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Curitiba • 2013
Copyright © 2013 Editora Zênite
ZÊNITE EDITORA
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(41) 2109-8666
ISBN: 978-85-99369-23-4
Impresso no Brasil
A QUARTA DIMENSÃO DO DIREITO 4 RENATO GERALDO MENDES
Às minhas filhas.
Sumário
1. A transmissão da informação e sua compreensão –
Um dos problemas da humanidade..................................... 21
2. A ordem jurídica é um conjunto de dados...........................25
3. Não existe norma em estado natural.................................. 28
4. O que significa interpretar?................................................ 29
5. O processo de criação das normas...................................... 30
6. Há uma ponte entre as duas margens do rio....................... 31
7. A forma e o conteúdo............................................................33
8. O repertório..........................................................................35
9. O objeto da interpretação....................................................37
10. A diferença entre dizer e falar............................................. 38
11. Noam Chomsky e o Direito................................................. 40
12. O inc. XXI do art. 37 da CF e a gramática gerativa
de Chomsky.......................................................................... 45
13. O enunciado é uma visão parcial do Direito....................... 51
14. O Direito e as suas dimensões
(2D, 3D e 4D)......................................................................... 51
15. A interpretação literal.......................................................... 54
16. A norma é produto da subjetividade................................... 61
17. O enunciado é estático, e a norma é dinâmica................... 62
18. As divergências doutrinárias e jurisprudenciais................ 64
19. O “caso” da proibição existente nos ônibus........................ 66
20. Dados veiculam conteúdos em potencial........................... 67
21. O dado (regra) é visual, a norma é virtual.......................... 68
22. Quem surgiu primeiro: o dado ou a informação?.............. 69
A QUARTA DIMENSÃO DO DIREITO 12 RENATO GERALDO MENDES
Apresentação (1)
Apresentação (2)
Fábio Tokars
Mestre e Doutor em Direito.
Professor da PUC/PR.
Advogado.
Junho de 2013
A QUARTA DIMENSÃO DO DIREITO 21 RENATO GERALDO MENDES
4 Codificação.
A QUARTA DIMENSÃO DO DIREITO 31 RENATO GERALDO MENDES
Para que possa ser aplicada, ela precisa antes ser cons-
truída.
A norma criada pelo legislador ou recriada pelo
interprete é produto de um universo simbólico. A norma
construída e reconstruída, respectivamente, pelo legis-
lador e pelo intérprete, é cunhada em contextos distin-
tos, sejam fáticos, valorativos ou ideológicos. Vale dizer:
o universo simbólico (contexto) do legislador é distinto
do vivenciado pelo intérprete. Aqui surge um significa-
tivo problema, a ser tratado no próximo tópico.
7. A forma e o conteúdo
Prescrições normativas não têm conteúdo. Normas
têm conteúdo.
Palavras são “dados”, sinais, marcas. É, normal-
mente, de palavras que o legislador se vale para prescre-
ver normas. Também é a partir de palavras que o intér-
prete produz suas normas. Palavras são representações
simbólicas que podem ou não se relacionar a conteúdos
(repertório).
Os dados em si (as palavras) não têm conteúdo,
isto é, as palavras ou as representações simbólicas são
sintáticas, ou seja, são desprovidas de conteúdo. Para
que a palavra tenha um conteúdo, é preciso que a mente
humana atribua a ela um significado, um sentido, que
A QUARTA DIMENSÃO DO DIREITO 34 RENATO GERALDO MENDES
8. O repertório
Em princípio, para o intérprete produzir normas,
são necessárias duas coisas: se valer de dados (enuncia-
dos) e possuir um repertório de conteúdos. O repertório
de conteúdos é o nosso acervo pessoal, uma espécie de
biblioteca individual, que é consultada sempre que nos
deparamos com um enunciado prescritivo (um dado).
Assim, a partir dos dados (enunciado), são realizados
links ou conexões com o repertório existente e, como
consequência, são ou não produzidas as informações
(normas). Quando falamos para um alemão que não
entende português e para um brasileiro que entende, o
que acontece? Tanto o alemão quanto o brasileiro rece-
bem os mesmos dados. No entanto, o brasileiro consegue
9. O objeto da interpretação
A norma é o produto final da interpretação, não o
objeto da interpretação.7 O intérprete não está diante da
norma para interpretá-la, ou seja, o processo de inter-
pretação não é uma relação que se estabelece entre um
sujeito e um objeto (norma). O processo de interpreta-
ção implica outra realidade, da qual fazem parte o fato,
o valor, a suposta norma idealizada pelo legislador e o
enunciado prescritivo (o dado) utilizado para comunicar
a suposta norma. Portanto, todas essas realidades inte-
gram o processo, menos a norma (o dever-ser), que será
cunhada pelo intérprete. A “verdadeira” norma não inte-
gra o processo de interpretação porque ela é o seu pro-
duto final. Da mesma forma, não se pode dizer que o pão
é o objeto da atividade do padeiro; o pão é o resultado da
sua atividade. O que é objeto da atividade do padeiro é o
trigo, o leite, o ovo, o fermento, a água, etc.
Tradicionalmente, temos alimentado a sensação de
que o objeto da interpretação é a própria norma porque
confundimos norma com o enunciado prescritivo. Como
7 Mas é preciso não esquecer que há também a norma idealizada pelo legis-
lador e transformada em dado (enunciado).
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10 Ou criá-la.
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11 Condição objetiva.
15 Existem exceções pontuais. Mas, de modo geral, é tudo muito ruim ainda.
16 Por isso gastamos tanto dinheiro com educação para colher tão pouco. A
relação entre o que se gasta e o que se colhe beira o ridículo.
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20 Ibid., p. 29.
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130. Na visão literal, que é uma das que vigora entre nós
e norteia a concepção mais tradicional, ilegal é o
que está diferente do texto, do dado, do enunciado.
165. Norma é poder, pois ela diz como as coisas devem ser.