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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 7

07/12/2018 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.131.118 SÃO


PAULO

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : ESTADO DE SÃO PAULO
AGTE.(S) : INSTITUTO DE PAGAMENTOS ESPECIAIS DE SÃO
PAULO - IPESP
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : JOSE FRANCISCO VIEIRA DE FARIA
ADV.(A/S) : JOSE HORACIO HALFELD REZENDE RIBEIRO

EMENTA

DIREITO CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CARTEIRA DE


PREVIDÊNCIA. LEI Nº 10.394/1970. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. DIREITO ADQUIRIDO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 5º, XXXVI, E 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONSONÂNCIA DA DECISÃO
RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA NO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO MANEJADO SOB A
VIGÊNCIA DO CPC/2015.
1. O entendimento assinalado na decisão agravada não diverge da
jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal. Compreensão
diversa demandaria a reelaboração da moldura fática delineada no
acórdão de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à
Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do
recurso extraordinário.
2. As razões do agravo não se mostram aptas a infirmar os
fundamentos que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se
refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição da República.
3. Majoração em 10% (dez por cento) dos honorários anteriormente
fixados, obedecidos os limites previstos no artigo 85, §§ 2º, 3º e 11, do
CPC/2015, ressalvada eventual concessão do benefício da gratuidade da

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ARE 1131118 AGR / SP

Justiça.
4. Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação da
penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada à razão de
1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, se unânime a
votação.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal em conhecer do agravo e negar-lhe
provimento, com aplicação da penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do
CPC/2015 e com majoração dos honorários anteriormente fixados,
obedecidos os limites previstos no art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015,
ressalvada eventual concessão do benefício da gratuidade da justiça, nos
termos do voto da Relatora e por unanimidade de votos, em sessão
virtual da Primeira Turma de 30 de novembro a 06 de dezembro de 2018,
na conformidade da ata do julgamento.

Brasília, 07 de dezembro de 2018.

Ministra Rosa Weber


Relatora

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Relatório

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PAULO

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : ESTADO DE SÃO PAULO
AGTE.(S) : INSTITUTO DE PAGAMENTOS ESPECIAIS DE SÃO
PAULO - IPESP
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : JOSE FRANCISCO VIEIRA DE FARIA
ADV.(A/S) : JOSE HORACIO HALFELD REZENDE RIBEIRO

RELATÓRIO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): A decisão por mim


proferida, pela qual negado seguimento ao recurso extraordinário, restou
desafiada por agravo interno.
Na minuta, impugna-se a decisão agravada ao argumento de que
demonstrada, na hipótese, a afronta direta dos preceitos da Lei Maior
indicados nas razões recursais. Reitera-se a afronta aos arts. 5º, XXXVI, e
37, § 6º, da Constituição Federal.
O Colegiado de origem julgou a controvérsia em decisão cuja
ementa reproduzo:

“APELAÇÃO. CARTEIRA DE PREVIDÊNCIA DOS


ADVOGADOS. Autor aposentado durante a vigência da Lei nº
10.394/70. Superveniência, entretanto, da Lei 13.549/2009
modificando o regime desse aposentadoria, mediante(i)
exclusão da responsabilidade do Estado; (ii) aumento do
percentual de contribuição; e (iii) alteração do critério de
reajuste do benefício. Impossibilidade. A lei nova não pode
retroagir para disciplinar situações já consolidadas sob regime
da legislação anterior. Inovação que – a par de atentar contra o
princípio da segurança jurídica – interefere no direito adquirido
do beneficiário, ofendendo a disposição do artigo 5º, inciso
XXXVI, da Constituição Federal. Aliás, o Plenário do Supremo

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Relatório

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ARE 1131118 AGR / SP

Tribunal Federal no julgamento da ADI nº 4429, em 14/11/2011,


declarou a inconstitucionalidade dos § 2º e § 3º do art. 2º da Lei
nº 13.549, de 2009, na parte que excluem a assunção de
responsabilidade do Estado, e conferiu interpretação conforme
à Constituição ao restante da norma impugnada, “procalmando
que as regras não se aplicam a quem, na data da publicação da
Lei, já estava no gozo de benefício ou já tinha cumprido, com
base no regime instituído pela Lei nº 10.394, de 1970, os
requisitos necessários à concessão.” Recurso do autor provido.
Ação julgada procedente para restabelecer, em relação ao autor,
o regime de aposentadoria da Lei nº 10.394/70, invertidos os
ônus da sucumbência.”

Recurso extraordinário e agravo manejados sob a égide do


CPC/2015.
É o relatório.

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Voto - MIN. ROSA WEBER

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AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.131.118 SÃO


PAULO

VOTO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Preenchidos os


pressupostos genéricos, conheço do agravo interno e passo ao exame do
mérito.
Irrepreensível a decisão agravada.
Consoante consignado, ao exame da ADI 4.429/DF (DJe 06.8.2014),
esta Suprema Corte reconheceu a constitucionalidade do ingresso na
Carteira de Previdência dos Advogados de São Paulo, bem como
declarou a inconstitucionalidade dos §§ 2º e 3º do art. 2º da Lei estadual
nº 13.549/2009, que excluíam a responsabilidade do Estado pela gestão e
pagamento de benefícios concedidos pela Carteira de Previdência. O
acórdão está assim ementado:

“ESTADO – RESPONSABILIDADE – QUEBRA DA


CONFIANÇA. A quebra da confiança sinalizada pelo Estado,
ao criar, mediante lei, carteira previdenciária, vindo a
administrá-la, gera a respectiva responsabilidade.”

Na oportunidade, atribuiu-se “interpretação conforme à Constituição ao


restante da norma impugnada, proclamando que as regras não se aplicam a
quem, na data da publicação da Lei, já estava em gozo de benefício ou já tinha
cumprido, com base no regime instituído pela Lei nº 10.394, de 1970, os
requisitos necessários à concessão, nos termos do voto do relator”.
O entendimento adotado na decisão recorrida, portanto, reflete a
jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal.
Nessa senda, constato que as razões do agravo não se mostram aptas
a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
De outro lado, cumpre destacar que a garantia de prestação
jurisdicional em tempo razoável, decorrência lógica da dignidade da
pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil, passou a

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Voto - MIN. ROSA WEBER

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ARE 1131118 AGR / SP

figurar, de forma explícita, entre as cláusulas pétreas, a partir da Emenda


Constitucional nº 45/2004, quando inserido o inciso LXXVIII no art. 5º da
Lei Maior. Ressalte-se que a proteção contida no referido dispositivo não
se dirige apenas às partes, individualmente consideradas, estendendo-se
a todos os usuários do Sistema Judiciário, porquanto beneficiados pelo
desafogo dos Tribunais Pátrios.
Se a parte, ainda que não interessada na postergação do desenlace da
demanda, utiliza a esmo o instrumento processual colocado à sua
disposição quando já obteve uma prestação jurisdicional completa, todos
os demais jurisdicionados são virtualmente lesados no seu direito à
prestação jurisdicional célere e eficiente.
A utilização indevida das espécies recursais, consubstanciada na
interposição de recursos manifestamente inadmissíveis, improcedentes
ou contrários à jurisprudência desta Suprema Corte como mero
expediente protelatório, desvirtua o próprio postulado constitucional da
ampla defesa e configura abuso do direito de recorrer, a ensejar a
aplicação da penalidade prevista no art. 1021, § 4º, do CPC, calculada à
razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, se
unânime a votação. Nesse sentido: ARE 951.191-AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, 1ª Turma, DJe 23.6.2016; e ARE 955.842-AgR, Rel. Min. Dias
Toffoli, 2ª Turma, DJe 28.6.2016.
Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação da
penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada à razão de
1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, se unânime a
votação.
Majoro, ainda, em 10% (dez por cento) os honorários anteriormente
fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do
CPC/2015, ressalvada eventual concessão do benefício da gratuidade da
Justiça.
É como voto.

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Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 07/12/2018

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.131.118


PROCED. : SÃO PAULO
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
AGTE.(S) : ESTADO DE SÃO PAULO
AGTE.(S) : INSTITUTO DE PAGAMENTOS ESPECIAIS DE SÃO PAULO - IPESP
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : JOSE FRANCISCO VIEIRA DE FARIA
ADV.(A/S) : JOSE HORACIO HALFELD REZENDE RIBEIRO (131193/SP)

Decisão: A Turma, por unanimidade, conheceu do agravo e negou-


lhe provimento, com aplicação da penalidade prevista no art.
1.021, § 4º, do CPC/2015, e com majoração dos honorários
anteriormente fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85,
§§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015, ressalvada eventual concessão do
benefício da gratuidade da justiça, nos termos do voto da
Relatora. Primeira Turma, Sessão Virtual de 30.11.2018 a
6.12.2018.

Composição: Ministros Alexandre de Moraes (Presidente), Marco


Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

Cintia da Silva Gonçalves


Secretária

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