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Manual de construcão
e operação de ·
fornos áe carbonizacão
•
Este volume integra o conjunto de trabalhos apresentados durante o evento
"Produção e Utilização de Carvão Vegetal/Curso e exposição de fornos de
carbonização", realizados em Belo Horizonte-MG, nos períodos de 18 a 22
e 25 a 29 de outubro de 1982, promovido e coordenado pela Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC. .
Patrocínio: FINEP, CNPq, STI/MIC, SETEC/MME, PETROBRAS
Apoio: SUBIN/SEPLAN e ABRACAVE
Belo Horizonte
1982
Equipe técnica:
Aluísio Marri
Joffre Batista de Oliveira
Marcelo Guimarães Mendes
Paulo Aguinélio Gomes
Ilustrações:
Moisés Flaviano Pereira
Agradecimentos:
Sr. Ruy Evangelista da Exaltação - A Rural Mineira
Dr. João JÚlio dos Santos - Cia. Setelagoana de Siderurgia/COSSISA
662.712
F98lm FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÔGICO DE MINAS
GERAIS/CETEC. Manual de construção
e operação de fornos de
carbonizaçao. Belo Horizonte, 1982.
lv. (Serie de Publicações Técnicas,
7.)
CDU: 662.712
Apresentação
Presidente da
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Sumário
1. Introdução 9
2. Forno Rabo Quente 11
3. Forno de Encosta 23
4. Forno de Superfície 35
S. Forno de Superfície com Câmara Externa 49
1. Introdução
A carbonizaxão consiste na _ Externa. A principal razão p~ra
transformaçao da madeira em carvao esta opção é que todo o carvao
pela ação do calor e em presença consumido no Estado é produzido
de quantidades controladas de nesses fornos.
oxigênio.
O Forno Rabo Quente pela sua
Sob a ação do calor a água contida simplicidade construtiva e baixo
na madeira se desprende em·forma custo é dos mais difundidos, junto
de vapor d'água o mesmo ocorrendo aos pequenos produtores, ao lado
com líquidos orgânicos e gases do Forno de Encosta cuja utilização
não-condensáveis, ficando como depende, em parte, de condições
resíduo 6 carvão. topográficas favoráveis.
A carbonização da madeira é feita O Forno de Superfície, como
nos fornos de carvoejamento, isto definido neste Manual, é mais
é, fornos apropriados, construidos utilizado pelos grandes produtores
em alvenaria, no interior dos de carvão vegetal e o Forno de
quais é empilhada a madeira a ser Superfície com Câmara Externa,
carbonizada. além de constituir um marco na
evolução recente dos fornos de
são vários os tipos de fornos carvoejamento, vem sendo cada vez
existentes, sendo os mais comuns mais utilizado pelos grandes
os fornos de superfície produtores de carvão.
convencionais e os de superfície
com câmara de combustão. Cada um desses fornos pode ser
mais recomendado para uma situação
No caso dos fornos convencionais especifica, não sendo possível uma
o calor necessário à transformação indicação geral para a escolha
da lenha em carvão é obtido pela do melhor forno, a não ser que se
queima de parte da lenha colocada analise as condições reais do
no forno, enquanto que nos fornos empreendimento.
com câmara o calor é produzido
pela queima, na câmara, de lenha Assim, o tipo de forno a ser
ou resíduos florestais. construido, seu dimensionamento,
bem como o tamanho da bateria
Como o processo é descontínuo, (número de fornos), dependem de
isto é, os fornos são resfriados fatores específicos gue dizem
para que o carvão seja descar~, respeito ao volume de madeira a
a cada carbonização o calor gerado ser carbonizada, ao tempo a ser
pela queima de parte da carga é dispendido para carbonizá-la, ao
utilizado para aquecer o forno, tipo de mão-de-obra disponível,
secar a lenha e processar a etc.
carbonização propriamente dita.
As dimensões dos fornos descritos
Dos diversos tipos de fornos neste Manual são as mais comuns
existentes optou-se por descrever encontradas para cada um deles.
neste Manual, quatro deles: o Pelas razões expostas o Manual não
Forno Rabo Quente, o Forno de trata da construção de baterias
Encosta, o Forno de Superfície e o de fornos, mas restringe-se à
Forno de SuperfÍcie com câmara construção de apenas uma unidade.
9
2. Forno Rabo Quente
S o mais barato, de construção O forno Rabo Quente tem o aspecto
mais simples e, possivelmente, o mostrado na figura 1, podendo,
mais difundido dos fornos de entretanto, ser encontrados fornos
carbonização. com diferenças na forma e em
11
detalhes construtivos. Sua muito trabalho de preparação de
caracteristica peculiar é a terreno. Caso contrário, a
ausência de chaminªs. preparação poderá ser mais cara do
que o pr8prio forno.
Nas figuras 2a, 2b e 2c, são
mostrados os desenhos que Como, em geral, não se constrói
orientarão a construção do forno. apenas um forno mas um conjunto de
fornos ou baterias, na escolha do
local deve-se levar em conta o
2.1. Escolha e preparação do número total de fornos a ser
terreno construido, além da área para
estocagem de lenha e carvão.
O forno Rabo Quente, pela sua o local deve:
simplicidade construtiva e baixo ser plano;
custo, é recomendado para locais
planos, que não necessitem de ter boas condições para o
Figura 2a. Medidas básicas para construção de um Forno com 3,0 m de diâmetro
12
Figura 2b. Corte de um Forno com as medidas básicas para sua construção
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Figura 3. Marcação do terreno e escavação da base do Forno
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Figura 5. Construção da camisa de reforço do Forno com utilização do cintel
17
Figura 6. Detalhe de um tipo de cintel utilizado na construção do Forno
18
Figura 7. - Construção da copa do Forno com utilização do cintel
20
da lenha "deitada", de forma a "filas" deve ser comprovada
preencher o espaço entre a visualmente e por sondagem.
lenha colocada em pé e a copa do
forno. O trançado deve ser feito A presença de brasas em uma
com cuidado para evitar espaços "fila", o que é constatado
vazios, porém, sem tampar as olhando-se através dela, significa
"baianas"- que a frente de carbonização já
atingiu aquele ponto. A inspeção
Depois de carregado o forno faz-se visual não fornece, entretanto,
·.o fechamento da porta, deixando-se informações sobre as condições na
uma abertura em sua parte superior região central do forno, o que
por onde será feito o acendimento. pode ser conseguido com a
utilização de uma sonda.
O acendimento do forno é feito
colocando-se no buraco deixado na A sonda é uma haste de madeira, de
parte superior da porta um material vergalhão ou cano, de comprimento
que pega fogo com facilidade suficiente para atingir o centro
como galhos secos e finos, folhas do forno, quando introduzida por
secas, cascas, etc., sobre o qual uma ''fila" ou 11
tatu n.
joga-se uma pá de brasas ou
ateia-se fogo de outra maneira Se ao introduzir-se a sonda
qualquer. através de uma "fila" não houver
resistência à sua penetração até
No início da combustão a fumaça o centro do forno, significa que a
sai pelo próprio buraco de frente de carbonização já atingiu
acendimento e é de cor esbranquiçada. a região central. Neste caso a
Assim que a fumaça torna-se escura, "fila" deve ser fechada com um
o que ocorrerá alguns minutos pedaço de tijolo assentado com
depois do acendimento, é sinal de argamassa.
que o "fogo pegou", isto ê, o
forno está aceso e pode-se A resistência à penetração da sonda
completar o fechamento da porta. A indica a existência de madeira não
carbonização está, assim, iniciada. carbonizada ou semi-carbonizada
(tiços) • Neste caso, isto é,
Depois de fechado o buraco de quando é notada a presença de
acendimento a fumaça começará a brasas na região próxima a uma
sair pelas "baianas". No início "fila", mas a carbonização ainda
a fumaça é branca ou de uma cor não atingiu a região central do
meio encardida, tornando-se forno, "escora-se" aquela "fila".
azulada com o tempo. Quando a "Escorar uma fila" significa
fumaça torna-se azulada numa reduzir a entrada de ar tapmdo-se
determinada baiana significa que a sua entrada com um pedaço de
carbonização, ou frente de tijolo, sem, contudo, utilizar
carbonização, já atingiu aquele argamassa ou barrela. Com esta
ponto e a baiana deve ser fechada. providência a frente de carbonização
Para isto utiliza-se um pedaço de deve progredir mais lentamente,
tijolo, que é assentado com até que a região central do forno
argamassa. esteja carbonizada quando, então,
fecha-se totalmente a "fila" com
Como a frente de carbonização nao barrela.
atinge todas as baianas ao mesmo
tempo, elas serão fechadas em O mesmo procedimento será repetido
momentos diferentes. quando a frente de carbonização
atingir a região dos "tatus". A
Com o desenvolvimento da fumaça se tornará azulada, a
carbonização a fumaça que sai inspeção visual indicará a
pelas "filas" vai tornando-se presença de brasas próximo ao
azulada, o que indica a aproximação "tatu" e a sondagem determinará o
da frente de carbonização dessa seu "escoramento" ou fechamento.
região. Este processo pode não ser
uniforme, isto é, os "tatus"
A passagem da frente de poderão ser fechados em momentos
carbonização pela região das diferentes.
21
Diversos fatores podem contribuir,
em maior ou menor grau, para o
desenvolvimento não uniforme da
carbonização. Entre outros podem
ser mencionados o carregamento
mal feito do forno, a lenha não
uniforme tanto em termos de
tamanho quanto em termos de
umidade e as condições climáticas
como ventos fortes e chuvas.
Todos esses fatores devem ser
contrabalançados por uma vigilârcia
constante do forno, "escorando-se"
ou fechando-se as "baianas",
"filas" e "tatus" na hora certa.
Depois de fechados todos os
"tatus" o forno deve ser barrelado
para impedir a entrada de ar em seu
interior durante o período de
resfriamento.
A descarga do carvão só deve ser
iniciada depois que o forno
estiver suficientemente frio.
A temperatura ideal para se abrir
o forno é de mais ou menos 60°C,
o que, na prática, é avaliado
encostando-se as costas da mão
na parede do forno e da porta. Não
se deve abrir um forno que não
esteja suficientemente frio, pois
a entrada de ar pode provocar o
incêndio do carvão.
Antes de abrir o forno deveMse
limpar o lugar onde vai ser
colocado o carvão e, por
precaução, dispor de água em
abundância para o caso de um
eventual incêndio.
Deve-se abrir rapidamente a porta
do forno e no caso de se notar
algum ponto de incêndio, o
carvoeiro deve abrir caminho até
aquele ponto, apagando-o com água.
Depois de desenfornado o carvão
limpa-se o forno e inicia-se
outro ciclo com novo carregamento
de lenha. Esta operação deve ser
bem rápida para que o forno não
esfrie totalmente.
Caso haja produção de tiços (lenha
mal carbonizada) em determinada
fornada, eles devem ser separados
do carvão e podem ser carregados
juntamente com a lenha numa
próxima operação.
22
3. Forno de Encosta
A principal caracteristica do Forno circular, apoiando-se a copa sobre
de Encosta é a de aproveitar o a borda do terreno, que funciona
desnlvel natural de terrenos corno se fosse a parede do forno.
acidentados. Para construi-lo
corta-se o barranco com a forma A figura 8 mostra o aspecto do
23
Forno de Encosta que é descrito difundidos, principalmente pelo
neste manual. seu baixo custo de construção,
para o que contribui, furrlamental.mente,
O Forno de Encosta, juntamente com o fato dele não ter paredes
o forno Rabo Quente, é dos mais (camisa) construídas em alvenaria.
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Obs.: Medidas em centimetros
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O Forno de Encosta descrito neste mais baixa do terreno. Assim, esta
manual tem 4,0m de diâmetro, área deve ser ampla o suficiente
1,20m de altura e altura máxima para a estocagem de lenha , de
interna da copa de 2,36m. Com carvão, e para a movimentação de
essas dimensões o forno tem um veículos de transporte.
volume útil de aproximadamente
23m. O local deve, ainda, ser de fácil
acesso ao tipo de transporte de
Optou-se por descrever·um forno carvão e lenha a ser utilizado,
com 3 chaminés o que não significa ter boas condiçoes para o
uma definição de forno de encosta, escoamento de água de chuva, e
na medida em que há fornos de ter disponibilidade de água.
encosta com número diferente de
chaminés. Não são necessários cuidados
especiais de preparação do terreno
Nas figuras 9 e 10 são mostrados além do nivelamento da parte de
os desenhos que orientarão a cima do barranco, onde será
construção do forno. "cortado" o forno, e da construção
de canaletas para o escoamento
de água de chuva.
3.1. Escolha e preparação do Mesmo quando o terreno não for
terreno firme, isto é, em regiões de solo
arenoso, ainda é possível a
O aspecto principal na escolha do construção do forno de encosta,
local para a construção de um porém, suas paredes deverão ser
Forno de Encosta é a existência revestidas com alvenaria,
de um barranco em terreno firme, eliminando uma das grandes
com altura adequada ao tamanho do vantagens deste forno que é o
forno que se quer construir. emprego de pequena quantidade de
tijolos.
~lém disso deve-se considerar que,
sendo cortado no barranco e
possuindo apenas uma porta, o 3.2. Marcação e escavação do
trabalho de carga e descarga de terreno
lenha e carvão se dará na área em
Írente ao forno, isto é, na narte Como o Forno de Encosta constitui-se,
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na realidade, em um buraco centro do forno (figura 13) •
escavado no barranco em cuja borda
se apoia sua copa, a marcação e Depois de escavado o corpo do
escavação do terreno são passos forno marca-se, a partir do centro
importantes em sua construção. da porta, os locais das chaminés
e "tatus" ou ventaneiras, conforme
A figura 11 mostra como deve ser mostra a figura 9. A figura 13
feita a marcação da circunferência mostra a marcação desses pontos
e da porta do forno. O centro · e as dimensões dos rasgos das
do forno deve estar a 2,80m da chaminés e "tatus",. bem corno o
beirada do barranco. Para se corte feito para a construção dos
marcar a circunferência gira-se, batentes da porta.
em torno de uma estaca cravada no
centro do forno, um cintel ou
gabarito com 2,0m de comprimento. 3.3. Materiais de construção
Antes de iniciar a escavação do Na construção do Forno de Encosta
buraco é necessário fixar o centro utiliza-se apenas tijolos comuns,
do forno, o que é feito terra e areia.
esticando-se um arame liso atado
a duas estacas e passando pelo Os tijolos são maciços, de barro
centro da circunferência (figura cozido, e a argamassa utilizada no
12) • seu assentamento é urna mistura de
terra, areia e água, formando um
Pa~a se achar o centro do forno barro fácil de trabalhar.
depois de escavado o buraco,
mede-se 2 1 0m a partir da parede e, Para fazer a argamassa usa-se a
com um fio de prumo, marca-se o terra que for disponível no local
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em que se está construindo o forno: Os "batentes" da porta vão até
normalmente a terra retirada do ao nível do terreno e devem ter as
buraco no barranco. Deve-se ter o dimensões e amarração mostradas na
cuidado de utilizar a terra da figura 14.
parte do fundo do buraco, pois a
terra da superficie (terra preta A construção da copa começa com o
ou vegetal) não serve para fazer a assentamento de uma fiada de 1
argamassa. tijolo na borda do barranco, sobre
a qual será assentada uma fiada de
Caso haja disponibilidade de areia, meio tijolo em cunha. A inclinação
a quantidade a ser misturada com a desta primeira fiada é dada pela
terra vai depender da função a ser inclinação do gabarito ou cintel.
desempenhada pela argamassa, O cintel terá um comprimento
valendo as mesmas observações equivalente à distância do centro
feitas para o forno Rabo Quente. do piso do forno à 1~ fiada
assentada sobre o barranco
(figura 15) •
3.4. Construção da copa,
chaminés e "tatus" A copa tem espessura equivalente
a 1/2 tijolo e as fiadas são
Os cortes feitos para as chaminés assentadas acompanhando-se a
e os "tatus" são revestidos com inclinação do cintel que vai
tijolos, conforme mostra a figura girando e fechando a copa do forno,
14. Depois de prontas, as chaminés conforme mostra a figura 16.
deverão ficar cerca de SOem mais
altas do que a copa do forno, e os O assentamento dos tijolos da copa
"tatus" 40cm acima do nível do deve ser feito com a menor
terreno. quantidade posslvel de argamassa,
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isto é, apenas com o suficiente com uma camada fina de argamassa,
para uma boa acomodação dos isto é, uma camada que apenas
tijolos. A argamassa utilizada na cubra os defeitos dos tijolos
copa deve ser mais "liguenta", isto formando uma superficie lisa. A
é, deve conter menos areia do que a argamassa utilizada no reves~
utilizada no assentamento dos da copa deve conter um pouco de
tijolos das chaminés e "tatus". areia para'diminuir a quantidade
de trincas que aparecem durante a
Na 15~ fiada, a partir da fiada de carbonização. Sobre a composição da
tijolos em cunha, localizam-se as· argamassa valem as mesmas
"baianas" em número de 6, observações feitas para o forno
correspondendo a cada um dos Rabo Quente.
"tatus". As "baianas" são orificios
de 5 x lOcm (seção transversal do
tijolo) com a função de ventilar 3.5. Fechamento da porta
o forno no inicio da carbonização.
Antes de cada carbonização o forno
Um ponto importante na construção será fechado erguendo-se uma parede
da copa é a junÇão desta com o de 1/2 tijolo no vão da porta,
arco da porta. Para tanto o usando o mesmo procedimento adotado
gabarito mostrado na figura 17 é na construção de outras partes do
apoiado sobre os batentes da forno. ~ comum o fechamento da
porta e inclinado de forma a porta com os tijolos apenas
acompanhar a curvatura da copa. justapostos, isto é, sem argamassa
Sobre o gabarito são assentados de assentamento. Assim, fica mais
tijolos em folha. fácil a demolição da porta após a
carbonização, com melhor
A copa do forno deve ser revestida aproveitamento dos tijolos.
Figura 13. Aspecto do corpo do Forno e dos cortes para "tatus" e chaminés
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Figura 14. Aspecto dos cortes das chaminés, "tatus" e reforço da porta já
revestidos com tijolos
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76 VISTA LATERAL
80
VISTA FRONTAL
PERSPECTIVA
32
carbonização naquela região,
principalmente se os "tatus" mais
próximos forern escorados.
Esses procedimentos tendem a
modificar a circulação de gases no
interior do forno podendo fazer com
que a frente de carbonização mude
sua direção de propagação, e podem
ser utilizados durante toda a
fase de carbonização.
Quando a fumaça torna-se "leve",
isto é, pouco densa e de coloração
azulada ern determinada chaminé,
fecha-se os "tatus" mais próximos,
pois esta é urna indicação de que
a frente de carbonização já
atingiu o fundo do forno na
região daquela charninê. Dependendo
da aparência da fumaça nas demais
chaminés deve-se fechar ou, pelo
menos, "abafar" a própria chaminé.
O aparecimento de brasas no fundo
de urn "tatu", o que é comprovado
visualmente, é indicação segura de
que a frente de carbonização
atingiu aquela região, ou seja, o
"tatu deu pê", e deve ser
imediatamente fechado.
Quando todos os "tatus" e
chaminés estiverem fechados,
barrela-se o forno que entra,
então, na fase de resfriamento.
Como já foi abordado anteriormente
'o barrelamento terna função de
tampar as trincas que podem
aparecer durante a carbonização,
e pode ser necessário mais de urn
barrelamento durante a fase de
resfriamento. Trata-se, assim, de
impedir a entrada de ar através
das trincas, o que atrasaria o
resfriamento.
A descarga do carvão só deve ser
iniciada depois que o forno estiver
suficientemente frio, valendo as
mesmas observações feitas para o
Forno Rabo Quente.
Antes de se iniciar nova
carbonização deve-se ter o cuidado
de limpar o interior do forno,
desobstruir os "tatus" e
chaminés e abrir as "baianas". Esta
operação deve ser rápida para que
o forno não esfrie totalmente.
33
4. Forno de Superfície
Neste manual chama-se Forno de as seguintes condições:
Superfície o forno de alvenaria,
de camisa ou parede cilíndrica, ser plano e amplo;
com copa em forma de abóbada e uma
chaminé lateral de tiragem ter boas condi2ões para o
central. o forno possui duas escoamento de agua de chuva;
portas, sendo uma para o ser de fácil acesso a caminhÕes
carregamento da lenha e outra para e outro tipo de transporte pe~;
descarga do carvão.
ter disponibilidade de água.
o forno aqui descrito tem s,om de
diâmetro, altura total (incluindo a 4.2. Marcação do terreno
copa) de 3,10m e camisa com altura
de l,BOm. Com estas dimensoes o A marcação da base do forno deve
forno tem uma capacidade de cerca ser feita depois que o local de
de 36 estéreos de lenha. sua construção estiver nivelado.
Este forno é mais comumente Para marcar a base do forno
utilizado por empresas que têm crava-se no centro do local onde
reflorestamento próprio e em será construido uma estaca de
baterias de grande porte. madeira roliça, amarrando-se a
ela um arame·liso. o arame deve
O Forno de Superfície tem o aspecto ficar frouxo para poder girar em
mostrado na figura 18. volta da estaca. Estica-se o
arame, e, a 2,80m da estaca
Nas figuras 19a, l9b e l9c, são amarra-se um prego grande. Com o
mostrados os desenhos que servirão arame esticado caminha-se em volta
de orientação para a construção do da estaca marcando o chão com o
forno. prego. Em seguida repete-se a
operação com o prego amarrado a
2,50m da estaca.
4.1. Escolha e preparação do
terreno A base do forno terá uma largura
de cerca de 30cm, ou o equivalente
O Forno de Superfície deve ser a l tijolo e meio.
construido em local plano. Como,
em geral, não se constrói apenas No centro do forno deve ser marcado
um forno mas um conjunto deles ou um quadrado de 40cm de lado, onde
bateria, deve-se ter o cuidado de será construída a caixa de tiragem
escolher um local que seja amplo o da chaminé. Deve-se fazer, também,
suficiente para construir os fornos a marcação da canaleta que ligará
e estocar lenha e carvão. Deve ser a caixa de tiragem à chaminé. Na
previsto, também, um pátio para base da chaminé deve ser marcado
manobra de caminhões. um quadrado de 50cm de lado.
Em resumo o terreno deve preencher A figura 20 mostra com deve ser
35
Figura 18. Aspecto geral de um Forno de Superfície
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36
condições da terra disponivel Superficie.
e da função que a argamassa vai
desempenhar, aspectos já A experiência tem demonstrado que
abordados nos itens anteriores, e a mistura à argamassa de um
válidos, também, para o Forno de material resistente ao calor, como,
Figura 19a. Medidas básicas para marcação e corte do terreno para construção
do Forno
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Figura 19b. Medidas básicas para construção do Forno
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Figura 20. Marcação da base do Forno
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Figura 22. Aspecto da base do Forno bem como da caixa de tiragem e
base da chaminé
43
Figura 24. Assentamento da primeira fiada da copa com utilização do cintel
44
devem ser imediatamente substituídos. alvenaria.
Atenção especial deve ser dada aos
batentes das portas e aos "tatus", A caixa de tiragem da chaminé deve
"filas" e "baianas", onde há um ser limpa após cada carbonização,
desgaste mais acentuado da oportunidade em que os tijolos que
o
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a revestem devem ser examinados e, Além desse aspecto, a construção
se necessário, substituídos. do forno em si, não carece de
ferramentas especiais. Serão
o interior da chaminé deve ser necessários os instrumentos para
inspecionado de vez em quando e, cavar e socar a terra, bem como os
caso haja um acúmulo grande de utensílios normais de pedreiro. Os
"fuligem", esta deve ser raspada e cintéis ou gabaritos utilizados na
retirada pela base da chaminé. Um construção da parede e da copa
dos lados da caixa na base da podem ser construidos no local com
chaminé será desfeito, e, após a réguas de madeira ou outro material
limpeza, reconstruído. Esta qualquer.
operação não ocorrerá freqtlentanente.
4.12. Mão-de-obra
4.11. Materiais e ferramentas
Estima-se que, em condições
Para se construir o forno aqui normais de trabalho, 1 pedreiro e
descrito são necessãrios os 1 ajudante devem gastar cerca de
seguintes materiais: 70 horas de trabalho efetivo,
cada um, para construir este forno.
9,000 tijolos de barro maciços Tal estimativa não inclui a
(não considerando o revestimento mão-de-obra de preparação do
do piso do forno); terreno, na medida em que esta vai
4 manilhas de barro com diâmetro depender de fatores como, por
de 30cm e 0,70m de comprimento; exemplo, o tamanho da bateria ou o
tipo de máquina dispontvel,
4,50m 3 de terra; difíceis de serem aqui quantificados.
3.00m 3 de areia; .
4 cintas de ferro chato com 4.13. Operação do forno
7,5cm (2,5 polegadas) de largura,
espessura de 6mm (1/4 de polegada) O principio de funcionamento do
e comprimento de 4,15m; Forno de Superfície é o mesmo dos
fornos anteriormente descritos,
4 parafusos (com porcas) com isto é, a transformação da lenha
diâmetro de 16mm (5/8 de em carvão se dá por ação do calor
polegada) e comprimento de produzido pela queima de parte da
l20mm; lenha enfornada.
6 cantoneiras de abas iguais, de
50mm, com espessura de 6mm e Sua operação, entretanto, tende a
comprimento de 1,50m; ser mais simples devido,
principalmente, à existência de
1 grelha de ferro redondo (5/8 de apenas uma chaminé e à possibilidade
polegada), ou cantoneiras. de se utilizar as "filas" e
"tatus" para acompanhar o
As quantidades de areia e terra desenvolvimento da frente de
mencionadas acima referem-se a uma carbonização.
situação específica. Essas
quantidades variam de caso para As observações já feitas sobre as
caso, conforme as características condições da lenha a ser enfornada
da terra no local da construção. e sobre o carregamento do forno,
aplicam-se integralmente ao Forno
Da mesma forma, caso seja de Superfície e, como sua altura
necessário, as manilhas podem ter de parede (camisa) é de 1,80m,
outro comprimento, e o ferro chato supõe-se ser este o comprimento
pode ser substituído por outros médio das toras de lenha.
materiais, desde que cumpram as
mesmas funções. O acendimento deste tipo de forno
pode ser feito pela porta, como nos
Como já mencionamos o Forno de fornos já descritos, ou por uma
Superfície, normalmente é das "baianas" mais próximas da
utilizado em grandes baterias. parede.
Neste caso a preparação do terreno
é feita com máquinas pesadas. Como nos fornos anteriores, no
46
inicio da carbonização as fumaças é fechada com uma parede de 1/2
tendem a sair pelas "baianas" e o tijolo (conforme procedimento já
procedimento para o seu descrito), e inicia-se o
fechamento é o mesmo já descrito. carregamento da lenha para a
próxima fornada.
Coro o fechamento das "baianas"
as fumaças passarão a ser
expelidas pela chaminé, então,
deverá ser concentrada a
atenção do operador do forno. ~
o a~pecto da fumaça que indica o
deserrvolvimento da carbonizaç.§:o.
Além disso, a propagação da
frente de carbonização pode ser
acompanhada avaliando-se a
temperatura externa da parede e
através da inspeção visual e
sondagem de "filas" e "tatus".
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5. Forno de Superfície
com Câmara Externa
Chama-se Fo~no de Superfície com Este forno (figura 26) tem S,Om de
câmara Externa ao forno de al~ia diâmetro, altura total (incluindo
cilíndrico, com copa em forma de a copa) de 3,10m e parede com
abóbada, uma chaminé lateral de altura de l,BOm. Com essas
tiragem central e uma câmara de dimensões o forno tem uma
combustão externa. O forno com capacidade de cerca de 36 estêreos
câma~a não possui "tatus", "filas", de lenha.
ou "baianas", sendo que o controle
da carbonização dá-se através da Nas figuras 27a e 27b são mostrados
câmara. os desenhos que servirão de
orientação para a construção do
Nos três primeiros tipos de fornos forno e da câmara de combustão.
descritos neste manual, o calor
necessário para transformar a A construção do Forno de Superfície
lenha em carvão é fornecido pela com câmara Externa segue os
queima de parte desse lenha no mesmos procedimentos adotados na
interior do forno. No forno com construção do Forno de Superfície
câmara de combustão, o calor para sendo que a única diferença
a carbonização da lenha é significativa ê a const~ução da
fornecido pela queima, na câmara, pr8pria câmara e o detalhe da
de lenha ou qualquer outro tipo de inexistência de "tatus", "filas"
material como cascas, galhadas, e "baianas".
etc. que, normalmente, não são
aproveitados em baterias de grande Desta forma não serão repetidos,
porte. neste item, os tópicos que tratam
de "Materiais de Construção",
Não havendo queima de lenha no "Construção da Base", "Construção
interior do forno, há um melhor da Parede", "Construção da Copa",
aproveitamento do seu espaço "Revestimento do Forno" e
interno, pois, toda a lenha "Fechamento dàs Portas", já
enfornada pode ser transformada em desenvolvidos para o Forno de
carvão. Além disso, não há Superfície. Além do tópico
necessidade de se controlar a relativo à construção da câmara
entrada de ar no forno, daí a de combustão, só serão retomados
inexistência de "tatus", "filas" aqueles que apresentarem diferenças
e "baianas", o que simplifica sua em relação ao Forno de Superfície.
operação e diminui o trabalho de
alvenaria.
5.1. Marcação do terreno
O forno com câmara é mais comumente
utilizado em baterias de grande A marcação do terreno é feita de
porte e por empresas que têm acordo com o procedimento adotado
reflorestamento próprio e, por para o Forno de Superfície.
isso, trabalham com lenha mais
homogênea, A figura 28 mostra como deve ser
49
Figura 26. Aspecto geral de um Forno de Superfície com Câmara Externa
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Figura 27a. Medidas básicas para construção do Forno
construção e afixação da porta sao Caso não seja possível fazer uma
mostrados na figura 30. drenagem dessa área de trabalho,
aconselha-se a construção de
com a câmara em operação a porta uma cobertura para evitar que a
é mantida fechada e a "janela" em câmara seja inundada por água de
sua parte inferior permite a chuva.
entrada de ar por baixo da
grelha, melhorando as condfções
da queima do oxigênio do ar. 5.3. Cura do forno
os gases quentea gerados na Além dos cuidados já anteriormente
camara são conduzidos para o mencionados, deve-se considerar que
interior do forno através de três a câmara é um ponto crítico em
tubos construidos com manilhas termo de cura, pois em seu
(figura 27a). Dois deles, os interior são geradas altas
laterais, são construidos com temperaturas, Assim, durante a
manilhas de 20cm de diâmetro e o fase de cura do forno, a câmara,
terceiro, o central, com manilhas também, deve ser queimada
de 15cm, Nas extremidades dos lentamente. A cura cuidadosa do
tubos são construídas caixas de forno diminuirá as chances de
30 x 30cm e 15 x lScm, aparecimento de trincas.
respectivamente, revestidas com
tijolos em folha e protegidos por 5.4. Manutenção
uma grelha. Os fundos dessas
caixas devem ficar lOcm abaixo Além dos cuidados de manutenção
da boca das manilhas para evitar mencionados para o Forno de
que peda~os de carvão dificultem a Superfície, deve-se dar atenção
circulaçao de gases (figura 27b) . à porta de aço da câmara. Apesar
de não estar sujeita a altas
Como a câmara é construída temperaturas, a porta pode sofrer
abaixo do nível do terreno, é empenamentos que devem ser
necessário prever, além de uma corrigidos. Caso contrário, ao se
área de trabalho em frente fechar a porta não se conseguirá
à câmara, um acesso conveniente. boa vedação.
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A limpeza freq~ente do c~nzeiro
sob a grelha é importante na
5.5. Materiais e ferramentas
medida em que permitirá boa Para se construir um Forno de
circulação de ar, e, con~~, Superficie com Câmara, como o aqui
uma queima mais homogênea. descrito, são necessários os
Figura 27b. Corte do Forno com as medidas básicas para sua construção
52
Figura 29. Corte do terreno para construção do Forno
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Figura 30. Detalhes da construção da câmara de combustão
A
C HUMBA D ORES
BATENTE
~ C(~€1lll
... :.
, .6 I lO I I6 I I~: I 26 ' I6 I 70 20
54
de combustão, na medida em que
esse forno não possui "tatus",
"filas" e "baianas" que, nos
demais fornos funcionam como
entradas de ar.
Depois de acesa a câmara, o
controle da carbonização se dâ pela
quantidade de ar que se deixa
entrar em seu interior. Com a porta
da câmara fechada, a quantidade
de ar ê regulada pela abertura da
janela na parte inferior da porta.
Em princípio, a c~mara deve ser
mantida acesa durante toda a fase
de carbonização. O controle da
chama na câmara é feito de modo a
não permitir a entrada de oxigênio
para o interior do forno,
procedimento que evitar'á a queima
da lenha enfornada. A alimentação
da câmara deve, portanto, ser feita
de tal maneira que não falte lenha
para queima, e que não seja
queimada lenha em excesso.
A um maior volume de ar que se
deixa entrar na câmara
corresponderá uma carbonização mais
rápida e, também, à queima de maior
quantidade de material na câmara.
~ preciso, portanto, procurar o
ponto de equilíbrio que tornará a
produção de carvão neste forno mais
econômica.
Ao final da carbonização a porta da
câmara e a janela existente em sua
parte inferior são fechadas e
vedadas com barro. O forno é
barrelado e, não havendo mais
emissão de fumaça pela chaminé,
esta também é vedada com tijolos e
barro. Inicia-se, assim, a fase de
resfriamento, que será a~
das mesmas operações descritas
para os fornos anteriores.
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Série de Publicações Técnicas
SPT-001 USO DA MADEIRA PARA FINS ENERGÉTICOS