de cogumelos selva-
gens, chás exóticos, …
·IgViVbZcidhYZci{g^dh!iVijV\Zch!¹e^ZgX^c\hº
– Cirurgias, transfusões de sangue ou derivados
=^hig^VVXijVa/
c) Hipóteses de diagnóstico
?ZWZ[ ;j_ebe]_W
H[Yc#dWiY_Ze[bWYj[dj[
2'Wde_ZWZ[
u Sépsis (E.coli, Stafilococcus aureus, …), Herpes
u Infecciosas vírus 1 e 2, Echovírus, Adenovírus, Coxsackie B,
Hepatite B, Hepatite A (rara)
u Galactosemia, Tirosinemia, Fructosemia,
Hemocromatose neonatal, Citopatia Mitocondrial,
u Metabólicas
Síndrome de Reye-like (defeitos da ß-oxidação,
doenças ciclo da ureia …)
296
u Drogas u Paracetamol (overdose), etc …
u Cardiopatia congénita, Miocardite, Asfixia severa
u Isquemia
u Síndrome hemafagocítico familiar
EkjhWi_ZWZ[if[Z_|jh_YWi
4'WdeZ[_ZWZ[
u Hepatite A, Hepatite B, Hepatite C, co-infecção
delta, Hepatite E, Hepatite Não A-G, Herpes vírus
u Infecciosas 1 e 2, Herpes vírus tipo 6, vírus Varicela-zoster,
Parvovírus B19, Paramyxovírus, Citomegalovírus,
vírus Epstein-Barr, Sépsis
u Autoimune u Hepatite autoimune
u Paracetamol (overdose), Valproato de sódio,
Carbamazepina, Isoniazida, Rifampicina,
u Drogas
Halotano, Antibióticos (Eritromicina, Ácido
clavulánico), …
u Amanita phalloides (cogumelos), Tetracloreto de
u Toxinas
carbono, …
u Doença de Wilson, Frutosemia, Síndrome de
u Metabólicas
Reye, Síndrome Reye-like (<3 anos) …
u Cardiopatia, Miocardite, Asfixia severa,
u Isquemia
Sínd. Budd-Chiari
u Outras u Infiltração neoplásica, Doença veno-oclusiva, …
:bXg^VcVh1(Vcdh^YVYZ!hdWgZijYdcVVjhcX^VYZ^X-
terícia, pensar em doenças metabólicas (apresentação de
297
síndrome de Reye-like) e efectuar colheitas (*) para:1
- Aminoácidos, amónia e lactato séricos; acilcarnitinas
séricas; ácidos orgânicos urinários
^bedgiVciZfjZZhiVhXda]Z^iVhhZ_VbZ[ZXijVYVhcdbdbZcidYZ¹Xg^hZºZfjZdhegdYjidhhZ_Vb!hZ
necessário, congelados e posteriormente enviados para o respectivo laboratório.
e) Sinais de alerta para evolução fulminante
I<E3(%%%J>$A
6aiZgVZhYVh[jcZhYZhciZhZ]Ze{i^XV/
– Hemorragias
– Ascite
– Alterações da coagulação refractárias à vitamina K IV
ou IM
– Hipoproteinemia, hipoalbuminemia
– Hipoglicemia
6aiZgVdYdZhiVYdYZXdchX^cX^V
– Irritabilidade, alteração do padrão de sono
– Sonolência, letargia, coma
– Hiperamoniemia
H^cV^hYZcZXgdhZ]Ze{i^XVbVX^hhV
– Diminuição rápida das dimensões do fígado, aumento
da bilirrubina total (com aumento da fracção livre) e
transaminases a diminuir
6X^YdhZbZiVWa^XV!]^eZgaVXiVX^YZb^V
f) Ambulatório
h) Internamento
Três objectivos:
299
> Monitorização:
Cada 4-6-8-12 horas (conforme gravidade e ritmo de
progressão da doença): avaliação neurológica, glicemia
3-%b\$Ya!Zfj^aWg^d{X^Yd"WVhZZZaZXiga^idh!iZbed
de protrombina e tempo de tromboplastina parcial, al-
bumina, bilirrubinas, enzimas hepáticas e amónia.
> Acesso venoso: cateter venoso central de 2 vias, se co-
agulopatia e encefalopatia
> Dieta:
6a^bZciVdZcig^XV&"'\egdiZcVh$`\$Y^V!hZcZ-
cessário débito contínuo por SNG
6a^bZciVdeVgZcig^XV!hZYdZciZkZci^aVYd
JhWdi\[h dY_WfWhW9k_ZWZei?dj[di_lei%9[djheZ[JhWdifbWdj[>[f|j_Ye0
i) Transporte
Ambulância medicalizada
Evitar hipotermia
Cateter venoso central (ideal 2 vias)
Sonda nasogástrica
302
ICTERÍCIA NEONATAL
Diana Pinto, Anabela Bandeira, Sara Gonçalves, Susana Pinto
Definições
Icterícia fisiológica do recém-nascido
>XiZgX^VcVheg^bZ^gVh')]dgVhYZk^YV
IVmVYZVjbZcidYVW^a^ggjW^cV3*b\$Ya$Y^V
7^a^ggjW^cVidiVa≥17 mg/dl
7^a^ggjW^cV Y^gZXiV 3' b\$Ya dj 3'% YV W^a^ggjW^cV
total
7^a^ggjW^cVidiVa≥12 mg/dl, na ausência de factores de
risco
7^a^ggjW^cV idiVa ≥10-14 mg/dl, no prematuro, na au-
sência de factores de risco
9jgVd3&%V&)Y^Vh
GK7:HE'¸:?7=DÔIJ?9EI:?<;H;D9?7?I
Isoimunização Rh
Mãe Rh negativa e recém-nascido Rh positivo e:
Teste antiglobulina directo positivo
Icterícia de aparecimento nas 1.as 12 a 24 horas de vida
Doença hemolítica Microesferócitos no esfregaço
imunomediada Isoimunização ABO
Mãe grupo O e recém-nascido do grupo A ou B e:
304 Teste antiglobulina directo positivo
Icterícia de aparecimento nas 1.as 12 a 24 horas de vida
Microesferócitos no esfregaço
Defeitos da membrana eritrocitária:
Esferocitose hereditária
Eliptocitose
Doença hemolítica Piropoiquilocitose
hereditária Estomatocitose
Defeitos enzimáticos eritrocitários:
Deficiência na glucose 6 fosfato desidrogenase
Deficiência na piruvato cinase
Hemoglobinopatias e Hemoglobinas instáveis
Doença hemolítica Alfa talassémia
hereditária Beta talassémia
Anemia hemolítica congénita
Sépsis/Infecção urinária
Aumento da produção Coagulação intravascular disseminada
de bilirrubina Policitemia
Macrossomia (filho de mãe diabética)
Prematuridade
Diminuição da
Hipotiroidismo
clearence de bilirrubina
Hipopituitarismoa
Sindrome de Crigler-Najjar tipo I e II
Sindrome de Gilbert
Erros inatos do
Galactosemiaa
metabolismo
Tirosinemiaa
Hipermetioninemiaa
a
Elevação da bilirrubina conjugada também pode ocorrer
Exames complementares
Úteis na abordagem inicial (decidir em função da clínica):
GZ\gV YV ^YZci^ÃXVd k^hjVa! Vi^c\^bZcid XZ[Vad-
Tratamento
A) Recém-nascido com mais de 35 semanas de
gestação
306
Classificar o recém-nascido em baixo, médio ou alto risco
(Quadro 2) e consultar a figura 1 para critérios de fototera-
pia e a figura 2 para critérios para exsanguino-transfusão.
GK7:HE(¸9B7II?<?97w´E:EH;9xC#D7I9?:E;C87?NE"Cx:?EEK7BJEH?I9E
(*"(,hZbVcVhYZ\ZhiVdZ[VXidgZhYZg^hXd
Linha contínua (doença hemolítica isoimune, deficiência de G6PD,
Recém-nascido de alto risco asfixia, letargia significativa, instabilidade térmica,
sépsis, acidose ou albumina <3 g/dl, se medida).
≥38 semanas de gestação e factores de risco
Linha descontínua (doença hemolítica isoimune, deficiência de G6PD,
Recém-nascidos de médio asfixia, letargia significativa, instabilidade térmica,
risco sépsis, acidose ou albumina <3 g/dl, se medida)
dj(*"(,hZbVcVhZXa^c^XVbZciZWZb
Linha tracejada
≥38 semanas de gestação e clinicamente bem
Recém-nascidos de baixo risco
<?=KH7'¸9h_jh_eifWhW\ejej[hWf_WZ[WYehZeYecWi^ehWiZ[l_ZW[]hkfeZ[h_iYe
fWhWh[Yc#dWiY_ZeiYec)+ekcW_ii[cWdWiZ[][ijWe$
307
<?=KH7(¸9h_jh_eifWhW[niWd]k_d[e#jhWdi\kieZ[WYehZeYecWi^ehWiZ[l_ZW[
]hkfeZ[h_iYefWhWh[Yc#dWiY_ZeiYec)+ekcW_ii[cWdWiZ[][ijWe$
GK7:HE)¸>?F;H8?B?HHK8?D;C?7DEFH;C7JKHEI7K:ÍL;BEK:E;DJ;
Saudável Doente
Peso Fototerapia ET Fototerapia ET
2001-2500 g 12-15 Variável 10-12 Variável
Halamek LP, Stevenson DK: Neonatal jaundice and liver disease. In Fanaroff AA, Martin RJ. Neonatal-
Perinatal Medicine. Diseases of the fetus and Infant, 7th ed. St Louis, Mosby-Year Book, 2001
C) Incompatibilidade ABO
GK7:HE*¸>?F;H8?B?HHK8?D;C?7D7?D9ECF7J?8?B?:7:;78E
Idade Fototerapia ET
<24 h 3, 3&-
308
25-48 h 3&%"&' 18-20*
3)-] 3&'"&* 18-20*
*Usar limite inferior se RN doente, com acidose, evidência de hemólise.
GK7:HE+¸JH7J7C;DJED7?IE?CKD?P7w´EH>
Observação Fototerapia ET*
<24 h <7 7-10 10-14
24-48 h <10 10-12 3&)
3)-] <12 12-15 3&-
* É critério de ET se aumento de BT superior a 0,5 a 1 mg/dl/hora.
309
?Yj[hY_WYbd_YW
Policitemia
IgVch[jhdbViZgcd"[ZiVa
IgVch[jhd[Zid"[ZiVa
8aVbeV\ZbiVgY^VYdXdgYd
68>J
;^a]dYZbZY^VWi^XV
Prolongada
HcYgdbZ<^aWZgi
HcYgdbZ9dlc
=^edi^gd^Y^hbd
AZ^iZbViZgcd
HcYgdbZYZ8g^\aZg"CV__Vg
Texto de Apoio
Icterícia do aleitamento materno:
Icterícia que surge após o 7.º dia de vida (pico ao 10.º dia
de vida).
Mecanismo desconhecido.
A bilirrubina total pode atingir:
311
Bibliografia
1. Icterícia neonatal, Protocolo de actuação – Serviço de Pediatria HGSA, 1995
2. Consensos em Neonatologia, Secção de Neonatologia da SPP, Coimbra 2004
3. Nelson Textbook of Pediatrics, 18ª edition 2007
4. Maisels MJ. Neonatal jaundice. Pediatrics in review, vol 27 N 12 Dec 2006
5. Maisels MJ. Jaundice in a newborn. Answers to questions about a common
clinical problem. Contemp Pediatr. 2005;22:34-40
6. Maisels MJ, Baltz RD, Bhutani V et al. Management of hyperbilirrubinemia in the
newborn infant 35 or more weeks of gestation. Pediatrics 2004; 114:297-316
7. Neonatal jaundice and Kernicterus. Pediatrics 2001;108:763-5
8. Neonatal hyperbilirrubinemia. N Engl J Med 2001;344:581-90
9. Hyperbilirrubinemia in the 2000s: what should we do next? Am J Perinatol
2003;20:415-23
10. Jaundice and breastfeeding. Pediatr Clin N Am 2001;48:389-99
11. Stevenson DK, Fanaroff AA, Maisels MJ et al. Prediction of hyperbilirrubinemia
I near-term and term infants. Pediatrics 2001; 108:31-39
12. Harris M, Bernbaum J, Polin J, Zimmerman P, Polin RA. Developmental follow-
up of breastfed term and near-term infants with marked hyperbilirrubinemia.
Pediatrics 2001;107:1075-80
13. Investigation of prolonged neonatal jaundice. Acta Paediatr 2000;89:694-7
312
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES
NEFROLÓGICAS
HEMATÚRIA
Liliana Rocha, Paula Matos
Introdução
Nas crianças, a presença de sangue na urina é um acha-
do comum e pode ter etiologias variadas. Na prática, uma
anamnese e exame clínico cuidadosos permitem orientar
a investigação e conduzir ao diagnóstico etiológico, sem a
realização de estudos muito complexos.
Definição
Investigação
1.ª Fase – confirmar a presença de hematúria
315
Antes de iniciar qualquer estudo etiológico é necessário
confirmar a presença de hematúria através da realização
de exame do sedimento urinário. Ao utilizar as tiras-teste,
podem surgir resultados:
falsos positivos
]Zbd\adW^cVdjb^d\adW^cVa^kgZhcVjg^cV
egZhZcVYZV\ZciZhdm^YVciZhYZh^c[ZXiVciZhXdbd
o hipoclorito)
aZ^ijgVYVÃiViVgY^V
falsos negativos
XdcXZcigVdYZ{X^YdVhXgW^Xd3*b\$Ya
YZch^YVYZjg^c{g^VVaiV
9WhWYj[hij_YWiZW^[cWjh_W:
1.º episódio, episódios recorrentes, persistente
presença de coágulos
hematúria total, inicial ou terminal (se macroscópica)
I_djecWi%i_dW_iWYecfWd^Wdj[i
Febre
Disúria, polaquiúria
Dor lombar, supra-púbica
Exantema, artralgias
Défice auditivo, visual
7dj[Y[Z[dj[if[iieW_i
316 Traumatismo, exercício físico, período menstrual
Infecção recente (ORL ou cutânea)
Ingestão de fármacos ou toxinas
Eliminação de cálculos
Cateterismo vesical recente
7dj[Y[Z[dj[i\Wc_b_Wh[i
Hematúria, surdez, HTA
Insuficiência renal crónica
Nefropatia de IgA
Doença renal poliquística
Malformações congénitas do tracto urinário
Litíase renal
Discrasias sanguíneas
Hemoglobinopatias
;nWc[\i_Ye
Somatometria, tensão arterial
Alterações articulares e ou cutâneas
Edemas
Manifestações hemorrágicas
Massas abdominais, pontos dolorosos
Traumatismo/inflamação dos genitais
Focos infecciosos (ORL,estomatologia)
2.ª Fase
Kh_dW
Sedimento com estudo morfológico dos eritrócitos 317
Urocultura
Relação cálcio/creatinina (N <0,2 mg/mg)
Relação proteínas/creatinina (N <0,2 mg/mg)
IWd]k[
Hemograma
Função renal
Estudo da coagulação (se indicado pela clínica)
;Ye]hWÄW reno vesical
Nesta fase podemos classificar a origem da hematúria
como Glomerular ou Não-glomerular baseados nos se-
guintes parâmetros:
=bec[hkbWh De=bec[hkbWh
Jg^cVXVhiVc]V$8dXV"8daV Jg^cVkZgbZa]dk^kd
=ZbVig^VidiVa =ZbVig^V^c^X^VadjiZgb^cVa
EgdiZ^cg^V3 EgdiZ^cg^V1
8^a^cYgdh]Zb{i^Xdh$aZjXdX^i{g^dh 6jhcX^VYZX^a^cYgdh
:g^igX^idhY^hbgÃXdh3(% :g^igX^idhZjbgÃXdh
8ajaVhZe^iZa^V^hijWjaVgZh
B^XgdX^idhZ BVXgdX^idhZ
3.ª Fase
Se origem Glomerular
Estudo imunológico, incluindo complemento
Estudo serológico, incluindo TASO
Marcadores de hepatite B e C e HIV
Audiograma/Exame oftlamológico
Biópsia renal se hematúria macroscópica recorrente ou
hematúria microscópica associada a insuficiência renal,
proteinúria, hipertensão arterial, história familiar de do-
ença renal crónica
=bec[hkbWh De=bec[hkbWh
<CV\jYVeh"^c[ZXX^dhV >c[ZXdjg^c{g^V
CZ[g^iZYZEgejgVYZ=ZcdX]"HX]dcaZ^c CZ[g^iZ^ciZghi^X^Va
CZ[gdeVi^VYZ>\6 =^eZgXVaX^g^V^Y^de{i^XV
9dZcVYZ6aedgi A^iVhZjg^c{g^V
6cdbVa^Vh\adbZgjaVgZhbc^bVh JgdeVi^VbVa[dgbVi^kV
=ZbVig^V[Vb^a^Vg IgVjbVi^hbd
=ZbVig^VgZXdggZciZWZc^\cV IjbdgZh
IgdbWdhZkZcdhVgZcVa
9gZeVcdX^idhZ$8dV\jadeVi^Vh
8^hi^iZkg^XV$[{gbVXdh
=ZbdggV\^V\Zc^iVa$VcVa
:mZgXX^d[h^Xd
Critérios de internamento
Hematúria macroscópica (1.º episódio ou quadro clínico
grave)
Síndrome nefrítico agudo
MACROSCÓPICA MICROSCÓPICA
=Zbd\gVbV
;jcdgZcVa
:hijYd^bjcda\^Xd
:hijYdhZgda\^Xd
Jg^cVi^ed>>
JgdXjaijgV
GZaVdX{aX^d$XgZVi#
GZaVdegdiZcVh$XgZVi#
6jY^d\gVbV$:m#D[iVabda\^Xd
EZhfj^hVYZ]ZbVig^V[Vb^a^Vg
320
Bibliografia
1. J Bergstein, J Leiser, S Andreoli. The clinical significance of asymptomatic gross
and microscopic hematuria in children Arch pediatr adolesc med 2005; 159: 353-
355
2. Stapleton Asymptomatic microscopic hematuria : time to look the other way?
Arch Pediatr Adolesc Med 2005; 159: 398-399
3. Yong-Hoon Park et al. Hematuria and proteinuria in a mass school urine
screening test. Pediatr Nephrology 2005;20(8): 1126-1130
4. ESPN Handbook. P Cochat (ed). European Society for Paediatric Nephrology
(2002)
5. Meglic A, Kuzman D, Jazbec J, Japelj-Pavesic B, Rajko K. Eritrocyte deformability
and microhematuria in children and adolescents. Pediatr Nephrology 2003; 18:
127-132.
6. Butani L, Kalia A. Idiopathic hypercalciuria in children – how valid are the
existing diagnostic criteria? Pediatr Nephrology 2004; 18: 127-132.
7. Assadi F. Value of urinary excretion of microalbumin in predicting glomerular
lesions in children with isolated microscopic hematuria. Pediatr Nephrology 2005;
20: 1131-1135.
8. Tasic V, Avramoski V, Korneti P. Mild rhabdomyolisis in a child with fever and
321
PROTEINÚRIA
Liliana Rocha, Paula Matos
Introdução
A proteinúria pode ser um sinal importante de doença renal
mas, na maioria das crianças, é um achado esporádico ou
transitório.
Definição
Pesquisa positiva por tira-teste numa criança afebril, na
Falsos negativos:
Jg^cVbj^idY^ajYV
E]{X^Yd
Confirmação
9dhZVbZcidYZegdiZcVhZXgZVi^c^cVcjbVVbdhigVYZ
urina ocasional (mg/mg)
CdgbVahZ1%!*ZbXg^VcVhXdb^YVYZ1'Vcdh
CdgbVahZ1%!'ZbXg^VcVhXdb^YVYZ≥2 anos
EgdiZ^cg^VcZ[gi^XVhZ≥3
8VjhVh\adbZgjaVgZh
<adbZgjadcZ[g^iZh Xgc^XVh/ cZ[gdeVi^V YZ >\6! A:H!
membranoproliferativa, escleroses segmentar e focal
HcYgdbZcZ[gi^Xd^Y^de{i^XddjXdc\c^id
>chjÃX^cX^VgZcVaXgc^XV
8VjhVhijWjaVgZh
324 CZ[g^iZijWjad"^ciZghi^X^Va
IjWjadeVi^VHcYgdbZYZ;VcXdc^
DjigVh
Diagnóstico
Anamnese pessoal (febre, toma recente de anti-inflama-
tórios não esteróides, polidipsia, poliúria/oligúria, infecção
respiratória ou cutânea recente) e familiar (doença renal
crónica)
9dhZVbZcidjg^c{g^dYZegdiZcVhZXgZVi^c^cVVbdhigV
ocasional) e estudo do sedimento.
9dhZVbZcidhg^XdYZjgZ^V!XgZVi^c^cV!^dcd\gVbV!egd-
teínas totais e albumina, cálcio, fósforo, colesterol e tri-
glicerídeos;
:Xd\gVÃVgZcVaZbXVhdhhZaZXX^dcVYdh
;jgdhZb^YV&"'b\$`\ZbWajhZ#k#VbZ^dZcdÃcVa
da perfusão
8VgWdcVidYZ8{aX^d'*%"*%%b\k#dgVaVciZhYVeZg-
fusão
326
Bibliografia
1. Murakami M, Hayakawa M, Yanagihara T, Hukunaga Y. Proteinuria screening for
children. Kidney Int Suppl 2005; 94: S23-7
2. ESPN Handbook. P Cochat (ed). European Society for Paediatric Nephrology
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3. Cho B, Kim S, Choi Y, Kang H. School urinalysis in Korea: prevalence of chronic
renal disease. Pediatr Nephrology 2001; 16: 1126-1128.
327
INFECÇÃO URINÁRIA
Liliana Rocha, Paula Matos
Objectivos
9^V\chi^XdXdggZXidYZ^c[ZXdjg^c{g^V
IgViVbZcidYdZe^hY^dV\jYdXdbVci^W^diZgVe^VZÃXVo
8g^ig^dhYZ^ciZgcVbZcid
Diagnóstico
Baseia-se no resultado da urocultura com a demonstração
?ZWZ[ I_dW_i[i_djecWi
Comuns Menos comuns
9dgVWYdb^cVa
;ZWgZ
6cdgZm^V >XiZgX^V
Kb^idh
BWYj[dj[i2)c[i[i B{egd\gZhhd =ZbVig^V
EgdhigVd
ponderal 8]Z^gd^ciZchd
>gg^iVW^a^YVYZ
na urina
EgdhigVd
>gg^iVW^a^YVYZ
9dgVWYdb^cVa =ZbVig^V
Fh
;ZWgZ Kb^idh 8]Z^gd^ciZchd
l[hXWb
6cdgZm^V na urina
BWYj[dj[i B{egd\gZhhd
≥)c[i[i[ ponderal
Yh_WdWi
;ZWgZ
BVa"ZhiVg\ZgVa
>cXdci^ccX^V
EdaVfj^g^V Kb^idh
L[hXWb 9dgVWYdb^cVa
9^hg^V =ZbVig^V
9dgadbWVg
8]Z^gd^ciZchd
na urina
:bXg^VcVhXdbXdcigdadYZZh[cXiZgZh!Xda]ZgYjVh
amostras de urina de jacto médio.
Tratamento
Critérios de Internamento para antibioterapia ev
>YVYZ^c[Zg^dgV(bZhZh
>YVYZZcigZ("+bZhZhhZbVgXVYdgZh^cÄVbVig^dhZaZ-
vados ou impossibilidade de reavaliação em 48 horas
Heh^h
E^ZadcZ[g^iZhYZgZeZi^d
Kb^idh$^cidaZg}cX^VdgVa
332 B{h XdcY^Zh hdX^V^h$Y^ÃXjaYVYZh cd hZ\j^bZcid Yd
doente
1-3 meses
8Z[g^VmdcZ,*"&%%b\$`\$Y^VZk
ou
8Z[jgdm^bZ,*"&*%b\$`\$Y^VZk
>3 meses
6bdm^X^a^cV${X#XaVkja}b^Xd*%"&%%b\$`\$Y^V!Zkdj
50 mg/kg/dia, oral
ou
8Z[jgdm^bZ,*"&*%b\$`\$Y^VZkdj(%")%b\$`\$Y^V
HZVgZhedhiVXac^XVcd[dgVZheZgVYV!YZkZgZeZi^gjgd-
cultura e realizar ecografia reno-vesical
Y^b^cj^dYVZmXgZdYZegdYjidhVodiVYdh
eZgYVYVgZ\jaVdYdWVaVcdYZ{\jVZZaZXiga^idh
eZgYVYVgZ\jaVdYdZfj^a^Wg^d{X^Yd"WVhZ
>
HVc\jZ/^dcd\gVbV!XgZVi^c^cV!jgZ^V!X{aX^d![h[dgd!]Z-
mograma com plaquetas, esfregaço de sangue periférico,
hemocultura
Jg^cV/ZmVbZhjb{g^d!hZY^bZcid!YZch^YVYZ!dhbdaVg^-
dade, creatinina, sódio, potássio, urocultura
:Xd\gVÃVgZcVa
Prevenção
Habitualmente em doentes internados e em risco de IRA:
bdc^idg^oVdYZckZ^hYZYgd\VhcZ[gdim^XVh
338 egZkZcdYZ]^edkdaZb^Vbdc^idg^oVdYZkdaZb^V!
gasto cardíaco e TA)
]^YgViVdZVaXVa^c^oVdYVjg^cVVciZhYZfj^b^diZ-
rapia (Uratooxidase)
Zk^iVg [{gbVXdh fjZ VaiZgZb d Äjmd gZcVa >:86H0
AINES)
Y^V\chi^XdegZXdXZZigViVbZcidYZedhhkZ^h^c[ZX-
ções
]^YgViVd VYZfjVYV fjVcYd ]djkZg cZXZhh^YVYZ YZ
contrastes radiológicos
igViVbZcid YVh dWhigjZh jg^c{g^Vh Z bVcjiZcd
do equilíbrio hidroelectrolítico (HE)
Tratamento
Principios básicos
Líquidos:
perdas insensíveis (300-500 ml/m2/dia) + diurese + perdas
extra-renais
Inicialmente não acrescentar K+, Na+ ou Cl-
OU
D[Y[ii_ZWZ[i Z[ bgk_Zei [ ]Wije YWbh_Ye Yec \$ h[dWb
Yedi[hlWZW[Yec?H7
A. Cálculo das necessidades de Líquidos
HZY^jgZhZXdchZgkVYV/&%%baedgXVYV&%%@XVa
metabolisadas
HZda^\g^V/(%baedg&%%@XVabZiVWda^hVYVheZg-
das insensíveis) + diurese + perdas extra-renais
Hipercaliemia
Ced_jeh_pWeYWhZWYWYedjdkW
Gluconato de Cálcio 10% EV: 1 ml/Kg EV muito lento (diluir 1:1
ZbH<*3&%b^c
>cX^dYZVXd/^bZY^Vid
9jgVdYZVXd/(%"+%b^c
Bdc^idg^oVg/:8<hZ7G69>86G9>6·eVgVg^c[jhd
GZeZi^ghZcZXZhh{g^db{m/&%ba$YdhZ2&\$YdhZ
Em caso de hiponatremia
1-Dilucional: restrição de fluidos
2-Se não for bem sucedido: corrigir com NaCl a 3% segun-
do a fórmula:
Déficit de Na+ = [Na+ desejado (135) – Na+ actual] x 0,6 x peso
(Kg)
Hiperfosforemia e Hipocalcemia
[Ca T: 8,5-11 mg/dl; Ca++ T: 2,1-2,75 mmol/L]
1-Restringir o aporte de fósforo
2-Quelantes de fósforo: carbonato de cálcio PO 50-100 mg/
kg/dia
Suporte Nutricional
1-Aporte calórico suficiente; proteínas: 1-2 g/100 Kcal me-
tabolizadas
Hipertensão
GZhig^dYZÄj^Ydh
C^[ZY^e^cV/%!'*"%!*%b\$@\$YdhZHAdjED
Inicio de acção: 5-10 min
Duração: 4-6 horas
Pode repetir 2/2H
AVWZiVada/:bWajh·%!'*"&b\$@\:KaZcid
0,5 mg/Kg EV lento (10’ após 1.º bó-
lus, se necessário)
1,0 mg/Kg (bólus final)
Dose total ≤4 mg/Kg
Inicio de acção: 5 min
Duração: 3-6 horas
Em perfusão – 1-3 mg/kg/hora
342
C^igdegjhh^VidYZHY^d/%!*"-bX\$@\$b^c·eZg[jhd:K
continua
Início de acção: imediato
Duração: até à retirada
9^{a^hZhZhdWgZXVg\VYZkdajbZdj=I6^cigVi{kZa
Indicações para tratamento substitutivo
Sobrecarga de líquidos
:YZbVV\jYdYdejabd
>chjÃX^cX^VXVgYVXVXdc\Zhi^kV
=I6gZ[gVXi{g^VVdigViVbZcidbY^Xd
>bedhh^W^a^YVYZYZZ[ZXijVgcjig^dVYZfjVYV
=^eZgXVa^Zb^V@+3,b:f$A
=^eZgdj]^edcVigZb^V
=^eZg[dh[ViZb^V
=^eZgjg^XZb^V
6X^YdhZbZiVWa^XVgZh^hiZciZ|iZgVeji^XVXdchZgkVYdgV
343
Hx clínica, Ex objectivo,
Resultados analíticos
GZedh^dYZkdajbZ 6a\Va^Vd
H;'%ba$@\Zb&'"(%¼ :bZg\cX^Vjgda\^XV
;jgdhZb^YV&"*b\$@\
Responde Não
Responde
Continuar J8>
reposição 8K8
;jgdhZb^YV&"*b\$@\$YdhZ:K
8dch^YZgVgY^{a^hZ
344
Bibliografia
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Introdução
A insuficiência cardíaca (IC) é definida como a situação fi-
siopatológica em que o coração não é capaz de manter a
perfusão tecidular para garantir as necessidades metabó-
licas do organismo. A IC pode surgir por falência do cora-
ção como bomba ou por aumento das necessidades meta-
bólicas do organismo. Na prática clínica designa-se por IC
o quadro clínico manifestado por cardiomegalia, dispneia,
taquipneia, hepatomegalia e edemas, podendo acompa-
nhar-se nas fases agudas por cianose periférica, hipoxe-
Etiologia 349
J78;B7(¸97KI7I:;?DIK<?9?ÌD9?797H:Ð797:;79EH:E
COM O GRUPO ETÁRIO
Grupo Etário Causas mais frequentes
RN prematuro Sobrecarga hídrica; PCA; displasia broncopulmonar
Cardiopatia congénita (obstrução esquerda crítica, TGA, VU,
DVPAT obstrutiva, DSAVC, truncus arteriosus, CIV grande);
RN termo
cardiomiopatia, miocardite; malformação arteriovenosa;
arritmia
350 Cardiopatia congénita (CIV grande, origem anómala da ACE);
Lactente
malformação arteriovenosa; TSV; doença de Kawasaki
Miocardite vírica; arritmias (taquiarritmias, BAV completo);
Criança e endocardite bacteriana, febre reumática, pericardite; HTP,
Adolescente HTA aguda; hipertiroidismo; doença pulmonar; doenças
neuromusculares; doenças do colagéneo
PCA, persistência de canal arterial; TGA, transposição das grandes artérias; VU, ventrículo único;
DVPAT, drenagem venosa pulmonar anómala total; DSAVC, defeito de septo auriculo-ventricular
completo; CIV, comunicação interventricular; ACE, artéria coronária esquerda; TSV, taquicardia
supraventricular; HTP, hipertensão pulmonar; HTA, hipertensão arterial.
Manifestações Clínicas
As manifestações clínicas da IC reflectem não só a doença
de base como também as adaptações e respostas fisioló-
gicas à disfunção cardíaca, incluindo-se adaptações me-
cânicas (hipertrofia e dilatação), bioquímicas (alterações
energéticas da célula cardíaca), neurohumorais (sistema
nervoso adrenégico), hematológicas (efeitos no transporte
de oxigénio) e resposta pulmonar (taquipneia).
Do ponto de vista fisiopatológico distinguem-se três grupos
de sinais:
A. Medidas Gerais
1. Acesso vascular
a. Endovenoso, periférico ou central de acordo com a
gravidade.
2. Temperatura
b. Deve manter-se temperatura corporal em cerca de
37 ºC.
c. Evitar a hipotermia que aumenta a hipóxia periférica
3. Postura
d. Semisentado, cabeceira do leito elevada, repouso ab-
soluto.
1.1. Furosemida
O diurético de primeira linha no Serviço de Urgência na
IC aguda. É um potente diurético que actua praticamen-
te em todo o nefrónio. Produz vasodilatação cortical
com formação urinária inclusive com volume minuto
reduzido. Pode causar hipocaliemia, hiponatremia e
hipoacidúria. Em alguns doentes pode ser necessário
administrar suplementos de potássio. A sua acção é rá-
pida, cerca de meia hora por via oral com uma duração
de 4 a 6 horas, por via endovenosa actua em poucos mi-
nutos e dura uma hora e meia. O seu efeito diurético na
IC crónica aumenta quando se associa a antagonistas
1.2.Antagonistas da Aldosterona
Actuam no túbulo renal distal e competem com a acção
da aldosterona, bloqueando as trocas de sódio e potás-
sio. Produzem uma diurese com excreção de sódio, mas 355
retêm potássio. A sua acção ocorre 4 dias após a sua
administração. Não se deve administrar como diurético
único, já que causaria hipercaliemia.
Dosagem:
K^V dgVa &"( b\$`\$YdhZ! &'$&'] b{m^bd '*"'%%
mg/dia).
1.3.Tiazidas
Pouco utilizados. Estão disponíveis dois fármacos, a
clorotiazida e a hidroclorotiazida. Alcançam o seu pico
de acção máxima após 4 horas e têm efeito que se pro-
longa durante 12 horas. Reduzem a absorção de sódio
com excreção de cloro, água e potássio.
Dosagem:
8adgdi^Vo^YVk^VdgVa&%"(%b\$`\$YdhZ!&'$&']#
=^YgdXadgdi^Vo^YV k^V dgVa &"( b\$`\$Y^V! &'$&']!
(máximo 50-150 mg/dia).
2.1. Dopamina
Agente beta adrenérgico. Vasodilatador renal em doses
baixas.
Dosagem:
'"&% μg/kg/min: efeito inotrópico e vasodilatador
periférico.
&%"&* μg/kg/min: vasoconstrição periférica (alfa
356 adrenérgico).
2.2.Dobutamina
Agente beta e alfa adrenérgico. Combina efeito inotrópi-
co positivo potente com efeito vasodilatador periférico.
Utilizar cautelosamente já que pode induzir taquicardia
e arritmias.
Dosagem:
'"'%μg/kg/min.
2.3.Digoxina
Inotrópico positivo que reduz a taquicardia reactiva. Utili-
za-se mais frequentemente em situações crónicas, sendo
pouco relevante o seu papel em contexto de emergência.
?99YedÄhcWZW >ckZhi^\VdVY^X^dcVa
IgViVgZi^dad\^V
GmIgVm/H^a]jZiVXVgYVXV!
vascularização pulmonar
:8</6gg^ib^V4XVjhVkh#XdchZfjcX^V
:XdXVgY^d\gVbV/;jcd!YZggVbZ!XVjhV
>dcd\gVbV/8dgg^\^gVaiZgVZh
=Zbd\gVbV/8dgg^\^gVcZb^V
7CE/Bdc^idg^oVgZkdajdZgZhedhiV
tratamento
Tratamento
358
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359
TAQUIARRITMIAS CARDÍACAS
Cláudia Moura
J78;B7'¸EH?=;C7D7JÔC?97;C;97D?ICE:7J7GK?97H:?7
Actividade
Reentrada Foco Automático
desencadeada
Nó SA IVfj^XVgY^Vh^cjhVa
Aurícula IG>6$ÄjiiZg I6ZXie^XV 6a\jbVhI6
FIGURA ( ¸ C[YW-
d_icei Z[ jWgk_YWh-
Z_W Yec GHI bWh]e$
SAN: nó SA, AVN: nó-
dulo AV, VENT: ventrí-
culo, L II: derivação D
II do ECG de superfí-
cie, Vent Tachy: ta-
quicardia ventricular,
362 SVT: taquicardia su-
praventricular, BBB:
bloqueio completo de
ramo, Antidromic: ta-
quicardia reciprocan-
te com condução anti-
drómica, WPW: Wolf-
Parkinson-White, AT
Fib: fibrilação auricu-
lar, AT Flutter: flutter
auricular.
(Adaptado de Cardiac Arrhythmias in Children and Young Adults with Congenital Heart Disease. LW&W 2001)
Taquiarritmias por Reentrada
Os circuitos de h[[djhWZWWkh_YkbWh correspondem a alte-
rações do ritmo razoavelmente frequentes. No flutter auri-
cular existe um circuito de macroreentrada exclusivamen-
te auricular. Nos casos de circuitos de reentrada auricular
associados a cicatrizes de cirurgia cardíaca auricular pré-
via, é mais correcta a designação de taquicardia por reen-
trada intra-auricular ou taquicardia incisional.
Todas as taquicardias por reentrada intra-auricular par-
tilham algumas características clínicas das quais as mais
importantes são a existência de início súbito, condução
variável sobre o nódulo AV, terminação com cardioversão
eléctrica e resposta a fármacos antiarritmicos que modifi-
cam a electrofisiologia das células auriculares.
O mecanismo de h[[djhWZW pode existir ao nível do dZkbe
AV. Na taquicardia por reentrada nodal AV (TRNAV) o circui-
to de reentrada está confinado ao nódulo AV.
Esta taquicardia ocorre quando existem duas vias de con-
FIGURA)¸I[gk dY_WZ[Z[ifebWh_pWedei_dZhecWZ[MFM$
368
Taquicardia por reentrada nodal AV
369
Flutter auricular
371
Taquicardia ventricular
372
A TV pode associar-se a várias cardiopatias congénitas
ou adquiridas como tetralogia de Fallot, transposição dos
grandes vasos, miocardiopatia hipertrófica, miocardiopatia
dilatada, displasia arritmogénica do VD, tumores cardíacos
e anomalias coronárias. Pode ainda estar relacionada com
patologia dos canais iónicos da membrana da célula mio-
cárdica como síndroma do QT longo congénito, síndroma de
Brugada ou ter um carácter catecolaminérgico.
A TV pode ser diagnosticada na presença de uma taquicar-
dia com QRS largo e dissociação ventrículo-auricular. No
entanto na criança o alargamento do QRS pode ser subtil
dificultando o diagnóstico. Dependendo do tonus simpático
e do ciclo base da taquicardia é possível existir uma con-
dução retrógrada VA consistente de 1:1 durante a TV sus-
tentada. Existem vários diagnósticos diferenciais possíveis
para taquiarritmia com QRS largo no ECG e na realidade
o estudo electrofisiológico vai determinar uma origem su-
praventricular em mais de 80% dos casos. No entanto do
ponto de vista clínico é mais prudente considera-la TV até
prova em contrário. A morfologia no ECG de 12 derivações
define a origem anatómica da TV.
As características electrocardiográficas de TV são: 1) dis-
sociação AV, 2) fusões intermitentes, 3) QRS largo com
morfologia idêntica à da contracção ventricular prematura
(muitas vezes já documentada) e 4) FC habitualmente na
criança inferior a 250 bpm.
A abordagem terapêutica é complexa e depende da reper-
373
Algoritmo pediátrico para fibrilação ventricular
e taquicardia ventricular com instabilidade
hemodinâmica
B6CI:GG:HHJH8>I6v³D
CARDIOPULMONAR
B6CI:G6K>66wG:6
K:CI>A6v³D8DBD2 100%
68:HHD>K$>D
Se persiste FV,
DESFIBRILAÇÃO 4 J/Kg (1)
Se persiste FV,
DESFIBRILAÇÃO 4 J/Kg (1)
EPINEFRINA (2)
%!%&b\$@\&/&%!%%%>K$>D
%!&b\$@\&/&%%%:I
GZeZi^gVXVYV("*b^cjidhcVh
mesmas doses
Se persiste FV,
DESFIBRILAÇÃO 4 J/Kg (1)
374 A^YdXVcV&b\$@\>K$>D$:I0(
GZeZi^ga^YdXVcV'b\$@\>K$>D$
ET ao fim de 5-15 minutos
HZeZgh^hiZ;K!
6aiZgcVg9:H;>7G>A6v³D)?$@\!Ze^cZ[g^cV
e lidocaína (4)
8dch^YZgVgji^a^oVdYdWgZia^d*b\$@\>K
(1)Desfibrilação 2 J/Kg (máximo 200 J)
Desfibrilação 4 J/Kg (máximo 360 J)
(Adaptado de Pediatric Advanced Life Support: a Review of the AHA Recommendations. Bardella I.
University of Pittsburgh School of Medicine, Pittsburgh, Pennsylvania e de Pediatric Supraventricular
Tachycardia Algorithm, Children`s National Medical Center, Center for Prehospital Pediatrics, Division
of Emergency Medicine and Trauma Services, Washington, D.C. 2002)).
NOTAS IMPORTANTES:
6;KZVIKhZbejahdhdVaiZgVZhYdg^ibdgVgVhcV
criança pelo que deve ser contactado de imediato o colega
de Cardiologia Pediátrica.
375
Algoritmo Pediátrico para Taquicardia
Supraventricular
GZ\^hidYVIHKZb:8<&'YZg^kVZh Dm^\c^d.."&%%
8dciVXiVg8VgY^dad\^VEZY^{ig^XV 6XZhhd>K$>D
GZ\^hidYVIHKZb
ECG 12 derivações
8dciVXiVg8VgY^dad\^V
Pediátrica
(Adaptado de Pediatric Supraventricular Tachycardia Algorithm, Children`s National Medical Center, Center
for Prehospital Pediatrics, Division of Emergency Medicine and Trauma Services, Washington, D.C. 2002)
(1)Instabilidade hemodinâmica avaliada por alteração da consciência com má perfusão periférica,
aumento do tempo de preenchimento capilar, palidez, cianose periférica e hipotensão sistémica.
Os sinais de dificuldade respiratória podem ou não estar presentes. A hipotensão é definida como
inferior ao valor de 70 mais o dobro da idade em anos: [70 + (2 x anos) = TAS].
(2)A massagem carotídea deve ser efectuada com precaução pelo risco de hipotensão.
(3)Adenosina
wjbV\ZciZejg^cg\^XdZcY\Zcd!fjZegdkdXVjbWadfjZ^digVch^ig^dYVXdcYjdhdWgZd
nódulo auriculoventricular.
:hi{^cY^XVYVcViZgb^cVdYVhIHKeVgdmhi^XVhiVfj^XVgY^VedgbVXgdgZZcigVYV6Kdj
taquicardia nodal AV). Ao bloquear a condução AV permite ainda efectuar o diagnóstico de flutter
auricular.
wbZiVWda^oVYVcdZg^igX^idZiZbjbVhZb^"k^YVYZXZgXVYZ&%hZ\jcYdhbdi^kdeZadfjVa
pode ser administrada repetidamente).
9ZkZhZgVYb^c^higVYVZbVXZhhdkZcdhddbV^hegm^bdedhhkZaYdXdgVdbZbWgdhjeZg^dg#
6VYZcdh^cVYZkZhZgVYb^c^higVYVcjbVYVeiVYdgYZ'k^Vh#
9dhZ/&%%"(%%bX\$@\$YdhZ#HZ\jcYdVa\jchVjidgZhcdaVXiZciZVYdhZbc^bVYZkZhZgYZ
150-200 mcg/Kg/dose e em crianças maiores de 100 mcg/Kg/dose
(Dixon et al. Guidelines and adenosine dosing in supraventricular tachycardia. Arch Dis Child 2005).
EVgVhZgZÃXVoiZbYZhZgVYb^c^higVYVZbXbkih|f_Ze_li[]k_ZeZ[Xbkih|f_Ze[WXkdZWdj[
Z[I< (porque de outra forma é metabolizada antes de chegar ao coração).
KV^egdkdXVgjbeZgdYdYZVhh^hida^VigVch^ig^VYZXZgXVYZ)%hZ\jcYdh#
6egZhZciVbZcdgZÃX{X^VcVegZhZcVYZ]^ed\a^XZb^VZVX^YdhZbZiVWa^XV#
6^cZÃX{X^VcViZgb^cVdYVIHKedYZhZgYZk^YVVVYb^c^higVd^cXdggZXiV!iVfj^XVgY^V
auricular ou taquicardia ventricular.
NOTAS IMPORTANTES:
CVhIHKZbfjZVVYZcdh^cV^ciZggdbeZVeZcVhdX^gXj^-
wZmigZbVbZciZ^bedgiVciZYdXjbZciVgfjVafjZgVgg^i-
mia com ECG standard de 12 derivações e tira de ritmo
durante qualquer tentativa de cardioversão farmacoló-
gica ou eléctrica. Na ausência de diagnóstico mesmo os 377
especialistas vão apresentar grande dificuldade na orien-
tação. A instituição de terapêutica empírica em idades tão
precoces não corresponde à melhor abordagem, que se-
guramente as nossas crianças merecem.
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supraventricular tachycardia. Arch Dis Child 2005; 90;1190-1191.
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378
CRISE CIANÓTICA (“SPELL ANÓXICO”)
Catarina Sousa, Susana Soares, Teresa Vaz
Introdução
:[Äd_e0 aparecimento ou aumento brusco de cianose
seguida de palidez, com polipneia ou perda de consciência
em crianças com Tetralogia de Fallot ou cardiopatia com
fisiologia semelhante. Em casos mais graves podem ocor-
rer convulsões, acidentes cerebro-vasculares ou mesmo
morte. Estes episódios ocorrem sobretudo nos primeiros
dois anos de vida, com incidência máxima entre os 2 e os 4
meses de idade.
>
¹H]jciº9":
>
pH
>
>
Retorno venoso sistémico pCO 2
>
pO 2
Polipneia
FIGURA'¸C[YWd_iceZWYh_i[Y_Wdj_YW$
Diagnóstico
Clínico, sugerido numa criança com Tetralogia de Fallot por:
>
>
4 – morfina 0.1 a 0.2 mg/Kg ev, im ou sc ( retorno
venoso, deprime o centro respiratório e relaxa o in-
fundíbulo subpulmonar)
5 – uma vez que a acidose metabólica se instala rapi-
damente: bicarbonato de sódio a 8.4%, 1 ml/Kg, ev
(diluição em idêntico volume de água destilada e ad-
ministrar durante 30 minutos)
6 – expansão de volume com soro fisiológico 5-10 ml/
Kg ev , se a cianose persiste
7 – propanolol 0.1-0.2 mg/Kg ev , se não houver respos-
ta às medidas anteriores (efeito inotrópico negativo
sobre o infundíbulo miocárdico): deve ser efectuada
de forma lenta; vigiar glicemia pelo potencial hipo-
glicemiante do propanolol
8 – Se ainda refractário à terapêutica anterior pode ser
iZciVYV V gZkZghd Yd ¹h]jciº ^cigV"XVgYVXd edg
aumento da RVS com agonistas α (fenilefrina 0.005-
382
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES
NEUROLÓGICAS
CRISES CONVULSIVAS
Célia Barbosa, Georgeta Oliveira, Roseli Gomes
1. Introdução
Convulsão define-se como actividade motora aparente,
sem um objectivo, involuntária, com ou sem alteração do
estado de consciência, de origem cerebral.
Nem todas as convulsões são de origem epiléptica.
2. Diagnóstico
Pela simples observação do acontecimento, não é, fre-
Respiração (B)
A insuficiência respiratória deve-se a obstrução respirató-
ria alta e a possível bradipneia por depressão do estado de
consciência. Uma paragem respiratória pode ocorrer por
depressão central, principalmente se a criança recebeu
anticonvulsivantes depressores respiratórios como benzo-
diazepinas.
386
Circulação (C)
Não haverá alterações significativas excepto se ocorrer
grave insuficiência respiratória ou se a causa das convul-
sões for uma situação com risco de choque (p. ex. meningite
com choque séptico ou politraumatizado com traumatismo
craniano e choque hipovolémico).
Tratamento
Abrir e manter a via aérea com meios apropriados (p. ex.
posicionamento, adjuvantes simples ou intubação). Se ne-
cessária a protecção contra aspiração, intubar.
Se a criança continua hipóxica apesar de aberta a via aérea,
realizar VMI.
Neurológico (D)
As convulsões devem ser controladas com fármacos apro-
priados, segundo a prática local (ver algoritmo pág. 389)
3. Tratamento farmacológico
(ver algoritmo pág. 389)
4. Orientação
Alta para o domicílio, com orientação para consulta exter-
na, se recuperação rápida.
Internamento se o exame neurológico mostra alterações,
que não existiam previamente à crise actual.
388
Tratamento do estado de mal epiléptico
em idade pediátrica
391
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Pediatr Port, 2007;38 (4): 163-8.
392
CEFALEIAS
Sérgia Soares, Roseli Teixeira Gomes, Célia Barbosa
1. Introdução
— Motivo frequente de consulta
BY^XdYZ[Vba^V0hZgk^dYZjg\cX^V0cZjgdeZY^VigV
— Grande espectro etiológico
2. Epidemiologia
— 9[\Wb[_WiWXW_neZei)Wdei¸hWhWi
BV^hegdk{kZajbVYWkiWeh]~d_YW
3. Fisiopatologia
– A dor referida à cabeça pode originar-se nas seguintes
estruturas:
6gig^Vh^cigVdjZmigV"XgVc^VcVh!hZ^dhkZcdhdh^cigV"
cranianos 393
CZgkdhXgVc^VcdhdjZhe^c]V^h
BZc^c\ZhWVhV^h
BhXjadhXgVc^VcdhZXZgk^XV^h
:higjijgVh ZmigV"XgVc^VcVh XVk^YVYZ Z hZ^dh eZg^"
nasais, dentes, membranas mucosas, pele e tecidos
subcutâneos)
– E fWh
dgk_cW Y[h[XhWb [ ei eiiei Ze Yh~d_e de j
c
j[hc_dW_ideY_Y[fj_lei
– A dor pode ser por:
>cÄVbVd0igVXd·YZhadXVbZcid0XdcigVXdbjh-
cular; vasodilatação; irritação meníngea; aumento da
pressão intra-craniana
EZgijgWVdYVhegd_ZXZhhZgdidc^cg\^XVh
4. Classificação
Intensidade da dor
Cefaleia Aguda
Tempo
:e^hY^dc^Xd!adXVa^oVYddj\ZcZgVa^oVYd!cjbVXg^VcV
sem história prévia deste tipo de cefaleias;
>ciZch^YVYZV\gVkV"hZgVe^YVbZciZZbb^cjidhV]dgVh
<gVcYZ^cX^YcX^VYZXVjhVh\gVkZh
394 =VW^ijVabZciZXZ[VaZ^VhZXjcY{g^V
?d\[Yei_ijc_YWekZeID9¸Doença virusal, faringite, sinusite, otite
média, infecção dentária, abcesso cerebral, meningite, encefalite
LWiYkbWh¸Malformação arterio-venosa/aneurisma, trombose, hemorragia
subaracnoideia por ruptura de aneurisma, hematoma, hemorragia intra-
-parenquimatosa
Jen_dWi¸Medicamentos, efeito rebound de analgésicos, cocaína,
anfetaminas, monóxido de carbono, chumbo
>_f[hj[dieWhj[h_Wb
JhWkcWj_ice¸com ou sem hematoma ou hemorragia
D[efbWi_Wi
>_ZheY[\Wb_W
:[h_lWel[djhYkbe#f[h_jed[Wb:LFde\kdY_edWdj[
Pseudotumor cerebri
;ijWZefi#_YjWb
Fi¸FkdebecXWh
>_fn_W
;i\ehe
CWb\ehcW[iYed]d_jWi¸Dandy-Walker, quistos aracnoideus, higromas
L7H?7wµ;I:7;DN7GK;97I;C7KH7
6hXg^hZhedYZbYjgVg&V,']
6Ydg]VW^ijVabZciZW^aViZgVacVhXg^VcVheZfjZcVh0deVYgdYdVYjaidYZ
dor unilateral começa mais tarde na adolescência ou na idade adulta
6Ydg]VW^ijVabZciZ[gdcid"iZbedgVa!VXZ[VaZ^VdXX^e^iVacVXg^VcV!iVcid
unilateral como bilateral, é rara. Deve suspeitar-se de lesão estrutural
Nas crianças ainda sem linguagem pode inferir-se a presença de fotofobia e
fonofobia através da observação do seu comportamento, como cobrir os olhos,
ou procurar um quarto tranquilo e/ou escuro
Adaptado da International Headache Society, Headache Classification Subcommittee, 2004
;DN7GK;9787I?B7H
396 Ocorre em adolescentes e apresenta-se com visão des-
focada, ou em túnel
Cefaleia occipital
Alguma forma de vertigem e/ou vómitos
;DN7GK;97>;C?FBx=?97
Associa-se a hemiparésias
;DN7GK;979ED<KI?ED7B
Adolescentes com cefaleias seguidas de alteração do
estado de consciência
;DN7GK;97E<J7BCEFBx=?97
Dor retro-ocular e paralisia do III par craniano
D[efbWi_W
Pseudotumor cerebri
>_ZheY[\Wb_W
7XY[iieY[h[XhWb
CWb\ehcW[iYed]d_jWi¸Chiari/Dandy-Walker, quistos aracnoideus,
higromas
LWiYkbWh¸Hematoma subdural, aneurisma, malformação.
>_f[hj[dieWhj[h_Wb
C[Z_YWc[djei¸ex. contraceptivos orais
5. Abordagem diagnóstica
5.1. História 397
?ZWZ[Z[_dY_e
9WhWYj[hij_YWiZWZeh0
BeYWb_pWe – frontal, temporal, occipital, uni ou bilateral
Tipo – pulsátil, aperto, pressão, penetrante
Intensidade0pior cefaleia que já alguma vez sentiu ou
não consegue descrever a dor, dor ou outros sintomas
em agravamento, está igual
Frequência: número por mês, tempo de intervalo entre
as cefaleias
Duração: n.º de minutos, horas ou dias. Pode ser con-
tínua
Factores precipitantes: fadiga/falta de sono, alimen-
tos, cafeína, fome, stress, exercício, menstruação, odo-
res/perfumes
Factores de alívio: sono, exercício, repouso, quarto es-
curo
Factores de agravamento
Altura do aparecimento: altura específica do dia, acor-
da durante a noite
Egk[gk[WYh_WdW%WZeb[iY[dj[f[diWgk[YWkiWWY[-
\Wb[_W5
I_djecWiWiieY_WZei0
Constitucionais sugestivos de doença subjacente: fe-
bre, exantemas, alteração do estado de consciência,
irritabilidade, confusão, alucinações, convulsões, pos-
sibilidade de traumatismo não observado
Sugestivos de enxaquecas: náuseas e vómitos, fotofo-
bia e fonofobia
Sugestivos de aura: visual, sensorial, manifestações
cognitivas ou motoras
Autonómicos: (podem acompanhar a enxaqueca na
criança) palidez, rubor, síncope, taquicardia
8Z[VaZ^VhZb[Vb^a^VgZhYd&#§dj'#§\gVj
6. Exame objectivo
:mVbZ\ZgVaXdbeaZid
–I_dW_il_jW_i, incluindo TA
– Parâmetros de Yh[iY_c[dje, incluindo PC
– Procurar i_dW_iZ[Ze[dWi_ijc_YW
–I_dW_ic[dd][ei
:mVbZcZjgda\^Xd
– Consciência, orientação, comportamento
– Lesões neurocutâneas, ruídos cranianos (raro)
– Coluna vertebral: deformidades sugerindo disrafis-
399
7. Diagnóstico Diferencial
EXAME FÍSICO ACHADOS ANORMAIS DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Parâmetros de Cruzamentos de percentis: Obesidade, pseudotumor
crescimento abaixo do 5 e acima do 95 cerebri, tumor, doença crónica
Sinais vitais IZbeZgVijgV3(-§8 Infecção, inflamação
IZchdVgiZg^Va3E.*eVgV Hipertensão, feocromocitoma
o peso e sexo (em ambos os
braços)
Pulsos desiguais nas Coarctação da aorta
extremidades
>
Perímetro cefálico Pressão intra-craniana:
>
>
consciência, alterações tumor, outras causas de
dos nervos cranianos pressão intra-craniana
(principalmente dos
movimentos oculares), reflexos
osteo-tendinosos, ataxia,
assimetria motora ou sensorial
Adaptado de J Pediatr Health Care, 2007
9[\Wb[_Wih[Yehh[dj[i![nWc[dehcWb
> NÃO ESTÁ RECOMENDADA
9[\Wb[_Wi ! [nWc[ d[kheb]_Ye Wbj[hWZe [%ek Yedlkb-
i[i
> DEVE SER CONSIDERADA 401
9[\Wb[_Wi W]kZWi ]hWl[i" ceZ_ÄYWe ZWi Y[\Wb[_Wi ek
Z_i\kded[kheb]_YWWiieY_WZW
> DEVE SER CONSIDERADA
;ci_jkW[ide[c[h][dj[i0
> HCY[h[XhWbYecYedjhWij[
Principalmente quando há suspeita de aneurismas,
malformações vasculares, lesões da fossa posterior
ou do tronco cerebral
7bj[hWeZe[ijWZec[djWbeki_dW_id[kheb]_Yei\eYW_i
9edi_Z[hWh a realização prévia de TC cerebral para ex-
>
Indicações:
– Processo infeccioso (meningite, encefalite)
– Pseudotumor cerebri – PL com avaliação da pressão de
abertura
– Criança com DVP + febre – Neurocirurgia
Alteração do estado
geral
(perda de peso corporal)
Sem febre Alteração do humor
e e comportamento
Sem alteração do habituais
ex. neurológico
404 e
Vómitos
Sem alteração de Sinais neurológicos
consciência focais
(O edema papilar pode não
estar presente nas crianças
mais jovens)
Tratamento
sintomático
+
Tratamento
Consulta
sintomático
especializada
+
Neuroimagem
Bibliografia
1. Gunner K, Smith H, Cromwell P, Yetman R. Practice Guideline for Diagnosis and
management of Migraine Headaches in Children and Adolescents: Part One. J
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eds. Nelson Textbook of Pediatrics 18 th Edition. Philadelphia. Saunders Elsevier
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la AEP: Neurología Pediátrica 2008. www.aeped.es/protocolos/
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Neurology Society. Neurology 2002; 59; 490-498
8. Sandrini. et al. Neurophysiological tests and neuroimaging procedures in non-
C (Circulation) > TA: Hipotensão > corrigir causa; Hipertensão >
cuidado na redução rápida
> FC
> Acesso venoso
> Colheitas laboratório (tabela 4)
D (Dextrostix) > Hipoglicemia > 2,5 ml/Kg S.G 10% (corrigir mesmo
antes da confirmação laboratorial)
6kVa^VgVh;JCv´:H9DIGDC8D8:G:7G6AiVWZaV'
9 ZiZgb^cVghZ]{h^cV^h=>8·H#=Zgc^Vd8ZgZWgVaiVWZaV(
página
TRATAR HIC
seguinte
BVc^ida%!'*\$@\edYZgZeZi^gXVYV+"-]
8 VWZVcVa^c]VbY^V$AZ^id^cXa^cVYd(%§
BdW^a^oVgedjXddYdZciZ$6he^gVZhhjVkZh
KZci^aVgYZ[dgbVVbVciZgcdgbdXVec^Vdj
hiperventilação moderada PCO2 30-35 mmHg
K ^\^VgZXdgg^\^g/7VaVcd]Yg^Xd!I6!iZbe#!ZaZXiga^idh
GZhig^c\^gafj^YdhhhZH>=69
IgViVgVXVjhVYV=>8
409
Nota 2: numa fase inicial pode ser difícil na TAC evidenciar edema
cerebral
??¸I;C[l_Z
dY_W9BÐD?97Z[>?9
> Efectuar exame mais completo
II-A09H?7Dw79ECF7JEBE=?7FHxL?79ED>;9?:7
> Orientar em função da causa mais provável (ex: patologia cardíaca,
hematológica, metabólica…)
Nota 1: Coma que não reverte ao fim de 6h, sem sinais de coma de mau prognóstico e TA normais
> monitorizar PIC
Nota 2: O edema papilar é raramente observado nas encefalopatias agudas mesmo com valores
muito altos de PIC
J78;B7'¸;I97B7:;9EC7=B7I=EMCE:?<?97:7F7H79H?7Dw7I
2 À dor À dor
1 Sem resposta Sem resposta
Adequada á idade (palra, palavras
+ Orientada
ou frases)
Não adequada (palra pouco ou diz
* Confusa, desorientada
poucas palavras) Choro irritativo
3 Palavras inapropriadas Choro e/ou gritos em resposta á dor
Resposta
VERBAL
413
414
J78;B7*¸FH?D9?F7?I?DL;IJ?=7wµ;IDE9EC7D´EJH7KCÍJ?9E
?dl[ij_]We_d_Y_Wb ;j_ebe]_Wifeiil[_i
Glicemia Baixo u Jejum
u Dç. grave
u S.Reye
u Acidúria orgânica
u Defeito Oxidação Ácidos Gordos
u Choque hemorrágico
Na (S) Elevado u Desidratação Hipo/hipernatremia
K (S) Baixo
EAB Acidose metabólica u CAD, intox salicilatos, Hiperlactacidemia, diarreia grave…
Acidose respiratória u Patologia pulmonar,…
Alcalose metabólica u Intoxicação benzodiazepinas…
Alcalose respiratória u Vómitos incoercíveis
u S.Reye
u Coma hepático
u …
Ureia, Creatinina (S) Elevada u Desidratação
u S. hemolítico-urémico
Transaminases (S) Elevadas u S.Reye
u Hipoxico-isquémica
Amónia(S) Elevada u Defeito no Ciclo Ureia
u Acidemia orgânica
Tóxicos (S,U) u Intoxicação opiácios
u Intoxicação benzodiazepinas
u Intoxicação alcoolica
Estudo LCR: (sem HIC e TA estável) Glicose baixa u Meningite tuberculosa
-Pressão* GR altos u Hemorragia/Encefalite
-Celulas (na PL traumática o LCR fica claro no 3.º tubo…)
-Glicose
-Proteinas
- PCR virus, TB
- Ac Herpes, Mycoplasma…
hZegZhhd3&*Xb='DdjYZiZg^dgVdVehEA> manitol 0,25 gr/Kg
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
ß Estudos microbiológicos: bact., vírus, fungos, Ricketsia, parasitas…
ß Ca, P, Mg,(S)
ß Porfirias (U)
ß AA (S e U); AO e Ácido orótico (U); L, P, corpos cetónicos (U)
ß Função tiroideia, Cortisol
ß Carboxyhemoglobina (intoxicação CO)
ß TP, TTP, D-dimeros, fibrinogénio, ac anti fosfolipideos
ß EEG
ß RMN
J78;B7+¸FH?D9?F7?I;J?EBE=?7I9EC7D´EJH7KCÍJ?9E
ß ;f_b[fi_W ß :e[dWi?d\[YY_eiWi%fi_d\[YY_eiWi
ß Postictal ß Infecções Bacterianas
ß Estado de Mal ß Dç. arranhadela do gato
ß >_fen_W#?igk[c_W ß Sépsis a Gram-negativos
ß Choque Hemorrágico e
ß Paragem Cardíaca*
S. encefalopático
ß Arritmia Cardíaca* ß Meningite bacteriana
ß ICC ß Sindroma do Choque Tóxico
ß Hipotenção ß Ricketsiose
ß Desidratação ß Dç de Lyme
ß Hemorragia ß Infecção Vírica
ß Quase-afogamento ß Meningite asséptica
Tratamento
'$¨ JH7J7C;DJE:;IKFEHJ;, até obter diagnóstico etio-
lógico.
:hiVW^a^oVg YdZciZ Z Xdgg^\^g Vh h^ijVZh fjZ edYZb
ser graves se não tratadas atempadamente (ex: hipo-
glicemia, HIC, meningite bacteriana…) – ver algoritmo
)$¨ FH;L;Dw´E[JH7J7C;DJE:7I9ECFB?97wµ;I
EVjhVVa^bZciVg!HdcYVC<!hZXdbVegdadc\VYdedc-
derar NPT
EgdiZXd\{hig^XV!egZkZc^gaXZgVhYZhigZhh
EgZkZc^gdWhi^eVd
EgdiZXddXjaVg
EgZkZc^g^c[ZXdgZhe^gVig^V$ViZaZXiVh^Vh·Vhe^gV-
ção secreções, mobilização do doente, fisioterapia
416 EgZkZc^gaXZgVhYZYZXW^id
Bdc^idg^oVgZXdgg^\^gYZhZfj^aWg^dh]^YgdZaZXigda^i^Xdh
e ácido-base (atenção às variações bruscas no sódio e
na TA…)
>
8dcigdaVgiZbeZgVijgVXdgedgVa]^eZgiZgb^V PIC)
8dckjahZh YZkZb hZg igViVYVh ^bZY^ViVbZciZ ed^h
>
417
Bibliografia
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traumatic coma: a population based study. Arch Dis Child 2001; 84:193.
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PA 2004. Copyright © 2004 Elsevier.
9. David Bates. Medical Coma. In: Neurological Emergencies, 2th ed,Richard A C
Hughes (Eds), BMJ Publishing Group, London 1997.
418
ATAXIAS AGUDAS
Marta Almeida, Sónia Figueiroa, Teresa Temudo
1. Definições
7jWn_W7 Alteração na YeehZ[dWeZecel_c[dje que se
traduz clinicamente por instabilidade na marcha
ou nos movimentos motores finos
7]kZW Duração <72 horas
Em criança previamente assintomática
2. História clínica
Pesquisar sempre
>c\ZhidYZim^Xdh
Inquirir fármacos/produtos tóxicos/metais pesados/
gases/solventes
>c[ZXddj^bjc^oVZhgZXZciZh
H^cidbVhVXdbeVc]VciZh
Cefaleia, vómitos, diplopia, fotofobia, vertigens, crises
epilépticas, alterações da personalidade e comporta- 419
mento
IgVjbVi^hbdXVWZV$eZhXdd
:e^hY^dhegk^dhhZbZa]VciZh
=^hig^V[Vb^a^Vg
Episódios semelhantes/enxaqueca
3. Exame objectivo (E.O.)*
• Sinais vitais
• Sinais meníngeos
• Exame neurológico
– Estado de consciência
– Discurso
– Pares craneanos
• papiledema (fundo ocular)
• nistagmo
– restantes pares
• Força muscular
• Tónus muscular
• ROTs e cutâneo-plantares
• Pesquisa de sensibilidades – dolorosa e proprioceptiva
• Movimentos involuntários
– Provas cerebelosas
• dedo-nariz
• calcanhar-joelho
• movimentos alternantes rápidos
– Sinal de Romberg
• Marcha
>
Stop investigação
>
Stop investigação
Ataxia Encefalite
cerebelosa
aguda
;f_iZ_e 7jWn_WYhd_YW
Z[WjWn_W Z[j[YjWZW
h[Yehh[dj[5 W]kZWc[dj[
Ataxia Frontal(E.O)
• presença de desinibição frontal
- drogas associadas:
Mais frequente Menos frequente
Hipnóticos (lítium)
Etanol
Metais pesados (chumbo, mercúrio,
Sedativos (Benzodiazepinas)
talium)
Anticonvulsivos
Químicos orgânicos/Solventes
(Fenitoína; Carbamazepina,
Monóxido de carbono
Barbitúricos)
Metotrexato
Antihistamínicos
Vitamina A
etiologia:
Infecções associadas
Infecção directa com cerebelite para Infecções sistémicas
ou pós-infecciosa
Echovirus tipo 9 Varicela zoster * Febre tifóide
Coxsckie B Epstein-Barr virus Escarlatina
Varicela zoster * Parotidite Mycoplasma pneumoniae
Meningite Hepatite A Difteria
bacteriana Influenza A e B Leptospirose 425
– pneumocócica Herpes simplex virus I
– meningocócica Coxsackie A
Echovirus tipo 6
Enterovirus tipo 71
Malária
Poliovirus tipo 1
Encefalite Japonesa B
Parvovirus B19
Sarampo
Mycoplasma pneumoniae
Legionella pneumophilia
Ataxia cerebelosa aguda *: causa mais frequente de
ataxia aguda (± 40%)
Diagnóstico de exclusão
• mais frequentemente resulta de desmielinização cerebe-
lar pós-infecciosa (auto-imune)
• mais frequente em crianças pequenas (2-4 anos)/rapazes
• antecedentes de doença nos 5-21 dias prévios à apresen-
tação da ataxia (± 70%)
• ± 25% dos casos: história prévia de varicela
• Clínica:
– início explosivo da ataxia; sintomas máximos no início
– tronco mais afectado do que extremidades
– sem alteração do estado da consciência
– não se associa a: febre/convulsão/outros sintomas sis-
témicos
>
• LCR: sem alterações ou com pleiocitose e proteínas
• maioria recupera completamente
• (melhoria na 1.ª semana/recuperação é completa em 3
meses em ± 50% dos doentes)
• Tratamento: de suporte
>
• LCR: pleiocitose + proteínas , com ou sem hipoglicorra-
quia
• Tratamento: se suspeita de infecção herpética > aciclovir
Tumores
• 45-60% de todos os tumores cerebrais em idade pediátri-
ca surgem no cerebelo
• Clínica:
>
– ataxia lentamente progressiva/sintomas de pressão in-
tra-craniana
– ataxia aguda se: desenvolvimento de hidrocefalia/he-
morragia/crescimento rápido
– sinais neurológicos focais (papiledema/parésia de ner-
Doenças vasculares
• Malformações artério-venosas do cerebelo (MAV)
– <10% das MAV intracraneanas
– se hemorragia cerebelar espontânea > podem dar ata-
xia aguda
• Hemangioblastoma do cerebelo
– Se:crescer/sangrar > pode dar ataxia aguda
IV. Hidrocefalia
>
• Clínica: sintomas de pressão intra-craniana
V. Traumatismos
9^hhZXdkZgiZWgd"WVh^aVg
– após lesões no pescoço (alongamento súbito das arté-
rias por hiperextensão ou hiperflexão).
IgdbWdZbWda^hbdkZgiZWgd"WVh^aVg
– após lesões no pescoço
– em doentes com predisposição tromboembólica
=ZbdggV\^VXZgZWZadhV
– mais frequentemente associadas a malformações arté-
rio-venosas
– em doentes com diátese hemorrágica
>
– LCR: resposta celular é mais precoce; proteínas ocor-
re mais tarde
– Anticorpos anti-GQ1b mielina gangliosideo >90% dos
casos
429
Bibliografia
1. Bergquist J. Childhood Ataxia. Pediatics.uchicago.edu/chifs.09/2005.
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7. Ryan MM, Engle Ec. Acute Ataxia in Childhood. J Child Neurol. 2003; 18(5):309-
316.
430
CRISES PAROXÍSTICAS NÃO EPILÉPTICAS
Diana Gonzaga, Sónia Figueiroa, Teresa Temudo
I. Introdução
As crises paroxísticas não epilépticas (CPNE) são frequen-
tes em idade pediátrica, ocorrendo em cerca de 5-10% das
crianças.
Estima-se que 20-25% das crianças com diagnóstico de epi-
lepsia, não são epilépticas1 (Jeavons et al). Cerca de 10-20%
das crianças referidas com diagnóstico de epilepsia refrac-
tária apresentam crises não epilépticas (Metrick et al.).
As CPNE clinicamente definem-se como manifestações de
6ciZXZYZciZheg"cViV^h2 :e^aZeh^V
e peri-natais3 :cmVfjZXV
8gZhX^bZcid:"EZe#XZ[{a^Xd DjigVhYdZcVhcZjgda\^XVhZcd
9ZhZckdak^bZcideh^Xd"bdidg neurológicas conhecidas
={W^idhYZhdcd
={W^idhbZY^XVbZcidhdh
;VXidgZhhX^d[Vb^a^VgZh
6ciZXZYZciZheVida\^Xdh/
– Convulsões febris/Epilepsia
– Traumatismo
– Outros
:mVbZdW_ZXi^kdXdbeaZid
EVg}bZigdhk^iV^h
6cigdedbZig^VeZgbZigdXZ[{a^Xd
9^hbdgÃVh
:mVbZYZeZaZbVcX]VhVXgb^XVh!]ZbVc\^dbVh
433
Quanto à idade de apresentação
ImV\jYd/7^eZg^YZcd
9^hX^ch^Vh – 1A 1 mg/dose EV
paroxísticas por tóxicos – 1–6A 2 mg/dose
– 6A 3 mg/dose
Dg^ZciVdedg
8g^hZhVcm^XVh
Cardiologia
(excepto espasmo do
(ECG, ECG Holter,
choro forma cianótica)
Ecocardiograma)
8g^hZhbdidgVh Dg^ZciVdeVgV
paroxísticas consulta da
Hj\Zhi^kVYZ8EC: :cmVfjZXVZ Neuropediatria
–Hx Clínica típica síndromes periódicos
–Idade
–Características Crises EVgVhdbc^Vh IgVcfj^a^oVdYdhEV^h
(vêr classificação clínica) I^fjZh EZY^VigV6hh^hiZciZ
:hiZgdi^e^Vh ou Consulta de
BVhijgWVd Neuropedriatria
EZY^VigV6hh^hiZciZ
ou Consulta de
EhZjYd"Ze^aei^XVh
pedopsiquiatria
História Clínica
>ciZgcVbZcid$XdchjaiV
externa (pHmetria)
G<:$H#HVcY^[Zg
Dg^ZciVdeVgV
=^hig^Vcd consulta de
esclarecedora neuropediatria
–Características Crises 8g^hZ:e^aei^XV ;^abZXVhZ^gdcVh
–Diagnóstico não crises subsequentes
esclarecido ::<!bdc^idg^oVd
video-EEG
V. Tratamento
DigViVbZcidYZeZcYZg{YV8EC:Y^V\cdhi^XVYV#
Î ^bedgiVciZ [VoZg d Y^V\chi^Xd VYZfjVYd Z hdWgZijYd
evitar iniciar tratamento com anti-epilépticos em crian-
ças que não o são.
CVbV^dg^VYdhXVhdhVhXg^hZhibjbXVg{XiZgWZc^\cd
e transitório, não necessitando de qualquer terapêutica, a
não ser tranquilizar os pais.
436
Texto de apoio
'$ São apontadas como causas frequentes de erro de diag-
nóstico: uma história clínica mal colhida, mal fornecida ou
mal interpretada; história familiar de epilepsia; anteceden-
tes de convulsões; alterações no EEG.
Os erros de diagnóstico de epilepsia mais frequentemente
encontrados são as síncopes (44%), os distúrbios psiqui-
átricos (20%), os espasmos do choro (11%), a enxaqueca
(6%), os terrores nocturnos (6%), condições várias (11%).
-. Alterações da coloração:
Arritmias cardíacas
FWb_Z[p Síncope cardiogénica
Convulsões anóxicas reflexas
Cardiopatia estrutural
9_Wdei[ Espasmo do choro (forma cianótica)
RGE
HkXeh Masturbação
.$ Fenómenos motores:
Espasmos infantis
Mioclonias benignas da infância
;ifWicei[ij[hej_fWZeih[f[j_j_lei
Tiques
Esterotipias
>_f[hjed_W Hiperecplexia
Arritmias cardíacas
>_fejed_W Síncope
Cataplexia
Torcicolo paroxístico benigno
:_ijed_W Distonia/discinésia paroxística
Reacção a tóxicos
438
/$ Alterações da consciência:
:heVhbdhYdX]dgd
HcXdeZh
HcYgdbZYZ=^eZgkZci^aVd
6ecZ^VXZcigVa$dWhigji^kV
H#BjcX]VjhZc$H#BjcX]VjhZcWnegdmn
'&$Classificação clínica (Aicardi´s: Epilepsy in children)
?¸9h_i[iWdn_YWi
u Espamos do choro (forma pálida e forma cianótica)
u Convulsões anóxicas reflexas
u Síncope vasovagal
u Síncope cardiogénica
u Síncope febril
u Apneia
u ALTE
??¸9h_i[ifWhenij_YWiYWkiWZWifehW][dj[ijn_Yei
u Fenotiazinas, butifenona, metoclopramida
???¸9h_i[ifi[kZe#[f_bfj_YWi[ekjhWicWd_\[ijW[ifi_gk_|jh_YWi
u Pseudo-crises ou crises psicogénicas/ pseudostatus epilepticus
u Ataques de pânico
u Ataques de raiva
u Crises de ansiedade
u Síndrome de Munchausen by proxy
?L¸IdZhec[Z[>_f[hl[dj_bWe
L¸9h_i[icejehWifWhenij_YWi
u Vertigem paroxística benigna
u Torcicolo paroxístico
u Ataxias episódicas
u Discinésias paroxísticas
u Coreoatetose paroxística
u Mioclonos nocturno infantil
u Mioclonos benigno infantil
<ehcWf|b_ZW0GVgV0edYZ]VkZg[dgbVhb^hiVhX^Vci^XV
+ pálida)
CdegZXZY^YdedgX]dgd09ZhZcXVYZVYd
por medo ou traumatismo
BZXVc^hbd/a^b^VgWV^mdeVgVdgZÄZmdkV"
gal inibitório cardíaco (desencadeado pelo
trauma) > assistolia de curta duração
8dbegZhhdYdh\adWdhdXjaVgZhegdkdXV
a mesma reacção
;ifWiceY^ehe ;ifWiceY^ehe
;f_b[fi_W
Q\ehcWY_Wdj_YWS Q\ehcWf|b_ZWS
Factores contrariedade, medo,
Ausentes
desencadeantes frustração traumatismo
choro, apneia, perda de
palidez precede
cianose, consciência e alt
Sequência perda de
precedem perda tónus muscular
consiência
de consciência são os 1.ºs sinais
Descarga
Vagotonia,
Mecanismo Valsalva, hipóxia eléctrica do
assistolia
córtex cerebral
Frequência
>
>
>
Ocorência
Nunca Nunca Frequente
durante o sono
440
'($ Vertigem benigna paroxística (VBP)
>cX^dZcigZ&"(Vcdh0YZhVeVgZXZcV^YVYZZhXdaVg
>cX^dhW^idYZYZhZfj^aWg^d
9jgVdYZhZ\jcYdhV&b^cjid0HZbeZgYVYZXdchX^-
ência; Sem sonolência pós-ictal.
VBP ;f_b[fi_W
Idade início 1-4 A Qualquer
Início súbito Sim Variável
Duração 1-3 min Variável
Nistagmo Sim Não
Estado pós-crítico Não Sim
EEG Normal Alterado
Provas vestibulares Alteradas Normais
Evolução Auto-limitada Variável
Fi[kZe#Yedlkbi[i ;f_b[fi_W
Semelhante às CPC
Tipo de convulsão Todos os tipos
ou CTCG
Períodos intermitentes
Períodos prologados
Duração de controlo parcial
(anos) s/ controlo
ou completo
Freq. factor Por vezes factor
Stress
desencadeante desencadeante
Incontinência Nunca Freq.
Alts. freq. na crise,
S/ alt. na crise
EEG c/ lentificação 441
ou pós-crise
em pós-crise
Comportamento
Comportamento durante Agressivo, choro, gritos,
esterotipado, s/ violência
crise conversa desconexa
dirigida
Mordedura de língua Raramente Freq nas CTCG
Ocorrência durante sono Nunca Freq.
Estado pós-ictal Ausente Freq.
Recordação das crises Por vezes detalhada Ausente
CPC – crises parciais complexas
CTCG – crises tonico-clónicas generalizadas
'*$ Parasómnias
>cX^YcX^VZcigZdh)"&'Vcdh
BV^h[gZfjZciZcdhZmdbVhXja^cd0]^hig^V[Vb^a^Vged-
sitiva
9jgVciZVXg^hZVXg^VcVcdgZhedcYZ!bdhigV"hZ^c-
diferente para o que a rodeia e tem amnésia para o epi-
sódio; Sem estado pós-ictal.
FWhWic_d_Wi ;f_b[fi_WdeYjkhdW
Horário 1.º terço da noite Variável
Terrores nocturnos, Automatismos complexos
Cínica Sonambulsimo;Somnilóquio; ou esterotipados; Crises
Enurese nocturna nocturnas
Estado pós-ictal Ausente Freq. confuso ou agitado
Pode haver recordação
Amnésia Completa
mínima
EEG Normal Freq. alterado
IdYef[lWielW]Wb ;f_b[fi_W
Descarga eléctrica do
Mecanismo Hipoperfusão cerebral
cortex cerebral
Permanência em pé
Factores prolongada, calor,
Ausentes
442 desencadeantes cansaço, fome, manobra de
valsalva,dor, ansiedade
Fraqueza muscular, palidez,
Sinais
hipersudorese, naúseas, Ausentes
premonitórios
visão turva
Duração Segundos Segundos a minutos
Comportamento Perda de consciência;
Variável
durante a crises hipotonia
Por vezes (cefaleias,
Estado pós-ictal nervosismo, confusão Sim
ligeira)
Bibliografia
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9. Fenichel, Gerald M. Clinical Pediatric Neurology – A signs and Symptoms
Approach.4 th ed. Philadelphia London St. Louis Sydney Toronto
443
MENINGITES BACTERIANAS
Carla Teixeira, Laura Marques
1. Definição
Infecção aguda do Sistema Nervoso Central (SNC) caracte-
rizada por envolvimento primário das meninges.
2. Clínica
SINAIS E SINTOMAS
Lactentes Crianças
3. Avaliação Inicial:
a) Dados importantes no exame físico:
EVg}bZigdhk^iV^h
EZhd
H^cV^hYZYZh^YgViVd
H^cV^hYZX]dfjZ
H^cV^hYZ]^eZgiZchd^cigV"XgVc^VcVWgVY^XVgY^V0Vj-
mento da tensão arterial sistólica)
:mVciZbVh$EZifj^Vh$EgejgV
b) Punção Lombar
FkdeBecXWh0 no espaço intervertebral L3-L4 ou
L4-L5
9edjhW#?dZ_YW[ifWhWFkdeBecXWh
H^cV^hYZ]Zgc^VdXZgZWgVa1
H^cV^hcZjgda\^Xdh[dXV^h
8dbegdb^hhdXVgY^dgZhe^gVig^d
>c[ZXdcV{gZVZbfjZZcigVg^VVV\ja]V
H^cV^hYZYdZcV]Zbdgg{\^XVEaVfjZiVh1*%#%%%$bb3)
Outros exames:
=Zbd\gVbV!EgdiZcV8GZVXi^kV!<a^XdhZ!EgdiZcVh!
Ionograma, Ureia, Creatinina, Equilíbrio Ácido-Básico
:hijYdYV8dV\jaVd
=ZbdXjaijgVedh^i^kVZbVi.%YdhXVhdh
8jaijgVYZ6he^gVYdYZAZhZhEjgeg^XVh
4. Diagnóstico
Características do LCR que auxiliam na distinção da etiolo-
gia da meningite:
Fh[iie B[kYY_jei Fhej[dWi =b_Yei[
FWjebe]_W
(mm H2O) (mm3) (mg/dl) (mg/dl)
Normal em RN ≤50 <40 <250 3(%dj3*%
prematuro da glicemia
Normal em RN de <30 <170 3)%dj3*%
termo da glicemia
Normal ≥1 mês de 50-80 2+, ≥75% Linf (&#*+ 4+& ou 75%
idade da glicemia
>
>
>
>
Meningite na '&&#'&$&&&ek , '&&#+&& , 2*& (ou
Bacteriana Aguda maioria !; 300-2.000 na maioria <50% da
(100-300) cV3g^V0EBCh glicemia)
predom.
>
>
>
>
Meningite N ou +#'&$&&&; , '&&#+&& Dek
Bacteriana PMNs na maioria
Parcialmente predominam
Tratada (MNs se pré-
tratamento
>
Meningite N ou 2'$&&& na N ou ,
>
>
>
>
>
>
S. grupo B
Cefotaxime (200-300 mg/kg/dia 3-4x/dia) ou
E. coli
Ceftriaxone (100 mg/kg/dia 1-2x/dia),
L. monocytogenes
<3 Meses + Ampicilina (400 mg/kg/dia 4x/dia)
N. meningitidis
DejW0 Consultar prontuário para doses em RN
S. pneumoniae
prematuros e de termo
H. Influenzae tipo B
N. meningitidis Ceftriaxone (100 mg/kg/dia 1-2x/dia) ou
3 Meses –
H. influenzae tipo B Cefotaxime (200-300 mg/kg/dia 3-4x/dia)
5 Anos
S. pneumoniae + Vancomicina (60 mg/kg/dia, 4x/dia)*
Ceftriaxone (100 mg/kg/dia 1-2x/dia) ou
N. meningitidis
≥6 Anos Cefotaxime (200-300 mg/kg/dia 3-4x/dia)
S. pneumoniae
Vancomicina (60 mg/kg/dia, 4x/dia)*
* Monitorizar as concentrações plasmáticas
C) Dexametasona
No entanto, pode:
mascarar a clínica dando falsa sensação de melhoria
ser causa de febre secundária
provocar atraso na esterilização do LCR (sobretudo na
meningite pneumocócica).
450
Não usar se:
<6 semanas de idade
Meningite parcialmente tratada
Meningites não bacterianas
Anomalias do SNC
D) Medidas de suporte:
FWkiW7b_c[djWh
<bk_Zej[hWf_W [l a 1/2 a 2/3 da manutenção até excluir
Síndrome de Secreção Inapropriada de Hormona Anti- 451
diurética (SIADH2) ou Hipertensão Intracraneana (HIC) >
Fluidoterapia na dose de manutenção
TAC CE se:
H^cV^hcZjgda\^Xdh[dXV^h
9^b^cj^dYdZhiVYdYZXdchX^cX^V
6jbZcidg{e^YdYdEZgbZigd8Z[{a^Xd
6jbZcideZgh^hiZciZYVhegdiZcVhYdA8G
<gVcjadX^idhZeZgh^hiZciZYdA8G
452 BZc^c\^iZgZXdggZciZXgc^XV
Rifampicina 2 dias
10 mg/kg/dose 12/12h (máx 600 mg/dose) (5 mg/kg/dose
se <1 mês)
6aiZgcVi^kVZbVYjaidh/8^egdÄdmVX^cV*%%b\edYj
<g{k^YVh/8Z[ig^VmdcZ'*%b\ZkYj
(125 mg ev du se <15 anos)
Rifampicina 4 dias
20 mg/kg/dia 24/24h (máx 600 mg/dia) (10 mg/kg/dia se <1
mês)
Nota: A profilaxia da meningite meningocócica ou por H. influenzae tipo b deve
ser efectuada ao caso índice caso este não tenha sido tratado com ceftriaxone
ou cefotaxime.
7. Complicações Agudas:
SNC:
– Crises epilépticas
– HIC
– Paralisia dos nervos cranianos
– AVC
– Herniação cerebral ou cerebelar
– Trombose dos seios venosos durais
– Colecções subdurais sintomáticas
SIADH2
;ZWgZEgdadc\VYV3&%Y^Vh/
– Infecção viral intercorrente
– Infecção bacteriana secundária ou hospitalar
– Tromboflebite
Reacção medicamentosa
Febre Secundária:
– Infecções hospitalares
Pericardite
Artrite
Trombocitose, Eosinofilia, Anemia
Coagulação Intravascular Disseminada
8. Prognóstico
I[gk[bWid[kheb]_YWi0
HjgYZocZjgdhhZchdg^VaegdkdXVYVedgaVW^g^ci^iZVeh
454 infecção coclear)
– ≤30% na meningite pneumocócica
– 10% na meningite meningocócica
– 5-10% na meningite por H. influenzae tipo b
6igVhdbZciVa
8g^hZhXdckjah^kVh
6igVhdYVa^c\jV\Zb
8dbegdbZi^bZcidYVk^hd
EgdWaZbVhXdbedgiVbZciV^h
Sequelas graves do neurodesenvolvimento: 10-20%
Alguma morbilidade comportamental em até 50%
9. Notificação
D hXVhdhYZBZc^c\^iZ7VXiZg^VcVYZkZbhZg^bZY^ViVbZciZXdbjc^XVYdh|
autoridade de saúde. Telemóvel n.º 966796760 (ou 925598596).
E gZZcX]ZgVYZXaVgVdYZ9dZcVh>c[ZXX^dhVhYZ9ZXaVgVdDWg^\Vig^V
(DDO).
2 455
SIADH:
¢h^cV^hYZYZh^YgViVd
peso
osmolalidade soro
:mXgZdXdcicjVYZCV+U apesar de Na+S
densidade/osmolalidade urinária
3
Tratamento do choque:
K^VVgZV/^cijWVdegZXdXZZkZci^aVd
:hiVW^a^oVd]ZbdY^c}b^XV/
1. Volemização (cristalóides 20 ml/kg em 5-10’ – monitori-
zação CV – acessos IV (pelo menos 2 periféricos) ou IO,
até 40-60 ml/kg)
2. Uso de inotrópicos/vasopressores:
9deVb^cVhZ]^ediZchdgZ[gVXi{g^VVeh)%ba$`\
9dWjiVb^cVhZ débito cardíaco + resistência vascu-
lar sistémica
Transferir UCI
456
Bibliografia
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index.htm (20/1/2007)
458
ENCEFALITE
Susana Soares, Maria do Céu Espinheira, Maria Manuel Campos
Introdução
Definição
wjbVYdZcVfjZVi^c\ZhdWgZijYdVhjWhi}cX^VX^coZciV
cortical e que é marcada por inflamação aguda de pre-
domínio perivascular, destruição neuronal, neuronofagia
e necrose tecidular. As manifestações clínicas dependem
da susceptibilidade selectiva dos neurónios à infecção ou
ao efeito de massa causado pelo edema cerebral.
D Vi^c\^bZcid Yd H^hiZbV CZgkdhd 8ZcigVa HC8 edYZ 459
ocorrer via circulação sistémica, por inoculação directa
ou por via neural.
Dh V\ZciZh Zi^da\^Xdh bV^h [gZfjZciZh hd dh kgjh!
embora as bactérias, ricketsias, fungos e protozoários
também possam ser imputados. Os agentes patogénicos
devem apresentar a capacidade de infectar o parênqui-
ma cerebral (neurotropismo), mas não necessariamente
neurónios (neuronotropismo). A probabilidade de infecção
por um dado agente é determinada pela idade do doente,
sua imunocompetência e área geográfica.
Cdh eVhZh dX^YZciV^h! d kgjh herpes simplex tipo 1 é o
agente mais frequente. Outros microrganismos: varicela
zoster, Epstein Barr, citomegalovírus, herpes 6 e 7, ente-
rovírus, adenovírus, influenza A e B e Mycoplasma pneu-
moniae. Em alguns países, os vírus com vectores artró-
podes constituem uma percentagem relevante dos casos.
Para possíveis agentes etiológicos (tabela 1).
Epidemiologia
Diagnóstico
Apresentação clínica
;ZWgZ!XdckjahZhZh^cV^hcZjgda\^Xdh[dXV^hhd[dgbVh
comuns de apresentação. Outras manifestações: cefaleias,
fotofobia, sinais meníngeos, alterações do estado de cons-
ciência-sonolência, irritabilidade, confusão, alucinações.
9ZkZg{ hZg Xda]^YV ]^hig^V Xac^XV YZiVa]VYV Xdch^YZ-
rando estado vacinal, viagens recentes, estação do ano,
460 contacto com animais e risco de imunossupressão. Para
diagnósticos diferenciais (tabela 2).
b. Estudos microbiológicos
A cultura é o método mais utilizado para a identificação
de agentes bacterianos e continua a ser o mais sensível
para o isolamento de Listeria. Para os vírus, os testes
c. Imagiologia
A Ressonância Magnética (RM) é a modalidade de esco-
lha. Quando comparada com a Tomografia Computori-
zada, permite melhor definição anatómica, visualização
de lesões necrotizantes e hemorrágicas nas primeiras
48hs, e diagnóstico diferencial entre encefalite e encefa-
lomielite aguda disseminada. Se obtida numa fase preco-
ce da doença poderá não apresentar alterações.
d. Electroencefalograma
É importante nos doentes com suspeita de encefalite
aguda, designadamente para a exclusão de estado de
mal epiléptico não convulsivo que pode mimetizar ou ser
causado por encefalite aguda. Apesar da elevada sensi-
bilidade para o diagnóstico de encefalopatia, apresenta
baixa especificidade para a determinação de etiologia in-
dividual (constitui excepção a encefalopatia por HSV-1, na
qual o EEG pode mostrar descargas epileptiformes peri-
ódicas lateralizadas aos lobos frontal e temporal).
e. Outros
A biópsia cerebral poderá estar indicada em doentes com
deterioração rápida em que a etiologia da encefalopatia
permanece desconhecida. Em estudos do National Ins-
titute of Allergy and Infectious Disease 22% das biópsias
realizadas permitiram estabelecer diagnósticos alterna-
tivos, 40% dos quais de causas tratáveis.
Agentes causais
Enterovírus
Picornaviridae. 65 serotipos (3 polio e 62 não-polio). Vírus de RNA.
FWje]d[e Transmissão via fecal-oral (principal), pelas secreções respiratórias,
auto-inoculação e transmissão vertical. Predomínio no Verão.
464 CWd_\[ijW[i Febre, convulsões, letargia, alterações de personalidade, paralisia
Ybd_YWi e outros sinais neurológicos focais, coma.
Pleocitose moderada com predomínio de linfócitos; proteinorráquia
LCR ligeiramente elevada ou normal. Identificação de DNA de
enterovirus por PCR e cultura de LCR.
Sem alterações específicas (excepção para as lesões do tronco
RM
cerebral evidentes na romboencefalite associada ao enterovírus-71).
EEG Alterações focais.
Terapêutica de suporte. Nos casos de curso clínico grave considerar
JhWjWc[dje
Imunoglobulina EV.
Fhe]dij_Ye Bom prognóstico.
Enterovirus 71
S. pé-mão-boca cerca de 3 dias antes da clínica de encefalo-
patia, a qual se caracteriza fundamentalmente por mioclo-
nias, tremor, ataxia e envolvimento dos nervos craneanos.
Poliovirus
Apesar da extensa cobertura vacinal, considerar nas situa-
ções de tetraparesia flácida.
Vírus Influenza A e B
Orthomyxoviridae. Vírus de RNA. Transmissão pelas secreções
FWje]d[e
respiratórias. Predomínio no Inverno
Convulsões, alteração do estado de consciência, alteração da
CWd_\[ijW[i linguagem, coma e falência multiorgânica – quadro clínico grave
Ybd_YWi habitualmente associado ao vírus Influenza A (precedido por
sintomas típicos de infecção por vírus Influenza).
Pleocitose moderada com predomínio de linfócitos;
LCR proteinorráquia e glicorráquia normais. Identificação de DNA de
Influenza A ou B por PCR.
Influenza A: edema, hemorragia e lesões talâmicas bilaterais
RM compatíveis com encefalopatia necrotizante aguda. Influenza B:
Mycoplasma pneumoniae
FWje]d[e Bactéria atípica
CWd_\[ijW[i Febre, vómitos, cefaleias, convulsões e alteração do estado de 465
Ybd_YWi consciência.
Pleocitose moderada com predomínio de linfócitos;
proteinorráquia moderadamente elevada; ocasionalmente, o
LCR
LCR pode não apresentar alterações. Identificação de DNA de M.
pneumoniae por PCR e cultura de LCR.
Lesões corticais focais, lesões profundas da substância branca e
RM
áreas de desmielinização.
EEG Alterações inespecíficas representativas de encefalopatia difusa.
JhWjWc[dje Terapêutica de suporte.
Fhe]dij_Ye Prognóstico variável e imprevisível.
Borrelia
FWje]d[e Borrelia burgdorferi, afzelli e garinii (*)
CWd_\[ijW[i Cefaleias e parésia dos nervos craneanos (facial).
Ybd_YWi
LCR Pleocitose moderada com predomínio de linfócitos;
proteinorráquia moderadamente elevada; ocasionalmente, o LCR
pode não apresentar alterações. Identificação de DNA de Borrelia
b. por PCR e cultura de LCR.
RM Sem alterações específicas.
EEG Alterações inespecíficas representativas de encefalopatia difusa.
JhWjWc[dje Ceftriaxone 50-80 mg/kg/d (máx. 2 g/d), EV/IM, 24/24h, 14-28 dias
ou Penicilina G 200.000-400.000 U/kg/d (max. 20 milhões U/d), EV,
4/4h, 14-28 dias.
Fhe]dij_Ye Prognóstico variável.
(*) Considerar espécies europeias (Borrelia afzelli e garinii). Serologias efectuadas em LCR e sangue
(H. S. Marcos).
Abordagem e tratamento
O fármaco e a duração do tratamento dependem do agente
etiológico em causa. Perante suspeita de encefalite aguda
de causa infecciosa deverá ser iniciada terapêutica empí-
rica com aciclovir (10 mg/kg/dose ou 1500 mg/m2 /d, 8/8h,
via endovenosa) e ceftriaxone (100 mg/kg/d, 24/24h, via en-
dovenosa), até que os resultados microbiológicos estejam
466 disponíveis. A terapêutica posterior deverá ser ajustada de
acordo com o agente identificado: HSV – aciclovir , 10 mg/
kg/dose 8/8h via endovenosa, 14-21 dias; VVZ – aciclovir, 10
mg/kg/dose 8/8h via endovenosa, 7-10 dias; os restantes
vírus não têm terapêutica específica.
Para além da terapêutica específica, toda a terapêutica de
suporte é essencial para controlo das manifestações clíni-
cas associadas, antecipar complicações como SIADH (ta-
bela 3) e minorar sequelas.
Prognóstico
O prognóstico está na dependência da causa subjacente,
sendo mais reservado na encefalite a HSV, Mycoplasma
pneumoniae e CMV, bem como nos lactentes e crianças que
se apresentem sob a forma de coma. Para o HSV-1, a pre-
cocidade da terapêutica diminui a mortalidade e minimiza
as sequelas.
Entre os sobreviventes, a resolução dos sintomas demo-
ra desde alguns dias até 2-3 semanas. Cerca de 2/3 dos
doentes têm uma evolução clínica favorável com recupe-
ração completa durante a estadia hospitalar. Os restantes
permanecem com sequelas da doença, nomeadamente pa-
résias, espasticidade, alterações cognitivas, ataxia e epi-
lepsia, das quais podem recuperar total ou parcialmente
após a alta hospitalar. A mortalidade associada à encefalite
infecciosa é de cerca de 5%.
467
Algoritmo de actuação
;dY[\Wb_j[W]kZW
NÃO SIM
H, PCR, HC Tóxicos (S; U)
Anormal Normal
TAC Punção lombar
(3 tubos + 1 tubo
seco para congelar)
Intoxicação
SIM NÃO
Pleocitose
Aciclovir + Ceftriaxone
Bacteriológico e
virulógico de LCR
Meningite Suspeita de
bacteriana aguda encefalite
RM cerebral
SIM NÃO
HSV+
Enterovirus+
J78;B7(¸:?7=DÔIJ?9E:?<;H;D9?7B:;;D9;<7B?J;7=K:7
:_W]dij_YeZ_\[h[dY_Wb
>cidm^XVZh BZc^c\^iZV\jYV
9Zh^fj^aWg^dh]^Ygd"ZaZXigdai^Xdhe#Z# 6WXZhhdXZgZWgVadjZbe^ZbV
hiponatremia) subdural
9^higW^dhbZiVWa^XdhfjZXjghZb 6X^YZciZkVhXjaVgXZgZWgVa!
com hipoglicemia, uremia ou hemorragia cerebral
hiperamoniemia) IgdbWdhZYdhhZ^dhkZcdhdh
8ZidVX^YdhZY^VWi^XV =^YgdXZ[Va^VdWhigji^kV
6aiZgVdYV[jcdi^gd^YZ^V =^eZgiZgb^VbVa^\cV
8]dfjZhei^Xd KVhXja^iZXZgZWgVa
469
HcYgdbZYZGZnZ ËbWdadhei^Xd
:hiVYdYZbVaZe^ai^Xd IjbdgXZgZWgVa
:cXZ[Va^iZcd^c[ZXX^dhVeVgV"
infecciosa, associada a vacinação,
encefalomielite desmielinizante aguda)
HcYgdbZYZ<j^aV^c"7Vgg
J78;B7)¸9BÐD?97":?7=DÔIJ?9E;J;H7FÌKJ?97:;I?7:>
9bd_YW
u Diminuição do débito urinário
u Aumento de peso
u Alteração do estado de consciência se hiponatrémia grave
7Y^WZeibWXehWjeh_W_i
u Hiponatrémia
u Osmolalidade sérica <280 mOsm/L
u Sódio urinário normal/aumentado (geralmente superior a 25)
u DhbdaVa^YVYZjg^c{g^V3&%%bDhb$A\ZgVabZciZhjeZg^dg|hg^XV
u Ácido úrico baixo
JhWjWc[dje
u Restrição de fluidos para 1000 ml/m2/24h
u Se hiponatrémia sintomática (sódio sérico <125 mEq/L; sinais e sintomas
neurológicos):
– NaCl a 3%
(aumento do sódio sérico não superior a 0,5 mEq/L/h ou 12 mEq/L/d devido ao
risco de mielinólise centro-pontica)
Fh[l[de
u Monitorização do peso corporal, ionograma sérico
u Restrição hídrica
470
Bibliografia
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471
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES
ENDÓCRINO-METABÓLICAS
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Anabela Bandeira, Clara Vieira, Teresa Borges
B. Na DM já estabelecida
Clínica
A. DM tipo 1 inaugural: 475
a. Poliúria, polipsia, polifagia e perda ponderal
b. Dor abdominal, vómitos
c. Respiração de Kussmaul
d. Desidratação
e. Hálito cetonémico
B. DM descompensada
f. Mesmos sintomas e sinais que em A
g. Duração dos sintomas
h. Factor de descompensação
i. Livro de autocontrole
Diagnóstico bioquímico
<a^XZb^V≥200 mg/dl
6X^YdhZbZiVWa^XVXdbe=1,!(Z$dj=8D 3- <15 mEq/L
8Zidcg^VXZidcb^V3(bB
Classificação
8ZidhZ XZidcg^V hZb VX^YdhZ/ e= 3,!( Z =8D3- 3&*
mmol/L
Sinais vitais
Glicemia capilar
476 Pesquisa de glicosúria e cetonúria (tira teste urina)
Medidas gerais/Monitorização
Pausa alimentar
Dois acessos venosos
Sonda naso-gástrica e sonda vesical – se doente em
coma
Frequência respiratória; frequência cardíaca e tensão ar-
terial de h/h
Balanço hídrico de h/h
Monitorização com ECG se CAD grave:
Observar ondas T; sinais de hiper ou hipocaliémia
6kVa^VdcZjgda\^XV]$]
Cefaleias, alteração do estado de consciência
Controles bioquímico
Glicemia de hora a hora
Gasimetria venosa de 2/2 horas até correcção da acidose
Ionograma e cálcio, fósforo e magnésio às 2 horas
Ionograma, ureia, ceatinina e osmolaridade de 4/4h
Pesquisa de glicosúria e cetonúria em cada micção
Abordagem terapêutica
Objectivos terapêuticos
dggZXdYVYZh^YgViVdZb(+V)-]dgVh
2. Correcção da acidose
3. Correcção da hiperglicemia
4. Correcção dos desequilíbrios iónicos
5. Reconhecer e tratar as complicações
II FASE – da 2.ª h – 12 h
Se:
<a^XZb^Vbj^idZaZkVYV\a^XZb^V3-%%b\$Ya
Hipernatrémia (Na +Xdgg^\^Yd3&)*b:f$A Correcção em *.#-( horas
Osmolariddade muito elevada
Sem choque:
A. Hidratação
a. SF a 10 ml/kg/hora
B. Suplemento de potássio: consoante o K+ sérico
b. Se A2)"+mEq/L ou sinais de hipocaliémia no ECG
I. KCL a 7,5% (1 ml = 1 mEq), 2-4 mEq/kg, máximo de
40 mEq/L
II. Atrasar o início da administração de insulina até K
3(!*b:f$A
6#=^YgViVdXdggZXdYVYZh^YgViVdZb(+V)-]dgVh
a. Necessidades básicas (para 12 horas) + 50% do défice
(desidratação de 10%) com SF
b. Subtrair o volume administrado na primeira 1.ª hora
X#:k^iVgg^ibd3&'ba$`\$]dgV
d. Máximo de 1,5 a 2 vezes as necessidades básicas
e. Se Glicemia <250 mg/dl:
I. iniciar Soro glicosado a 5% em NaCl a 0,45%
f. Se Glicemia <180-200 mg/dl com cetonúria:
II. iniciar Soro glicosado a 5% em NaCl a 0,33% ou Soro
glicosado a 10% em NaCl a 0,45% 479
g. Manter Glicemia entre 150-250 mg/dl
B. Suplemento de potássio:
a. Consoante o K sérico
HZA2)"+mEq/L ou i_dW_iZ[^_feYWb_c_W no ECG
– Manter a perfusão de K
– KCL a 7,5% (1 ml = 1 mEq), 2-4 mEq/kg, máximo de
40 mEq/L
HZA4)"+#+"+mEq/L
– Aguardar a primeira micção
– Iniciar suplemento com a perfusão de insulina
– 2-4 mEq/kg de KCl 7,5% (1 ml = 1 mEq)
– Máximo 40 mEq/L (0,5 mEq/kg/hora)
EdYZji^a^oVg"hZ*%Zb[dgbVYZ@8a,!*Z*%cV
forma de fosfato monopotássico se hipofosfatémia
(<1,0 mg/dl ou 0,3 mmol/L)
– Monitorizar o cálcio e o magnésio
HZA4+"+ mEq/L
– Não adicionar K+
C. Insulina em perfusão
a. Insulina Regular – 50 U em 500 ml SF (0,1 U/ml)
b. Ritmo de perfusão: &"'K?%a]%^ehW
c. Glicemia deve descer 50-75 mg/dl/hora
I# HZ 3,* b\$Ya$]/ Y^b^cj^g d g^ibd YZ eZg[jhd %!%*
UI/kg/hora
II. Se <50 mg/dl/h:
– Verificar o sistema de administração
– Verificar se o ritmo de perfusão está correcto
– Se normalidade dos anteriores: aumentar o ritmo
para 0,2 UI/kg/hora
Acesso venoso independente do soro de hidratação
Purgar 50 a 100 ml pelo sistema antes de ligar ao doente
Renovar a preparação a cada 6 horas
cb%^ehW
F[ieA]
&$'K%a]%^ehW &$(K%a]%^ehW
480 5 5 10
10 10 20
15 15 30
20 20 40
25 25 50
30 30 60
D. Corrigir a acidose se esta não tiver sido corrigida com os
fluidos e a insulina
a. Se pH ≤7.1
I. Bicarbonato de sódio 8,4% (1 ml = 1 mEq)
II. 2,5 mEq/Kg perfusão lenta (em 2 horas)
III. Repetir a gasimetria venosa no final da primeira hora
IV#HjheZcYZgVeZg[jhdhZe=3,!&*
A. Hidratação
B. Suplemento de potássio
a. De acordo com ionograma, cálcio e fósforo (ver esque-
ma da II fase)
b. Parar com o fosfato monopotássico 481
C. Insulina em perfusão
a. Ritmo adequado para descida da glicemia 70-100 mg/
dl/hora
b. Suspender a perfusão quando:
I. Glicemia <180 mg/dl
II#e=3,!(%Z=8D 3-3&*bbda$A
III.H[iebkeZWY[jei[
c. Administrar Insulina regular 0,25 UI/kg/ SC e 30 minu-
tos depois suspender a perfusão de insulina
Na DM tipo 1 inaugural:
>_fe]b_Y[c_W
;Z[cWY[h[XhWb
– Etiopatogenia
– 1-5% dos casos de CAD
– Responsável por 57-87% das mortes por CAD
– Taxa de morbilidade entre 10-26%
7gVY^XVgY^V
=^eZgiZchd
B^YgVhZ$6c^hdXdg^V
H^cV^hcZjgda\^Xdh[dXV^h
– Papiledema
– Apneia 483
– Factores de Risco
9Bi^ed&^cVj\jgVa
8g^VcV1)Vcdh
BV^dgYjgVdYdhh^cidbVh
BV^dg\gVjYZ]^edX{ec^V!VehV_jhiZYVVX^YdhZ
IgViVbZcidYVVX^YdhZXdbW^XVgWdcVid
A^\Z^gd VjbZcid YV XdcXZcigVd YZ hY^d YjgVciZ d
tratamento
JgZ^Vhg^XVZaZkVYV
NB: A maioria dos estudos não mostra nenhuma associação entre o grau de hiperglicemia na
apresentação da CAD e um aumento do risco para edema cerebral
– Tratamento
– CWd_jeb 0,25-1,0 g/kg EV a correr durante 25 min
Antes de existir falência respiratória
Pode-se repetir 2h depois se não houver resposta inicial
– Complicações tardias
Insuficiência do eixo hipotálamo – hipofisário
Insuficiência isolada de hormona de crescimento
Insuficiência combinada de hormona de crescimento e
TSH
;d\Whj[iY[h[XhW_i
JhecXei[
D[Yhei[jkXkbWhW]kZW"?H7
FWdYh[Wj_j[
D[Yhei[_dj[ij_dWb
484
Texto de apoio
Calcular a osmolaridade sérica
Tipos de Insulina
487
HIPOGLICEMIA
Carla Costa, Sandra Costa
Colaboração da Unidade de Endocrinologia Pediátrica*: Cintia Castro-Correia, Irene Carvalho,
Manuel Fontoura e da Unidade de Doenças Metabólicas*: Esmeralda Rodrigues, Elisa Leão Teles
Introdução
Definição
Contextualização
Etiologia
J78;B7?¸;J?EBE=?7:7>?FE=B?9;C?7
D[edWjWbjhWdi_jh_W
1) Produção de glicose diminuída e imaturidade do sistema hipotálamo-hipofisário:
Prematuro
RN de baixo peso para a idade gestacional
Hipotermia
2) Utilização de glicose aumentada (hiperinsulinismo):
Filho de mãe diabética
Eritroblastose fetal
Supressão brusca de glicose EV
Síndrome de Beckwith-Wiedemann
Poliglobulia
Síndrome de Silver-Russel
Hiperinsulinismo hipoglicémico persistente da infância
3) Diminuição de produção e aumento da utilização da glicose:
Asfixia perinatal
Cardiopatia congénita cianosante
Sépsis, hemorragia intracraniana, dificuldade respiratória
D[edWjWb[bWYj[dj[fh[YeY[f[hi_ij[dj['$¨WdeZ[l_ZW
1) Produção de glicose diminuída:
Defeitos enzimáticos:
Glucogenose (Hipoglicemia com organomegalia)
Tipo I: deficiência de glucose 6-fosfatase
Tipo III: deficiência de amilo-1,6 glucosidase
Tipo VI, VIII, IX: deficiência do sistema fosforilase
Tipo O: deficiência da sintetase do glicogeneo
Neoglicogenese (Hipoglicemia com hiperlactacidemia)
Deficiência de frutose 1,6.difosfatase
Deficiência de piruvato-carboxilase
Deficiência de fosfoenol-piruvato-carboxilase
Deficiência de outros sistemas enzimáticos (Hipoglicemia com subst. redutoras+)
Galactosemia
Intolerância á frutose
490 Distúrbio dos ácidos gordos (Hipoglicemia hipocetótica)
Defeito de oxidação de ácidos gordos
Defeito de carnitina
Metabolismo dos aminoácidos
Leucinose(Hipoglicemia com cetose)
Tirosinemia (Hipoglicemia com insuf. hepática)
Acidúria propiónica (Hipoglicemia com acidose)
Acidose isovalérica (Hipoglicemia com acidose)
Defeitos Hormonais:
Panhipopituitarismo
Defeito isolado de hormona de crescimento
Insuficiência suprarrenal primária e secundária
Deficiência de glucagon
Deficiência de epinefrina
Hipotiroidismo
2) Utilização de glicose aumentada (Hipoglicemia hipocetótica)
Hiperinsulinismo endógeno:
Hiperinsulinismo hipoglicémico persistente da infância
Hiperinsulinismo exógeno:
Administração de insulina ou de hipoglicemiantes orais.
9h_WdWicW_il[b^Wi[WZeb[iY[dj[i
1) Produção de glicose diminuída:
Doença hepática (S. de Reye, hepatite fulminante, cirrose)
Defeitos enzimáticos da neoglicogenese e da beta-oxidação.
Diminuição da absorção: diarreia aguda, síndromes de malabsorção.
Substrato limitado:
– Jejum
– Anorexia (doença ou patologia psiquiátrica)
– Malnutrição crónica
– Galactosemia
– Défices hormonais: GH, ACTH, cortisol.
– Hipoglicemia cetósica
2) Utilização de glicose aumentada:
Hiperinsulinismo:
– Tumores das células insulares, administração insulina/hipoglicemiantes orais.
EZhfj^hVYZ\a^XZb^VXVe^aVg0
<a^XdhZ hVc\jZ kZcdhd eVgV XdcÃgbVd YV ]^ed\a^XZ-
mia);
<VhdbZig^VkZcdhV0
492 >dcd\gVbV![jcdgZcVaZ]Ze{i^XV!{X^Ydg^Xd!Vbc^VZ
lactato;
8da]Z^iVYZhVc\jZeVgVXVgidYZ<ji]g^Z\jVgYVgeVgV
estudo posterior: pesquisa de acilcarnitina);
8da]Z^iVYZhVc\jZeVgVijWdhZXd!XZcig^[j\VgZYZed^h
congelar para eventuais exames endrinológicos e me-
tabólicos posteriores (insulina, peptídeo C, hormona de
crescimento, IGF1, T4 livre, TSH, Cortisol, ACTH e estudo
metabólico com doseamento de aminoácidos);
CVeg^bZ^gVb^XdVeh]^ed\a^XZb^V/
I^gV"iZhiZYZjg^cVVkVa^VgXdgZX]Z^gd0
EZhfj^hVYZhjWhi}cX^VhgZYjidgVh0
8da]Z^iVYZjg^cVeVgVXdc\ZaVgZhijYdbZiVWa^Xd!Yd-
seamento de ácidos orgânicos);
EZhfj^hVYZ[{gbVXdhdjYZim^Xdh!cVhjheZ^iVYZ^c\Zh-
tão de: salicilatos (ex: aspirina), acetominofeno, metrote-
xato, antidepressivos e álcool.
Abordagem e Tratamento
Tratamento
Convulsões:
Geralmente resolvem com a correcção da hipoglicemia.
Em caso de convulsões que persistam apesar da correcção
da glicemia: tratamento anticonvulsivante.
Acidose:
Acidose ligeira (pH 7.25-7.35) pode acompanhar a hipo-
glicemia que geralmente resolve com a correcção desta.
Acidose marcada (pH <7,10) sugere choque/doença subja-
cente, e requer tratamento com bicarbonato de sódio EV
494 (correcção/ adminitração EV lenta).
Critérios de Internamento
Critérios de Internamento:
495
Bibliografia
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496
INSUFICIÊNCIA SUPRA-RENAL
Joana Freitas, Teresa Borges
Definição
A insuficiência supra-renal refere-se ao défice de gluco-
corticóides, a que se pode associar o défice de mineralo-
corticóides, e pode ser de causa primária ou secundária e
congénita ou adquirida.
Na insuficiência supra-renal primária, há lesão da glându-
la supra-renal e habitualmente existe défice concomitante
J78;B7'¸;J?EBE=?7:7?DIK<?9?ÌD9?7IKFH7#H;D7B
Fh_c|h_W
Hereditária
u Hiperplasia congénita da supra-renal
u Hipoplasia supra-renal congénita
u Adrenoleucodistrofia
u Adrenomieloneuropatia
u Deficiência de mineralocorticóide
Auto-imune
u Insuficiência supra-renal isolada
u Síndrome poliglandular auto-imune tipo 1
u Síndrome poliglandular auto-imune tipo 2
Infecção
u Tuberculose
u Infecções fúngicas sistémicas
u Infecções associadas ao HIV (fungos, CMV)
Hemorragia supra-renal
Medicação
u Síntese diminuída (Cetoconazol, Etomidato)
u Metabolismo aumentado (Rifampicina, Fenitoína, Fenobarbital)
Infiltrativo
u Hemocromatose, histiocitose, sarcoidose, amiloidose, neoplasia
I[YkdZ|h_W
Hipotálamo
u Displasia septo-óptica
u Défice de CRH
498 u Hipercortisolemia materna
u Trauma, tumor, cirurgia, radioterapia, doença infiltrativa
u Abstinência de corticoterapia
Hipófise
u Aplasia/hipoplasia
u Panhipopituitarismo
u Défice isolado de ACTH
u Abstinência de corticoterapia
u Trauma, tumor (craniofaringioma), radioterapia
Apresentação Clínica
Os sinais e sintomas de insuficiência supra-renal aguda de-
pendem do défice existente:
Défice de Cortisol:
Kb^idh
=^ediZchd
8]dfjZ
=^ed\a^XZb^V
=^edcVigZb^Va^\Z^gV
Défice de Aldosterona:
=^edcVigZb^VZ]^eZgXVa^Zb^V
6X^YdhZbZiVWa^XV
9Zh^YgViVd
Abordagem e Tratamento
A insuficiência supra-renal aguda é uma emergência médi-
ca pelo que o tratamento deve ser instituído de imediato. 499
Fluidoterapia:
CV8a%!.!'%ba$`\cVeg^bZ^gV]dgV#HZ\jZ"hZCV8a
0,9%, 2500 a 3200 ml/m2 /dia
HZ cZXZhh{g^V XdggZXd YZ ]^ed\a^XZb^V/ H< &%!
5-10 ml/kg
=^eZgXVa^Zb^V/ cZXZhh{g^V bdc^idg^oVd :8<# :m-
pansão de volume pode ser suficiente para correcção
Se hipercaliemia grave:
− Gluconato de Cálcio 10%, 0,5 ml/kg em 10 minutos
(monitorizar FC)
− Se necessário, NaHCO 3, 1 mEq/kg EV em alguns mi-
nutos e perfusão de 1 mEq/kg/h
− Em casos extremos, Insulina regular 0,1 U/kg EV +
SG 10% 4 ml/Kg em 30 minutos e resina permutado-
ra de iões (Kayexalato®), rectal ou PO.
Corticóide:
Se foi colhida previamente amostra de sangue para es-
tudo:
=^YgdXdgi^hdcV *%",* b\$b2 EV ou IM em bólus, se-
guida de 50-75 mg/m2 /dia em perfusão contínua ou
fraccionada cada 6h
Se existe suspeita de insuficiência supra-renal, sem
diagnóstico confirmado e não foi colhida amostra de
sangue para estudo:
500 9ZmVbZiVhdcV)b\$b':K
Monitorização:
TA, FC, FR e temperatura e glicemia capilar 1/1 hora
(até normalização dos valores).
Ionograma 4/4 horas
2. Diagnóstico conhecido
Fluidoterapia:
CV8a%!.!'%ba$`\cVeg^bZ^gV]dgV#HZ\jZ"hZCV8a
0,9%, 2500 a 3200 ml/m2 /dia
HZ cZXZhh{g^V XdggZXd YZ ]^ed\a^XZb^V/ H< &%!
4 ml/kg
=^eZgXVa^Zb^V/cZXZhh{g^Vbdc^idg^oVd:8<#:meVc-
são de volume pode ser suficiente para correcção
HZ]^eZgXVa^Zb^V\gVkZ/
− Gluconato de Cálcio 10% ,0,5 ml/kg em 10 minutos
(monitorizar FC)
− Se necessário, NaHCO 3 1 mEq/kg EV em alguns mi-
Corticóide:
=^YgdXdgi^hdcV *%",* b\$b2 EV ou IM em bólus, se-
guida de 50-75 mg/m2 /dia em perfusão contínua ou
fraccionada cada 6h
Monitorização:
TA, FC, FR e temperatura e glicemia capilar de 1/1 hora
Ionograma de 4/4 horas 501
6jbZciVgVYdhZYZ=^YgdXdgi^hdcVeVgV(kZoZhVYdhZYZ
manutenção se stress moderado (ie intercorrencia infec-
ciosa)
=^YgdXdgi^hdcV:Kdj>BhZhigZhh^ciZchd^ZX^gjg\^V
Cirurgia electiva:
Dia da cirurgia:
B^cZgVadXdgi^X^YZ/YdhZ]VW^ijVaXdb&*baYZ{\jV)
a 6 horas antes da cirurgia
<ajXdXdgi^X^YZh/
– <6m: bólus EV de Hidrocortisona 25 mg + perfusão
2 mg/h
– 6m-2A: bólus EV de Hidrocortisona 50 mg + perfusão
2 mg/h
·3'6/Wajh:KYZ=^YgdXdgi^hdcV&%%b\ eZg[jhd
4 mg/h
Cirurgia emergente:
Mineralocorticóides:
502 – omitir dose de Fludrocortisona até que possa ingerir
líquidos PO
Glucocorticóides:
– <6m: bólus EV de Hidrocortisona 25 mg + perfusão
2 mg/h
– 6m-2A: bólus EV de Hidrocortisona 50 mg + perfusão
2 mg/h
·3'6/ Wajh :K YZ =^YgdXdgi^hdcV &%% b\ eZg[jhd
4 mg/h
Após a cirurgia:
BVciZgVeZg[jhdYZ=^YgdXdgi^hdcVZcfjVcidcd]{
tolerância oral
FjVcYd^c^X^VgY^ZiVafj^YV!^c^X^Vg=^YgdXdgi^hdcVED/
80 mg/m2 /dia, 8/8h. Suspender perfusão 3 horas após
1.ª toma de Hidrocortisona PO
6ehgZXjeZgVd![VoZgYZhbVbZViYdhZYZbVcj-
tenção
503
Algoritmo diagnóstico
Vómitos Hipoglicemia
Desidratação Hiponatremia
Hipotensão refractária Hipercaliemia
Acidose metaólica
ISRA
Primeira Diagnóstico
manifestação conhecido
Cortisol
ACTH
Renina
Aldosterona
17-HOP (RN)
>
>
>
Renina Renina N
>
Aldosterona Aldosterona N
17-HOP 17-HOP N
HCSR Outra
causa
504
ISR primária
Bibliografia
1. Behrman, Kliegman, Jenson, Nelson Textbook of Pediatrics, Saunders Edition,
18th ed, 2007, 2360.
2. González S, Aguilar R, Actualizaciones en Endocrinologia Pediátrica, Ergon, 2007,
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3. Shulman D, Palmert M, Kemp S, Adrenal Insufficiency: Still a Cause of Morbidity
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4. Jung C, Inder W, Management of adrenal insufficiency during the stress of medical
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5. August G, Treatment of Adrenocortical Insufficiency, Pediatrics in Review. 1997;18:
35-39.
505
URGÊNCIAS PEDIÁTRICAS DE CAUSA
METABÓLICA
Esmeralda Rodrigues, Esmeralda Martins, Elisa Leão Teles
Introdução
As doenças hereditárias do metabolismo são patologias de
natureza genética em que a degradação ou síntese de um
determinado composto se encontra alterada devido ao dé-
fice de uma enzima específica.
A incidência global é de 1/800 RN vivos e as primeiras ma-
nifestações podem surgir em qualquer idade, desde a vida
507
Clínica Suspeita
Manifestações clínicas de alerta
História Clínica
Antecedentes Familiares
8dchVc\j^c^YVYZ
BdgiZhcZdcViV^h$egZXdXZh$VWdgiVbZcid
H^cY#=:AAE
Antecedentes Pessoais
8gZhX^bZcid ZhiVijgd edcYZgVa0 YZhZckdak^bZcid eh^Xd-
motor
H^cidbVidad\^Vegk^V
508 CddYZ^ciZgkVada^kgZYZh^cidbVidad\^V
;VXidgZhegZX^e^iVciZh/]^hig^VVa^bZciVg!ZmZgXX^d[h^-
co, jejum, febre, vacinação
Exame Físico
6kVa^VdYdhY^[ZgZciZhVeVgZa]dhZh^hiZbVh
Meios complementares de diagnóstico
Testes de Primeira Linha
'$IWd]k[
Glicemia
Equilibrio ácido base/ anion gap
Amónia
Kh_dW
cor/ odor
Tirateste (pH, corpos cetónicos)
($9eb^[_jWZ[fheZkjei[cYh_i[0Wdj[iZ[gkWbgk[hWj_jkZ[
j[hWf
kj_YW
IWd]k[0 preencher YWhjeZ[=kj^h_[ (2 círculos bem
)$7lWb_We=beXWb
EXAMES EFECTUADOS NO LABORATÓRIO DA URGÊNCIA
=Zbd\gVbV
<a^XdhZ!XVaX^d
:aZXiga^idhVc^dc\Ve
<VhdbZigVe=!e8D2, HCO3 pO2)
Sangue 509
²X^Ydg^Xd!8E@
6AI$6<I!IZbedegdigdbW^cV
6bc^V
AVXiVid
HjWhiVcX^VhgZYjidgVh
Urina
:aZXiga^idhCV!@jgZ^V!XgZVi^c^cV
A8GXdc\ZaVgVbdhigVIjWdhZXd/'%\diVh0hZejcd
traumática centrifugar e congelar
Outros (de acordo
GVY^d\gVÃVidg{X^XV
com situação)
:8<$ZXdXVgY^d\gVbV
>bV\ZbXZgZWgVa!::<
Exames complementares de 2.ª linha
Algoritmos de diagnóstico
AWY_Zei[c[jWXb_YW"Y[jei[, ^_fe]b_Y[c_W e ^_f[hWced_-
c_Wsão chaves importantes na elaboração de algoritmos
de diagnóstico Quadros 1, 2, 3, 4
GK7:HE'¸79?:EI;C;J78ÔB?97
7cd_W 6X^Yg^Vhdg\}c^XVh
=b_Yei[ 9Z[Z^idhXZia^hZ
7cd_WD 9^VWZiZh
=^eZgaVXiVX^YZb^V
9Z[#XVgWdm^aVhZh
BWYjWje 8^ideVi#b^idXdcYg^Va
6X^Yg^Vhdg\}c^XVh
9[jei[ =b_Yei[D
AZjX^cdhZ
BWYjWjeD 6X^Yg^Vhdg\}c^XVh
9Z[Z^idhXZia^hZ
510 <a^Xd\ZcdhZ
BWYjWje
8^ideVi#b^idXdcYg^Va
=b_Yei[
AZjX^cdhZ
BWYjWjeD
6X^Yg^Vhdg\}c^XVh
=b_Yei[D E9=
I[c BWYjWje
=b_Yei[ 9Z[Z^iddm^YVd
Y[jei[
BWYjWjeD =b_Yei[D 6X^YdhZijWjaVggZcVa
GK7:HE(¸9;JEI;
Cetacidose
7Y_Zei[
> ver acidose
?Z_jb
Cetose
Kb^idhgZXdggZciZh
intermitente
Glicose N H869!H8=69
Cetose
9Z[XZia^hZ
permanente
I[c
WY_Zei[ Hepatomegalia <a^Xd\ZcdhZ>>>!K>!>M
=^ed\a^XZb^VgZXdggZciZXdbXZidhZ
Glicose
Sem 9dZcVhjegVgZcVa
hepatomegalia <a^Xd\ZcdhZi^ed%
9Z[#XZia^hZ
GK7:HE)¸>?FE=B?9;C?7
Glicogenose
>_fe]b_Y[c_W 9[jedh_W! Hepatomegalia +
Def neoglucogenese
GK7:HE*¸>?F;H7CED?;C?7D>)
Ac. orgânica
Def. PC, PDH
7Y_Zei[
Def. ß-oxidação
Acidose láctica
D. Ciclo Ureia Ac. Orótico Def. CPS
I[c
(Aminoácidos Citrulina
WY_Zei[ 511
Plasma) Ac. Orótico Def. OTC
Citrulina ASA (+) Ac. Argininosuccinica
Citrulina ASA (-) Citrulinemia
Atitudes terapêuticas
Instituição de cuidados de suporte perante a suspeita de
doença metabólica e tratamento dirigido orientado por si-
nais clínicos e alterações bioquímicas imediatas
Bdc^idg^oVgdZfj^aWg^d{X^Yd"WVhZ!^Zh!Vbc^VZ\a^XZ-
mia e tratar de acordo.
CdVYb^c^higVgW^XVgWdcVidYZhY^dhZ]^eZgVbdc^-
émia!
512
2. Evitar o catabolismo
Aporte calórico elevado (110-150 cal/kg/dia em RN e lac-
tentes e 80-100 cal/kg/dia em crianças).
Hdgd\a^XdhVYd>KV&%"&'&!*"'mC7#8K8hZcZXZhh^YV-
de de concentrações mais elevadas.
- Glicose 9-15 mg/ Kg/ min
Objectivo: Glicemia ±100 mg/dl
>chja^cV%!%("%!&J$`\$]hZ\a^XZb^VhjeZg^dgV&,%b\$Ya
6edgiZ dgVa HdajZh Xdb YZmig^cdbVaidhZ &%"'% dj
soro glicosado a 10-20%
Idade inferior a 6 meses – 10% se idade superior a 6 me-
ses – 20%).
3. Remover as toxinas
a) Eliminar o aporte de substâncias potencialmente
tóxicas
Leucinose
AZjX^cV3'*%%¥bda$A$h^cidbVhcZjgda\^Xdh\gVkZh$
não tolerância alimentar
HZaZjX^cVcdYZhXZbV^hYZ*%%¥bda$AZb')]dgVh
djeZgbVcZXZhjeZg^dgV&%%%¥bda$A
Acidúrias orgânicas
Se acidúria orgânica grave e rápida deterioração clínica
4. Terapias adicionais
E^g^Ydm^cV {X^Yd [a^Xd · cVh XdckjahZh gZh^hiZciZh |
terapêutica antiepiléptica
5. Outros fármacos:
DcYVchZigdc/
– 0,1 mg/kg/ dose, IV em 15 min se necessário até 3 x
dia
– Vómitos persistentes
CdjhVgKVaegdVidYZHY^d
6. Situações particulares
514 1. Hiperamoniémia:
1.1. Definição:
3&*%¥bda$AcdGC
3-%¥bda$AVeh'-Y^Vhk^YV
Atenção a técnica de colheita
1.2. Causas e diagnóstico diferencial
NH3 =b_Yei[ f> 9$9[jd_Yei Ekjhei
Alcalose
Doenças Ciclo N Disfunção hepática
300 > inicial Neg
Ureia ( / ) Ureia
3&*%% Anion gap N
Acidose
Ac. orgânica N/ / +++ Variável
Anion gap
Disfunção hepática
ß oxidação N / acidose Neg
Rabdomiólise
Outras causas
;VacX^Vbjai^dg\}c^XV
>chjÃX^cX^V]Ze{i^XV
>c[ZXd]ZgeZh!ZiX°
IZgVeji^XVXdbkVaegdVidYZhY^d
DjigVh
2. Acidúria orgânica
JhWjWc[dje0
Ikfehj[: ventilatório/circulatório.
Dkjh_e Stop proteínas
Fej[dY_WhW[b_c_dWeZ[c[jWXeb_jeijn_Yei: Carnitina:
100 mg/kg/d oral ou iv (4 x/ dia)
9WieiceZ[hWZei/e=3,!'07^X3&*!
desidratação <10%
516 NH3 normal ou <400 umol/L
glucose, Ca2+ , lactato, hemograma:
normais
=bkYei[ +#'& [c DW9b &" *+ ?L Yec AYb -"+ *&
c[g%B
9|bYkbefWhW(*^
9Wiei]hWl[i: pH <7,1; Bic <10
YZh^YgViVd3&%
C=(3)%%!
glucose , Ca2+ , lactato 3-6 mmol/L, leuco-
trombocitopenia.
Desidratação intracelular!
=bkYei[+[cDW9b&"/?LYecAYb-"+*&c[g%B
9|bYkbefWhW*.^
JhWjWc[dje0
1. Bólus soro fisiológico 10 ml/Kg
2. Hiperhidratação: 517
Aporte hídrico EV: 1,5-2,5 x necessidades basais
(NaCl 0,45%)
Glicose 9-12 mg/Kg/min
Bicarbonato de sódio 40-50 mEq/L (alcalinização a
ponderar)
>chja^cV %!%'"%!& b\$`\$] eVgV \a^XZb^V 3&%%1&,%
mg/dl
(# 9^jgZhZ3'ba$]
)# e]jg^c{g^d3+!*1,!*#Vea^X{kZahZjhVYdW^XVgWdcVid
de sódio no soro base)
Suspender alcalinização se: HCO 3hg^Xd3(%dje=
jg^cV3,!*
5. Balanço hídrico cada 4 horas
6. FedZ[hWh diuréticos se débito urinário <50 a 65%
das entradas (na ausência de hipovolémia ou perdas
extra renais – vómitos e diarreia)
– Manitol a 20% 0,5 g/kg/dose EV durante 30 min
·9deVb^cV'!*¥\$`\$b^c
7. Controlo de iões, pH, bicarbonato e enzimas muscu-
lar cada 4-6 horas (sangue)
8. pH urinário de 2/2 horas
9. Evitar drogas nefrotóxicas
10.Diálise se sobrecarga hídrica/oligúria (diurese <50%
das entradas de fluidos)/IRA (insuficiência renal
aguda)
519
Bibliografia
1. Couce ML, Fernández Lorenzo JR, Fraga JM, Enfermedades congénitas del
metabolismo en el período neonatal. Neonatología. Protocolos Diagnóstico-
Terapéuticos de la AEP, 2008
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metabolic diseases: an introduction. J Inherit Metab Dis 2006; 29:261-74.
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Luso de diagnóstico e tratamento das hiperamoniémias em doentes recém-nascidos
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1.ª ed. Madrid: Ergon; 2005
520
DOENÇAS E MANIFESTAÇÕES
DA PELE E OSTEO ARTICULARES
INFECÇÕES CUTÂNEAS BACTERIANAS
Lia Rodrigues e Rodrigues, Nádia Rodrigues, Cidrais Rodrigues
Introdução
As _d\[Y[iYkj~d[WiZ[[j_ebe]_WXWYj[h_WdW são um mo-
tivo frequente de consulta médica na idade pediátrica.
Dos múltiplos agentes patogénicos potencialmente envol-
vidos destacam-se, pela sua frequência, o Estreptococos
pyogenes (S.pyogenes) e Estafilococos aureus (S.aureus).
Diagnósticos diferenciais
1. Infecções cutâneas superficiais
>beZi^\dcdWda]dhd$>beZi^\dWda]dhd
9ZgbVi^iZeZg^VcVa
;da^Xja^iZ
;jgcXjad$8VgWcXjad
2. Infecções cutâneas profundas
:g^h^eZaV
8Zaja^iZ
;VhXZiZcZXgdhVciZ
524
'¸?D<;9wµ;I879J;H?7D7I9KJËD;7IIKF;H<?9?7?I
?cf[j_]edeXeb^eie ?cf[j_]eXeb^eie :[hcWj_j[f[h_WdWb <eb_Ykb_j[ <khdYkbe%9WhXdYkbe
Agente Patogénico S.aureus/S.pyogenes S.aureus grupo 2 S.pyogenes S.aureus S.aureus
descontinuidade na
colonização pele e extensão em profundidade
Modo infecção barreira cutânea pele sã porta de entrada
infecção secundária das lesões foliculite
(porta entrada)
pústulas bem
nódulo(s) perifolicular(es)
Características vesiculo-pústulas grupos de 2-6 bolhas eritema perianal delimitadas, com pêlo
com sinais inflamatórios e
lesões crostas de diâmetro 3 cm bem delimitado no centro da lesão e
supuração secundária
halo eritematoso
membros
couro cabeludo, áreas pilosas da face,
áreas expostas (nádegas, períneo,
Localização área perianal nádegas, pescoço, axilas, virilhas,
extremidades, face axilas, peri-umbilical
extremidades membros
no recém nascido)
Sintomas gerais geralmente ausentes podem estar presentes ausentes ausentes ausentes
Adenopatia regional presente ausente ausente geralmente ausente pode estar presente
6i^c\^bZcid^bedgiVciZYdZhiVYd\ZgVa
8dbegdbZi^bZcidYVidaZg}cX^V|iZgVeji^XVdgVa
CZXZhh^YVYZYZVci^W^di^XdiZgVe^VZcYdkZcdhVZk
K^\^a}cX^V[Vb^a^VgVYZfjVYVXdbegdbZi^YV
Doses padrão dos antibióticos mencionados
DOSES PADRÃO DOS ANTIBIÓTICOS MENCIONADOS
<|hcWYe L_W¸:ei[%Z_W <h[gk
dY_W :ei[C|n_cWJejWb
I.M.
F[d_Y_b_dW=
<27 Kg: 600.000 U dose única 2400.000 U
X[dpWjd_YW
≥27 Kg: 1200.000 U
7cen_Y_b_dW V.O. 50-100 mg/Kg 3 xs/dia 3g
V.O. (4:1):40-50
mg/Kg
3 xs/dia 1,5 g
7cen_Y_b_dW (7:1):40-90
2-3 xs/dia 875 mg/Zei[
YbWlkbWdWje mg/Kg
3-4 xs/dia 3-8 g
E.V. 25-50 mg/Kg/
Zei[
V.O. 50-200 mg/Kg 3-4 xs/dia 1,5-3 g
<bkYbenWY_b_dW
E.V. ″ ″ 3-4 xs/dia 8 g ou 2 g/Zei[
;h_jhec_Y_dW V.O. 40-60 mg/Kg 2-4 xs/dia 1,5-4 g
V.O. 10-25 mg/Kg
(min 37,5 mg/ 3-4 xs/dia 2g
9b_dZWc_Y_dW Zei[)
E.V. 20-40 mg/Kg 3-4 xs/dia 1-3 g
(se ≥1 mês)
F_f[hWY_b_dW% E.V. 200-300
4 xs/dia 12-24 g
JWpeXWYjWc mg/Kg
528
Bibliografia
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Committee on Infectious Diseases, 27th ed. Elk Grove Village, IL: American Academy
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Physician 2002;66:119–24.
529
PICADAS
Daniela Alves, Artur Bonito Vítor
Introdução
As picadas de artrópodes e as suas reacções são observa-
das frequentemente na população pediátrica. A maioria dos
artrópodes que picam pertencem à classe Hymenoptera e
Aracnida (Quadro I).
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e inclui a anamnese e exame objec-
tivo cuidadosos.
Anamnese
Exame Objectivo
533
Escorpião
Observa-se lesão única papular, eritematosa, dolorosa e
com edema circundante, numa área exposta.
A espécie Tityus.serrulatus – escorpião amarelo, exis-
tente no Brasil – pode ter consequências graves. As
manifestações sistémicas incluem náuseas, vómitos,
sialorreia, dor abdominal, arritmias cardíacas, hiperten-
são, hipotensão, insuficiência cardíaca, edema agudo de
pulmão, choque, agitação, sonolência, tremores, confu-
são mental. Podem ocorrer taquicardia ou bradicardia
sinusal, extra-sístoles. O ECG pode mostrar bloqueio de
ramo, lesões de repolarização, onda U, inversão de onda
T, presença de ondas Q, supra e infra desnivelamentos do
segmento ST. Ocorre leucocitose, com neutrofilia, hiper-
glicemia, hipocalemia, hiponatremia, aumento de creati-
nofosfoquinase (fracção MB) e da amílase sérica.
Carraça
Observa-se uma lesão indolor, podendo ser por vezes
dolorosa com úlcera necrótica.
A febre da carraça cursa com febre moderada ou alta,
por vezes com náuseas e vómitos, cefaleias e mialgias.
Observa-se uma lesão pustulosa no local de picada da
carraça e aparecimento 3 dias depois de um exantema
macular ou maculo-papular-nodular que inclui as pal-
mas das mãos e plantas dos pés.
Miriápodes
534
Os miriápodes de uma forma geral não picam, mas po-
dem segregar uma toxina irritante para a pele e, em ca-
sos graves, causar lesões cutâneas. Causam dor local,
eritema, edema e inflamação e podem associar-se es-
pasmos musculares, linfangite e adenopatias regionais.
Abelha
As abelhas e vespas podem deixar o ferrão na pele ao
picar. Ocorre dor no local da picada associada a pápu-
la com eritema, edema e prurido. Mais de 10 picadas de
abelhas por cada meio quilo de peso corporal pode ser
fatal, mas apenas uma picada pode ser suficiente para
matar uma pessoa com hipersensibilidade.
Pulga
As lesões apresentam grande variabilidade e assimetria,
sendo eritematosas, hemorrágicas, pruriginosas, sur-
gindo agrupadas particularmente a nível dos membros
inferiores e regiões cobertas pela roupa interior.
Processionária
GK7:HE??¸9B7II?<?97w´E:7H;79w´E7BxH=?97$
GRAU SINAIS E SINTOMAS
I Urticária, eritema e outras alterações cutâneas
Alterações gastrointestinais e respiratórias: edema da via aérea, hipotensão
II
(TAM 60 a 70 mmHg)
II Hipotensão grave (TAM 40 a 60 mmHg)
IV Paragem respiratória ou cardíaca
V Reacção fatal
Fonte: Murrant T; Bihari D. 2000.Anaphylaxis and anaphylactoid reactions. Int J Clin Pract 54 (5):
322-328.
Abordagem e Tratamento
Na maioria dos casos as reacções a picadas de artrópodes
são apenas locais ou locais graves. O tratamento destas
situações é apenas sintomático e inclui a aplicação de so-
lução antisséptica nas lesões associando, conforme o grau
da reacção, a loção anti-pruriginosa tópica, anti-histamí-
nicos sistémicos (hidroxizina, loratadina, desloratadina),
536 corticóides tópicos e/ou sistémicos (prednisolona).
Aranha
Latrodectismo – Vigilância durante pelo menos 24 horas,
com monitorização dos sinais vitais. Administração de
neostigmina (0.05 mg/Kg), que bloqueia os principais efei-
tos neurotóxicos do veneno, gluconato de cálcio (1 mg/Kg)
que reduz a dor e os espasmos musculares, e também
analgésicos, ansiolíticos e miorrelaxantes. Nos países de
clima tropical é produzido soro antilatrodéctico.
Loxoscelismo – O seu veneno é inactivado com aplicação
local de ácido tricloroacético. Vigiar durante 72 horas.
Usar analgésicos não opióides para alívio da dor e corticói-
des sistémicos para auxiliar a resolução do processo infla-
matório. Antibioterapia se houver sinais de infecção local.
Pode ser necessário a remoção cirúrgica da escara.
537
Carraça
As carraças deverão ser retiradas imediatamente. A apli-
cação de vaselina ou outro agente irritante na carraça fa-
cilita a sua extracção. A melhor forma de retirar a carraça
é através da utilização de uma pinça romba, puxando lenta
e continuadamente. A cabeça da carraça também deverá
ser retirada uma vez que pode provocar uma inflamação
prolongada ou penetrar ainda mais nos tecidos. Após a
extracção deve aplicar-se loção antisséptica. A paralisia
por picada de carraça é uma complicação rara que ocor-
re quando a carraça permanece agarrada durante vários
dias, caracterizada por paralisia flácida ascendente. Após
extracção da carraça ocorre resolução gradual do quadro,
podendo ser necessária terapia de suporte.
Na febre da carraça deve iniciar-se tratamento antibióti-
co com doxiciclina 4 mg/Kg no primeiro dia em 2 doses,
seguido de 2 mg/Kg/dia durante pelo menos 5 dias, e com
suspensão após 48 horas de apirexia.
É aconselhável iniciar tratamento antibiótico profiláctico
(amoxicillina durante 10 dias) em áreas onde a doença de
Lyme é endémica.
Miriápodes
As secreções tóxicas dos miriápodes deverão ser elimi-
nadas da superfície cutânea lavando-a com água e sabão
ou loção amoniacal, aplicação de compressas húmidas e
repouso do membro. Não é aconselhável usar álcool.
538
Abelha
O ferrão deverá ser retirado raspando suavemente a
superfície cutânea de baixo para cima até o fazer sair,
nunca puxando ou torcendo-o, visto que se poderá intro-
duzir ainda mais veneno com esta manobra. A aplicação
de gelo sobre a lesão é particularmente eficaz neste tipo
de picadas para o alívio da dor e do edema.
Na reacção sistémica deve-se começar por acalmar o doente
e transferi-lo para a sala de emergência. É mandatório as-
segurar um acesso venoso e administrar adrenalina (1:1000)
0.01 mg/Kg a cada 10 minutos por via endovenosa. O doente
deve ser colocado em posição de segurança (decúbito dor-
sal; com a cabeça em posição lateral, se vómito), a via aérea
assegurada e monitorizados os sinais vitais. Administrar
oxigénio a 100% e tratar o broncospasmo quando presente
(beta2-agonistas inalatórios). Corticóides sistémicos devem
ser administrados em casos de choque refractário, urticária
e angioedema persistentes, e nas recidivas (metilpredniso-
lona, hidrocortisona). Os antihistamínicos (clemastina, dife-
nidramina) não têm um efeito imediato mas contribuem para
diminuir os sintomas cutâneos (Quadro III).
539
F_YWZWiZ[WhjhfeZ[i
Dm^\c^dXdbb{hXVgVYZVaidYW^id
Edema da laringe? 6XZhhdZcYdkZcdhddj^cigVhhZd
CZWja^oVd/ 6hhZ\jgVgk^VVgZVkZci^aVghZcZXZhh{g^d
Adrenalina 1:1000
5 mg em 5 ml SF 6kVa^Vgh^cV^hk^iV^h
6jhXjaiVg
Broncospasmo?
CZWja^oVd/ Hipotensão
Salbutamol 2.5 mg +
Brometo de Ipatrópio 0.5
Sim Não
mg em 3 ml de SF
9dZciZZhiVW^a^oVYd
;ZggddjV\ZciZegZhZciZZk^hkZa
Prognóstico
Habitualmente o prognóstico é bom, excepto em doentes com
anafilaxia grave não tratada, ou naqueles com infecções in-
vasivas crónicas secundárias, que requerem internamento.
O follow up é necessário:
ZbYdZciZhe^XVYdhedgV\ZciZhigVchb^hhdgZhYZYd-
enças, se tiver ocorrido exposição ao vector em áreas
endémicas.
ZbYdZciZhXdbgZVXdVag\^XV!dg^ZciVgeVgVXdc-
sulta de Imunoalergologia para avaliação do tipo de
alergia e da necessidade de imuno-hemoterapia. Os
doentes que recuperaram de reacção sistémica de-
541
vem ter em sua posse um kit de auto-administração
de adrenalina para situações de emergência.
Bibliografia
1. Acero S, Blanco R, Bartolome B. Anaphylaxis due to a tick bite. Allergy. 2003:
58(8): 824-825.
2. Ângela W, Tang MD. A practical guide to anaphylaxis. Am Family Physician [serial
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resuscitation. Emerg Med J.2004; 21:149-154.
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2007; 27(2):261.
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Pediátrica – Febre escaro-nodular. Acta Pediatr Port 2005; 36(5):257-263.
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Feb; pub 7449
7. Oliveira JS, Campos JA, Costa DM. Acidentes por animais peçonhentos na
infância. J Pediatr (Rio J) 1999; 75 Sup 2:251-58
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9. Vega ML, Vega J, Vega JM, Moneo I, Sanchez E, Miranda A. Allergy to the pine
processionary caterpillar (Thaumetopoea pityocampa) in pediatric population.
Pediatric Allergy & Immunology. 2003; 14(6): 482-486.
542
MORDEDURAS
Vanessa Mendonça, Catarina Ferraz, Sofia Fernandes, Micaela Guardiano,
Ana Maia, Inês Azevedo.
Introdução
As mordeduras por animais domésticos, selvagens, exóti-
cos e humanas são um problema subnotificado no nosso
país e motivo frequente de recurso à Urgência. São difíceis
de avaliar e diagnosticar, mesmo quando o agressor é apa-
rentemente identificado.
Avaliação
História completa do acidente 543
GK7:HE?¸JH7J7C;DJE;78EH:7=;C=;H7B
Remover corpos estranhos
Irrigar abundantemente com seringas de alta pressão com NaCl a
Limpeza
0,9% ou Betadine®
Não irrigar feridas perfurantes punctiformes com catéteres delgados
Desbridamento Cirúrgico: remover o tecido desvitalizado
Feridas extensas, tecido desvitalizado
Desbridamento
Atingimento das articulações metacarpofalângicas (lesão com
e exploração
punho fechado)
cirúrgica
Mordeduras craneanas por animal grande
544 Encerramento I_c – Feridas na face/cabeça; feridas com <de 8h e não penetrantes
da ferida De^cY^XVYdhZ3-]YZZkdajddjh^cV^hXac^XdhYZ^c[ZXd
Feridas moderadas ou graves, especialmente com edema
Profilaxia Feridas punctiformes profundas – alto risco de infecção (ex: gato, ave)
antibiótica Mordeduras na face, mãos, pés, genitais
(3-5 dias) Penetração óssea, articular ou tendinosa
Imunosupressão/asplenia. Feridas _d\[YjWZWi0j[hWf
kj_YWWdj_X_j_YW
Seguimento Reavaliar nas 1.as 48h em busca de sinais de infecção
Critérios de internamento
BVc^[ZhiVZh h^hib^XVh YZ ^c[ZXd# 9dZciZ ^bjcd-
comprometido
:ckdak^bZcidYZiZcYZhdjVgi^XjaVZh
BdgYZYjgVh\gVkZhcVhbdhdjfjZgZfjZgZbX^gjg\^V
>c[ZXdgZ[gVXi{g^V|iZgVeji^XVdgVa#8Zaja^iZ\gVkZ
IdYVhVhbdgYZYjgVh]jbVcVhejcXi^[dgbZhegd[jcYVh
545
546
GK7:HE??¸JH7J7C;DJE7DJ?8?ÔJ?9E
C_Yheeh]Wd_ice 7dj_X_j_Ye 7dj_X_j_Ye 7bj[hdWj_lWi[Wb[h]_W
7][dj[W]h[iieh
fhel|l[bYWkiWZeh_d\[Ye '$§[iYeb^W ($§[iYeb^W }f[d_Y_b_dW
Pasteurella, Moraxella
Staphylococcus aureus
Ceftriaxone
Streptococcus, Neisseria
ou
Anaeróbios, Capnocytophaga Ceftriaxone
9e%]Wje Amoxi/Clav Doxiciclina
Corynebacterium, Raiva Metronidazol
ou
Bartonella henselae (gato)
Clindamicina + TMP-SMZ
Yersinia pestis (gato)
Francisella tularensis (gato)
Streptococcus, S. aureus
Ceftriaxone
>kcWde Eikenella corrodens Amoxi/Clav
Metronidazol Ceftriaxone
Anaeróbios
Streptobacilus moniliformis Ceftriaxone
HWje
Pasteurella Metronidazol
>Wcij[h Amoxi/Clav
Leptospira Penicilina Benzatínica na febre Ceftriaxone
HWjWpWdW
Acinectobacter por mordedura de rato
CehY[]e Streptococcus, Raiva Amoxi/Clav Ceftriaxone Ceftriaxone
Pasteurella multocida Ceftriaxone
9e[b^e Amoxi/Clav
Francisella tularensis Metronidazol
Ceftriaxone
Streptococcus bovis
Ceftriaxone ou
7l[ Pseudomonas aeruginosa Amoxi/Clav
Metronidazol Doxiciclina
Bacterioides, C. tetani
ou
Streptococcus
Ceftriaxone Clindamicina + TMP-SMZ
9WlWbe Neisseria, Bacterioides Amoxi/Clav
Metronidazol
Pasteurella caballii
Amoxi/Clav + Ceftriaxone + Ceftriaxone ou
JWhjWhk]W"Y|]WZe"_]kWdW Salmonella
Ciprofloxacina Gentamicina TMP-SMZ +Clindamicina
;cYWieZ[Yeek]WjeZ[iYed^[Y_Ze"cehY[]eekWd_cWbi[blW][cYedjWYjWh7kjeh_ZWZ[IWd_j|h_W0:hWC§J[h[iW<[hdWdZ[iCedj[_heJ[b[\0((/+-*&)*$
GK7:HE???¸7D?C7?IC7H?D>EI¸78EH:7=;C
;ifY_[ H[WYebeYWb H[WYei_ijc_YW J[hWf
kj_YW
Dor, edema, Inactivar com ácido
Cãimbras
C[ZkiWi eritema acético, retirar
musculares
7dcedWi Lesões tentáculos, imersão em
Vómitos, síncope
hiperpigmentadas água quente. Amoxi/Clav
Remover espigões.
;ijh[bW#cWh Eritema Parésia face, lábios
Lavar com anti-séptico.
Ekh_e#cWh Úlceras dolorosas e língua
Analgesia.
Imersão água quente
F[_n[# Dor lancinante, Náuseas, vómitos,
durante 30-90 min,
WhWd^W edema lipotímia
analgésicos
Dor, edema,
Lipotímia, Remover aguilhão,
HW_W flictenas,
hipotensão, dispneia desinfectar. Tétano?
equimoses
Feridas corto- Betadine; Amoxi/clav.
Ceh[_W Polipneia
-contusas Tétano?
7XehZW][cFh#^eif_jWbWh
Remover vítima do local. Acalmá-la. Tentar identificar serpente.
Limpar a ferida com água, sabão e antiséptico. Repouso com imobilização da
região em posição pendente.
Gelo, sucção e incisão da ferida desaconselhados.
Garrotagem controversa. Garrote laxo nos 1.os 30 min para impedir circulação
venosa se neurotoxicidade e demora no transporte.
Evitar fármacos que confundam avaliação clínica. Analgésicos (paracetamol),
ansiolítico (benzodiazepina). Transporte para hospital.
7lWb_WeYbd_YW^eif_jWbWh I[i[c
Remover garrote/ligadura. Lavar e desinfectar ferida com Wbj[hW[i0
Soluto Dakin®‚ ou Betadine®. K^\^a}cX^V
Local: marcas mordedura, dor, edema, hemorragia, linfadenite. GZeZi^g
Sinais sistémicos inespecíficos: náuseas, dor abdominal, avaliação clínica
hipotensão, taquicardia. GZeZi^g
Síndromes específicos (complicações): neurotoxicidade coagulação
(ptose, diplopia, disfagia, paralisia bulbar, dispneia, parésia 6aiVVeh+"&']
membros), coagulopatia (CID), choque, rabdomiólise, se tudo normal
insuficiência renal.
Profilaxia do tétano.
Antibiótico profiláctico (salmonella e anaeróbios): Ceftriaxone
ou TMP-SMZ
7lWb_WebWXehWjeh_Wb
8dV\jaVd/IE!APTT, INR, fibrinogénio, D-dímeros, produtos degradação
fibrinogénio
548 =Zbd\gVbV#I^eV\ZbhVc\jZeVgVZkZcijVaigVch[jhd#
7^dfjb^XV/8E@!;#GZcVa!^dcd\gVbVhg^Xd
Jg^cV/b^d\adW^cV$]Zbd\adW^cV$egdiZ^cg^V
:8<
JhWjWc[dje
6XZhhdZcYdkZcdhd#HjedgiZ]ZbdY^c}b^XdZ^cdige^Xd#8dgg^\^g8>9#9^jgZhZ#
Analgesia. Fasciectomia se síndrome compartimental.
Dm^bZig^Vejahd#CVhjheZ^iVYZcZjgdidm^X^YVYZcdVYb^c^higVgD2, por
impedir detectar hipóxia por hipoventilação, que é indicação para intubação ET e
ventilação assistida.
J[hWf
kj_YW[if[YÄYW0ieheWdj_e\Z_e
GVgVbZciZcZXZhh{g^dYVYVVWV^mVidm^X^YVYZYVhhZgeZciZhYdcdhhdeV^h#
Única terapêutica capaz de reverter complicações mais graves.
6Yb^c^higVgcVJ8>EhZ/ZYZbVZmiZchdbV^hYZbZiVYZYdbZbWgdZb≤48h)
ou rapidamente progressivo (acima do punho ou do tornozelo 4h após picada na
mão ou pé, respectivamente,), agravamento sintomas sistémicos (HipoTA, I.renal,
acidose metabólica, alterações no ECG, CID), mordedura na face, hemorragias.
G^hXdZaZkVYdYZgZVXZhVag\^XVhZVibdgiZ#GZVa^oVgVciZhegdkVYZ
dessensibilização cutânea com 0,1 mL, 0,25 mL e 0,5 mL (separados de intervalos
de 15’) respectivamente por via SC/IM.
EgZeVgVgVYgZcVa^cV&/&%%%·%!*"&bAH8eVgVZkZcijVagZVXdVag\^XV#
&V'VbedaVhcVgVoYdbZbWgdV[ZXiVYdedgk^V>BdjZbeZg[jhdZ#k#
GK7:HEL¸7IF;9JE:7CEH:;:KH7:;E<Ð:?E
Víbora
DejW0
Os licranços¹XdWgVYZk^YgdºZalicranços¹XdWgVYZ'XVWZVhºhd'i^edhYZ
répteis muitas vezes confundidos com serpentes. Na realidade são inofensivos para
o Homem e percetencem à Subordem dos Lagartos (Sáurios).
Distinguem-se das cobras por:
edhhj^gZbe{aeZWgVhbkZ^hZVhXdWgVhcd0
VhjVac\jVY^k^Y^YVZbkZoYZW^[jgXVYV!XdbdVXdciZXZcVhXdWgVh
549
Bibliografia
1. Mingueza FB. Humanes FA. Mordeduras de animales. Protocolos da AEPED
diagnósticos – terapéuticos en pediatria – Urgencias 2000. p97-109. Available
from: http://www.aeped.es/protocolos/urgencias/index.htm
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from: http://www.uptodate.com.
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4. Leonor JM, Cecilia PP, Katia AV, Verónica SG, Roberto OC, Javier LP.
Recomendaciones para el manejo de mordeduras ocasionadas por animales. Rev
Chil Infect. 2006;23(1): 20-34.
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2007. Available from: http://www.uptodate.com.
6. Gonzaga RF. Mordeduras e Picadas por Animais da Fauna Portuguesa. Porto:
Prémio BIAL da Medicina Clínica; 1984.
550
CRIANÇA COM CLAUDICAÇÃO
N. Rodrigues, L. Rodrigues, J. Quelhas, Leite da Cunha
Introdução
A claudicação da marcha na idade pediátrica está associa-
da a diversas etiologias, com implicações diagnósticas, te-
rapêuticas e prognósticas muito distintas:
Doença de Legg-Calvé-Perthes
J78;B7'¸:?7=DÔIJ?9EI:?<;H;D9?7?I
9WkiWi_d\[YY_eiWi 9WkiWi^[cWjeb]_YWi
u Artrite séptica u Hemofilia
u Osteomielite u Anemia de células falciformes
u Artrite reactiva
u Febre reumática
9WkiWi_dÅWcWjh_Wi
u Doença de Lyme
u Artrite idiopática juvenil
9WkiWide_dÅWcWjh_Wi
9WkiWiedYeb]_YWi
u Dores de crescimento
u Leucemia
u Neuroblastoma u Fibromialgia
u Tumores ósseos
553
Abordagem, Tratamento e Orientação
9bWkZ_YWe
>c[ZXddhiZd"
-articular?
6gig^iZhei^XV Repouso e AINEs em SOS
DhiZdb^Za^iZ
Vigilância médica em ambulatório
Se suspeita Se suspeita
Diagnóstico definitivo:
de Epifisiólise da de Doença de
6he^gVdZVc{a^hZYdÄjYd
cabeça do fémur Legg-Calvé-Perthes
sinovial
Referenciação Referenciação
554 emergente a a Ortopedia
Ortopedia
EdcYZgVgI68 EdcYZgVgGBC
IgViVbZcid EdcYZgVg
cirúrgico emergente tratamento cirúrgico
* Anexo1
Critérios de Internamento
São emergências médicas com necessidade de tratamento
hospitalar:
>c[ZXddhiZd"Vgi^XjaVg/
o Artrite séptica;
o Osteomielite;
Emergência médico-cirúrgica com necessidade de trata-
mento cirúrgico o mais precoce possível:
:e^Ãh^a^hZhjeZg^dgYd[bjg0
555
Artrite séptica/Osteomielite aguda – Etiologia
ANEXO 1
7d[c_W Fkde
7][dj[i 1-3
RN 9h_WdWi 7Zeb[iY[dj[i YbkbWi Z[\[h_ZW
fej[dY_W_i c[i[i
\WbY_\ehc[i Zef
Staphylococcus
X X X X X X
aureus
8WY_bei=hWc
X X
d[]Wj_lei
SGB X X
SGA X X X X X
S. pneumoniae X X X X X
H. influenzae X
N. gonorrhoeae X X
IWbced[bbW X
Fi[kZecedWi X
556
Artrite séptica/Osteomielite Aguda
Tratamento antibiótico empírico (4 a 6 semanas)
ANEXO 2
Eh]Wd_icei
?ZWZ[ 7dj_ej[hWf_W[cfh_YW
fej[dY_W_i
SGB !
&#)C[i[i
Bac. Gram 9[\ejWn_cW (150-200 mg/Kg/dia 3id)
negativos (ou Gentamicina)
S.aureus
9[\khen_cW(150-200 mg/Kg/dia 3id)
S.pneumoniae
Ou
9h_WdWi
2+Wdei SGA
<bkYbenWY_b_dW(150-200 mg/Kg/dia 4id)
!
557
Bibliografia
1. Kliegman R. M., Behrman R. E., Jenson H. B., Stanton B. F. Nelson Textbook of
Pediatrics. 2007; 18th edition; 677: 2805-2811; 683: 2841-2845; 684: 2845-2847.
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Pediatrics in Review. May 2006. Vol.25. Nº5: 170-179.
3. Jorge F Seabra. Conceitos básicos de Ortopedia Infantil. Junho 2003. 3.ª edição;
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University School of Medicine and Brenner Children’s Hospital. Management of
septic arthitis. Symposion on protocols for managing severe infections .1. 2004.
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5. Navarro Gómez M.L., Matos T. et al. Artritis séptica. Protocolos diagnósticos y
terapéuticos en pediatría – Infectologia. 2: 15-21.
6. Montijano A., Navarro Gómez M.L., Matos T. Osteomielitis. Protocolos diagnósticos
y terapéuticos en pediatría – Infectologia. 25: 169-175.
558
URGÊNCIAS CIRÚRGICAS
ESCROTO AGUDO
João Moreira Pinto, João Luís Ribeiro de Castro
Introdução
Chamamos escroto agudo a todo o quadro clínico de dor es-
crotal aguda com ou sem edema e rubor associados. Nele
se inserem várias patologias (Quadro I), das quais a mais
grave é a torção testicular, por se tratar de uma emergência
cirúrgica. A necrose testicular instala-se 4 a 8 horas após
a torção do cordão espermático e nenhum exame auxiliar
de diagnóstico deve atrasar o seu tratamento cirúrgico. Na
dúvida quanto ao diagnóstico de um escroto agudo, dever-
-se-á realizar a exploração cirúrgica do mesmo.
História Clínica
Urgências Cirúrgicas
Diagnósticos Diferenciais
1. A jeheZ[^_Z|j_Z[Z[Ceh]W]d_ é mais frequente antes
ou logo no início da puberdade. A dor é de instalação mais
progressiva. À palpação é evidente um nódulo doloroso
no lobo superior do testículo, que adquire posteriormente
uma coloração azulada.
Tratamento
563
Quando existe suspeita de torção testicular deve-se tentar
a destorção manual através de um movimento open book.
Se for bem sucedida, o testículo mudará de orientação,
descerá e o doente sentirá alívio rápido da dor. A destorção
manual não é curativa e a exploração cirúrgica está sem-
pre indicada.
GK7:HE?¸;J?EBE=?7:E;I9HEJE7=K:E;I;KIJH7J7C;DJEI$
JhWjWc[dje
7bj[hW[iY_hYkbWjh_Wi
Torção testicular Cirurgia
Torção de hidátide de Morgagni Repouso no leito e anti-inflamatório
Estase venosa secundária a hérnia Redução da hérnia + cirurgia electiva
encarcerada
7bj[hW[i_dÅWcWjh_Wi
Orquiepididimite Anti-inflamatório. Antibiótico se
infecção urinária associada.
Púrpura de Henoch-Schönlein Anti-inflamatório, ponderar corticóide.
Edema escrotal idiopático, dermatite de Tratamento sintomático: anti-
contacto, picada de insecto, celulite. inflamatório, corticóide tópico, anti-
-histamínico. Antibiótico se suspeita de
celulite.
JhWkcWj_ice Analgésico. Cirurgia em menos de 72h
Hematoma escrotal se laceração.
D[efbWi_W
Tumor testicular de crescimento rápido Cirurgia
564
<?=KH7'¸<BKNE=H7C7:;:;9?I´E:E;I9HEJE7=K:E$
ESCROTO AGUDO
História clínica
+
>cX^d^ch^Y^dhdYZh^cidbVh Exame físico >cX^dhW^idYZh^cidbVh
Eg"ejWZgZdjVYdaZhXZciZ GZXb"cVhX^Yddj^cX^d
:mVbZdW_ZXi^kd[dgiZbZciZ da puberdade
sugestivo de outra etiologia IZhiXjadbj^idYdadgdhd
à palpação e com edema
Ecografia CIRURGIA
inguino-escrotal
+ Doppler
IdgdYdXdgYdZheZgb{i^Xd#
;ajmdhVc\jcZdY^b^cjYd!VjhZciZ
ou duvidoso
Urgências Cirúrgicas
HZbVaiZgVZhVcVib^XVh#
;ajmdhVc\jcZdcdgbVadjVjbZciVYd
Tratamento
não cirúrgico e
vigilância
565
Bibliografia
1. Cardoso D, Mendes J. Escroto agudo. In: Correia M, Levy Gomes A, Oom P, et al,
eds. Protocolos de Urgência em Pediatria. Lisboa: ACSM Editora, 2003: 257-259.
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2007 Fev;16:58-63.
3. Hutson J. Undescended testis, torsion, and varicocele. In: Grosfeld JL, O’Neill
JA, Coran AG, et al, eds. Pediatric Surgery. Philadelphia, PA: Mosby Elsevier,
2006:1193-214.
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et al, eds. Principles and Practice od Pediatric Surgery, PA, Lippincott Williams,
2005, 1593-1609.
566
URGÊNCIAS DA REGIÃO INGUINAL
Tiago Henriques-Coelho
Hérnia Inguinal
A descida do testículo ocorre durante o sétimo mês de ges-
tação através de um divertículo de peritoneu denominado
processo vaginal. O seu encerramento inicia-se após o Urgências Cirúrgicas
GK7:HE9BÐD?9E:;>xHD?7;IJH7D=KB7:7
1. Dor – choro intenso e repentino 569
2. Tumefacção inguinal irredutível
3. Vómitos
Hérnia Femoral
As hérnias femorais são raras. O diagnóstico é clínico quan-
do a tumefacção se localiza inferiormente ao ligamento in-
guinal e lateral ao tubérculo púbico. Tal como nos adultos,
as hérnias femorais são mais comuns no sexo feminino, e o
diagnóstico é feito geralmente entre os 5 e os 10 anos. São
geralmente hérnias pequenas e irredutíveis.
Hidrocelo
Todos os hidrocelos na infância comunicam com a cavida-
de peritoneal através de um processo vaginal patente mas
estreito. Os hidrocelos também podem ser secundários a
afecções testiculares como epididimite, torsão, orquite ou
tumor, mas são muito menos frequentes.
Clinicamente, um hidrocelo caracteriza-se por um cisto
indolor que contém fluido peritoneal que se colecta entre
o testículo e a túnica vaginal. O cisto localiza-se anterior-
mente ao testículo, transilumina e não esvazia com a pres-
são. O seu limite superior é facilmente palpável e não sofre
variações com o aumento da pressão abdominal. Nos rapa-
570 zes com mais de 2 anos de idade, é comum haver variação
do tamanho do hidrocelo: aumenta de tamanho de manhã
para a tarde pelo efeito da gravidade e diminui de tamanho
durante a noite pelo decúbito.
O hidrocelo é comun nos primeiros meses de vida, são ge-
ralmente assintomáticos, e apresentam grande tendência
para encerrar e reabsorver espontaneamente ao fim do
primeiro ano de vida. Deste modo, só é necessário CIRUR-
GIA se o hidrocelo persistir após os dois anos de vida.
Linfadenite Inguinal
Os gânglios inguinais superficiais drenam os membros in-
feriores, o períneo, as nádegas e a região perianal, regiões
frequentemente afectadas por pequenas infecções da pele.
Os gânglios podem aumentar de tamanho e abecedarem. O
exame físico implica a palpação da axila, do pescoço e do
baço para avaliar a presença de adenopatia generalizada.
Na presença de um abcesso inguinal, o tratamento consis-
te em drenagem cirúrgica e antibioticoterapia.
Urgências Cirúrgicas
571
Bibliografia
1. Leite, Claudio de Souza. Diagnóstico cirúrgico para o pediatra. Revinter, Rio de
Janeiro, Brasil, 1999.
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572
TRATAMENTO AGUDO DA CRIANÇA
QUEIMADA
Banquart Leitão
Espaço fechado 1
Dispneia 1
Alteração da consciência 1
Rouquidão 1
Queimadura da face 1
Expectoração carbonácea 1
Fervores na A. P. 1
2. Avaliar gravidade
2.1. Pesquisar lesões associadas: TCE, fracturas ósseas,
trauma abdominal, lesões dos tecidos profundos ou ar-
ritmia cardíaca por queimadura eléctrica.
574
2.2.Avaliar profundidade da queimadura
Gk[_cWZkhWmajor/3'*68Idj(#§\gVj3&%68I
Envolvimento de mãos, pés, face, orelhas, genitais ou
períneo, grandes articulações, excepto se forem pe-
quenas lesões.
Queimaduras eléctricas ou químicas.
Lesões inalatórias ou traumatismo associado.
?dj[hdWc[dje[cKd_ZWZ[Z[Gk[_cWZei
2.4.Calcular Íh[W9ehfehWbJejWb79J queimada
&#+7DEI
?ZWZ[
Íh[W 0 1 +
73c[jWZ[ZWYWX[W /
.
,
576 83c[jWZ[ZWYenW (
)
*
93c[jWZ[ZWf[hdW (
(
(
+#'.7DEI
Urgências Cirúrgicas
?ZWZ[
Íh[W 10 '+ '.
73c[jWZ[ZWYWX[W +
*
)
83c[jWZ[ZWYenW *
*
*
577
93c[jWZ[ZWf[hdW 3 )
)
(#,#6XZhhdkZcdhdhZ68I3'%ZigVchedgiZeVgV8Zcigd
demorar mais de 60 minutos. Lactato de Ringer se ACT
3'%ZXg^VcV3*Vcdh!V'*%ba$]
4. Tratamento Hospitalar
4.1. Analgesia: Morfina 0,05 a 0,1 mg/Kg e.v. (cada 2-3 ho-
ras).
Agitação nem sempre significa dor, mas pode dever-se
a perfusão ou oxigenação insuficientes. As queimadu-
578 ras profundas são indolores.
4.4.Profilaxia antitetânica.
4.5.Pequenas queimaduras minor: cobrir com gase gorda e
antibiótico tópico (pomada de Bacitracina).
5. Fluidoterapia
5.1. Iniciar ingestão oral se houver boa tolerância. 579
*#'#;aj^YdiZgVe^VZ#k#hZ68I3&%ZbaVXiZciZhdj3&*Zb
crianças
7fi(*^ehWi0
Ajustar fluidoterapia de modo a obter débito uriná-
rio 1 ml/Kg/hora
Nas primeiras 48h não é habitualmente necessário
suplemento de Potássio por haver libertação dos
tecidos necrosados.
Urgências Cirúrgicas
581
Bibliografia
1. Moylan JA, Georgiade G: Burn Injury in Textbook of Plastic, Maxillofacial and
Reconstructive Surgery, 2nd Edition, Williams & Willkins.
2. Duggan DP: Burns in The Harriet Lane Handbook, A Manual for Pediatric House
Officers,12 th edition, Mosby Year Book
3. Finkelstein JL, Schwartz SB, Madden MR, Marano MA, Goodwin CW: Pediatric
Burns, an Overview. Pediatric Clinics of North America 39:5: 1145-1163, 1992.
582
A CRIANÇA MALTRADA
MAUS-TRATOS EM CRIANÇAS E JOVENS:
ACTUAÇÃO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA
PEDIÁTRICA DO PORTO
Paulo Soares, Márcia Azevedo, Micaela Guardiano, Etelvina Gonçalves,
Alda Mira Coelho, Vítor Viana, Maria Júlia Guimarães
Introdução
As situações de maus-tratos a crianças e jovens apresen-
tam uma enorme complexidade, reflectida desde logo pela
alteração do conceito de maus-tratos ao longo do tempo e
pela dependência de factores culturais e sociais.
Definição
GK7:HE?¸<79JEH;I:;H?I9E7IIE9?7:EI7C7KI#JH7JEI
u Deficiência
Criança/Jovem
u IZbeZgVbZciddjXdbedgiVbZcid¹Y^[X^aº
u Doenças mentais/impulsividade/agressividade/adição
Pais u Dificuldade em lidar com as frustrações/atraso cognitivo
u Antecedentes de maus-tratos pessoais
u Violência doméstica/falta de suporte familiar
Família u Monoparentalidade ou multiparidade
u Pobreza/Stress
u Pobreza/violência/adição
Comunidade
u Isolamento social e falta de estruturas de suporte
Diagnóstico
Existem uma série de sinais e sintomas que nos podem le-
var a suspeitar de uma situação de maus-tratos em geral
(Quadro II).
GK7:HE??¸I?D7?I;I?DJEC7IIK=;IJ?LEI:;C7KI#JH7JEI
u Lesões não justificadas pela história, não testemunhadas, com diversos estadios
de evolução, em diversas áreas corporais e/ou em partes corporais habitualmente
não atingidas acidentalmente (cavidade oral e face, pescoço, tronco, genitais e
586 nádegas)
u Lesões com configuração de objectos contundentes/perfurantes e mordeduras
u Traumatismos cranianos ou fracturas em idades pré-marcha
u Doenças ou lesões recorrentes inexplicáveis; mudança de explicação para uma lesão
u Intoxicações, especialmente se de repetição; abuso de substâncias
u Alterações comportamentais sem explicação
u Carência de higienização, eritema perineal, cáries dentárias
Algoritmo de actuação
No fluxograma 1 apresenta-se uma proposta de actuação
perante a suspeita de maus-tratos (excepto abuso sexual).
Encaminhar a situação
INTERNAMENTO > Contactar NHACJR para o NHACJR
GK7:HE???¸?D<EHC7w´E7E79ECF7D>7DJ;
u O internamento/referenciação visa a protecção da criança
u Porque é que determinada lesão é suspeita
u A família será apoiada pelos Serviços Médicos e Sociais 587
u Obrigatoriedade de o médico reportar a situação
Seguimento
Os efeitos a longo prazo nas crianças e jovens expostos a
maus-tratos têm tradução significativa no seu desenvolvi-
mento global, com especial expressão nas suas componen-
tes social, cognitiva e emocional. Com frequência, as crianças
vêm a padecer de doenças mentais (depressão, suicídio, al-
terações do comportamento alimentar, mau relacionamento
com os seus pares, stresse pós-traumático). O próprio facto
de terem sido vítimas de maus-tratos coloca os agredidos
sob maior risco de virem a ser agressores no futuro.
588 Os pediatras e outros profissionais que lidam com crianças
estão numa posição privilegiada para detectar estas situa-
ções. Todos esses profissionais devem estar alerta para as
situações de maus-tratos, pelo que estas questões devem
ser abordadas também no Serviço de Urgência Pediátrica.
Um ênfase especial deve ser colocado na formação e no
treino dos profissionais de saúde, uma vez que se crê que a
educação na área dos maus-tratos aumenta a probabilida-
de de se reportar uma situação suspeita.
Bibliografia
1. Magalhães T. Maus-tratos em Crianças e Jovens. 1.ª Ed. Coimbra: Quarteto
Editora; 2002.
2. Dubowitz H. Preventing child neglect and physical abuse: a role for pediatricians.
Pediatr Rev 2002; 23:191-6.
3. Fonseca A, Perdigão A. Guia dos Direitos da Criança. 2.ª Ed. Lisboa: Instituto de
Apoio à Criança; 1999.
4. Criança, Adolescente e Saúde: Legislação. 1.ª Ed. Lisboa: Instituto de Apoio à
Criança; 2002.
5. Johnson CF. Abuse and neglect of children. In: Berhman RE, Kliegman RM,
Jenson HB, editors. Nelson Textbook of Pediatrics. 17th ed. Philadelphia: WB
Saunders Company; 2004; 122-33.
6. Sirotnak AP, Grigsby T, Krugman RD. Physical abuse of Children. Pediatr Rev
2004; 25: 264-77.
7. Cahill L, Sherman P. Child abuse and domestic violence. Pediatr Rev 2006; 27:339-
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8. Johnson CF. Sexual abuse in children. Pediatr Rev 2006; 27: 17-27.
9. Newton AW, Vandeven AM. Update on child maltreatment. Curr Opin Pediatr
2007; 19: 223-9.
A Criança Maltratada
589
ABUSO SEXUAL: ACTUAÇÃO NO SERVIÇO
DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA
ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS
Joana Rebelo, Teresa Campos, Paulo Soares, Rita Milheiro,
Alda Mira Coelho, Júlia Guimarães
Introdução
O abuso sexual é um dos tipos possíveis de maus-tratos
perpetrados em crianças e jovens. Corresponde ao envolvi-
mento de uma criança ou adolescente em actividades cuja
finalidade visa a satisfação sexual de um adulto ou de uma
pessoa mais velha e mais forte, baseando-se numa relação
de poder ou de autoridade. Engloba práticas que a criança
ou jovem, em função do seu estádio de desenvolvimento,
não compreende, e para as quais não se encontra estrutu-
ralmente preparada sendo, portanto, incapaz de dar o seu
consentimento livre e esclarecido.
7hj_]e'-($¨¸7Xkiei[nkWbZ[c[deh[iZ[f[dZ[d-
j[i
¹&·FjZbegVi^XVgdjaZkVgVegVi^XVgVXidYZhXg^idcd
artigo anterior, relativamente a menor entre 14 e 18
anos que lhe tenha sido confiado para educação ou
assistência, é punido com pena de prisão de um a oito
anos.”
7hj_]e'-)$¨¸7Yjeii[nkW_iYecWZeb[iY[dj[i
¹&·FjZb!hZcYdbV^dg!egVi^XVgVXidhZmjVaYZgZaZkd
com menor entre 14 e 16 anos, ou levar a que ele seja
praticado com outrem, abusando da sua inexperiên-
cia, é punido com pena de prisão até dois anos ou com
pena de multa até 240 dias.”
A Criança Maltratada
593
GK7:HE'
Ikif[_jWZ[WXkiei[nkWbdeIK
Sim Não
É importante registar:
HZgdad\^VhYZHÃa^h!K>=&Z'!K=7!K=8hZcZ\Vi^kVh!
repetir após 6/12/24 semanas);
IZhiZY^V\chi^Xd^bjcda\^XdYZ\gVk^YZohZXg^VcV
do sexo feminino pós-menarca);
B^XgdW^dad\^VYZ9HIZmhjYVYdkV\^cVa!jgZigVa!ZiX#!
por exemplo, Clamídia e Gonorreia;
:mVbZhidm^Xda\^Xdh{aXdda!Ygd\VhYZVWjhd!bZY^-
camentos). A Criança Maltratada
EZhfj^hVYZbViZg^VaW^da\^Xd]ZiZgad\d0
69C#
599
Recolha de material para enviar ao INML
GZXjeZgVgVgdjeVjhVYVYjgVciZdjad\dVehVdXdg-
rência (calças, roupa interior, pensos higiénicos, etc.)
e solicitar entrega na polícia ou no INML embalada em
papel e sem ser lavada;
GZXjeZgVg ZkZcijVa egZhZgkVi^kd jhVYd YjgVciZ V
ocorrência e solicitar entrega na polícia ou no INML,
embalado em papel;
>YZci^ÃXVdYdegdYjidgZXda]^Yd!adXVaYZgZXda]VYV
amostra, data e hora da colheita e identificação da ví-
tima e do médico que fez a colheita no recipiente que a
contém;
Medidas profilácticas
8dcigVXZedYZZbZg\cX^VhZXg^VcVYdhZmd[Zb^c^-
no pós-menarca);
EgdÃaVm^VYdK>=Z=ZeVi^iZhkg^XVh/Ver capítulo de Pós-
exposição não ocupacional ao VIH e Hepatites Víricas;
EgZkZcdYZ^c[ZXZhYZigVchb^hhdhZmjVa/
– Ceftriaxone: 125 mg, IM, dose única mais
– Metronidazol: 2 g, PO, dose única (Em menores de 7
anos, 15 mg/Kg/d, 8/8h, PO, durante 7 dias) mais
– Azitromicina: 1 g, PO, dose única (Em menores de 7
anos, 20 mg/Kg, dose única).
Conclusão
O objectivo da intervenção do médico deverá ser sempre a
protecção da criança ou jovem, evitando agressões futuras
e permitindo um estudo adequado da situação e encami-
600 nhamento correcto da mesma pelos meios competentes,
promovendo deste modo um ambiente adequado ao har-
monioso desenvolvimento físico, intelectual, psicológico e
afectivo.
Bibliografia
1. Maus tratos em crianças e jovens, Intervenção da Saúde – Documento técnico da
Direcção Geral de Saúde, Outubro 2007
2. Nelson Textbook of Pediatrics. 17 th ed. Philadelphia: WB Saunders Company;
2004;122-33.
3. Vilhena MM, Martins Palminha J. Crianças maltratadas, neglicenciadas, vítimas
de abuso sexual. In: Orientação Diagnóstica em Pediatria, Martins Palminha J,
Monteiro Carrilho E, Lidel Ed., Set 2003, p 772.
4. Artigo n.º171 Código Penal e Artigo n.º 152/A Código Penal
5. Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, Lei n.º 147/99, de 1 de
Setembro, contendo alterações da Lei n.º 31/2003, de 22 de Agosto.
6. Johnson CF. Sexual abuse in children. Pediatr Rev 2006;27: 17-27.
7. Ludwig, S. Child abuse. In: Textbook of Pediatric Emergency Medicine, 5th ed,
Fleisher, GR, Ludwig, S, Henretig, FM (Eds), Lippincott Williams and Wilkins,
Philadelphia 2006. p.1761.
8. Protocolo de Actuação do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML).
9. Vulliamy AP, Sullivan R. Reporting child abuse: pediatricians’ experiences with
the child protection system. Child Abuse Negl. 2000 Nov;24(11):1461-70.
10. Laraque D, DeMattia A, Low C. Forensic child abuse evaluation: a review. Mt
Sinai J Med. 2006 Dec; 73(8):1138-47.
11. Chandrakantha LE, Sunderland R, Wiliams A. Child abuse: diagnosis, reporting,
and investigations. Arch Dis Child. 2006 Aug;91(8):715.
12. Shabde N. Child protection training for paediatricians. Arch Dis Child. 2006
A Criança Maltratada
Aug;91(8):639-41.
13. Chadwick DL. The evidence base in child protection litigation. BMJ. 2006 Jul
22;333(7560):160-1.
14. Hindley N, Ramchandani PG, Jones DP. Risk factors for recurrence of
maltreatment: a systematic review. Arch Dis Child 2006 Sep;91(9):744-52.
601
INTOXICAÇÕES
INTOXICAÇÕES
MEDIDAS GERAIS
Isabel Loureiro, Andreia Tavares, Sandra Costa, Irene Pinto de Carvalho
1. Introdução
As intoxicações acidentais representam cerca de 91% das
intoxicações em idade pediátrica e 0,5 a 1% das urgências
pediátricas. São mais comuns antes dos 5 anos de idade,
sendo o pico de incidência aos 2 anos. De realçar que acon-
tece um segundo episódio de ingestão de tóxicos no ano se-
guinte em 25% dos casos.
As substâncias que mais frequentemente são responsáveis
por intoxicações são os medicamentos, principalmente os
antipiréticos e psicofármacos, e os produtos domésticos.
Os agentes mais perigosos são antidepressivos, fármacos
com acção cardiovascular, salicilatos, opiáceos, teofilinas,
anticonvulsivantes, antidiabéticos orais, ferro, isoniazida e
anticolinérgicos. Relativamente aos produtos domésticos, os
mais perigosos são os hidrocarbonetos, pesticidas e álcoois. Intoxicações
2. Diagnóstico
2.1. História clínica
605
Para além dos casos que recorrem ao SU por intoxicação
confirmada, deve-se suspeitar da possibilidade de intoxi-
cação em doentes com alteração do estado de consciência,
ataxia, alteração do comportamento, convulsões, dificul-
dade respiratória, choque, arritmias, acidose metabólica
ou vómitos sem causa identificada.
Algumas intoxicações originam síndromes tóxicos caracte-
rísticos (Tabela 1) que uma vez diagnosticados auxiliam na
identificação do agente causal.
Tóxico conhecido: quantidade, via de entrada, tempo des-
de a exposição, tratamento ambulatório, primeiros sin-
tomas, possibilidade de ingestão múltipla, antecedentes
patológicos relevantes;
Tóxico desconhecido: (igual a tóxico conhecido), e também,
antecedentes de pica ou de ingestão acidental conhecida,
medicamentos existentes em casa, visita a outros locais.
6kVa^VdYdhh^cV^hk^iV^hZYdckZaYZXdchX^cX^V0
:mVbZ cZjgda\^Xd/ igZbdg! Y^hidc^Vh! VaiZgVd Yd
comportamento;
:mVbZd[iVabda\^Xd/[jcYdhXde^V!VaiZgVZheje^aV-
res, movimentos extraoculares;
8Vk^YVYZWjXVa/egZhZcVYZaZhZhXdggdh^kVh!]{a^-
to, grau de hidratação;
EZaZ/Zg^iZbV!X^VcdhZ!fjZ^bVYjgVh!h^cV^hkZ\ZiVi^kdh0
DYdgZhIVWZaV'#
606
J78;B7'¸IÐD:HEC;IJÔN?9EI97H79J;HÐIJ?9EI
I_dW_i[I_djecWi
IdZhec[ 9WkiWi
I_dW_iL_jW_i SNC Ekjhei
Anti-histamínicos, anti-
Taquicardia, arritmias, Hiposecreção das
Midríase, agitação, delírio, depressivos tricíclicos,
hipo/hipertensão, glândulas exócrinas,
7dj_Yeb_dh]_Ye alucinações, alterações escopolamina,
insuficiência respiratória, hipoperistalse, sede,
visuais, coma, convulsões Alcalóides da beladona,
hipertermia flushing, retenção urinária
alguns cogumelos.
Hipersecreção das
Miose, fraqueza ou gândulas exócrinas, Insecticidas com
Taquicardia ou paralisia, depressão polaquiúria, náuseas, organofosforados e
9eb_dh]_Ye
bradicardia, taquipneia neurológica, convulsões, vómitos, diarreia, carbamato, alguns
coma broncospasmo, cogumelos, tabaco.
fasciculações
Trémulo, rigidez,
Metoclopramida,
;njhW#f_hWc_ZWb opistótono, torcícolo, Disfonia
fenotiazinas, haloperidol
crises oculogíricas
Taquicardia, hiperpneia, Salicilatos, alguns fenóis,
>_f[hc[jWXb_Ye Agitação, convulsões Acidose metabólica
febre herbicidas
Miose, depressão do
Bradicardia, hipotensão, Todos os opiáceos,
Ef_|Y[e%dWhYj_Ye SNC, hiporeflexia, coma, Obstipação
hipoventilação, hipotermia heroína, propoxifeno
convulsões
Anfetaminas, fenciclidina,
Taquicardia, arritmias, Midríase, excitação,delírio, cocaína, crack,
Vómitos, dor abdominal,
I_cfWj_Yec_cj_Ye hipertensão, taquipneia, psicose, tremor, metilfenidato, efedrina,
hipersudorese
hipertermia convulsões teofilina, cafeína,
fenilpropanolamina
Intoxicações
607
J78;B7(¸E:EH;I97H79J;HÐIJ?9EI:;7B=KDIJÔN?9EI
EZeh Jen_dW
Acetona AAS, clorofórmio, metanol
Amêndoas amargas Cianeto
Ovos podres Dissulfiram
Alho Arsénio, organofosforados
3. Abordagem e tratamento
Monitorização cardiorespiratória (FC, FR, TA, SatO2, Tem-
peratura);
Suporte respiratório:
- Assegurar permeabilidade da via aérea (aspiração de
secreções, tubo de Guedel;…);
- Administração de oxigénio;
- Se indicado intubação e ventilação mecânica (UCIP).
Suporte hemodinâmico:
Intoxicações
Suporte neurológico:
- Se convulsões: Diazepam rectal (2,5 mg se idade <1
Vcd!*b\hZ&V(Vcdh!&%b\hZ3)Vcdh0
- Se coma ou alteração do estado de consciência:
BVciZgk#VgZVa^kgZ!XdadXVgHC<0
7ajhYZ\a^XdhZV&%*"&%ba$@\$YdhZhZ]^ed\a^XZ-
mia (suspeitar de intoxicação por álcoois, salicilatos,
paracetamol, isoniazida, antidiabéticos orais), poste-
riormente manter aporte de glicose de 4-8 mg/Kg/min;
CVadmdcV %!& b\$@\ YdhZ Zk! YdhZ b{m^bV/ ' b\$
dose podendo-se repetir a cada 2 minutos numa
dose máxima cumulativa de 8-10 mg) na suspeita de
intoxicação por opiáceos, (coma, letargia, miose ou
bradipneia);
;ajbVoZc^a%!%&b\$@\ZkYdhZb{m/%!'b\!hZcZ-
cessário repetir(0,005 mg/Kg), em caso de suspeita
de intoxicação por benzodiazepinas (BDZ) e na au-
sência de contraindicações (ingestão de tóxicos epi-
leptógenos, epilepsia prévia ou dependência grave
de BDZ). Duração de acção inferior a 1 hora podendo
haver recorrência dos sintomas. (Dose cumulativa
máx: 0,05 mg/Kg ou 1 mg)
Em todos os casos deve ser contactado o Centro de Infor-
mação Antivenenos CIAV do INEMJ[b[\$.&.(+&'*) para
discussão do plano terapêutico e de vigilância.
Indicações: Não deve ser usada por rotina dado que a sua
eficácia é questionável e está associada a complicações
importantes. Deve apenas ser usada nas crianças mais
velhas e em situações seleccionadas:
– se o doente ingeriu uma quantidade de fármaco que
acarrete risco de vida e preferencialmente nos pri-
meiros 60 minutos após a ingestão;
– intoxicação de gravidade moderada em que esteja
contra-indicado o carvão activado.
Contra-indicações: Alteração do nível de consciência, coma
Intoxicações
Intoxicações
613
INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Mafalda Nunes Sampaio, Rute Israel Salgado Moura,
Susana Maria do Paço Lima, Irene Pinto de Carvalho
GK7:HE'¸7:C?D?IJH7w´E:;97HL´E79J?L7:E
?ZWZ[ :ei[
0,5-1 g/kg
Intoxicações
2'Wde
(dose máxima 10-25 g)
0,5-1 g/kg
'#'*Wdei
(dose máxima 25-50 g)
7Zeb[iY[dj[i%7Zkbjei 25-100 g
615
:ei[ih[f[j_ZWi0 cada 2-6 horas, na dose 0,25-0,5 g/kg
:_bk_e0 25 g em cada 200 ml de água
Antidepressivos tricíclicos
:ei[jn_YW0 10 mg/kg (letal: 30 mg/kg)
9bd_YW0
>cX^d)"-]dgVhVeh^c\Zhid#
H^cYgdbV Vci^Xda^cg\^Xd/ iVfj^XVgY^V! b^YgVhZ! hZ-
cura das mucosas, rubor, retenção urinária, agitação,
hipertensão arterial que evolui para hipotensão, delí-
rio, alucinações, coma e convulsões.
:[Z^idh XVgY^dkVhXjaVgZh/ ^ciZgkVad FGH 3&%% bhZ\
(intoxicação grave), bradi ou taquicardia, arritmias
ventriculares, bloqueios e diminuição progressiva da
contractilidade/choque.
:[Z^idhcZjgda\^Xdh/B^dXadc^Vh!igZbdgZh!aZiVg\^V!
coma e convulsões.
JhWjWc[dje0
1. Lavagem gástrica e carvão activado até 12h após in-
gestão (Quadro 1)
2. Catárticos (alternativa ao carvão activado, não reco-
mendada associação com este)
Hja[VidYZbV\ch^ddjhY^dV&%/'*%b\$`\
3. Tratar a hipotensão arterial com expansão da volémia:
bólus de soro fisiológico 20 ml/kg (primeiras 1-2h).
4. Obter ECG seriados: pelo menos 3 nas primeiras 8 horas
5. Tratamento de arritmias:
8dciVXiVg8VgY^dad\^VEZY^{ig^XV#
616 &#¦a^c]VeVgVZk^iVgZigViVgVgg^ib^Vh/bVciZge=
sanguíneo entre 7,40-7,50 através da administra-
ção de bicarbonato de sódio:
I. Bólus de 1-2 mEq/kg durante monitorização car-
díaca contínua
6. Em caso de sinais de instabilidade hemodinâmica,
com presença de arritmias, depressão cardíaca, hi-
potensão arterial refractária, ponderar transferên-
cia para Unidade de Cuidados Intensivos
7. Na presença de convulsões administrar benzodiaze-
pinas (ex. diazepam)
8. Monitorização de electrólitos (bicarbonato pode pro-
vocar hipocaliemia) e equilibrio ácido-base até ser
atingida correcção.
9. O doente deve permanecer sob vigilância pelo menos
6 horas e, em casos de instabilidade hemodinâmica,
apenas deve ter alta 24 a 36 horas após e na ausência
de arritmias.
Antihistamínicos
:ei[jn_YW0 quatro vezes a dose terapêutica máxima diária.
9b_d_YW0
>cidm^XVdaZkZ/YZegZhhdHC8·hdcdacX^V!ViVm^V#
>cidm^XVd\gVkZ/Zhi^bjaVdHC8·]^eZgZmX^iVW^a^-
dade, tremores, alucinações, convulsões.
6gg^ib^Vh \gVkZh Xdb iZg[ZcVY^cV Z VhiZb^oda/ VaVg-
gamento QT, torsade de pointes
JhWjWc[dje0
1. Lavagem gástrica com administração de carvão acti-
vado (Quadro 1).
2. Se ingestão maciça ponderar lavagem intestinal total:
Intoxicações
Benzodiazepinas
:ei[Jn_YW0superior a 5 vezes a dose terapêutica.
9bd_YW
Neurológica: predominantes; confusão, agitação ou le-
targia, sonolência, disartria, ataxia, alucinações, coma.
Intoxicações graves: bradicardia, hipotensão, depres-
618
são respiratória
JhWjWc[dje
almente transitória).
Digitálicos 619
Dl[_i jn_Yei0 3'"'!* c\$ba (!* Zb GC YZ iZgbd Z eg"
-termo)
9b_d_YW0
?djen_YWeb[l[0 anorexia, extrassístoles, bradicardia
?djen_YWe ceZ[hWZW0 náuseas, vómitos, cefaleias,
extrassístoles (mais frequente – bigeminismo)
?djen_YWe ]hWl[0 qualquer tipo de arritmia pode
ocorrer (RN e criança pequena o mais frequente são
os distúrbios condução AV. Em crianças maiores são
os ritmos ectópicos)
JhWjWc[dje0
1. Suspender digoxina.
2. Carvão activado (Quadro 1). Administrar doses repe-
tidas a cada 4 horas, especialmente se intoxicação
por digoxina. A lavagem gástrica deve ser cuidadosa
por risco de hipertonia vagal, e os eméticos são desa-
conselhados
3. Avaliação por Cardiologia Pediátrica
4. Obter ECG e efectuar monitorização cardíaca.
5. Obter níveis plasmáticos (fiáveis a partir das 8 horas
após ingestão)
6. Avaliação de electrólitos (ionograma, cálcio e mag-
nésio) e equilíbrio ácido-base. Avaliações seriadas
no caso de haver alterações, até correcção das mes-
mas.
=^edXVa^Zb^V/ eZg[jhd YZ %!( b:f$`\$] YZ ed-
tássio (20-40 mEq/L de potássio, máximo 40-60
mEq/L; evitar no Bloqueio aurículo-ventricular).
=^eZgXVa^Zb^V/
I. 0,5 a 1 g/kg de glicose com perfusão concomitante
de insulina na razão de 1 unidade de insulina regu-
lar para cada 3 g de glicose
II. bicarbonato de sódio 1-2 mEq/kg ev, em 5-10 minu-
620 tos
7. Fragmentos Fab de anticorpo antidigitálico (contac-
tar Cardiologia Pediátrica)
Indicações:
I. Ingestão de quantidade excessiva (mais de 4 mg
ou mais de 0,3 mg/kg)
II. Níveis plasmáticos superiores a 5 ng/mL
III. Instabilidade hemodinâmica, arritmia cardíaca
grave ou alterações graves da condução.
IV#=^eZgXVa^Zb^V3+b:f$A
V. Sinais e sintomas de intoxicação digitálica rapi-
damente progressiva.
6Yb^c^higVd^k#Zb(%b^c
G^hXdWV^mdYZVcVÃaVm^V
8dcigdad YV gZhedhiV Xac^Xd! dXdggZcYd Zb (%
min a 3 horas
EdhhkZaV\gVkVbZcidYV[jcdXVgYVXVYZWVhZ
(ponderar inotrópicos)
8. Ponderar transferência para Unidade de Cuidados
Intensivos se:
7gVY^XVgY^VhjhiZciVYV/Vigde^cV
:migVhhhidaZh Xdb gZeZgXjhhd ]ZbdY^c}b^XV/
lidocaína ou difenilhidantoína
7adfjZ^d 6K XdbeaZid/ eVXZbV`Zg XdcigV"^cY^XV-
do: procainamida, propanolol, isoproterenol, diso-
pramida)
Ferro
:ei[ jn_YW0 ;Zggd ZaZbZciVg 3+% b\$`\# EdYZb hjg\^g
sintomas gastrointestinais a partir de 15-30 mg/kg
(% Ferro elementar: sulfato ferroso 20%, fumarato ferroso
32%, gluconato ferroso 10%, hidróxido ferroso 20-50%)
Intoxicações
9bd_YW0
<Wi[?(30 min-6h)
HC8/ZcXZ[VadeVi^V!XdbV 621
8VgY^dkVhXjaVgZh/]^ediZchd
<Vhigd^ciZhi^cV^h/ c{jhZVh! kb^idh! Y^VggZ^V! VWYd-
minalgias, hemorragia digestiva
BZiVWa^Xdh/]^eZg\a^XZb^V!VX^YdhZbZiVWa^XV
<Wi[??(6h-12h) Melhoria dos sintomas
<Wi[??? (6h-48h) Toxicidade sistémica
8]dfjZ$9^h[jcdbjai^dg\}c^XV&']")-]
HC8/XdbV!XdckjahZh
=Ze{i^Xdh/^chjÃX^cX^V]Ze{i^XV!XdV\jadeVi^V
BZiVWa^Xdh/]^ed\a^XZb^V!VX^YdhZbZiVWa^XV
<Wi[?L (4-6 semanas) Estenose(s) do tubo digestivo
JhWjWc[dje0
Se vómitos, diarreia, hemorragia digestiva, hipotensão,
XdbV![Zggdhg^Xd3(*%¥\$YAdjVX^YdhZbZiVWa^XV/
1. Lavagem gástrica (o carvão activado não é quelante
do ferro)
2. Desferroxamina EV em perfusão até resolução de
sintomas e das alterações analíticas
3. Fluidoterapia EV
L_]_b~dY_W0
1. Assintomáticos e ingestão <30 mg/kg: vigilância du-
rante 6 horas
'#>c\Zhid3(%b\$`\/^ciZgcVbZcid
Bdc^idg^oVdaVWdgVidg^Va/]Zbd\gVbV!^dcd\gVbV!
ureia, creatinina, AST, ALT, ferro sérico (às 4h, 6h e 8h)
I^eV\ZbhVc\jcZV\gjed67D$G]
BVciZg k^\^a}cX^V Vi ') ]dgVh Veh gZhdajd YZ
sintomas
GZVkVa^VdXac^XVVeh)"+hZbVcVheVgVZmXaj-
são de alterações da função hepática e estenose(s)
do tubo digestivo
622
Ibuprofeno
:ei[jn_YW03&%%b\$`\
9bd_YW0
Sintomas surgem 4 horas após ingestão e resolvem em 24
horas
HC8/idcijgVh!egdhigVd!ViVm^V!XZ[VaZ^Vh!VaiZgVZh
visuais, convulsões, coma (raro)
8VgY^dkVhXjaVgZh/]^ediZchd!WgVY^XVgY^V
GZcV^h/>G6!VX^YdhZbZiVWa^XVXdbanion gap
<Vhigd^ciZhi^cV^h/ c{jhZVh! kb^idh! Ze^\VhigVa\^Vh!
insuficiência hepática
JhWjWc[dje0
1. Ingestão <100 mg/kg: hidratação oral
'#>c\Zhid3&%%b\$`\/aVkV\Zb\{hig^XV XVgkdVXi^-
vado (Quadro 1), até 4 horas após ingestão
3. Se convulsões, administrar diazepam
L_]_b~dY_W0
1. Assintomáticos e ingestão <100 mg/kg: vigilância du-
rante 4 horas
'#H^cidb{i^Xdhdj^c\Zhid3&%%b\$`\/k^\^a}cX^VYj-
rante 24 horas
Bdc^idg^oVd aVWdgVidg^Va/ jgZ^V! XgZVi^c^cV Z ^d-
nograma séricos; gasimetria arterial
JhWjWc[dje0
1. Lavagem gástrica + Carvão activado (Quadro 1)
2. Se arritmia ou hipotensão refractária à volemização
administrar bicarbonato de sódio (1.ª linha), atenolol
ou propranolol (2.ª linha)
3. Se convulsões, administrar diazepam
L_]_b~dY_W0
K^\^a}cX^VYjgVciZ')]dgVh
Monitorização ECG contínua
Metoclopramida
9bd_YW0
Reacção distónica aguda
JhWjWc[dje¸7djZeje0
7^eZg^YZcd :K aZcid 1& Vcd/ & b\$YdhZ0 & V + Vcdh/
' b\$YdhZ0 + V &% Vcdh/ ( b\$YdhZ0 3&% Vcdh/ ( V *
mg/dose). Até desaparecimento de sintomas extra-
piramidais. Pode repetir-se a dose após 30 minutos.
L_]_b~dY_W0
Até resolução dos sintomas
Paracetamol
:ei[Jn_YW03&*%b\$`\0-"&%\cdVYdaZhXZciZ#
624 Toxicidade: fundamentalmente hepática; risco au-
menta substancialmente para ingestão superior a
200 mg/kg.
Factores de Susceptibilidade (influenciam a probabi-
lidade de hepatotoxicidade):
I. Malnutrição crónica
II. Fármacos indutores do Citocromo P450 (Carbama-
zepina, Dexametasona, Doxorrubicina, Etanol, Iso-
niazida, Fenobarbital, Rifampicina)
III. Jejumprolongado
IV. Diabetes Mellitus
V. Infecção viral concomitante
VI. Antecedentes familiares de reacção hepatotóxica
ao paracetamol
VII.Obesidade.
9bd_YW0
<Wi[?(0-24 horas): Mal-estar, anorexia, vómitos, dia-
forese
<Wi[??(24-48 horas): Hepatomegalia, dor no hipocon-
drio direito, oligúria
AVWdgVig^d/ ]^eZgW^a^ggjW^cZb^V! [jcd ]Ze{i^XV
alterada, aumento do tempo de protrombina
EdhhkZabZa]dg^Vh^cidb{i^XVYZ9&"9)
<Wi[???(2 a 5 dias): Encefalopatia, miocardiopatia, ano-
rexia, vómitos
>chjÃX^cX^VZcZXgdhZ]Ze{i^XV
=^ed\a^XZb^V
8dV\jadeVi^V
>chjÃX^cX^VgZcVa
<Wi[?L(7 a 8 dias): Recuperação ou Insuficiência He-
pática Fatal.
7XehZW][c0
1. Colheitas: Ionograma sérico. creatinina. função hepá-
Intoxicações
2 000
200
1 000
100 Je 600
n_Y
_ZW Jen_Y_ZWZ[^[f|j_YW 400
50 Z[ 300
^[ fhel|l[b
fá 200
j_Y
Wf
ei 100
il
10 [b
60
5 40
20
10
0 4 8 12 16 20 24
Horas após a ingestão
FIGURA'¸Dehce]hWcWZ[HkcWYa#CWj^[mfWhW_djen_YWefehfWhWY[jWceb
(Adaptado de Uptodate 2008, acetominophen poisoning)
Salicilatos
:ei[jn_YW03&*%b\$`\
Intoxicações
9bd_YW0
BVc^[ZhiVZh \ZgV^h/ [ZWgZ! hjdgZh! c{jhZVh! kb^-
tos, hiperventilação, tinnitus, letargia, coma, altera- 627
ções electrolíticas (hiponatremia, hipocaliemia), aci-
dose metabólica (láctica e cetoacidose), hiperglicemia,
insuficiência renal e coagulopatia.
?d][ije'+&#)&&c]%a]0 sintomas ligeiros (distúrbio
GI ligeiro, taquipneia, tinnitus) Nível sérico de salicila-
tos 30-50 mg/dl
?d][ije)&&#+&&c]%a]0 toxicidade moderada (febre,
diaforese). Nível sérico de salicilatos 50-100 mg/dl
?d][ije 4+&& c]%a]0 toxicidade grave (convulsões
coma, disartria, edema pulmonar, paragem cardior-
gZhe^gVig^V#CkZahg^XdhVa^X^aVidh3&%%c\$Ya
JhWjWc[dje0
1. Ponderar lavagem gástrica e utilização de carvão ac-
tivado até 4-6 horas após ingestão. Utilizar múltiplas
doses de carvão activado mesmo quando a ingestão
for superior a 6 horas e o nível plasmático de salicila-
tos continue a aumentar 6 horas após a ingestão.
2. Nível sanguíneo de salicilato às 4h após ingestão.
Repetir a cada 3 horas até níveis normais. Se níveis
normais repetir após 6-12 horas quando tiver havido
ingestão de fórmulas de libertação prolongada. (ver
figura 2 – Normograma de Done)
3. Fluidoterapia ev para tratar a desidratação, man-
tendo diurese acima de 2 ml/kg/h. Se hipocaliemia
(que impede a alcalinização da urina) adicionar 20-40
mEq/L de potássio (máximo 40-60 mEq/L).
4. Alcalinização da urina em caso de intoxicação sinto-
mática, moderada ou grave:
<a^XdhZV*Xdb*%"&%%b:f$AW^XVgWdcVidYZh-
dio (Dose máxima: 100-150 mEq/L).
CdXVhdYZZm^hi^gVX^YdhZ\gVkZedYZ"hZVYb^c^h-
trar bólus adicionais de bicarbonato de sódio: 1-2
mEq/kg em 1 hora
K^\^Vg]^edXVa^Zb^V
5. Utilizar doses repetidas de carvão activado e alcalini-
zação da urina até resolução dos sintomas e nível de
628 salicilatos inferior a 30-40 mg/dl.
6. Indicações para hemodiálise:
>c\Zhid YZ YdhZh ZaZkVYVh hVa^X^aVid hVc\jcZd
3&%%b\$ba0
[jcdgZcVaXdbegdbZi^YV0
VX^YdhZ dj Y^higW^dh ZaZXigdai^Xdh fjZ cd gZh-
pondem ao tratamento;
XdckjahZh!XdbVZYZiZg^dgVdegd\gZhh^kVVeZ-
sar de tratamento.
7. Monitorização de electrólitos séricos, gasimetria ar-
terial, glicemia, calcemia, fosfatemia, magnesemia e
função renal de 2 em 2 horas quando existe intoxica-
ção grave, até que diminuam os valores de salicilado
e haja resolução dos desequilíbrios. Nas outras si-
tuações, monitorizar a cada 12 horas.
8. Hemograma, função hepática e estudo da coagulação
(TP e TTPA), em casos de intoxicação moderada-grave.
160
140
120
100
90 Grave
Valor sérico salicilato (mg/dL)
80
70 Moderada
60
50
Leve
40
30
Intoxicações
20 Asintomática
629
10
0 6 12 24 36 48 60
Horas
FIGURA(¸Dehce]hWcWZ[:ed[fWhW_djen_YWefehiWb_Y_bWjei (Adaptado de
“Manual de Intoxicaciones en Pediatria”, 2ª edición, Grupo de Trabajo de Intoxiaciones
de la Sociedad Espanola de Urgências de Pediatría, 2008 Ergon
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8. Alan K. Done; Salicylate Intoxication: Significance of Measurements of Salicylate
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630
INTOXICAÇÕES NÃO MEDICAMENTOSAS
Sónia Fernandes, Ruben Rocha, Marta Grilo, Irene Pinto Carvalho
Introdução
A intoxicação é o conjunto de sinais e sintomas provocados
por um tóxico, substância química capaz de produzir a morte
ou outros efeitos prejudiciais. A via oral é a via de exposi-
ção mais habitual e a intoxicação por produtos domésticos a
mais frequente, depois da intoxicação por paracetamol. Um
grande número de acidentes ocorre pela ingestão de produ-
tos que não estão no seu recipiente original. Em caso de into-
xicação, deverá ser contactado o Centro de Informação Anti-
venenos (CIAV) do INEM através do telefone 808 250 143.
Hidrocarbonetos 631
Hidrocarbonetos halogenados:
anilina, benzeno, tetraclorhidro de carbono, cloreto de
metileno
FheZkjei0 dissolventes de tintas, insecticidas, tintas
de impressão.
CWd_\[ijW[i0 Toxicidade hepática, depressão do sis-
tema nervoso central, metahemoglobinemia (cianose
resistente à oxigenioterapia, taquipneia, acidose me-
tabólica).
Derivados do Petróleo:
querosene, aguarrás.
Álcoois
Metanol
FheZkjei0 tintas, solventes, vernizes, anticongelantes, be-
bidas alcoólicas de proveniência ilícita.
Etilenoglicol
FheZkjei0 diluentes e anticongelantes.
Isopropanol
FheZkjei0 lacas, after-shave, limpa-cristais, dissolventes e
anticongelantes.
Etanol
FheZkje0 bebidas alcoólicas, colutórios, perfumes.
CWd_\[ijW[i0ZbYdhZhim^XVh("*\$`\VaXddaZb^V3&%%
mg/dl): náuseas, vómitos, ataxia, incoordenação motora,
hipotermia, coma, insuficiência respiratória.
:_W]dij_Ye0\VhdbZig^VkZcdhV8D=W3V*!VX^YdhZbZ-
tabólica, hipocapnia e níveis normais pO2; pode ocorrer leu-
cocitose e aumento dos enzimas musculares, análise de urina
Intoxicações
635
JhWjWc[dje0 O2 a 100%, por máscara ou TET, até normaliza-
ção dos níveis de COHb (monitorização de níveis de 2 em 2 ho-
ras); bicarbonato se acidose metabólica grave com pH <7,1.
Oxigénio hiperbárico (a 100% e com 2-3 atmosferas de pres-
são) reduz a vida média da COHb para 20-30 minutos. Não
existe evidência científica que o seu uso reduza a mortalida-
de e as sequelas neurológicas. Este tratamento é determi-
nado pela possibilidade de acesso à câmara hiperbárica:
8g^VcVhVhh^cidb{i^XVhXdbckZ^hYZ8D=W3'*!
9dZciZh h^cidb{i^Xdh/ XdbV! ^hfjZb^V Yd b^dX{gY^d
ou arritmias.
CWd_\[ijW[i0
Muscarínicas (inicias): miose, visão turva, lacrimejo,
rinorreia, estridor hipersecreção brônquica, tosse,
broncoespasmo, bradicardia, bloqueio aurículo-ven-
tricular, hipotensão, sialorreia, náuseas, vómitos,
diarreia, dor abdominal, hipersudorese.
nicotínicas (tardias): midríase, prostração, fascicula-
ções, fraqueza muscular, taquicardia e hipertensão.
efeitos sobre o SNC: ansiedade, insónia, ataxia, con-
vulsões, depressão do centro respiratório e coma.
EdYZ dXdggZg V^cYV ]^eZg\a^XZb^V! XZidVX^YdhZ bZ-
tabólica, leucocitose e hipocalcemia. A morte ocorre
sobretudo devido a depressão respiratória e hiperse-
creção brônquica.
solução clínica.
Organoclorados 637
GK7:HE'¸7:C?D?IJH7w´E:;CARVÃO ACTIVADO
Idade Dose
0,5-1 g/kg
<1 ano
(dose máxima 10-25 g)
0,5-1 g/kg
1-14 anos
(dose máxima 25-50 g)
Adolescentes/Adultos 25-100 g
Doses repetidas: cada 2-6 horas, na dose 0,25-0,5 g/kg
Diluição: 25 g em cada 200 ml de água
Rodenticidas
FheZkjei0 anti-vitamina K.
Cocaína
branca, gulosa…
CWd_\[ijW[i0
AZkZh V bdYZgVYVh/ ]^eZgiZchd! iVfj^XVgY^V! ]^eZg-
termia, sudorese, cãibras, confusão, alucinações tác-
teis, delírios paranóides.
<gVkZh/]^ediZchd!Vgg^ib^Vh!:6EZYZbVV\jYdYd
pulmão), hipertermia maligna, coma.
8dbea^XVZh/ XVgY^deVi^V ^hfjb^XV! 6K8! ^hfjZb^V
intestinal, rabdomiólise e morte súbita.
Anfetaminas
Cannabis
Alucinogénios
'#¦]dgV/Z[Z^idheh^XVYa^Xdh/
Bad trip: estado de pânico ou distúrbio psicótico que
dura 24 horas.
Flashbacks: recorrências espontâneas de fase psíquica. 641
Drogas sintéticas
CWd_\[ijW[i0
Efeitos pretendidos: euforia, aumento da empatia, da ener-
gia física e emocional, alterações visuais e tácteis.
Intoxicação: efeitos simpáticos e neuropsiquiátricos (an-
siedade, agitação, pânico, psicoses, insónia), hipertermia
maligna, rabdomiólise, convulsões, arritmias, hemorra-
gias cerebrais, EAP, SIADH.
643
Bibliografia
1. Bedoya Pérez R, Andrés Martín A, Fijo López-Viota J, Sánchez Moreno A, Luna
Lagares S,Gómez de Terreros Sánchez I et al. Estudio epidemiológico de las
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11. Bontempo LJ. Rhabdomyolysis. In: Rosen P, ed. Emergency Medicine: Concepts
and Clinical Practice. 5th ed. St Louis, Mo: Mosby; 2002.
644
INGESTÃO DE CÁUSTICOS
Amil Dias, Eunice Trindade
1. Introdução
A lesão causada pelos agentes cáusticos é determinada
pela Yecfei_e gkc_YW Ze fheZkje em questão (figura
1). Assim, é essencial a caracterização correcta do produto
ingerido e o contacto com o 9[djheZ[?djen_YW[i.
3. Atitude terapêutica
Na admissão, mesmo antes de contactar o Gastrenterolo-
gista de serviço, efectuar tratamento de acordo com proto-
colo da Secção de Gastroenterologia Pediátrica:
646 YZmVbZiVhdcV!%#,*"&b\$`\$Y^V!'m$Y^V!Zk
Vbe^X^a^cV!&%%b\$`\$Y^V!Zk
gVc^i^Y^cV!&b\$`\$YdhZ(m$Y^V!Zk
Nota: se o doente vier transferido, na altura do contacto te-
lefónico, sugerir que faça esta terapêutica ainda no local
de origem.
Na data da alta, todas as crianças com lesão esofágica do-
cumentada endoscopicamente, devem levar marcação de
consulta de Gastrenterologia Pediátrica (4 semanas).
3. Fases da lesão esofágica
D1-D3 – necrose com saponificação e trombose vascular e
reacção inflamatória intensa;
D3-D5 – Ulceração;
D6-D14 – fenómenos de cicatrização; edema inflamatório e
formação de tecido de granulação;
D15....D45 – Cicatrização instalada. Estenose esofágica (tan-
to mais precoce quanto maior a gravidade da lesão).
Intoxicações
647
?d][ijeZ[Y|kij_Ye
Não
Estabilidade hemodinâmica? ABC
VCIP?
Sim
EVjhVVa^bZciVg
6 be^X^a^cV&%%b\$`\$YZk
9ZmVbZiVhdcV%!-b\$`\$Y^VZk
GVc^i^Y^cV&b\$`Y$YdhZ(m$Y^V
Sim
Queimadura da face/olhos? Oftalmologia
Não
ORL
Não
Lesões? H IDEiZgVeji^XV
6 AI6
648
Bibliografia
1. Gryboski JD. Traumatic injury. In: W Alan Wlaker et al. eds. Pedriatric
Gastrointestinalm Disease. Pathophysiology. Diagnosis. Management. 3 th edition.
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5. Isolauri J, Markkula H, Lye ingestion and carcinoma of the esophagus. Acta Chir
Scand. 1989;155(4-5):269-71.
Intoxicações
649
OUTROS
LACTENTE COM CHORO
E IRRITABILIDADE
Daniel Gonçalves, João Luís Barreira, Artur Bonito-Vitor
Introdução
O choro é um dos meios mais importantes de comunica-
ção entre os lactentes e os seus pais ou outros cuidado-
res. Trata-se de um sinal primário para demonstrar fome,
sede, excesso de agasalho, roupas apertadas, fralda suja,
necessidade de atenção, irritação, desconforto ou dor. Ape-
nas quando a causa do choro não é identificada pelos cui-
dadores, ou quando o choro é mais prolongado do que o
habitual, é que é procurada a assistência dos profissionais
de saúde.
Também a irritabilidade é um motivo frequente de consulta
no primeiro ano de vida, com um pico de distribuição geral-
mente às seis semanas de vida. Devido ao facto da criança
não conseguir localizar as queixas, estes sinais podem in-
dicar um espectro de doenças, desde situações benignas,
como as cólicas do lactente, até ameaçadoras da vida, como
as infecções do Sistema Nervoso Central.
Se a criança não apresentar qualquer causa orgânica que
justifique o choro excessivo e a irritabilidade, e apresentar-
Outros
654
J78;B7'¸DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE LACTENTE COM CHORO
E IRRITABILIDADE
F[b[ Fralda muito apertada
Fecho da fralda em contacto com a pele
Celulite perianal
Dermatites pruriginosas/irritativas (incluindo área da fralda)
Mordedura de insecto
Torniquete de cabelo num dedo ou no pénis
Eb^ei Corpo estranho
Abrasão da córnea
Glaucoma
ORL Corpo estranho
Erupção dentária
Otite média
Congestão nasal
Odinofagia (herpangina)
9WhZ_elWiYkbWh Taquicardia supraventricular
Insuficiência cardíaca congestiva
Origem anómala da artéria coronária esquerda
=Wijhe# Invaginação
_dj[ij_dWb Obstipação
Gastroenterite
Fissuras anais
Hérnia inguinal
Refluxo gastro-esofágico e esofagite
Vólvulo
Apendicite
=[d_je#kh_d|h_W Infecção do trato urinário
Obstrução do tracto urinário
Retenção urinária
Balanite
Úlcera do meato
Torção testicular ou torção ovárica
;igk[b[je Fractura
Osteomielite/Osteocondrite
SNC Hematoma sub-dural
Meningite, encefalite
Hidrocefalia aguda
Síndrome de abstinência neonatal
Outros
656
Bibliografia
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Database Syst Rev. 2005;(4):CD004382
7. Simon H. Crying child. eMedicine. Aug 9, 2007
Outros
657
A.L.T.E.
Isabel Loureiro, Teresa Vaz, Maria Manuel Campos, Elisa Leão Teles,
Susana Pissarra
1. Introdução
ALTE (apparent life threatninig event) define-se como um evento
súbito que assusta o observador, que aparentemente coloca
em risco a vida da criança, caracterizado pela ocorrência, de
forma isolada ou em combinação, de diferentes fenómenos,
nomeadamente, apneia, alterações da coloração cutânea ou
YdicjhbjhXjaVg![ZcbZcdhYZ¹Zc\Vh\VbZcidºZ$dj¹hj-
focação”. Pode ocorrer durante o sono, a vigília ou a refeição.
Na maioria dos casos este evento ocorre nos primeiros me-
ses de vida, tem curta duração e resolve-se espontaneamen-
te. O ALTE é uma apresentação clínica e não um diagnóstico,
requerendo uma avaliação sistemática e cuidadosa.
2. Diagnóstico
À admissão no SU, após uma avaliação inicial sumária e
confirmando-se o episódio de ALTE deve ser colhido nos
primeiros momentos o estudo inicial (Tabela 1). Uma histó-
Outros
TABELA 2
Exames de 2.ª linha
Virulógico
Secreções
PCR para B. pertussis
Contagem diferencial de células, Doseamento de proteínas
e glicose,
LCR
Cultura
LCR para congelar
Pesquisa de tóxicos
Avaliação por Cardiologia
TABELA 3
CAUSAS GASTRENTEROLÓGICAS CAUSAS NEUROLÓGICAS
Refluxo gastro-esofágico Infecções (meningite, encefalite)
Infecções (Gastroenterite) Convulsões
Vólvulo gástrico Traumatismos
Invaginação Hemorragia SNC
Hérnia do hiato Reflexo vasovagal
Anel vascular Malformações
CAUSAS RESPIRATÓRIAS Doenças degenerativas
Infecções (Bronquiolite, Tosse convulsa) Doenças neuromusculares
Malformações congénitas Tumores
Aspiração de vómito ou de corpo estranho CAUSAS CARDÍACAS
Apneia obstrutiva do sono Arritmias (Bloqueio AV,QT longo,WPW)
Síndrome de hipoventilação alveolar Cardiopatias congénitas
Laringotraqueomalácia Miopericardites
Paralisia das cordas vocais Anomalias das artérias coronárias
Pós-anestesia Alterações vasculares pulmonares
97KI7I;D:Ô9H?D7I%C;J78ÔB?97I Tumores
Hipo/hiperglicemia Desequilíbrios hidroeletrolíticos
Outros
4. Algoritmo
Ikif[_jWZ[7BJ;
7fiWlWb_Weh|f_ZW
HD estável Enfermaria
Hx clínica e EO completo +
Internamento
Estudo complementar inicial
HD instável OBS/UCIP
Hx clínica sugestiva
ou estudo inicial Estudo inicial Considerar
com alterações inconclusivo estudo 2.ª linha
Direccionar estudo
664
Bibliografia
1. Brand DA, Altman RL, Purtill K, Edwards KS. Yield of Diagnostic Testing in Infants
Who Have Had an Apparent Life-Threatening Event. Pediatrics 2005; 115(4): 885-93
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Arch Pediatr Adolesc Med 2003; 157: 1011-5
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Retinal Hemorrhages and Child Abuse in Children Who Present With an Apparent
Life-Threatening Event. Pediatrics 2002; 110: 557-62
&%#7gVcXdB!H^akV<!Da^kZ^gVB=#HdX^ZYVYZEdgij\jZhVYZCZdcVidad\^V#¹6AI:º
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http://www.spp.pt/UserFiles/File/Consensos_Nacionais_Neonatologia_2004/
ALTE_Periodo_Neonatal.pdf
Outros
665
ADENOMEGALIAS
Paulo Soares, Joana Rebelo, Teresa Campos, Ana Maria Maia, Nuno Farinha
Introdução
Definição e contextualização
GK7:HE?¸97KI7I:;7:;DEC;=7B?7;C9H?7Dw7I
Bactérias: Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes,
brucelose, Bartonella henselae, Francisella tularensis
Vírus: EBV, CMV, HIV, sarampo, rubéola
Micobactérias: M. tuberculosis, M. avium-intracellulare, M.
Infecciosas
scrofulaceum
Protozoários: toxoplasmose, malária
Fungos: histoplasmose, coccidiomicose, criptococose,
aspergilose
Linfoma/leucemia; histiocitose de células de Langerhans;
Doenças
neuroblastoma, rabdomiossarcoma, carcinoma naso-faríngeo,
Malignas
carcinoma da tiróide
Vacinações Diversas
Medicações Fenitoína e outras (ver quadro II)
Síndromes de Doença granulomatosa crónica
Imunodeficiência Défice de adesão dos leucócitos
Doenças do Doença de Gaucher
Armazenamento Doença de Niemann-Pick
Sarcoidose, Doença de Kawasaki, Doença de Kikuchi, Doença
Miscelânea
de Castleman, Rosai-Dorfman
GK7:HE???¸F?IJ7I;F?:;C?EBÔ=?97I
Exposição Possíveis diagnósticos
Gatos Doença do arranhão do gato, toxoplasmose
Carne mal cozinhada Toxoplasmose
Carne e produtos frescos de gado Brucelose
Mordedura de carraça Doença de Lyme, tularémia
Contacto com urina de animais
Leptospirose
infectados (cães, gatos, roedores)
Tuberculose Adenite tuberculosa
Transfusões sanguíneas ou transplantes CMV, VIH
Comportamento sexual de risco VIH, sífilis, HSV, CMV, hepatite B
Uso de drogas EV VIH, hepatite B, endocardite
Caçadores (contacto com carcaças
Tularémia
de animais infectados)
Pescadores e trabalhadores de
Erisipela
matadouros
Ingestão ou contacto com animais
Antrax
infectados, terrorismo
Tripanossomíase, febre tifóide, Kala-
Viagens recentes (dependendo da zona)
azar, praga bubónica, tifo, etc
mos atender a:
AdXVa^oVdadXVa^oVYVdjY^[jhV0
669
IVbVc]d hVa^ZciV"hZ d iVbVc]d Yd bV^dg \}c\a^d
palpável);
8VgVXiZghi^XVh Ydh \}c\a^dh VjbZciVYdh h^cV^h
inflamatórios, flutuação, aderência);
H^cV^h YZ YdZcV h^hib^XV [ZWgZ! ]ZeVid"ZheaZcd-
megalia, exantema, lesões das membranas mucosas,
sinais de hemorragia cutânea).
Abordagem e tratamento
De um modo geral, no que diz respeito às características
das adenomegalias:
DZg^iZbVXji}cZd!dXVadg!VYdg!ViZchd!VhZchVd
elástica, a flutuação ou a drenagem sugerem doença
inflamatória ou infecciosa. No quadro IV apresentam-
-se os agentes mais comuns de linfadenite cervical
segundo a idade de diagnóstico.
6h VYZcdbZ\Va^Vh YjgVh! Xgc^XVh! cd Za{hi^XVh!
muitas vezes indolores, com aderências superficiais
e ou profundas, sugerem doença maligna.
6egZhZcVYZVYZcdbZ\Va^Vh\ZcZgVa^oVYVhhj\ZgZV
presença de doença sistémica.
DVjbZcidegd\gZhh^kdYdiVbVc]d\Vc\a^dcVgh^\c^-
fica doença subjacente em evolução.
GK7:HE?L¸97KI7I:;B?D<7:;D?J;9;HL?97B?D<;99?EI7
Staphylococcus aureus
Recém Nascidos
Streptococcus do grupo B
Staphylococcus aureus
Lactentes Streptococcus do grupo B
Síndrome Kawasaki
Staphylococcus aureus
1-4 anos Streptococcus pyogenes
Micobactérias atípicas
Anaeróbios
Toxoplasmose
5-15 anos
Doença do arranhão do gato
Tuberculose
Seguimento
Na presença de adenomegalias localizadas inexplicadas,
deve ser colocada desde logo a questão acerca do risco de
malignidade. Os dados de forma mais consistentemente
referidos na literatura como associados a maior risco de
malignidade são: idade acima dos 10 anos; consistência
dura, aderentes, sem sinais inflamatórios; localização su-
pra-clavicular; manifestações sistémicas; telerradiografia
torácica anormal; tamanho do gânglio (não consensual);
início no período neonatal; crescimento rápido; ulceração
cutânea. O risco de malignidade é uma questão multifacto-
rial reconhecida por diversos autores.
Na ausência de risco de malignidade deve ser reavaliada a
situação em cerca de 3 semanas. Na reavaliação, mesmo
na ausência de sinais de malignidade, deve ser ponderada a
citologia aspirativa se a adenomegalia aumentou de tama-
nho em 15 dias, manteve o mesmo tamanho em 4-6 sema-
nas ou não voltou ao normal em 12 semanas. Na presença
de sinais sugestivos de malignidade a citologia aspirativa e
ou biópsia ganglionar deve ser considerada desde logo.
672
Bibliografia
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diagnostica em Pediatria. Lisboa: Lidel; 2003; 424-7
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Peripheral Nodes? Pediatrics 1982; 69:391-6
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11. Turkington et al. Neck masses in children. The British Journal of Radiology
2005;78:75-85 Outros
673
URTICÁRIA, ANGIOEDEMA E ANAFILAXIA
Sandra Rodrigues, Helena Ferreira Mansilha, Helena Falcão
1. Considerações gerais
Urticária
Erupção cutânea de início súbito caracterizada por pápulas
eritematosas circunscritas e pruriginosas, que desapare-
cem à digitopressão, e que regridem, espontaneamente ou
sob terapêutica, sem lesão residual num período nunca su-
perior a 24 horas. Com base na duração do ciclo das lesões
é classificada em urticária W]kZW ou Yhd_YW (evolução in-
ferior ou superior a 6 semanas, respectivamente). Entidade
benigna na maioria dos casos pediátricos, pode represen-
tar uma fase inicial de anafilaxia.
Angioedema
Edema muco-cutâneo, não pruriginoso, de predomínio
facial (pálpebras, lábios, língua), pavilhões auriculares,
extremidades e genitais, com distribuição assimétrica, po-
dendo persistir durante alguns dias. Acompanha cerca de
50% dos casos de urticária. Pode representar igualmente
uma fase inicial de anafilaxia.
Outros
Anafilaxia
Considera-se anafilaxia quando existe uma reacção sis-
témica grave na presença de pelo menos 1 dos 3 critérios 675
clínicos seguintes:
Início súbito (minutos a horas) com [dlebl_c[djeZWf[b[[%ekckYeiWi (ex.
pápulas generalizadas, prurido ou flushing, edema dos lábios, da língua ou da
úvula) [f[bec[deikc dos seguintes:
1 a. Compromisso respiratório (ex. dispneia, sibilância/ broncoespasmo, estridor,
diminuição do DEMI, hipoxémia)
b. Hipotensão ou sintomas associados de disfunção de órgão terminal (ex.
hipotonia – colapso – síncope, incontinência)
Ocorrência de (ekcW_iZeii[]k_dj[iWfi[nfei_eWkcWb[h]d_e
fhel|l[b para aquele doente (minutos a horas):
a. Sinais ou sintomas mucocutâneos (ex. pápulas generalizadas, exantema
pruriginoso, edema dos lábios, da língua ou da úvula)
b. Compromisso respiratório (ex. dispneia, sibilância/ broncoespasmo, estridor,
2
diminuição do DEMI, hipoxémia)
c. Hipotensão ou sintomas associados (ex. hipotonia – colapso – síncope,
incontinência)
d. Sintomas gastrointestinais persistentes (ex. dor abdominal em cólica,
vómitos)
>_fej[dieWfi[nfei_eWkcWb[h]d_eYed^[Y_Ze para aquele doente
(minutos a horas):
3
a. Lactentes e crianças: TA sistólica reduzida (específica para a idade) ou
diminuição da TA sistólica superior a 30%*
* TA sistólica diminuída para crianças é definida como inferior a 70 mmHg entre as
idades de 1 mês a 1 ano, menos do que 70 mmHg + [2x idade] dos 1 aos 10 anos, e
menor de 90 mmHg dos 11 aos 17 anos.
(Adaptado de: Sampson HA, et al. Second symposium on the definition and
management of anaphylaxis. J Allergy Clin Immunol 2006;117:391-7)
3. Diagnósticos diferenciais
:g^iZbVbjai^[dgbZ
KHJ?9ÍH?7% :g^iZbVb^\gVch9dZcVYZAnbZ
ANGIOEDEMA Jgi^X{g^Ve^\bZcidhV
B^mZYZbV
GZVXZhkVhd"kV\V^heVa^YZo!eZaZ[g^V!hjYdgZhZ!cdgbddj
hipertensão, fraqueza, náuseas)*
>cidm^XVdV\jYV
6c\^dZYZbV]ZgZY^i{g^d
EVidad\^VXVgY^dkVhXjaVgY^hgg^ib^V!ZbWda^V!igdbWdhZ
ANAFILAXIA
DjigVh[dgbVhYZX]dfjZ]Zbdgg{\^Xd!XVgY^d\c^Xd!hei^Xd
Djigdh/»;ajh]hcYgdbZh¼!hcYgdbZhZmXZhhdYZegdYjd
endógena de histamina, doenças não orgânicas (ansiedade
aguda, síndrome de hiperventilação), aspiração de corpo
estranho, distúrbios convulsivos
* A XhWZ_YWhZ_W é típica da reacção vaso-vagal, ao contrário da jWgk_YWhZ_W nas
reacções anafiláticas (no entanto esta pode estar ausente nos doentes com defeitos
da condução, com aumento do tónus vagal, sob medicação simpaticolítica).
Outros
677
678
4. Algoritmo de abordagem e tratamento
AvaliarL_W7h[W7"H[if_hWe8[9_hYkbWe9
>YZci^ÃXVgZgZbdkZg
alergénio se possível
Posição de Trendelemburg
EZY^gV_jYV
Outros
679
5. Prevenção
Medidas gerais
Medidas específicas
Técnicas de prevenção:
egdÃaVm^V [VgbVXda\^XV \a^XdXdgi^X^YZh Z Vci^"]^h-
tamínicos) na prevenção de reacções a produtos de
680
contraste;
YZhhZch^W^a^oVdeVgVVa^bZcidhZ[{gbVXdh
Zk^XdYZVaZg\c^dhdXjaidh
Xdc]ZX^bZcidYZgZVXZhXgjoVYVhXdbdhVaZg\c^dh
6. Indicações para prescrição de Kit de
adrenalina
VcVÃaVm^VVhhdX^VYVV/
- compromisso cardíaco ou respiratório com risco de
novo episódio fora do ambiente hospitalar
- exposição a um alergénio em pequenas doses
- futuras exposições repetidas prováveis
- alimentos com reconhecida associação a reacções gra-
ves/fatais (amendoim, noz, peixe e leite)
VcVÃaVm^V^Y^de{i^XV
jgi^X{g^VV\jYV\ZcZgVa^oVYVedge^XVYVYZ^chZXid
Xd"bdgW^a^YVYZVhhdX^VYVVhbV!jhdYZ"WadfjZVYdgZh
não selectivos)
VXZhh^W^a^YVYZegZX{g^VVXj^YVYdhbY^Xdh
Outros
681
Bibliografia
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682
IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS
NA URGÊNCIA PEDIÁTRICA
Carmen Botelho ,Sizenando Cunha ,Laura Marques
Abordagem inicial no SU
Isolamento/protecção
Avaliação rápida
9edjWYjWhcZ_YeWii_ij[dj[
Outros
Avaliação laboratorial
(H+B+VS/PCR, HC, UC, PL, Ig) 683
Avaliação imagiológica
(RX, eco, TC)
6kVa^VdXac^XV
=Zbd\gVbV 7^dfjb^XV\ZgVaXdb[jcd]Ze{i^XV E8G
=ZbdXjaijgVh ZmVbZZmhjYVYdh EjcdAdbWVgfjVc-
do indicado (tentar isolar o agente)
GV^dM I68
Tratamento
9dhZhjeaZbZciVgYZ>\:K)%%"+%%b\$`\
Outros
HZhjheZ^iVYZ^c[ZXdWVXiZg^VcV^ckVh^kV·6ci^W^diZgV-
pia empírica > ceftriaxone 50 mg/kg/d + vancomicina 15 685
mg/kg IV de 8/8h
HZhjheZ^iVYZ^c[ZXdedg<^VgY^V·bZigdc^YVoda
HZhjheZ^iVYZMeningoencefalite por enterovírus – Ig IV
ZbVaiVhYdhZh>\<3&*%%b\$YA
Imunodeficiências combinadas
São as de maior gravidade pois há um atingimento global
do sistema imunológico. As Imunodeficiências Combinadas
Graves são uma verdadeira emergência em pediatria. Tan-
to o diagnóstico precoce como o tratamento atempado das
infecções oportunistas são um importante factor de prog-
nóstico nestes lactentes.
As infecções que se encontram mais frequentemente são:
kVg^XZaV! KHG! gdiVkgjh! VYZcdkgjh! ^cÄjZcoV! eV-
rainfluenza, CMV, EBV, vírus herpes, enterovírus
St aureus, Strep pneumoniae, H influenzae
Salmonella, Shigella, Cryptosporidium
Candida, Aspergillus
Pneumocystis, micobactérias (BCG), listeria
Tratamento
>\:K)%%"+%%b\$`\
6ci^W^diZgVe^VZbeg^XV/
HZhjheZ^iVYZPneumocystis – Cotrimoxazol – 75-100
mg SMZ/Kg/d em perfusão iv 60-90 min dividida em 4
tomas
HZhjheZ^iVYZ^c[ZXdWVXiZg^VcV·E^eZgVX^a^cV$iV-
zobactam90 mg/kg I.V. de 6/6h ou meropenem 20 mg/
kg IV 8/8h +
Amicacina 7,5 mg/kg IV de 12/12h ou tobramicina 2,5
mg/kg IV de 8/8h +/-
Vancomicina 15 mg/kg IV de 8/8h (ponderar se doente
portador de CVC)
HZhjheZ^iVYZ]ZgeZh·6X^Xadk^g'%b\$`\>KYZ-$-]
HZhjheZ^iVYZ8BK·<VcX^Xadk^g*b\$`\>KYZ&'$&']
HZhjheZ^iVYZ^c[ZXd[c\^XV·6c[diZg^X^cV7YdhZ
variável consoante formulação – ver bula)
De[igk[Y[hgk[jeZeiei^[ceZ[h_lWZeij
cgk[i[h
_hhWZ_WZei[9CLd[]Wj_lei
Deficiência de fagócitos
EdYZbdhZhiVgeZgVciZjbYÃXZYZcbZgddjYZ[jcd#
Tratamento
:[iXh_ZWc[djeY_hh]_YeZ[WXY[iiei
6ci^W^diZgVe^VZbeg^XV/
8^egdÄdmVX^cV &% b\$`\ bVm )%% b\ >K YZ &'$&']
Amicacina 7,5 mg/kg IV de 12/12h + Teicoplanina 10 mg/
kg (max 400 mg) IV de 12/12h (3 doses, depois 24/24h)
+ Metronidazol 7,5 mg/kg (max 500 mg) IV de8/8h de
infecção GI
+ Anfotericina B (dose variável consoante formulação
– ver bula)
<gVcjadbVh·egZYc^hdadcV&"'b\$`\$Y^V!ed#
Tratamento
>c[ZXZhWVXig^VhXVehjaVYVh> ceftriaxona 50-80 mg/
/kg/dia IV
IgViVbZcidbZc^c\^iZ$heh^hNeisseria > ceftriaxona 100
mg/kg/dia IV
6c\^dZYZbV]ZgZY^i{g^d> concentrado de C1INH
7lWb_We?d_Y_Wb C[Z_ZWi=[hW_i
Isolamento e Protecção
>hdaVbZcid
E gdiZX}d^cY^k^YjVab{hXVgV
Avaliação rápida
>_ijh_W9bd_YW
Contactar Pediatra
com experiência em ID
(mesmo para queixas comuns) : medh^d K ^V\Zch
Ambiental KVX^cVhgZXZciZh
6 c^bV^h :[Z^idhZXjcY{g^d
domésticos da medicação
Exames complementares : medh^d
Outros
alimentar
Antibioterapia Empírica
(de acordo com IDP)
;nWc[EX`[Yj_le
689
=Zbd\gVbV!E8G!KH GV^dM!I68
<ajXdhZ!jgZ^V!XgZVi^c^cV 7gdcXdhXde^V
6 AI!6HI!;dh[ViVhZVaXVa^cV!\"<I A VkVYd7gdcXdVakZdaVg
>\¼h!8(!8)!8=*% :cYdhXde^V9^\Zhi^kV
:ÄY[Z[7dj_Yehfei
7][dj[iFhel|l[_i JhWjWc[dje
HigZe#ecZjbdc^VZ!=#^cÄjZcoVZ!Hi#
aureus
9dhZhjeaZbZciVgYZ>\:K/)%%"+%%
8VbenadWVXiZg
mg/kg
<^VgY^V
:ciZgdkgjh
>c[ZXZhGZhe^gVig^Vhdi^iZh! Terapia Empírica
sinusites, pneumonia) 8Z[ig^VmdcV kVcXdb^X^cV
>c[ZXZh8ji}cZVh! <^VgY^V/bZigdc^YVodaZ
<Vhigd^ciZhi^cV^h :ciZgdkgjh/YdhZVaiVYZ>\:K
Heh^h >\<3&*%%b\$Ya
BZc^c\dZcXZ[Va^iZ
:[\[_jei9ecX_dWZei¸Y[bkbWh[^kcehWb
7][dj[iFhel|l[_i JhWjWc[dje
Bactérias
9dhZhjeaZbZciVg>\:K·)%%"+%%
HiVjgZjh!HigZeecZjbdc^VZ!=
mg/kg
influenzae
IgVch[jhZhXdbegdYjidh^ggVY^V-
HVabdcZaaV!H]^\ZaaV!8gneidhedg^-
dos e CMV negativo
dium
A^hiZg^V
Terapia Empírica
BnXdWVXiZg^V
Cotrimoxazol (Pneumocystis)
Vírus +
690 KVg^XZaV!gdiVk^gjh!VYZcdk^gjh! Piperacilina/tazobactam ou
influenza, CMV, EBV, herpes virus, meropenem
SRV, enterovirus parainfluenza, +
Fungos Amicacina ou tobramicina
8VcY^YV!6heZg\^aajh! +/-
EcZjbdXnhi^h Vancomicina (CVC)
+/-
Aciclovir (Herpes)/ Ganciclovir (CMV)
+/-
Anfotericina B
:[\[_jeiZ[<W]Y_jei
7][dj[iFhel|l[_i JhWjWc[dje
:[\[_jeiZ[9ecfb[c[dje
7][dj[iFhel|l[_i JhWjWc[dje
692
PÚRPURA TROMBOCITOPÉNICA
IDIOPÁTICA
Cristina Castro, Nuno Farinha
Introdução
A púrpura trombocitopénica idiopática (PTI), é a causa mais
frequente de trombocitopenia sintomática na criança. Ape-
sar da forte evidência de uma base imunológica, muitas
vezes o mecanismo não é claro. Clinicamente distinguimos
duas formas, a forma aguda que é a mais frequente e a cró-
nica com mais de 6 meses de evolução.
Manifestações clínicas
A PTI aguda é habitualmente precedida de uma infecção ou
imunização, e de modo abrupto surgem petéquias e equi-
moses, numa criança previamente saudável.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se na história clínica, no exame físico,
e no hemograma, que apresenta trombocitopenia mas sem
evidência de alterações das outras séries hematopoiéticas.
A morfologia do esfregaço de sangue periférico é normal
bem como o estudo da coagulação.
=Zbd\gVbVXdbeaVfjZiVh
:h[gZ\VdYZhVc\jZeZg^[g^Xd
JgZ^V! XgZVi^c^cV! I<D! I<E! 9=A! 7^a^ggjW^cV idiVa Z
directa
:hijYd YV XdV\jaVd V gZVa^oVg cdh XVhdh YZ bVc^-
festações mais graves ou com hemorragia activa
IZhiZYZVci^·\adWja^cV9G]Y^gZXidcdXVhdhZedc-
derar o tratamento com Imunoglobulina anti D
DhVci^XdgedhVci^"eaVfjZi{g^dhZdZhijYd^bjcda\^-
co (Ig, factores complemento e anticorpos anti nuclea-
res) podem ser úteis mas só excepcionalmente no SU.
CjbXdciZmidYZEI>cdhZ_jhi^ÃXVVgZVa^oVdYZ
mielograma no SU
Tratamento
A maioria dos doentes poderá ser controlada e tratada em
ambulatório.
Fh[Zd_iebedW
Trata-se de uma terapêutica de fácil aplicação. Pode ser
utilizada em doentes com trombocitopenia isolada sem
qualquer outro sinal ou alteração do esfregaço, para além
de anisocitose plaquetária e de plaquetas grandes.
Os corticoides são utilizados no tratamento da leucemia
696
linfoblástica aguda (LLA),mas existe o receio que este me-
dicamento possa mascarar uma LLA. No entanto, menos
de 0,2% das LLA se apresentam como PTI, para além de
não ser possível induzir uma remissão medular de leuce-
mia numa semana.
Assim, os corticoides podem ser utilizados com segurança
nas seguintes condições:
VYb^c^higVYdhcVYdhZYZ)b\$@\$Y^V!YjgVciZ)Y^Vh
edhh^W^a^YVYZYZVkVa^VgVXg^VcVcdhY^VhhZ\j^ciZh!
com avaliação hematológica ao 4.º dia
hZ]djkZgjbVWdVgZhedhiVVdhXdgi^Xd^YZh!ZhiZhYZ-
vem ser suspensos em 3 dias
hZcd]djkZgjbVgZhedhiVVdhXdgi^Xd^YZhw>BE:-
RATIVA A REALIZAÇÃO DE MIELOGRAMA NO 4.º OU
5.º DIA PARA EXCLUIR OUTRA PATOLOGIA
XVhdZm^hiVjbVWV^mVg{e^YVYZeaVfjZiVhVehVhjh-
pensão de corticoides, deve também ser ponderada a
realização de mielograma
HZZhiVhXdcY^ZhZhZ\j^bZcid!XdbVedhh^W^a^YVYZ
de realização de mielograma ao 4.º-5.º dia não estive-
rem reunidas, deve ser preferida outra medicação.
?ckde]beXkb_dW[l
As imunoglobulinas sobem mais rapidamente o valor das
plaquetas, não necessitam de mielograma prévio e evitam
os efeitos secundários dos corticoides. Por outro lado são
mais dispendiosas, necessitam de perfusão lenta e não es-
tão isentas de complicações (infecções, meningite assépti-
ca, doença do soro, etc)
Deve ser efectuada colheita de sangue para serologias
para vírus antes da administração da gamaglobulina (EBV,
CMV, parvovírus B19, herpes, hepatite, HIV)
Deve ser utilizada a dose de 1 g/Kg ev.
?ckde]beXkb_dWWdj_#:
Outros
698
Bibliografia
1. Philip Lanzkowsky, M.B.: Manual of Pediatric Hematology and Oncology, fourth
ed. Elsevier Academic Press, 2005
2. R.Behrman, R. Kliegman: Nelson Estrategias diagnosticas en Pediatria.
McGraw-Hill, 2002
3. Julia McMilan, Ralph Feigin, Cathrine DeAngelis, M. Dougjas Jones, Jr. OsKi´s
Pediatrics- Principles and Pratice. Lippincott Wilkins, 2006
4. Victor Blanchette, Paula Bolton-Maggs: Childhood Imune Thrombocytopenic
Purpura: Diagnosis and management ; Pediatric linics of North America. April
2008 (Vol.55; Issue 2, Pages 393-420)
Outros
699
TERAPÊUTICA TRANSFUSIONAL
Cristina Castro; Ana Maria Leite
dm^\ZcVdXdbbZbWgVcVZmigVXdgedgVa#
701
Indicações na criança:
EZgYVYZhVc\jZXdbh^cV^h$h^cidbVhYZ]^em^VVeZ-
sar de ter sido administrado cristalóides ou coloides
=W 1&' \$Ya Xdb YdZcV XVgY^dejabdcVg \gVkZ fjZ
necessite de ventilação mecânica e/ou oxigénio suple-
702
mentar com FiO2 ≥0,4
=W1&%\$YaXdbYdZcVXVgY^dejabdcVgbdYZgVYVfjZ
necessite de ventilação mecânica e/ou oxigénio suple-
mentar com FiO2 ≥0,4
=W1-\$YaZbgZaVdXdb/egdeZgVig^dYZX^gjg-
gia urgente ou anemia que não pode ser corrigida com
tratamento específico; pós operatório com sintomas
de anemia, anemia adquirida ou congénita crónica
com sinais clínicos.
Indicações na criança:
XdV\jadeVi^VYZZi^dad\^VYZhXdc]ZX^YV
XdV\jaVd^cigVkVhXjaVgY^hhZb^cVYV
iZgVe^VYZhjWhi^ij^dfjVcYdd[VXidgYZÃX^ZciZcd
está disponível
cZjigVa^oVd^bZY^ViVYdZ[Z^idYdhVci^"XdV\jaVciZh
orais
eaVhbV[gZhZ Zb YdZciZh Xdb egejgV igdbWdX^id-
pénica trombótica
]ZbdggV\^VhhZXjcY{g^VhVigViVbZcidhigdbWdai^Xdh#
Outros
Reacções transfusionais
706
Ikif[_jWZ[H[We
JhWdi\ki_Y_edWb
Suspender transfusão
Manter acesso venoso com soro fisiológico
Investigação no SIH
=Zbd\gVbVXdbdWhZgkVdZh[gZ\Vd
sanguíneo
7^a^ggjW^cVIdiVaZ>cY^gZXiV
=Veid\adW^cV!=Zbd\adW^cZb^VZ=Zbd\adW^cg^V
=ZbdXjaijgVh
Bibliografia
1. Dipchand A, Friedman J. The Hospital for Sick Children-The handbook of
Pediatrics. 11th edition. Saunders Elsevier; 2009
2. Graef J, Wolfsdorf J, Greenes D. Manual of Pediatric Therapeutics. 7th edition.
Lippincott; 2008
3. Ortega G, Cabanero JC, Espí M. Manual de Urgências Pediátricas. Hospital
Infantil Universitário Nino Jesús, Madrid. Ergon, 2008
708
ONCOLOGIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA
PEDIÁTRICA
Nuno Farinha
Introdução
A oncologia pediátrica é uma das áreas que mais se desen-
volveu nos últimos anos e que necessita de uma abordagem
muito diferenciada. No entanto muitos doentes recorrem
ao Serviço de Urgência sem o prévio diagnóstico de doença
oncológica.
O Serviço de Urgência é frequentemente o local onde é feito
o diagnóstico e a primeira orientação do doente. Na medida
do possível deve privilegiar-se uma abordagem conjunta
com Oncologia Pediátrica.
Também recorrem ao SU doentes com complicações do
tratamento oncológico, tais como síndrome febril e neutro-
penia.
A patologia oncológica é uma patologia rara. No entanto,
pela gravidade da situação, o pediatra do Serviço de Urgên-
cia deve ter um alto índice de suspeição para evitar atrasos
que piorem o prognóstico.
Igualmente em cirurgias de urgência são detectadas doen-
ça oncológicas não préviamente diagnosticadas: massas e
Outros
9h_jh_eiZ[XW_neh_iYe0
6jhcX^VYZh^cV^hXac^XdhYZheh^h
CZjigdeZc^VZheZgVYVXdbbZcdhYZ1,Y^Vh
H^cV^hYZgZXjeZgVd]ZbVida\^XV
CZjigÃadh3'%%$bb3,em fase de subida ou monóci-
idh3&%%$bb(
Avaliação
1. Clínica
x_dZ_if[di|l[beXj[h_d\ehcWeieXh[0
Tipo de tumor e estado de remissão,
711
Data e intensidade do último ciclo de quimioterapia,
Valores Hematológicos – em descida ou em recuperação
De[nWc[\i_Ye_cfehjWdj[WlWb_Wh0
Estado geral e a avaliação hemodinâmica. Estado de cons-
ciência.
F[igk_iWZ[\eYe_d\[YY_eie0
Cavidade bucal (mucosite), períneo, pele (áreas de inter-
venção cirúrgica, locais de punção venosa e pregas cutâ-
neas), local de entrada e trajecto subcutâneo de CVC, apa-
relho respiratório e abdómen.
Dores faríngeas ou disfagia levam a pensar em esofagite
por Cândida ou Herpes.
A presença de hemoptises, de erosões nasais ou de sinais
de sinusite apontam para a possibilidade de Aspergillus.
Dor ou sinais de celulite perineal sugerem infecção por
anaeróbios.
2. Exames complementares:
=Zbd\gVbV
7^dfjb^XVXdb^dcd\gVbV![jcdgZcVa!]Ze{i^XVZ
PCR
=ZbdXjaijgVhYZhVc\jZYZidYVhVhk^VhYdXViZiZgZ
periféricas
Eh_[djWZeifWhW\eYe0
GVY^d\gVÃVYdigVm/h^cY^XVYVcdHJ!hZ]djkZgh^c-
tomatologia pulmonar.
:b XVhd YZ Y^VggZ^V YZkZ hZg eZY^Yd ZmVbZ WVXiZ-
riológico e virulógico de fezes, assim como toxina de
Chlostridium difficile.
HZ h^cV^h bZcc\Zdh dj bZc^c\dZcXZ[{a^Xdh! YZkZ
ser efectuado exame do LCR, excepto se o estado do
712
doente (instabilidade hemodinâmica) ou alterações na
TAC (que deve ser pedida em caso de sinais focais ou
de alterações da consciência), o contra-indiquem.
6ciZhYZgZVa^oVgejcdadbWVg!YZkZhZgVhhZ\jgV-
do que plaquetas são superiores a 30000/mm3 (trans-
fundir se necessário) e que a coagulação está normal
(alterações ocasionais em caso de sépsis).
DZmVbZbV^h^bedgiVciZYda^fjdg!cZhiZXdciZmid!
o microbiológico (bacteriológico, micológico, virulógi-
co e ocasionalmente pesquisa de cryptococcus ou ou-
tros agentes).
De referir que na criança com cancro e em caso de neu-
tropenia, a ausência de células no LCR não tranquiliza.
Nos doentes com leucemia, podem estar presentes
células, devido a meningite química por citostáticos
ou a recaída. Neste caso, deve ser contactada Hema-
tologia Clínica para avaliação citológica do LCR e pedir
fenotipagem de LCR (tubo com EDTA para o Serviço de
Imunologia)
:b XVhd YZ h^cidbVidad\^V VWYdb^cVa! cdh YdZciZh
em quimioterapia intensiva, deve ser ponderada a hi-
pótese de tiflite (ou de apendicite), sobretudo se tive-
rem dores na fossa ilíaca direita. O doente deve ser
avaliado por cirurgia e deve ser realizada radiografia
abdominal simples em pé (ar livre ou ar na parede in-
testinal) e ecografia.
JbV ecZjbdc^V ^ciZghi^X^Va Zb gZ\gV \ZgVa jbV
situação crítica, com evolução muitas vezes rápida,
exigindo antibioterapia empírica dirigida a agentes
gram negativos e positivos, assim como Mycoplasma
e fungos. Em caso de deterioração ou de hipoxia, deve
ser considerado o Pneumococos pneumonia. Embora
neste caso deva ser efectuado lavado bronco alveolar,
a não acessibilidade a esta técnica não deve atrasar o
tratamento.
Outros
713
Tratamento
4.2. Febre
Arrefecimento físico
Paracetamol 10-15 mg/kg/dose, PO ou paracetamol 10 mg/
Kg/dose EV, de 4/4 horas
Nolotil 10 mg/kg/dose.
4.3. Transfusional
Os doentes com febre têm maior risco de sangrar. Assim
devem ser mantidas as plaquetas acima de 20000/mm3.
4.4. Analgesia
Em caso de mucosite deve ser considerado o uso de morfi-
na em perfusão continua
4.5. Hidratação adequada
II. HIPERLEUCOCiTOSE
A hiperleucocitose define-se pelo número de leucócitos
superior a 100000/mm3 na apresentação ou na recaída
da leucemia aguda linfoblástica (LAL), da leucemia aguda
mieloblastica (LAM) ou na fase crónica de leucemia mieloi-
de crónica (LMC).
Considera-se uma hiperleucocitose com grande risco
quando o número de blastos é superior a 100000/mm3 na
LAM, patologia em que os blastos são maiores, menos de-
formáveis e mais aderentes, a 300000/mm3 na LAL e de
600000/mm3 na LMC.
Acima destes valores, há um aumento significativo da mor-
bilidade: lise tumoral, leucostase pulmonar, hemorragia
cerebral ou gastrointestinal, trombose cerebral, insufici-
ência cardíaca direita, priapismo, dactilite, coagulação in-
travascular disseminada, assim como da mortalidade
São também critérios de gravidade, a doença volumosa, o
aumento da DHL, a hiperleucocitose e a insuficiência renal
Clínica
Sintomas e sinais habituais de leucemia (palidez, fadiga,
Outros
Tratamento
Prevenção de lise tumoral
Hiperhidratação com o mínimo de 3 l/m2 com NaCl 0,45%e
Glicose 5%
Rasburicase 0,2 U/kg/dia, toma única diária enquanto tiver
hiperleucocitose. Como alternativa, se não estiver disponí-
vel rasburicase, pode ser administrado alopurinol 100 mg/
m2 /dose de 8/8 horas.
Deve ter vigilância apertada do débito urinário e do hemo-
grama e da bioquímica que numa fase inicial deve ser repe-
tido de 6/6 horas. (Ver lise tumoral).
Oxigenoterapia
Em caso de dispneia ou de anemia.
Prevenção de hemorragias
Transfusão de plaquetas: Devem ser transfundidas plaque-
718
tas para manter plaquetas sempre acima de 20000/mm3 ,
ou em caso de hemorragia.
Transfusão de plasma fresco e de vitamina K para corrigir
alterações da coagulação.
Evitar transfusões de glóbulos rubros
Evitar ao máximo as transfusões de glóbulos rubros (dada
a sua grande viscosidade) Só devem ser administrados em
caso de compromisso hemodinâmico com hemoglobina
baixa.
Citoredução
Em caso de hiperleucocitose acentuada, sobretudo se con-
tinuar a observar-se um aumento dos leucócitos e/ou de-
terioração funcional deve ser ponderada uma leucoferese
para redução rápida da viscosidade sanguínea.
Terapêutica causal
O doente deve ser orientado o mais rapidamente possível
para uma Unidade de Oncologia Pediátrica, para terapêuti-
ca dirigida à situação.
A terapêutica causal pode agravar inicialmente a situação
clínica.
No SU, nos casos de leucemias linfoblásticas deve ser evi-
tado o uso de corticóides com outras indicações (broncos-
pasmo reacção tranfusional), dado poderem induzir lise
tumoral incontrolável, hipercaliémia e insuficiência renal
com risco de mortalidade elevada.
Quando iniciar corticoides para a terapêutica de LAL, esta
deve ser efectuada com doses reduzidas (25% da dose).
Clínica
Hemograma
Bioquímica: ionograma, função hepática, ureia, creatinina,
cálcio, fósforo, acido úrico, DHL, e se possível, osmolari-
dade sérica.
Sedimento urinário
ECG se hipercaliemia
Ecografia abdominal e renopélvica: pesquisa de gânglios,
tumores e hepatosplenomegalia e de infiltração renal pelo
tumor primário (é um factor que poderá levar mais rapida-
mente à necessidade de técnicas de depuração)
Tratamento
1. Profilático
Perante todo o doente com tumor susceptível de provocar
lise tumoral deve ser iniciada hidratação com NaCl 0,45% e
glicose 5%, 2,5 a 3 l/m2.
Outros
3.Tratatemento de suporte
Está recomendado combater activamente a hipercaliemia,
a hiperfosfatemia e a hiperuricemia.
A carga hídrica poder ser aumentada, como já referido no
parágrafo anterior.
È igualmente de referir que aumentos do potássio, do fósfo-
ro e do ácido úrico podem ser indicadores de um processo
722
mais difícil de controlar e nesse caso deve ser ponderada
a diálise.
Perante a hipercaliemia deve ser verificado que não há po-
tássio em nenhum soro e deve ser ponderado o seguinte
tratamento:
;jgdhZb^YV%!*b\"&b\$`\HZcd]djkZgYZh^YgV-
tação intravascular nem obstrução das vias renais).
@VnZmVaVid&\$`\YZ)$)]
HVaWjiVbdaZbcZWja^oVd%!&*b\$`\b{m^bd*b\
4. Ponderar diálise
A diálise deve ser ponderada perante a incapacidade de eli-
minar líquidos, insuficiência renal, hipercaliemia ou hiper-
fosfatemia ou hiperuricemia refractária
A titulo designativo têm sido consideradas, indicações rela-
tivas de diálise os seguintes factores:
HdWgZXVg\V]Yg^XV!XdbY^jgZhZ1*%YdkdajbZ^c-
fundido
9ZggVbZeaZjgVadjeZg^X{gY^Xd#
>chjÃX^cX^VgZcVaV\jYVXdbXgZVi^c^cV'mVX^bVYd
normal
Outros
@3+b:f$afjZcdgZhedcYZ|]^eZg]^YgViVdZigV-
tamento farmacológico
=^eZg[dh[ViZb^V fjZ VjbZciZ gVe^YVbZciZ dj Xdb 723
kVadgZh3&%%b\$Ya
=^eZgjg^XZb^VfjZVjbZciVgVe^YVbZciZdjfjZiZb
kVadgVX^bVYZ3&%b\$Ya
=^eZgiZchdVgiZg^Va^cXdcigda{kZa#
Clínica
Avaliação diagnóstico
Abordagem terapêutica
V. COMPRESSÃO MEDULAR
A compressão medular ocorre na apresentação de 3 a 5%
das neoplasias da criança. Se não tratada rapidamente
provoca alterações irreversíveis.
Em 70% dos casos, os tumores responsáveis são extradu-
rais: sarcomas, neuroblastoma ou linfomas.
Ocorrem mais frequentemente na região torácica e dorso-
-lombar
Clínica
Exames complementares
Diagnóstico
Tratamento
Dexametasona- 0,5 a 1 mg/kg de 12/12 horas
Antibioterapia empírica para pneumonia num doente imun-
deprimido
Clínica
Tratamento
729
Bibliografia
1. Susan R Rheingold, Beverly J. Lange: Acute emergencies in Philip A. Pizzo
and David G. Popplak’s principles and practice of pediatric oncology, fifth edition
Lippincoat Williams & wilkins pg 1203-1230.
2. A Perez Martinez, JC Molina Cabanero: Urgencias oncologicas Tratado de urgencias
em Pediatria, Sociedade Española de Urgencias de Pediatria. 2005: 772-784.
3. Kara M Kelly and Beverly LANGE: Oncologic emergencies . Pediatric clinics of
North America, August 1997, 44(4): 809-830
4. Ursula Creutzig, Martin Zimmermann, Dirk Reinhardt, Michael Dworzak,
Jan Stary,and Thomas Lehrnbecher: Early Deaths and Treatment-Related
Mortality in Children Undergoing Therapy for Acute Myeloid Leukemia: Analysis
of the Multicenter Clinical Trials AML-BFM 93 and AML-BFM 98 J Clin Oncol.
2004;22(21):4384-93, 2004.
5. Lowe EJ, Pui CH, Hancock ML, Geiger TL, Khan RB, Sandlund JT: Early
complications in children with acute lymphoblastic leukemia presenting with
hyperleukocytosis Pediatr Blood Cancer ;45:10–15, 2005
6. Coiffier B, Altman A, Pui CH, Younes A, Cairo MS. Guidelines for the management
of pediatric and adult tumor lysis syndrome: an evidence-based review. J Clin
Oncol. 1;26(16):2767-78, 2008
7. Edythe A Albano and Eric Sandler: Oncology Emergencies in Supportive care
in children with cancer Current Therapy and Guidelines from the Children’s
Oncology Group (The Johns Hopkins Series in Hematology/Oncology) 3 rd edtition
pg 221-222, 2004
730
CRIANÇAS OU ADOLESCENTES COM
PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS NA
URGÊNCIA PEDIÁTRICA
Otília Queirós, Maria Céu Ribeiro, Alda Mira Coelho, Ana Maria Maia
I. Considerações gerais
Uma urgência psiquiátrica é uma situação de início relati-
vamente abrupto na qual existe risco eminente para o pró-
prio ou terceiros, nomeadamente:
1– Risco de suicídio
2– Risco de lesão física de terceiros
3– Estados de sério compromisso do juízo crítico no
qual o individuo sofre perigo
4– Situações de risco para uma vítima indefesa
:mXajhdYZXVjhVhdg\}c^XVhhjW_VXZciZh·YdZcVh
somáticas que se apresentam com sintomas psiquiá-
tricos ou complicações médicas que resultam do con-
sumo de substâncias.
:hiVYdh im^Xd"bZiVWa^Xdh gZhjaiVciZh YZ ^cidm^XV-
ções ou provocados por fármacos.
:cXZ[VadeVi^Vh dj YdZcVh bY^XVh fjZ edYZb egd-
vocar delirium com comportamento desorganizado ou
agressivo.
EgdWaZbVh cZjgda\^Xdh Xdbd ZhiVYdh eh"XdcXjh-
sionais, lesões do lobo frontal e epilepsia do lobo tem-
poral que se podem associar a irritabilidade e crises
de agressividade.
6kVa^Vd Z igViVbZcid YVh Xdbea^XVZh bY^XVh
(imediatas e diferidas) resultantes de comportamen-
tos auto-lesivos.
6kVa^Vd Z igViVbZcid YVh Xdbea^XVZh dg\}c^XVh
associadas às perturbações do comportamento ali-
mentar (alterações hemodinâmicas, desequilíbrios
hidroeletrolíticos, etc.) susceptíveis de constituir pe-
rigo de vida.
CdZmVbZ[h^XdViZcYZg!ZbZheZX^Va!VdZhiVYdcj-
tricional, sinais de maus-tratos ou de lesões auto-
infligidas.
:bVYdaZhXZciZhedcYZgVg^cY^XVdeVgVYZhe^hiZYZ
732
gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.
CV ]^hig^V hdX^Va eVgi^XjaVg ViZcd eVgV V [Vba^V!
escola, bulling, maus-tratos, abuso de substâncias,
comportamentos de risco).
2. Avaliação do problema psiquiátrico
:cigZk^hiVXac^XVXdcX^hV!ji^a^oVcYddVXgc^bd=:69HH
(Home, Education, Activities, Drugs, Sexuality, Suicide)
como fio guia.
– Identificação do motivo por todos os informadores en-
volvidos
– Obtenção de informações sucintas sobre:
– Desenvolvimento do problema actual da criança e
funcionamento prévio
– Situação familiar e de vida actual
– Estruturas clínicas, sociais e judiciais envolvidas
– Possíveis precipitantes da actual crise
GZVa^oVdYZZmVbZYZZhiVYdbZciVahjb{g^dXdbeVg-
ticular atenção para:
– Ideação suicida/homicida
– Nível de consciência
– Alucinações, delírios ou perturbações do pensamento
– Sinais de confusão, desorientação ou outros sinais de
delirium
– Ansiedade intensa
epileptogéneo
8e#YZ&b\! %!%'*"%!%,*b\$ 9Z^ciZgZhhZeVgi^XjaVgeVgV
2 mg e 5 mg kg I.M. utilização I.M.
Hda#dgVa'b\$ 6YdaZhXZciZh CdgZXdbZcY{kZaVciZh 735
ml 3&'VcdhedYZb dos 3 anos
receber doses G^hXdYZZ[Z^idh
semelhantes ao extrapiramidais superior
Haloperidol
adulto: 2,5 a 5 ao verificado em adultos:
(Haldol®)
mg I.M. ter sempre acessível
Hda#^c_ZXi{kZa EdYZgZeZi^gVeh anticolinérgicos para
5 mg/ml 30 a 60 min. se administração imediata
necessário caso surjam distonias
agudas 7a_d[jed'Wcf$
+c]?C
3.2. Urgências Pedopsiquiátricas mais frequentes
Psicose
Os sintomas psicóticos são as alucinações, as ideias deli-
rantes, a linguagem incoerente, a conducta desorganizada
ou catatónica.
Actuação: Tentar sempre esclarecer a etiologia antes de
iniciar terapêutica (mais comum transtorno psicótico agu-
do polimorfo, abuso de substâncias, doença bipolar com
mania aguda, esquizofrenia, doença neurológica aguda);
tranquilizar o doente e a família.
Tratamento: Haloperidol. Se agitação grave, pode asso-
ciar-se benzodiazepina.
Perturbações de conducta
Maior prevalência no sexo masculino. No SU apresentam-
-se de forma aguda como agressão física, violência, fuga
ou piromania. Associado ao Síndrome de Hiperactividade
Défice de Atenção, depressão e ansiedade. Pode ter início
infantil ou na adolescência. A característica principal é a
ausência de respeito pelas regras ou autoridade e a desva-
lorização dos direitos do outro.
Actuação: Informar a intenção de ajudar, ser firme e as-
sertivo mas cordial, não se deixar afectar pela hostilidade.
Avaliar os factores precipitantes e tranquilizar.
Tratamento: Assegurar a segurança da criança com imobi-
lização. Risperidona em dose única e/ou haloperidol.
Crise de ansiedade
Entre os quadros mais frequentes encontram-se a ansie-
736
dade de separação, ansiedade generalizada, fobia social,
fobia específica, ataque de pânico, stress pós-traumático.
Actuação: Necessário reconhecer a sintomatologia orgâni-
ca, particularmente a autonómica. Avaliar factores precipi-
tantes e tranquilizar.
Tratamento: Excluir patologia orgânica, ingestão ou absti-
nência de drogas. Tratar o episódio agudo com diazepam.
Algoritmo de Decisão
(adaptado de Goldstein, 2006)
6kVa^VdBY^XVeVgVZmXaj^g
condições médicas que causem
sintomas psiquiátricos
Continua a constituir perigo para si
GVhigZ^didm^Xda\^Xd!
Não próprio ou para terceiros?
independente da idade, se
houver alteração do estado de Sim
consciência.
Transferir para Unidade
Psiquiátrica
Enquanto aguarda resultados da
toxicologia ou outros exames:
9ZiZgb^cVgVcVijgZoVYVfjZ^mV
actual
8dckdXVgijidgZhaZ\V^hhZcd
estiverem presentes
:cigZk^hiVXdbdeVX^ZciZZeV^h
(ou tutor legal)
6kVa^VdYdegdWaZbV
psiquiátrico
Definir orientação:
CdgZ[ZgZcX^Vg
GZbZiZgeVgVHZgk^dh
de ambulatório onde já é
Outros
acompanhado
6 Xi^kVg^ciZgkZcdYdHZgk^dh
Sociais (*) e de Protecção de
Menores
IgVch[Zg^geVgVVkVa^Vd
737
pedopsiquiátrica de urgência (**)
(*) Telefone da Emergência Infanto-Juvenil (10h-20h): 223321010; Emergência Social (24 horas): 144
(**) Em todas as situações que requeiram uma avaliação diagnóstica e/ou orientação terapêutica
pela especialidade sendo mandatória face a quadros psicóticos (confirmados ou suspeitos), estados
de ansiedade ou angústia intensa, tentativa de suicídio (após estabilização clínica e independente-
mente da letalidade dos métodos usados ou intencionalidade suicida manifesta), presença de ideação
autodestrutiva.
Bibliografia
1. Bezchlibnyk-Butler, K.; Virani, A.S. (Eds): Clinical Handbook of Psychotropic
Drugs for Children and Adolescents – 2nd rev. ed., 2007, Hogfree & Huber
Publishers
'# <daYhiZ^c! 6#7#0 ;^cY^c\! G#A#/ ¹6hhZhhbZci VcY :kVajVi^dc d[ 8]^aY VcY
Adolescent Psychiatric Emergencies” – Psychiatric Times, 2006, vol. 23 nº 9.
3. Taylor, D.; Paton, C.; Kerwin R.;: The Maudsley Prescribing Guidelines, 9 th
Edition, , 2007, Informa Healthcare
)# I]dbVh! A#:#0 @^c\! G#6#/ ¹8]^aY VcY 6YdaZhXZci EhnX]^Vig^X :bZg\ZcX^Zhº ^c
M. Lewis(ed.) Child and Adolescent Psychiaty: A Comprehensive Textbook, 3th
edition, 2002 Philadelphia, Md: Williams & Wilkins.
738
ACTUAÇÃO PÓS-EXPOSIÇÃO NÃO
OCUPACIONAL AO VIH E HEPATITES
VÍRICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Mafalda Sampaio, Isabel Loureiro, Artur Bonito Vítor, Margarida Tavares
1. Introdução
A exposição não ocupacional corresponde a todos os inci-
dentes esporádicos ou acidentais em que ocorre contacto
com sangue ou outro fluido biológico (sémen, secreções
vaginais, etc), que podem conduzir a um risco de infecção
por VIH, VHB ou VHC, sendo que não incluem aqueles que
ocorrem com profissionais de saúde em ambiente profis-
sional. Habitualmente, neste tipo de exposição a fonte não é
conhecida, sendo por isso difícil avaliar o risco de contágio.
Pretende-se orientar a necessidade de realização de pro-
filaxia pós-exposição não ocupacional (PPENO) para as in-
fecções por VIH e VHB, no contexto de exposição acidental
com possíveis fontes contaminadas, tais como: picadas aci-
dentais com agulha, abuso sexual, exposição mucocutânea
a fluidos infectados e mordeduras.
A eficácia da PPENO ao VIH não está estabelecida e, dada a
toxicidade inerente aos fármacos utilizados, é fundamental
determinar a relação risco/benefício antes de iniciar esta
profilaxia.
Outros
739
2. Risco de transmissão de VIH
J78;B7?¸H?I9E:;JH7DIC?II´E:;L?>;C:?<;H;DJ;IJ?FEI:;;NFEI?w´E
<edj[L?>fei_j_lW
J_feZ[[nfei_e H_iYe
Transfusão sanguínea 90
Exposição perinatal 13-45
Sexo anal receptivo 0,5-3,2
Partilha de agulhas (toxicodependentes) 0,67
Picada de agulha (contexto ocupacional) 0,32
Sexo vaginal receptivo 0,01-0,1
Sexo vaginal introdutivo 0,009-0,05
Ingestão de leite humano <0,0001
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention 2005
FIGURA'¸7b]eh_jceZ[WYjkWeL?>
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention 2005
Outros
J78;B7??¸;IGK;C7IFHE<?BÍ9J?9EIH;9EC;D:7:EI
?ZWZ[ ;igk[cWfheÄb|Yj_Yeh[Yec[dZWZe
2'(Wdei ZDV + 3TC + LPV/r (dose de acordo com o peso)
≥'(Wdei ZDV (300 mg, 12/12h) + 3TC (150 mg, 12/12h) + TDF (300 mg,
&kF[ie4+&a] 24/24h)
J78;B7???¸<ÍHC79EI7DJ?HH;JHEL?H7?I;H;IF;9J?LEI;<;?JEIB7J;H7?I
<|hcWYei ;\[_jeibWj[hW_i
?d_X_Zeh[iZWjhWdiYh_fjWi[h[l[hiWWd|be]eiZeidkYb[i_Zei(ITRN)
Reacção de hipersensibilidade (febre, rash, cefaleias),
7XWYWl_h (ABC) náuseas, dor abdominal, hepatite, acidose láctica, dificuldade
respiratória
Pancreatite, neuropatia, diarreia, dor abdominal, náuseas,
:_ZWdei_dW(ddI)
acidose láctica, esteatose hepática
Neuropatia periférica, cefaleias, diarreia, náuseas, insónia,
;ijWlkZ_dW (d4T) anorexia, pancreatite, hepatite, anemia, neutropenia, acidose
láctica, esteatose hepática
Dor abdominal, náuseas, diarreia, rash, pancreatite, acidose
BWc_lkZ_dW (3TC)
láctica, esteatose hepática
Dor abdominal, náuseas, diarreia, hepatite, insuficiência renal
J[de\el_h(TDF)
aguda, síndrome de Fanconi
;cjh_Y_jWX_dW Dor abdominal, náuseas, diarreia, rash, cefaleias, dificuldade
(FTC) respiratória, perda ponderal, astenia
Anemia, neutropenia, náuseas, cefaleias, insónia, mialgias,
P_ZelkZ_dW (ZDV)
744 fadiga, acidose láctica, esteatose hepática
?d_X_Zeh[iZWfhej[Wi[ (IP)
Nefrolitíase, hiperbilirrubinémia, náuseas, dor abdominal,
?dZ_dWl_h (IDV)
dislipidémia
Bef_dWl_h% Dor abdominal, náuseas, diarreia, parestesias periorais,
H_jedWl_h (LPV/r) alterações do paladar, dislipidémia
D[bÄdWl_h (NFV) Diarreia, náuseas, dor abdominal, fadiga, rash, dislipidémia
Dor abdominal, náuseas, diarreia, parestesias periorais,
H_jedWl_h (RTV)
alterações do paladar, dislipidémia
5. Risco de infecção por VHB
O estado de vacinação para o VHB deverá ser sempre veri-
ficado no respectivo Boletim. Em indivíduos com esquema
vacinal completo, deverá ser avaliado o estado de imuni-
dade ao VHB através da análise quantitativa do anticorpo
anti-HBs. Em caso de não imunidade, a decisão clínica será
condicionada pela avaliação do risco da exposição (vide
4.1). Em crianças ou adolescentes não vacinados ou com
esquema vacinal incompleto, deverão ser administradas,
em simultâneo, gamaglubulina humana hiper-imune anti-
VHB (IGHB) e a primeira dose da vacina anti-VHB, em locais
diferentes de injecção, preferenciamente nas primeiras 24
horas, até 7 dias após a exposição. (Figura 2)
;igk[cWlWY_dWb ;igk[cWlWY_dWb
Yecfb[je _dYecfb[je
ek
DelWY_dWZe
Imune Não imune
6X=7h3&%J>$A Ac HBs <10 UI/L
(dose única de
reforço)
FIGURA(¸7b]eh_jceZ[WYjkWeL>8
6. Risco de infecção por VHC
Não existe profilaxia contra a infecção por VHC. Contudo,
em situações de exposição significativa a sangue ou flui-
dos orgânicos, está indicado o controlo seriado (Tabela III),
dada a eficácia da terapêutica disponível.
7. Seguimento
Todas as crianças e adolescentes serão orientados para a
Consulta Externa de referência do respectivo Hospital.
Nas situações em que é instituída PPENO, a reobservação
deverá ocorrer até 72 horas após o início da profilaxia. Esta
terapêutica será facultada em dose suficiente até à data da
próxima consulta.
Além das serologias para VIH, VHB e VHC, devem ser rea-
lizados hemograma, estudo da função hepática e da função
renal nos doentes submetidos a terapêutica profiláctica
antirretroviral, conforme indicado na Tabela IV.
746
J78;B7?L¸7L7B?7w´EB78EH7JEH?7B?D?9?7B;DEF;HÐE:E:;I;=K?C;DJE
(i[c *#,i[c
7lWb_We )cWfi ,cWfi
J[ij[ Wfi Wfi
_d_Y_Wb [nfei_e [nfei_e
[nfei_e [nfei_e
6XK>= E, F E E E
6X=7h E, F E2 E2
6X=8K E, F E E
PCR HCV E6
>[ce]hWcW E4 E
<kde 4
E E
^[f|j_YW
<kdeh[dWb E4 E
9Wh]Wl_hWbL?> F E3 E3 E3
J[ij[ 3 3
F E E E3
h[i_ij
dY_WL?>
2
GVhigZ^d9HI E, F E E
J[ij[]hWl_Z[p1 E E2 E2
LWY_dWe 5
E
Wdj_j[j~d_YW
E – doente exposto; F – fonte (se disponível)
1
Adolescente em idade reprodutiva
2
De acordo com situação clínica
3
Se resultado positivo no follow-up, proceder como está indicado em portadores
de VIH
4
Doente com indicação para iniciar PPE
5
Verificar estado vacinal em doente exposto a picada por agulha
6
Ponderar caso a caso
7
Infeções por Chlamydia, gonorreia e sífilis, procedendo-se às profilaxias ou
tratamento adequados
Outros
749
Bibliografia
1. Almeda J, Casabona J, Simon B, Gerard M, Rey D, Puro V, et al; Euro-NONOPEP
Project Group. Proposed recommendations for the management of HIV post-
exposure prophylaxis after sexual, injecting drug or other exposures in Europe.
Euro Surveill. 2004; 9(6): 35-40.
2. Smith DK, Grohskopf LA, Black RJ, Auerbach JD, Veronese F, Struble KA, et
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prevent hepatitis B virus infection. MMWR Recomm Rep 2006 Dec 8; 55 (RR-16);
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4. Committee on Pediatric AIDS and Committee on Infectious Diseases. Issues
related to human immunodeficiency virus transmission in schools, child care,
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6. Makwana N, Riordan FAI. Prospective study of community needlestick injuries.
Arch Dis Child. 2005; 90:523-4.
7. Merchant RC, Keshavarz R. Human immunodeficiency virus postexposure
prophylaxis for adolescents and children. Pediatrics. 2001; 108; e38.
8. New York Department of Health AIDS Institute. HIV post-exposure prophylaxis for
children beyond the perinatal period. New York (NY): New York State Department of
Health. 2004; 26. Acesso em 23/08/2008. Disponível em www.hivguidelines.org.
9. Tudor-Williams,G; Children’s HIV Association of UK and Ireland (CHIVA). Post-
exposure prophylaxis (PEP) guidelines for children exposed to blood-borne
viruses. Maio 2008. Acesso em 30/08/2008. Disponível em www.chiva.org.uk/
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10. Rauch D. Needlestick injury. Ped in Rev. 2004; 25(2):74.
11. Vasconcelos CA, Oliveira JM, Casquilho JP, Malhado JA, Vera JA, Caldeira LF et
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(PPE). Profilaxia pós-exposição não-ocupacional (PPENO). Novembro 2009; 79-
89. Disponível em www.sida.pt.
TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES NA
URGÊNCIA PEDIÁTRICA: MEDIDAS
PREVENTIVAS
Andreia Leitão, Susana Lima, Marta Grilo, Margarida Tavares
1. Introdução
As doenças infecciosas constituem um dos principais moti-
vos de consulta urgente em Pediatria pelo que é necessário
dispor de um sistema de controlo de infecções adequado,
uma vez que o Serviço de urgência (SU) constitui a porta
de entrada no hospital dos microrganismos existentes na
comunidade. É fundamental que os profissionais de saúde
identifiquem de forma precoce as doenças transmissíveis
na admissão do doente no SU e adoptem as medidas de iso-
lamento necessárias em cada caso.
2. Precauções de isolamento
9EDJ79JE9
Alojamento do doente
u Quarto individual
u Se ficar no quarto com outro doente, este deve ter uma infecção activa com o
mesmo microorganismo, mas sem outra infecção
u Quando não for possível nenhuma destas duas situações – consultar Comissão de
Outros
=EJÐ9KB7=
Alojamento do doente
u Quarto individual
u Se ficar no quarto com outro doente, este deve ter uma infecção activa com o
mesmo microorganismo, mas sem outra infecção
u Quando não for possível estas 2 situações – distância mínima de 1,5 m entre o
doente e outros
u Não são necessários sistemas especiais de ventilação
Protecção respiratória – Máscara
u Usar sempre que permanecer a menos de 1 metro do doente
Transporte do doente
u Só deve sair do quarto se absolutamente indispensável
u Se sair usar uma máscara cirúrgica (minimiza a dispersão das partículas)
L?77xH;7L7
Alojamento do doente
u Quarto individual.
u O quarto deve ter pressão negativa relativamente às áreas vizinhas, com 6 a 12
renovações de ar por hora, sendo a exaustão feita para o exterior, passando antes
por filtros de alta eficiência
u A porta deve estar fechada e o doente no interior do quarto
752 u Quando não há disponibilidade de um quarto isolado, deve colocar-se o doente
juntamente com outro que tenha infecção activa pelo mesmo microorganismo,
mas sem outra infecção transmissível
Transporte do doente
u Só deve sair do quarto se absolutamente indispensável
3. Precauções empíricas baseadas na
transmissão
Na maioria das vezes não é possível obter no SU o diag-
nóstico etiológico da infecção que possibilite a adopção das
medidas específicas de isolamento. Por este motivo são
úteis as recomendações empíricas de isolamento para as
síndromes clínicas mais frequentes em Pediatria.
Fh[YWk[i
IdZhec[9bd_Yeek9edZ_e
;cfh_YWi
Diarreia
9^VggZ^VV\jYV·egdk{kZaXVjhV^c[ZXX^dhVZbYdZciZ C
incontinente ou com fralda
9^VggZ^VZbVYjaidXdb]^hig^VgZXZciZYZjhdYZ C
antimicrobianos
Infecções respiratórias
IdhhZ![ZWgZ!^cÃaigVYdejabdcVgZbadWdhjeZg^dgZbYdZciZK>= VA
negativo ou com baixo risco de infecção VIH
IdhhZ![ZWgZ!^cÃaigVYdejabdcVgZbfjVafjZgadXVa^oVdZb VA
doente infectado por VIH ou com alto risco de infecção por VIH
IdhhZhZkZgVeZgh^hiZciZdjeVgdmhi^XVYjgVciZZe^hY^dhYZ G
tosse convulsa
>c[ZXZhgZhe^gVig^VhZbXg^VcVhZ_dkZch!eVgi^XjaVgbZciZ C
bronquiolite, traqueíte e laringite
Meningite G
Pele ou feridas infectadas
6WXZhhddjYgZcV\ZbfjZcdedYZhZgXdci^YV C
Risco de microrganismo multirresistente
=^hig^VYZ^c[ZXddjXdadc^oVdedgb^Xgdg\Vc^hbdhbjai^" C
-resistentes
>c[ZXdYVeZaZ![Zg^YVdjYdigVXidjg^c{g^dZbYdZciZ C
recentemente internado em hospital ou lar, onde a prevalência de
Outros
Outros
755
TRANSPORTE MEDICALIZADO
EM PEDIATRIA
Ana Teixeira, Carla Costa, Francisco Cunha, Augusto Ribeiro,
Irene Pinto de Carvalho
Introdução
O transporte medicalizado constitui uma parte funda-
mental do Sistema de Emergência Médica. Geralmente, o
transporte é efectuado com o objectivo de obter cuidados
de saúde adicionais, nomeadamente conhecimentos de ní-
vel terciário, outras técnicas ou procedimentos não exis-
tentes no local emissor. A obtenção destes cuidados pode
implicar o transporte da criança até ao local da realização
de meios complementares de diagnóstico, bloco operató-
rio, outro serviço no mesmo hospital ou a transferência
para outro hospital. O transporte de uma criança doente
implica sempre algum risco de desestabilização. Este risco
deve ser minimizado através de um rigoroso planeamento,
recursos humanos adequados e selecção dos meios de mo-
nitorização apropriados. Idealmente, este transporte deve
ser planeado e executado por técnicos de saúde experien-
tes e treinados.
Em Portugal, o transporte de recém-nascidos é realizado
por equipas especializadas, no âmbito do Instituto Nacional
Outros
1. Transporte Inter-hospitalar
O prognóstico de um doente depende, em larga medida, dos
meios técnicos e humanos existentes em determinado es-
tabelecimento hospitalar. Quando necessário e para a me-
lhoria dos cuidados de saúde, os doentes devem ser trans-
feridos para o local onde as suas necessidades possam ser
satisfeitas da forma mais completa possível. O transporte
inter-hospitalar deve ser proposto e efectuado quando os
benefícios do mesmo ultrapassem os seus riscos ineren-
tes. A decisão da transferência é tomada pelo médico res-
ponsável pelo doente na instituição emissora. Os riscos e
benefícios do transporte devem ser discutidos com os pais
ou outros responsáveis legais, devendo estes assinar um
consentimento informado autorizando o transporte. Estes
procedimentos devem ser registados no processo clínico
do doente. Após a determinação do transporte, este deve
ser realizado o mais precocemente possível.
8dciVXidXdbd[jijgdgZhedch{kZaeZadYdZciZcV^chi^-
tuição receptora com o fornecimento de informações re-
lativas à sua situação clínica, confirmação da existência
758
e disponibilidade dos cuidados de saúde necessários e
motivadores da transferência;
HZaZXd Yd bZ^d YZ igVchedgiZ iZggZhigZ dj VgZd YZ
acordo com a preferência e experiência da equipa de trans-
porte, baseado na urgência da situação clínica (estabilida-
de do doente), distância e condições de mobilidade entre
os dois locais, condições meteorológicas, intervenções
médicas previsivelmente necessárias durante o transpor-
te e disponibilidade de pessoal e recursos;
8dciVXid Xdb d hZgk^d YZ igVchedgiZ eVgVXdcÃgbVd
da sua disponibilidade, preparação de possíveis necessi-
dades do doente durante o transporte e informação acer-
ca do horário previsto para a partida;
EgZeVgVd YZ gZaVig^d bY^Xd Xdb ^c[dgbVd VXZgXV
da patologia, evolução clínica e situação actual do doente,
cópias de exames complementares de diagnóstico efectu-
ados e nota de transferência de enfermagem (para acom-
panhamento do doente).
'$ L_WWh[WWhj_ÄY_Wb
Não 0
Sim (tubo de Guedel) 1
Sim (intubação ou traqueostomia recente) 2
759
($ <h[gk
dY_Wh[if_hWjh_WWZkbje
10-24 cpm 0
25-35 cpm 1
1&%03(*0VecZ^VdjgZhe^gVd^ggZ\jaVg 2
)$ Ikfehj[l[dj_bWjh_e
Não 0
Sim (oxigenoterapia) 1
Sim (ventilação mecânica) 2
*$ 7Y[iieil[deiei
Não 0
Acesso periférico 1
Acesso central em doente instável 2
+$ 7lWb_We^[ceZ_d~c_YW
Estável 0
Moderadamente estável 1
Instável (inotrópicos ou sangue) 2
,$ Ced_jeh_pWeZe;9=
Não 0
Sim (desejável) 1
Sim (doente instável) 2
-$ H_iYeZ[Whh_jc_W
Não 0
Sim (baixo risco)1 1
Sim (alto risco)2 2
.$ FWY[cWa[h
Não 0
Sim (definitivo) 1
Sim (provisório) 2
/$ ;ijWZeZ[YediY_
dY_W
Escala de Glasgow = 15 0
Escala de Glasgow 9-14 1
Escala de Glasgow ≤8 2
'&$Ikfehj[jYd_Ye[\WhcWYeb]_Ye
Nenhum dos abaixo indicados 0
Grupo I 1
(oxigénio, morfina, midazolam, atropina, metoclopramida,
naloxona)
Grupo II 2
(inotrópicos, vasodilatadores, antiarrítmicos, bicarbonato,
trombolíticos, anticonvulsivantes, anestésicos gerais, dreno
torácico, aspiração, incubadora)
1
Baixo risco: sem risco imediato de vida ou sem necessidade de intervenção terapêutica imediata.
2
Alto risco: risco imediato de vida ou com necessidade de intervenção terapêutica imediata.
1.3. Equipamento
;GK?F7C;DJEJx9D?9E
;gk_fWc[dje=[hWb0
Cama adequada/incubadora de transporte com ventilador neonatal
Climatização regulável
Sistema de calor por radiação ou contacto para lactentes ou crianças pré
escolares
Dispositivo para suspensão de soluções de perfusões endovenosas
Local para reanimação cardio-respiratória
Recipiente frigorífico isotérmico
Mala de reanimação pediátrica que permita a sua utilização no exterior
:_ifei_j_leiZ[?ceX_b_pWe0
Colchões de vácuo, imobilizador de membros e coluna
Colares cervicais de todos os tamanhos
:_ifei_j_leiZ[Ced_jeh_pWe0
Monitor de parâmetros vitais: FC, FR, temperatura e PA não invasiva
Monitor de oximetria de pulso
Monitor de PA invasiva e capnografia
Outros
Monitor de EEG
Monitor com desfribilador portátil com pás pediátricas e possibilidade de
descargas de baixa potência
Braçais de esfigmomanómetro adaptadas ao tamanho da criança
761
Termómetro, fundoscópio, lanterna de exploração
I_ij[cWH[if_hWjh_e0
Instalação fixa de oxigénio. Reservatórios com capacidade total mínima de 2000 L
e caudal que permita um fluxo de 15 L/min
Tubos de conexão para a fonte de oxigénio
Mascara faciais e sondas nasais para lactentes e crianças
Ventilador mecânico portátil; caudalímetro, manómetro de controlo de pressão e
válvula de sobrepressão
Sistemas de aspiração com vácuo e sondas de aspiração (6-14G)
Tubos orofaríngeos de Guedel (0-5)
Máscaras faciais com reservatório (tamanhos pediátricos e de adulto)
Insufladores autoinsufláveis para ventilação (capacidade 250, 500 e 1500 mL)
Pinças de Magill para lactente e adulto
Laringoscópios: lâminas recta (0-1) e curva (1-4)
Tubos endotraqueais (2,5-7,5) com e sem cuff, fixadores de vários tamanhos
Máscaras laríngeas
Lubrificante para tubos endotraqueais
Sondas nasogástricas (6-14G)
Cateteres para drenagem pleural para lactentes e crianças (8-16G)
I_ij[cW9_hYkbWjh_e0
Cânulas intravenosas (calibres 22-24G)
Kits de abordagem de vias e de drenagem de pericardiocentese
Bombas de perfusão
Agulhas intra-ósseas (14-18G)
Equipamento de cateter central
Equipamento para cateterização umbilical
EkjhecWj[h_Wb0
Compressas e gases esterilizadas
Antissépticos: clorohexidina e povidona iodada
Depressor lingual
Tiras reactivas de glicemia
Tiras-teste de urina
FÁRMACOS
H[Wd_cWe0
Adrenalina (1:1000; 1:10000)
Atropina
Bicarbonato de sódio (8,4%)
Cloreto de sódio (0,45%; 0,9%; 3%; 20%)
Lidocaina (1%)
Naloxona, flumazenil
Soro glicosado (5%; 10%; 30%; 50%)
Insulina, glucagon
Heparina
Lactato de Ringer
7dWb]i_Yei"i[ZWj_lei[h[bWnWdj[ickiYkbWh[i0
Diazepam e midazolam
Tiopental
Succinilcolina
762 Vecurónio
Paracetamol, ibuprofeno e metamidol
Cloreto de morfina 1% e fentanil
Fenobarbital
Difenilhidantoína
7fWh[b^eYWhZ_elWiYkbWh0
Dopamina e dobutamina
Adrenalina e noradrenalina
Adenosina
Propranolol
Captopril
Nifedipina
Nitroprussiato de sódio
Furosemida
Digoxina
Verapamil
Prostaglandina E1
Ekjhei0
Ceftriaxone, cefotaxima
Ampicilina
Cefazolina
Gentamicina
Carvão activado
Difenidramina
Salbutamol
Brometo de ipratrópio
Prednisolona, metilprednisolona e dexametasona
Albumina a 20%
Água destilada
DbViZg^VaZ[{gbVXdhcZXZhh{g^dhYjgVciZdigVchedgiZ
são variáveis de acordo com a patologia do doente e a sua
estabilidade clínica;
DhXdchjbkZ^hYZkZbhZgXdc[Zg^YdheZg^dY^XVbZciZcd
sentido de verificar o seu prazo de validade, particular-
mente quando são utilizados de forma pouco frequente;
D[jcX^dcVbZcidYdZfj^eVbZcidYZkZiVbWbhZgkZg^Ã-
cado de forma periódica;
DhbZbWgdhYVZfj^eVYZigVchedgiZYZkZbZhiVgigZ^cV-
dos no manuseamento da via aérea, terapêutica endove-
nosa, interpretação e tratamento de arritmias e suporte
básico e avançado de vida.
Outros
6kVa^VdZZhiVW^a^oVdVYZfjVYVh!YZbdYdVeZgb^i^g
o máximo de segurança durante o transporte;
8dadXVdYZVXZhhdkZcdhd0
8dadXVd YZ eZg[jhZhZcYdkZcdhVh Zb gZX^e^ZciZh YZ
plástico (não vidro);
6kVa^VdYVk^VVgZVZ^cijWVdXdbijWdZcYdigVfjZVa!
se necessário (durante o transporte, não devem ser utili-
zadas máscaras laríngeas);
:b YdZciZh eda^igVjbVi^oVYdh/ ^bdW^a^oVd YV XdajcV!
excepto se ausência segura de lesão;
8dadXVdYZhdcYVcVhd\{hig^XVZbYdZciZhXdbileus,
obstrução intestinal ou sob ventilação mecânica;
6a\Va^VdcdhYdZciZhXdb cZXZhh^YVYZ YZXdcigdad g^-
goroso de fluidoterapia, em transportes de longa duração
ou sob terapêutica com diuréticos;
>bdW^a^oVd Ydh bZbWgdh! cd XVhd YZ egdk{kZa V\^iV-
ção psicomotora durante o transporte, particularmente
quando se utiliza a via aérea (avião, helicóptero);
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rio utilizar fármacos sedativos e/ou bloqueadores neuro-
musculares.
2. Transporte Intra-hospitalar
No caso de mobilização intra-hospitalar do doente para
execução de exames complementares de diagnóstico,
bloco operatório ou outro serviço do mesmo hospital,
Outros
FjVcYdhZegZkfjZVZmZXjdYdbZ^dXdbeaZbZciVgk{
ser demorada, os cuidados ao doente durante o exame de-
vem ser prestados por profissionais do serviço receptor;
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para o tempo do transporte programado mais 30 minutos
de reserva;
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do doente;
– Geralmente todos se acompanham de fluidos intra-
766 vasculares, adicionalmente e previamente ao início
do transporte o pessoal responsável deve também
prover-se de analgésicos, anticonvulsivantes e outros
fármacos necessários ao suporte de vida pediátrico;
– Se o transporte não for efectuado por um médico,
devem ser fornecidos protocolos ao restante pessoal
responsável para administração de medicação em
caso de necessidade;
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rias, estas devem estar completamente carregadas antes
do transporte;
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dade de ventilação mecânica são muitas vezes transpor-
tados sob ventilação manual com insuflador. Nesta situa-
ção é sempre administrado oxigénio a 100%;
– No caso de serem utilizados ventiladores de transporte
que permitam modos de ventilação diferentes do habi-
tual daquele doente, este novo modo deverá ser testa-
do na condição basal antes de iniciar o transporte;
– Nestes doentes é também sempre necessário confir-
mar a localização do tubo endotraqueal bem como res-
pectiva fixação e adequada ventilação e oxigenação.
Outros
767
Bibliografia
1. Ordem dos Médicos (Comissão da Competência em Emergência Médica e
Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos. Transporte de doentes críticos –
Recomendações. Centro Editor Livreiro da Ordem dos Médicos. 2008;
2. Santiago Burrutxaga M. Transporte medicalizado em Pediatria. In: Benito J,
Luaces C, Mintegi S, Pou J. Tratado de urgências em pediatria. Sociedade Española
de Urgências de Pediatria. 2005:899-909;
3. Warren J, Fromm RE, Orr RA, Rotello LC, Horst HM. Guidelines for the inter and
intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care Med 2004;32(1):256-62;
4. Dominguez Sampedro P. Transporte del niño crítico: transporte secundário. In:
Ruza F. Tratado de Cuidados Intensivos Pediátricos. 2003:187-94;
5. Dominguez Sampedro P, Moreno Galdó A, del Toro Riera M. Transporte del niño
criticamente enfermo. In: López-Herce Cid J, Calvo Rey C, Lorente Acosta MJ,
Jaimovich D, Baldodano Aguero A. Manual de Cuidados Intensivos Pediátricos.
2001:553-63;
6. American academy of pediatrics. Guidelines for air and ground transportation of
pediatric patients. Pediatrics 1986;78:943-50.
768
ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS NO SERVIÇO
DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA
Teresa Campos, Joana Rebelo, Paulo Soares, Sofia Águeda, Júlia Guimarães
2.2. Adolescentes
774
Bibliografia
1. Nunes, R. Bioética e Deontologia profissional, 2.ª edição. Gráfica de Coimbra,
2002.
2. Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, Lei n.º 147/99, 1 de Setembro,
com alterações Lei n.º 31/2003, de 22 de Agosto.
3. Artigo 51 n.º 1 e 2 do Decreto de Lei 11/98 de 24 de Janeiro
4. Artigo n.º 171 Código Penal e Artigo n.º 152/A Código Penal
5. Maus tratos em crianças e jovens, Intervenção da Saúde – Documento técnico da
Direcção Geral de Saúde, Outubro 2007
6. Informed consent, parent permission, and assent in pediatric practice. Committee
on Bioethics, American Academy of Pediatrics. Pediatrics 1995; 95:314.
7. Franko, E. Ethical aspects of parent-adolescent conflicts: about dignity. Arch
Pediatr. 2002 Apr; 9 Suppl 1:19s-23s.
8. PinnocK, R., Crosthwaite, J. When parents refuse consent to treatment for
children and young persons. J. Paediatr Child Health. 2005 Jul; 41(7): 369-73.
9. Nelson Textbook of Pediatrics. 17th ed. Philadelphia: WB Saunders Company;
2004;122-33.
Outros
775
GLOSSÁRIO
GLOSSÁRIO
ABC·¹V^glVn!WgZVi]^c\!X^gXjaVi^dcº
ACIU – atraso de crescimento intra-uterino
ACTH – corticotropina (adrenocorticotropic hormone)
AINEs – anti-inflamatórios não esteróides
ALT – alanina amino transferase
ALTE – apparent life threatening event
AO – ácidos orgânicos
AP – auscultação pulmonar
ASA – ácido arginino-succinico
AST – aspartato amino transferase
AV – auriculoventricular
AVC – acidente vascular cerebral
BZD – benzodiazepinas
BT – bilirrubina total
CA – carvão activado
CAD – cetoacidose diabética
CE – câmara expansora
CIAV – Centro de intoxicações anti-venenos
CID – coagulação intra-vascular disseminada
CK – creatina fosfokinase
CMV – citomegalovírus
cpm – ciclos por minuto
CPS - carbamoylphosphate synthetase
CRH – hormona libertadora de corticotropina (corticotropin releasing hormone)
CVC – Cateter venoso central
CZP – clonazepam
DEMI – débito expiratório máximo instantâneo
DHL – desidrogenase láctica
DL – decreto de lei
DP – derrame pleural
DVP – derivação ventrículo-peritoneal 779
DZP – diazepam
EAB – equilíbrio ácido base
EAM – enfarte agudo miocárdio
EAP – edema agudo do pulmão
ECG – electrocardiograma
EEG – electroencefalograma
EF – equivalente da fenitoína
EG – escala Glasgow
EHP – estenose hipertrófica do piloro
EO – exame objectivo
EV – endovenoso
ET – exsanguíneo-transfusão
FA – fosfatase alcalina
FC – frequência cardíaca
FiO2 – Fracção de oxigénio inspirado
FR – frequência respiratória
g – grama
GEA – gastrenterite aguda
GGT – gamaglutamiltransferase
GI – gastrointestinal
GS – gasometria
G6PD – Glucose 6 fosfato desidrogenase
h – hora
HC – hidratos de carbono
HCSR – hiperplasia congénita da supra-renal
HD – hemodinamicamente
HIC – Hipertensão Intracraniana
HELLP – hemolysis, elevated liver enzymes, low platelet count
HOF – hidratação oral fraccionada
HTA – hipertensão arterial
ICC – insuficiência cardíaca congestiva
I:E – inspiração/expiração
IECA – inibidores da enzima de conversão da angiotensina
IG-idade gestacional
IM – intramuscular
IN – intranasal
IPLV – intolerância às proteínas do leite de vaca
ISR – insuficiência supra-renal
ISRA – insuficiência supra-renal aguda
ITU – infecção do tracto urinário
IV – intravenosa
IVAS – infecção das vias aéreas superiores
kg – quilogramas
LCHAD – long-chain 3-hydroxyacyl-coenzyme A dehydrogenase
LCR – líquido cefalorraquidiano
LOE – lesão ocupando espaço
LZP – lorazepam
m – mês
Max. – máximo
MCAD – medium chain acyl-CoA dehydrogenase
780 MDI/pMDI·¹bZiZgZY"YdhZ^c]VaZgº
MDL – midazolam
mEq – milequivalentes
mg – miligramas
min – minuto
Mín. – mínimo
ml – mililitros
MV – murmúrio vesicular
ng – nanogramas
NH3 – amónia
NTBC – 2- (2-nitro-4-trifluoromethylbenzoyl) -1,3-cyclohexanedione
OBS – sala de observações
OTC – ornitina transcarbamilase
PAC – pneumonia adquirida na comunidade
PB – fenobarbital AA – aminoácidos
PEEP-positive end expiratory pressure
PC – perímetro cefálico
PC – piruvato carboxilase
PCR – polimerase chain reaction
PCR – proteína C reactiva
PDH – piruvato desidrogenase
PHT – fenitoína
PIC – pressão intracraneana
PK – fosfato cinase
PL – punção lombar
PO – per os
PO2 – pressão parcial de oxigénio
PTFC – plasma total fresco congelado
qbp – quanto baste para
R – rectal
RCP – reflexo cutâneo plantar
RGE – refluxo gastroesofágico
RM/RMN – Ressonância magnética nuclear
RN – recém-nascido
ROC – reflexo oculocefálico
ROV – reflexo oculovestibular
RX – radiografia
S – sangue
sc – subcutâneo
SCAD – short-chain acyl-CoA dehydrogenase
SCHAD – short-chain 3-hydroxyacyl-CoA dehydrogenases
SDR – Sinais de dificuldade respiratória
SF – soro fisiológico
SGA – estreptococo do grupo A
SGB – estreptococo do grupo B
SIADH – síndrome de secreção inapropriada de hormona antidiurética
SNC – sistema nervoso central
SNG – sonda nasogástrica
SpO2/ SatO2– saturação de oxigénio
SRI- sequência rápida de intubação
Srd – síndrome
SU – serviço de urgência 781
TA – tensão arterial
TAM – tensão arterial média
TCE- traumatismo craneoencefálico
TET – tubo endotraqueal
TC/TAC – tomografia computorizada
TGO – transaminase glutâmica oxalacética
TGP – transaminase glutâmica pirúvica
TP – tempo de protrombina
TT –tubos traqueais
TTPA – tempo de tromboplastina parcial activada
U – urina
UCI – unidade de cuidados intensivos
UCIP – unidade de cuidados intensivos pediátricos
VRI-ventilação com mascara e ventilador
VLCAD – very long-chain acyl-coenzyme A dehydrogenase deficiency
VO – via oral
VPA – valproato
VSR – vírus sincicial respiratório
WPW – Wolf-Parkinson-White
17-HOP – 17-hidroxiprogesterona
782
JE>E/ 9d 8Zcigd YZ HVYZ Vd =dhe^iVa!
jbV Zfj^eV Vd hZgk^d YV 8g^VcV Z Yd
6YdaZhXZciZXdbYdZcVV\jYV!cV{gZV
YdEdgid
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Ministério da Saúde
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